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Zodiac Academy 5 - Caroline Peckham

Livro 5 da saga Zodiac Academy da Caroline Peckham
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Sinopse

Depois dos eventos devastadores na Zodiac Academy,


teremos que lidar com este mundo ainda mais sombrio que nos
deparamos.
Lionel procura nos machucar, as Ninfas procuram
prejudicar toda a raça Fae, e entre tudo isso, só temos que
tentar e sobreviver a um dia de cada vez.
Tenho medo de tudo desmoronar, mas parece que já
desmoronou.
Bem-vindos à Zodiac Academy. Aqui está o mapa do
campus.
Nota para todos os alunos: Mordidas de Vampiro, perda de
membros ou se perder na Floresta das Lamentações não contam
como uma desculpa válida para o atraso na aula.
Isso não está acontecendo.
Não vou deixá-lo ir.
O seguirei além do véu.
Vou subir nas estrelas e arrastar sua alma de volta para
fora delas se for necessário.
Isso. Não. Está. Acontecendo.
Um redemoinho torcido de neve girou em torno de mim e
uma sombra chamou minha atenção. Deixei o Fogo da minha
Fênix sair, deixando minha cabeça baixa para procurar na
espessa névoa branca diante de mim. Uma figura havia se
movido lá fora, tinha quase certeza. Ou talvez estivesse tão
desesperada que imaginei que fosse verdade.
“Olá?!” Chorei, correndo para frente, tropeçando em
pedras e neve enquanto acelerava cegamente na nevasca.
O som de passos veio em minha direção e meu pulso
bateu descontroladamente fora de ritmo.
“Ajude-me!” Gritei.
Bati em alguém e tropecei para trás, sua mão agarrando
meu pulso antes que perdesse o equilíbrio.
Meu coração se partiu quando meus olhos caíram sobre
ele. Porque certamente as estrelas estavam tentando me
destruir esta noite. De todos os Fae para atender meu
chamado, por que tinha que ser ele? Seu cabelo longo e escuro
estava salpicado de neve, sua testa tensa de preocupação
enquanto olhava minhas roupas manchadas de sangue.
“Seth,” falei asperamente, então puxei sua mão porque que
escolha eu tinha? “Preciso da sua ajuda,” rosnei com
determinação.
Ele acenou com a cabeça em alarme e seguiu sem
questionar enquanto o arrastei tão rápido quanto era
humanamente possível em direção à caverna. Corri para
dentro, mal conseguindo respirar quando vi Orion no chão,
parecendo tão pálido, tão ausente. O sangue se acumulou ao
redor dele, a poça tão grande que tivemos que correr para
alcançá-lo.
“Orion,” Seth ofegou, em seguida, puxou sua mão livre da
minha. “O que diabos aconteceu?”
Meus pulmões se comprimiram quando me virei,
procurando em seu rosto qualquer sinal de compaixão. Mas
estava muito escuro para ver sua expressão claramente e no
fundo da minha alma, sabia que era possível que ele não se
importasse. Mas isso não iria me impedir.
“Não faça perguntas... ajude-o!” Exigi.
O empurrei em direção a Orion com toda a força que tinha
enquanto mais lágrimas turvavam minha visão.
Seth caiu de joelhos e rasgou a camisa de Orion, apoiando
as mãos no peito e lançando magia de cura. “Merda. Darcy...
acho que Orion está morto.”
“Ele não está morto até eu diga que está!” Gritei tão alto
que minha voz ecoou pela caverna e de volta para nós. Caí ao
lado de Seth, dando-lhe um olhar suplicante. “Você vai pelo
menos tentar, não é?” Minha voz falhou porque não tinha
certeza de que ele iria querer ajudar. Seth me machucou tão
profundamente e me odiou ferozmente. Ele nunca se importou
com Orion, mas será que era realmente sem coração o
suficiente para não o ajudar?
“Não é?!” Rebati, sacudindo-o.
“Vou dar a ele tudo o que tenho,” Seth prometeu enquanto
a luz verde de cura se espalhava mais longe de suas mãos.
Uma respiração irregular me deixou e outro soluço saiu do meu
peito.
Agarrei o braço de Seth, apavorada demais para tocar
Orion e sentir o quão frio ele poderia estar, o quão quieto.
Minhas lágrimas rolaram pela jaqueta de Seth enquanto o
pânico absoluto alcançava meu coração. Ele não estava se
movendo. Não estava respondendo.
“Por favor,” implorei, virando minha cabeça em direção ao
teto da caverna e implorando às estrelas para ouvirem. “Não o
tire de mim. Vou te dar o que você quiser. Tudo.”
Senti os olhos de Seth em mim, mas quando olhei para
baixo, ele estava se concentrando em Orion novamente.
Seth apertou sua mandíbula, magia derramando dele
enquanto sua testa franzia com a concentração. “Vamos, seu
idiota, acorde e diga o quanto me odeia.”
Desamarrei meu suéter da cintura de Orion com dedos
trêmulos, com medo de olhar para a ferida de faca, mas tinha
que ver. Precisava saber.
O sangue escorria da ferida e apertei minhas mãos sobre
ela com um gemido de tristeza. “Por que não está
funcionando?”
Caí para frente, minha orelha descansando contra o peito
de Orion enquanto desesperadamente ouvia seus batimentos
cardíacos. “Por favor, não me deixe.”
Não conseguia ouvir nada além do som da minha própria
pulsação e rapidamente me afastei, arrastando as mãos de
Seth de volta para ele.
“Continue tentando,” ordenei e ele descansou a mão
diretamente sobre a ferida, deixando o sangue de Orion revestir
sua pele enquanto a magia fluía dele em ondas. A luz verde
pulsava no mesmo ritmo da minha respiração pesada enquanto
Seth derramava mais e mais de sua magia para curá-lo. A
ferida começou a fechar, mas tão lentamente, a pele se
juntando nas bordas, mas não o suficiente.
“Divida o poder comigo,” Seth disse por entre os dentes,
seus músculos tensos com o esforço.
Virei-me, apressadamente deixando uma linha de Fogo da
Fênix rolar da minha mão e queimar em uma espiral através de
mim, aquecendo minhas costas e lentamente gotejando um
pouco mais de magia em minhas veias. Então coloquei minhas
mãos ensanguentadas sobre as de Seth, fechando meus olhos
em concentração. Não tinha muito para dar ainda, mas
qualquer gota que tivesse era dele. Havia apenas um problema:
teria que derrubar minhas barreiras para compartilhar o poder
com meu inimigo mortal.
“Faça isso,” Seth rosnou e apertei meus olhos com mais
força, tentando forçar a barreira para baixo, embora parecesse
uma parede de ferro nas bordas da minha pele.
“Não posso,” engasguei.
“Você pode,” Seth rosnou. “Faça isso por ele.”
Imaginei Orion, concentrando-se exclusivamente nele e na
facilidade com que poderia deixar sua magia fluir em minhas
veias. Tínhamos feito isso instintivamente muitas vezes. Era
tão simples quanto respirar.
Minhas barreiras caíram e nós dois inalamos bruscamente
enquanto minha magia se chocava com a de Seth, girando em
torno dela e se transformando em algo verdadeiramente
poderoso. A luz verde ficou mais brilhante enquanto eu dava a
Seth cada pedaço de poder em minhas veias. Sua magia
parecia mais leve do que eu esperava, não fria, escura e cruel.
Era como um abraço caloroso, calmante, como se o homem a
quem pertencia realmente quisesse me ajudar a passar por
essa provação.
A ferida cicatrizou tão lentamente que era doloroso
assistir, e Orion nunca se mexeu. Eu mal podia suportar olhar
para o seu rosto, com sangue em torno da sua boca e a
quietude de suas feições.
Não vou deixa-lo ir. Prometi que faria qualquer coisa ao meu
alcance para nos manter juntos e farei isso, droga. Eu farei.
A magia de Seth estava diminuindo e ele praguejou
baixinho, puxando com mais força o meu poder, mas minhas
forças estavam acabando. Eu não conseguia reabastecer rápido
o suficiente e tinha pouco a oferecer. Podia sentir a magia de
Seth diminuindo também e o pânico que invocou em mim era
insuportável.
“Não,” implorei a ele, ao mundo. “Nós podemos fazer isso.”
“Darcy…”
“Não,” rosnei, recusando-me a olhar nos olhos de Seth.
“Continue.”
Ele acenou com a cabeça, mas a luz verde estava
desaparecendo e a ferida não estava curada o suficiente.
Recusei-me a aceitar a realidade que estava se fechando
sobre mim por todos os lados. O mundo estava se tornando tão
pequeno e eu não sabia como me encaixaria sem ele. Ficaria
arrasada com sua perda.
“Estou quase esgotado,” Seth disse pesadamente, como se
realmente se importasse. E porra, precisava que ele se
importasse. Precisava que raspasse sua magia de cada fenda
do seu corpo e despejasse em Orion na esperança de que fosse
o suficiente para salvá-lo. O fogo atrás de mim não estava
restaurando minha magia rápido o suficiente, estava
canalizando para Seth tão rapidamente quanto ganhava. E se
ele parasse, sabia que falharíamos. Eu falharia. Quebraria
nossa promessa. Podia sentir isso queimando dentro de mim,
mas estava encolhendo como uma chama prestes a se apagar.
Minha esperança tremulou e o pânico me atingiu, exigindo
que eu aceitasse a verdade. Que ele realmente se foi. Que meu
mundo estaria ausente dele pelo resto da minha vida. E esse
pensamento era o suficiente para partir meu coração em dois,
para nunca mais ser reparado.
Não tivemos tempo suficiente. Orion era muito jovem para
morrer aqui, quebrado e com frio em alguma caverna. O
destino era sanguinário e insensível, levando-o assim quando
tudo que ele queria era salvar sua irmã. Isso me quebrou de
uma forma que nunca pensei ser possível e eu não sabia como
iria me curar.
Seth puxou uma mão para trás, envolvendo-a em volta dos
meus ombros. Tentei me livrar dele, mas ele não me largou.
Seu aperto aumentou e ele se aninhou no meu cabelo.
O chão estremeceu embaixo de mim e meus lábios
encharcados de lágrimas se separaram enquanto olhava para a
entrada da caverna. Uma forma enorme se moveu na
tempestade de neve, desaparecendo um segundo depois.
“Darius,” Seth engasgou.
A esperança passou por mim como um raio de luz
brilhante. “Darius!” Gritei, o desespero em minha voz claro.
Ele entrou correndo, puxando uma calça de moletom. Seu
olhar varreu sobre nós, parando em nossas mãos o estômago
de Orion, em seguida, movendo-se para o rosto de seu melhor
amigo com um olhar de horror absoluto.
“Ajude-nos!” Implorei a ele, que se ajoelhou do meu outro
lado, colocando suas mãos sobre as minhas.
“Abaixem suas barreiras,” ele ordenou a nós dois e, por
algum motivo, foi mais fácil com ele. A força dos dois Herdeiros
puxou a minha magia e forcei minha mente para o Fogo da
Fênix em minhas costas, atraindo seu poder e alimentando a
magia dentro de mim para que pudesse doar a eles.
A luz verde de cura brilhou mais uma vez quando o poder
de Darius se juntou ao que restava do nosso. A onda de sua
magia era quente, queimando em minhas veias como a luz das
estrelas. A energia de cura ficou mais forte e meu peito doeu
fisicamente enquanto cada grama de magia era arrastada das
minhas veias, forçada a cumprir as ordens dos Herdeiros.
Não conseguia ver a ferida sob a luz verde e tive que
apertar os olhos contra ela enquanto perdia Orion de vista
atrás dela.
“Foda-se,” Darius grunhiu, caindo para frente enquanto
dava tudo que tinha.
“Não desista,” implorei.
“Nunca,” ele jurou.
Um gemido soou e todo o meu peito quase explodiu de
alívio. “Ele está vivo,” engasguei, a luz diminuindo para que
pudesse vê-lo além dela.
“Puta merda, funcionou,” Seth murmurou e nós três
removemos nossas mãos de uma vez.
Inalei bruscamente. A ferida havia sumido, nada além de
uma cicatriz vermelha revestindo sua pele entre o sangue.
Meu olhar desviou para o rosto de Orion e seus olhos se
abriram um segundo antes de se lançar em Seth. Ele o
derrubou para trás com um grunhido, rasgando sua garganta
com suas presas.
“Lance!” Gritei, saltando para frente enquanto o alívio e o
terror se enredavam dentro de mim.
Seth estava gritando de raiva enquanto Orion bebia
selvagemente dele, sangue derramando sobre suas roupas
enquanto ele rasgava sua garganta.
“Não tenho mais nenhuma magia... pare-o!” Seth gritou,
segurando seus ombros.
Orion o prendeu, agarrando seu cabelo e violentamente
puxando a cabeça de Seth para o lado para obter mais acesso.
“Porra!” Darius agarrou Orion pelos ombros, mas ele era
como um animal, rasgando a carne de Seth até que ele
começou a gargarejar em seu próprio sangue.
“Pare!” Implorei, o medo arranhando meu coração quando
percebi que ele iria matá-lo. Agarrei Orion também, puxando-o
de volta com todas as minhas forças. Com um rugido de
esforço, Darius arrancou Orion dele e descobriu sua própria
garganta.
“Morda-me,” Darius exigiu. “Pegue o que você precisa.”
Orion afundou suas presas em Darius com uma fome
desesperada, agarrando-se a seus braços e quase o
derrubando. Darius se agarrou a ele, pressionando o rosto
contra o seu cabelo enquanto o segurava. “Não posso acreditar
que quase te perdi depois...” ele parou, puxando-o ainda mais
para perto e a visão enviou calor aos meus membros
congelados.
Fiquei tremendo, enrolando minhas mãos para me impedir
de interferir. Ele precisava se alimentar. Tinha sido drenado
inacreditavelmente e perturbá-lo agora era claramente
perigoso. Mas, inferno, eu queria ir até ele. Precisava envolver
meus braços em sua volta e sentir as batidas celestiais de seu
coração.
Seth praguejou entre os dentes enquanto agarrava seu
pescoço, o sangue escorrendo para manchar sua camisa.
“Darius,” avisei e seu olhar caiu para Seth, que parecia
prestes a desmaiar.
“Tudo bem, Lance,” disse ele gentilmente, segurando-o
com um suspiro pesado. “É o bastante.”
Orion deu um passo para trás, seu olhar chicoteando para
mim. Ele era uma besta revestida de sangue, seu olhar
consumido pelas Sombras. Então a escuridão recuou e seus
olhos estavam cheios de amor, desculpas e medo. Seus olhos
se fecharam de repente e cambaleou para trás, inconsciente.
Darius o pegou antes que caísse no chão, abaixando-o para
deitar com um olhar preocupado.
Engasguei, correndo para frente e me ajoelhando ao seu
lado.
“É a perda de sangue,” Darius explicou em um tom vazio.
“Ele vai precisar de tempo para se recuperar.”
“Sim, estou começando a entender como é isso,” Seth
ofegou quando Darius caiu de lado e pressionou a mão em seu
pescoço para curá-lo. “Graças à merda, você não ficou sem
magia depois disso ou ele teria me matado.”
Pressionei minha mão na bochecha de Orion, sentindo o
calor dele e caindo para frente quando meu coração começou a
se acalmar. Ele ficaria bem. Tínhamos tempo se estendendo
diante de nós, anos e anos e anos. E eu iria valorizar cada um
deles. Não ia deixar passar um segundo sem cobiçar cada
momento que passamos juntos.
Meu alívio passou por mim, mas uma emoção mais
sombria o estava afugentando quando meus pensamentos
começaram a se encaixar. A raiva mordeu meu coração e me
virei para Darius com um grunhido, me levantando para
encará-lo. O Fogo da minha Fênix cintilou atrás dele, deixando
seu rosto nas sombras.
“Onde você estava?!” Rosnei, empurrando-o no peito
enquanto ele colocava Seth de pé. “Nós precisávamos de você.
Ele precisava.”
“Eu...” Darius balançou a cabeça. “Algo aconteceu.”
“Não é bom o suficiente,” sibilei, jogando minhas mãos em
seu peito novamente e ele não fez nenhum movimento para
lutar contra mim. “Sabia o quanto isso significava para ele!”
Dei um soco em sua mandíbula, em seguida, arranhei-o em
minha fúria. Como ele podia tê-lo abandonado esta noite, de
todas as noites? Se Darius estivesse aqui, teríamos magia
suficiente para enfrentar Clara. Nada disso teria acontecido.
“Eu sei,” Darius disse fracamente e algo em sua postura
parecia tão derrotado que senti que algo terrível realmente
aconteceu para impedi-lo de revidar. “Como isso aconteceu?”
Olhei para Seth, engolindo em seco quando percebi que
não poderia falar sobre isso na frente dele.
Seth cruzou os braços, seu corpo ensanguentado e seus
olhos sombrios. “Se você acha que vou sair daqui sem uma
explicação, está realmente iludida.” Ele olhou para Darius.
“Você está escondendo segredos de mim com um professor e a
porra de uma Vega?”
Poderia jurar que Darius se encolheu com a palavra Vega.
“Você sabe que pratico magia negra com Lance,” ele disse, sua
voz meio vazia enquanto olhava para mim. “Vá em frente. Pode
falar na frente dele, eu confio nele.” Ele passou por mim,
caindo ao lado de Orion e erguendo-o em seus braços.
“Bem, acontece que eu não,” falei amargamente, movendo-
me atrás de Darius para passar minha mão na testa de Orion e
verificar se ele ainda estava bem.
“Clara voltou,” falei a Darius tão calmamente quanto pude,
sem cair em um poço de raiva. De ódio. Ajudei a trazê-la de
volta e tive uma mão em quase perder Orion. Mas se Darius
estivesse aqui... se Tory estivesse. Onde ela estava? “Clara fez
isso com Orion. Ela parecia perdida nas Sombras.”
“Espere aí, Clara Orion, a irmã dele?” Seth hesitou,
movendo-se para o meu lado enquanto caminhávamos para
fora da caverna. Darius agarrou Orion contra o peito, olhando-
o como se tivesse mil palavras para dizer a seu amigo.
“É uma longa história,” falei cansada.
“Sim, e estou esperando para ouvir isso,” disse Seth
bruscamente.
“Agora não.” O observei e ele franziu a testa, estendendo a
mão como se fosse me tocar, em seguida, pensou melhor e
desistiu.
“Tudo bem,” ele grunhiu. “Você está bem?”
“Vou ficar bem quando ele estiver bem,” falei, virando-me
para olhar para Orion novamente. Flocos de neve se
acumulavam em seu cabelo e os que caíam em suas bochechas
derretiam com o calor de sua pele. A visão acalmou cada
terminação nervosa gritando dentro de mim.
Darius olhou para mim com uma carranca, algo se
torcendo em seu olhar. Percebi meu erro, pressionando meus
lábios enquanto ele me examinava no escuro. Mal podia
enxergar mais dele do que sua silhueta sombreada, mas podia
sentir seu escrutínio. Não conseguiria esconder os meus
sentimentos por Orion, não agora, não quando ainda estava
abalada. Então fiquei quieta e agradeci quando Darius também
ficou.
“Seth,” Darius rosnou, parando quando a neve caiu sobre
nós. “Você precisa ir. Falaremos sobre isso mais tarde.”
“Tem certeza de que não precisa de ajuda?” Seth
perguntou, olhando para mim e então para Orion como se ele
se importasse. E imaginei que ele deveria ou não estaria ainda
parado ali. Eu estava exausta demais para saber o que fazer
com esse pensamento. Seth Capella salvou a vida de Orion.
Tinha feito tudo que podia, vindo em meu auxílio quando
precisei de ajuda. E isso era confrontador de muitas maneiras e
eu não poderia lidar com isso agora.
“Não. Vou levá-lo para casa,” Darius disse com firmeza.
Seth acenou com a cabeça, franzindo a testa antes de ir
embora para a praia, a tempestade o engolindo em segundos.
“Onde está Tory?” Perguntei, me perguntando se a
ausência dele tinha algo a ver com a dela também.
“Não sei,” ele grunhiu, colocando Orion no chão e tirando
a calça de moletom. “Você vem conosco ou vai voltar para sua
Casa?”
“Estou indo,” falei sem hesitar um segundo.
“Aguento lev...”
“Já disse, estou indo,” Rosnei e o Fogo da Fênix brilhou
nos cantos dos meus olhos.
Acenando com a cabeça silenciosamente, afastando-se de
mim e saltando para frente, sua enorme forma de Dragão
saindo de seu corpo e pousando na minha frente.
Darius gentilmente pegou Orion em um de seus pés com
garras, seus olhos reptilianos fixos em mim. Poderia jurar que
eram menos dourados do que o normal, rodeados de escuridão.
Tirei meu casaco e minha camisa, revelando meu sutiã
esportivo frente única por baixo dele. Deixei minhas asas de
Fênix livres e uma chama de fogo se espalhou em cada lado de
mim enquanto elas se estendiam. Peguei a calça de moletom de
Darius para levar comigo, imaginando que ele provavelmente
iria precisar depois do voo. Meu estômago disparou quando me
lancei para o céu, seguindo a cauda dourada do Dragão que
estava voando para longe de mim na tempestade de neve.
Incitei fogo em minhas veias para afugentar o ar
congelante e fiquei sob Darius, voando por entre as nuvens
espessas. Pressionei minhas mãos em Orion, deixando o fogo
em meu sangue esquenta-lo também. Nada era tão bom quanto
o calor de sua pele contra a minha. Ele esteve tão perto da
morte que minha mente ainda estava em choque mesmo
sabendo que tudo estava bem agora.
Navegamos pelo redemoinho, correndo pelo campus e não
demorou muito para pousarmos na floresta perto do Asteroid
Place.
Darius colocou Orion no chão um momento antes de se
mover e eu retirar minhas asas, mergulhando-nos na
escuridão. Joguei para Darius sua calça de moletom e depois
que ele se vestiu ergueu Orion em seus braços novamente e
nos movemos em direção ao portão. Fiquei perto dele, me
perguntando o que diabos aconteceria se alguém nos
encontrasse aqui assim, cobertos de sangue com um professor
inconsciente e esgueirando-se em sua residência particular.
Peguei a mão de Orion quando chegamos ao portão,
pressionando sua palma para destrancá-lo com sua assinatura
mágica. Nós avançamos pela piscina, descendo o beco entre os
chalés de Orion e Washer. Toquei sua mão na porta novamente
e Darius o colocou sobre um ombro para que ele pudesse
segurar sua própria mão contra ela também.
“Ele tem um monte de fechaduras mágicas nesta porta,”
murmurou em explicação, suas sobrancelhas franzidas em
concentração.
Um momento depois, a porta se abriu e corremos para
dentro.
Fechei a porta atrás de nós e dei um suspiro de alívio
quando o calor tomou conta de mim, seguindo Darius até o
quarto de Orion, onde ele o deitou na cama.
Imediatamente rastejei para ele, movendo-me para o seu
lado e pegando sua mão. Darius ficou nos observando, apenas
uma sombra no escuro, mas eu não conseguiria esconder os
meus sentimentos por Orion. Eles estavam muito crus, meu
coração muito exposto.
“Você se importa com ele,” afirmou ele, sua voz
terrivelmente vazia.
“Sim,” falei poderosamente, desafiadoramente. Porque ele
era amigo de Orion e não me importava se ele soubesse agora.
Ele teria que aceitar de qualquer maneira, porque eu nunca iria
parar de amá-lo.
“E ele se importa com você?” Sua voz ainda tinha aquela
qualidade estranhamente vazia que eu não entendia.
Não iria responder por Orion, então apenas fiquei quieta.
Mas talvez essa fosse a resposta suficiente. “Onde esteve esta
noite, Darius?” Perguntei, meu tom afiado. “O que foi mais
importante do que ajudar seu amigo?”
“Tenho que ir repor minha magia para que possa curá-lo
um pouco mais,” ele disse, ignorando completamente minha
pergunta. “Estarei de volta em algumas horas.” Ele foi até a
janela, abrindo-a e pulando sem dizer uma palavra.
Fiz uma careta para ele em fúria, incapaz de acreditar que
ele não me daria uma explicação por abandonar Orion esta
noite. Fui fechar a janela e corri para o banheiro, pegando
toalhas antes de pegar uma jarra de água quente na cozinha.
Não aguentava ver Orion parecendo meio morto, coberto
de sangue. Então me sentei ao lado dele, lavando tudo da
melhor maneira que pude, tentando apagar a dor que quase me
dividiu em duas. Mas tinha a sensação de que algumas partes
desta noite estariam sempre comigo, como uma cicatriz no
interior do meu peito. Quase o perdi para as Sombras e para
sua irmã. E agora Seth estava envolvido nisso também. Ele não
iria me deixar mentir, exigiria uma explicação.
Coloquei minhas mãos no fogo queimando atrás de mim,
girando e dançando no ar enquanto trabalhava para restaurar
minha magia. Nunca me senti tão impotente como quando
Clara o machucou. E me apavorou que sua escuridão
assumisse o controle, suprimindo a minha Ordem, assumindo
o controle das Sombras em mim e mantendo minha Fênix
subjugada.
Tentei afugentar o medo terrível que senti enquanto
puxava os restos da camisa de Orion e lavava as manchas em
seus braços, estômago, boca. Sua respiração estava suave, mas
sua testa estava franzida como se ele estivesse emaranhado em
um pesadelo. Então, quando terminei, me enrolei ao lado dele,
descansando minha cabeça em seu peito e cantarolando uma
música sem nome, apenas algo para que soubesse que eu
estava aqui. E eu não iria a lugar nenhum, mesmo que todas
as estrelas no céu decidissem cair e queimar o mundo esta
noite.
Era quase três da manhã e eu estava exausto de uma noite de festa,
mas por algum motivo não conseguia me acomodar o suficiente para
tentar dormir. Cada vez que cochilava, quase parecia que algo estava me
cutucando para acordar de novo, como se as malditas estrelas não
quisessem me deixar sossegar.
Meu cérebro estava trabalhando a mil e minha energia
estava fraca o suficiente para me distrair. O que eu realmente
queria era Tory Vega, e toda vez que tentava desviar minha
mente dessa ideia, simplesmente girava de volta para ela como
se seu nome estivesse sendo sussurrado em meu ouvido ou
algo assim. Mas se a acordasse no meio da noite, tinha quase
certeza de que ela me colocaria na casinha de cachorro por
uma semana. Não que eu tivesse certeza de que as coisas
estavam de volta conosco, de qualquer maneira. Ela não
rejeitou totalmente a ideia no Natal, mas também dificilmente
colocou uma data em seu diário. Ela disse para perguntar
novamente no ano novo e, tecnicamente, era o ano novo...
Eu gemi, jogando minha cabeça para trás contra meu
travesseiro, em seguida, puxei meu Atlas para mais perto. Uma
mensagem não faria mal e, se eu tivesse muita sorte, poderia
valer a pena.

Caleb: Não consigo dormir e fico pensando em você sozinha


na cama... quer companhia? ;)
Olhei a mensagem por um longo momento, esperando para
ver se os sinais verdes acenderiam para me deixar saber que
ela estava acordada e tinha lido. Um sorriso surgiu nos meus
lábios quando ela visualizou.

Tory: Venha aqui.


Tory: Mas não faça perguntas.

Perguntas sobre o quê? Quase escrevi essa resposta antes


de perceber que era uma pergunta. Estava dançando uma
linha tênue com o temperamento de Tory na maior parte do
tempo sem que ela desse avisos, então não correria o risco de
irritá-la e perder minha chance de uma noite em sua cama.
Poderia lidar com a regra sem perguntas.
Pulei da cama, coloquei uma calça de moletom e um
casaco antes de colocar meus tênis e sair do meu quarto com
nada além do meu Atlas e as chaves.
Disparei para fora da Casa Earth usando minha
velocidade de Vampiro e corri pelo campus, passando pelo Orb
e os outros prédios da escola antes de seguir para o sul em
direção à Casa Ignis.
Uma labareda de fogo iluminou o céu e olhei para cima a
tempo de ver a silhueta de um Dragão enorme enquanto
passava sobre a lua. Darius estava atrasado. Brevemente me
perguntei o que o estava mantendo acordado até essa hora,
mas meu foco estava mais direcionado à garota esperando por
mim.
Joguei um punhado de fogo no símbolo acima da porta da
Casa Ignis e atirei enquanto ela se abria, subindo correndo as
escadas, através da sala comunal e subindo novamente até que
eu estava do lado de fora da porta de Tory.
Empurrei a mão em meus cachos loiros para domesticá-
los um pouco depois da minha corrida e bati em sua porta.
Ela o abriu um momento depois, pegando a frente do meu
moletom e me arrastando para dentro enquanto ficava na
ponta dos pés para me beijar. As luzes estavam apagadas, mas
a luz fria da lua brilhando na neve lá fora me deu apenas o
suficiente para vê-la.
Ela estava vestindo uma calça de moletom folgada e um
casaco grande demais e seu cabelo estava preso em um nó
bagunçado no topo de sua cabeça. Mas Tory Vega poderia usar
um saco de batatas e ainda parecer uma porra de deusa. Meu
pau estava duro antes mesmo de bater em sua porta e quando
ela empurrou a língua em minha boca, um gemido de desejo
escapou de mim.
Agarrei sua cintura e a levantei, suas pernas enganchando
em volta dos meus quadris enquanto ela pressionava contra o
meu pau duro e soltava um gemido que já tinha praticamente
me explodido.
Eu a sentei na ponta da mesa e me afastei enquanto
puxava a bainha de seu moletom, quebrando nosso beijo
enquanto o puxava sobre sua cabeça.
Ela não estava usando nada por baixo e meu coração
bateu um pouco mais rápido quando peguei o volume de seus
seios, deixando minha boca cair para capturar seu mamilo
esquerdo instantaneamente.
Ela gemeu de novo, inclinando-se para trás para me dar
mais acesso enquanto arrastava meus dentes sobre a carne
dura, minha mão apalpando seu outro seio enquanto
provocava aquele mamilo também.
Tory estendeu a mão entre nós e abriu o zíper do meu
casaco, empurrando-o para fora dos meus ombros em uma
exigência firme. Fiquei de pé enquanto encolhia os ombros e ela
baixou o olhar para o meu peito enquanto passava as mãos
pela minha carne.
Meu sangue estava bombeando quente e rápido, me
incitando a tomar mais dela. Minhas presas se soltaram
quando a sede de sangue aumentou, mas me segurei, querendo
tirar prazer de seu corpo antes de saborear seu sangue.
Peguei seu queixo, inclinando sua cabeça para trás para
que pudesse olhá-la. Estava ansioso para ver o desejo em seus
olhos e provar seus lábios carnudos contra os meus
novamente.
Tory resistiu ao meu pedido por um momento antes de
olhar para mim, seus longos cílios varrendo até que ela
encontrou meus olhos.
Dois anéis pretos cercaram sua íris e me afastei por
instinto, minha mão caindo de seu queixo e meus lábios se
separaram em choque enquanto apenas olhava para ela.
“Que porra é essa, Tory?” Murmurei. “Você é Star Crossed.
Com... quem?”
“Eu te disse sem perguntas,” ela rosnou, estendendo a
mão para mim novamente. “Só quero esquecer isso.”
“Está louca?” Eu exigi, balançando minha cabeça
enquanto tentava processar isso, entender em qualquer nível.
Quem diabos diria não ao seu destino assim? Quem seria louco
o suficiente para virar as costas para o seu único amor
verdadeiro. “O que é que aconteceu? Quem fez isto para você?
Vou...”
“Está feito, Caleb,” ela retrucou e por um momento parecia
que os anéis negros ao redor de suas írises cresceram e
brilharam até que os seus olhos pareciam pretos com sombras.
“Não posso voltar atrás e mudar isso e não quero falar sobre.”
Ela respirou fundo, estremecendo, e fechou os olhos
enquanto seus dedos se enroscaram na borda da mesa em que
ela se sentou.
Eu me aproximei, meu peito doendo com a necessidade de
fazer algo sobre isso, mudar as estrelas, consertar seu destino,
qualquer coisa, mesmo que fosse impossível. Qualquer coisa
que poderia aliviar um pouco da dor que podia perceber que
estava consumindo-a.
Peguei sua mão, seus dedos queimando quentes enquanto
sua magia de Fogo ardia sob sua pele, me fazendo invocar meu
próprio poder para evitar me queimar. Ela abriu os olhos e
aquela escuridão que tinha imaginado se foi, apenas os dois
anéis pretos restantes lá agora, mas de alguma forma isso era
pior.
“Mas, Tory...” Eu estava apenas olhando-a, minha mente
girando enquanto tentava chegar a um acordo com o fato de
que algum outro idiota tinha sido selecionado pelas estrelas
para ser dela. Seu par perfeito. Um amor verdadeiro... Exceto
que ele disse não. Ou ela disse. E não conseguia entender. A
tinha visto mais cedo e ela não tinha os anéis negros nos olhos,
então isso devia ter acabado de acontecer.
“Faça-me esquecer, Caleb,” Tory murmurou, sua voz
falhando com o apelo.
Eu podia sentir a dor vindo dela agora, o desespero. Ela
estava quebrando, quebrada... alguém tinha feito isso com ela.
Alguém escolheu fazer isso com ela e eu simplesmente não
conseguia entender. Se as estrelas a tivessem escolhido para
mim, eu a teria agarrado em um piscar de olhos e nunca mais
a largaria.
Fiquei olhando em seus grandes olhos verdes, os anéis
negros em torno deles tomando cada centímetro da minha
atenção. Não fazia sentido, eu não conseguia entender...
ninguém escolhia ser Star Crossed. Se as estrelas lhe deram a
chance de aceitar seu Companheiro Elysian, você aceitava.
Sem dúvida. Não importava o quê. Inferno, se me encontrasse
na frente daquele menino com aquele gorro de merda, eu diria
sim.
“Sinto muito, Tory,” sussurrei. Minha carne estava
queimando de desejo por ela e parecia que as próprias estrelas
tinham me guiado até aqui, me levando em sua direção para
ajudar a curá-la dessa dor.
“Não quero que se desculpe,” ela respondeu, seu olhar
endurecendo. “Só quero esquecer.”
O fogo em seus olhos foi o suficiente para me trazer de
volta à ação. Não havia nada que pudesse fazer para consertar
o que tinha acontecido com ela, mas com certeza poderia fazer
o que ela pediu.
Eu a beijei novamente e ela me puxou para mais perto,
suas mãos agarrando meu cabelo e puxando apenas o
suficiente para me deixar saber que ela não queria que eu fosse
fácil com ela.
Ela mordeu meu lábio e rosnei quando meu aperto em
seus quadris aumentou, meus dedos empurrando contra o
material de sua calça de moletom. Coloquei minhas mãos em
torno de sua cintura e puxei-as, forçando-a a levantar os
quadris para que pudesse puxar para fora dela.
Caí de joelhos enquanto puxava sobre seus tornozelos e
fiquei lá, separando suas pernas enquanto me movia para
frente para devorá-la.
Enganchei seu joelho esquerdo por cima do ombro e corri
minha boca pela parte interna de sua coxa enquanto ela
agarrava a borda da mesa, sua cabeça inclinada para trás
enquanto sua respiração ficava mais pesada, mais exigente.
Quando cheguei ao centro dela, pressionei avidamente,
passando minha língua sobre ela, minha pele formigando
enquanto ela gemia de encorajamento, seus quadris resistindo
contra mim.
Agarrei suas coxas, empurrando-as mais amplamente
enquanto continuava a festejar com ela, o som de seu prazer
me deixando tão duro que tive que lutar contra o desejo de
tomá-la já.
Mudei minha mão e empurrei dois dedos dentro dela, seus
gemidos enchendo a sala enquanto dobrei seu corpo para o
meu desejo.
Podia sentir ela apertar em torno de mim e gemi enquanto
chupava mais forte, enfiando meus dedos mais uma vez
quando ela se desfez. Devorei o seu prazer, cavalgando-a
através dele até que ela afundou de volta na mesa.
Meu pau estava latejando de necessidade e me levantei,
tirando minhas calças e chutando-as de lado com meus tênis.
As pupilas de Tory estavam dilatadas de desejo e ela
escorregou da mesa, beijando-me com força, exigindo mais. Ela
não era uma coisa frágil precisando de garantias, ela queria
que tomasse seu corpo como refém e a fizesse esquecer o idiota
que disse não para ela. E eu não iria a decepcionar.
Peguei sua cintura entre minhas mãos e a virei de forma
que ela ficasse de costas para mim antes de empurrá-la contra
a parede.
Ela engasgou quando pressionei contra ela, cada
centímetro do meu desejo contra sua bunda a deixando saber o
quanto eu a queria.
Ela gemeu um pouco, virando a cabeça para o lado e
estendendo a mão por cima do ombro para que pudesse me
puxar para beijá-la novamente.
Na minha excitação, minhas presas arranharam seu lábio
inferior e seu sangue se espalhou pela minha língua. Um
grunhido escapou de mim quando minha forma de Ordem
empurrou seu caminho para a superfície e não pude deixar de
chupar seu lábio em minha boca, levando um fio de seu sangue
e poder para mim enquanto chupava.
Tory engasgou quando separei suas pernas e agarrei a
base do meu pau antes de guiá-lo para cima e para dentro
dela. Ela gemeu com fome enquanto empurrava lentamente,
saboreando a sensação de quão apertada ela estava ao meu
redor e deixando-a se ajustar à posição que a segurei, presa
contra a parede.
“Mais,” ela murmurou e rosnei novamente, dando o que
ela queria com um impulso forte de meus quadris.
Ela gemeu cada vez que me enfiei nela e agarrei sua bunda
em minhas mãos, meus dedos mordendo sua carne enquanto
batia nela cada vez mais forte.
“Foda-se,” Tory gemeu. “Mais duro.”
Dei a ela o que ela queria, minha boca encontrando seu
pescoço enquanto a beijava e batia nela mais rápido, mais
forte, dando-lhe tudo, uma dor desesperada me preenchendo
enquanto tentava segurar um pouco mais.
“Morda-me,” ela implorou e olhei-a com surpresa quando
ela inclinou a cabeça para o lado, descobrindo sua garganta
para mim. Nunca tínhamos feito isso durante o sexo antes e
por mais que meus instintos me fizessem desejar, sabia que ela
realmente não gostava de ser mordida, então nunca tinha
pedido isso a ela.
“Mesmo?” Perguntei, porque estava a meio segundo de
fazer isso e não tinha certeza se queria morder mais alguém.
“Sim,” ela engasgou quando bati nela novamente. “Faça!”
Desisti de tentar segurar e meus dentes perfuraram sua
pele enquanto a fodia ainda mais forte, a pressão crescendo em
mim tão ferozmente que sabia que só poderia segurá-la por um
segundo a mais.
Tory gritou quando forcei outro orgasmo de seu corpo e o
gosto de seu sangue rolando sobre minha língua me fez
explodir dentro dela um segundo depois.
Eu a estava prendendo contra a parede com tanta força
que os tremores de sua carne balançavam meu corpo. Bebi
profundamente dela enquanto seu sangue e poder me enchiam
de uma forma que fez meu coração disparar.
Podia ouvir seu pulso batendo em um ritmo alegre e tinha
certeza que ela entraria em colapso se eu a deixasse ir.
A sede de sangue me pegou firmemente em suas garras e
engoli mais e mais, o êxtase me enchendo enquanto saboreava
a combinação de seu corpo e poder.
Forcei minhas presas para fora de sua carne com alguma
dificuldade e recuei, puxando-a para a cama enquanto
recuperávamos o fôlego.
Um pouco de seu cabelo tinha caído do nó bagunçado em
que ela o amarrou e o empurrei para fora de seu rosto
enquanto olhava para ela.
Ela me ofereceu um meio sorriso, mas não atingiu seus
olhos. A dor do que tinha acontecido com ela já estava
rastejando de volta e fui atingido com o desejo de matar o idiota
que disse não para ela.
“Diga-me quem ele é,” rosnei. “Vou destruí-lo por fazer
isso.”
Tory franziu a testa para mim por um momento,
estendendo a mão para correr os dedos ao longo do meu
queixo.
“Não foi ele que disse não,” disse ela lentamente.
Abri minha boca para responder, mas meu Atlas começou
a tocar no mesmo momento. Os olhos de Tory deslizaram do
meu rosto para o meu moletom que estava no chão perto da
porta, meu Atlas ainda no bolso.
“Você deveria atender,” ela falou sob sua respiração.
Queria protestar, mas já era madrugada. Ninguém me
ligaria neste momento, a menos que fosse importante. Estendi
a mão para curar a mordida no pescoço de Tory antes de me
levantar. O sangue manchava seu travesseiro e descia pelo
peito até o mamilo. Inclinei-me para frente e lambi a linha e ela
me observou com os olhos semicerrados.
A chamada tocou e recomeçou instantaneamente.
Obriguei-me a deixá-la na cama e vasculhei meu casaco
com capuz até localizar meu Atlas pouco antes da chamada
tocar novamente.
Levantei uma sobrancelha quando percebi que recebi treze
mensagens além das ligações. Obviamente estava distraído
demais com Tory para ouvi-las chegando.
Antes que pudesse ler qualquer uma delas, ele começou a
tocar novamente e localizei o nome de Seth no identificador
antes de atender.
“E aí, cara. O que está havendo...”
“Cal... porra, não sabemos o que fazer. Ele não vai dizer
nada... isso é ruim. Vá para Kings Hollow agora. Precisamos de
você,” Seth parecia completamente em pânico, mas a ligação foi
cortada antes que pudesse responder. Um pedaço de gelo se
formou em meu peito. Algo estava errado. Realmente errado
pra caralho.
Peguei minha calça de moletom e a vesti, olhando para
Tory com culpa.
“Sinto muito,” falei. “Não iria se não fosse urgente. Mas
algo aconteceu. Não sei o quê, mas...”
“Está tudo bem,” disse ela, nem mesmo parecendo
surpresa. “Apenas vá.”
“Voltarei assim que puder,” prometi, não querendo deixá-
la assim, mas realmente não tenho outra escolha.
“Sinto muito, Caleb,” ela disse, sua voz falhando. Ela
estava mordendo o lábio inferior e as lágrimas escorreram de
seus olhos.
“Por quê?” Perguntei, franzindo a testa enquanto me movia
em sua direção novamente, mas ela balançou a cabeça e bati
contra um escudo de ar antes que pudesse chegar perto. “O
que está errado?” Perguntei em confusão.
“Não deveria ter falado para você vir aqui,” ela disse, sua
respiração engatando enquanto ela lutava contra as lágrimas.
“Foi egoísta, estúpido. Não sei o que estava pensando, por um
momento esqueci que você é amigo dele... sinto muito.”
“Por que está se desculpando?” Perguntei com uma
carranca, tentando empurrar contra o escudo enquanto Tory
limpava as lágrimas de suas bochechas, mas mais lágrimas
caíram para substituí-las.
Meu Atlas começou a tocar novamente e olhei para o nome
de Max antes de franzir a testa para Tory com uma sensação de
afundamento no peito. As estrelas a empurraram em direção a
seu companheiro antes desta noite e havia apenas um outro
Fae por quem eu sabia que ela se sentia atraída assim. Se não
tivesse ficado tão absorto em pensar no meu pau, poderia ter
conectado os pontos mais cedo. Por que diabos não os conectei
antes? Era tão óbvio, óbvio pra caralho. Meu coração batia
forte contra minhas costelas com força suficiente para doer e
havia um leve zumbido em meus ouvidos enquanto lutava
contra o desejo de expressar meus medos. Porque se estivesse
certo, o que acabamos de fazer...
Tory olhou para mim por um longo momento e não pude
deixar de encarar os anéis escuros em seus olhos. Esperava
seriamente que meu palpite estivesse errado, mas quando meu
Atlas começou a tocar novamente, tive a forte sensação de que
não estava.
Engoli em seco contra um caroço na minha garganta e dei
um passo para trás.
Ela ainda não havia respondido minha pergunta, mas
descobri que não queria que respondesse.
“Você deveria ir para seus amigos,” ela disse, erguendo o
queixo em uma tentativa de esconder o quanto estava sofrendo.
“Não quero apenas deixá-la aqui assim...”
“Eu te disse, não deveria ter deixado você vir. Só estava
tentando esquecer, mas estava errada, especialmente contigo...
Realmente sinto muito, mas só quero que vá agora.”
“Tem certeza de que você está bem?” Perguntei
lentamente, sem saber se realmente deveria deixá-la enquanto
ela parecia tão quebrada.
“Sou uma garota crescida, Caleb. E tenho que assumir
minhas escolhas para que não sintam pena de mim,” ela disse,
puxando os cobertores para cobri-la enquanto se recostava nos
travesseiros. Mas não tive a impressão de que ela realmente
iria dormir.
“Ok. Vou vê-la mais tarde então.” Hesitei por um
momento, mas ela não disse nada para me impedir, então
coloquei meu tênis, peguei meu moletom e saí para o corredor.
Meu Atlas parou de tocar, então saí da Casa Ignis com
minha velocidade de Vampiro e corri direto pela Floresta das
Lamentações até Kings Hollow.
Derrapei até parar na base da enorme árvore e respirei
fundo enquanto me preparava para entrar. Mordi o interior da
minha bochecha, em seguida, soltei o ar novamente. Se eu
tivesse estragado tudo, encararia simplesmente. Teria que lidar
com isso.
Empurrei a porta e entrei, mas antes que pudesse colocar
os pés nas escadas, Max apareceu no final delas. Senti sua
bolha silenciadora cair sobre mim meio segundo antes de seu
punho colidir com minha mandíbula. A dor passou por mim e
cambaleei um passo para trás com a força do golpe.
“Que porra é essa, Cal?” Ele rugiu, se aproximando de
mim e me pressionando contra a parede enquanto parecia
estar lutando contra a tentação de me bater novamente. “Onde
diabos você estava?”
“Pra que isso?” Amaldiçoei, minhas presas estalando
enquanto a tensão enrolava em meu corpo com o ataque e
rosnei para ele, endireitando meus ombros.
“Posso sentir o cheiro da porra da luxúria em você a meia
milha de distância,” Max rosnou. “Você estava com Tory Vega,
não é?”
Engoli um caroço grosso na garganta porque havia apenas
uma razão para que ele ficasse com raiva e pensar nisso me
deixava doente.
“Foi Darius?” Perguntei em uma voz vazia, a luta saindo de
mim em um piscar de olhos. Eu merecia qualquer coisa que ele
quisesse atirar em mim.
“Claro que foi! Quem mais poderia ter sido?” Max gritou e
sua raiva bateu em mim enquanto suas emoções dançavam no
ar enquanto seus presentes de Sereia queimavam.
Tive que trabalhar em reforçar meu escudo mental para
me impedir de sucumbir à potência de sua raiva e bati minha
cabeça contra a parede atrás de mim, gemendo enquanto
entendia todas as implicações do que ele estava dizendo.
“Sinto muito, cara,” murmurei. “Só... nem sei como acabei
indo para lá esta noite. Estava completamente bêbado quando
fui para a cama, mas então acordei, totalmente sóbrio e
pensando nela... totalmente obcecado, na verdade. E não
consegui me acomodar até agir...”
“Foram as estrelas,” Max rosnou de repente, sentando-se
no último degrau e passando as mãos pelos cabelos. “Elas já
estão trabalhando para separá-los...”
Fiz uma careta quando a raiva no ar diminuiu e
escorreguei para o desespero que lambeu intensamente contra
minhas paredes mentais. O coração de Max estava partido por
Darius e o abismo de dor se abrindo em meu peito me disse
claramente que o meu também estava.
Pensei na maneira como fui atraído por Tory esta noite,
como não fui capaz de resistir à vontade de ir até ela e como ela
parecia devastada quando se desculpou por me deixar vir. Ela
foi empurrada para mim também. As estrelas já estavam
jogando seus jogos em pagamento por sua escolha.
“Foda-se,” murmurei, caindo ao lado de Max. “O que nós
faremos?”
“Isso é minha culpa,” ele gemeu. “Eu podia sentir a
atração entre Darius e Tory. Ele até tentou me pedir ajuda e
eu... simplesmente o desliguei. O empurrei para continuar
trabalhando contra ela. Se apenas tivesse ouvido o que ele
tinha a dizer, me obrigando a considerar o vínculo que podia
sentir entre eles de maneira adequada, talvez pudesse ter lhe
dado um conselho melhor.”
“Acabei de dormir com a garota que ele estava destinado a
amar e você está se culpando?” Perguntei incrédulo.
“Eu podia sentir isso, Cal,” Max insistiu. “Eu só não
queria. Sou o único que poderia ter previsto isso. Deveria ter
percebido que a atração que ele sentia por ela era mais do que
apenas luxúria e paixão. Se apenas tivesse passado o tempo
ouvindo quando ele tentou falar comigo...”
“Isso não é por sua culpa, Max,” rosnei, envolvendo meu
braço em torno dele e puxando-o para perto. Ele me puxou
para um abraço tão forte que me machucou e pude sentir sua
agonia gotejando em mim enquanto sua pele era pressionada
contra a minha e o contato aumentava o poder de seus dons.
“Não é sua também,” respondeu ele asperamente. “A
merda das estrelas… uma Vega. Merda, quem poderia ter
inventado algo tão fodido? É como se elas quisessem que isso
acontecesse com ele. Estou começando a achar que ele está
amaldiçoado. Já teve que lidar com tanta merda em sua vida e
então quando finalmente recebeu algo bom, puro e leve e tem
que ser com a única pessoa a quem ele nunca poderia dividir o
mundo.”
“Devíamos ir até ele,” falei, embora meu intestino torceu
desconfortavelmente com a sensação de que o havia traído.
“Não diga a ele onde você esteve,” Max murmurou e parei
com a sugestão. Nunca menti para um dos outros Herdeiros
assim.
“Tenho que fazer,” respondi, balançando a cabeça
enquanto ambos nos levantávamos e começávamos a subir as
escadas. “Ele merece mais de mim do que mentiras.”
“Nunca senti emoções como o desespero que ele está
sentindo agora,” Max murmurou. “Não sei o que ele poderia
fazer se descobrir.”
“Ele pode fazer o que quiser comigo,” respondi
sombriamente. “Eu mereço.”
Max franziu a testa como se não tivesse certeza se
concordava com isso. “São as estrelas que merecem.”
“Elas podem ter me empurrado para ela, mas sou meu
próprio Fae. Sou responsável por minhas ações.”
“Eu não sei sobre isso,” Max murmurou antes de deixar
cair sua bolha silenciadora.
Subimos as escadas e o aperto aumentou em meu peito
enquanto chegamos à porta no topo. Max colocou a mão no
meu ombro, empurrando uma sensação de calma em mim para
acalmar minha ansiedade, mas pela primeira vez não deixei
seu poder me influenciar. Eu tinha que assumir isso. Sem
desculpas.
Darius estava sentado na grande poltrona ao lado do fogo,
seu olhar distante enquanto observava as chamas, mas quando
Max fechou a porta atrás de nós, ele olhou em nossa direção.
Inalei bruscamente quando avistei o anel preto circulando suas
írises. A diferença nos olhos de Tory tinha sido confrontadora,
mas tinha visto Darius praticamente todos os dias durante a
maior parte da minha vida e apesar do fato de que seus olhos
eram escuros antes, a mudança neles era profunda.
Seth estava andando para frente e para atrás dele,
gemidos suaves escapando dele enquanto seus instintos de
Lobo claramente o empurravam para confortar Darius. Embora
eu estivesse supondo que seu conforto não foi bem-vindo
quando ele tentou.
Max se moveu para se sentar no sofá enquanto permaneci
perto da porta.
Atirei para frente e puxei Darius em meus braços antes
que ele pudesse me parar. “Sinto muito, cara,” murmurei,
segurando-o com força enquanto ele apenas sentava e me
deixava.
O calor de sua pele estava quase queimando, mas sua
postura estava relaxada, como se ele nem se importasse mais
com nada.
Eu não o soltei e, eventualmente, ele soltou um longo
suspiro. “Você cheira como ela,” murmurou.
Recuei como se ele tivesse me dado um soco, olhando para
Max por um momento, mas ele apenas franziu a testa.
“Sinto muito,” falei, minha voz falhando com o quanto quis
dizer isso. “Eu não sabia, não queria... Não estou me
desculpando. Deveria ter percebido quando vi os olhos dela, eu
só...”
Darius olhou para mim por um longo momento, sua
mandíbula apertando e esperei que ele liberasse sua raiva em
mim. O que era realmente o mínimo que merecia.
“Ela escolheu não ser minha, então não tenho nada a dizer
sobre o que ela faz agora, não é?” Ele disse eventualmente,
caindo de volta em sua cadeira e olhando para longe de mim
em direção ao fogo mais uma vez.
Seth soltou um uivo baixo e corri a mão na parte de trás
da minha cabeça, me sentindo cerca de dez vezes pior do que
se ele apenas tivesse me dado um soco.
“Podemos consertar isso,” disse Seth, olhando entre mim e
Max encorajadoramente. “Deve haver uma maneira de fazer as
estrelas mudarem de ideia, certo?”
“Não presta atenção na aula?” Max rosnou.
“Todo mundo sabe que só existe uma chance,” acrescentei
em voz baixa como se minhas palavras significassem menos de
alguma forma.
“Somos os Fae mais poderosos de Solaria!” Seth estalou.
“As estrelas vão ouvir se lhes dissermos!”
Darius se levantou e atravessou a sala até o baú onde
guardava seu ouro, colocando um monte de anéis em seus
dedos um por um e jogando em seguida um punhado de
correntes de ouro sobre sua cabeça que descansou contra seu
peito nu.
Depois pegou o enorme baú em seus braços com um
grunhido de esforço, derrubando o resto de seu conteúdo em
toda a cadeira antes de se sentar em meio às moedas de ouro
empilhadas e joias.
“Preciso me concentrar em Lance. Não em ideias
impossíveis sobre desafiar as estrelas,” Darius disse e fiz uma
careta em confusão.
“O que há de errado com Lance?” Perguntei.
“Eu o encontrei meio morto em uma caverna em Aer
Cover,” Seth murmurou. “Foi alguma magia negra que deu
errado. Levou tudo que eu, Darius e Darcy tínhamos para
mantê-lo vivo. E ainda não estou convencido de que ele
continuará assim.”
Darius rosnou sombriamente com aquela sugestão e Seth
imediatamente parou de falar.
“O que diabos aconteceu esta noite, Darius?” Max
perguntou suavemente, inclinando-se para frente em sua
cadeira e pressionando seu poder de Sereia ao redor da sala
para tentar confortá-lo.
Darius baixou o olhar para os anéis em seus dedos e
balançou a cabeça. “Não posso falar sobre isso. Quando Lance
estiver melhor será capaz de explicar, mas meu...” ele parou,
nem mesmo capaz de terminar a frase graças à Coerção Negra
que seu pai tinha usado nele.
“Pelo amor de Deus,” Max rosnou, sua mandíbula
apertando com raiva sobre a situação.
“E quanto a Tory?” Seth perguntou, aproximando-se de
Darius e recuando novamente como se estivesse em guerra
com seus instintos sobre o que fazer por ele. “Por que ela disse
não?”
“Por que você acha?” Darius retrucou, olhando para Seth
com veneno suficiente para fazê-lo rosnar de volta antes que
pudesse se conter. Éramos todos alfas e o confronto direto
entre nós nunca terminava bem para ninguém.
Atirei entre os dois, colocando a mão no braço de Seth
para acalmá-lo antes que Darius explodisse. Seth forçou a
tensão de seus membros e desviou o olhar, dispersando a
atmosfera entre eles antes que pudesse aumentar.
“Seth está apenas tentando entender,” falei em voz baixa.
Os olhos de Darius chamejaram com seu temperamento
por outro momento enquanto olhava para mim, mas então a
luta saiu dele novamente.
“Ela não me deu exatamente uma lista completa,” disse ele
amargamente. “Mas imagino que inclua a vez em que quase a
afoguei, quando queimei suas roupas na frente da minha Casa
inteira, quando a empurrei na lama e a chamei de prostituta,
quando participei de todo aquele fiasco do Halloween onde
tentamos destruir sua reputação e milhares de outras coisas
além disso.”
“É porque elas viveram muito tempo no mundo mortal,”
falei, procurando uma resposta embora não houvesse uma.
“Ela simplesmente não entendia ou compreendia o quão
definitiva essa decisão seria. Tory me contou que foi atraída por
você no Eclipse e se vocês tivessem tido a chance de agir sobre
esses sentimentos entre vocês, então ela não teria...”
“Nós agimos sobre isso,” Darius estalou. “Depois que a
peguei quando minha moto foi destruída e novamente no
Palácio no Natal. Sexo claramente não foi suficiente para
mudar sua opinião sobre mim.”
Minhas sobrancelhas levantaram com a admissão, porque
eu não tinha nenhuma maldita ideia que isso tinha acontecido.
“Mas se você estava dormindo com ela, ela deve ter te
conhecido mais?” Max perguntou com uma carranca.
“Certamente viu além de toda a merda da reivindicação do
poder e...”
“Desculpe estourar sua bolha, princesa, mas não foi uma
declaração de amor. Éramos nós dois cedendo ao calor que
queimava entre nós quando ardeu muito quente para resistir.
Mas ela deixou bem claro que isso era tudo.”
“E o que significou para você?” Seth perguntou.
“Depois de tudo que fiz a ela, não parecia que era meu
lugar esperar mais do que ela estava disposta a oferecer, então
não a forcei.” Darius se recostou na cadeira e encostou a
cabeça nela. “Obviamente, agora gostaria de ter lidado com isso
de forma diferente... Só não percebi que nosso tempo estava
acabando...”
O rosto de Max se contorceu de dor quando sentiu um
golpe das emoções de Darius e Seth lançou outro uivo triste
para o teto.
“Isso não está certo,” rosnei, mesmo sabendo que isso não
mudaria nada.
“É o que mereço,” Darius disse, seu tom vazio mais uma
vez. A escuridão pareceu mudar em seus olhos por um
momento, mas antes que pudesse olhar mais de perto, ele os
fechou. “Não quero mais falar sobre isso.”
“Tudo bem,” concordei porque não conseguia pensar em
uma única coisa para dizer que pudesse ter alguma utilidade
de qualquer maneira.
“Deixe-me ajudá-lo a dormir,” Max ofereceu, ficando de pé
e caminhando em direção a Darius com a mão estendida.
“Eu não mereço escapar desse sentimento,” Darius
murmurou. “Além disso, tenho que ir para casa assim que tiver
recuperado minha magia. Tenho que enfrentar meu pai. Ele vai
querer decidir como a imprensa irá lidar com isso e... há outras
coisas acontecendo na mansão que vou precisar verificar.”
“Não vou afugentar sua dor se não quiser. Vou apenas
fazê-lo dormir,” Max jurou. “Apenas por algumas horas antes
de ter que enfrentar Lionel.”
Darius hesitou por mais um momento, em seguida,
estendeu a mão para pegar a mão de Max.
Podia sentir o poder de Max me empurrando para dormir
também e Seth bocejou amplamente ao meu lado.
Peguei o seu braço e o guiei para fora da sala antes de
cairmos no feitiço de Max e fomos para o quarto que
reivindiquei para mim aqui em Hollow.
O quarto era grande com lençóis brancos sobre a cama e
todos os tipos de porcarias minhas espalhadas pelo lugar, de
medalhas de Pitball a livros didáticos. Havia uma longa janela
ao longo da parede oposta com vista para as árvores cobertas
de neve.
“O que nós faremos?” Seth perguntou com um gemido
suave quando fechei a porta atrás de nós.
“Não sei,” admiti enquanto caia na beirada da cama,
olhando para a vista.
Seth se sentou ao meu lado, aninhando-se no meu ombro
afetuosamente.
“Realmente estraguei tudo esta noite,” murmurei,
pensando no momento em que vi os anéis negros ao redor dos
olhos de Tory. Deveria ter percebido quem era imediatamente.
Mas era como se meus pensamentos não estivessem em ordem
e tudo que queria era me perder nela.
“Você não sabia,” Seth murmurou, pegando minha mão e
apertando-a. “As estrelas vão usar tudo e todos que puderem
para mantê-los separados agora. Foi apenas a primeira de
muitas coisas que elas usarão para abrir caminho entre eles...”
“Não está certo.”
“Eu sei. Mas o que nós podemos fazer?”
“Alguma coisa. Eu nem sei o quê ainda. Mas vou
compensar isso,” jurei. “Vou encontrar uma maneira de
consertar.”
Acordei de uma escuridão tão densa que havia sangrado em cada
parte de mim e me mantido cativo. O mundo era uma névoa e eu não
conseguia descobrir quais partes dos meus pesadelos eram reais e quais
eram imaginários. Um peso em meu coração e um formigamento em meu
braço direito fez minha mão se contorcer. Mas não conseguia entender o
que era aquele sentimento, embora fosse dolorosamente familiar.
Um corpo quente me pressionou e a alcancei, conhecendo-
a apenas pelo cheiro. Mas havia outro odor na sala,
manchando tudo sobre este momento de acordar com ela, que
deveria ter sido tão perfeito. Sangue.
O que aconteceu? Onde diabos estou?
Lentamente, tudo foi voltando, as memórias se agitando
em minha mente em uma espessa poça de óleo. Tínhamos
trazido Clara de volta, e então...
Estremeci e Darcy gemeu baixinho em seu sono.
Clara... minha própria irmã, ela enfiou a adaga drenante
em mim e bebeu quase todo do meu sangue. Lembrei-me de
Blue olhando para mim, cada uma de suas lágrimas me
fazendo doer. As palavras eu te amo saíram dos seus lábios e
soaram como a canção mais doce do mundo. Então escuridão,
nada além de escuridão.
Minha cabeça latejava, mas meu peito zumbia contente
com o combustível da magia e me lembrei de estar acordado
naquela caverna, bebendo de Darius e...
“Porra!” Pulei na posição vertical e tudo se inclinou. Seth.
Darcy saltou de joelhos em alarme, olhando para mim em
estado de choque. “Você está bem?” Ela pegou minha mão e
percebi que ela estava tremendo.
“Blue,” gemi, agarrando-a e puxando-a contra mim,
precisando dela como precisava de ar para respirar.
Ela enrolou as pernas em volta de mim, enterrando o rosto
no meu pescoço e agarrando-se a mim como se o mundo fosse
parar de girar se ela não o fizesse. Ela soltou um soluço que
percorreu todo o seu corpo e a sua dor me machucou também.
“Está tudo bem,” a silenciei.
“Lance, você não tem ideia...”
Eu a silenciei com um beijo, procurando sua boca e
puxando-a tão perto que parecia que nossos corações estavam
prestes a colidir através de nossa carne. Deixei minhas
barreiras mágicas caírem, assustando-a com o nosso poder se
fundindo e dançando juntos como se estivessem se
reencontrado depois de estarem perdidos.
“O que aconteceu?” Perguntei pesadamente enquanto ela
se afastava, sem saber se queria saber. “Como cheguei aqui?”
“Darius,” ela disse, encostando sua testa na minha.
Segurei firme em sua cintura, não deixando que ela tivesse
mais espaço entre nós do que isso.
“Ele finalmente apareceu, não é?” Rosnei, minhas presas
se estendendo de raiva. Meus pensamentos ainda eram uma
névoa e o choque do que tinha acontecido era demais para
processar. Mas minha raiva por Darius ter me decepcionado foi
tão forte quanto antes.
“Ele disse que algo aconteceu.” balançando a cabeça,
claramente não sabendo mais do que isso.
“E Tory?”
“Não sei. Esqueci meu Atlas na caverna e o seu está
quebrado.” Ela apontou para o dispositivo na minha mesa de
cabeceira com uma enorme rachadura estilhaçada no centro
dele.
Levantei a mão e enrolei uma mecha de seu cabelo em
torno dela, que estava coberta de sangue.
“Vamos,” falei gentilmente, querendo pegá-la em meus
braços e carregá-la para o banheiro, mas minha força falhou.
“Foda-se,” assobiei quando um tremor atingiu meu corpo.
Estava tonto com a perda de sangue e pisquei para afastar
uma névoa de escuridão que cortava meus olhos.
“Aqui, está tudo bem.” Ela me guiou para fora da cama e
rosnei, odiando parecer fraco na frente dela.
Havia tanto que precisávamos dizer, mas nós dois
estávamos sujos e ensanguentados e eu não suportaria vê-la
assim por mais um segundo, então a deixei juntar algumas
roupas e me conduzir pela casa até o banheiro no outro lado da
sala. Não queria me permitir pensar em Clara ainda, porque
tinha quase certeza de que meu coração iria se partir quando
isso acontecesse.
Fomos direto para o grande chuveiro e minha visão vacilou
por um segundo quando liguei a água. Olhei para suas roupas
e pele ensanguentadas apertando o meu coração no meu peito.
Eu a virei, lavando o sangue de seu cabelo, puxando suas
roupas enquanto me certificava de limpar até a última marca
de sangue. Encontrei hematomas ao longo de sua espinha e
sufoquei o caroço afiado na minha garganta enquanto os
curava.
Isto é minha culpa. Fui eu quem pediu para ela estar lá
ontem à noite. Deveria ter percebido que não era seguro. Que
Clara poderia não ser ela mesma.
A água girou ao nosso redor, ficando vermelha aos nossos
pés, levando a evidência desta noite com ela, mas ela não
conseguiria apagar nenhuma dor duradoura dentro de mim. A
cicatriz em meu estômago provavelmente nunca iria curar
completamente, mas passei uma linha de magia de cura sobre
ela de qualquer maneira, ajudando-a a desaparecer um pouco
mais.
Darcy se virou para mim quando estava limpa, nua e seus
olhos cheios de dor e alívio, as duas emoções tão cruas que
consumiram meu coração. Ela puxou minhas roupas e lavou a
marca duradoura de sangue na minha pele até que não
houvesse nada além de um mar de palavras não ditas pairando
entre nós e a água.
Algo me disse que ela não queria expressá-las, e eu
certamente não estava pronto para enfrentar o impacto desta
noite. Então pressionei suas costas contra a parede e coloquei
beijos nela para afugentar os horrores em seus olhos. Ela
passou as mãos sobre mim como se quisesse ter certeza de que
eu era real e a deixei explorar cada centímetro da minha pele
antes de me perder em seu corpo. As únicas palavras que
passaram por nossos lábios foram eu te amo e elas foram as
únicas que me importava agora.
Ficamos juntos até que o mundo pesasse um pouco menos
e eu pudesse finalmente pensar direito novamente. Então
saímos do chuveiro e coloquei uma calça de moletom e Darcy
pegou uma das minhas camisetas.
Olhei para a janela quando saímos do banheiro,
encontrando o céu começando a ficar pálido, a neve ainda
caindo contra o painel. Algo me disse que quando o sol
nascesse hoje, o mundo seria um lugar muito mais escuro.
Levei Darcy de volta para o meu quarto e ouvi o som de
um movimento um pouco antes de passarmos pela porta.
Darius estava perto da janela, seus braços cruzados e seu
corpo coberto de ouro de correntes a anéis e uma pulseira
grossa.
Olhando para nós com realização em seus olhos. Cerrei
meu queixo. A fúria me cortando em pedaços e nem me
importei que estivesse nos vendo juntos porque foda-se ele.
“Onde você estava?” Rebati e ele abaixou a cabeça.
“Precisamos conversar sozinhos,” disse ele. “Gwen, você
precisa ir e falar com sua irmã.”
“Por quê? Ela está bem? O que você fez com ela?” Darcy
exigiu e fiz uma careta para Darius, tentando descobrir o que
estava acontecendo.
Havia algo diferente no seu olhar, mas não conseguia
descobrir o que era além do ar geral de derrota o sombreando.
Ocorreu-me que algo sério havia acontecido quando senti o
peso disso em meu peito. O vínculo do Guardião ficou um
pouco mais quente, exigindo que o ajudasse e me ressenti
fortemente, porque onde ele estava quando precisei dele?
“Eu não fiz nada,” Darius disse, evitando olha-la. “Ela fez
isso conosco.”
“O que isto quer dizer?” Darcy rosnou, correndo para a
janela.
“Você não pode sair numa tempestade como essa,” falei
alarmado, dando um passo à frente.
Darcy olhou para mim enquanto o Fogo da Fênix girava
em seu olhar. “Ficarei bem.” Ela olhou para Darius. “Se você a
machucou, vou te matar.”
Darius acenou com a cabeça como se nem a tivesse ouvido
e meu coração se apertou quando ela me lançou um olhar de
adeus.
“Você ficará bem?” Ela perguntou e balancei a cabeça com
firmeza.
“Sim. Vá,” insisti, embora a última coisa que quisesse era
me separar dela agora. Mas estava claro que Darius precisava
de mim. Mesmo que eu desejasse arrancar sua cabeça naquele
momento. O vínculo não me dava muita escolha.
Darcy deslizou para fora da janela e Darius a fechou atrás
dela, puxando as cortinas bruscamente.
Virei-me para encará-lo e ele caminhou até a mesa de
cabeceira, ligando a lâmpada e me chamando para mais perto.
“O que está acontecendo?” Perguntei em um tom baixo,
movendo-me em sua direção, meio querendo socá-lo por não
ter aparecido esta noite, mas a expressão em seu rosto segurou
minha mão. Quando cheguei mais perto, percebi que não era
apenas o seu olhar que estava estranho. Havia uma porra de
um anel preto em torno deles.
“Não,” engasguei, agarrando seus ombros enquanto me
movia para bem perto para ter certeza, meu olhar passando
rapidamente entre cada uma de suas írises enquanto
implorava às estrelas que isso não era verdade.
“Nós tivemos nosso Momento Divino,” Darius disse
categoricamente, como se não tivesse energia suficiente para
dizer isso de outra forma.
“Quem?” Murmurei, mas sabia quem era. Ele não
precisava dizer o nome dela, mas me deu assim mesmo.
“Tory,” ele respondeu suspirando. Era primeira vez que o
ouvi chamá-la de qualquer coisa diferente de Roxy. “Ela disse
não, porra, Lance.” Ele disse caindo contra mim e passei meus
braços em volta dele, segurando-o com força enquanto o
mundo parecia desmoronar novamente. A noite anterior mudou
tudo. Pensei que quase morrer tinha sido ruim, mas isso...
“Foda-se... Darius.” O agarrei mais perto, o vínculo entre
nós praticamente lamentando quando sua dor de repente
tomou conta de mim com mais intensidade. Apertei minha
mandíbula contra dele, segurando a parte de trás de sua
cabeça enquanto fazia a única coisa que poderia fazer e fiquei
lá até que ele encontrasse força suficiente para se mover.
“Acabou,” murmurou. “Está tudo acabado.”
Balancei minha cabeça como se pudesse oferecer algo em
negação, mas nenhuma palavra saiu. Meu melhor amigo era
Star Crossed. E ninguém na história do mundo jamais foi
capaz de ir contra as estrelas depois que essa decisão foi
tomada. Mas era uma escolha tão rara de qualquer maneira...
havia apenas um caso famoso que eu conseguia lembrar
claramente onde uma mulher recusou seu Companheiro
Elysian depois de descobrir que ele tinha sido o responsável
pela morte de seu pai. Mas essa escolha fez algum sentido, a de
Tory não. Darius podia tê-la machucado, mas será que ela não
entendia o peso desse tipo de Star Bond? Superaria tudo.
Darius teria passado o resto de sua vida a compensando por
tudo que tinha feito e a teria protegido mais ferozmente do que
a Lua fazia com a Terra. Darius teria dado o mundo para ela.
Será que ela percebia a imensidão do que desistiu? Será
que tinha sido realmente tão teimosa a ponto de escolher uma
vida sem amor? Condenada a lamentar por Darius pelo resto
de seus dias e nunca o ter. As estrelas teriam a missão de
mantê-los separados a partir de agora. Nada sairia do jeito
deles, mesmo que ela se arrependesse da decisão. Era
impossível. Era totalmente cruel. Para ela mesma e para ele.
Darius me empurrou de volta para a cama e caiu ao meu
lado, enrolando seus braços mais apertados em volta da minha
cintura. Nosso vínculo se acendeu como nunca antes, porque
não havia nada que eu pudesse fazer para ajudá-lo. Isso estava
além do meu controle. Mas ainda fui forçado a agir, a fazer algo
para consertar isso, embora não houvesse nada que pudesse
oferecer.
Felizmente, tê-lo tão perto começou a aliviar a dor e o
vínculo zumbiu com necessidade enquanto nos puxava para
mais perto até que minha mão estava atada em seu cabelo.
Levei tudo que eu tinha para não o beijar, ou arrastá-lo para o
chuveiro e acalmá-lo como fiz com Darcy. Era totalmente
confuso.
Foda-se Lionel. Foda-se na porra da sua bunda por tudo
que fez.
“Não diga que vai ficar tudo bem,” Darius rosnou.
“Eu não vou,” suspirei.
“Desculpe-me por não estar lá para ajuda-lo,” disse ele.
“Pelas estrelas, você poderia ter morrido.” Sua mandíbula
áspera roçou contra a minha e gemi, tentando recuar o
suficiente antes que este vínculo assumisse muito controle
sobre mim.
“Está tudo bem, eu não morri.”
“Não está tudo bem. Puta que pariu, Lance. Esta noite
pode ficar pior?”
“Duvido,” murmurei. Sua carne estava escaldante contra a
minha, mas não o deixei ir, mesmo quando a fumaça saiu de
sua boca. Ele precisava de mim tão perto e eu queimaria se
precisasse.
“Desculpe,” ele disse, fechando os olhos enquanto tentava
controlar seu Dragão. “Isso dói pra caralho. O que diabos vou
fazer agora?”
Balancei minha cabeça, desejando ter uma resposta, mas
não obtive nada. Ficamos em silêncio e ele descansou sua testa
no meu ombro enquanto tentava lidar com essa porra de coisa
horrível que tinha acontecido com ele. E amanhã, todos
saberiam. Toda a academia veria os anéis em seus olhos. Isso
mudaria a maneira como as pessoas se comportariam ao seu
redor. Companheiros Elysian não era algo que qualquer Fae
não levasse a sério.
“O que aconteceu com Clara?” Darius perguntou, sua voz
pesada como se tivesse medo de perguntar. “Foi ela quem te
esfaqueou?”
Acenei com a cabeça quando a dor atingiu meu peito. “Ela
se foi... não sei para onde. Não sei se era ela, estou duvidando
de tudo.” Meu coração começou a estilhaçar. Ainda não queria
enfrentar isso, mas sabia que Darius precisava de outra coisa
em que se concentrar. Então o vínculo empurrou as palavras,
embora eu não estivesse pronto para verbalizá-las. “Talvez não
seja ela, apenas uma fantasma das Sombras.”
“Era real o suficiente para machucá-lo,” ele rosnou.
“Merda, e se...” Ele parou e me inclinei para trás para ver
melhor sua expressão.
“O quê?” Pressionei.
“Bem, ela estava ligada ao meu pai da mesma forma que
você está comigo. Se esse vínculo ainda existe, talvez... porra,
talvez tenha ido para ele.”
Minha garganta engrossou com essa ideia. Era uma porra
de um pensamento horrível. Talvez ainda mantinha alguma
lealdade ao pai de Darius em seu coração. Mas se as Sombras
realmente consumiram o que restou da minha irmã, fazia
sentido que ela fosse atraída para aquele caminho escuro.
“Espero que não,” murmurei, me perguntando o que faria
agora. Precisava encontrá-la, mas se ela estava disposta a me
matar, eu não sabia se havia algo para salvar nela. Talvez ela
fosse apenas uma casca cheia de escuridão, seu rosto fosse
apenas uma lembrança e suas palavras fossem apenas doces
mentiras para nos fazer cumprir suas ordens.
Pensei em como Clara machucou Tory nas Sombras e me
xinguei por ser tão imprudente. Por levar Blue tão perto dela.
Foi um milagre que ela a poupou...
Meu coração finalmente se partiu, abrindo a ferida que
quase cicatrizou durante o tempo em que pensei que poderia
salvar minha irmã. A perda que havia me quebrado totalmente
e agora voltava para me assombrar na carne.
“Beba de mim,” Darius exigiu, mas balancei minha cabeça.
“Por favor, é o mínimo que posso fazer.” Inclinando a cabeça
para um lado, colocando a mão em punho no meu cabelo
enquanto me arrastava para mais perto. Meu nariz roçou seu
pescoço e a batida de seu pulso me chamou como o canto de
uma Sereia.
“Não quero te causar mais dor,” falei entre os dentes,
tentando me afastar, apesar da fome esculpindo minhas
entranhas.
“Você não vai.” Ele me forçou a chegar mais perto e
sucumbi ao desejo, colocando minhas presas em sua garganta
e sentindo o calor inebriante de seu sangue.
Eu gemi, segurando-o ainda enquanto engolia goles de seu
poder. O vínculo se intensificou, mas me concentrei em Blue,
forçando todos os pensamentos traiçoeiros da minha cabeça
sobre Darius. Nunca quebraria nossos votos por causa da
magia distorcida de Lionel.
Finalmente encontrei forças para me afastar e caí de
costas, colocando alguma distância entre nós. Darius rolou de
costas ao meu lado também e nós olhamos para o teto em
silêncio.
“Quando te vi naquela caverna, pensei...” Darius
pigarreou. “Pensei que estava prestes a perdê-lo também.”
Comentou pegando a minha mão e automaticamente entrelacei
meus dedos com os dele. “Estaria perdido sem você. Sinto
muito por tudo. Pelo que meu pai fez, por Clara.”
Engoli o caroço irregular rasgando minha garganta,
apertando sua mão. “Também sinto muito, Darius.”
Ele soltou um suspiro pesado e percebi que agora era a
hora de dizer tudo. Porque meu sofrimento com a morte
colocou muitas coisas em perspectiva para mim.
“Estou apaixonado por Darcy Vega,” afirmei, sem olha-lo.
“E ela me ama também.”
“Eu sei,” Darius respondeu em voz baixa. “Soube no
segundo em que a vi naquela caverna chorando por você, e tive
certeza no momento em que vi você entrando nesta sala com
ela.”
Não conseguia avaliar como ele se sentia sobre isso, sua
mandíbula travada e seus olhos ainda fixos no teto. Meu
coração batia forte enquanto esperava para ver se diria mais
alguma coisa.
“Tentei te contar no dia em que você e Tory ficaram, mas
então...” fiz uma careta, meu estômago se contorcendo com a
forma como discutimos sobre as Vega. Como isso parecia
estúpido agora.
“Você pensou que eu te odiaria por isso por causa do que
eu disse sobre elas,” ele adivinhou em um tom quebrado.
Não respondi, porque ainda havia essa possibilidade.
Mesmo depois do que aconteceu, não sabia como isso poderia
mudar sua visão sobre elas. Talvez as odiasse mais. Mas, quer
ele odiasse ou não, eu estava cansado de fingir. E lidaria com
qualquer coisa que Darius decidisse reagir a isso. Por Blue.
O silêncio se estendeu entre nós e Darius soltou minha
mão. Meu coração apertou, enlouquecendo enquanto esperava
por sua fúria. Ele se sentou, me olhando. “Nunca a deixe ir,
Lance. Você fodidamente luta por ela até seu último suspiro,
está me ouvindo?”
Mudei-me para sentar e bati minha testa contra a dele
com um grande suspiro de alívio. “Obrigado.”
Ele me deu um tapinha no ombro. “Você tem mais
segredos obscuros e profundos que queira compartilhar,
irmão? Está quase amanhecendo e podemos muito bem
começar o dia sem mais nenhuma mentira entre nós.”
“Tenho apenas mais um,” falei com uma carranca
apertando minha sobrancelha. “Seth descobriu sobre nós na
festa do Halloween. Esteve nos ameaçando a contar tudo para
Nova, obrigando Darcy a fazer tudo o que ele quisesse com a
intenção de atormentá-la.”
Um rosnado perigoso deslizou da garganta de Darius. “Ele
não irá mais incomodar vocês.”
Baixei a cabeça enquanto o alívio corria por mim e
afrouxou o nó em torno do meu coração. Mas com um lampejo
de esperança para mim e Blue, veio uma vida de miséria para o
meu amigo e sua irmã.
“Darius,” falei sério, fixando-o no meu olhar. “Juro por
tudo que sou, se houver uma maneira de mudar o seu destino,
vou encontrá-lo.”
Sua boca se contraiu, mas pude ver que minhas palavras
não lhe deram nenhuma esperança. Então o puxei de volta em
meus braços e o segurei até que os pássaros cantassem o
amanhecer e o sol se arrastasse no céu como se pesasse mil
toneladas.
Eu estava voando livre sobre as nuvens, subindo, girando,
correndo sob o sol brilhante. Então algo escuro abriu caminho
pela minha visão e as nuvens foram consumidas por uma
sombra pesada.
Um relincho escapou de mim e estremeci quando as
Sombras se aproximaram, enrolando-se em torno de mim até que
não podia ver mais nada.

Acordei com um solavanco e estremeci quando o ar frio do


meu quarto me envolveu. Puxei minhas cobertas mais para o
meu queixo com um suspiro. O sangue dos meus pais corria
quente por causa da Ordem deles e Lionel se recusava a me dar
a cortesia de aquecimento. Quando meu pai estava viajando a
negócios, eu podia garantir que a casa estivesse mais quente,
mas infelizmente ele estava em casa.
A véspera de Ano Novo foi tão divertida quanto assistir a
um jogo de Pitball sem bolas. Meus pais participaram de um
baile de gala em Tucana enquanto fui deixado aqui para
assistir em silêncio os segundos se esgotarem para outro ano
no inferno. A única coisa boa veio na forma de uma mensagem
de Sofia. Peguei meu telefone debaixo do travesseiro para lê-lo
novamente, um sorriso puxando o canto da minha boca.

Sofia: Feliz Ano Novo, Phillip! Espero que todos os seus


sonhos se realizem x
Eu espero também. Porque um deles é te conhecer.
Estava claro além da minha janela e o relógio na minha
mesa de cabeceira dizia que era de manhã cedo. Não me
preocupei em definir um alarme na maioria dos dias, acordar
para quê?
Mamãe me deu um novo Xbox de Natal, então pelo menos
poderia escapar deste quarto de alguma maneira. Mas eu
estava cansado de jogar. Desde que eu havia mudado para
minha forma de Ordem no Palácio Vega e brincado com todos
na neve ansiava por ir além do terreno da Mansão. Queria
correr e voar alto através das nuvens. Não era justo.
Deslizei para fora da cama, movendo-me para a janela e
puxando as cortinas. A neve cobriu o mundo, o céu cinza ainda
liberando flocos brancos e fofos que giravam preguiçosamente
em direção ao solo.
Uma figura escura chamou minha atenção do outro lado
do gramado coberto de neve e parei. Semicerrei os olhos para
tentar ver melhor, mas ela estava encapuzada, parada na beira
do lago congelado à distância.
Olhei por cima do ombro, imaginando que deveria alertar
meu pai, mas quando olhei para trás, a figura havia sumido.
Meu coração deu um salto no meu peito enquanto procurava
por ela. Um caminho foi marcado na neve até a casa, vários
andares abaixo de mim.
Um arrepio agarrou minha espinha.
Algo não estava certo.
“Pai!” Gritei.
Uma mão ensanguentada bateu contra a janela e
engasguei em alarme, pulando para trás enquanto meu
coração batia irregularmente. Uma garota subiu com as garras
no parapeito da minha janela, seu corpo envolto em Sombras
vivas que giravam em torno dela como uma capa. Seu capuz
afastou-se de seu rosto para revelar mais pura escuridão em
seus olhos. Sua boca e mandíbula estavam manchadas de
sangue e um sorriso cruel repousava em seus lábios. Vampiro.
“Pai!” Corri para a porta e o som da janela se abrindo me
alcançou.
Um borrão de escuridão passou por mim e a garota
agarrou meu braço, me girando e me jogando contra a porta
com uma força incrível. Seus olhos cintilaram com um brilho
maníaco enquanto ela se pressionava contra mim. Ela era mais
baixa do que eu, mas isso não significava muito em Solaria
quando um Fae nem tinha sido Desperto.
“Xavier!” Suas bochechas se abriram em um sorriso e ela
jogou os braços em volta do meu pescoço, me abraçando com
força. “Você cresceu e está tão alto que pensei que fosse seu
irmão.”
“Quem é você?” Exigi, alcançando a maçaneta da porta
atrás de mim com dedos trêmulos. Não queria ter medo, mas
puta merda, essa mulher parecia um monstro recém-saído de
Resident Evil.
“Eu sou a princesa,” ela anunciou, abaixando a cabeça
para pressionar o ouvido no meu peito. “E você é o filho do rei,”
ela falou sob sua respiração. “Há tanto poder em você, pode
sentir?”
“Sentir o quê?” Perguntei nervosamente. Minha mão
estava enrolada na maçaneta da porta, mas ela abria para
dentro, caramba.
“As Sombras,” ela ronronou e a capa ao redor dela se
moveu em resposta, mudando em uma brisa invisível. Ela
subiu dois dedos no meu peito e a escuridão girou em torno
das pontas, puxando algo dentro de mim. Enquanto ela os
levava até o meu pescoço, as Sombras dentro de mim seguiram
como um ímã, puxando-me para o seu doce abraço.
Esqueci meu pânico enquanto a escuridão ronronava
dentro de mim, seguindo os dedos da garota até onde parou na
minha têmpora. Elas se enrolaram em torno da minha visão e o
poder vibrou através de mim com cada pulsação do meu
coração.
“Pronto,” ela falou sob sua respiração. “Não tem que
escondê-las. As Sombras querem ser liberadas.”
“Quem é você?” Perguntei de novo. “Qual o seu nome?”
“Não se lembra de mim, bobo?” Ela deu um passo para
trás, inclinando a cabeça para o lado. Ela enxugou o sangue
em volta da boca e meu olhar percorreu o seu rosto. Meus
lábios se separaram quando de repente reconheci seu nariz de
duende e as sardas em suas bochechas. Mas era impossível.
Darius me contou o que aconteceu com a irmã de Lance. Como
ela poderia estar aqui agora?
“Clara?” Engasguei e ela balançou a cabeça intensamente,
parecendo à beira das lágrimas.
“Você lembra de mim!” Ela correu de volta para os meus
braços e percebi que deveria ter aproveitado a oportunidade
para fugir, mas as Sombras estavam me mantendo calmo.
Ela se agarrou a mim com a força de sua forma de Ordem
e sufoquei quando ela começou a soluçar. “Oh Xavier, ele se foi.
Foi, foi, foi.”
“Quem se foi?” Resmunguei.
“Meu irmãozinho,” ela fungou, se recompondo novamente
em um instante, enxugou as lágrimas e suspirou. “Ele teve que
morrer e não tem sido um bom irmão de jeito nenhum.”
“Espere, você quer dizer Lance?” Exigi, meu pânico
ressurgindo, arranhando seu caminho para fora das Sombras
que estavam deslizando ao redor do meu coração.
Ela assentiu com um beicinho e passou por mim até a
maçaneta da porta. “Sangue por sangue por sangue.” Ela deu
de ombros, me empurrando para o lado com tanta força que
quase caí quando ela abriu a porta. “Leve-me até ele. Onde está
meu rei?”
Clara puxou as Sombras dentro de mim, me movendo para
o corredor para segui-la. Respirei lentamente. A escuridão
estava se alimentando da minha dor e eu sentia que estava à
beira de um abismo esperando para cair.
Lance se foi. Ela o matou.
“Xavier!” Clara disse com firmeza. “Leve-me ao seu pai.”
Um fio das Sombras saiu dela e se enrolaram em volta da
minha cintura e puxando-me para o seu lado.
“O que aconteceu com você?” Perguntei, minha voz muito
tensa.
As Sombras estavam me prometendo alívio da dor, mas
resisti a elas o máximo que pude, não querendo me perder
muito profundamente. Concentrei-me em Darius, deixando
meu amor por ele ancorar quem eu era. Meu coração apertou
com o pensamento do meu irmão perder o seu melhor amigo e
a dor me cortou um pouco mais forte.
“Eu estava perdida na escuridão.” Clara se virou para mim
enquanto caminhávamos pelo corredor em direção ao escritório
do meu pai.
Lágrimas nadaram em seus olhos e por um momento ela
se parecia com a garota que conheci enquanto crescia.
Brincávamos nos jardins junto com Lance e Darius, tínhamos
acampado na floresta e nadado juntos no lago. Ela era tão
familiar e, ainda assim, havia algo muito estranho nela
também. Como se as Sombras tivessem reivindicado um
pedaço dela para si, e essa parte se transformou em uma
estranha violenta.
Se ela realmente machucou seu irmão... o matou... então
essa não era a garota que eu conhecia e amava.
Chegamos ao escritório do meu pai e o medo se torceu
dentro de mim com a ideia de perturbá-lo aqui. Mesmo para
algo que alteraria o mundo como isso. Foi uma reação
instintiva. Porque perturbá-lo no trabalho significava enfrentar
a fúria de seus punhos. Mas não achei que enfrentaria dessa
vez.
Bati na porta e Clara agarrou a maçaneta.
“Espere...” Engasguei um segundo antes que ela abrisse.
Meu pai ergueu os olhos da mesa com um sorriso de
escárnio, mas o sorriso sumiu no segundo em que viu Clara,
sua expressão mudando para alarme.
“Meu rei!” Ela correu para frente, saltando sobre a mesa e
pousando em seu colo.
Minha boca se abriu quando meu pai se ergueu, jogando-a
contra sua mesa pela garganta com um rugido. Sua outra mão
estava levantada, cheia de chamas e seus olhos brilhavam
verdes como sua forma de Ordem. “Quem diabos você pensa
que é?!”
Clara sorria como se ele não a estivesse machucando,
agarrando-se a seu braço como se estivessem compartilhando
um abraço amoroso. “Sou eu,” murmurou. “Clara. Sua
Guardiã.”
Sombras giraram em torno de seu braço, forçando-o a
soltá-la e seu rosto mudou em reconhecimento. Ele puxou o
braço como se ela o tivesse queimado, em seguida, enrolou a
manga direita com tanta força que a rasgou. Avistei a marca do
signo de Câncer e Clara ergueu o braço, mostrando uma
também que combinava com o signo do meu pai, Áries.
Recuei da porta com uma carranca em meu rosto. Clara
tinha sido Guardiã ligado ao meu pai? Desde quando?
“Pelas estrelas,” meu pai ofegou, observando as Sombras
que cercavam a garota deitada em sua mesa.
Ela estendeu a mão para ele com as mãos ensanguentadas
e ele a puxou para ficar de pé, parecendo ter esquecido que eu
estava aqui. Lionel estendeu a mão para tirar uma mecha de
cabelo de seu rosto, em seguida, beliscou seu queixo com força
para estudar suas feições. “Você esteve nas Sombras todo esse
tempo?”
Assentindo com a cabeça, ela o olhou sob seus cílios.
“Sempre senti você, sofrendo porque não pude te encontrar.
Não me sentiu também?”
Meu pai pressionou um dedo na marca em seu braço.
“Não. Mas eu sinto você agora.”
Ele a admirou quase com ternura e apertei minha
mandíbula, sem saber o que estava testemunhando aqui. Sabia
que Darius e Lance sentiam uma estranha conexão um com o
outro por causa do vínculo, mas não sabia exatamente como
era. Ao pensar em Lance, as Sombras se ergueram novamente,
enchendo meu peito e sugando minha dor.
“Ela matou Lance,” forcei as palavras e meu pai enrijeceu,
seus olhos estalando para mim.
“O quê?” Ele rosnou ferozmente e Clara recuou.
“Meu irmão não veio me salvar,” disse Clara na defensiva.
“Ele me abandonou.”
Lionel agarrou o pulso dela, mostrando os dentes. “Diga-
me que isso não é verdade!”
Ela reclamou do seu aperto firme, convocando as Sombras
que envolveram seu braço, forçando-o a se afastar dela. Meu
pai engoliu em seco, seus olhos piscando de preocupação
enquanto a olhava. Clara estava incrivelmente poderosa. Uma
ameaça. E pude ver sua mente pensando no que fazer a
respeito.
“Eu precisava de sangue,” Clara sibilou, pura escuridão
derramando dela. Ela apontou um dedo para o peito do meu
pai e um rosnado retumbou em sua garganta. “Não se atreva a
me repreender. Você pode ser o meu rei, mas eu sou a Princesa
das Sombras!”
Puta merda.
Meu pai controlou sua expressão, estendendo a mão para
pegar a mão dela. “Perdoe-me, Princesa,” disse ele em um
ronronar suave e meu queixo quase bateu no chão. Nunca o
tinha ouvido falar manso com ninguém. Educadamente, talvez,
mas manso? Sem chance.
“Você deve querer tomar um banho?” Ele sugeriu. “Posso
mandar trazer algumas roupas nova, gostaria?”
“Sim,” Clara disse agudamente. “Isso é exatamente o que
preciso depois do dia que tive.”
Lionel a conduziu em direção à porta, seu olhar caindo
sobre mim novamente enquanto se aproximava. “Ligue para o
seu irmão,” murmurou. “Descubra tudo o que ele sabe sobre
isso.”
Balancei a cabeça, tentando acalmar meu coração
acelerado enquanto ele a guiava pelo corredor e ela começou a
cantarolar para si mesma, acariciando seu braço enquanto
caminhavam.
“Sempre irei protegê-lo,” ela cantou para ele.
Quanto mais ela se afastava de mim, mais eu tinha as
Sombras sob o meu controle. Desejei que elas se afastassem e
no momento em que elas afundaram mais profundamente nos
recessos do meu corpo, a dor desabou sobre mim. Me encostei
contra a porta para me equilibrar, meu peito apertando com o
pensamento da morte de Lance. Ele tinha sido mais do que um
bom amigo para mim e meu irmão, ele era família.
Obriguei-me a me mover, voltando para o meu quarto e
fechando a porta. Respirei trêmulo e caminhei para a minha
cama, pegando meu telefone e ligando para Darius. Tive que
ligar para ele três vezes antes que ele atendesse e quando
atendeu, foi com um grunhido.
“Darius?” Suspirei. “O que aconteceu? Lance está
realmente morto?”
“O quê?” Darius rosnou. “Quem te disse isso?”
Minha boca abriu e fechou por um segundo porque eu
sabia que isso ia soar louco. “Clara Orion está aqui,” sussurrei
como se as paredes estivessem se inclinando para ouvir.
“Porra, temia que ela fosse para o pai,” ele sibilou.
“O que diabos está acontecendo?” Implorei.
“Ela quase matou Lance quando ele a trouxe de volta do
Reino das Sombras,” Darius explicou.
“Quase?” Agarrei-me a esse raio de esperança com todo o
meu coração.
“Ele está bem,” Darius disse, um peso em seu tom. “Mas
foi difícil.”
“Pelas estrelas, Darius, o que diabos está acontecendo?”
Ele começou a explicar sobre como planejaram trazê-la de
volta, como ela tinha formado alguma conexão com as gêmeas
Vega depois que meu pai as mandou para as Sombras. Minha
mente girava enquanto tentava processar essa insanidade.
“Xavier... isso não é tudo o que aconteceu noite passada,”
Darius disse densamente e algo em seu tom fez meu sangue
gelar.
“Tem mais?” Perguntei, temendo o que ouviria.
Suspirando profundamente, respondeu. “Roxy Vega e eu
tivemos nosso Momento Divino.”
Congelei, segurando o telefone com força contra o ouvido
enquanto a esperança florescia dentro de mim. Este foi um raio
de sol em milhas e milhas de escuridão. Era um pedaço de
felicidade que meu irmão poderia reivindicar para si. Ninguém
poderia refutá-lo, nem mesmo o pai.
“Ela se recusou a ser minha companheira,” Darius falou e
meu coração se partiu em mil cacos dentados. “Somos Star
Crossed.”
“Não,” exigi, malditamente recusei. Isso não estava certo.
“Sim,” Darius disse baixinho e praticamente pude ouvir
seu coração se partindo.
“Deve haver alguma maneira...”
“Não tem como,” ele disse sem rodeios.
“Darius.”
“Xavier... Vou voltar para casa em breve. Podemos
conversar então.”
“Claro,” engasguei. “Sinto muito, Darius.”
A linha ficou muda e eu caí no chão, abraçando meus
joelhos contra o peito. As Sombras estavam perto, roendo as
bordas das minhas emoções, implorando que eu as deixasse
levar a minha angústia. Mas vivi minha vida inteira sob um
teto onde havia sido espancado e rejeitado por eu ser quem era.
Sabia como proteger meu verdadeiro eu do meu pai. E se era
capaz de esconder isso dele, seria fácil manter longe das
Sombras. Mas era uma pena ser eu agora, doía como o inferno.
Abaixei meu Atlas no meu colo enquanto me empoleirava na beira
da cama de Lance, a dor no coração do meu irmão ecoando em meus
ouvidos. E isso não era nem mesmo o fim de tudo. Enfrentaria as mesmas
perguntas, o mesmo desespero, a mesma pena de cada pessoa que
encontrasse até que todos soubessem. Nesse ponto, imaginei que a pena
simplesmente desapareceria, mas nunca iria realmente embora. Pobre
Darius Acrux, ansiava tanto por poder que destruiu a única coisa boa que
lhe foi oferecida.
Soltei uma respiração profunda e me virei para olhar para
Lance. Sua testa estava franzida de dor enquanto ele dormia e
eu só podia imaginar que estava revivendo os horrores da noite
passada. Ele finalmente resgatando sua irmã das Sombras
apenas para vê-la se virar contra ele e tentar matá-lo...
A minha raiva queimou com o pensamento disso. Poderia
não ter sobrado muito para mim neste mundo miserável, mas
eu o tinha. E me recusaria a deixá-lo. Mesmo que consertar
isso me custasse ele também.
Eu me levantei, deixei cair minha calça de moletom e
dobrei-a ao redor do meu Atlas enquanto caminhava pela sala e
escorregava para fora da janela.
Circulei sua casa e fui para o quintal, onde teria espaço
para me trocar.
“Bem, olá garotão!” Washer arrulhou e olhei em volta para
encontrá-lo espiando pela janela do bangalô ao lado da casa de
Orion com as sobrancelhas balançando. Ele estava com sua
bunda pelada com seu pau pressionado contra o vidro, mas
como eu também tinha meu próprio lixo em exibição, estava
supondo que não poderia dizer nada sobre isso.
“Precisava ver meu Guardião,” rosnei para ele. Olhando
por cima do meu ombro enquanto o observava, recusando-me a
virar e lhe dar um show completo.
“Impertinente, impertinente,” ele repreendeu, balançando
um dedo para mim enquanto balançava seus quadris e o vidro
rangeu quando seu pau se esfregou nele. “Que bom que não
posso sentir nenhum desejo em você ou teríamos que contar
histórias.”
Grunhi e desviei o olhar dele enquanto deixava cair minha
calça de moletom e Atlas no chão. Pervertido do caralho.
“Na verdade... tudo o que estou obtendo de você é a mais
forte sensação de... desespero...”
Cerrei meus dentes e bati meus escudos mentais com
força.
“Sugiro que fique fora da porra da minha cabeça se quiser
manter seu trabalho, seu saco de bolas assado pelo sol,” rosnei
enquanto olhava em volta para encará-lo novamente.
“Meu menino!” Washer engasgou, seu foco se fixando em
meus olhos e o horror enchendo seu olhar. Meu coração deu
um pulo, afundou e se desfez em algo muito menos substancial
do que poeira. “Seus olhos! Você...”
Mudei rápido, o fogo rasgando meus membros enquanto
meus ossos se expandiam e minha pele se esticava para
acomodar minha forma de Dragão. Quatro pés com garras
bateram no chão e o rosnado que irrompeu de mim foi o
suficiente para calar a porra da boca dele.
Peguei minha calça de moletom e Atlas entre os dentes e
saí voando o mais rápido que pude.
Fugir dos meus problemas nunca tinha me ajudado muito
antes, mas eu não precisava lidar com essa merda. O que
aconteceu entre mim e Roxy era... nosso. Não importava que
fosse fodido, em carne viva e sangrando, ainda era nosso.
Tínhamos sido marcados por dentro e por fora e não importava
o quanto eu desejasse que tivesse sido diferente, não mudava
nada.
Corri pelo céu, o fogo explodindo de minhas mandíbulas
enquanto tentava queimar um pouco da agonia em mim, mas
só queimou mais ferozmente.
Voei para a Casa Ignis, mudando no último segundo
enquanto disparava em direção à minha janela aberta e corri
vários passos em minha forma Fae antes de parar no centro do
meu quarto. Minha calça de moletom e Atlas caíram no tapete
aos meus pés e respirei fundo enquanto tentava acalmar a
raiva em mim. A mágoa.
Meu olhar fixou-se na minha cama e não pude deixar de
lembrar como foi a sensação de segurar Roxy em meus braços
a noite toda. Como fui tão cego? Eu senti isso. Sabia que
existia aquela atração por ela desde o momento em que
coloquei meus olhos nela pela primeira vez, quando ela entrou
no Orb após o seu Despertar. Deveria ter se encaixado para
mim naquele momento. Ela estava de pé ao lado de sua irmã
gêmea, as duas como imagens no espelho e, ainda assim, todo
o meu foco estava nela. Eu me sentia faminto por ela desde
aquele primeiro segundo, a estudando em cada momento em
silêncio desde então. Ela provavelmente não tinha ideia de
quantas vezes me sentei olhando-a através do Orb ou em
nossas aulas Elementais. Como toda vez que ela entrava em
uma sala, minha pele arrepiava e queimava com a necessidade
de ir até ela. E como uma porra de idiota, canalizei todos esses
desejos e ânsias exatamente para o que meu pai queria que eu
fizesse. Machucando-a, atacando-a e tentando destruí-la. Tudo
em mim me levou a ela por amor, mas deixei o veneno do meu
pai transformar toda a minha admiração em ódio. Para quê?
Poder.
Qual era o sentido de ser poderoso se eu estivesse
solitário? Não me manteria aquecido à noite. Não me daria
absolutamente nada que eu realmente quisesse. Em toda a
minha vida me senti sozinho de muitas maneiras. E ela
também. Mas, em vez de ficarmos juntos, nós apenas nos
separamos até...
Expulsei uma respiração áspera e desviei minha mente de
Roxy Vega e de tudo que ela poderia ter sido.
Não havia sentido em me torturar. Sem dúvida, as estrelas
cuidariam disso o suficiente, sem que eu precisasse pensar
nisso sozinho.
E eu podia não ter mais nada para viver para mim. Mas
estava tudo bem. Havia outras coisas às quais poderia me
dedicar agora. Como certificar-se de que Clara Orion voltasse
para o inferno que ela acabara de sair e nunca mais
retornasse.
As Sombras lamberam profundamente sob minha pele e as
abracei enquanto elas se enrolavam entre meus dedos, girando
para cima e ao redor dos meus braços e beijando minha carne
enquanto queimavam com a dor em meu coração. Elas
entendiam o verdadeiro encanto do poder. E aquela sede que
sempre tive foi fácil o suficiente para agarrar enquanto as
deixava se banquetearem na escuridão que habitava em mim.
Às vezes, eu temia ser muito parecido com meu pai. Em
momentos como este, saboreava essa corrupção em mim.
As Sombras se formaram sob minha pele até que meu
coração parou de disparar. Não parou de doer, não
inteiramente. Duvidava que houvesse escuridão suficiente em
todo o Reino das Sombras para sufocar aquela dor, mas foi o
suficiente para me concentrar.
Atravessei o quarto e tirei uma calça jeans e uma regata
preta da gaveta, me vestindo rapidamente e calçando um par
de botas também.
O baú ao pé da minha cama estava aberto e me movi para
ele, empurrando minhas mãos nos montes de moedas de ouro
e joias, apreciando o pulso bruxuleante da minha magia se
reabastecendo enquanto procurava a escuridão escondida com
as joias.
Levou apenas um momento para travar aquele sentimento
de energia bruta que acompanhava minha adaga drenante e
puxei-a do centro do tesouro com um suspiro de êxtase quando
a magia negra me chamou.
Trabalhei para esconder a lâmina com minha magia,
amarrando-a no meu quadril e despejando cada gota de talento
que tinha para escondê-la de vista. Coloquei ilusões e feitiços
de ocultação para fazer qualquer um que a olhasse desviar o
olhar novamente. Assim que tive certeza de que estava bem
escondida, me movi para pegar uma bolsa com poeira estelar
na minha gaveta de cima da estante e respirei fundo para me
acalmar.
Era mais do que tentador me revestir com joias de ouro
novamente. Depois de deixar Lance se alimentar de mim e
passar apenas algumas horas reabastecendo, eu estava ficando
sem magia mais uma vez, mas deveria ter o suficiente para o
que precisava fazer. Não ia ser bonito. Seria rápido, brutal e
necessário. Clara Orion não era a garota que ela tinha sido.
Estava mais certo disso do que de qualquer outra coisa agora.
Ela nunca teria tentado matar Lance antes. Quem quer que
estivesse usando sua pele agora, não era ela. Eles arrastaram
algum tipo de monstro de volta para fora do Reino das Sombras
e eu felizmente arriscaria minha vida para removê-la das garras
do meu pai.
Eu só esperava que Lance fosse capaz de me perdoar por
isso, uma vez que terminasse.
Respirei fundo e joguei a poeira estelar sobre minha
cabeça, pensando em casa. Não que a Mansão Acrux alguma
vez tenha se sido um lar para mim. Mas era o lugar onde
cresci, então, apesar da nuvem de pavor e medo que se
agarrava às suas paredes imponentes, imaginei que fosse
realmente o meu lar.
Meu quarto na Zodiac Academy sumiu de existência e as
estrelas brilharam ao meu redor enquanto me varriam. Por um
momento, eu poderia jurar que as ouvi sussurrando,
zombando, conspirando, mas então minhas botas afundaram
na neve ao pé da estrada da Mansão Acrux e elas sumiram de
vista novamente. Achei que não ficaria surpreso se elas
estivessem conspirando contra mim agora. Elas me
apresentaram o melhor presente que podiam oferecer e me
sabotei tão completamente que Roxy recusou. Fui amaldiçoado
em vez disso.
Virei meu olhar para a casa onde todos os meus pesadelos
viviam e caminhei pela longa estrada com meu maxilar cerrado.
Os guardas de segurança me viram e ofereceram acenos
respeitosos enquanto eu me dirigia para a enorme entrada com
a porta grande o suficiente para admitir um Dragão.
Sem dúvida, eles já haviam enviado uma mensagem para
informar Jenkins da minha chegada e, assim que cheguei à
porta menor logo depois da monstruosidade do tamanho de um
Dragão, ele a abriu.
“Mestre Darius,” ele ronronou, a cabeça baixa. “Que prazer
inesperado.”
“Preciso falar com o papai,” falei, sem me preocupar com
conversa fiada.
Jenkins era o homem do meu pai por completo, ele era
responsável por mais de uma vez eu levar surras enquanto
crescia, sempre me denunciando se fizesse a menor das
infrações. E ele sabia exatamente ao que estava me
condenando ao relatar os meus atos para o meu pai. Também
tinha visto minha mãe me remendando várias vezes. Nunca
disse uma palavra, apenas franziu os lábios e limpou o sangue
do piso de madeira como se o tivesse ofendido sangrar neles.
Definitivamente, não havia amor perdido entre mim e o
mordomo da família, embora ele continuasse a sorrir
afetadamente e se curvar aos meus pés como se adorasse o
chão em que eu pisava.
“Claro. Você gostaria de ficar confortável na sala de
fumantes e verei quando ele pode atendê-lo...” Jenkins ergueu
os olhos de seu arco e encontrou meu olhar enquanto falava,
sua boca se abriu em choque quando viu os anéis pretos
cercando minhas írises.
Antes que tivesse que suportar a pergunta inevitável,
Xavier apareceu no topo da escadaria extensa diante de mim,
sua mão segurando o corrimão de ouro com tanta força que os
nós dos dedos brilharam na pele branca.
“Eu não queria acreditar,” ele falou sob sua respiração,
suas feições pintadas em desgosto que me cortou.
Abri minha boca, mas nada deixou meus lábios e um
momento depois Xavier chegou ao pé da escada e jogou seus
braços em volta de mim quando um soluço sufocado escapou
dele. Seu abraço foi doloroso e, por um momento, tudo que
pude fazer foi fechar os olhos e aceitar o pequeno conforto de
estar nos braços de meu irmão.
“Eu não entendo,” ele sussurrou enquanto se afastava
para olhar para mim. Embora ele não precisasse inclinar a
cabeça tanto quanto antes. Apesar da negligência do meu pai,
Xavier estava crescendo e se tornando um homem e mesmo
que ele não tivesse um Dragão espreitando sob sua carne,
ainda havia uma força em seu olhar que falava de sua
resistência. Você não sobrevive nesta casa sem deixar crescer
uma pele grossa e aprender como canalizar a dor em força. “Por
que ela diria não? Ela te amava, podia ver em seus olhos, podia
sentir isso entre vocês, eu...”
“Chega,” rosnei enquanto meu coração palpitava e
estilhaçava. “O que quer que pense que viu, não foi isso. Ela
pode ter se sentido atraída por mim, mas ela me viu
claramente. Ela travou os olhos com o demônio espreitando
dentro da minha alma e sabia que estaria melhor longe de mim
do que presa a ele.”
“Darius!” Xavier engasgou. “Não diga isso! Não pode
acreditar seriamente que ela está melhor sem v...”
“A que devemos esta visita inesperada?” A voz fria de meu
pai nos separou e Xavier me soltou quando saltou para o lado.
Suavidade não era tolerada nesta casa. Nossa própria mãe
havia parado de nos abraçar há muito tempo, e demonstrações
abertas de afeto entre nós dois resultariam em punições mais
tarde.
Respirei fundo quando me virei para olhar para as
escadas. Jenkins se foi claramente fugindo para ir dizer a meu
pai que eu estava aqui e mamãe também tinha aparecido.
Recusando-me a hesitar, levantei meu queixo enquanto
olhava para os dois enquanto paravam no topo da escada.
Olhei diretamente nos olhos da minha mãe e um grito
estrangulado escapou dela quando ela viu os anéis negros ao
redor dos meus olhos.
Ela saltou do último degrau e correu para mim quando
minhas sobrancelhas se ergueram de surpresa.
“Como isso aconteceu?!” Ela chorou me alcançando, suas
mãos agarraram meu rosto enquanto forçava meu olhar para o
dela e as lágrimas nadavam em seus profundos olhos
castanhos.
Minha mãe era uma mulher bonita, mas já fazia muito
tempo que eu não via nada que beirasse a emoção verdadeira
dela. Ela era como uma boneca bonita que caminhava, falava e
se pendurava no braço do meu pai enquanto piscava para as
pessoas que ele queria impressionar. Já ouvi boatos que ele às
vezes a inclinava para seus amigos para garantir acordos
políticos, deixando-os ter uma noite com ela em troca de apoio
à sua agenda no Conselho. Não queria acreditar, mas havia
uma parte fria e cínica de mim que tinha quase certeza de que
era verdade. E era impossível para mim dizer o que ela sentia
sobre isso. Ou se ela sentia qualquer coisa sobre qualquer
coisa na maioria das vezes.
Mas agora, ela estava olhando para mim como se seu
coração estivesse se partindo. Como se essa coisa que
aconteceu comigo pudesse muito bem ter acontecido com ela.
“Quem era?” Meu pai perguntou e meu olhar se voltou
para ele enquanto seus olhos se iluminavam com sede de
resposta. Seu coração claramente não estava partido. Na
verdade, duvidava que ele tivesse um.
Deixei as Sombras soltas sob minha pele enquanto as
usava para afogar um pouco da minha dor, trabalhando para
escondê-la dele enquanto me afastava de minha mãe para
responde-lo.
“Roxanya Vega,” rosnei, seu nome colando na minha
língua como uma pílula amarga demais para engolir.
Os lábios de meu pai se curvaram em um sorriso cruel,
seus olhos brilhando de triunfo que não consegui entender.
“Parece que ela pode receber bem ordens, afinal,” ele
ronronou.
“O que isso significa?” Exigi, minha mão enrolando em um
punho enquanto meu Dragão se mexia sob minha pele e subia
as escadas em direção a ele.
“Somente reparei a maneira como a observou no Natal,”
ele respondeu com um encolher de ombros. “E a avisei que
vocês dois não eram um bom par. Parece que ela concordou
comigo nisso.”
“Você a coagiu a fazer isso comigo?” Perguntei em um tom
baixo quando uma verdade feia mudou em seu olhar e meu
coração saltou com essa possibilidade. Não mudaria o que
aconteceu, mas se soubesse que ela realmente não queria dizer
não para mim, isso era algo... embora quanto mais considerava
isso, sabia que realmente não era verdade. Ela tinha falado
claramente quando arrancou meu coração do peito. Sabia
exatamente o que estava escolhendo e por quê. E eu também
sabia. Ganhei esse destino dela. Falhei muitas vezes para
sequer sonhar com qualquer outra coisa.
“Não seja absurdo,” respondeu o pai. “Por que diabos eu
iria querer que meu próprio filho fosse tão infeliz? Além disso,
como poderia ter adivinhado que você seria acasalado com uma
Vega?” Seu sorriso me fez querer socá-lo e meu punho se
apertou, mas me contive. Não estava pronto para enfrentar
meu pai ainda. E havia outra coisa que vim fazer aqui.
“Eu sei que Clara veio para cá,” falei, mudando de assunto
antes de explodir. “Depois que Lance lutou para tirá-la do
Reino das Sombras e ela tentou matá-lo.”
Meu pai arqueou uma sobrancelha como se pudesse ver
aonde eu queria chegar com isso e ele claramente não tinha
intenção de seguir adiante.
“Sim. Tenho uma dívida de agradecimento com ele. Minha
guardiã foi devolvida sã e salva.” A emoção em seus olhos frios
era impossível de perder e as Sombras sob a minha carne se
agitaram avidamente com o desejo de separá-lo.
“Ele quase morreu,” rosnei. “Ela está claramente
desequilibrada e...”
Uma porta se abriu no corredor atrás dele e olhei para
cima no momento em que um borrão de movimento disparou
em minha direção.
“Darius!” Clara gritou, atirando em mim com tal velocidade
que mal consegui me preparar para o impacto antes que ela
colidisse comigo.
Fui jogado para trás contra o corrimão quando ela
envolveu seus braços e pernas em volta de mim e o manto fino
que ela estava usando se abriu para revelar seu corpo nu.
As Sombras dentro de mim rugiram e ganharam vida sob
minha carne ao seu toque. Por um momento, fiquei cego por
elas quando meus joelhos dobraram e caí nos degraus abaixo
dela enquanto ela montava em mim.
Ela empurrou as mãos no meu cabelo enquanto eu
ofegava tentando respirar e ela ergueu meu olhar para
encontrar o dela.
A garota que uma vez amei como uma irmã olhou para
mim, mas suas feições se tornaram mais nítidas, sua pele
pálida era quase translúcida e as veias tingidas de preto
pulsavam sob sua carne.
“Olha como você ficou grande,” Clara ofegou, sua voz
quase infantil, mas com uma ponta de escuridão que me
avisou que ela não era mais a mesma garota. “Tão grande e
forte, como seu pai.” Suas mãos percorreram meu peito, meus
braços, acendendo uma onda de escuridão das Sombras dentro
de mim em todos os lugares que ela tocou.
Fui imobilizado por elas, meus membros travados
enquanto olhava para ela. Ela se contorceu no meu colo e fiz
uma careta enquanto olhava para seu corpo nu com minha
pele arrepiada. Havia marcas em sua pele pálida quase como
tatuagens, mas elas se contorciam e dançavam em sua pele,
movendo-se de um lugar para outro como Sombras vivas.
“Qual é o problema, Darius?” Ela falou sob sua respiração,
inclinando-se tão perto que sua respiração atingiu meus lábios
e o gosto de fuligem e giz revestiu minha língua. “Seu coração
está sangrando por Roxanya?”
Ela pintou uma cruz no meu peito acima do meu coração
com um dedo, sua unha cortando a pele através da minha
regata e fazendo o sangue fluir.
“Ceda às Sombras e você a esquecerá,” ela sussurrou. “E
então podemos destruí-la juntos se quiser...”
Seus lábios roçaram os meus e um grunhido profundo
ressoou em meu peito enquanto o Fogo do Dragão derramava-
se em meus membros e queimava as Sombras que ela conduziu
sob minha pele.
Esta criatura tentou matar Lance, ela era escura, retorcida
e ligada ao meu pai. A única coisa que ela poderia causar por
estar aqui era mais dor. E me recusei a deixar isso acontecer.
Ela pressionou seus lábios nos meus com mais firmeza e
agarrei a adaga drenante do meu quadril antes de dirigi-la
direto em seu intestino.
Seus dedos pegaram meu pulso no segundo final, seu
aperto impossivelmente forte quando ela parou meu ataque e
as Sombras se ergueram tão densamente que não pude ver
nada além dela em meio à escuridão. Suas presas estalaram e
ela se lançou contra mim, mas eu já tinha colocado minha
outra mão entre nós.
O fogo bateu nela com a força de uma explosão e ela foi
arremessada para longe de mim, caindo pelas escadas
enquanto as Sombras se erguiam ao seu redor.
Meu pai gritou para eu parar, mas não interveio enquanto
permanecia no topo da escada observando nossa luta. Mamãe e
Xavier correram em busca de segurança no corredor além do
saguão de entrada, mas eu só tinha olhos para o monstro que
tentou matar meu amigo. A raiva me consumiu como um
inferno, banqueteando-se com minha dor e me dando uma
saída para ela enquanto meus músculos se contraíam e minha
magia queimava sob minha pele.
Larguei a adaga e soltei um rugido de raiva enquanto
corria atrás dela, atirando lanças de gelo e um inferno de fogo
nela com cada gota de poder que tinha.
Clara gritou de agonia e por um momento pensei que tinha
conseguido acabar com ela, mas antes que pudesse usar
minha vantagem, as Sombras saíram dela e serpentearam ao
redor dos meus membros.
Fui jogado para trás, batendo na parede com um grito de
dor enquanto as Sombras se enrolavam ao meu redor, forçando
seu caminho dentro de mim, sufocando, afogando. Elas
rasgaram a agonia do meu coração e derramaram a agudeza da
dor que abrigava através de mim em uma torrente sem fim que
separou minha alma de minha carne.
Não conseguia ouvir, enxergar e fazer absolutamente nada
além de sentir agonia por todos os meus fracassos. A
desesperança de tudo que sempre sonhei e sabia que nunca
reivindicaria.
Estava me comendo de dentro para fora, consumindo e
devorando tudo de bom em mim. Puxou cada pedaço odioso e
brutal de mim para a superfície da minha pele enquanto a
agonia trovejava em meus membros.
“Já chega, Clara,” a voz do pai cortou a névoa de Sombras
e, de repente, elas se retiraram. “Eu só tenho um Herdeiro
agora, afinal.”
O mundo voltou ao foco e me vi ofegante ao pé da escada
nas minhas costas com Clara de pé sobre mim, um manto de
Sombras agora escondendo sua nudez.
“Isso não foi muito bom, Darius,” ela fez beicinho. “Sou a
Princesa das Sombras e você é um príncipe. Devíamos ser
felizes juntos.”
“Foda-se,” ofeguei. “Você tentou matar Lance.”
“Sinto muito,” disse ela, sem parecer nem um pouco. “Mas
ele era um irmão mau, mau. Papai me disse que precisamos
dele, então não vou machucá-lo novamente.”
“Papai? Seu pai está morto há muito tempo, Clara,”
grunhi, me perguntando se ela tinha perdido todo o senso de
realidade enquanto tentava alcançar minha magia, mas ela
tinha acabado. Eu estava totalmente esgotado e preso à sua
mercê.
“Bobo, não me refiro ao homem que me gerou.” Ela deu
uma risadinha e fiz uma careta quando os passos de meu pai
se aproximaram e ele parou em cima de mim também.
“Clara tem esse apelido para mim,” meu pai disse
suavemente como se isso não fosse estranho pra caralho.
Clara se virou para olhá-lo com adoração nadando em seu
olhar, levantando-se na ponta dos pés para dar um beijo em
seus lábios enquanto sua mão descia sobre seu cós e segurava
seu lixo. O olhar que meu pai deu a ela dizia que não se
importava com isso e lutei contra a vontade de vomitar na
minha boca.
“Sua esposa está bem ali,” rosnei, olhando para trás para
onde minha mãe e Xavier parados nos observando como se não
soubessem o que diabos estava acontecendo.
Meu pai apenas encolheu os ombros. “O vínculo entre um
Guardião e seu guardado transcende qualquer outro
compromisso. Deveria saber disso muito bem por causa de seu
relacionamento com Lance. Catalina está ciente que as
necessidades do meu vínculo com Clara devem ser satisfeitas.”
Minha mãe não respondeu a isso, seu olhar preocupado se
fixou em mim como se a única coisa com que ela se importasse
em tudo isso fosse ter certeza de que eu estava bem.
Tinha certeza de que minha repulsa estava rabiscada em
meu rosto, mas eles não pareciam se importar. Clara era jovem
o suficiente para ser sua filha, caso ela ainda fosse
verdadeiramente Clara. Certamente não via a garota que
conhecia brilhando de volta em seus olhos.
“Basta dizer que você sente muito, Darius, e podemos ser
amigos de novo,” Clara exigiu com um beicinho.
“Foda-se.”
“Diga,” meu pai disparou e um tom de Coerção Negra atou
seu tom tão densamente que não tive escolha a não ser
obedecer.
“Desculpa.” A palavra saiu dos meus lábios, mas o
desprezo com que foi proferida ficou claro para todos ouvirem.
Clara não parecia se importar com isso, porém, e ela usou
suas Sombras para me forçar a ficar de pé antes de fazer
minha coluna dobrar até que ela pudesse colocar seus lábios
frios contra os meus novamente.
“Tudo está perdoado,” ela falou sob sua respiração
enquanto se afastava, colocando minha adaga de volta na
minha mão casualmente, como se ela não tivesse medo de usá-
la nela novamente. “E diga a Lance que o perdoo agora
também. Papai disse que tenho que perdoar.”
“Bom.” Papai pegou a mão dela e a puxou para longe de
mim enquanto seguia em direção pelo corredor para a sala de
fumar e todos nós o seguíamos.
Enfiei a adaga no cinto enquanto a raiva e a derrota
torciam em meu intestino, voltando à linha como sempre. Mas
um dia, em breve, eu estava determinado a resistir a essa
tendência.
Xavier me deu uma expressão de olhos arregalados para
transmitir sua preocupação, mas encolhi os ombros. A dor
física em meu corpo não era nada em comparação com a dor
dilacerante em meu coração de qualquer maneira.
Hesitei por um momento quando avistei a mãe de Lance e
Clara, Stella, sentada em uma cadeira perto do fogo, mas
ninguém comentou nada, então imaginei que ela já estivesse
aqui há algum tempo. Ela também não aparentava estar
preocupada com o reaparecimento da filha, apesar de que
enquanto Clara se exibia com os dedos entrelaçados nos do
meu pai, ela parecia decididamente abalada. Imaginei que se
ele realmente fosse começar a fode-la, seria estranho para ela
como seu braço direito e também sua mãe.
“Você não irá cumprimentar sua tia, Darius?” Stella
murmurou e me aproximei para dar um beijo em sua bochecha
pontiaguda antes de me sentar perto do fogo.
Meu pai se sentou à minha frente e Clara imediatamente
subiu em seu colo. Stella estalou a língua como se ela não
aprovasse e me perguntei se eles iriam discutir esse novo
relacionamento ou se meu pai apenas planejava trocá-la pela
sua versão mais jovem e deixar por isso mesmo.
Mãe e Xavier cruzaram a soleira, mas meu pai os encarou
com um olhar e usou uma rajada de vento para empurrá-los
para fora da sala antes de bater à porta e fechando-a. Ele jogou
uma bolha silenciadora sobre nós e esperei para ver onde isso
iria.
“Você interrompeu nossas discussões, Darius, mas
suponho que faz sentido que se junte a nós,” ele disse
sombriamente. “Mas não poderá repetir nenhum desses planos
depois de sair desta sala.” A Coerção Negra varreu minha pele e
me prendeu às suas palavras como uma corrente apertando em
volta do meu pescoço.
“Que planos?” Perguntei. Podia não ser capaz de repeti-los,
mas com certeza poderia trabalhar contra eles se conseguisse
descobrir os detalhes.
“Com as Sombras firmemente em nossas mãos e Clara
voltando para mim, acredito que estou me aproximando do
meu objetivo de conseguir poder suficiente para reivindicar o
trono. Agora que posso controlar o Quinto Elemento, tenho
uma vantagem clara sobre as Vega e...”
“Elas têm as Sombras também,” Clara apontou
casualmente e meu coração caiu quando ela revelou o segredo
que estávamos guardando como se não fosse nada.
Cerrei os dentes enquanto me obrigava a não reagir de
forma externa, mas por dentro meu pulso estava martelando e
o medo estava se fechando sobre mim. Roxy podia não querer
ser minha, mas isso não mudou o que sentia. Não significava
que eu deixaria algo acontecer com ela.
“O quê?” Meu pai exigiu, saltando de seu assento e
malditamente perto de jogar Clara em bunda quando a deixou
cair. Conseguindo se recuperar da queda, ela ficou oscilando
para frente e para trás diante do fogo enquanto ele andava pela
sala.
“Tem certeza?” Stella exigiu de sua filha.
“Sim mãe. Certeza absoluta. Quase consegui que Tory se
juntasse a mim na escuridão por meio delas um pouco atrás e
as provei em Darcy também. As Sombras nunca mentem para
mim,” disse Clara com um sorriso infantil.
Não sabia o que ela queria dizer sobre atrair Roxy para as
Sombras, mas não gostei. Sabia que ela tinha sido tentada pela
escuridão e a estive checando sempre que pude para tentar
ajudá-la e não tinha sido fácil, antes que ela escolhesse ser
Star Crossed comigo. Que esperança eu teria de ajudá-la
agora? No mínimo, essa maldição sobre nós apenas a levaria
para mais perto delas.
O silêncio caiu e meu coração bateu forte enquanto
percebia a escuridão no olhar do meu pai. Era isso, a gota
d'água. Entre sua Ordem de Fênix ser revelada e agora seu
domínio sobre as Sombras também, era impossível negar que
elas eram mais poderosas do que ele.
E isso só poderia significar uma coisa. Ele iria querer
matá-las.
“Elas não estão nem perto de dominar sua magia,” falei
rapidamente. “E elas não têm como aprender sobre as
Sombras, então...”
“Você está seriamente tentando proteger sua prostituta de
mim depois que ela arrancou seu coração e o jogou ao vento?”
Meu pai zombou. Nem mesmo perguntou qual de nós dois
havia recusado o vínculo. Simplesmente sabia e queria torcer a
faca.
“Só acho que tentar matar as Herdeiras Vega seria
incrivelmente arriscado. Se alguém descobrisse...”
“As Vega são um problema que vou resolver sem a sua
ajuda, garoto. Você deixou claro que seu julgamento foi
prejudicado por elas. Mas não se preocupe, assim que tiver
tempo para se ajustar à maldição que Roxanya colocou sobre
você, tenho certeza de que se sentirá menos inclinado a
protegê-la de qualquer coisa. E quando estiver pronto para se
vingar, estarei esperando para ajudar. Nesse ínterim, acho que
devemos nos concentrar na minha competição mais imediata.
É hora de fazer progressos para reivindicar o trono para mim.
Minha compreensão das Sombras está melhorando. Preciso me
preparar para superar os outros Conselheiros Celestiais.”
Meu coração bateu forte com o pensamento disso. Sabia
que isso aconteceria, mas esperava que tivéssemos mais
tempo. E com a Coerção Negra que ele colocou em mim, não
poderia nem mesmo avisar os outros Herdeiros que ele estava
vindo por seus pais.
“Quando?” Murmurei, me perguntando quanto tempo teria
para atrapalhar esses planos, quanto tempo teria que descobrir
como desafiá-lo eu mesmo e removê-lo de sua posição como o
Conselheiro do Fogo e tomar seu lugar.
“Em breve.” Meu pai rosnou, recusando-se a me dar mais
do que isso, apesar das amarras que colocou em mim. “Nesse
ínterim, você precisará voltar para a escola e ficar de olho
nessas meninas para mim. Certifique-se de que elas são
mantidas abaixo do calcanhar por mais algum tempo. Vou
informar a imprensa sobre o seu pequeno... incidente.” Seu
olhar examinou os anéis negros em meus olhos por um
momento antes de encolher os ombros. “Vou dizer a eles que foi
você quem recusou. Que colocou suas responsabilidades como
Herdeiro antes dos desejos egoístas do destino. E para garantir,
acho que vamos adiantar o seu casamento também.”
“O quê?” Suspirei. “Não pode... não posso me casar antes
de me formar, é a lei. Tenho dois anos e meio restantes no
Zodiac antes...”
“Tudo bem,” retrucou como se a lei não fosse nada mais do
que uma irritação. E imaginei que tecnicamente era porque ele
só precisava coagir os outros Conselheiros votarem para mudar
isso. “Faremos isso dois dias depois de sua formatura, então.
Mas acho prudente você passar mais tempo com sua noiva em
público. Vou preparar uma sessão de fotos para o fim de
semana... e vou pedir às esteticistas para fazerem alguns
trabalhos nela também... e garantir que eles façam o
photoshop nas fotos... talvez façamos a sessão à noite, para
que haja bastante sombras...”
Apenas o encarei com meus lábios entreabertos enquanto
continuava a tagarelar sobre deixar o reino animado para o
meu casamento com a porra de Mildred Canopus poucas horas
depois que Roxy Vega partiu meu coração em dois e incendiou
minha alma para uma boa medida. Minha porra de prima de
segundo grau horrível com uma personalidade ainda mais
repugnante do que seu rosto. Mas ele não se importava e não
dava a mínima para isso. Era tudo apenas um jogo, e eu era
apenas uma peça no seu tabuleiro de xadrez. Ele precisava de
lindos netos Dragão para continuar com o nome Acrux, e quem
se importava se eu nunca fosse capaz de deixar meu pau duro
o suficiente para fazê-los com ela? Provavelmente apenas a
inseminaria assim que descobrisse isso de qualquer maneira. É
o que ele fez com seu animal de estimação, o Dragão da
Tempestade, quando ele não quis foder minha tia Juniper para
engravidá-la. E agora ela tinha três meninos correndo em volta
dos seus tornozelos, esperando para ver se eles se tornariam
Dragões da Tempestade também quando sua Ordem
Despertasse.
Porque era isso que meu pai fazia. Sempre conseguia o
que queria. Em tudo. Não importava o que custasse às outras
pessoas. Não se importou por ter feito Dante Oscura ter filhos
que ele nunca veria com uma mulher que não era sua esposa,
ele só queria Dragões da Tempestade com o nome Acrux
anexado. E ele certamente não se importava em me amarrar a
uma vida de miséria, contanto que eu também produzisse o
tipo certo de Herdeiros.
Foda-se minha vida.
Eventualmente, meu pai ficou entediado com meu silêncio
e expressão miserável. Mandou ir me foder, embora tenha
usado palavras um pouco mais educadas. Afinal, tínhamos
convidados. Eu precisava voltar para a academia para ter
certeza de que Lance estava bem de qualquer maneira. E
imaginei que teria que enfrentar todo mundo também. Sem
dúvida, todo o lugar estaria sussurrando sobre mim e Roxy
pelo resto do semestre e eu não poderia dizer que estava
ansioso por isso.
Mas que outra escolha eu tinha? Tentei oferecer a ela o
mundo, mas esperei muito tempo para isso. Então agora só
tinha que enfrentar as consequências e viver com o fato de que
era tudo minha culpa. E não havia nada que eu pudesse fazer
para mudar.
“Tory!” A voz de Darcy me encontrou de onde estava me
escondendo durante o sono.
Gemi e rolei, puxando um travesseiro sobre a minha
cabeça enquanto uma batida incessante começou na minha
porta.
“O que está acontecendo, Tor? Me deixar entrar!”
Mudei para o estado de vigília, mas meu corpo recuou
como se estivesse com medo do que iria encontrar lá. Meus
pensamentos estavam confusos com o sono turbulento, mas
havia uma dor em meu corpo que ressoou direto em minha
alma vazia. Não conseguia lembrar o motivo. Não queria
lembrar.
O som da porta se abrindo me assaltou e recuei ainda
mais na minha cama quando tudo desabou sobre mim. A
nevasca, as promessas quebradas para Darcy e Orion, a
expressão nos olhos de Darius quando...
“O que diabos está acontecendo?” Darcy exigiu. “E onde
diabos você estava ontem à noite? Precisávamos de você, Tor!
Eu precisei de você.” Sua voz engatou na última frase e eu
empurrei os cobertores de cima de mim enquanto meu coração
batia dolorosamente.
Darcy colocou as mãos sobre o rosto para tentar conter as
lágrimas e imediatamente pulei e passei meus braços em volta
dela, puxando-a para perto.
“Sinto muito, Darcy,” murmurei, minha alma doendo
enquanto sentia sua dor. Eu a decepcionei ontem à noite. Ela
estava esperando por nós naquela caverna com Orion quando...
“O que aconteceu?” Perguntei, temendo não querer saber.
“Nós trouxemos Clara de volta, não graças a você e
Darius,” ela disse, tentando se soltar dos meus braços, mas
não a soltei. “Levou tudo o que tínhamos para criar a ponte. E
então... então...”
“O quê?” Murmurei, sentindo o desespero em sua voz
enquanto um pedaço de medo passava por mim.
“Então ela se voltou contra nós. Contra ele. Ela o
esfaqueou com a adaga drenante e bebeu tanto de seu sangue
que mal sobrou uma gota. Ele quase morreu sem vocês dois lá
para nos ajudar!”
Darcy se desvencilhou de meus braços e meus lábios se
separaram em mil desculpas vazias. Mas o que eu poderia
dizer? Fiz o que ela disse. Decepcionei-a quando ela precisou
de mim mais do que nunca. Eu não conseguia nem me
desculpar. Ela merecia muito mais de mim do que promessas
quebradas e palavras sem sentido.
Darcy se afastou de mim em direção ao pé da minha cama,
seus punhos cerrados enquanto ela tentava conter algumas
das emoções que guerreavam dentro dela e abaixei meu olhar
para o tapete aos meus pés.
“Como você o salvou?” Perguntei porque ela disse que ele
quase morreu e eu só podia imaginar que ela não estaria aqui
agora, perdendo seu tempo comigo, a menos que ele estivesse
bem.
Darcy deu uma risada implacável. “Seth. Ele me ouviu
gritando por socorro e provou que tem algum tipo de alma
escondida nas profundezas de sua depravação. E então Darius
finalmente apareceu para ajudar com o resto. Mesmo com
todos nós três, foi difícil.”
“Darius apareceu para te ajudar?” Murmurei, meu coração
latejando dolorosamente enquanto falava seu nome.
“Antes tarde do que nunca,” Darcy murmurou
amargamente.
Assenti, olhando para os meus dedos dos pés, onde eles
estavam enrolados no tapete. Tinha pintado minhas unhas dos
pés de rosa por algum motivo em algum momento antes de
tudo isso e não conseguia desviar os olhos da cor. Era tão leve,
feliz e inocente. Como rosa bebê. Não combinava comigo em
tudo. Por que escolhi uma cor tão alegre?
“Você não vai nem se explicar?” Darcy exigiu, girando de
volta para mim, mas não levantei meu olhar para ela. Não
queria ela visse meus olhos. Não queria dar a ela essa desculpa
como se estivesse tudo bem que eu a estivesse decepcionado só
porque as estrelas tinham um senso de tempo de merda.
“Sinto muito,” falei, minha respiração presa no meu peito
enquanto enrolei meus dedos com tanta força que minhas
unhas cortaram minhas palmas. “Mas desculpas não parecem
o suficiente. Isso não significa que está tudo bem. Não
desculpa te decepcionar assim...”
“Então, por que você fez isso?!” Darcy gritou, me fazendo
estremecer. Não tinha certeza se ela já havia gritado comigo
assim antes.
Balancei minha cabeça, meu coração latejando
dolorosamente quando me lembrei de onde estive noite
passada. O jeito que eu estava me preparando para ir e
encontrar todos na Aer Cover, mas de repente me encontrei
atrasada. Como senti esse puxão urgente em meu peito,
exigindo que eu saísse direto do meu quarto, em seguida, me
levando para longe de minha irmã e de Orion e da magia que
prometi fazer parte e me puxando por um caminho que eu não
poderia evitar. Meus pés descalços pressionando a neve porque
ainda não tinha pego nenhum sapato, muito menos um casaco.
Me sentia como uma marionete em uma corda, dançando uma
música que não conhecia e ainda não tinha tido medo. Estava
esperançosa. Pelo menos tinha estado até que meu cérebro
alcançou meu coração.
“Diga-me, Tory!” Darcy exigiu, caminhando em minha
direção e me empurrando enquanto sua raiva e dor
alimentavam suas ações.
Tropecei um passo para trás em direção à minha cama e
ela me empurrou novamente quando eu ainda não tinha
respondido.
“O que poderia ter sido tão urgente para você nos
decepcionar daquele jeito?” Na terceira vez que ela me
empurrou, minhas pernas bateram contra a minha cama e caí
de bunda.
Soltei um suspiro pesado e levantei meu olhar para
encontrar o dela.
Darcy prendeu a respiração horrorizada, recuando quando
ela ergueu um dedo trêmulo para apontar para mim.
Mordi meu lábio inferior, sabendo que tinha que contar a
ela. Que ela tinha que ouvir isso de mim, mesmo que me
despedaçasse dizer isso.
“Ontem à noite, eu... realmente não sei como explicar,
mas, enquanto esperava para encontrá-los, algo aconteceu. Foi
como se o tempo tivesse fugido de mim e, de repente, as
estrelas estivessem me chamando. Não escolhi ir, elas apenas
me levaram e quando segui o caminho que elas traçaram,
cheguei a uma clareira na neve e...”
“E o quê?” Darcy murmurou, caindo no espaço ao meu
lado e pegando minha mão na dela. Sangue manchando seus
dedos das feridas em forma de meia-lua em minhas palmas,
mas ela não fez comentários sobre isso.
Engoli um caroço na minha garganta. “Darius estava
esperando por mim,” murmurei.
Meu coração deu um salto, mas me forcei a continuar.
Estive em frente a essa clareira e ele olhou para mim como se
tudo de alguma forma fizesse sentido para ele. Meu coração
batia forte por ele e eu queria mergulhar direto em seus braços
e nunca mais soltar. Mas me segurei, sabendo em minha alma
que isso não estava certo. Que não era o que sentia por ele da
última vez que o vi. Sim, eu o queria, doía por ele, o desejava,
mas também o odiava, o temia, o desprezava. Havia algo na
magia daquele lugar que queria que esquecesse tudo isso, mas
eu conhecia meu próprio coração. Eu o conhecia e não
permitiria que ninguém o governasse a não ser eu.
“Não entendo,” disse Darcy lentamente. “Você quer dizer
que ele te atraiu lá de alguma forma, ou...”
“Não. As estrelas o trouxeram também. Nossas
constelações apareceram no céu acima e nós estávamos presos
nesta pequena bolha de solidão que ninguém e nada no mundo
poderia quebrar. Foi nosso. Ele chamou de destino.”
“Que destino?” Ela sussurrou, apertando meus dedos
como se ela já soubesse. O que ela devia saber. Aprendemos
sobre isso na aula. Tínhamos conversado sobre isso com
Gabriel. Ela tinha visto meus olhos. Ela simplesmente não
queria acreditar mais do que eu.
“Aparentemente, as estrelas o escolheram para mim,” falei.
“E eu para ele. E eles queriam que nós também nos
escolhêssemos...”
“Ele é seu Companheiro Elysian?” Darcy sussurrou.
“Sempre tive um péssimo gosto para homens,” murmurei.
“As estrelas obviamente escolheram mal para mim também.”
“Ele fez isso com você? Ele disse não...”
“Fui eu,” respondi, balançando minha cabeça. “Ele queria.
Me queria. Queria possuir e me manter e ter esse controle
sobre mim para o resto da minha vida.”
“Não acho que é assim que funciona, Tory. Ele teria te
amado, ele teria...”
“Amar?” Zombei. “Quem já me amou? Veja todas as coisas
que ele fez comigo. Isso não é amor. É ódio.”
“Mas talvez ele pudesse ter mudado. Ele nem sempre é tão
ruim. Ele cuidou de você antes, quando você precisou dele,
lutaram juntos contra as Ninfas. Inferno, você até dormiu com
ele duas vezes. Por que negar a si mesmo a chance de...”
“Porque não era uma chance, Darcy,” falei amargamente.
“Era para sempre. Tudo ou nada. Dizer sim significava deixá-lo
me possuir. Isso significava que eu teria que amá-lo, não
importava o que ele fizesse comigo. E se ele fosse tão cruel
comigo no amor quanto foi no ódio?”
“Você acha que poderia ter estado presa em uma vida onde
ele continuaria a machucá-la?” Darcy perguntou, balançando a
cabeça como se fosse tão óbvio que esse não seria o caso.
“Sim, não. Talvez. A questão é que não sei. Como eu
poderia concordar com um para sempre com alguém que me
tratou daquele jeito? Ele nem mesmo tentou compensar nada
antes da noite passada. Nunca sentiu uma gota de remorso por
isso até que percebeu que estava fazendo todas essas coisas
para a garota que o destino escolheu para ele.”
“Mas Tory você ainda terá um para sempre com ele,” Darcy
disse desesperadamente, seus olhos marejados de lágrimas por
mim. “Em vez de ficar para sempre com ele te amando, você
sofrerá por ele para sempre. Você não se lembra do que a
professora Zenith nos contou sobre os Companheiros Elysian?
Você só tem um. E se você não o escolher, você nunca amará
ou será amada por outra pessoa...”
“Que diferença isso faz?” Murmurei. “Ninguém nunca me
amou de qualquer maneira, Darcy.”
“Não seja ridícula!” Ela retrucou, sacudindo meu braço
como se quisesse que eu percebesse o que tinha feito. Mas eu
já tinha percebido. E era tarde demais para mudar, mesmo se
eu quisesse.
“Não era como se tivesse tido muito tempo para decidir,”
falei, soltando um suspiro lento. “Tudo o que sei é que de
repente me pediram para escolher um homem que me magoou
repetidas vezes. Que tentou me afogar e me atormentar e... Isso
nem importa agora.”
“Importa sim,” Darcy insistiu.
“Por que ele simplesmente não se desculpou antes então?”
Perguntei, as lágrimas queimando meus olhos. “Se eu soubesse
que ele se sentia mal por isso, que ele deu a mínima merda
para tudo que fez comigo, então talvez eu pudesse ter feito
outra escolha.”
“Ele nunca disse nada para você quando você ficou com
ele?” Darcy perguntou suavemente.
“Nada sobre isso. Ele me disse que era obcecado por mim e
que quer me reivindicar, mas isso não é amor. É paixão, na
melhor das hipóteses. Como se eu fosse algum desafio que ele
quisesse conquistar ou um prêmio para ganhar. Por que eu
deveria concordar com isso?” A mordida na minha voz era
amarga e dura e totalmente forçada e sabia que ela poderia
dizer. Mas era tudo que eu tinha. Porque se eu cedesse à dor
dessa angústia, não tinha ideia de como isso poderia ser
tenebroso.
“Talvez você devesse falar com ele,” Darcy sugeriu
fracamente porque ela sabia que não faria qualquer diferença
tão bem quanto eu. A decisão estava tomada. Não havia como
voltar atrás. Falar com ele não mudaria isso.
“Imagino que ele queira não falar comigo,” falei, afastando-
me dela para olhar para o céu cheio de nuvens.
“Eu o vi na casa de Lance e parecia... não acho ele esteja
indo bem...”
Uma fatia crua de dor me cortou com esse conhecimento.
Eu não queria machucá-lo. Só queria ser livre. Livre do destino,
da sorte ou das estrelas. Livre para escolher minha própria
vida e vivê-la como quisesse, não como me mandaram.
“Deve valer a pena tentar falar com ele...” Darcy
pressionou.
“Ele não vai querer falar comigo,” insisti.
“Tenho certeza que ele poderá entender por que você fez a
escolha que fez. E talvez se conversarem, então poderiam
tentar descobrir uma maneira de...”
“É pior do que isso,” murmurei, a realidade do que tinha
feito na noite passada queimando em mim. “Caleb me mandou
uma mensagem depois que aconteceu e eu... nem sei por que,
mas eu estava sofrendo muito e queria tentar esquecer isso.
Tentei provar que podia sentir algo por outra pessoa e que as
estrelas não podiam me roubar isso...”
“Oh, Tory...” Darcy murmurou e eu poderia dizer que ela
estava desapontada comigo. Inferno, eu estava desapontada
comigo mesmo. Literalmente caí de volta nos mesmos velhos
hábitos que sempre usei para me distrair dos meus problemas.
E para piorar, Caleb era um dos amigos mais próximos de
Darius. Não tinha planejado isso, não tive a intenção cometer
esse erro, mas eu estava me afogando quando ele me enviou
uma mensagem, queimando de dor no meu coração e
simplesmente me senti tão sozinha. Tinha sido egoísta e
estúpida e realmente só me fez sentir pior, como se estivesse
traindo Darius de alguma forma, apesar do fato de nunca ter
sido dele em primeiro lugar. Seria assim pelo resto da minha
vida? Sempre que eu estivesse com outra pessoa, pensaria
nele, sentindo que errei só porque queria escolher meu próprio
destino?
“Talvez eu seja aquela que não mereça a felicidade,” falei.
“Talvez Darius mereça algo melhor do que eu.”
“Claro que não,” Darcy rosnou. “Ele teve todas as
oportunidades de mudar a maneira como te tratou. Ele teve
todas as chances de se desculpar se sentisse por você tão
fortemente quanto alegou. Entendo por que você tomou a
decisão que fez.”
“Mas você não concorda?”
O silêncio se estendeu entre nós e Darcy me puxou para
seus braços. Enterrei meu rosto em seu ombro e as lágrimas
deslizaram livres do meu controle enquanto desistia
novamente.
Meu coração dolorido parecia um pouco menos desgastado
enquanto a segurava, embora de forma alguma curado.
“Não é que não concorde,” ela sussurrou. “É que... não
posso suportar a ideia de que você está amaldiçoada agora.
Que você nunca terá amor por causa disso. Por causa dele.”
“Bem, ele queria me quebrar. Então, acho que ele realizou
seu desejo.”
Darcy balançou a cabeça, mas ela realmente não podia
negar. Essa dor que abriu caminho em meu coração quando o
recusei estava apenas ficando mais aguda. Não acreditava que
sarasse tão cedo. Na verdade, esperava que não sarasse de jeito
nenhum.
Queria escolher meu próprio destino e foi isso que decidi.
Então, simplesmente teria que viver com isso.
Darcy me puxou para a cama com ela e nos enrolamos sob
as cobertas como costumávamos fazer quando éramos
crianças. Ela não me perguntou mais nada sobre isso, porque
não havia mais nada que pudesse dizer. E apenas tentei obter
todo o conforto que pude do único amor que já conheci.

##

Saí do chuveiro com o cabelo molhado e o humor


encharcado. Não pude evitar. Esta dor em mim não estava indo
embora e pensar em qualquer coisa diferente de Darius Acrux
estava provando ser quase impossível.
Darcy estava sentada na minha cama e ela ergueu os
olhos de seu Atlas enquanto entrava no meio do quarto com
uma toalha enrolada em volta de mim.
“Orion?” Adivinhei quando seu Atlas deu um ping e o
canto de sua boca se curvou com aquele tipo de sorriso secreto
que dizia que ela estava iluminando de dentro para fora.
“Sinto que tenho que ficar checando se ele está bem e ele
está me provocando sobre isso,” ela disse, abaixando seu Atlas
como se fosse guardá-lo.
“Não faça isso,” falei, acenando para a coisa. “Minha
escolha com Darius não tem nada a ver com você e Orion. Não
quero que você nunca sinta que tem que esconder sua
felicidade de mim.”
“Não acho isso,” ela respondeu, mas a tensão em torno de
seus olhos traiu a verdade e suspirei.
Nós estivemos nos escondendo no meu quarto o dia todo.
Darcy escapou para encontrar lanches na hora do almoço e ela
estava de olho no FaeBook também. Claramente ninguém tinha
visto Darius ainda, já que não surgiram histórias sobre nós,
mas elas viriam. Não poderia me esconder aqui para sempre. E
não faria isso.
Hoje, todos os alunos que foram para casa no Natal
haviam voltado para a academia a tempo das aulas
recomeçarem amanhã e havia um jantar de início de período
sendo realizado no Orb.
Geraldine tinha nos enviado mensagens de texto o dia
todo, checando duas vezes a que horas estávamos chegando e o
que iríamos vestir como se fosse uma maldita ocasião real. Eu
estava deixando Darcy lidar com as respostas. Com toda a
honestidade, não ousei tocar em meu próprio Atlas. Não
conseguia encarar a ideia de encontrar uma mensagem de
Darius lá. Ou pior, não encontrar uma.
“Geraldine sugeriu que usássemos rosa,” Darcy disse
suavemente e me forcei a bufar uma risada.
Sob o fluxo de água do chuveiro, deixei as Sombras me
levarem. Eles me varreram e roubaram minha dor e revesti
minha pele com uma camada de escuridão antes de bani-las
novamente. Cada vez que fazia isso, ficava mais fácil. E me
sentia um pouco melhor também. Sabia que a ligação delas era
viciante, mas estava muito focada em nosso objetivo final para
me importar. Eu precisava dominá-las. Tinha que ser capaz de
manejá-las melhor do que qualquer outra pessoa. Melhor do
que Orion ou Darius e especialmente melhor do que Lionel. Ele
tinha a Princesa das Sombras com ele agora e ainda não
sabíamos o que isso significava. Mas sabia com certeza de que
não poderia ser uma coisa boa para nós. E tive que admitir que
escapar da minha dor e afundar nas Sombras por um tempo foi
um alívio bem-vindo, mesmo que viesse com riscos.
“Ok. Vamos usar rosa,” concordei.
“Eu disse a ela que iríamos com vermelho. Já estou de
olho nessa saia fofa em seu armário e acho que você deveria
usar este vestido.”
Olhei-a enquanto ela me mostrava o vestido. O comprei
antes do Halloween com pensamentos vagos de uma fantasia
de diabo, antes que meu plano de mestre em me fantasiar de
Pegasus me ocorresse. Era curto, decotado e meio que gritava
quero-transar, o que definitivamente não precisava fazer de
novo tão cedo.
“Você não acha que é um pouco demais para o jantar no
Orb?” Perguntei.
“Olha, Tor, não quero te assustar nem nada, mas você
sabe que as pessoas não vão apenas aceitar o fato de que você
e Darius são Star Crossed agora como se fosse nada. Haverá
perguntas, apontamentos e fotos que com certeza vazarão para
a imprensa e se você não quer se parecer com a garota que teve
seu coração partido, então...”
Suspirei, aceitando o vestido e sorrindo para Darcy
enquanto ela se aproximava para fazer meu cabelo e
maquiagem para mim. Nunca teria pedido essa atenção, mas
ela sabia quando eu mais precisava e uma sessão de mimos de
gêmeas estava claramente em ordem agora para nós duas.
Orion podia ter acabado por ficar bem, mas ela ainda teve um
inferno de um susto e sabia que a estava matando por ela não
poder estar com ele agora. Fiquei meio tentada a reivindicar a
porra do trono apenas para que pudesse mudar a lei sobre as
relações aluno-professor e libertá-los.
Demoramos para nos preparar e Darcy nem sequer
mencionou o fato de que eu estava claramente protelando
enquanto lentamente aplicava o delineador em meus olhos
recém-pintados de preto. A maquiagem fez minha marca Star
Crossed se destacar ainda mais, e foi por isso que decidi fazer
isso. Precisava arrancar o Band-Aid, ir para lá com meu rosto
de cadela descansando firmemente no lugar e deixar os filhos
da puta intrometidos desta academia dizerem o que diabos eles
queriam sobre imediatamente. Então isso poderia se tornar
notícia de ontem e eu poderia seguir em frente com minha vida.
Fácil. Ou nem tanto, mas iria enfrentá-lo como um soldado no
inferno ou em alto mar.
Quando finalmente cedi ao inevitável e me levantei para ir
embora, Darcy pegou minhas mãos nas dela e me impediu.
“O que você quer que eu diga às pessoas sobre isso?” Ela
perguntou, seu olhar saltando entre os meus olhos incerta
quando ela percebeu a diferença.
Estive descobrindo que a mudança em meus olhos era
uma das partes mais difíceis nisso. Não por qualquer motivo
idiota de vaidade, mas porque agora Darcy não era mais minha
irmã gêmea idêntica. Quero dizer, claro, nosso cabelo estava
diferente há muito tempo e nós usávamos roupas bem
diferentes na metade do tempo, mas isso era tudo superficial.
Uma tintura rápida e um conjunto de roupas combinando e
ninguém jamais seria capaz de dizer a diferença entre nós... até
agora.
“Nada,” falei, balançando minha cabeça para que os
cachos soltos que ela me deu dançassem na minha espinha.
“Não diga nada a eles. Eles podem descobrir por si próprios.
Vou dar aos nossos amigos uma explicação básica e é isso. Não
dou a mínima para o que os outros pensam, de qualquer
maneira.”
Os olhos de Darcy lacrimejaram como se seu coração
estivesse se partindo por mim e levantei meu queixo enquanto
lutava contra a vontade de cair chorando em seus braços. Fui
eu quem escolheu isso. Eu não poderia chorar e fazer beicinho
sobre isso como se tivesse sofrido tanto. Sempre vivi com as
consequências de minhas ações antes e não pretendia parar
agora.
Dei a ela um sorriso tenso, em seguida, estendi a mão
para pegar meu Atlas. Não queria deixar está sala sem verificar
se ele tinha me enviado uma mensagem. Simplesmente não iria
conseguir.
A primeira coisa que apareceu na tela foi meu horóscopo
desta manhã e suspirei enquanto batia nele.
Bom dia, Gêmeos.
As estrelas falaram sobre o seu dia!
O dia de hoje marca o início de um novo capítulo em sua
vida, onde você aprenderá a trilhar o caminho menos percorrido.
É hora de enfrentar as consequências de suas ações e descobrir
se você pode sobreviver à elas ou não. Você pode entrar em
conflito com um Leão hoje, mas tenha coragem, se você viajar
pelo caminho de menor resistência, poderá evitar uma colisão
por completo. No entanto, as estrelas estão se sentindo
incomodadas com você e você pode encontrar sua sorte em uma
espiral descendente por algum tempo.

“Brilhante,” murmurei, virando meu Atlas para mostrar a


Darcy e ela o leu rapidamente.
“Bem, diz que você pode evitar brigar com um Leão, então
parece que você não precisa discutir com ele, pelo menos.”
“Sim, se viajar pela estrada de menor resistência que acho
que é evitá-lo completamente. E isso parece ótimo, além do fato
de que moro no mesmo prédio que ele, assistimos às aulas
juntos, fazemos as refeições no mesmo lugar e tenho um futuro
político em torno daquele trono de merda que claramente nos
enredará para o resto da minha vida. Sem mencionar nossas
pequenas e aconchegantes lições de Sombras.” Suspirei,
voltando-me para o meu Atlas para que Darcy não tivesse que
dignificar aquele discurso retumbante com uma resposta, mas
sua mão pousou no meu braço do mesmo jeito e ela me deu
um pequeno aperto.
Houve várias mensagens de Geraldine e Sofia, algumas
menções em artigos de jornal que não li além das manchetes,
havia muitos relatos mistos do ataque da ninfa no Palácio no
Natal e dependendo do que você lesse, nós ou salvamos o dia
ou chegamos muito perto de causar a morte de todos. A única
coisa em que todos os jornais concordaram foi em sermos
Fênix e tínhamos recebido mais do que alguns pedidos de
entrevistas e sessões de fotos sobre isso. Nada de Darius. Mas
o que eu esperava de qualquer maneira?
Suspirei de novo, me perguntando se teria o hábito de
fazer barulhos patéticos como aquele, e desliguei meu Atlas
antes de pintar um sorriso para Darcy. Ela estava vestindo
uma saia vermelha justa e um top preto bonito com rosas
estampadas nele. Ela não parecia como se todo o seu mundo
tivesse quase desmoronado na noite passada e eu esperava que
também não.
“Vamos,” falei, chutando meus sapatos de salto alto e me
dirigindo para a porta.
Darcy se moveu para o meu lado enquanto hesitei com
meus dedos na maçaneta da porta, mas o que eu faria, me
esconderia no meu quarto para sempre? Não. Isso
simplesmente não era eu. Quando saí do hospital depois que
meu ex, Zane, me deixou para me afogar em seu carro, fui até
sua casa, cortei a virilha de todas as calças, empilhei todas as
suas coisas favoritas em seu jardim da frente, mergulhei-as em
fluido de isqueiro e coloquei tudo em chamas no momento em
que ele apareceu. O idiota teve a coragem de me chamar de
prostituta louca enquanto mergulhava para resgatar sua merda
e simplesmente mostrei o dedo do meio para ele e voltei à
minha velha rotina de passar por sua casa todos os dias no
meu caminho para a escola. Nunca deixei transparecer que tive
pesadelos com aquele acidente e passei semanas acordando
gritando enquanto sonhava em me afogar. Nunca escolhi um
caminho diferente para ir para a escola, apesar da forma como
meu coração disparava e minhas palmas ficavam escorregadias
cada vez que eu passava por sua casa. Nunca disse uma
palavra a ele de novo, não importava quantas vezes ele tentou
chamar minha atenção. Porque foda-se ele, foda-se deixá-lo ter
minha dor quando ele nem uma vez sequer tentou se desculpar
e nem mesmo apareceu no hospital para verificar se eu não
estava morta.
Então, eu tinha muita prática em enfrentar meus
demônios. Tinha uma excelente cara de pôquer. E me recusei a
deixar uma única pessoa me ver sangrar por Darius Acrux.
Saímos do meu quarto e passamos pela Casa Ignis sem
encontrar ninguém. Estávamos atrasadas e, aparentemente, o
jantar do início do período letivo era um grande negócio. Meu
Atlas e de Darcy estavam explodindo com mensagens do Clube
Bunda perguntando quanto tempo levaríamos e deixei para ela
responder.
À medida que nos aproximávamos do Orb, o som de
música e vozes animadas levantadas em gargalhadas nos
alcançaram e meu pulso começou a bater forte. Lambi meus
lábios vermelho sangue, feliz por ter uma espessa camada de
tinta de guerra para me esconder atrás, enquanto nos
aproximamos do que poderia pensar como um dos círculos do
inferno.
Acho que seria ingênuo esperar que ninguém notasse.
Os dedos de Darcy roçaram os meus, mas ela não pegou
minha mão, sabendo que eu precisava enfrentar isso sozinha.
Ofereci a ela um sorriso tenso para que ela soubesse que
apreciei o gesto e ela acenou com a cabeça em retorno.
Assim que chegamos à porta do Orb, ela se abriu e minha
respiração ficou presa na garganta quando ficamos cara a cara
com Max e Seth.
Nenhum de nós disse nada, mas seus olhos se fixaram nos
meus como se estivessem esperando não ver os anéis negros
ali.
Mordi minha língua, esperando para ver o que eles diriam
para mim e me preparando para a dureza de suas palavras,
mas elas não vieram.
O rosto de Max apertou quando ele olhou para mim e eu
sabia que ele estava sentindo minha dor com seus presentes.
Nem mesmo tive energia para tentar bloqueá-lo.
Seth choramingou baixinho, estendendo a mão para
escovar os dedos pelo meu braço em um gesto reconfortante e
fiquei tão chocada com isso que nem sequer recuei.
Um momento dolorosamente longo se passou entre nós
quatro, então Max deu um passo para o lado, segurando a
porta aberta para que pudéssemos entrar.
“Obrigada,” murmurei enquanto contornávamos eles e eu
não tinha certeza se meus agradecimentos eram pela porta ou
pela falta de idiotice que eles me ofereceram.
Hesitei enquanto nos movíamos para o espaço lotado do
Orb, que tinha sido decorado como um paraíso de inverno
completo com pingentes de gelo pendurados em todo o teto e
geada cobrindo todas as superfícies.
Antes que a porta se fechasse atrás de mim, peguei
algumas das palavras de Seth. “Você acha que ele vai
aparecer?”
“Eu não tenho a porra da ideia,” Max rosnou em um tom
baixo e a porta se fechou entre nós antes que pudesse ouvir
mais. Mas mesmo isso fez meu coração disparar. Parecia que
Darius não estava aqui. O que era bom. Ou não? Eu nem sabia
mais.
Darcy abriu caminho através da multidão para o Clube
Bunda e tentei não sentir como se estivesse caminhando para a
minha execução enquanto a seguia.
As pessoas se moveram para o lado por nós, alguns
gritando saudações, mas nenhum deles olhou de perto o
suficiente para notar meus olhos até que passei por
Marguerite.
“O quê...” Ela agarrou meu braço e me girou para que
pudesse olhar para mim em seu vestido prata brilhante. Seu
cabelo ruivo caia ao redor de seu lindo rosto e ela nem parecia
odiosa, apenas chocada.
Puxei meu braço de seu alcance e mergulhei de volta no
mar de corpos antes que ela pudesse fazer a pergunta, mas os
sussurros começaram atrás de mim enquanto eu andava e a
notícia se espalhou.
“Venham aqui minhas rainhas!” A voz de Geraldine se
ergueu acima da multidão e a localizei acima de todos,
enquanto se levantava em uma cadeira e acenava com
entusiasmo.
Ela estava vestida com uma saia rosa bufante e um top
curto azul que mal conseguia conter seus seios enormes.
“Reunimos um banquete delicioso com a comida mais
gloriosa! Vocês precisam colocar uma bola de queijo na boca e
dar uma boa chupada. E não se esqueçam de mergulhar seus
dedos no cremoso...”
Geraldine ficou em silêncio enquanto seu olhar se fixou em
meus olhos, seus lábios se abrindo. Ela levantou um dedo
trêmulo e começou a sacudir a cabeça em uma espécie de
negação desesperada.
Todos ao nosso redor notaram seu comportamento e um
por um seus olhares caíram sobre mim também.
Ofegos e xingamentos passaram e podia sentir tantos
pares de olhos em mim que um rubor começou a formigar seu
caminho sob minhas bochechas.
Sofia e Diego estavam olhando e Angelica começou a
chorar. Os olhos de Milton se arregalaram tanto que fiquei
preocupada que pudessem cair de sua cabeça. Parecia que
todos iam falar ao mesmo tempo, mas antes que pudessem,
Geraldine soltou um ruído que só poderia ser descrito como um
grito de pterodátilo.
Se alguém na sala não estava olhando para nós, eles
estavam agora e alguém até cortou a música.
Havia algo de bastante intimidante em uma sala cheia com
duas mil pessoas que ficavam em silêncio para que pudessem
tentar dar uma olhada em você. Fiquei seriamente tentada a
fugir. E estava me perguntando por que achei que seria melhor
fazer dessa maneira. Darcy sugeriu que nossos amigos fossem
ao meu quarto para que pudesse contar antes que todo o
campus descobrisse. Mas quis fazer assim. Tudo de uma vez.
Terminando e pronto. Retirando o Band-Aid. Estava
começando a perceber que fui uma idiota de merda em pensar
assim.
“Oh minha dama!” Geraldine chorou quando as palavras
voltaram para ela depois de sua explosão pré-histórica. “O que
em nome das estrelas, à luz da grande e bulbosa lua e da longa
e dura noite aconteceu? Grandes gárgulas, Grifos a galopes e
gazelas gigantescas! Pelo bem de Lady Petúnia e de tudo o que
há de errado no mundo, como em Solaria ocorreu tal farsa?”
Geraldine começou a chorar, soluçando tão alto que eu
não poderia nem responder se quisesse.
Exalei lentamente e caí em uma cadeira, puxando um
prato de pizza para perto de mim e dando uma mordida. Tinha
gosto de papelão.
Um clamor de barulho explodiu ao meu redor e uma
pergunta em particular continuou soando em meus ouvidos.
Quem? Quem? Quem?
Darcy sentou-se ao meu lado e Sofia se moveu para a
minha esquerda, passando um braço em volta de mim. A mão
de Diego pousou no meu ombro e quando o olhei surpresa,
encontrei Milton lá também. Todos os meus amigos se
fecharam em torno de mim enquanto Geraldine continuava a
soluçar tão alto que sua voz ecoava nas paredes.
“Oh doce tortura, oh mais puro inferno, como o destino
pode ser tão cruel?!” Geraldine gritou.
“Atenção alunos!” Fui salva pelo som da voz da Diretora
Nova enquanto ela chamava todos à ordem e depois de mais
alguns gritos para chamar suas atenções, todos os alunos
voltaram aos seus assentos e se viraram para olhar para ela.
Geraldine não parava de soluçar, então lancei uma bolha
silenciadora ao redor dela e de Angelica enquanto elas se
abraçavam e tentavam aceitar o que havia acontecido comigo.
Era doce de uma forma completamente exagerada de Geraldine
e eu a amava por se preocupar, mas simplesmente não era eu.
Claro, eu choraria por isso, mas não aqui, não onde todos
pudessem me ver sangrar. Me recusava. Mas meio que a invejei
por sua liberdade. Ela era tão descaradamente ela mesma o
tempo todo.
“Devido à situação contínua das Ninfas, é meu dever
informá-los sobre as novas e mais rígidas medidas de
segurança que serão colocadas em prática na academia nas
próximas semanas,” disse a Diretora Nova e me virei para olhar
para ela do outro lado sala através do mar de alunos.
Ainda havia muitos olhos em mim, mas os ignorei. Deixe-
os olhar. Eles ficariam entediados eventualmente. Minha dor
perderia o interesse. Minha escolha se tornaria apenas mais
uma coisa sobre mim pela qual as pessoas me julgariam e
depois esqueceriam. Só tinha que resistir à tempestade até que
isso acontecesse.
“Estamos reforçando as medidas de segurança em torno
do campus. Haverá escudos mágicos sendo erguidos, o que
significa que nenhuma Ordem voadora poderá entrar ou sair do
campus sem ser detectada. Temos mais de cem novos
seguranças iniciando patrulhas ao redor da parede externa.
Devido a isso, não sentimos mais a necessidade de impor um
toque de recolher dentro do recinto, mas recomendamos que
você não saia do campus, a menos que seja necessário para
sua própria segurança. Também vamos começar a ensinar
Combate Elemental para todos os alunos, não apenas para os
mais velhos, e seus horários serão ajustados para incluir essas
aulas,” disse Nova. “Além disso, todos os clubes após as aulas
serão supervisionados por um membro extra da equipe. A
Professora Prestos concordou em ajudar nas competições de
natação no Lago Aqua, o Professor Washer vai se juntar ao
Professor Orion no treino de Pitball e líderes de torcida...”
Um gemido subiu entre as líderes de torcida quando
Washer sorriu amplamente de sua posição na frente da sala.
Bem, isso é ótimo. Como se a torcida precisasse ser mais
dolorosa.
Darcy de repente se endireitou em sua cadeira e segui seu
olhar enquanto Orion entrava na sala. Ninguém saberia que ele
realmente esteve muito perto da morte na noite passada.
Exteriormente, ele parecia exatamente como sempre, mas
quando seu olhar encontrou o meu e percebi sua dor, meu
coração se torceu fortemente com a culpa. Devíamos ter estado
lá para ajudá-lo. Não suportava pensar no que teria acontecido
com Darcy se ela o tivesse perdido.
Nova ainda estava falando sobre as medidas extras de
segurança, mas de repente cada gota de oxigênio parecia ser
sugada da sala quando Darius entrou atrás de Orion.
Seu olhar se moveu direto para mim e meu coração se
acalmou quando observei os anéis escuros em torno de suas
írises castanhas profundas, que pareciam se destacar tão
claramente, apesar da extensão de espaço entre nós.
Meu aperto na mão de Darcy aumentou quando meus
ouvidos começaram a zumbir e uma fonte de dor se abriu
dentro de mim. Eu não conseguia respirar, não conseguia
pensar e absolutamente não conseguia desviar meus olhos da
visão dele parado ali parecendo tão quebrado.
Ele não se mexeu. Quase parecia que ele estava enraizado
no lugar.
Meu coração batia tão forte que doía e o fundo dos meus
olhos começou a arder.
“Não!” Marguerite gritou de repente, interrompendo a fala
de Nova enquanto se levantava e apontava para Darius. “Você
não! Não você e ela! Você não pode ter sido destinado àquela
prostituta!”
Um silêncio retumbante seguiu suas palavras por três
segundos enquanto todos olhavam entre mim e Darius em
descrença e de repente todos estavam falando ao mesmo
tempo, ignorando Nova completamente quando ela gritou para
chamar suas atenções de volta e todos eles olhavam Darius na
expectativa de terem as respostas que me recusei a dar.
Minha visão ficou turva enquanto o fundo dos meus olhos
queimava mais ferozmente e arranquei minha mão do aperto de
Darcy, empurrando para fora do meu assento, derrubando-o e
esbarrando nos meus amigos.
“Tory, espere!” Darcy gritou, mas apenas balancei a
cabeça.
“Preciso ficar sozinha,” sufoquei enquanto me virava e
tentava correr, mas a parede de corpos redor tornava
impossível para eu escapar. “Movam-se!” Exigi, mas eles não o
fizeram e não conseguia respirar. Tinha que sair dali, tinha que
fugir dessa sala, dessas pessoas, dele.
Levantei minhas mãos diante de mim e criei uma rota de
fuga com uma rajada de ar antes de correr para as portas.
Ninguém se recuperou rápido o suficiente para me impedir
e saí correndo antes de jogar uma armada de videiras sobre a
porta para selá-la atrás de mim e me dar tempo para escapar.
Atravessei correndo o pátio em direção ao prédio do Lunar
Leisure e contornei as paredes prateadas até chegar às
sombras do outro lado.
Meu coração bateu e se partiu contra minhas costelas
enquanto me encostei contra a parede fria e as lágrimas
correram pelo meu rosto enquanto envolvia meus braços em
volta de mim mesma e tentava não cair em pedaços.
Está foi a minha escolha. Minha. Não deveria doer tanto
seguir meu coração. E foi isso que pensei que estava fazendo.
Mas se era esse o caso, então por que parecia que estava sendo
despedaçada de dentro para fora?
“Geralmente não sou bom com lagrimas,” a voz de Orion
chegou até mim e rapidamente esfreguei as palmas das minhas
mãos sobre os olhos enquanto tentava me acalmar. “Mas não
pare por minha causa. Você fez um bom trabalho em correr,
mas é um pouco difícil superar um Vampiro do que os outros
Fae.” Ele me olhou de cima a baixo por um longo momento,
como se não tivesse certeza do que mais dizer. “Vim ver se você
está bem, mas obviamente não está...”
Joguei-me nele e passei meus braços em volta de seu
pescoço, apertando-o com força apenas para ter certeza de que
ele estava realmente de pé diante de mim.
“Sinto muito, Lance,” murmurei. “Deveria ter estado lá
para ajudá-lo na noite passada, você poderia ter morrido,
poderia ter custado...”
“Nós dois sabemos que você não poderia ter resistido ao
chamado das estrelas, não importa onde você precisasse estar.
Além disso, não estou morto,” ele respondeu, tentando
encolher os ombros enquanto seus braços se fechavam
lentamente em torno de mim, mas nós dois sabíamos que havia
muito mais nisso. Muita dor. Ele conseguiu sua irmã de volta
apenas para descobrir que ela era um monstro, que as
Sombras a corromperam além do reconhecimento. Não
conseguia nem imaginar a agonia disso.
“Eu ainda sinto muito,” murmurei, me forçando a soltá-lo
enquanto dava um passo para trás.
“Você quer falar sobre Dari...”
“Não,” murmurei. “Não posso... só preciso seguir em frente
com minha vida.”
Orion me lançou um olhar de pena que dizia que ele não
acreditava por um segundo que eu seria capaz de fazer isso.
“Ele entende sua decisão,” ele disse suavemente. “Mesmo
que ele odeie. Ele sabe por que você sentiu que tinha que...”
“Você é um bom amigo, Lance,” falei, enxugando as
lágrimas do meu rosto. “Mas não importa o que qualquer um
de nós pensa sobre isso agora, não é? As estrelas nos deram
nossa chance e ponto final.”
O olhar que ele me deu disse que gostaria de poder fazer
algo para mudar isso, mas ele sabia tão bem quanto eu que
não poderia.
“Só não quero que você pense que ele é igual ao pai,” disse
Orion em um tom derrotado, como se soubesse que não havia
sentido para esta conversa.
“Eu não penso,” respondi honestamente porque entendia
muito sobre Darius. Ele não era o monstro que o criou, mas ele
tinha escuridão mais do que suficiente nele de qualquer
maneira e eu tinha suportado o peso disso com muita
frequência.
Orion parecia querer dizer mais, mas ele apenas soltou um
suspiro que falava de derrota. “Você quer que eu te leve de
volta para sua Casa?” Ele perguntou enquanto o som dos
alunos festejando no Orb aumentava lentamente de novo.
“Sim, por favor,” falei, oferecendo a ele um sorriso
verdadeiro. Fugir era a única coisa que queria fazer agora.
Amanhã, todos teriam superado o choque e eu andaria
entre eles com minha cabeça erguida e meus lábios selados.
Ninguém mais precisava saber os detalhes do que aconteceu
entre mim e Darius. O fato de sermos Star Crossed era o
suficiente.
“Suba então,” ele deu as costas para mim e pulei nele com
a sugestão de uma risada. Quem teria pensado que meu
professor de Cardeal Magic estaria me dando carona no
campus quando comecei a estudar nesta escola?
Orion disparou com sua velocidade de Vampiro e antes
que eu percebesse, paramos do lado de fora da Casa Ignis e eu
estava deslizando de volta para o chão.
“Direi a Blue onde você foi,” ele disse, dando um passo
para trás, mas estendi a mão e peguei seu pulso para impedi-lo
antes que ele pudesse atirar novamente.
“Obrigada.”
“Sabe, também te devo desculpas,” ele disse e hesitei sem
soltá-lo.
“Pelo quê?” Perguntei, minha testa franzida.
“Quando as conheci pela primeira vez, presumi que vocês
duas seriam meninas fracas, incapazes de se levantar para
reivindicar a posição para a qual nasceram. Achei que vocês
seriam todo tipo de coisas e, não importa qual delas fosse
verdade, nem uma vez considerei a ideia de que as duas
poderiam realmente ser capazes de conquistar o seu direito de
nascimento. Ou que poderiam merecer. E eu estava
completamente errado sobre isso.”
Meus lábios se separaram de surpresa, mas não consegui
encontrar nenhuma palavra para dizer a ele em resposta.
“E pelo que vale a pena... Darius está começando a ver
isso também. Ele pode não estar pronto para admitir, mas ele
pode ver o seu potencial. E sei que o está destruindo pensar em
todas as coisas que ele fez com você na tentativa de mantê-la
sob seus pés. Mesmo que ele acreditasse que tinha justificativa
para fazer isso na época.”
O silêncio pairou entre nós por um longo momento e sorri
tristemente.
“Posso ver por que Darcy ama você,” falei finalmente e as
sobrancelhas de Orion se ergueram de surpresa.
“Somos o tipo de amigos sentimentalistas agora?” Ele
perguntou em um tom que sugeria que ele achava a ideia tão
horrível quanto eu.
“Bem, você ainda é um idiota, mas também é um bom
homem.” A magia derramou das pontas dos meus dedos onde
ainda segurava seu braço e Orion olhou para mim confuso
enquanto conjurava minúsculas videiras marrons,
entrelaçando-as e trançando-as até que formassem uma
pulseira em torno de seu pulso.
“O que é isso?” Ele perguntou, levantando a mão para
inspecioná-la e tive que dizer que fiz um ótimo trabalho
também.
“Prometi a você uma pulseira da amizade,” provoquei.
“Podemos nos encontrar para uma festa do pijama outra hora.”
Ele bufou uma risada para mim enquanto recuava. “Irei
guardá-la para sempre. Boa noite, Tory.”
“Boa noite.”
Ele atirou para longe de mim e fui deixada sozinha, mas
de alguma forma isso não parecia mais tão solitário.
O primeiro dia de volta ao novo semestre deixou meu estômago
dançando com borboletas. Muita coisa mudou. E ainda assim a escola
continuou como se nada tivesse acontecido. Mas o destino sombrio de
Tory estava escrito nas estrelas, a irmã de Orion se uniu aos nossos
inimigos e as Sombras que viviam em minhas veias pareciam nada em
comparação com as que surgiam e crescia no horizonte.
A cada dia que passava, parecia que estávamos esperando
que algo terrível acontecesse. Lionel se movendo para o trono,
ou Clara voltar para terminar o que havia começado. Quase
perder Orion me fez sentir frágil, fraca. Mas tivemos uma sorte
inacreditável. E agora sabia que esse tempo precisava ser gasto
ficando mais forte. Mais preparada. Porque se Clara ou
qualquer um dos pesadelos da família de Darius aparecessem
novamente, eu estaria pronta para garantir que eles nunca
mais machucassem ninguém que eu amasse novamente.
Saí do meu quarto vestida com meu uniforme, respirando
fundo enquanto tentava acalmar a inquietação que se enraizou
em mim. As Sombras estavam com mais fome atualmente,
sempre tentando me atrair para um poço de escuridão e doces
promessas. Mas de alguma forma, achei ainda mais fácil me
afastar delas agora. Quando elas me puxaram, tudo que eu via
era o sangue de Orion. Tudo que sentia era aquele medo vazio e
terrível de pensar que ele tinha morrido. Elas me lembraram de
Clara, da pior noite da minha vida. E eu nunca as deixaria me
ter.
Peguei meu Atlas, lendo meu horóscopo enquanto
caminhava pelo corredor em direção às escadas. Iria prestar
muita atenção a ele de agora em diante. Se as estrelas tivessem
algum aviso sobre o meu dia, eu entenderia e tentaria
obedecer. Mas às vezes era tão enigmático que era quase como
se tivesse sido projetado para fazer sentido apenas depois de se
tornar realidade.

Bom dia Gêmeos.


As estrelas falaram sobre o seu dia!
Você pode sentir que o mundo está pairando sobre você
agora. Uma grande tarefa se apresenta e você se sente muito
pequena para conquistar sozinha. Mas tome coragem, pois
enquanto aqueles ao seu redor estiverem em equilíbrio, você não
terá que estar. Com a lua em seu mapa, você pode se sentir mais
emocional no momento. Mas se console com sua presença
embaladora. É um momento de reflexão, foco e preparação para
os próximos dias.

“Bom dia, baby.”


Olhei para cima do meu Atlas com uma carranca,
avistando Seth na escada encostado na parede. Ele parecia um
deus cruel com seu cabelo escuro e estrutura musculosa, seus
traços angulares perfeitamente dispostos em uma indiferença
fria. Ele estava esperando por mim, merda?
Diminuí a velocidade e parei na frente dele, apesar do fato
de que noventa e nove por cento de mim queria continuar
andando. Eu ainda o odiava. Mas havia algo deslizando em
minhas veias agora que eu não conseguia ignorar. Gratidão.
Se não fosse por ele, Orion estaria morto. Simples assim. E
por mais distorcido e confuso que fosse, ainda era a verdade. A
parte mais difícil sobre isso, era que eu tinha que aceitar que
ele não era ruim até os ossos. Ele tinha um fragmento de bem
nele que nunca seria capaz de ignorar por causa do que ele fez.
“O que você está fazendo aqui?” Estreitei meus olhos e ele
se moveu para frente, deixando cair o braço sobre meus
ombros e me conduzindo escada abaixo.
Tentei encolher os ombros, mas ele segurou firme e apertei
meu queixo enquanto seus músculos me prendiam no lugar.
Não via motivo para começar uma briga para me livrar dele. E
talvez estivesse um pouco interessada no que ele tinha a dizer.
“Achei que poderíamos ter uma conversinha.” Ele acenou
com a mão para que uma bolha silenciadora se expandisse ao
nosso redor e lancei um olhar furioso para ele.
“O que você quer?” Pressionei, meu tom mais agudo. Podia
ser grata a ele, mas ainda não confiava em um único fio de
cabelo em sua cabeça.
“Tão desconfiada,” ele zombou. “Talvez eu só queira falar
sobre o tempo. Ou como suas raízes do seu cabelo precisam ser
retocadas.” Ele olhou para meu cabelo e eu fiz uma careta,
tentando me livrar dele novamente. Ele riu sombriamente. “Ou
talvez eu queira falar sobre o que você e seu namorado estavam
fazendo naquela caverna na véspera de Ano Novo.”
“Isso não é da sua conta,” falei, meu coração batendo mais
forte no meu peito.
“Sim, veja... essa merda não vai colar comigo, querida.
Você me deve uma explicação.” Ele me deu um olhar afiado
como navalha, provando que ele era tão idiota como sempre.
“Eu sei que você estava fazendo magia negra. Mas o que não sei
é como Orion acabou ferido. Porque com certeza parecia que
alguém o esfaqueou.”
Ansiosamente manuseei o anel de minha mãe em meu
dedo, que havia encontrado no Palácio das Almas. “Por que
você não pergunta a Darius? Ele é seu melhor amigo, não é?”
Perguntei e sua carranca se aprofundou com as minhas
palavras. Se Darius não estava sendo aberto sobre isso, então
era com ele. Mas com certeza não ia sair de mim.
“Estou perguntando a você sobre isso,” ele rosnou.
“Ele escorregou em uma pedra molhada e caiu sobre sua
adaga drenante,” falei categoricamente.
Seth me girou, jogando-me de volta contra a parede com
um rosnado. Os alunos se espalharam ao nosso redor, gritando
de medo. Apertei minha mandíbula, olhando para Seth
enquanto a magia gotejava em meu sangue. Eu não estava com
medo, estava com raiva. O tipo de raiva que fazia minhas veias
queimarem. Parte de mim queria queimá-lo até virar uma pilha
de cinzas e eu nunca mais teria que lidar com suas merdas
novamente. Mas não pensei que assassinar um Herdeiro
resolveria meus problemas. Mesmo que fosse incrivelmente
satisfatório.
Ele pressionou as mãos de cada lado meu na parede,
prendendo-me enquanto seu lábio superior se afastava em um
rosnado de Lobo. “Não minta para mim, Vega. Tenho o direito
de saber a verdade.”
Dei um pontapé na parede, indo direto para o rosto dele
enquanto a raiva brilhava mais quente dentro de mim, mas
estava começando a se misturar com outra coisa. Algo mais
suave que queria ignorar. “Esse é o seu problema, não é, Seth?
Você não pode fazer uma boa ação a menos que receba algo em
troca. Só porque o salvou, não significa que nenhum de nós vai
lhe contar nada sobre aquela noite.”
Ele bateu a palma da mão contra a parede em frustração.
“Sua pequena ingrata...”
Minha raiva deu espaço àquele pedaço traiçoeiro do meu
coração e cambaleei para frente em um momento de loucura,
envolvendo meus braços em volta dele e o abraçando com
força. O cheiro de terra dele correu sob meu nariz e o calor de
seu corpo duro me lembrou que ele não era apenas um ser de
sangue frio.
“Eu sou grata. Muito grata.” Lágrimas queimaram meus
olhos e me perguntei se a lua era a culpada por eu estar sendo
tão emocional ou se era apenas o fato de que meu
relacionamento com Seth havia se tornado tão confuso que não
tinha mais palavras para expressar o que sentia por ele. Havia
um tipo de ódio amargo que vivia em mim, cavando cada vez
mais fundo. Mas agora havia também carinho por ele, tão
profundo. Porque eu nunca poderia retribuir a ele por dar a
Orion a magia de que ele precisava para sobreviver.
Recuei e Seth me encarou com olhos arregalados, seus
traços de repente infantis em vez de duros e distantes.
“Mas você não pode realmente pensar que uma boa ação,
mesmo que seja a melhor ação que você poderia cometer,
poderia me fazer confiar em você por um único segundo,” falei
sem fôlego, meus pulmões trabalhando muito.
Minha antipatia por Seth tinha sido tão clara, odiava que
estávamos nebulosos agora. Odiava tê-lo abraçado. Detestava
ter que sentir qualquer coisa por ele, exceto raiva. Seth era o
cara que cortou meu cabelo, o cara que manteve eu e Orion
como reféns de suas demandas, que zombou de mim e
humilhou. Eu nunca iria esquecer isso.
Uma carranca apareceu em sua testa e ele balançou a
cabeça lentamente. Ele dissolveu a bolha silenciadora,
recuando para me deixar passar e mantive meus olhos fixos
nos dele enquanto descia para um degrau mais baixo.
“Não me pergunte sobre isso de novo,” falei com firmeza, e
seus lábios se contraíram daquele jeito de garoto rico que dizia
que ele odiava ser negado a qualquer coisa.
Virei-me e continuei andando tomando fôlego para me
acalmar enquanto descia as escadas.
“Eu ainda possuo você!” Seth chamou atrás de mim, sua
voz soando ao redor da escada. Não respondi, apesar do meu
peito torcer e minha mandíbula apertar.
Veremos isso quando Darius Acrux tiver uma palavra com
você, idiota.
Depois do café da manhã, fui para minha primeira aula de
Cardinal Magic do semestre. Tory não tinha aparecido para
comer e meu coração se agitou de preocupação por ela quando
cheguei ao Jupiter Hall, andando através do enorme átrio
branco e subindo as escadas para a sala de aula.
Os alunos estavam entrando e entrei com Diego e Sofia,
caindo em nossos assentos de sempre.
“Espero que Tory esteja bem,” Sofia disse tristemente,
olhando para mim. “Bati na porta dela esta manhã, mas ela
não respondeu.”
“Ela vai ficar bem,” falei automaticamente.
Tory era a pessoa mais forte que conheci. Mas, no fundo,
sabia que ela estava quebrada. Este era um inimigo que ela não
podia lutar, socar ou insultar. Era uma coisa que viveria com
ela para sempre, o conhecimento de que ela nunca poderia
encontrar o amor iria desgastá-la pro resto da vida. Não
conseguia imaginar o que ela estava passando agora, mas
estaria lá para ela não importava o quê.
Às nove e dez, Tory chegou com uma expressão
desinteressada, seu cabelo fluindo ao redor dela em ondas
perfeitas e seus olhos cheios de delineador como se ela
realmente quisesse chamar a atenção para os anéis escuros
que circundavam suas írises.
Um silêncio abafado caiu sobre a sala e mordi minha
língua, querendo dar um tapa em todos por tratá-la como se
ela fosse um fantasma flutuando ao redor do lugar.
Ela se deixou cair em sua cadeira, pegando seu Atlas e
jogando-o sobre a mesa com estrépito.
“Ei,” falei levemente.
A última coisa no mundo que Tory iria querer era todos
agindo como se ela fosse feita de vidro. Razão pela qual ela
estava andando como se fosse feita de uma porcaria de platina.
Ela enfrentaria isso com a parede mais forte que ela poderia
construir. Mas por dentro, eu sabia que ela estava sofrendo.
Peguei o bolo que guardei para ela no café da manhã e
coloquei em sua mesa. Ela olhou para mim com um sorriso
malicioso. “Você é uma salva-vidas, Darcy.” Ela o agarrou,
dando uma mordida e recostando-se na cadeira com um
gemido de prazer, ignorando os olhares que estava recebendo
ao redor da sala.
Olhei para a porta, meu coração batendo mais rápido
enquanto esperava que Orion chegasse a qualquer momento.
Não sabia por que estava tão nervosa. Talvez porque todas as
vezes que o vi desde a véspera do Ano Novo, me lembrava de
que ele ainda estava respirando. E o tempo todo que não
conseguia vê-lo, meu coração começava a ser levado a pensar
que algo terrível havia acontecido novamente. Ou que o
imaginei sendo salvo e estava vivendo em alguma falsa e bonita
ilusão.
Tyler Corbin pegou um grande saco de Order Snaps e
começou a mexer nos doces mastigáveis, que vinham em
versões multicoloridas de diferentes Ordens, enquanto teclava
com entusiasmo em seu Atlas.
A porta se abriu e Orion entrou na sala como se estivesse
na hora e o resto do mundo estivesse adiantado. Minha boca
secou quando ele chegou à frente da classe, plantando uma
caneca de café em sua mesa e casualmente folheando uma
pilha de papéis. Então ele olhou para cima e seu olhar bateu
no meu. Soltei um suspiro que estava preso em meus pulmões
e um sorriso apareceu no canto da minha boca. Seus olhos
dançaram com a luz por um momento e juro que poderia ter
nadado naquela luz para sempre.
Vivo. Seguro. O mesmo bom e velho Orion.
Ele estalou ao redor com um raio de velocidade de
Vampiro, uma caneta em seu aperto enquanto escrevia no
quadro.

TODOS VOCÊS TÊM SEGREDOS SUJOS.

Algumas pessoas riram nervosamente enquanto ele se


virava para encarar a classe, seus olhos fixos em Tyler
enquanto ele continuava a olhar para seu Atlas e a jogar Order
Snaps em sua boca de forma intermitente. Orion disparou em
direção a ele em um borrão, arrebatando os doces e jogando-os
na parede para que explodissem em todos os lugares. Ele
agarrou o Atlas de Tyler na respiração seguinte, jogando-o
sobre sua própria mesa antes de cruzar os braços e olhar para
ele.
“Não coma na minha sala de aula!” Orion latiu, seu tom
áspero enviando uma injeção de adrenalina em minhas veias.
Tyler ficou boquiaberto, girando em sua cadeira para
apontar para Tory, que ainda estava mastigando seu doce.
“Mas Tory Vega está comendo!” Ele reclamou.
“Eu não me importo se Tory Vega está começando sua
própria padaria lá e usando Polaris como um rolo de massa,
estou falando com você, Corbin,” Orion estalou e suprimi uma
risada, compartilhando um olhar com Tory enquanto ela sorria
maliciosamente.
“Isso é tão injusto,” Tyler reclamou.
“Justiça é um conceito,” disse Orion com um encolher de
ombros.
“Mas você é Libra!” Tyler disse exasperado. “Você é tudo
sobre justiça.”
“Errado. Menos dez pontos da Earth. Libras é sobre
justiça. E decido o que isso significa para mim. E se eu disser
que Tory Vega pode fazer uma venda de bolos e empregar sua
irmã como uma barraca de cupcakes, então serei o primeiro na
fila para a grande inauguração. Mas você, Corbin. Não tem esse
direito. Então, limpe sua bagunça e me veja na detenção na
quinta-feira.”
Tyler franziu os lábios, levantando-se da cadeira e
marchando em direção aos doces espalhados pelo chão,
começando a pegá-los e resmungando sobre favoritismo.
“Meus alunos favoritos são aqueles que não me irritam,”
disse Orion.
“E os que sugam seu pau melhor,” Kylie sussurrou atrás
de mim com uma risadinha e uma rajada de ar me atingiu
quando Orion disparou até sua mesa.
Virei-me com meus lábios abertos quando descobri que
Orion tinha erguido a cadeira inteira de Kylie com mesa e tudo,
segurando pelas duas pernas da frente enquanto a inclinava
para trás. Ela gritou e levantou as mãos para lançar magia do
Ar, espalhando os cadernos das pessoas por toda parte,
enquanto não conseguia controlar seus poderes.
“Se você insinuar algo assim na minha sala de aula
novamente, você não ficará detida apenas pelo resto do mês, o
que você está por sinal, estará fazendo suas malditas malas.”
Ele largou as pernas da cadeira e ela gemeu quando a coisa
toda tombou para trás sobre a mesa. Engasguei quando ela
caiu em direção ao chão, se segurando com a magia do Ar um
segundo antes de sua cabeça bater.
Orion atirou de volta para a frente da sala de aula,
casualmente ajustando sua gravata e tomando um gole de seu
café como se ele não tivesse ferido um aluno quase
mortalmente.
“Certo,” ele disse como se não tivesse havido nenhuma
interrupção. “Hoje vocês vão aprender um feitiço de ocultação.
Alguém pode me dizer os três tipos de magia que podem ser
eficazes para esconder um objeto?”
Sofia levantou a mão junto com alguns outros alunos e
Orion apontou para ela. “Senhorita Cygnus?”
Sofia pigarreou. “Ilusão, confusão e influência.”
“Bom, dez pontos para Ignis,” disse Orion, batendo no
quadro para abrir uma lista de exemplos.

Feitiços de ocultação:

Ilusão -Esconderijos mágicos


Confusão -Fazer com que qualquer Fae que se aproxime do
item escondido fique confuso e esqueça porque eles estavam lá
ou o que estavam procurando
Influência -Causar uma resposta física ou psicológica ao se
aproximar do objeto oculto
“Confundir e influenciar são magias mais avançadas,
então hoje vocês aprenderão uma ilusão simples. Alguém pode
dar um exemplo de ocultação de ilusão?” Orion perguntou.
A mão de Diego se ergueu e Orion apontou para ele. “Um
bolso escondido?” Ele adivinhou.
“Correto,” Orion confirmou. “Outros exemplos podem ser
uma porta ou espaço oculto no chão, ou um objeto pode até
mesmo ser escondido à vista de todos e misturado com seus
arredores. A magia da ilusão funciona como uma máscara. Se
você chegar ao último ano, essas máscaras podem ser usadas
para outras magias mais avançadas. Como esconder seu rosto
para se parecer com outro Fae.” Ele levou a mão ao rosto,
passando a palma por ele de forma que uma luz azul fraca
gotejou sobre sua pele. Um momento depois, seu rosto
apareceu como o de Tyler Corbin. Todos começaram a rir, mas
no momento em que Tyler olhou em volta de onde estava
ajoelhado no chão, Orion dissipou a ilusão e deu-lhe uma
expressão severa em seu lugar. “Vocês também aprenderão a
proteger suas identidades. A maioria dos Fae pode efetivamente
colocar um feitiço anti-mimetismo em sua aparência. No
entanto, poderosos Fae podem quebrar essas barreiras,
portanto, não é totalmente eficaz. Isso é algo que vocês
aprenderão com o tempo.”
Fiz uma careta para Tory, não gostando da ideia de que
alguém pudesse simplesmente pegar nossa identidade quando
quisesse agora. Contanto que eles não fossem capazes de usar
magia. Nossa lista de inimigos poderosos crescia a cada dia. Eu
teria que começar uma planilha do Excel em breve.
Orion sorriu quando uma conversa preocupada começou.
“Bares, clubes, bancos e quaisquer outros institutos privados
têm tecnologia anti-mimetismo instalada nas portas, então não
se preocupem com suas preciosas identidades,” disse ele,
enfiando as mãos nos bolsos. “Não que alguém se importasse
em se passar por vocês,” murmurou baixinho. “Alguém pode
dar um exemplo de um feitiço de ocultação de confusão?”
“Fazer alguém, hum, precisar ir ao banheiro, senhor?”
Uma garota na primeira fila ofereceu.
“Sim, um caso espetacular de dor de barriga pode levar
um Fae para longe de seu objeto oculto,” Orion disse com um
sorriso e todos riram. “Mas é necessária uma poderosa magia
para afetar o corpo de um Fae assim. Especialmente quando
você não está presente para lançá-lo.”
Orion mudou-se para sua mesa, pegando um frasco cheio
de moedas de ouro. Ele começou a se mover pela sala de aula e
jogá-las para todos, fazendo-os tentar segurar, então as
moedas voaram para todos os lados.
“Pitball Keeper!” Ele latiu para mim antes de jogar uma na
minha direção e meu coração estremeceu enquanto eu
cambaleava para fora da minha cadeira e a pegava no último
segundo. Ele sorriu, seus olhos brilhando de satisfação.
“Podemos ter uma chance de derrotar Aurora Academy no
próximo jogo, afinal.”
Eu sorri, caindo na minha cadeira enquanto ele jogava
uma para Tory. Ela nem estava prestando atenção e
ricocheteou na mesa com tanta força que pegou em Diego e
atingiu-o no olho. O que era muito estranho, considerando que
ele era adjacente a ela, então tive a estranha sensação de que
Orion havia usado sua magia do Ar para enviá-la em sua
direção.
“Hijo de puta,” sibilou Diego, colocando as mãos nos olhos.
“Linguagem, Polaris. Menos cinco pontos da Aer,” Orion
gritou com ele e franzi os lábios. Ele poderia ser um idiota às
vezes.
Quando todos tinham uma moeda, Orion foi para a frente
da classe, colocando sua própria moeda sobre a mesa.
“Ilusão tem tudo a ver com sutileza,” explicou ele, batendo
na madeira ao lado da moeda. “Você precisa estudar a área que
vai copiar e certificar-se de que a máscara criada em torno do
objeto é perfeita. Feitiços de ocultação inadequados podem ser
notados a uma milha de distância, se alguém estiver
procurando por tudo o que você escondeu.” Ele olhou para
todos nós. “E tenho certeza de que pelo menos um de vocês
tem itens que prefere manter fora de vista. Eu, pelo menos, não
tenho nenhum prazer em preparar quartos para calouros. Você
só pode imaginar a quantidade de pornografia de Ordens e
brinquedos sexuais estranhos e maravilhosos que tive o
desagrado de descobrir. Se você acertar esse feitiço, terá uma
chance de escondê-los. Claro, infelizmente estou muito apto a
descobrir feitiços de ocultação, então, a menos que você possa
disfarçar sua assinatura mágica também, provavelmente está
ferrado.”
“Eu me pergunto quantos vibradores de chifre Pegasus
brilhantes Caleb Altair escondeu em seu quarto,” Tyler meditou
enquanto ele caia de volta em sua cadeira com um saco cheio
de doces e risos explodiram pela sala de aula.
Olhei para Tory com um sorriso malicioso, mas ela nem
sequer conseguiu sorrir. E isso quebrou meu coração em
pedaços.
Orion pressionou a língua na bochecha, recostando-se
contra a mesa e segurando a borda dela. “Bem, só encontrei
um, mas a habilidade do Sr. Altair pode significar que todas as
lâmpadas, velas e vasos de plantas em seu quarto estão
escondendo paus brilhantes. Não que eu esteja julgando.”
Mais risadas correram ao redor da sala e Tyler balançou
em sua cadeira com entusiasmo. “Ele provavelmente tem um
escondido na bunda o tempo todo!”
“Outros dez pontos a menos da Earth,” Orion gritou para
ele e a classe ficou completamente quieta.
1
Orion estava seriamente interpretando Jekyll e Hyde hoje
e o sorriso dançando em seus lábios dizia que ele estava
gostando muito disso. Idiota que ele era e não pude deixar de
amá-lo por ser um pouco psicopata. Sua ideia de diversão
vinha com um pequeno toque sádico. E isto me deixava quente.
Tyler afundou mais em seu acento com um bufo, mas não
disse outra palavra.
Orion pressionou os dedos na moeda em sua mesa. “Traga
energia pura para as pontas dos seus dedos e visualize a
superfície que você está tentando esconder. Quanto mais clara
for a imagem que você imaginar, mais fácil será a magia de
moldar. Depois de segurá-la, um simples movimento de mão
como este...” Ele passou os dedos pela moeda e ela
desapareceu instantaneamente. “Vai fazer o truque. Se ajudar,
o movimento é semelhante ao de virar a página de um livro.
Suave, com pouco esforço necessário. Se seus movimentos são
muito duros, bem...”
Como se fosse uma deixa, a mesa de Diego rachou no meio
enquanto ele tentava o feitiço e Orion apontou. “Isso pode
acontecer. E se você for mais poderoso do que Polaris, e vamos
encarar, a maior parte do mundo é, então você pode causar
muito mais danos do que ele. Comecem.”
Diego resmungou baixinho quando a conversa estourou ao
redor da sala e todos tentaram o feitiço.
Orion veio para ficar na frente de Diego, cruzando as mãos
atrás das costas. “De novo,” ele exigiu e Diego respirou fundo,
parecendo um pouco suado sob a intensidade do olhar do
Orion enquanto erguia a mão acima da moeda. Ele fez uma
varredura sutil e a moeda ficou preta como breu.
A boca de Orion se torceu nos cantos. “Concentre-se na
superfície.” Ele bateu na mesa.
“Estou tentando,” disse Diego com firmeza. “Mas tudo o
que estou vendo são seus olhos negros enlouquecidos olhando
para mim, senhor.”
Orion revirou os olhos e desviou para ficar na minha
frente. “Envergonhe o Polaris, Blue,” ele encorajou e segurei
meus dedos acima da minha moeda.
“Ele tem razão, senhor, você está me distraindo muito
2
parado aí como o Grim Reaper ,” falei levemente.
Ele colocou as mãos na minha mesa, inclinando-se sobre
mim com suas presas à mostra. “E se você precisar esconder
uma arma do crime com os policiais a dois segundos de
distância, hum? E se você não fizer isso direito por causa do
estresse?”
“Você está me ensinando a escapar impune de um
assassinato, senhor?” Provoquei e ele riu em um tom baixo.
“Estou ensinando você a lançar magia sob pressão,” ele
disse, me fixando naqueles olhos infinitamente escuros. Meu
estômago afundou e o calor escorreu pela minha espinha. Sim.
Oficialmente distraída.
Baixei meu olhar para a moeda e foquei na superfície da
mesa ao redor dela. Bloquear Orion não foi fácil, mas quase
consegui antes de levantar minha mão e suavemente escovar
meus dedos sobre a moeda da maneira que ele nos ensinou. A
moeda mudou de cor para se misturar à mesa, mas ainda era
visível. Franzi meus lábios, olhando para Orion em busca de
dicas e ele estendeu a mão para pegar a minha. A energia
frenética que passou entre nós fez meu pulso pular enquanto
ele guiava meus dedos sobre a moeda.
“Você tem que acreditar que não está aí com todo o seu
coração,” ele sussurrou, sua voz fazendo os pelos de meus
braços se arrepiarem.
Engoli em seco, baixando meu olhar para a moeda
enquanto liberava a magia das pontas dos meus dedos
novamente com ele guiando minha mão. No momento em que
imaginei a mesa sem uma moeda sobre ela, segurando aquela
imagem vividamente em minha mente, ela desapareceu, tão
simples quanto isso.
Olhei para encontrar Tory nos imitando com uma
expressão tensa, mas ela também conseguiu fazer.
Orion olhou entre nós com um sorriso malicioso e, em
seguida, baixou o tom. “Os Herdeiros recebem tarefas mais
avançadas em minhas aulas. Se vocês duas quiserem se
desafiar, só precisam pedir.” Ele disparou para ajudar Jillian
enquanto sua mesa subia ao teto e despedaçava.
Os olhos de Tory brilharam por um momento enquanto ela
olhava para mim e meu coração se ergueu com a visão.
“Devíamos fazer isso,” disse ela. “Nós temos que trabalhar
duro.”
Acenei com a cabeça em concordância. “Com certeza. E
um dia iremos ultrapassa-los e os deixaremos em nossos
rastros de poeira.”
Sua boca se ergueu um pouco no canto, mas ela realmente
não sorriu. Eu não estava suportando isso. Se houvesse algo
que pudesse ser feito para consertar o que aconteceu entre ela
e Darius, eu faria sem dúvida. O pior de tudo que foi ela que
escolheu isso. Preferiu isso à alternativa. Mas as estrelas eram
realmente tão cruéis que ela deveria ser punida pelo resto da
sua vida porque não escolheu acasalar com um cara que a
machucou de maneiras indescritíveis?
Enrolei minhas mãos em punhos sobre a mesa, sem saber
o que fazer com toda a raiva e dor que vivia dentro de mim por
ela. As Sombras arranharam seu caminho sob minha pele,
tentando se alimentar dessa aflição, tirá-la. Mas elas não
podiam tê-la. Era meu desespero para suportar, e eu não iria
deixá-las me dominar.
Quando a aula terminou, Diego acertou o feitiço e Orion
ensinou a mim e a Tory como esconder nossas assinaturas
mágicas em nossos disfarces também. Era como retirar a
energia em torno do feitiço que acabamos de lançar, sugando-o
até que houvesse o mínimo possível de uso para ocultá-lo, sem
deixar pistas de que um objeto estava ali. Eu estava animada
para usá-la de verdade, e meio irritada por não saber fazer isso
antes para esconder a Aquarius Moonstone do Seth. Ele
poderia nunca ter descoberto que lhe dei pulgas. Mas com toda
a justiça, foi muito bom que ele soubesse que planejei aquele
golpe contra ele. Depois de toda a merda que ele me fez passar,
um pouco de isolamento da sua matilha e bolas com coceira
constante definitivamente eram justos.
O sino tocou e todos nós começamos a nos dirigir para a
porta.
“Preciso discutir os detalhes dos presentes da Ordem com
você, Blue,” a voz de Orion cortou o ar e lutei contra um sorriso
enquanto me contive.
“Vou guardar um lugar para você no Tarot,” Tory disse
com um olhar astuto e apertei seu braço em agradecimento
antes de deslizar para a mesa de Orion. Alguém puxou minha
manga e olhei para trás para ver Diego ali com uma expressão
pálida.
“Hum, Darcy, posso falar com você?”
“Não agora, Polaris,” Orion retrucou, acenando com a mão
para que uma rajada de ar colidisse com Diego e o mandasse
voando para fora da sala com o último dos alunos. A porta se
fechou e olhei para Orion, plantando a mão no meu quadril.
“Isso foi rude,” falei severamente. Ele sacudiu a mão para
lançar uma bolha silenciadora, em seguida, disparou em
minha direção, tirando meu fôlego dos meus pulmões enquanto
me jogava encima da mesa de Tyler e pressionava sua língua
entre meus lábios.
“Sou rude,” ele rosnou em minha boca.
Eu gemi, enredando minhas mãos em seus cabelos
enquanto o calor de sua carne trazia meu corpo à vida. Esqueci
tudo, o mundo era apenas um borrão cinza nebuloso ao nosso
redor enquanto eu me agarrava a este homem que fazia cada
parte de mim esquentar. Meu coração parecia que estava
tentando sair do meu peito para se aproximar dele, mas eu
sabia que isso tinha que parar. Era o meio de um dia de escola
e, embora soubesse que ele podia ouvir alguém se
aproximando, meu pulso ainda batia forte com adrenalina.
“Lance, se formos pegos…” eu disse sem fôlego enquanto
ele forçava minhas coxas mais abertas em torno de seus
quadris.
“Não vamos,” ele rosnou, entrelaçando os dedos na minha
camisa.
Ele me beijou novamente, puxando os botões e deslizando
a mão no meu sutiã, um grunhido de desejo o deixando
quando ele encontrou meu mamilo duro e dolorido por ele.
Engasguei quando ele beliscou minha carne sensível, sua outra
mão navegando por baixo da minha saia e escovando o centro
da minha calcinha.
“Ah,” gemi, seu polegar patinando sobre aquele ponto
perfeito entre minhas coxas.
Estávamos com tanta fome um do outro, tudo em nossos
movimentos era apalpado e frenético. Ele inclinou minha
cabeça para o lado, sua boca percorrendo meu pescoço
enquanto procurava por uma veia, seu desejo pelo meu sangue
tão forte quanto seu desejo por mim.
Uma batida soou na porta e ele gemeu, pressionando sua
testa no meu ombro em frustração.
Ele sacudiu os dedos para dissolver a bolha silenciadora e
gritou: “Estou ocupado! Volte mais tarde.”
“É só quê... é muito importante,” a voz de Diego soou além
da porta.
“Eu disse que não agora!” Orion latiu, mas pressionei a
mão em seu peito, balançando a cabeça.
“Ele disse que é importante,” sussurrei e Orion puxou a
mão da minha camisa, suas sobrancelhas arqueando enquanto
ele passava os nós dos dedos em minha bochecha.
“Você é importante,” ele rosnou, seu polegar pressionando
entre minhas coxas no mesmo momento em que ele colocou a
mão sobre minha boca.
“Lance,” implorei contra sua palma, embora minhas coxas
se alargassem, traindo o apelo para que ele parasse.
A batida retumbou novamente e a cabeça de Orion estalou
em direção à porta com homicídio em seus olhos.
“É sobre... sobre sua irmã, senhor,” Diego sibilou e meu
coração disparou.
Peguei o pulso de Orion, puxando sua mão livre da minha
saia e empurrando-o de volta. Eu estava tensa e com calor,
mas isso não era algo que pudesse esperar.
Rapidamente fechei os botões da minha camisa e Orion me
examinou antes de atirar em sua mesa e cair no assento atrás
dela. Ele reorganizou suas calças e lutei contra um sorriso
antes de me mover para ficar diante da mesa, então ele
casualmente apontou a mão para a porta para abri-la.
“Entre,” ele exigiu de Diego, virando os dedos para bater à
porta atrás de si.
Diego puxou um lado do gorro preto enquanto se movia
em nossa direção, a ansiedade cintilando em seus olhos.
Orion lançou outra bolha silenciadora e ergueu uma
sobrancelha para Diego. “Então?”
Diego olhou para nós, entrelaçando os dedos. “Bem... você
sabe o que te contei sobre como mi abuela fez este gorro?” Ele
apontou para ele.
“Como poderia esquecer?” Orion perguntou secamente,
recostando-se em sua cadeira com uma expressão desconfiada.
Diego pigarreou e dei a ele um olhar encorajador. “Está
ligado às almas da minha família. Podemos usá-lo para
mostrar coisas um ao outro... como nossas memórias.”
“Isso é loucura,” murmurei. “Então você pode ver os
pensamentos dos seus pais?”
“Si.” Ele assentiu. “Mas apenas o que escolhemos
compartilhar uns com os outros. Depois de compartilhado, ele
fica acessível a todos que estiverem conectados por meio do red
de alamas de mi abuela. Sua teia de almas.”
“Você está circulando o ponto como a porra de um abutre,
Polaris. Vá em frente,” Orion disparou.
A garganta de Diego balançou e me aproximei dele,
colocando minha mão em seu braço. “Está tudo bem,” falei. “O
que é?”
“Minha família está ajudando os Acrux.” Ele olhou para
Orion nervosamente.
Orion molhou os lábios, sentando-se para frente em sua
cadeira. “Estou ouvindo.”
“Eles foram visitá-los ontem à noite e senti que
acrescentaram uma memória à teia. Quando olhei, eu vi... eu
vi...” Ele começou a suar, tirando o gorro e enxugando a testa
com ele.
Orion bateu com a mão na mesa com impaciência e Diego
se encolheu.
“Eu vi la Princesa de las Sombras,” ele falou sob sua
respiração, olhando para Orion. “A Princesa das Sombras. Sua
irmã.”
Meu estômago deu um nó e agarrei o braço de Diego com
mais força. “O que ela estava fazendo?”
“Posso te mostrar,” ele disse. “Quero ajudar.”
“Você iria contra sua própria família?” Orion perguntou em
um tom mortal. “Por quê?”
Diego torceu o gorro entre os dedos. “É difícil de explicar.”
“Então tente,” Orion rosnou.
Mordi meu lábio, esperando Diego falar, sem saber se
confiava nele ou não. Meu coração me disse que ele realmente
queria ajudar. Mas como poderia saber com certeza?
Diego pigarreou e suas bochechas ficaram vermelhas
enquanto ele olhava para o chão. “A verdade é que nunca
conheci uma casa antes de vir para a Zodiac Academy. Tenho
sido uma decepção para todos em minha vida. Minha família
acha que sou um inútil. E também pensei nisso por um
tempo..., mas posso ajudar. Posso ser útil. Mas não para eles,
para meus amigos.” Ele olhou para mim com um leve sorriso
puxando seus lábios que fez meu coração apertar. “Para as
pessoas que me aceitaram como sou, que nunca me pediram
para ser nada além de mim.”
Dei a ele um sorriso tranquilizador, triste por ele se sentir
assim em relação à sua família. Mas tinha certeza de que ele
estava falando a verdade. Algo até os ossos me disse isso.
“Bem, me desculpe se não puxar a caixa de lenços de
3
papel e começar a tocar o menor violino do mundo , Polaris,
mas vou precisar de mais do que uma porra de uma história
triste para me convencer.” Orion se levantou de seu assento,
aparentemente livre do tesão enquanto caminhava ao redor da
mesa e olhava para Diego com os olhos semicerrados.
“Dê a ele uma chance de provar isso,” falei, levantando
meu queixo. “Acredito em sua palavra.”
O olhar de Orion deslizou para mim e sua mandíbula
pulsou enquanto ele refletia sobre minhas palavras. “Não vou
correr nenhum risco estúpido.”
“Não há risco,” Diego prometeu. “Posso mostrar as
memórias através das Sombras. Isso é tudo. Eles nunca
poderiam dizer que você as viu.”
Orion passou a língua pelos dentes, aproximando-se de
Diego em uma postura intimidante. “Se você tentar me foder,
garoto, vou quebrar todos os ossos do seu corpo. E se você
tentar foder com as Vega, vou arrancar tudo, quebrá-los um
por um e depois bater no liquidificador e alimentá-lo com um
canudo. Conheço alguns feitiços nojentos que vão garantir que
você continue vivo durante todo o processo. Marque as minhas
palavras.”
Meus lábios se abriram e, inferno, estava
vergonhosamente excitada por ele naquele momento.
Diego endireitou a coluna e cerrou os punhos. “Juro que
não vou.” Ele estendeu a mão. “Juro pelas estrelas se isso faz
você se sentir melhor.”
Os olhos de Orion deslizaram para a mão de Diego
estendida entre eles, então ele estalou a língua, virando-se e
caminhando de volta para sua mesa. Ele abriu as gavetas uma
de cada vez, vasculhando-as em busca de algo antes de
finalmente pegar um lindo cristal azulado de lápis-lazúli.
“Tenho uma ideia um pouco melhor,” disse ele,
mortalmente calmo. “Você vai fazer uma Promessa das estrelas
comigo e com a Blue. Então fará com Darius e Tory quando os
vir também. Se você nos trair, sentiremos. E as estrelas irão
amaldiçoá-lo pelo resto dos seus dias miseráveis. O que será a
soma total de um, durante o qual começará o festival de ossos
batidos e quebrados.”
Seria hilário se ele não estivesse parecendo tão sério.
Realmente imaginei que meu namorado professor louco teria
feito Diego beber seus próprios ossos no milkshake mais
bagunçado do mundo.
“Farei tudo o que você quiser para ganhar sua confiança.”
Diego continuou a estender a mão, mas ela definitivamente
estava tremendo um pouco quando Orion a agarrou e
pressionou o cristal em sua palma e ele começou a brilhar. Ele
marcou linhas e me aproximei para observar enquanto ele
pintava a constelação de Aquário do Diego em sua pele em uma
marca que brilhava como o cristal. Em seguida, ele marcou a
constelação de Libra na palma da própria mão e segurou a mão
de Diego com o que parecia um aperto contundente. “Você vai
jurar não dizer uma palavra sobre o que discutimos juntos,
nunca compartilhar uma memória ou um pensamento sobre o
seu tempo comigo, as Vega ou Darius Acrux, a menos que
concordemos.”
“Eu juro.” A magia brilhou entre suas palmas e Orion
largou a mão, parecendo satisfeito enquanto se movia para
frente para pegar a minha. Ele a ergueu, pressionando o cristal
na minha palma e desenhando a constelação de Gêmeos com
movimentos suaves. Olhei-o sob meus cílios, vendo a
preocupação em sua expressão e desejando que pudesse
acalmá-la. Sabia das suas preocupações. Ele estava com medo.
Com medo do mundo cair sob nossos pés a qualquer momento.
Eu estava com medo da mesma coisa.
Entre toda a escuridão que pairava sobre nós, ele era um
farol sólido de luz que eu conseguia enxergar. Ele e Tory eram
as únicas coisas que me importavam. Eu tinha que protegê-los,
mantê-los por perto. Mas não podíamos simplesmente nos
esconder ou fugir. Tínhamos que ficar de pé e lutar. E se Diego
pudesse nos ajudar a fazer isso, então essa era uma chance
que tínhamos que aproveitar.
Diego avançou, pegando minha mão e Orion me orientou a
repetir as palavras que ele havia falado antes. Quando Diego
concordou, uma magia fria e poderosa inundou minhas veias.
Senti o peso do acordo deslizando em volta do meu coração,
junto com o outro que fiz com Orion. Quando prometemos
sempre fazer o que fosse necessário para ficarmos juntos.
“Mostre-nos então,” Orion exigiu, olhando para Diego com
uma mandíbula apertada. “Vamos ver essa memória.”
A mão de Diego ainda segurava a minha e ele estendeu a
mão para pegar a de Orion.
Orion parecia querer ficar de mãos dadas com Diego tanto
quanto queria se jogar da janela mais próxima e estilhaçar sua
cabeça nas pedras do calçamento abaixo, mas ele estendeu a
mão e o fez mesmo assim.
“Temos que nos conectar através das Sombras,” explicou
Diego. “Alcance-me com elas.”
Respirei lentamente e fechei os olhos enquanto me
concentrava. As Sombras estavam esperando, prontas,
enroladas como uma cobra em meu peito procurando uma
presa. Eles deslizaram em direção a Diego sem muito incentivo
e senti a calmaria delas me cercando.
Minha pulsação soou lenta e estável em meus ouvidos, o
thump, thump, thump, era a única coisa que pude ouvir
quando comecei a mergulhar no abismo.
A presença de Diego e Orion brilhou na minha periferia e
senti Diego nos puxando para a escuridão, levando-nos bem
fundo, bem fundo na barriga das Sombras.
Meu domínio sobre o mundo Fae estava se esvaindo
enquanto me tornava leve, flutuando em um mar de nada.
Deveria ter sido assustador, mas as Sombras me envolviam,
mantendo minha mente calma e meu pulso batendo com uma
melodia constante.
Thump, thump, thump.
Uma luz se expandiu diante de nós e de repente estava
olhando para o que parecia ser uma nuvem, suspensa diante
de nós no escuro. Era branco e ainda parecia mais denso do
que uma nuvem normal, como se pudesse mergulhar meus
dedos e encontrar uma textura espumosa esperando por mim.
Raios de luz dançaram por ele e com cada flash, observei
rostos, paisagens, momentos. Eu vi Diego quando ele era um
menino, parado em uma colina no escuro, os olhos arregalados
e as bochechas salpicadas de tinta vermelha. Em seguida, ele
passou rapidamente e o vi segurando sua carta de aceitação da
Zodiac Academy, seu rosto brilhando de entusiasmo. Senti a
atmosfera torcer e se contorcer e de repente uma memória
ficou mais brilhante entre todos eles, atraída para a superfície
da nuvem e preenchendo-a por completo, então mais e mais
até que deslizou em minha mente e brincou como se estivesse
vendo através dos meus próprios olhos.
Eu estava na casa de Lionel Acrux, olhando Clara se
levantar na mesa de jantar. Lionel sentava-se na outra
extremidade enquanto seus seguidores vis se amontoavam ao
redor dela, maravilhando-se com a Princesa das Sombras
enquanto ela empunhava sua escuridão como se fossem
extensões de seus membros. Seu corpo estava envolto em
Sombras, que ela direcionou para todo o teto abobadado,
lançando-as em figuras sombrias. Lionel olhou para eles com
uma espécie de vitória sinistra em seus olhos. Como se ele já
fosse vencedor desta guerra.
Meu intestino apertou em uma bola de raiva enquanto
olhava para a garota que machucou Orion. Sabia que ela era o
sangue dele, mas não enxerguei nada além de um monstro
espreitando atrás de seus olhos. E se isso não fosse uma
memória, teria tentado despedaçá-la com meu Fogo da Fênix e
destruí-la para sempre por ter colocado a mão em seu irmão.
“Clara Orion nos guiará no caminho das Sombras,”
anunciou Lionel. “Ela sofreu nas trevas por todos nós e agora
devemos a ela nossa gratidão.” Ele se levantou da mesa,
erguendo uma lâmina antes de puxar sua manga para trás e
abrir seu braço.
Engasguei no tempo que o corpo que estava
experimentando essa memória enquanto Lionel derramava seu
sangue em um copo de cristal, estendendo-o para Clara com
um sorriso sombrio.
Clara correu para pegá-lo, caindo de joelhos diante dele na
mesa e engolindo até a última gota do copo.
“Vocês vão honrá-la como eu,” Lionel disse, um tom
irritado e todos ao redor da mesa se apressaram em oferecer
seu sangue também. “Nossa Princesa das Sombras!”
A memória se desvaneceu antes que ela mergulhasse em
mais copos de sangue e me vi sendo arrancada da escuridão,
piscando bruscamente enquanto observava a sala ao meu
redor. Meus olhos se encontraram com os de Orion quando
liberamos as mãos do Diego e meu coração batia
descontroladamente fora do ritmo.
A testa de Orion estava enrugada e ele parecia pálido,
quebrado. Seu coração estava despedaçado. Eu queria correr
para frente e envolver meus braços em torno dele, prometendo
que tudo ficaria bem. Que descobriríamos o que fazer com sua
irmã. Mas com Diego ali, não poderia fazer nada além de olhar
e sentir seu sofrimento exalando como uma onda quebrando
contra minha alma.
“Posso mostrar tudo,” Diego respirou. “Tudo o que há para
mostrar.”
“Obrigada, Diego,” falei sinceramente, avançando para
abraçá-lo. Com ele, tínhamos uma fonte de informações sobre
Lionel. Ele era nosso próprio espião das Sombras, uma chance
de chegar à frente de nossos inimigos.
Sentei-me na minúscula praia da Draco Island no mar, olhando para
trás em direção à costa onde podia ver os penhascos rochosos que
formavam Aer Cover com minha mente vasculhando as mesmas coisas
repetidamente.
Roxy. Lance coberto de sangue. Roxy. Clara fortalecendo o
controle de meu pai sobre as Sombras. Roxy. Meu pai
conspirando para derrubar o Conselho Celestial e me forçando
a ficar em silêncio com magia negra. Roxy. O rosto da mãe
quando sua fachada perfeita se estilhaçou pela primeira vez em
muito tempo. Roxy. A dor de Xavier trancado naquele inferno.
Roxy. As Sombras me chamando para mais perto. E Roxy.
Soltei um longo suspiro enquanto olhava para a lua
nascendo. Com o passar dos anos, fiquei estupidamente bom
em dizer as horas pela posição do sol e da lua no céu, para não
perder o controle quando saísse voando, e tinha cerca de meia
hora antes de ir para encontrar os outros em Aer Cover para
nossa lição das Sombras.
Mas havia algo que eu precisava fazer antes disso. Estava
adiando porque basicamente evitava a todos, incluindo os
outros Herdeiros, mas havia um problema que precisava ser
resolvido.
Levantei-me e comecei a correr ao longo da areia, saltando
para frente e mudando no mesmo movimento. Fiz a transição
perfeitamente, meu Dragão explodindo de minha carne em um
flash de escamas douradas e fogo explodindo de minhas
mandíbulas enquanto minhas garras deslizavam pelas pontas
das ondas.
Bati minhas asas com força e decolei em direção ao céu,
olhando as estrelas com desprezo e enviando uma torrente de
fogo resplandecente em sua direção. Não que elas se
importassem. Eu não sabia se tinha nascido amaldiçoado ou se
elas apenas divertiam-se tanto com a minha dor que passaram
a gostar do sabor dela. De qualquer forma, os céus me
ofereceram mais do que minha cota de azar habitual.
Afastei-me delas, não querendo ver seu brilho zombeteiro
enquanto fazia um caminho de volta para o campus. Voei
direto através dos feitiços de detecção, não dando a mínima
que Nova teria me registrado entrando ou saindo do campus.
Um Dragão precisava de quilômetros de céu livre para voar e
circular somente a escola simplesmente não funcionaria para
mim. Especialmente no momento em que eu precisava do
conforto da minha forma de Ordem mais do que nunca. Estive
voando mais do que dormindo na maioria das noites e não
tinha intenção de parar esse costume tão cedo.
Os penhascos logo apareceram à minha frente e corri em
direção a eles, circulando algumas vezes para me desacelerar
antes de pousar perto da Aer Tower e voltar à minha forma
Fae. Dissolvi o feitiço de ocultação que coloquei nas minhas
coisas, que deixei em um pedaço de grama no topo do
penhasco e arrastei minha calça de moletom preta e tênis antes
de pegar meu Atlas e enviar a Seth uma mensagem para me
encontrar aqui. Joguei uma bolha silenciadora sobre a área
para que pudesse manter nossa conversa privada quando ele
chegasse.
Olhei para as tatuagens que serpenteavam pelo lado
direito do meu peito, as iniciais das pessoas que mais gosto
neste mundo tecidas no padrão de chamas que lavaram sobre
meu ombro da boca do Dragão em minhas costas. Meu polegar
deslizou sobre o X, L, M e C antes de finalmente parar no S,
onde pressionei com força suficiente para sentir uma pontada
de dor.
Meu sangue estava correndo quente com minha magia de
Fogo e estava dançando uma linha fina de raiva na maioria dos
dias de qualquer maneira, então não me importava exatamente
em ter uma desculpa para desabafar um pouco.
“E aí, cara?” Seth chamou quando apareceu, correndo ao
redor da torre enquanto se movia em minha direção. “Estamos
preocupados com você... quer vir para o Hollow?”
Estive evitando os outros Herdeiros fora das aulas durante
toda a semana e não tinha exatamente muito a dizer quando os
via. Sabia que eles queriam me ajudar, mas entre Max
encolhendo-se toda vez que ele chegava perto de mim como
uma mera sugestão de minhas emoções causando-lhe dor
física, Seth choramingando e tentando me acariciar todo o
maldito tempo e Caleb... fodido Caleb com sua porra de rosto
bonito, sua porra de cabelo loiro e suas porras de presas que
ficava muito perto da minha garota com muita frequência, sem
mencionar o que ele fazia com a porra do resto do seu corpo e...
Não era minha garota.
Nunca seria minha garota.
Meu queixo apertou e caminhei em direção a Seth
enquanto ele me dava um olhar de pena, como se pudesse ler a
porra da minha mente.
“Nós temos um problema,” rosnei, minhas mãos se
fechando em punhos.
“Como posso ajudar?” Seth perguntou, afastando seu
longo cabelo do rosto. Seu olhar se desviou para os meus
punhos e ele endireitou a espinha enquanto parecia perceber
que este era um problema entre mim e ele.
“Você andou fodendo com o Lance e a Gwendalina Vega?”
Perguntei sombriamente.
Seth lambeu o lábio inferior, seu olhar passando por mim
como se ele estivesse se perguntando o quanto eu sabia e
quanta merda ele poderia me enrolar.
“É só um pouco divertido, cara. Todos nós concordamos
em foder com as Vega e...”
Rosnei quando me lancei contra ele e Seth tentou se
esquivar enquanto eu golpeava seu rosto com o punho.
Meus dedos bateram em um escudo de ar e ele rosnou
para mim enquanto vinhas grossas saltavam do chão aos meus
pés, prendendo minhas pernas e me mantendo no lugar.
Seth apontou bem na minha cara ficando fora de alcance
enquanto me observava. “Vou te dar um passe livre porque
você teve seu coração arrancado, mas se você tentar vir para
cima de mim novamente, vamos ter um sério...”
O fogo saiu da minha carne e destruiu as videiras em
menos de um segundo e eu estava sobre ele no segundo depois.
Cobri meus dedos com gelo e os bati contra o seu rosto,
antes do escudo de ar que ele lançou ao redor de si mesmo com
cada grama da força que possuía.
O chão tremeu e estremeceu debaixo de mim enquanto
Seth rosnava como o Lobo que era. “Por que você se importa
comigo torturando Darcy Vega?” Ele rosnou. “Isso foi o que
todos concordamos em fazer quando descobrimos que elas
voltariam para cá!”
Rugi para ele enquanto jogava toda a minha magia no gelo
ao redor do meu punho e seu escudo se quebrou quando meu
punho colidiu com o seu rosto novamente.
Bati nele instantaneamente, pegando-o pela garganta e
jogando-o de volta contra a parede de pedra da Aer Tower com
um rosnado de Dragão que atingiu meu corpo.
Os punhos de Seth bateram em minhas costelas e por um
momento apenas me banhei na dor que ele me trouxe
enquanto mantinha meu aperto em sua garganta e o prendia
no lugar. Foi um tipo distorcido de alívio sentir algo diferente
da porra do meu coração partido. Estava quase tentado a soltá-
lo e deixá-lo bater em mim apenas para sentir uma agonia
diferente por um tempo.
“Lance está fora dos limites,” rosnei. “O que significa que a
garota que ele ama está fora dos limites também.”
“Foda-se você. Você não pode simplesmente fazer as
regras!” Seth gritou, me socando com tanta força que causou
um estalo em minhas costelas.
Sua palma se abriu, mas antes que ele pudesse usar sua
magia para me afastar, direcionei meu próprio gelo sobre suas
mãos, prendendo-as na parede atrás dele e imobilizando sua
magia no ato.
Descobri meus dentes para ele, apertando sua garganta
ainda mais forte por um segundo, apenas para que ele
soubesse que eu segurava sua vida em meu punho. Só para
que ele pudesse ver exatamente qual de nós tinha saído por
cima aqui.
Seus olhos brilharam perigosamente, mas não de medo.
Mais como traição.
“Você escolheria a porra das Vega em vez do seu próprio
irmão?” Ele sibilou, nem mesmo se preocupando em lutar mais
contra mim enquanto me lançando um olhar venenoso. “Quem
diabos é você agora, Darius?”
Respirei fundo e afrouxei meu aperto.
“Não estou escolhendo ninguém em vez de vocês,” falei em
voz baixa enquanto as Sombras cintilavam sob minha pele,
sussurrando sua sede de sangue em meus ouvidos e
alimentando o poço de raiva em mim. “Mas você já parou para
pensar na maldição que meu pai lançou sobre Lance quando
vinculou sua vida à minha?”
O olhar de Seth pousou no meu antebraço, onde a marca
Libra se destacava vermelha entre as tatuagens que fiz de todos
os outros signos.
“Parece que há coisas piores do que estar ligado a um dos
homens mais poderosos de Solaria,” Seth sibilou com desdém.
Rosnei de novo, o calor queimando sob minha pele e
fazendo-o estremecer enquanto o queimei antes de colocá-lo de
volta sob controle.
“Ele teve uma vida antes disso. Tinha coisas que queria,
coisas que ganhou. Ele deveria estar vivendo a porra dos seus
sonhos jogando na Liga Solar de Pitball agora. Não preso aqui
ensinando. Sua mãe é uma porra de uma psicopata, sua irmã
desapareceu anos atrás e ele não foi capaz de tomar uma única
decisão para sua própria felicidade desde o momento em que
meu pai o vinculou a mim. Mas de alguma forma, em meio a
toda essa merda, ele encontrou uma garota para amar. Mas
você, filho da puta egoísta que é, quer arrancar isso dele
também?” Eu estava gritando na cara dele e nem dei a mínima.
Estava cansado de ver meu pai tratando minha vida como se
fosse nada mais do que algo com que ele pudesse brincar e não
deixaria Seth fazer isso com Lance.
Poder absoluto corrompe absolutamente. Era uma
daquelas frases clichê que todos diziam, mas elas não
pensavam muito. Mas havia uma verdade real nisso. O poder
era a raiz de todos os meus problemas. Cada um deles. E eu
não iria mais assistir as pessoas ao meu redor abusando dele.
“Tudo bem,” Seth rosnou, recostando-se contra a parede
enquanto a luta o deixava. “Nunca contaria a ninguém sobre
eles de qualquer maneira. Só gostava de foder com eles, apenas
isso.”
Olhei em seus olhos castanhos por um longo momento,
não vendo nada além de honestidade em seu olhar e bufei de
frustração antes de retirar meu aperto da sua garganta e dar
um passo para trás. Deixei o gelo derreter das suas mãos
também, mas ele permaneceu onde estava, me olhando como
se não soubesse o que diabos eu faria a seguir. E nem mesmo
eu tinha a resposta para isso, então não pude ajudá-lo.
“Por quê?” Perguntei. “Por que você se preocupa tanto com
ele estar com ela?” Porque Seth poderia ser um idiota
implacável, mas foder com os relacionamentos de outras
pessoas não era seu estilo usual e algo sobre isso não estava
combinando comigo.
“Eu não…” ele retrucou, mas o fixei no meu olhar e
esperei. Seth nunca foi bom em manter seus sentimentos
bloqueados de mim e dos outros Herdeiros, e depois de alguns
momentos preso em mim, ele quebrou. “Ok. Talvez eu me
importe. Talvez não goste de vê-la com ele, rindo e sorrindo e
piscando os cílios como se ele fosse a melhor pessoa que ela já
conheceu e seu pau fosse tão grande que ela simplesmente não
se cansa disso. E...”
“Você parece com ciúme,” rosnei, enquanto olhava para
ele. “É isso que é? Você se apaixonou por ela ou algo assim?”
“Não,” Seth retrucou, mas não foi nem um pouco
convincente. “Não... não realmente.” Ele soltou um suspiro
baixo e jogou a cabeça para trás contra a parede da Aer Tower,
tocando os dedos em seu pescoço enquanto curava os
hematomas e queimaduras que coloquei em sua carne. “É só...
você sabe como é para os Lobisomens e nossos companheiros.
O Alfa em mim exige que encontre um igual. Alguém que possa
igualar em poder e a menos que eu possa encontrar isso,
nunca serei capaz de encontrar um vínculo verdadeiro com
ninguém. E conheci um monte de garotas e caras Lobo do
caralho, até mesmo alfas em seus próprios direitos, mas
nenhum deles é forte o suficiente para lutar comigo. E às
vezes... simplesmente fico enjoado de todas as orgias da
matilha e quero alguém que eu possa simplesmente chamar de
meu.”
“Darcy Vega não é um Lobisomem,” bufei, cruzando meus
braços sobre meu peito nu e sentindo a pontada de dor em
minhas costelas quebradas com uma onda de satisfação
torcida.
“Não, eu sei. Mas ela é forte. Além disso, para mim não é
assim. Sim, a maioria dos Capella são Lobisomens, mas não
somos exatamente uma espécie em extinção. Minha mãe não
dá a mínima para eu acasalar com o meu tipo de Ordem
quando eu encontrar minha companheira. Ela só quer que seja
alguém poderoso o suficiente para se igualar a mim para que
nossos filhos sejam fortes. Mas é só isso, ninguém pode se
igualar a mim. Nós quatro somos incomparáveis em nosso
poder, então não há porra de chance de encontrar alguém com
quem eu possa ser capaz de formar um vínculo de
companheiro verdadeiro assim, e o pensamento de ter alguém
que é menos do que eu sou, é muito deprimente. Mas aí veio as
Vega e, bem... Darcy gostou de mim, sabe? Antes de eu cortar o
cabelo dela de qualquer maneira. Ela me beijou. Ela me queria
também, pelo menos naquele momento.”
“Então você colocou na sua cabeça que pegaria uma Vega
como sua companheira e não haveria problemas com isso?”
Perguntei incrédulo. Ele claramente perdeu a porra da cabeça.
Ele sabia tão bem quanto eu que não poderia se casar com
uma Vega sem comprometer todo o Conselho. Seus filhos
acabariam mais fortes do que os nossos e isso desequilibraria
tudo. Não havia nenhuma maneira da sua mãe ou qualquer
outra pessoa permitir essa merda, e ele sabia disso tão bem
quanto eu. Certamente pensei o suficiente na ideia quando
estava obcecado por Roxy. Além disso, não parecia que ele
amava Darcy Vega pelo que pude observar. Era mais como se
ele estivesse tendo um ataque porque não podia simplesmente
estalar os dedos e reivindicá-la como fazia com a maioria das
coisas na vida.
“Eu não sei, porra,” ele suspirou. “Tudo que sei é que se
não tivesse sido um idiota com ela no começo, então talvez as
coisas fossem diferentes agora. Talvez nós dois...” ele parou
enquanto olhava nos meus olhos e minha mandíbula latejava
com a raiva mal reprimida novamente.
“Sim, entendo. Também tive um ou dois pensamentos
assim,” rosnei amargamente. “Sobre a Vega que realmente
estava destinada a ser minha. Até que ela pisou sob as estrelas
comigo e me disse que preferia sofrer sozinha e na miséria pelo
resto de sua vida do que estar ligada a mim de qualquer
forma.”
Afastei-me de Seth enquanto ele choramingava atrás de
mim e empurrei minhas mãos em meu cabelo escuro enquanto
lutava contra a atração das Sombras enquanto elas lambiam
profundamente sob minha carne, ansiando por sentir o gosto
da escuridão que se enraizou em minha alma oca.
“Desculpe, cara,” Seth murmurou atrás de mim,
estendendo a mão para agarrar meu ombro e pressionando
magia de cura em meu corpo para consertar minhas costelas
quebradas. Gostaria que ele não tivesse feito isso. A dor era
uma distração bem-vinda. “Não queria comparar isso com você
e Tory. Não foi o que eu quis dizer…”
“Está tudo bem,” rosnei, olhando para o mar escuro. Não
estava, mas nada estava, então não havia por que reclamar
disso.
“Por favor, venha e saia com a gente no Hollow esta noite.
Nós sentimos sua falta, nós precisamos de você. Nós três não
sabemos como ajudá-lo, mas...”
“Vou pensar sobre isso,” falei com desdém e nós dois
sabíamos que eu não iria aparecer. “Tenho outro lugar para ir
primeiro. Fique longe de Lance e Gwen.”
“Ok. Mas venha mais tarde. Por favor.”
Afastei-me dele, fazendo com que sua mão caísse do meu
ombro e não olhei para trás enquanto continuava andando. Iria
vê-los hoje à noite em Hollow? Duvidoso. Eles queriam
consertar meus problemas, mas não havia solução. Roxy fez
sua escolha e não era eu. Meu pai me forçou a traí-los,
amarrando minha língua com magia negra para que não
pudesse avisá-los. Quando me sentava entre meus amigos, me
sentia como um traidor e um mentiroso, queimando com todas
as coisas que não podia contar e não deveria sentir. Não era
culpa deles, mas eu também não podia mudar. Era
simplesmente horrível. Como quase tudo na minha vida.
Um uivo baixo me seguiu enquanto deixava Seth para trás
e meu coração se torceu culpado. Não queria excluir os outros
Herdeiros. Mas também não sabia como deixá-los entrar.
Verifiquei a hora no meu Atlas enquanto descia a escada
esculpida na lateral do penhasco que levava à praia abaixo e
suspirei quando percebi que estava adiantado. Mas não era
como se tivesse outra coisa para fazer de qualquer maneira.
Minha pele formigou quando comecei a caminhar ao longo
da praia em direção à caverna onde tínhamos nossas aulas de
Sombras. Tentei não pensar muito sobre o fato de que passaria
algumas horas na companhia de Roxy pela primeira vez desde
que ela me destruiu completamente. Eu mal a tinha visto desde
aquela noite e certamente não tínhamos nos falado. Ela estava
claramente me evitando e eu não tinha feito nenhuma tentativa
de me aproximar dela também, apesar do fato de ficar acordado
à noite desejando que tivesse. O mais perto que cheguei foi
descer para ficar do lado de fora de sua porta enquanto todos
os outros estavam dormindo e verificando se ela não estava
caindo na tentação das Sombras. Infelizmente, ela claramente
as estava usando e tive que pressionar minha magia contra ela
mais de uma vez para puxá-la de volta. Mas ela nunca pareceu
perceber que era eu. Nunca pensei em checar além de sua
porta por qualquer coisa em que ela se agarrou para sair das
Sombras. E estava feliz. Porque se ela descobrisse quem era,
poderia exigir que eu parasse de fazer isso. E de jeito nenhum
eu poderia simplesmente abandoná-la à atração da escuridão
sozinha.
Havia mil coisas que eu ansiava dizer a ela, mas qual era o
sentido? Era tarde demais.
Estava tão envolvido em minha própria festa pessoal de
piedade que nem percebi que não era o único a chegar cedo até
que dobrei a esquina antes da caverna e quase caminhei direto
para Roxy, onde ela estava sentada de pernas cruzadas no
chão.
Meu coração deu um salto e minha boca secou enquanto a
observava, mas ela estava com os olhos fechados e nem parecia
ter me notado.
“Desculpe,” murmurei, significando por perturbá-la, mas
meio que significando para todo o resto da merda entre nós
também.
Seus olhos se abriram e por um momento fugaz, suas
pupilas inteiras foram pintadas de preto com Sombras antes
que ela conseguisse afastá-las.
“Que porra você está fazendo?” Exigi, a mordida no meu
tom saindo com mais força do que pretendia enquanto meu
coração pulava de medo por ela. Mas foda-se, ela não deveria
estar brincando com as malditas Sombras sozinha e ela sabia
disso.
“Praticando,” ela disse friamente, levantando-se e olhando
para mim exatamente como ela tinha feito antes da primeira
vez que a beijei. Essa memória me abriu e me deixou
sangrando, mas ela não percebeu ou não se importou.
Provavelmente ambos.
“Você não deveria praticar essa merda sem outra pessoa
para cuidar de você,” falei, dando um passo em direção a ela
enquanto meu olhar raspava em seu rosto, mas antes que
pudesse chegar perto, bati em um escudo de ar sólido e caí.
Nem tinha visto ela lançá-lo, o que significava que ela ficou
muito mais rápida do que costumava ser.
“Posso cuidar das minhas próprias costas,” ela respondeu,
seus olhos cautelosos enquanto ela me observava pressionar
minha mão contra seu escudo. Não tentei quebrá-lo. Apenas
coloquei minha palma contra ele, sentindo a carícia suave de
sua magia contra minha pele e tentando não me ofender com o
fato de que ela pensava que precisava se proteger de mim com
isso. “Vou ter que me acostumar com isso agora de qualquer
maneira.”
“O que isso significa?” Perguntei.
“Sempre estarei sozinha agora, não é? Para sempre.” Seus
olhos verdes circulados em preto brilharam e por um breve
momento vi a dor que essa palavra custou a ela quando passou
por seus lábios antes que ela travasse novamente.
“Sinto muito,” murmurei, meu olhar caindo do dela
enquanto a culpa sobre o que minhas atitudes tinham nos
custado pressionava sobre mim. Ela estava vestindo seu
uniforme de corrida, uma legging preta e um sutiã esportivo
azul brilhante que deixava o suficiente da sua pele à mostra
para me fazer doer.
O escudo de ar sob minha palma caiu e me encontrei
parado a pouco mais de trinta centímetros dela enquanto ela
olhava para mim, o ar crepitando entre nós.
O trovão ribombou em cima e franzi a testa enquanto
olhava para o céu que estava claro apenas alguns momentos
atrás e mesmo assim estava de alguma forma cheio de nuvens
agora.
“Darius...” Roxy disse, seu tom de repente mais suave e
deixei meu olhar cair de volta para ela instantaneamente,
esquecendo as nuvens e qualquer outra coisa a favor de ouvi-la
falar. “Preciso saber se você quis dizer aquilo. O que você me
disse quando as estrelas nos reuniram. Se você realmente se
arrependeu das coisas...”
O relâmpago atingiu a areia a poucos metros de nós e
Roxy gritou quando ela saltou para trás. Tropecei para o lado e
quase caí de bunda quando meu coração deu um salto de
susto, mas antes que pudesse me recuperar, granizo gelado
caiu do céu em uma torrente.
Joguei calor sobre meu corpo, me movendo mais perto de
Roxy para protegê-la também enquanto queimei o granizo,
protegendo-nos do aguaceiro. Tirei minha adaga drenante do
bolso, marcando rapidamente as marcas nas rochas que
abririam a caverna para nós.
O relâmpago atingiu a areia novamente enquanto
tropeçávamos para dentro e peguei a mão de Roxy enquanto a
arrastava para longe da tempestade.
O calor se espalhou ao longo da minha carne a partir do
pequeno ponto de contato e meu coração batia forte com a
força de um furacão enquanto olhava para ela.
Ela não puxou a mão, mas a dor em seus olhos foi forte o
suficiente para me abrir quando ela se virou para mim.
O chão da caverna de repente começou a tremer sob
nossos pés e xinguei enquanto olhava ao redor para o espaço e
pedras começaram a cair do teto para nos atingir.
Roxy jogou um escudo de ar sobre nossas cabeças para
nos proteger delas, mas os tremores só ficaram mais intensos,
a tempestade lá fora uivando de fúria.
“O que diabos está acontecendo?” Roxy engasgou,
apertando meus dedos com força enquanto o chão tremia com
violência suficiente para nos fazer tropeçar e ela lutou para
exercer sua magia da Terra tentando controla-lo também.
Era como se o tempo e a merda do próprio solo tivessem se
juntado para nos atacar ou algo assim, a intensidade do trovão
e do terremoto crescendo a cada segundo.
Olhei para Roxy novamente e meu coração apertou
quando um pensamento horrível me ocorreu. Liberei meu
aperto em sua mão e recuei alguns passos.
Os tremores diminuíram instantaneamente, o trovão
perdendo volume também.
Recuei ainda mais e as pedras pararam de cair do teto da
caverna enquanto meu olhar permanecia preso nela. Os anéis
negros em seus olhos me provocavam como se tivessem sido
criados apenas para me machucar cada vez que os observava.
“Oh,” ela falou sob sua respiração quando percebeu o que
estava acontecendo também. “As estrelas não nos querem perto
um do outro agora?”
“Bem, pelo menos você não precisa se preocupar comigo te
machucando de novo,” falei amargamente quando a realidade
disso caiu sobre mim. Não poderia nem mesmo estar perto dela
sem as estrelas nos punirem e o pensamento de ter que manter
minha distância dela para sempre apenas derramava sal nas
feridas do conhecimento que nunca poderia tê-la. Caminhei em
direção à saída da caverna. “Porque não posso chegar a menos
de três metros de você.”
Antes que pudesse sair para a tempestade cada vez menor,
Lance apareceu na minha frente com Gwen e aquele garoto de
gorro estranho.
“Onde você está indo?” Lance me perguntou confuso e
parei quando os tremores na caverna pararam e a chuva parou
de cair do céu.
“Eu estava saindo,” falei, olhando para Roxy que estava de
pé com os braços cruzados e um beicinho nos lábios carnudos
que dizia que ela estava chateada comigo, mas isso não era
novidade. “As estrelas fizeram aquela tempestade para nos
separar...” Olhei para o céu enquanto as nuvens se dissipavam
lentamente, me perguntando o que diabos isso significava. “Eu
acho... elas simplesmente não querem que fiquemos sozinhos.”
O olhar de Lance escureceu enquanto ele olhava entre
mim e Roxy, mas ele se conteve em qualquer coisa que poderia
querer dizer enquanto dirigia um olhar para o garoto de gorro.
“Vamos ter certeza de que vocês não estejam sozinhos aqui
de novo então,” disse Lance com um peso em seu tom que dizia
que ele meio que odiava isso. E merda, meio que odiei também.
Sabia que as estrelas iriam trabalhar contra nós, e Max já
estava tentando me convencer de que Caleb tinha sido
empurrado para Roxy quando eles ficaram na outra noite, mas
isso... o mundo fisicamente nos separando se tentássemos
estar sozinhos juntos. Que porra era essa?
Fechei os olhos por um momento, forçando minha atenção
a se fixar no motivo de termos vindo aqui e expelir um suspiro
antes de abri-los novamente.
“O que você está fazendo aqui?” Perguntei ao garoto do
gorro. Danny? David? Algo parecido. Tudo o que realmente
sabia sobre ele era que estava um pouco ansioso demais para
ajudar Roxy a se perder naquela noite no Orb e colocou a porra
das mãos sobre ela na minha frente na festa de Halloween
também. Basta dizer que eu não gostava dele. Nem um pouco,
porra.
“Polaris veio nos oferecer ajuda,” disse Lance e a tensão
em sua mandíbula dizia que ele também não gostava do garoto.
“Oferecer?” Perguntei, nivelando-o com um olhar sombrio
que fez Gwen se mover para mais perto dele, enrolando uma
mão em torno de seu bíceps como se ela pensasse que poderia
protegê-lo de mim se eu decidisse fazer algo.
“Ele tem acesso às memórias de seus familiares que estão
trabalhando com sua família. Ele pode nos dar um
conhecimento interno que pode ser uma informação de coisas
que funcione ao nosso favor quando chegar a hora,” explicou
Lance.
Meu olhar voltou para o garoto enquanto ele puxava o
gorro nervosamente. Sabia tudo sobre aquele pedaço
assustador de tricô e não tinha nenhuma vontade de passar
qualquer tempo com a alma da sua avó ou quem diabos
estivesse tricotado dentro dela.
“Isso não significa que ele precisa ficar para qualquer
outra coisa que estamos fazendo aqui,” falei, segurando seu
olho até que ele olhou para suas botas.
“Concordo,” disse Lance. “Quero que ele faça uma
Promessa das estrelas com você e Tory para que possamos ter
certeza de que ele não vai nos trair.”
“Juro que só quero ajudar,” disse Dennis enquanto olhava
para mim. Era definitivamente D alguma coisa.
“Tudo bem,” concordei, querendo que ele fosse embora o
mais rápido possível. Não conseguia tirar a imagem dele
dançando com Roxy no Halloween da minha cabeça e para
piorar, sabia que aquela coisa toda só tinha acontecido por
minha causa de qualquer maneira. Eu poderia ter impedido
Max de dar aquela poção a ela, mas não impedi. Deixei o meu
desejo por poder e os desejos do meu pai infectarem minhas
ações repetidamente.
Lance tirou um cristal Lápis Lazuli do bolso e começou a
fazer com que eu e Roxy fizéssemos o vínculo com Denzel.
Posso ter esmagado sua mão na minha quando fiz, mas era
difícil dizer com certeza, pois o tempo todo meu olhar estava
fixo na garota que eu não poderia ter.
Depois que Darren deu o fora, continuamos com nossa
lição de Sombras e comecei a observar cada movimento que
Roxy fazia enquanto ela fazia todos os esforços para não olhar
para mim.
Mas quando chegou a vez dela mergulhar nas Sombras, eu
não era o único olhando-a. Ela praticamente arrancou a adaga
drenante do Lance dele e cortou a palma da mão sem um
momento de hesitação antes de deixar as Sombras saírem,
cobrindo sua pele. Em um piscar de olhos, cada centímetro de
sua carne estava coberto e seus olhos ficaram negros como
breu.
“Você tem praticado,” disse Lance em uma voz sombria
enquanto Roxy desenhava uma bola de Sombras para se sentar
em sua palma. “Achei que tínhamos concordado que você não
faria isso?”
“Não acho que tenha concordado com isso,” Roxy
respondeu, sua voz provocando um arrepio na minha espinha
ao ser atado com o poder do Quinto Elemento.
“Tudo bem,” Lance rosnou. “Se você está tão determinada
a se esforçar com elas, vamos ver se você tem tanto controle
quanto pensa que tem. Você pode tentar me enfrentar com
elas.”
“Essa é uma boa ideia?” Gwen perguntou, seus olhos
girando entre sua irmã e Lance. “E se um de vocês se
machucar? O último ferimento que você teve por fazer magia
negra não foi exatamente fácil de curar...”
“Ela tem razão,” falei, franzindo a testa para meu amigo e
me movendo para tomar seu lugar. “Você ainda não está
totalmente recuperado. Deixe-a me encarar.”
O olhar de Roxy pousou em mim finalmente com essa
sugestão, mas as Sombras em seus olhos tornavam impossível
saber o que ela estava pensando.
Lance hesitou como se não tivesse certeza de que essa era
a melhor ideia, mas ele não me parou quando me movi para
ficar diante dela.
“Não quero que você o ataque,” disse Lance. “Apenas o
contenha. Se você tem tanto controle quanto pensa que tem,
deve ser fácil fazer isso sem causar qualquer dor.”
Roxy não respondeu, mas quando fixou seu olhar em mim,
a mais leve sugestão de um sorriso apareceu em seus lábios e
um nó se formou na minha garganta. Claro que ela ficaria feliz
em ter uma desculpa para me atacar. Eu era a raiz daquela dor
em seus olhos.
As Sombras se ergueram ao redor dela e usei minha
própria adaga drenante para cortar minha palma também, para
que pudesse canalizar a energia escura para me defender
contra seu ataque com mais facilidade.
Uma onda de êxtase caiu sob minha pele e inalei
profundamente enquanto as Sombras corriam por mim.
Tudo parecia pálido e desbotado enquanto recebia seu
poder, apenas a mais negra das minhas emoções
permanecendo nítidas o suficiente para sentir plenamente.
Minha mandíbula apertou quando olhei para Roxy, a raiva
que vinha tentando não sentir queimando uma trilha sob
minha carne. Ela escolheu este caminho para nós. Roubou
nossa chance de felicidade.
Antes que pudesse controlar esses sentimentos, Roxy
lançou uma rede de Sombras em minha direção.
A escuridão encobriu minha visão enquanto eu lutava
para roubar o controle das Sombras que ela enviou para mim,
dobrando-as à minha vontade para que, em vez de me
prenderem nelas, se movessem para revestir minha carne e
aumentar meu próprio poder.
Custou mais esforço do que esperava, mas com um
grunhido de determinação, as Sombras caíram ao meu
comando.
Mas Roxy não acabou ali, ela enviou uma segunda rede
para mim, seguida por uma terceira e uma quarta, as Sombras
dançando em volta dela descontroladamente de modo que seus
longos cabelos ondulavam ao redor de seus ombros com seu
poder.
Assumi o controle da segunda rede, mas o suor escorria
pela minha testa e, quando a terceira me atingiu, cambaleei
um passo para trás. As Sombras de Roxy se enrolaram em
torno de mim com uma determinação fria, pressionando-me
para trás até que bati na parede de pedra atrás de mim,
prendendo meus membros enquanto ela me imobilizava. Lutei
para trazê-las sob meu controle por mais alguns momentos,
mas me recusei a lutar contra ela.
O chamado das Sombras era muito forte, seus desejos
muito mortais. Não iria desencadear magia negra sobre ela,
não importava o que ela fizesse comigo.
“Chega,” gritou Lance enquanto Roxy avançava, seu olhar
cintilando com a escuridão das Sombras. Ela parecia mortal,
bonita e totalmente consumida pelo poder que estava
exercendo.
Por um momento, não achei que ela fosse parar de me
atacar, mas quando Gwen chamou seu nome, ela ficou imóvel.
Demorou vários segundos para atrair as Sombras de volta,
mas a escuridão bruxuleante ao redor dela finalmente se
retirou e as Sombras me prendendo no lugar também se
dispersaram.
“Seja honesta, o quão difícil foi para você puxá-las agora?”
Lance perguntou enquanto a fixava em seu olhar, sua testa
franzida de preocupação.
“Mais difícil depois que os usei para contê-lo, mas ainda
assim consegui,” disse ela, desviando o olhar de mim
novamente. Não perdi a maneira como ela evitou dizer meu
nome e tentei não deixar isso queimar.
“Só com Darcy para te ancorar,” ele respondeu
rispidamente. “Acho que devemos finalizar por esta noite. Mas
estou avisando para não brincar com as Sombras.”
“Sim, capitão,” Roxy respondeu sarcasticamente antes de
se virar e caminhar para a saída.
Parecia que o ar na caverna se contraiu quando ela saiu e
a dor surda em meu peito se intensificou enquanto sentia o
desejo de persegui-la, mas não me movi um centímetro.
Darcy trocou um olhar preocupado com Lance. “Quero ter
certeza que ela está bem. Vou falar com ela e garantir que ela
não vá longe demais com as Sombras.”
“As Sombras se alimentam de tristeza e dor,” Lance
rosnou, me lançando um olhar de desculpas por meio segundo.
“Ela estará mais suscetível à ligação deles agora do que
nunca.”
“Não se preocupe, ela é durona. Ela vai ficar bem.” Gwen
olhou para mim também, a acusação em seus olhos me
cortando. Ela me culpava pela infelicidade da sua irmã e eu
não poderia negar esse fato.
Lance cruzou os dedos com os dela por um momento e ela
ficou na ponta dos pés para dar um beijo em seus lábios,
ficando rosa quando ela me deu outro olhar antes de se dirigir
para a saída.
“Conversei com Seth,” gritei antes que ela saísse. “Ele não
irá incomodar mais nenhum de vocês.”
A tensão pareceu cair de seu corpo em uma onda e ela me
ofereceu um largo sorriso, que era tão cheio de alívio que
praticamente podia sentir o gosto no ar. “Obrigada, Darius,” ela
falou sob sua respiração antes de se virar e sair correndo atrás
de Roxy.
Lance se virou para mim, passando a mão pela barba
curta enquanto examinava minhas feições. “Antes que a
tempestade tentasse separá-lo, você conseguiu falar com ela?”
“Sobre o quê?” Perguntei, me forçando a ficar e ouvi-lo,
apesar do desejo de sair rastejando por meus membros.
“Sobre... porra, Darius, sobre tudo.”
“Não. Qual é o ponto?”
“Seriamente? Você só vai ficar com auto piedade e ficar
deprimido? Pensei que lutaria mais do que isso,” ele rosnou.
“Lutar pelo quê? Não posso mudar esse destino.” E não
estava indo para deprimente, sim para a aceitação. Dei de
ombros, embora agora que ele apontou, eu estava agindo como
uma vadia.
“Já te disse que não vou aceitar essa versão ridícula do
destino para você,” Lance rosnou, avançando direto no meu
espaço pessoal e me dando um empurrão que
instantaneamente fez o Alfa em mim rosnar. “Então é hora de
você parar de agir como se aceitasse isso também.”
“Que porra, mas o que devo fazer? Mesmo que você tenha
conseguido encontrar uma maneira de contornar isso, o que
não acredito por um segundo que possa, ela ainda me odeia e
ainda tem uma lista inteira de razões perfeitamente válidas
para me negar. Então, que diferença isso faria?”
“Nenhuma,” ele retrucou. “Nenhuma, a menos que você
prove a ela que é mais do que apenas um monstro esculpido na
imagem do seu pai.”
“Talvez seja exatamente o que sou. Não é como se pudesse
negar ter feito qualquer uma das coisas pelas quais ela me
odeia.”
“Então é isso? Você desiste? Você vai apenas passar a vida
ansiando por ela, se casar com Mildred, se conformar com os
planos do seu pai e ser um bom Herdeiro?”
“Foda-se.” Passei por ele e caminhei em direção à saída,
mas antes que pudesse sair, bati em uma parede sólida de ar.
“Não, Darius. Foda-se você! Foda-se toda a besteira que
falou para mim ao longo dos anos sobre lutar contra seu pai,
sobre trabalhar para mudar seu legado e ser um homem
melhor do que ele. Foda-se as mentiras que você contou sobre
usar seu tempo para governar com os outros Herdeiros para
fazer de Solaria um reino maior, e foda-se por ser muito
covarde para apenas dizer a Tory Vega como você se sentia por
ela antes que fosse tarde demais!
Virei-me de volta, o fogo ganhando vida em volta dos meus
punhos antes de jogá-lo nele com um grito de raiva. As
Sombras saltaram sob minha pele, mas as ignorei em favor do
fogo. Não precisava o entorpecimento do Quinto Elemento,
queria deixar queimar.
A bola de fogo atingiu o escudo de Lance e o atingiu em
uma onda de chamas carmesim antes de tremular e me deixar
doendo por mais.
“Melhor,” disse Lance, um sorriso faminto iluminando
suas feições. “Agora coloque esse desejo de lutar em bom uso.
E use-o para consertar essa merda entre você e Tory.”
“Como diabos devo fazer isso?” Exigi. “Você viu o jeito que
ela me olha. Ela me odeia.”
“O ódio dança uma linha tênue com o amor na maioria das
vezes. Corrija isso, Darius. Então, se realmente puder
encontrar uma maneira de dar a vocês outra chance no
destino, os dois estarão prontos para fazer uma escolha
diferente.” Ele caminhou em minha direção, me empurrando
para o lado enquanto eu cambaleava com suas palavras.
No momento em que me virei para gritar atrás dele, ele já
tinha ido embora. E fui deixado sozinho no escuro com nada
além de meus próprios demônios para me fazer companhia.
Duas semanas era muito tempo em alguns aspectos e pouco tempo
em outros. Aparentemente, era longo o suficiente para todos em sua
maioria pararem de olhar ativamente nos meus olhos e em seus novos
anéis pretos elegantes. A maioria das pessoas, não todas. Mas era um
início. Também foi um tempo longo o suficiente para que Geraldine
pudesse falar comigo sem cair em lágrimas espontaneamente a cada
cinco minutos. Tínhamos evoluído para cerca de quinze minutos agora.
Demorou o suficiente para as pessoas pararem de
sussurrar e começarem a pedir detalhes rudemente.
Foi suficiente para eu parar de chorar até dormir, embora
ainda acordasse com lágrimas no rosto.
E aparentemente foi um prazo suficiente para Darius
agendar uma entrevista e uma sessão de fotos com a imprensa
também.
Sentei-me no Orb tomando meu café da manhã por conta
própria, graças à minha corrida demorando mais do que o
normal e perdendo a reunião do Clube Bunda. Minha vista
deslizou sobre as duas fotografias brilhantes que iniciavam a
matéria intitulada, Darius Acrux em dever, sacrifício e seu único
amor verdadeiro. Uma foto era um close-up de Darius
queimando em chamas para a câmera, sem camisa, tatuagens
à mostra e dois anéis pretos e escuros circulando suas írises
marrom-escuras. Ele parecia quente pra caralho, o que era seu
próprio tipo especial de tortura.
A segunda foto era dele vestindo um terno impecável, em
pé atrás de uma cadeira enorme que era basicamente um
trono, seu braço jogado sobre as costas enquanto ele olhava
para a garota que estava sentada nela. Mildred Canopus, sua
noiva, usando um vestido branco esvoaçante, sua mão
esquerda levantada timidamente para cobrir a boca com um
enorme filho da puta de um anel de noivado brilhando em seu
dedo anelar. Seus olhinhos maldosos pareciam maiores e mais
brilhantes do que quando a tinha visto em carne e osso, seu
bigode escondido sob sua mão, sua pele impecável com
maquiagem e talvez alguma edição e seu cabelo castanho
crespo perfeitamente penteado ao redor dela.
Meu coração batia forte enquanto rolava para baixo para
ler o artigo, sabendo que deveria apenas desligar meu Atlas e
fingir que nunca o tinha visto. Mas não consegui.
Simplesmente não conseguia voltar agora, mesmo sabendo que
isso ia doer. Era como se tivesse sido forjada em punição e dor
e simplesmente não conseguia o suficiente, não importava o
quanto isso me prejudicasse.

O Herdeiro celestial Darius Acrux dá sua primeira entrevista


desde que escolheu Solaria ao invés do destino e disse a
Roxanya Vega que ele nunca seria dela.
Nesta entrevista sincera, falamos da dor de seu coração e
amor com o Herdeiro que desistiu de sua Companheira Elysian
porque sabia que era o melhor para nosso reino e ele explica
como conseguiu desafiar as estrelas e encontrar o amor
novamente com sua noiva Mildred Canopus, apesar o que os
céus planejaram. O casamento deles foi adiado para apenas
dois dias após a formatura e todos em Solaria mal podem
esperar pelo dia maravilhoso.
“Claro que senti uma atração por Roxanya, mas sabia em
meu coração que ela nunca seria uma esposa adequada para
um Conselheiro Celestial. Ela é impetuosa e sem educação,
egoísta e não é adequada para governar ao meu lado mais do
que seria para reivindicar o trono. E eu não aguentava a dor de
vê-la com tantos outros homens o tempo todo. Sou um homem de
uma mulher e quero dar todo o meu coração, corpo e alma para
uma mulher que esteja sozinha. E essa mulher é Mildred.”
Claro, foi bem documentado que o vício em sexo de Roxanya
Vega já a havia levado a dormir seu caminho através de cada
homem em sua classe de calouros por meio de sedução e
chantagem e há rumores de que ela começou com as mulheres...

Uma mão bateu no meu Atlas e me assustei quando olhei


para cima para encontrar o próprio Darius de pé sobre mim.
“Eu não disse uma única dessas palavras,” ele rosnou,
seus olhos queimando com um tipo cru de raiva. “Já mandei
minha equipe jurídica atrás daquele repórter e estou
mandando retirar o artigo e imprimir uma retratação.”
Minha garganta engrossou quando olhei-o, sentindo olhos
em nós de todo o Orb.
“Você realmente antecipou o seu casamento?” Perguntei,
odiando o quão suavemente minhas palavras saíram e odiando
ainda mais que fiz realmente essa pergunta.
A mandíbula de Darius se contraiu e seu olhar ardeu com
uma intensidade que arrancou a carne dos meus ossos e me
deixou fraca e dolorida por ele.
“Meu pai antecipou a data,” ele admitiu e isso não deveria
ter doído, mas doeu.
Puxei meu Atlas das suas mãos e me levantei de repente,
forçando-o a se endireitar diante de mim e ficar tão perto dele
que meu peito roçou contra o dele.
As estrelas não pareciam se importar com tantas pessoas
ao redor para nos testemunhar, mas naquele momento desejei
que elas nos separassem um do outro.
“Mas você ainda vai em frente com isso?” Perguntei em voz
baixa que só ele podia ouvir. “Você vai subir e descer o corredor
e...”
“Você está vendo Caleb de novo?” Ele rosnou e isso me
congelou no caminho.
O sino tocou para sinalizar o início da primeira aula do dia
e todos os outros alunos começaram a sair do enorme espaço
dentro da cúpula dourada enquanto apenas ficava parada
olhando-o.
“Não,” murmurei eventualmente. “Naquela noite, fui
estúpida, egoísta e estava com o coração partido. Eu...”
“Nós não temos mais voz sobre se vamos ficar juntos ou
não,” Darius disse sombriamente e a tensão em sua postura
me fez doer. Queria alcançá-lo, confortá-lo, fazer algo para
aliviar o peso que podia ver em seus ombros, mas não sabia o
que poderia fazer. E outra parte de mim não queria confortá-lo
de qualquer maneira; a parte vingativa e rancorosa de mim se
deleitava com sua dor e gritava que ele merecia, mas, na
esteira da minha própria dor no coração, às vezes era difícil me
agarrar a essa ideia.
“Eu sei,” falei e sabia que não deveria ter perguntado a ele
sobre Mildred, mas ela era simplesmente uma idiota de merda.
A ideia dele com ela, Lorde e Lady Acrux em sua porra de casa
chique com seu estoque de bebês Dragão, cada um com seus
próprios bigodinhos fofos como os dela só me fez querer... gah.
“Então, se Caleb te faz feliz...” Ele não terminou a frase e
parecia que lhe custava uma dor física deixá-la passar por seus
lábios. Ele travou sua mandíbula e seus dedos se fecharam em
um punho.
“Por que você está dizendo isso para mim?” Exigi.
“Porque...” Darius soltou um suspiro e me prendeu em seu
olhar. “Talvez não queira viver com o fato de que você nunca
será feliz agora por causa disso.”
“Você quer que eu seja feliz?”
Um leve ruído sibilante começou e olhei em volta surpresa
quando uma gota úmida caiu em minha bochecha. Os
pingentes de gelo que decoravam o teto do Orb começaram a
chocalhar à medida que mais gotas caíam deles e um leve
tremor retumbou no chão aos meus pés.
O resto dos alunos tinha ido embora e as estrelas já
estavam trabalhando contra nós, enquanto esperava por
aquela única resposta dele.
Antes que eu pudesse pegá-lo, Darius se virou e se afastou
de mim, deixando-me olhando para a forma como seu casaco
se esticava sobre seus ombros largos quando ele saiu da sala e
os pingentes pararam de chocalhar.
Fiz uma careta enquanto considerava o que ele acabou de
sugerir. Eu queria tentar algo com Caleb agora? Com toda a
honestidade, a ideia realmente não me agradou. A noite que
passamos juntos depois ter sido chamada pelas estrelas, mal o
tinha visto, muito menos pensado sobre ele. E não era como se
tivéssemos sido mais do que uma coisa casual de qualquer
maneira. Sim, eu gostava dele e ele me fazia rir, mas tudo com
ele parecia meio vazio quando comparava com as coisas que eu
sentia com Darius. Se perdia tempo desejando alguém, era
tudo voltado para ele. Era o objetivo dessa maldita maldição,
não era?
Olhei para o meu Atlas em minhas mãos e franzi a testa
para a foto dele e Mildred antes de desligá-lo.
Era melhor não pensar nele se casando com ela de
qualquer maneira.

##

As aulas de Combate Elemental não se encaixavam em


nosso horário regular, então eles decidiram nos dar as aulas
três vezes por semana, à noite, depois do jantar, em vez de
durante o dia, e descobri que não me importava com isso. As
aulas eram tão física e magicamente exigentes que, quando
terminavam, eu ficava bastante exausta, então, depois de
passar mais uma ou duas horas estudando, desmaiava e
dormia de verdade. O que era muito difícil para mim no
momento.
Às vezes, quando deitava na cama à noite e as Sombras se
retorciam entre meus dedos, gostava de imaginar o que meus
professores de minhas antigas escolas iriam pensar de mim
agora. Nunca me apliquei realmente aos meus estudos do jeito
que eu e Darcy tínhamos neste semestre, e a ideia de ficar
acordada até depois da meia-noite estudando noite após noite
seria impensável para mim naquela época. Mas cresci esse
apetite por conhecimento e aprendizagem que poderia rivalizar
com o de Darcy nas últimas semanas. Ok, então não estava
muito interessada em história ou outros assuntos acadêmicos,
mas minha sede por conhecimento mágico era insaciável.
Estávamos tendo aulas adicionais e atribuições com quase
todos os nossos professores e Orion e Gabriel tinham saído de
seu caminho para passar horas conosco para melhorar nossas
habilidades. E realmente estávamos melhorando.
Mas ainda não era o suficiente. Porque eu estava cansada
de brincar de alcançar os Herdeiros. E me recusei a desacelerar
até que não apenas igualássemos suas habilidades, mas
também as superássemos.
Andei ao lado de Darcy enquanto íamos para o Howling
Meadow, onde as aulas eram ministradas. Estávamos usando
leggings e sutiãs esportivos, nossos cabelos presos para trás e
parecendo muito gêmeas em nossas roupas combinando. Eu
meio que adorei.
“Ouvi um boato hoje que Marguerite tem Manticrabs,”
Darcy disse para mim em voz baixa quando avistamos a garota
em questão à frente. Ela estava rindo e jogando seu cabelo
ruivo, tentando chamar a atenção dos Herdeiros que estavam
fazendo corte no meio da campina, preguiçosamente no grupo
de pedras sentados lá e se exibindo com magia espalhafatosa
como sempre. Darius não estava realmente participando, mas
ele estava parado com eles e meu olhar automaticamente se
fixou em seus bíceps expostos e na tinta que os cobria por um
momento antes de me obrigar a desviar o olhar.
“Não me surpreenderia,” respondi. “Considerando que ela
é quem me chama de prostituta o tempo todo, ouvi dizer que
ela atualmente está dormindo com metade da equipe
secundária de Pitball.”
“Kylie também está aparentemente tentando deixar Seth
com ciúme. Vamos torcer para que ambas peguem Manticrabs
do mesmo cara e tenham uma grande briga antes de você
torcer para fora o time delas,” brincou Darcy.
“Não me lembre,” gemi.
Meu time e eu estávamos fazendo um bom progresso em
nossa rotina e não conseguia nem dizer que odiava mais. Mas
desde que Washer começou a frequentar nossas sessões de
prática, um novo nível de horror foi adicionado a elas.
Precisamos de um pouquinho de ajuda com nossos
alongamentos? Não, não, não, blegh.
Como se minha mente tivesse conjurado o mesmo homem
em quem estava pensando, Washer saiu da multidão e parou
diante de nós.
“Bem, se não são minhas gêmeas favoritas,” ele ronronou.
Como essa aula não era realizada perto da água, ele
felizmente não tinha nenhuma desculpa para usar uma sunga,
então, em vez disso, fomos presenteados com uma olhada em
suas roupas. Mas como essas aulas eram depois do horário, ele
sempre se arrumava para elas. Hoje ele estava vestindo a calça
de couro mais justa que eu já tinha visto, acompanhada de um
blusão com estampa de tigre que parecia ter um monte de
Lycra, a julgar pela forma como se esticava ao redor de seu
torso, embora, é claro, ele tivesse deixado metade dos botões
desabotoados para revelar muito peito queimado pelo sol.
Troquei um olhar com Darcy enquanto éramos forçadas a
ficar quietas e ver o que ele tinha a dizer e como esperado, seu
olhar se concentrou em mim.
“Como você está se sentindo hoje, minha pequena
cordeirinha Star Crossed?”
“Bem,” grunhi, mas o olhar amuado que ele me deu disse
que ele cheirava a merda.
Joguei mais magia em meus escudos mentais, mas desde
que tomei a decisão de não ficar ligada a Darius, o turbilhão de
emoções guerreando dentro de mim se tornou cada vez mais
difícil de ser totalmente protegido de Sereias intrometidas.
Poderia queimar sua invasão com meu fogo de Fênix, mas não
poderia manter levantado o tempo todo.
“Tenho falado com a Diretora Nova sobre dar a você
algumas sessões individuais em particular para ajudá-la a
trabalhar com este pequeno problema,” ele pressionou,
avançando mais perto com a mão levantada como se achasse
que poderia me tocar.
Dei um passo para trás para ter certeza de que não
haveria chance disso e o lancei um olhar feroz. “Não, obrigada.
Não preciso de ninguém bisbilhotando minha cabeça.”
“Bem, docinho, isso não depende necessariamente de você.
Se alguém tão poderoso quanto você está tendo problemas para
lidar com suas emoções, isso pode levar a explosões de magia
ou mesmo de Ordem, e se tivermos motivos para acreditar que
você é instável, será o dever da escola insistir que você tenha
sessões de aconselhamento com um membro qualificado. Só
queremos ajudar.” Ele abriu os braços como se pensasse que
poderia me tentar para um abraço e não fiz nenhum esforço
para esconder o nojo que estava sentindo.
“Minha irmã não é instável,” Darcy rosnou, avançando
como se ela pretendesse me proteger dele.
“Se você pensar por um segundo que terei pequenas
sessões aconchegantes com o professor Perv, em algum
quartinho trancado em algum lugar, então você precisa
seriamente tirar sua cabeça da bunda e...”
“Tory já está tendo sessões individuais comigo,” a voz de
Gabriel soou atrás de mim e me virei para encontrá-lo parado
ali, sem camisa, tatuagens à mostra e gloriosas asas negras
lentamente dobrando contra suas costas como se estivesse
acabado de pousar. “Tive uma visão sobre este mesmo encontro
e combinei-o pessoalmente com Nova esta manhã.”
“Oh,” Washer disse, colocando as mãos nos quadris como
se tivesse acabado de ter seu brinquedo favorito roubado dele.
Ou talvez fosse mais um lanche do que um brinquedo. Estava
disposta a apostar que toda essa angústia emocional era
realmente saborosa para uma Sereia e provavelmente eu estava
parecendo muito irresistível agora. “Você tem certeza de que é o
homem certo para o trabalho, Gabe?”
“Não me chame de Gabe,” Gabriel retrucou.
“É que estou um pouco mais preparado para lidar com os
assuntos do coração. Como uma Sereia, posso ir bem fundo na
Srta. Vega e realmente me contorcer sob sua pele enquanto
caçamos cada um de seus problemas. Não vou ter medo de
empurrar direto para os cantos e fendas escuros dentro dela e
realmente trabalhar duro para espremer todo esse estresse de
seu corpo jovem e ágil. Podemos trabalhar em todas as coisas
perversas que o grande e malvado Dragão fez com ela e
repassar cada pequeno detalhe, até...”
“O Fogo da Fênix queima através da merda de Sereia,”
falei, colocando um sorriso doce como torta no meu rosto como
se não o estivesse insultando. “Então você não vai chegar nem
perto dos meus cantos e recantos.”
Um arrepio percorreu minha espinha com a grosseria
dessa declaração e Gabriel bufou uma risada quando Washer
suspirou em derrota.
“Bem, se você precisar de alguém qualificado para
vasculhar dentro de você, então você sabe onde estou. Mesmo
se você não quiser expor suas emoções, sempre posso apenas
dar prazer a você em vez disso,” Washer ofereceu com um olhar
em seu rosto como um cachorro chutado.
“O que diabos isso quer dizer?” Exigi e em resposta,
Washer empurrou uma onda de emoções felizes sobre nós que
lavou contra minhas defesas mentais e deslizou para fora delas
novamente.
“Veja? Posso fazer você se sentir feliz,” ele disse com um
encolher de ombros inocente.
“Eca,” Darcy comentou, nem mesmo tentando esconder
sua repulsa.
Washer suspirou em derrota e saiu no meio da multidão
com suas calças de couro rangendo.
“Como diabos ele consegue se safar dessa merda?” Darcy
rosnou enquanto o observávamos partir.
“Ele está fodendo com a Diretora Nova e por mais nojento
que seja, as Sereias realmente são boas na cama, elas podem
aumentar a luxúria e o prazer tanto com seus presentes que os
Fae ficam viciados em trepar com eles,” explicou Gabriel com
um leve olhar de horror em seu rosto.
“Nojento, cara,” comentei. “Você vai me fazer vomitar meu
jantar aqui e agora.”
Gabriel bufou uma risada antes de se afastar para a
multidão enquanto chamava por atenção.
Todo o corpo discente estava frequentando essas aulas e,
após as primeiras lições, os professores que ministravam
decidiram nos dividir com base nos níveis de habilidade e
poder. Fomos colocados no segundo grupo de nível mais alto
com um grupo de alunos do último ano, Geraldine com alguns
alunos de alto nível dos outros anos. Os Herdeiros, é claro,
tinham um grupo inteiro próprio.
“Hoje estamos mudando os grupos!” A voz de Orion
retumbou sobre a multidão e me virei para vê-lo parado do
outro lado da multidão.
Os olhos de Darcy brilharam daquela maneira de sempre
que ela o via e mordi um sorriso malicioso enquanto olhava
para ela. Ela realmente estava perdidamente apaixonada.
“Nós avaliamos as habilidades de todos e reatribuímos
todos os grupos, alguns de vocês nos impressionaram e estão
progredindo, alguns de vocês estão nos fazendo questionar se
são ou não Fae o suficiente para estar na Zodiac Academy. Um
número dourado apareceu acima de sua cabeça, então vá e
junte-se ao grupo ao qual você pertence agora!”
Um mar de números cintilantes apareceu magicamente
flutuando acima de todos na multidão e olhei para o de Darcy
assim como ela olhou para o meu.
“Sim!” Darcy gritou, batendo-me com um high five quando
avistamos os cintilantes número um. “Mal posso esperar para
chutar alguns traseiros de Herdeiro.”
“Parece bom para mim,” concordei com um sorriso que
parecia meio falso no meu rosto, mas não pude evitar.
Queria ir até lá e aprender como esmagar os rostos dos
Herdeiros na lama em uma luta? Claro que sim! Queria passar
ainda mais aulas presa em um pequeno grupo com Darius
Acrux? O mais perturbador sobre a resposta a essa pergunta é
que não foi apenas um não direto. Porque essa maldição
estúpida me fez ansiar por ele e querer ele e, apesar da dor que
me causava passar um tempo com ele, aquele pedacinho
retorcido de mim ansiava por aquele doce beijo de agonia
também.
“Santo guacamole, minhas senhoras! Todos nós
progredimos como um!” Geraldine gritou animadamente
enquanto empurrava a multidão como uma escavadeira, um
número um cintilante acima de sua cabeça também.
Ela nos deu um abraço de comemoração e sorri enquanto
ela me esmagava em seu abraço forte.
Nós três abrimos caminho através da multidão em direção
aos Herdeiros, que ainda estavam descansando em volta da
enorme pedra no centro da campina.
“Bem, bem, bem, se não são as Vega e sua guarda-costas
pessoal,” Seth ronronou enquanto olhava para nós de sua
posição sentada no topo da rocha. “Vocês acham que estão
realmente prontas para tentar brincar com os meninos
grandes?”
“Meninos grandes?” Geraldine perguntou surpresa. “Eu
não sabia que algum garotão estava se juntando ao nosso
grupo! Mostre-os, Mestre Lobo, e com certeza vou dar-lhes
boas-vindas.”
Mordi meu lábio em um sorriso quando meu olhar mudou
para Caleb, que estava empoleirado em uma rocha ligeiramente
mais baixa, um tipo triste de tensão em sua postura quando
ele encontrou meus olhos. Todo o foco de Max recaiu sobre
Geraldine e ele se moveu para ficar de pé enquanto a olhava.
Sinceramente, tive que me perguntar o que exatamente ela
tinha feito para atrair o tipo de obsessão que ele estava
direcionando para ela, porque, apesar do fato de que ela
constantemente ignorava sua atenção, ele ainda parecia
determinado a tê-la. Talvez sua Lady Petúnia fosse uma boceta
mágica, projetada para atrair o pau da Sereia e nunca mais
liberá-lo de seu feitiço.
“Acho que você sabe como sou um garotão, Grus,”
ronronou Max, pulando da pedra ao se aproximar dela. “E
sempre ficarei feliz em lembrá-la, se quiser?”
Geraldine jogou seu cabelo castanho e riu com vontade.
“Prefiro emaranhar meu jardim com uma erva daninha se for a
mesma coisa que você, texugo de mel.”
“Texugo de mel?” Max perguntou com uma carranca. “O
que diabos isso quer dizer?”
“Oh, você sabe,” Geraldine disse, sacudindo os dedos para
ele com desdém enquanto ele ficava de pé sobre ela com os
músculos flexionados sob a regata e os olhos brilhando. “Você é
doce como mel com a maneira como você corre atrás de mim e
tem um gosto ótimo no início. Mas ninguém quer se afogar em
mel, é muito pegajoso e um bastardo velho e grudento de uma
besta para ser lavado.”
“E a parte do texugo?” Seth perguntou ansiosamente antes
que Max pudesse responder.
“Porque ele é um texugo incômodo, é claro,” Geraldine
disse, revirando os olhos como se isso fosse óbvio e de repente
me peguei rindo junto com os Herdeiros.
Bem, Seth uivou de qualquer maneira e Caleb riu
enquanto Max rangeu sua mandíbula com irritação e Darius...
não o tinha olhado ainda, mas meus olhos traiçoeiros estavam
girando em sua direção mesmo assim.
Ele estava encostado na lateral da rocha, sem camisa
agora por alguma razão frustrante e perturbadora, os braços
cruzados, um olhar sombrio e taciturno em seu rosto perfeito
demais. Resisti em olhar adequadamente pelo tempo que pude,
então, finalmente, deixei meus olhos se levantarem para
encontrar os dele quando não aguentava mais. Ele estava
olhando para mim. Claro que ele estava olhando para mim. Seu
olhar me queimava sempre que estávamos no mesmo lugar.
Não sabia se ele era um glutão de punição ou se simplesmente
não conseguia evitar, mas seja qual for o motivo, se
estivéssemos à vista um do outro, poderia garantir que seus
olhos estariam em mim. E estava lutando para manter os meus
longe dele.
“Por quanto tempo mais você vai continuar lutando contra
isso, Grus?” Max perguntou irritado.
“O que você quer dizer?”
“Quero dizer,” Max se aproximou dela e estendeu a mão
para pentear seu cabelo para trás. “Que posso sentir
exatamente o quanto você gosta de mim sempre que você deixa
seu escudo escorregar, mas simplesmente não consigo
descobrir o que é que está prendendo você.”
O silêncio caiu entre todos nós e Geraldine ergueu o
queixo e o apertando enquanto fixava o olhar em Max.
“Você pode achar difícil de acreditar, mas uma verdadeira
dama não vai simplesmente rolar e aceitar um canalha
impiedoso como pretendente só porque ele consegue regar o
gramado dela satisfatoriamente. Estou mais do que sintonizada
com seus padrões morais pessoais e não desejo me rebaixar a
eles. Então chame do que quiser, temeridade, teimosia ou
apenas um desejo puro e verdadeiro de emaranhar minha teia
com um verdadeiro cavalheiro, mas no final das contas, garoto
Max, você foi medido e achado em falta. Agora, por favor, evite
me tocar com suas nadadeiras escorregadias e vamos voltar à
nossa lição.”
Geraldine se afastou dele para ouvir Orion começar a
dirigir a aula. Troquei um olhar com Darcy enquanto Max
enfiava a língua em sua bochecha antes de se afastar dela
também.
“Bem,” Caleb disse em voz baixa. “Isso foi estranho pra
caralho.”
Bufei uma risada e ele chamou minha atenção com um
sorriso brincando em sua boca. De repente, lembrei-me do que
Darius me disse sobre ele e desviei o olhar rapidamente, me
perguntando quando minha vida havia ido por esse caminho
complicado e se houve um ponto em que poderia ter mudado
isso.
Quando a classe se formou em pares em seus respectivos
grupos e se moveu para encontrar algum espaço ao redor do
campo para conduzir suas lutas, nos encontramos no centro
das massas dentro de um enorme anel de espaço.
“Que tal, Darcy?” Seth desafiou antes que o resto de nós
pudesse sugerir qualquer coisa. “Você quer tentar chutar
minha bunda por tornar sua vida um inferno?”
“Inferno, sim,” Darcy rosnou, seu olhar se estreitando
quando ela olhou para Seth e ele riu enquanto pulava da
rocha, usando sua magia do Ar para diminuir sua descida.
“Vocês não podem usar os presentes da Ordem,” disse
Orion casualmente enquanto passava por ele. “Não precisamos
de um Herdeiro frito em nossas mãos.”
“Sem chance disso,” Seth rosnou irritado, claramente não
gostando da sugestão de que Darcy poderia dominá-lo com o
Fogo da Fênix tão facilmente.
Olhei para os outros Herdeiros, me perguntando com qual
deles teria que lutar, mas Darius falou antes que pudesse
desafiar alguém. “Por que não nos revezamos para lutar hoje,
enquanto temos uma ideia de como as habilidades um do outro
estão progredindo? Podemos assistir a esta rodada.”
“Ok,” falei simplesmente, voltando minha atenção para
assistir Seth e Darcy enquanto eles se enfrentavam no espaço
diante de nós. Fiquei mais do que feliz em testemunhar sua
bunda sendo chutada de qualquer maneira.
“Se você quer que pegue leve com você, baby, você só tem
que pedir com educação,” Seth zombou. “Apenas fique de
joelhos e diga por favor na sua voz mais doce e...”
Darcy atirou uma rajada de água nele tão rápido que ele
nem teve tempo de se proteger antes que o acertasse no rosto e
o derrubasse de bunda.
Eu sorri quando ela latiu uma risada e videiras
dispararam do chão para enredar Seth enquanto ele lutava
para se levantar. Estávamos praticando muito na aula e fora
dela, usando uns aos outros como oponentes e fazendo com
que Geraldine curasse o cansaço de nossos membros uma vez
que terminássemos, para que pudéssemos completar o resto de
nossos estudos também.
Darcy avançou com um sorriso selvagem no rosto
enquanto suas vinhas se apertavam ao redor de Seth, mas ele
conseguiu arrancar uma mão livre, roubando o comando das
vinhas e fazendo o chão tremer sob seus pés enquanto ele
rosnava com determinação.
Darcy jogou outra rajada de água nele, mas ela se chocou
contra um escudo de ar e o atingiu, espirrando em nós
enquanto observávamos. Dei um passo para trás para evitá-lo e
recuei ao esbarrar em alguém.
Virei-me, encontrando Darius atrás de mim e rapidamente
me afastei novamente enquanto minha pele queimava com o
contato.
Ele não disse nada, mas agora que sabia que ele estava
atrás de mim, minha pele arrepiou com arrepios e minha
respiração tornou-se superficial.
Seth se levantou, cerrando os dentes em concentração
enquanto Darcy jogava água em seu escudo e ele lutava para
mantê-lo. Mas com um movimento de sua outra mão, ele
enviou uma enorme videira girando do chão aos pés dela.
Darcy gritou quando a videira a mandou voando, jogando
fogo nela enquanto ela tentava queimá-la, mas Seth era muito
rápido. Mais e mais videiras atiravam nela de todas as direções,
batendo nela e enrolando seu caminho ao redor de seu corpo
com força antes de imobilizar suas mãos também.
Ela caiu de volta no chão emaranhada nelas com um
grunhido de frustração e Seth uivou sua vitória para o céu
enquanto ela ofegava sob eles.
“Você se rende, baby?” Ele perguntou, movendo-se para
ficar sobre ela e cerrei meus dentes em irritação. Mas estava
tudo bem. Nós sabíamos que não poderíamos igualar os
Herdeiros ainda. A questão é que poderíamos em breve. E com
nosso poder seríamos capazes de esmagá-los para uma boa
medida.
“Sim,” Darcy suspirou. “Eu me rendo.”
As videiras caíram e ele ofereceu-lhe a mão quando ela se
levantou.
“Bom,” Orion latiu ao passar por nós novamente. “Darius
contra Tory serão os próximos.”
Olhei para Darius enquanto meu intestino deu uma
espécie de salto mortal estranho, mas seu olhar estava preso
em Orion.
“Não,” ele rosnou. “Não estou lutando contra ela.”
“Você está, a menos que queira uma semana de detenção
comigo,” Orion rosnou de volta, parando para olhar para ele.
“Eu disse não,” Darius repetiu, seus braços cruzados em
uma clara recusa.
Olhei entre eles enquanto Orion se preparava para virar
um idiota completo e suspirei dramaticamente.
“Qual é o problema, Darius? Com medo de eu chutar a
sua bunda e fazer você parecer uma vadia na frente de todos?”
Provoquei, virando-me para olhar em seus olhos com anéis
negros.
Seu olhar deslizou sobre mim lentamente e o calor seguiu
o caminho de seus olhos por cada centímetro da minha carne
que eles acariciaram.
“Dificilmente.”
“Então qual é o problema?” Exigi.
Ele hesitou por um longo momento e então encolheu os
ombros. “Não quero machuca-la.”
Meus lábios se separaram com essa declaração e a
sinceridade dessas palavras ecoou no fundo de mim com uma
verdade que não podia negar.
Por um longo momento, apenas nos olhamos antes de me
lembrar que tínhamos uma audiência e rapidamente revirei os
olhos. “Você é tão arrogante para um idiota que tem medo até
de me enfrentar. Apenas venha e lute comigo, nós dois
sabemos que você realmente quer isso.”
Seus olhos se estreitaram com essa avaliação e ele ainda
se recusou a se mover. “Não.”
“Bem... eu vou lutar. Então, se você não quer que eu o
faça de bobo, provavelmente vai ter que revidar.”
Orion riu sombriamente atrás de mim e os músculos de
Darius flexionaram enquanto ele se mantinha firme.
“Vamos, menino Dragão,” provoquei e de repente percebi
que tinha realmente perdido seus desafios habituais e
comentários provocadores. Queria que ele me mordesse de
volta, precisava que ele se levantasse contra a minha merda e
me mostrasse a minha porcaria.
“Não.”
“Foda-me, você realmente vai me fazer implorar?” Fiz
beicinho quando olhei-a e um esboço de sorriso apareceu no
canto de seus lábios.
“Você certamente pode tentar.”
Não é provável. Mas meus lábios se contraíram quando
pensei em outro plano.
Estendi a mão e peguei a sua, puxando-a para que ele
fosse forçado a desdobrar os braços e ele franziu a testa em
confusão quando um tipo de calor elétrico passou entre nós.
O céu escureceu no alto e eu estava disposta a apostar
que as estrelas não tolerariam que nós realmente nos
tocássemos por muito tempo, mesmo enquanto tínhamos
companhia, mas estava tudo bem, não estava em meus planos
apenas segurar sua mão.
No momento em que sua guarda baixou, levantei minha
outra mão e bati minha palma em seu peito sólido. Ele era
seriamente forte e eu tinha certeza que não o teria movido um
maldito centímetro se não fosse pela força de um tornado
saindo da minha palma.
Uma risada saiu da minha garganta quando os olhos de
Darius se arregalaram de surpresa e ele foi jogado para trás,
mas não levei em conta o fato de que ele ainda estava
segurando minha outra mão.
Gritei quando seu aperto aumentou em mim e nós dois
fomos enviados voando pela minha magia, batendo na colina
gramada em uma pilha enquanto a adrenalina trovejava pelos
meus membros.
Rolamos pela grama e acabei em cima dele, pressionando
rapidamente minha vantagem enquanto clamava à terra abaixo
dele para segurá-lo.
A grama floresceu e floresceu ao nosso redor, envolvendo
seu caminho ao redor dos seus membros enquanto lutava para
amarrá-lo, mas ele empunhou o fogo para queimá-la tão
rapidamente quanto crescia.
Com todo o meu foco em tentar forçar a grama para
segurá-lo, ele deveria ter sido capaz de me jogar fora facilmente
e me preparei para o ataque, mas não aconteceu.
“Você ainda está facilitando para mim, Darius?” Rosnei
enquanto olhava para ele da minha posição montada nele.
“Eu te disse, não vou te machucar de novo, Roxy,” ele
respondeu enquanto continuava a queimar minha magia da
Terra tão rápido quanto poderia conjurá-la.
“Não finja que você não quer,” empurrei. “Você deve me
odiar por dizer não.”
Darius rosnou, mas ele ainda não me atacou. “Eu não te
odeio.”
“Mais idiota então.” Tentei me afastar dele, mas ele
agarrou minhas coxas, me segurando no lugar com um
rosnado perigoso enquanto as nuvens continuavam a escurecer
no alto.
Estreitei meus olhos para ele e mudei meu ataque para
água, formando uma bolha ao redor dele e fechando-a sobre
sua cabeça de forma que ele foi forçado a me empurrar para
fora dele para removê-la.
Rolei para o lado, cobrindo meus braços com fogo
enquanto ele dirigia a água de seu rosto com sua própria magia
e subia também, balançando a cabeça e enviando gotas de seu
cabelo preto.
Joguei as chamas em meus braços na sua direção e ele
rapidamente usou sua própria magia para eliminá-las. Atirei
mais fogo, então água, ar, terra, e ele neutralizou cada um dos
meus ataques sem revidar nenhuma vez.
Quanto mais isso durava, mais furiosa eu ficava lutando
cada vez mais para quebrar suas defesas com tudo que tinha,
mas não conseguia nem quebrá-las.
Os olhos de Darius brilharam com um tipo de emoção
faminta quanto mais tempo passava e não importava o quão
sorrateira tentei ser com meus ataques ou mesmo quando
joguei força bruta atrás deles, ainda não conseguia encontrar
uma maneira de passar.
O calor lambeu minha espinha e me encontrei querendo
socar seu rosto estúpido e presunçoso cada vez que ele
queimava meus ataques com labaredas de fogo ou os
interrompia com um escudo de gelo. Meu coração estava
batendo forte, minha pele formigava e eu odiava admitir, mas
estava tendo muitos flashbacks de como sua carne se sentiu
contra a minha nas poucas vezes que cedemos a este calor
entre nós.
“O suficiente!” Orion chamou eventualmente e deixei cair
minhas mãos sobre os joelhos enquanto ofegava com o esforço.
“Cinquenta pontos para Ignis por uma defesa impenetrável,
Darius. Menos cinquenta por não atacar seu oponente quando
teve a oportunidade. E você pode ter um ponto por
determinação, Srta. Vega.”
Mostrei o dedo do meio para ele e seus olhos brilharam
com diversão quando ele encerrou a aula e o resto dos alunos
começou a se dispersar.
Uma sombra caiu sobre mim e olhei para cima quando
Darius se aproximou.
“Sabe, um dia conseguirei superar suas defesas,” avisei-o
enquanto me endireitava e olhava diretamente em seus olhos.
“E então você terá que decidir se quer revidar antes de eu
chutar sua bunda ou apenas levar sua surra como uma boa
vadia.”
“Talvez leve a surra,” ele disse em um rosnado baixo
enquanto se movia tão perto de mim que nossos peitos estavam
quase se tocando. Um vento frio soprou selvagemente ao nosso
redor, sacudindo meu cabelo e percebi que quase todo mundo
tinha ido embora. As estrelas estavam prestes a nos separar se
não nos separássemos por vontade própria. “Afinal, eu
claramente mereço.”
“Não achei que você fosse capaz de admitir quando estava
errado,” murmurei.
“Nem eu. Mas se você quiser continuar me punindo
montando em mim no chão, não vou reclamar.”
O sangue correu para minhas bochechas com o calor em
suas palavras e lambi meus lábios antes que pudesse me
conter, o puro perfume masculino dele envolvendo-se em mim
como uma droga.
“Não tenha muitas esperanças, da próxima vez será minha
bota esmagando você no chão,” avisei.
“Estou ansioso por isso.”
O vento aumentou violentamente e um grito vindo de
algum lugar acima me fez olhar ao redor bem a tempo de pular
para o lado quando um Grifo caiu do céu e bateu no chão bem
onde estávamos.
Meus lábios se abriram em choque quando ele mudou de
volta para sua forma Fae e começou a gritar.
“Ajudem-me! Acho que quebrei meu traseiro!” Ele gritou e
recuei enquanto Geraldine avançava para ajudá-lo.
“Vou ajudá-lo, meu amigo!” Ela chorou. “Permita-me
verificar se há rupturas na área.”
O cara gritou novamente quando ela o agarrou pelos
quadris e apontou sua bunda para o ar antes de bater com a
mão enquanto ela trabalhava para curá-lo.
“Puta merda,” murmurei, presa entre o riso e a culpa
enquanto recuava e o vento continuava a soprar ao nosso
redor. Tinha certeza de que éramos os responsáveis pelas
estrelas criando este redemoinho e rir definitivamente
significaria que eu era uma idiota.
Mas quando o cara cedeu aos cuidados de Geraldine em
sua bunda e Max começou a xingá-la por apalpá-lo, não pude
evitar. Uma risada saiu de meus lábios e tive que colocar
minha mão sobre eles para tentar escondê-la. Eu sou
definitivamente uma idiota.
O vento continuou a uivar, fazendo meu cabelo ondular ao
meu redor e vários dos alunos do outro lado do campo gritaram
e começaram a correr para se proteger.
Dei mais alguns passos para longe e recuei quando Darius
pegou minha mão, mas antes que pudesse questionar o que ele
estava fazendo, ele pressionou uma pequena caixa preta na
minha palma.
“Desculpe pelo atraso,” ele disse em uma voz áspera antes
de se virar e se afastar de mim descendo a colina.
Eu o observei sair enquanto o vento finalmente diminuía,
meu olhar demorando nas tatuagens de Fênix e Dragão que
dominavam suas costas e a vontade mais estranha crescendo
em mim para gritar para ele não ir.
A comoção morreu quando Geraldine terminou de curar o
Grifo e ele declarou sua lealdade inabalável ao Clube Bunda
antes de se apressar para longe da raiva de Max com seu lixo
coberto com suas mãos em forma de concha e sua bunda nua
balançando enquanto ele corria.
Geraldine chamou Max de crustáceo rabugento e exigiu
que ele saísse também antes de se juntar a mim com Darcy em
seus calcanhares.
Fiquei olhando para a caixa, me perguntando o que diabos
poderia ser enquanto elas se aproximavam para olhar também
e o vento finalmente parou.
“Não me deixe em suspense, minha senhora! Se eu tiver
que esperar mais um momento seu pensando, vou cair morta
como uma maçaneta com a tensão rasgando meus pobres
nervos em pedaços!” Geraldine engasgou.
Zombei levemente, meu aperto na pequena caixa enquanto
estava presa entre o desejo de abri-la e o desejo de jogá-la fora.
Gah.
“Você não precisa abrir se não quiser,” disse Darcy,
usando seus sentidos gêmeas para descobrir exatamente o que
se passava comigo.
Mas não abri-la era pior do que abri-la. Porque então eu
estaria pensando sobre a maldita coisa, me perguntando sobre
isso. E não precisava de novos motivos para passar meu tempo
obcecada por Darius Acrux.
Com um bufo de frustração, puxei a tampa da caixa, um
pequeno formigamento de magia correndo sobre meus dedos
que reconheci como de Darius.
“Oh, ele enfeitiçou apenas para abrir para você,” Geraldine
suspirou, abanando os olhos.
“Juro, Geraldine, se você começar a chorar de novo, vou
jogar isso no lixo,” avisei.
Ela fechou o lábio e olhei para o cartão branco que estava
no topo da caixa, puxando-o para fora e lendo o pequeno
bilhete com a caligrafia ondulada de Darius.

Neste caso, posso estar cheio de merda.


Nós dois sabemos que você ganhou.
Eu espero que você goste do seu prêmio Lote J, último
andar, no estacionamento.

Abaixo dele estava uma camada de papel de seda prateado


e meu coração batia em um ritmo desconhecido enquanto
lentamente o abria, meus dedos formigando mais uma vez com
o toque da magia de Darius.
Desenrolei o papel e encontrei uma chave preta de moto,
um logotipo prateado da Yamaharpie destacando-se e fazendo
minha respiração parar.
“Puta merda,” murmurei. “Ele é real?”
“Ele comprou uma moto para você?” Darcy engasgou.
“Não posso acreditar que ele está admitindo que ganhei
dele em alguma coisa,” falei lentamente. Isso parecia tão
estranho vindo de Darius.
“Muito romântico!” Geraldine gritou.
“Isso não muda nada,” murmurei enquanto corria meu
polegar sobre a chave. Mas se estava realmente sendo honesta
comigo mesma, talvez mudasse. Só um pouco.
Deitei em cima de Orion, uma cortina de cabelo azul nos rodeando
enquanto sorria para ele. Raramente dormíamos separados ultimamente.
Sabia que era imprudente, nós dois sabíamos. Mas desde que ele chegou
tão perto da morte e o mundo parecia que ia virar a qualquer momento,
nenhum de nós queria perder um segundo separados. Ficar na casa dele
provavelmente era uma loucura, mas como ele era o único com cama de
casal, sempre preferi vir aqui. Não que estivéssemos atualmente fazendo
uso do espaço extra, eu estava transformando o Orion em meu próprio
colchão. Mas, em vez de molas, tinha abdominais.
Já devia ter passado da meia-noite, mas não me sentia
cansada. Me sentia bem acordada, querendo beber da sua
companhia como se fosse o coquetel mais doce do mundo. Meu
corpo ainda estava zumbindo com os efeitos posteriores dele
me reivindicando. Senti seus beijos marcados em minha pele
como cera quente pingando, seus toques como tatuagens
invisíveis.
Nunca vou ter um único momento com ele como garantido,
nunca mais.
“Você está preocupado com Clara?” Perguntei gentilmente.
Sabia que o estava consumindo por dentro, o fato dele não
poder ir à casa de Lionel e fazer algo a respeito da irmã.
O pai de Darius o proibiu de ir lá, dizendo que ela
precisava de tempo para 'se ajustar'. Mas o que isso realmente
significava é que nem mesmo Lionel conseguia controlá-la. Pelo
que Darius disse sobre sua visita ao lar, Clara era volátil,
violenta e totalmente imprevisível. O que foi confirmado pelas
memórias que Orion exigia que Diego mostrasse a ele sempre
que possível. Mesmo que elas não nos ajudassem em nada;
Lance estava apenas desesperado para encontrar uma
mudança nela que eu temia não acontecer. E toda vez que
falávamos sobre isso, havia uma dor crua em seus olhos que
cortava meu coração em pedaços.
Seu olhar deslizou do meu rosto e sua expressão tornou-se
sombria. “Honestamente? Estou morrendo de medo por ela,
Blue. Eu sei que ela me atacou, sei que ela não é ela mesma.
Mas são as Sombras, não é ela.” Ele agarrou meu braço e seus
olhos piscaram novamente, caçando meu olhar. “Você também
acredita nisso, não é?”
Sabia que ele precisava do meu apoio nisso. Mas depois de
ver Clara cravando aquela lâmina nele, rasgando sua garganta
com suas presas e drenando o sangue de seu corpo, não pude
sentir nada além de amargura em relação a ela. Ódio. Ela era
um monstro. Nada remotamente Fae vivia naquele corpo pelo
que ode perceber. Mas Orion precisava que eu tentasse, então
poderia oferecer a ele pelo menos algum resquício de
esperança.
“Não sei,” falei verdadeiramente e seus músculos
ondularam debaixo de mim. Segurei sua bochecha para que ele
não pudesse se virar, meu coração batendo forte em meu peito.
“Mas se são as Sombras que a estão deixando assim, então vou
ajudar de todas as maneiras que puder para libertá-la delas.”
Sua garganta balançou com emoção quando ele acenou
com a cabeça. “Se pudesse ir até ela...”
“E o que você faria se pudesse? E se ela te atacar de
novo?” Exigi, meu coração batendo como um animal enjaulado
com o pensamento dele se aproximando dela. Fiquei
silenciosamente feliz por Lionel tê-lo impedido de visitar a
mansão, porque a ideia dele entrar naquela casa com aquela
criatura que quase o matou me dava vontade de gritar até
meus pulmões estourarem.
“Darius e eu estamos discutindo maneiras de afastar as
Sombras do corpo dela,” ele disse, sua mandíbula pulsando
como se ele estivesse irritado por não ter uma solução simples
para ajudá-la. “Vamos encontrar uma maneira. Eu vou,” ele
acrescentou como se estivesse tentando se convencer tanto
quanto a mim.
Escovei cabelo em sua testa acenando em acordo. “Mas,
por favor, não corra riscos. Não posso te perder, Lance. Você
não tem ideia de como foi terrível ver você lá, sangrando,
sofrendo, morrendo...”
Ele me beijou, agarrando minha nuca para me manter
perto e meu coração encontrou um ritmo mais estável mais
uma vez.
“Não vou a lugar nenhum,” murmurou contra meus lábios.
“Fizemos um acordo com as estrelas, lembra?”
Assenti, me afogando na sensação dele me segurando
contra ele. “Lamento que tenha sido Seth quem salvou você,”
falei com um soluço de riso.
Um rosnado baixo retumbou em seu peito. “Fiquei
surpreso por ele não ter terminado o trabalho, para ser
honesto.”
Pensei nisso, soltando um pequeno suspiro. “Acho que ele
não é um lobo mau assim, afinal.”
“Sim, reviravolta total na história; ele salvou chapeuzinho
vermelho quando a encontrou sangrando em vez de comê-la.”
“Você é mais como um grande chapeuzinho barbudo,”
apontei e ele soltou uma risada.
“Droga, devo ter esquecido de usar minha capa vermelha
durante a última viagem.” Ele bateu na minha bunda e
engasguei de surpresa antes de me inclinar para trás para
fazer cócegas nele em retaliação.
Ele riu e o som me iluminou por dentro enquanto ele
pegava meus pulsos e os prendia contra seu peito. “Garota
má.”
Eu sorri, lançando magia de gelo em minhas mãos, cada
vez mais fria, enquanto Orion brincava. “Eu não perco em jogos
como este,” ele disse com um sorriso malicioso. “Lembra da
Feira de Fadas?”
Minha boca puxou para cima no canto quando me lembrei
dele sendo eletrocutado na tenda do circo para se desculpar
comigo. Mordi meu lábio, sabendo exatamente como poderia
passar por suas defesas enquanto tirava um pouco de sangue.
Ele rosnou, me liberando em um instante e se erguendo
para sugá-lo do meu lábio. Sorri enquanto ele beijava e
chupava, então pressionei minhas mãos em seus ombros para
forçá-lo a voltar para o colchão.
“Ganhei,” cantei e ele sorriu, seus olhos ficando
semicerrados.
“Estou bem com você sendo minha fraqueza, Blue. Porque
isso significa que minha fraqueza é uma fodida e quente pra
caralho Fênix com fogo suficiente em suas veias para rivalizar
com o sol. Então venha até mim estrelas, sou invencível!” Ele
apontou para o teto e ri, me apertando contra seu peito
novamente e me perguntando se algum dia conseguiria tirar
esse sorriso do meu rosto.
“Não incite as estrelas.” Eu o cutuquei no ombro. “Elas vão
encarar isso como um desafio.”
Ele riu, fingindo fechar os lábios e nós ficamos em silêncio
por um tempo com nada além de nossos batimentos cardíacos
rompendo o silêncio.
Seus dedos enroscados entre os meus e seu polegar
percorreram o anel da minha mãe no meu dedo.
“É estranho que eu esteja usando isso?” Murmurei. “Às
vezes me preocupo que ela não era uma boa pessoa.”
Ele colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha
com uma carranca profunda gravada em sua testa. “Não sei se
era boa, Blue, mas sei que ela teria feito qualquer coisa para
protegê-la.”
“Você acha que ela me amava?” Sussurrei, sem saber se
estava realmente esperando uma resposta dele ou apenas
imaginando o pensamento em voz alta para o universo. Já
houve uma realidade em que fui uma filha amada por sua
mãe? Ela me embalou contra seu peito e rezou para que eu
nunca sofresse algum dano? Ela realmente se importava com
que tipo de garota eu cresceria? E ela ficaria orgulhosa de
quem me tornei?
Orion arrastou o polegar ao longo da minha mandíbula,
pelo meu pescoço e pela minha clavícula, seu olhar seguindo o
caminho que ele tomou. “Como ela poderia não te amar?”
Lágrimas queimaram meus olhos, mas sorri através delas,
inclinando-me para tocar meus lábios nos dele. Porque essa foi
a resposta mais doce que ele poderia ter me dado.
“Você sente falta do mundo mortal?” Ele perguntou
enquanto descansava minha cabeça em seu peito, sua voz
áspera e deliciosa.
Seus dedos se curvaram em volta das minhas omoplatas,
enviando um arrepio profundo através de mim. Às vezes me
perguntava se estava viciada em sua carne. Ele era o êxtase
corporificado, uma droga que deixou minha mente em uma
névoa de êxtase. Era estranho pensar que passei tanto da
minha vida sem ele. Agora, um futuro separado parecia
impossível. Insuportável.
“Na verdade, não,” falei pensativamente. “Nunca me senti
em casa lá, sempre senti como se algum outro lugar estivesse
chamando meu nome. Só não sabia onde procurar.”
“Acho que acabou encontrando você,” disse ele com um
sorriso malicioso na voz. “Ou, para ser mais preciso, eu
encontrei você.”
“Há quanto tempo você estava nos perseguindo
exatamente?” Perguntei, levantando minha cabeça e
estreitando meus olhos de brincadeira.
Ele riu, abaixando a mão na minha bunda e apertando.
“Não estava perseguindo, estava assistindo.”
“Mesma coisa,” apontei.
“Tinha que ter certeza de que vocês eram quem
pensávamos. Queríamos ter certeza.”
“E como você sabia qual era uma gêmea Vega e qual era a
outra?” Estávamos acostumadas a ser confundidas.
“Assinaturas mágicas,” ele disse naquele tom de professor
que me deixava toda quente. “A elite é registrada no
nascimento. Tinha um dispositivo especial para fazer uma
leitura de vocês.”
“Humm, que tipo de dispositivo especial?” Sorri,
balançando meus quadris contra ele e arrancando um gemido
dos seus lábios. Minha fome por ele era insaciável. Cada vez
que pensava que já tinha o suficiente, me encontrava faminta
por ele novamente.
“É um dispositivo longo e rígido que vive entre minhas
pernas. E gosta muito de você,” ele brincou e a covinha em sua
bochecha direita apareceu, fazendo-me inclinar-me para
lambê-la. Ele riu, agarrando meus quadris e me esfregando
contra ele com um grunhido de desejo.
Sinos badalando soaram em algum lugar da sala e Orion
sacudiu, me rolando para longe dele e pegando seu telefone na
mesa de cabeceira. Fiz uma careta quando ele respondeu, a
tensão em seus músculos me deixando preocupada.
“Francesca?” Orion respondeu e franzi os lábios. Por que
ele tem um toque pessoal para Fran? E por que ela está ligando
tão tarde? “Onde...? Ok. Sim, estarei aí em trinta minutos.”
Ele desligou, saindo da cama e caminhando até o armário
para pegar algumas roupas e começar a se vestir.
Sentei-me com minhas sobrancelhas franzidas, tentando
ignorar o puxão de ciúme guerreando em meu peito. “O que
está acontecendo?”
Ele vestiu uma calça jeans, afivelando-os enquanto se
movia em minha direção, inclinando-se e dando um beijo na
minha testa. Minha maldita testa. “Estarei de volta antes do
amanhecer.”
Estreitei meus olhos enquanto o seguia para fora da cama
e ele se virou para vestir uma camisa.
Arrastei minha calcinha e coloquei minhas mãos nos
quadris. “Explique,” exigi. “Porque parece que você acabou de
atender um telefonema para sua ex-namorada no meio da noite
e agora está correndo para vê-la com um estalar de dedos.”
Orion se virou para mim com uma carranca agarrando seu
rosto. “Blue…”
“O quê?” Levantei minhas sobrancelhas, esperando, meu
coração batendo desconfortavelmente. Não gostei dessa
sensação. Sabia que éramos inquebráveis. Mas não iria deixar
isso passar sem uma explicação sólida do mesmo jeito.
Ele suspirou, abaixando-se para pegar minha calça jeans e
camisa do chão. Ele os estendeu para mim com os olhos
escurecendo. “Quando te contar, você vai insistir em vir. E vou
pular a discussão e apenas dizer, fique por perto e siga minhas
ordens.”
“Que diabos você está falando?” Perguntei enquanto ele
avançava, arrastando minha camisa verde escura sobre a
minha cabeça. Enfiei meus braços nas mangas, em seguida,
peguei meu jeans da sua mão, não querendo ser vestida como
uma criança.
Orion esfregou a barba grossa que revestia sua mandíbula.
“Eu e Darius trabalhamos com Francesca há anos para manter
a população de Ninfas sob controle.”
“O que você quer dizer?” O nó no meu estômago se
afrouxou ao ver a verdade em seus olhos, mas meu coração
começou a bater por um motivo totalmente diferente.
“Francesca tem olhos por todo o reino, cuidando das
Ninfas. Normalmente, há uma força-tarefa do FIB que cuida
delas, mas nos últimos dois anos seus números têm saído do
controle. Então ela nos emprega e um bando de outros agentes
subalternos para lidar com elas. É completamente ilegal, claro,
mas Francesca se preocupa mais em manter os civis seguros
do que colocar seu trabalho em risco. E eu e Darius nós
oferecemos como voluntários porque, bem, somos muito bons
nisso.”
“Você e Darius... vocês matam Ninfas?” Murmurei, o fato
fazendo muito sentido. Como na vez em que o vi conversando
com Fran em um bar em Tucana, discutindo sobre matar
alguém. Era sobre isso. Bati no peito de Orion com uma
carranca. “Por que estou ouvindo sobre isso só agora?”
Seus lábios se curvaram em um sorriso enviesado, seus
olhos brilhando, gostando quando batia nele. “Não somos
chamados a eras e, como eu disse, é ilegal pra caralho. Não iria
incriminá-la se o FIB algum dia viesse à minha porta.”
Cruzei meus braços, meu olhar se fixando nele. “O que
mais não sei sobre você?”
Ele riu, avançando e segurando minha bochecha. “Eu não
sou nada além de um livro aberto agora, prometo. Este é o meu
último segredo.”
“Por que não acredito em você?” Sussurrei e ele estampou
sua boca firmemente na minha.
“Você vai,” ele prometeu e provei essa promessa em meus
lábios. “Vou lhe dar uma história sobre minha vida inteira
quando voltarmos, se é isso que você quer, mas temos que ir.”
Ele agarrou minha mão, puxando-me em direção ao seu
armário e um sorriso puxou minha boca pelo fato de que ele
nem mesmo teve que perguntar se eu queria ir junto. Claro que
eu queria. Poderia usar meu Fogo da Fênix para destruir
Ninfas e era bom saber que poderia ser útil.
Orion pegou uma grande caixa de madeira da prateleira no
topo de seu armário, levantando-a e colocando-a sobre a cama.
Ele abriu a tampa e meus olhos se arregalaram com a visão da
longa lâmina de prata aninhada dentro. A reconheci
instantaneamente, ele a usou quando as Ninfas atacaram no
estádio de Pitball.
Meus lábios se separaram quando ele o tirou, balançando
em suas mãos com uma facilidade impossível. “Esta é uma
lâmina de Aço Solar,” explicou. “Raro pra caralho. O FIB as
usou para lutar contra Ninfas e Francesca me arranjou uma.”
Ele pegou uma bainha da caixa e amarrou-a na cintura.
Claro que ela fez. Fran é tão generosa.
Fiz uma nota mental que sua ex tinha dado a ele uma
espada extravagante e tudo que dei a ele no seu aniversário foi
um monte de notas promissórias escritas à mão. Não que eu
tivesse tido tempo para me preparar para isso, considerando
que não sabia que era o seu aniversário, mas ainda assim não
estaria ganhando exatamente o prêmio de melhor presente do
ano. Não, Fran tinha garantido isso para ela.
“Seu fogo será ainda mais eficaz,” acrescentou Orion, um
brilho em seus olhos como se ele estivesse animado para isso.
Eu meio que estava também.
Ele balançou a espada por um segundo com incrível
habilidade, admirando-a antes de enfiá-la na bainha. Droga
Fran, por que você tem que ser legal?
“Por que você não está me dizendo para ficar para trás?”
Perguntei curiosamente.
“Você quer?” Ele colocou uma mecha de cabelo atrás da
minha orelha e balancei minha cabeça imediatamente.
Um sorriso sombrio apareceu em sua boca. “Não estou
dizendo para você ficar porque, em primeiro lugar, você é uma
porra de uma força a ser reconhecida, linda. E em segundo
lugar...” Ele se aproximou, pegando minha mão e beijando
firmemente as costas dela. “Nós formamos uma equipe
excelente, porra, eu estaria nos prestando um péssimo serviço
se a deixasse para trás.”
“Você com certeza sabe como se livrar de problemas,
professor.” Levantei uma sobrancelha e ele sorriu para a minha
expressão.
“Também sei como me livrar deles, Srta. Vega.” Ele sorriu
sugestivamente e ri enquanto ele me puxava para fora da porta.
Peguei meu casaco cinza da sala e Orion encolheu os ombros
em sua jaqueta de couro antes de me levar para a porta dos
fundos.
Escapamos para a noite e levantei a mão, lançando uma
bolha silenciadora ao nosso redor enquanto ele liderava o
caminho em direção à cerca que circundava Asteroid Place.
Usamos magia do Ar para pular sobre ele e então começamos a
correr por entre as árvores no Território Terrestre.
“Como vamos sair do campus sem sermos notados?”
Perguntei enquanto corria ao lado dele.
Graças às aulas de aprimoramento físico e às sessões de
prática brutal de Pitball, meu condicionamento físico melhorou
dez vezes. Estava até começando a obter definição muscular e
não poderia dizer que sentia falta dos meus braços de
espaguete.
“Ajudei a colocar as proteções ao redor do Campus,” disse
ele. “Deixei uma lacuna neles para mim e Darius.”
“Isso é seguro?” Fiz uma careta. “E se alguém entrar?”
“Eles nunca iriam encontrar,” disse ele com segurança.
“Coloquei todos os tipos de feitiços de ocultação sobre ele para
manter os outros afastados. Mas assim que te mostrar, você
poderá usá-lo também. Não que você deva sair do campus sem
mim.” Ele me lançou um olhar penetrante e arqueei uma
sobrancelha.
“Então posso ser má, desde que seja com você?”
Provoquei.
“Exatamente.” Ele sorriu, avançando em minha direção e
me jogando por cima do ombro. Engoli um grito de surpresa
quando ele disparou com sua velocidade de Vampiro e o mundo
se tornou um borrão.
Logo chegamos a um canto escuro da cerca externa onde
ele me colocou no chão, um pouco tonta enquanto olhava para
as barras de ferro que se estendiam acima de nós.
“Aqui.” Orion pegou minha mão, arrastando-a ao longo
das barras e plantando-a em uma que estava marcada muito
sutilmente com um símbolo do sol. No segundo em que meus
dedos a tocaram, a barra desapareceu e Orion me guiou
através da abertura para os arbustos do outro lado. Olhei de
volta para as barras aparentemente sólidas com surpresa, em
seguida, meu coração saltou quando um homem com um
moletom preto passou por elas atrás de nós.
Os olhos de Darius imediatamente deslizaram para mim e
ele parou em seu caminho. “O que há com a Vega?” Ele rosnou
e apertei minha mandíbula.
Ele era o amigo mais próximo de Orion e eu tinha que ser
grata a ele, já que ele ajudou a salva-lo, mas também tinha
muitos motivos para odiá-lo. Por que os Herdeiros tinham que
mexer tanto com minha bússola moral ultimamente?
“Blue vai ajudar,” disse Orion com firmeza, avançando
para dar um tapinha no ombro de Darius. “Problema?”
Darius franziu a testa e balançou a cabeça. “Tanto faz,
contanto que ela não cause nenhuma confusão.”
“Ela tem um nome,” falei alegremente. “E ela apreciaria se
você não falasse sobre ela na terceira pessoa.”
“Tudo bem, Gwen, acalme-se,” Darius zombou e um
rosnado retumbou no fundo da minha garganta.
“É Darcy,” corrigi. “Não vou responder como Gwen. Então,
se uma Ninfa começar a sugar a magia da sua bunda, você
pode usar o nome certo quando estiver pedindo ajuda.”
Darius ergueu as sobrancelhas e uma risada surpresa
escapou dele enquanto olhava para Orion. “Gwen tem um fogo
na barriga esta noite.”
“Pare com a porcaria de terceira pessoa. E não me chame
de Gwen,” exigi e Orion empurrou Darius no braço, fazendo-o
bater em mim.
“Chame-a de Darcy, idiota, ou vou começar a chamá-lo de
Demelza,” ele rosnou e Darius encolheu os ombros. “Venha,
vamos embora.”
Darius tirou uma bolsa de poeira estelar de seu bolso,
olhando-me através dos seus olhos com olheiras. A visão fez
meu coração apertar, então desviei o olhar. Não sabia se tinha
pena dele ou estava feliz por ele estar pagando o preço por
machucá-la. Mas me matava o fato da minha irmã estar sendo
punida também.
“Preparados?” Darius perguntou e Orion pegou minha
mão, me puxando para mais perto e mantendo seus dedos
agarrados em mim como se estivesse preocupado que Darius
fosse me deixar para trás. Eu não teria passado por ele
também.
Nós assentimos e ele jogou a poeira estelar brilhante no ar.
Fui puxada para um mar de estrelas e minha respiração
foi sugada enquanto avançávamos pela galáxia sem fim,
usando poder para cavalgar através do espaço entre os átomos
e pousar em nosso destino.
Meus pés atingiram o solo sólido e tropecei, sentindo o
aperto do Orion em mim. Meu rosto bateu em um ombro duro
do mesmo jeito e olhei para cima para encontrar Darius me
firmando também.
O cheiro de fumaça pairou ao redor dele como uma nuvem
e pude ver o Dragão espiando por trás dos seus olhos, um flash
de ouro queimando na escuridão.
“Obrigada,” murmurei, dando um passo para trás,
observando a colina escura em que estávamos, a lua escondida
atrás de um mar de nuvens.
Darius encolheu os ombros, olhando para longe. “Se você
se preparar para pousar em solo instável, sempre pousará
suavemente.”
O calor subiu em minhas bochechas e balancei minha
cabeça. “Sempre fui desajeitada.”
“Fae podem treinar para evitar qualquer coisa,” Darius
disse com firmeza e me perguntei se isso era verdade. Eu não
poderia imaginar estar perto de ser graciosa. Minha quinta mãe
adotiva, a Sra. Cockleford, nos levou a uma galeria de arte uma
vez, quando eu tinha nove anos. Eu derrubei uma escultura de
um tigre de bengala e causei milhares de dólares em danos ao
artista. Tory tinha determinado que não era por isso que ela
nos mandou de volta para o lar adotivo uma semana depois.
Mas eu sabia que era. Juro que quanto menos desajeitada
tentava ser, mais destruição causava. Eu havia quebrado mais
ossos e tive mais visitas ao pronto-socorro na minha vida do
que qualquer pessoa que eu conhecia. Provavelmente não
ajudou que fosse o tipo de criança que gostava de subir em
árvores, brincar em riachos e correr descalça por toda parte.
Mas também não era do tipo que gostava de ouvir para não
fazer essas coisas.
“Acontece que gosto disso em você,” comentou Orion. “Isso
significa que sempre poderei pegá-la.”
“Você é um Vampiro, você sempre será capaz de me pegar
de qualquer maneira,” sorri.
“Não quando você voar para longe de mim,” ele rosnou.
“Você acha que sou tão desajeitada que vou atingir um
arco-íris e cair do céu?” Provoquei e ele riu.
“Onde está Francesca?” Darius questionou, virando-se
para a floresta escura que se estendia à nossa direita. Eu segui
seu olhar e avistei uma enorme mansão gótica velha entre as
árvores altas. Não havia luzes acesas no prédio e algo sobre
isso enviou uma sensação de formigamento na espinha.
“O que as Ninfas estão fazendo por aqui?” Orion
murmurou.
“Porra, vai saber,” Darius rosnou. “Mas estou com fome de
matar.”
Um flash de luz chamou minha atenção à minha direita e
me virei em direção a ele no mesmo ritmo que os outros, assim
que Fran saiu do meio das árvores. Ela usava um macacão
preto que se agarrava a sua figura curvilínea, seu cabelo
castanho estava preso em um rabo de cavalo alto e seus olhos
se estreitaram para mim.
“O que há com a sobressalente?” Ela exigiu, correndo até
nós, em seguida, diminuindo a velocidade quando percebeu
quem eu era. “Pelas estrelas, você trouxe a porra da Vega,
Lance?” Ela se virou para ele, e juro, se eu ficasse na terceira
pessoa mais uma vez esta noite, iria perder a cabeça.
“Posso ajudar,” falei antes que ele pudesse. “Matei um
bando de Ninfas no Palácio das Almas.”
“Eu ouvi falar,” Fran disse friamente. “Mas você ainda é
apenas uma caloura que vai ser um risco. Isso não é
brincadeira de criança.”
“Em primeiro lugar, tenho quase dezenove anos e,
segundo, estou bem ciente de que não é brincadeira de criança.
Eu estava ciente quando lutei pela minha vida e pela vida de
meus amigos no Palácio. Estava ciente quando lutei ao lado de
Lance quando a academia foi atacada. Eu também estava
ciente quando transformei um bando de Ninfas em pó porque
elas não suportam o poder do meu Fogo da Fênix. Então, só
para ficar claro, estou ciente.”
Orion lutou contra um sorriso malicioso, olhando para
Fran enquanto ela estalava a língua em aborrecimento. “Bem,
isso está na sua cabeça, Lance.”
“Observado.” Ele a saudou e ela revirou os olhos.
“Qual é a informação?” Darius perguntou, parecendo
seriamente impaciente para começar a matar Ninfas.
Fran se endireitou, parecendo mais profissional. “Algumas
crianças estavam brincando nessa mansão abandonada lá
embaixo. Seus pais disseram que eles apareceram em casa
gritando, dizendo que viram uma Ninfa. Eu não teria levado a
sério, só que tivemos alguns avistamentos desta forma na
semana passada. Provavelmente não é nada, mas pensei que
poderíamos verificar este juntos só para ter certeza.”
“Por que as Ninfas estariam aqui?” Orion perguntou com
uma carranca. “Quase não há nenhum Fae para se
alimentarem. Esse não é o estilo usual delas.”
“Não sei.” Fran encolheu os ombros. “Há uma cidade não
muito longe daqui, talvez estejam matando qualquer um que se
perde na floresta. Mas tão longe assim? Não me parece
provável. Provavelmente estaremos de volta às nossas camas
em uma hora.”
“Bem, só há uma maneira de descobrir,” Darius disse.
“Vamos.”
Ele disparou para as árvores que desciam em direção ao
edifício gótico e o segui com Orion e Fran. As árvores eram
grossas e o caminho que seguíamos tão coberto de mato que
não conseguia imaginar que alguém o tivesse usado durante
anos.
Orion acendeu uma luz Faelight fraca para guiar o
caminho adiante, o brilho âmbar apenas o suficiente para
acender o caminho. Fran moveu-se atrás dele, então fui forçada
a ficar para trás e tive a sensação de que foi intencional.
O pio de uma coruja fez meu coração bater mais rápido e
juntei magia em minhas palmas para endurecer meus nervos.
Sou uma Princesa Solariana com um balde de poder nas
veias. As Ninfas deveriam estar com medo. Definitivamente, não
o contrário. Definitivamente, definitivamente.
As árvores se abriram na base da colina e saímos diante
da enorme casa senhorial que parecia há muito abandonada.
Musgo estava escalando as paredes de tijolos escuros e a porta
antiga estava pendurada em suas dobradiças, soprando no
vento e fazendo um barulho de rangido que enviou um arrepio
em meu sangue. A maioria das janelas estava quebrada e o
interior estava denso com sombras.
“O que é este lugar?” Sussurrei, sentindo Darius lançando
uma bolha silenciadora ao nosso redor.
“A única informação ligada a ele é que pertencia a alguém
chamado Kreevan Dire,” Fran respondeu e Orion se virou
bruscamente em direção a ela, franzindo a testa.
“Dire?” Ele questionou, sua mandíbula apertada.
“Sim, você já ouviu falar dele?” Ela perguntou
curiosamente e olhei para Darius enquanto ele caminhava até
uma das janelas e olhava para dentro.
“Ele era um velho amigo do meu pai,” Orion murmurou
enquanto tirava a espada de seu quadril, sua expressão tensa
me dando certeza de que havia mais que ele não estava
dizendo. O que significava que ele estava escondendo de Fran.
O que também significava que ele guardava segredos dela. O
que me deixou ainda mais curiosa sobre o que ele estava
escondendo.
Caminhamos em direção à mansão e Fran segurou o braço
de Orion. “Vamos fazer uma varredura e dar a volta nos
fundos.” Ela me direcionou para Darius. “Vocês dois verifiquem
os quartos da frente. Se você encontrar alguma coisa, Darius,
use o sinal de costume.”
“Vou ficar com Darcy,” disse Orion imediatamente.
“Não seja ridículo, Lance, é apenas uma varredura. Além
disso, ela disse que está ciente, lembra?” Fran insistiu,
puxando-o e tive vontade de puxar seu rabo de cavalo por
aquele comentário sarcástico.
“Está tudo bem,” prometi a Orion, não querendo que Fran
pensasse que eu era um ratinho assustado que precisava
segurar a mão de seu professor nesta missão. Mas sabia que
Orion não me deixaria tão facilmente, então olhei em seus
olhos e ignorei a bela Fae agarrada em seu braço. “Estarei com
Darius.”
Ele apertou a mandíbula e se virou para o amigo. “Ela não
sai de sua vista.”
“Entendi,” Darius concordou, então se jogou por uma
janela e caiu dentro, acenando para mim atrás dele.
Fran levou Orion para a outra extremidade da casa e ele
olhou por cima do ombro para mim com uma carranca. Dei a
ele um polegar para cima e ele fez uma careta, aparentemente
não confortado por isso. Mas se ele pensava que eu era tão
capaz, ele realmente não deveria ter esperado ser minha babá
durante isso.
Fui até a janela, segurando a saliência e me arrastando
para dentro da casa. Darius estendeu a mão para me ajudar,
mas ignorei, caindo no chão ao lado dele um segundo depois,
escovando a sujeira de minhas mãos em meu jeans. Não sabia
se ele estava sendo legal ou se ele pensava que eu era incapaz,
mas tinha certeza que iria provar que ele estava errado se fosse
o último.
A sala cheirava a mofo e a mobília velha estava
apodrecendo. Fotos penduradas em ângulos estranhos nas
paredes, cobertas de poeira que escondia o que quer que
estivesse em suas molduras. Dizer que era assustador era o
eufemismo da década.
“Fique perto,” Darius murmurou, apertando sua bolha
silenciadora ao nosso redor e lançando uma luz Faelight baixa
acima de nós. Eu trouxe magia para os meus dedos enquanto
ele liderava o caminho para fora da sala, cada passo que demos
fazendo as tábuas do piso rangerem, soando dolorosamente
alto em meus ouvidos. Apesar da bolha silenciadora, ainda fez
minha respiração acelerar e meu coração disparar.
Nós nos mudamos para um antigo corredor onde uma
escada de madeira levava a outro nível, mas passamos por ele,
movendo-nos estrategicamente pelas salas da frente e
verificando se estavam livres.
Chegamos a uma grande cozinha e um cheiro horrível
atingiu o fundo da minha garganta. Uma velha geladeira estava
aberta e havia mofo grudado a tudo dentro dela. Deveria ter
anos e anos, mas o cheiro ainda era forte o suficiente para me
fazer vomitar.
“O que diabos aconteceu aqui?” Assobiei.
“Parece que quem viveu aqui se levantou e saiu com
pressa,” Darius murmurou.
“Ou morreu com pressa,” falei grosseiramente, cobrindo
minha boca.
“Sim, ou isso,” ele grunhiu, olhando ao redor da sala, em
seguida, conduzindo-me de volta pelo caminho por onde
viemos. “Nada aqui.”
“Há uma porta ali.” Eu apontei para trás dele. Ficava logo
depois da geladeira e não tinha maçaneta, mas havia uma
porta igual em um de meus lares adotivos que dava para uma
sala de jogos escondida.
Darius franziu a testa, movendo-se para a porta de
madeira que se mesclava com os painéis, mas estava claro que
havia uma pequena lacuna nas bordas. Ele bateu com os nós
dos dedos na madeira e o ruído oco que apareceu em resposta
ao fez olhar para mim com surpresa. “Bem, você não é uma
pequena megera observadora.”
“Menos megera,” falei, franzindo os lábios.
“Não posso te chamar de Gwen, não posso te chamar de
megera...” murmurou baixinho enquanto empurrava a porta
para ver se ela abriria.
Não cedeu e lutei contra um sorriso quando me aproximei
atrás dele. Mas não iria oferecer a ele a satisfação de ver isso.
Darius colocou seus dedos contra a madeira e uma
centelha de luz pulsou através dela. Uma fechadura clicou e
meu coração deu um salto quando ele me chamou para mais
perto antes de abri-lo.
Respirei fundo, pronta para lançar magia a qualquer
segundo enquanto ele a abrisse. Uma linha de poeira caiu em
cascata sobre ele e as dobradiças protestaram quando a porta
se abriu. Um cheiro ainda mais nojento bateu em mim e
enruguei meu nariz, meus olhos queimando. Morte pairava em
todos os lugares. Nem precisava ver o corpo para saber que
estava ali. Mas quando entrei na sala com Darius, eu vi.
O morto estava curvado sobre uma mesa, seu esqueleto
ainda vestindo roupas esfarrapadas e comidas pelas traças.
Seus dedos ossudos repousaram sobre um pedaço de papel e a
curiosidade levou a melhor quando levantei a mão até o rosto e
lancei uma bolha de ar ao redor da boca e do nariz para
impedir a entrada do cheiro. Encolhendo-me nas órbitas sem
olhos do Fae morto, puxei o pedaço de papel de sua mão,
fazendo com que o osso do polegar se quebrasse e caísse no
chão. Ah merda.
Um zumbido encheu meus ouvidos e engasguei quando o
familiar formigamento da magia de Astrum me chamou no ar.
Não fazia sentido sentir isso aqui, mas sabia que era verdade
até o fundo dos meus ossos. Havia uma carta de Tarot por
perto e quando meu olhar percorreu o cadáver, a vi agarrada
em sua outra mão. Darius já estava se virando para a porta,
claramente encerrando com este quarto e a agarrei rápido
antes de colocá-la no bolso de trás.
Olhei por cima do ombro para Darius assim que um
barulho estridente soou em algum lugar sob nossos pés.
“O porão,” Darius sibilou, virando-se e correndo para fora
da sala. Corri atrás dele, dobrando a página e enfiando-a no
bolso enquanto o perseguia, meu coração martelando como um
louco.
Um barulho assustador veio do porão, então era para lá que
estávamos indo. Excelente. Perfeito. Não é um problema.
Nós chegamos ao corredor escuro e Darius correu em
direção à porta sob as escadas. Estava entreaberta e meu
coração tropeçou quando ele a abriu. Eu me mantive perto
dele, meu braço esfregando o dele enquanto caminhávamos
para o espaço, sua Faelight apenas iluminando o topo das
escadas sombrias que desciam para o subsolo.
Um estrondo veio de algum lugar lá embaixo e meu
coração deu um pulo. Merda, merda, merda.
“É provavelmente apenas um animal,” Darius sussurrou
apesar de não ter que fazer isso em sua bolha silenciadora.
“Mas precisamos estar prontos.”
Levantei minhas mãos e dei a ele um aceno de
solidariedade. Ele começou a descer as escadas e fiquei tão
perto quanto sua sombra, respirando lentamente para tentar
acalmar meu batimento cardíaco acelerado. Outro estrondo fez
meu peito apertar e quando chegamos ao fim da escada. Darius
apagou sua luz, mergulhando-nos na escuridão total.
Sua mão se enrolou na minha, puxando-me com força
para o lado de seu corpo. “Aqui,” ele falou sob sua respiração,
então seus dedos roçaram minhas pálpebras e magia formigou
nelas. Quando reabri meus olhos, pude ver o caminho a seguir.
Não era como a luz do dia, mais como sombras se movendo
apenas o suficiente para vermos onde estávamos indo.
Darius avançou através de um arco de pedra e o segui até
um porão enorme com pilhas altas de caixas e estantes
enferrujadas. Havia um cheiro de umidade no ar e o frio era
cortante.
Entramos num labirinto de lixo em decomposição; havia
pilhas e mais pilhas de jornais mofados, ferramentas de metal
enchiam as prateleiras e todos os tipos de objetos inúteis
empilhados por toda parte.
Um estrondo soou em meus ouvidos e meu coração
trovejou contra minha caixa torácica.
Algo está aqui conosco.
Contornamos o final de um corredor de prateleiras e
prendi a respiração quando meu olhar pousou no homem
ajoelhado no chão na outra extremidade da sala, uma
montanha de coisas ao seu redor. Ele estava sem camisa e
frenético, vasculhando caixas e jogando punhados de lixo para
o lado. Sempre que ele encontrava algo de metal, ele olhava
atentamente para ele e então o jogava no chão com um
estrondo que ecoava por meu crânio. Seu cabelo liso era longo
e grudava na pele suada. Ele começou a grunhir, ofegante,
parecendo desesperado enquanto derrubava mais caixas e
rasgava o conteúdo. Estava claro que ele estava procurando
por algo, mas o quê?
Darius ergueu as mãos e minha garganta apertou
enquanto as chamas cintilavam na ponta dos seus dedos.
“O que você está fazendo?” Assobiei. O cara podia ser
louco, mas isso não significa que devíamos atacá-lo.
“Ninfa,” ele rosnou, o ódio em sua voz claro.
“Como você sabe?” Murmurei quando o homem jogou uma
caixa de chaves de fenda contra a parede e elas se espalharam
por toda parte.
“Eu não sei,” ele rosnou, então deu um passo à frente e
enviou uma rajada de fogo pelo ar.
Engasguei quando ele circulou em torno do homem,
criando raízes em um colchão velho e queimando com raiva
suas pernas. O cara gritou de horror, seus olhos nos
encontrando no escuro enquanto ele se virava e meu coração
disparou em minha garganta. Havia algo tão estranho nele,
algo que provava que ele não era nada além de uma criatura
das trevas.
“Fae!” Ele cuspiu, então sua pele se rasgou, dando lugar a
um enorme monstro recém-saído do meu último pesadelo. Seu
enorme corpo em forma de árvore erguia-se em direção ao
telhado do porão e seus olhos vermelho-escuros brilhavam com
sede de sangue.
Darius ergueu as mãos mais alto e o fogo rugiu ao redor
da Ninfa, lambendo sua pele parecida com uma casca de árvore
e puxando um grito de dor dele. Um chocalho começou em seu
corpo e sabia que tínhamos apenas alguns segundos antes da
nossa magia começar a enfraquecer.
Levantei minhas mãos também, trazendo o Fogo da Fênix
para minhas palmas, o calor queimando sob minha pele como
um inferno. Ele explodiu do meu corpo em uma torrente de
chamas vermelhas e azuis, girando em torno da Ninfa e
rasgando-a até que ela se transformou em uma pilha de cinzas.
A nuvem de brasas que deixou para trás girou no ar e tudo
escureceu mais uma vez quando o meu fogo e de Darius se
extinguiu.
Respirei fundo, meus olhos encontrando os de Darius no
escuro. Abri a boca para falar, mas um barulho horrível de
estilhaçamento soou como um chicote em meus ouvidos.
Olhamos para cima em uníssono e vi a enorme rachadura de
teia de aranha rasgando o centro do teto. Engasguei, meus
pulmões trabalhando enquanto todo o andar de cima desabava.
Eu vi minha morte quando uma tonelada de escombros caiu
em nossa direção e joguei minhas mãos por instinto, lançando
um escudo de ar ao nosso redor em uma cúpula e forçando o
máximo de magia possível. Uma banheira bateu no topo dela,
quicando e se espatifando em pedaços entre os restos do
banheiro enquanto continuava a cair sobre nós. Um cano
estourou e a água caiu em uma cascata torrencial, meu
coração batendo forte enquanto a carnificina se acumulava ao
nosso redor.
Um flash de movimento chamou minha atenção e avistei
Orion na porta do que uma vez tinha sido o banheiro bem
acima de nós. Seus olhos estavam frenéticos de medo, mas no
segundo que ele nos viu lá embaixo, encerrados na cúpula
sólida de ar, seus ombros cederam.
“Só para você saber, o Plano B era me transformar em um
Dragão e receber o peso disso,” Darius apontou e me virei para
ele com um sorriso aliviado.
“E ainda assim aqui está você, tamanho Fae e seguro.”
Ele abriu um sorriso, mas não encontrou seus olhos e isso
fez meu coração torcer.
Olhei de volta para Orion assim que uma sombra caiu
sobre ele e gritei: “Cuidado!” mas minha voz soou apenas em
torno da bolha silenciadora de Darius. Orion girou de qualquer
maneira e sumiu de vista com a espada erguida.
Meus pulmões se comprimiram de medo e forcei a magia
do Ar abaixo de nós, nos elevando para próximo andar. Nossos
pés atingiram o tapete mofado na porta e liberei o escudo de ar
enquanto nós dois corríamos para frente, lutando para seguir
em frente.
Orion não estava à vista, mas podia ouvir o baque e os
gritos de uma luta em algum lugar próximo. Um baque soou
contra a parede da sala no final do corredor e corremos direto
em direção a ela em desespero, passando pelo papel de parede
bolorento enquanto íamos para o cômodo.
Orion foi preso à parede por uma ninfa, suas sondas
posicionadas em direção ao seu peito enquanto ele esfaqueava,
apunhalava e acertava seu intestino. A criatura cambaleou
para trás com um grito e lancei uma linha de Fogo da Fênix
com um grito de desafio, partindo-a ao meio antes que se
transformasse em pó.
Uma respiração irregular me deixou enquanto corria para
verificar se Orion estava bem e seus braços se fecharam em
volta de mim por meio segundo. O medo inundou minhas veias
quando o imaginei deitado no chão daquela caverna
novamente, o sangue se acumulando ao redor dele.
Não, não, Deus, não.
“Nós temos que nos mover,” ele rosnou. “Este lugar foi
invadido.”
“O que elas estão fazendo aqui?” Darius balançou a cabeça
um pouco antes de um grito de gelar o sangue lançar no ar, o
barulho vindo do andar de baixo.
“Porra!” Orion engasgou e disparou à nossa frente
enquanto Darius e eu corríamos para a porta, correndo ao
longo do corredor e descendo a escada estreita.
Francesca estava no chão diante de nós, o pé da Ninfa
pressionando suas costelas enquanto estendia a mão para ela,
o som de chocalho e sucção que emitiu roubando sua magia.
Senti meu próprio poder ser dominado e rosnei enquanto
levantava minhas mãos para lutar. Mas Orion já estava lá,
jogando sua lâmina de forma que girasse e terminasse no ar
antes de atingir o crânio da criatura. A ninfa explodiu em uma
cascata de cinzas e Orion acelerou, pegando a lâmina no ar
antes que ela atingisse o solo.
Ele se ajoelhou ao lado de Fran, apoiando a mão ao lado
dela e trabalhando em suas feridas.
“Há mais lá fora,” ela gemeu antes de estar totalmente
curada.
“Eu lidarei com elas,” Darius rosnou, tirando suas roupas
enquanto corria para a janela mais próxima.
Corri atrás dele, meu coração na minha garganta quando
ele mergulhou do parapeito da janela e explodiu em sua
enorme forma de Dragão dourado com um rugido ensurdecedor
que sacudiu todo o edifício.
Seis Ninfas estavam rasgando as árvores na forma Fae e
franzi a testa ao ver as sacolas que elas carregavam, todas
prestes a explodir com itens que deviam ter tirado de casa. O
que diabos elas queriam de alguma velha mansão podre?
O Fogo do Dragão de Darius iluminou a noite, cortando
um caminho por entre as árvores enquanto ele as seguia.
Gritos de agonia diziam que ele conseguiu pelo menos uma,
mas não havia como ele pegar todas sob o dossel.
Virei-me para encontrar Fran de pé, segurando o braço de
Orion enquanto ela agradecia. Ela estava dando a ele o tipo de
olhar de corça que me fez querer tirar aquele olhar de seu
rosto. Mas não achava que teria uma explicação decente o
suficiente para me safar com isso.
“Elas tinham malas,” falei. “Tiraram algo da casa.”
Orion esfregou os nós dos dedos em sua mandíbula, sua
testa franzida com o pensamento.
“Precisamos verificar se todos elas se foram,” disse
Francesca, endireitando a coluna enquanto retomava o controle
da situação.
“Se elas não fugiram daquele Dragão lá fora, tenho certeza
que estão prestes a fugir,” falei.
“Devemos verificar mesmo assim,” disse Fran com firmeza
e assenti, movendo-me pelo corredor e enfiando a cabeça na
sala mais próxima.
Uma exibição assustadora de bonecas olhou para mim de
uma prateleira além da cama, mas nenhuma Ninfa. Não que
isso pudesse ser mais perturbador agora.
“Tudo limpo,” anunciei, encontrando Orion bem atrás de
mim quando me virei.
Seus olhos me percorreram como se ele estivesse me
examinando e dei a ele um meio sorriso enquanto
caminhávamos pelo resto da casa juntos, nos certificando de
que não havia mais Ninfas.
“Há um cadáver em um cômodo ao lado da cozinha,” disse
Fran ao reaparecer no corredor. Ela suspirou como se isso lhe
causasse dor de cabeça. “Eu terei que conseguir uma Equipe
de Eliminação de Cadáveres aqui para incinerar os ossos. Não
tenho certeza de qual era o nível de poder de Dire, mas mesmo
os corpos Fae de baixo nível precisam ser tratados. Só preciso
de um bom álibi para estar aqui.”
“O que você quer dizer com lidar com isso?” Perguntei com
uma carranca.
Orion respondeu antes que ela pudesse. “A magia Fae
permanece nos ossos de seu dono depois que eles morrem.
Pode ser exercido ilegalmente por aqueles que usam magia
negra.”
Minha garganta apertou com suas palavras e balancei a
cabeça, lembrando como ele me disse que ele e seu pai
costumavam cavar sepulturas para conseguir essas coisas. E
pela expressão em seu rosto, imaginei que Francesca não sabia
sobre aquele pequeno passatempo ou qualquer outro dos seus
negócios de magia negra. Ele se virou para ela enquanto ela
passava a mão ansiosamente pelo cabelo.
“Nós vamos lidar com isso. Darius pode destruir os ossos,”
Orion disse com firmeza. “Isso vai te poupar o incômodo.”
“Tem certeza?” Fran perguntou esperançosa, olhando-o
como se ele fosse seu cavaleiro de armadura brilhante. E com a
lâmina na mão, imaginei que ele poderia ser. Mas não era o seu
cavaleiro. Ele era o meu.
“Sim, não é um problema,” disse Orion, liderando o
caminho para fora da porta da frente para o gramado coberto
de mato.
Darius voou em cima e o ar bagunçou meu cabelo
enquanto ele se mexia antes de mergulhar por uma janela no
andar de cima.
“Obrigada, Lance,” disse Fran, avançando para abraçá-lo,
os seios firmemente pressionados contra seu peito. “Vejo você
em breve, certo? Talvez possamos conversar direito em sua
casa?” Ela sorriu de uma forma que fez meu sangue esquentar
e um grunhido se formou na base da minha garganta quando
ela deu um beijo em sua bochecha. Então ela jogou um
punhado de poeira estelar no ar e foi embora antes que ele
pudesse responder, desaparecendo no éter.
“Você está rosnando, Blue?” Orion zombou e joguei meu
cabelo por cima do ombro, controlando minha expressão.
“Claro que não.”
Ele disparou em minha direção como um borrão,
agarrando minha cintura e sorrindo para mim. “Parecia que
você estava. Na verdade, acho que você estava prestes a se
tornar totalmente Fae em Francesca.” Seu sorriso se alargou,
eu estar assim o excitou e não pude evitar quando meu próprio
sorriso apareceu em minha boca.
“Desculpe interromper a noite dos pais mais confusa do
mundo, mas precisamos falar sobre essas Ninfas,” disse Darius
enquanto aparecia totalmente vestido na entrada, cruzando os
braços enquanto eu e Orion nos separávamos.
“Elas estavam agindo de forma estranha, certo,” disse
Orion em um tom sombrio.
“O que elas levaram?” Murmurei.
“Foda-se, sei lá quê,” Darius disse. “Mas não pode ser
bom. Isso parece errado para mim.”
Uma batida de silêncio passou e Orion franziu a testa
enquanto soltava um suspiro e apontava para a casa. “Eu disse
a Francesca que cuidaríamos do corpo.”
Darius levantou uma sobrancelha, um sorriso afetando
sua boca. “Bem pensado.”
Eu os segui de volta para dentro de casa, olhando entre os
dois com suas expressões enigmáticas.
Esperei do lado de fora da cozinha fedorenta enquanto eles
entravam na sala com o cadáver para queimá-lo. Tirei do bolso
a carta de Tarot que encontrei com entusiasmo. Eu criei uma
Faelight, deixando-a pairar sobre mim para que pudesse vê-la.
A imagem era da Torre, as paredes cinzentas erguendo-se no
alto de uma floresta escura abaixo. Pelos meus estudos, sabia
que o significado disso poderia significar o fim de uma amizade
ou abandono. Virei para ler as letras prateadas onduladas
atrás dele, a adrenalina correndo em minhas veias.

Uma estrela caída, um túmulo vazio, um voto eterno.


Procure aquele que o quebrou.

Meu coração estremeceu quando li mais algumas vezes,


sem ter ideia do que estava se referindo quando a coloquei de
volta no bolso. Eu discutiria isso com Orion mais tarde. Talvez
ele tivesse alguma pista do que significava. Em seguida, peguei
o pedaço de papel que encontrei com o corpo, meus olhos
examinando as palavras.

Para quem encontrar esta nota, estas palavras são as


minhas últimas.

Não sobrou nada de minha propriedade para dar, o ouro se


foi, minha conta bancária está vazia. Que tudo o que tenho volte
ao pó, apodrecendo comigo.
Tenho apenas um único negócio inacabado deixado em meu
rastro...
De todos os bens sombrios que já possuí, houve um que
ainda me vincula com o maior dos arrependimentos. Eu o
escondi bem, por tanto tempo quanto pude, mas as Sombras o
cercaram como se fossem chamadas pelo seu poder perverso.
E embora eu tenha tentado destruí-lo para remover este
artefato do mundo que desafia a própria natureza, seu poder era
muito grande.
No final, fracassei na única boa ação que planejei.
Então é por isso que o enviei a um Fae que sei que o
manterá seguro, envolto em um pano, em um ato final de
esperança antes que caia em mãos erradas.
Perdoe-me pela minha fraqueza estrelas, mas não posso
mais ficar neste mundo. A escuridão reivindicou pedaços de
minha alma por muitos anos, é hora de colocar meus demônios
para descansar. E para quem quer que encontre isso, que as
estrelas brilhem fortemente em seu destino. Mas preste atenção
a este aviso. Se você veio aqui para vasculhar meus bens
materiais em busca deste objeto detestável, morro na esperança
de que sua busca termine aqui.
Ninguém deveria possuir este poder.
Nem eu.
Nem mesmo você.

Kraveen Dire

Olhei para cima com um tremor passando por mim


quando Orion e Darius voltaram para o corredor, avistando
uma grande mochila pendurada no ombro de Darius. Minhas
sobrancelhas franziram quando apontei para ele.
“Você colocou aquele cadáver nessa bolsa, não foi?” Eu
disse impassível.
Darius e Orion trocaram um olhar alegre, em seguida,
encolheram os ombros.
“Não queira saber,” disse Orion levemente.
“Não se preocupe, Darcy, fui gentil sobre isso,” Darius
disse com um sorriso sombrio. “Eu o sequei como carne seca,
em seguida, dobrei-o como um origami, não foi, Lance?”
“Ele disse, que era de muito bom gosto, na verdade,” Orion
meditou e os dois riram.
Balancei minha cabeça para eles, tentando parar o sorriso
que estava lutando para aparecer em meus lábios. “Devo
esperar uma lição de magia de ossos em breve, então?”
“Acho que Lance já tem lhe dado muitas aulas de osso,
não é?” Darius brincou e uma risada saiu da minha garganta.
Era muito estranho estar aqui nesta casa assustadora rindo,
com ele de todas as pessoas.
“Sim, e esta noite interrompeu essas aulas de forma
espetacular, então vamos voltar para casa, porra,” disse Orion,
avançando para pegar minha mão.
Casa. Finalmente parecia um lugar real. Não aquele que
existia apenas em meus sonhos e fantasias. Realmente havia
um lugar ao qual pertencia. E Orion estava bem ali comigo.
“Espere, olhe.” Entreguei a nota a Orion, imaginando que
poderia compartilhar isso com Darius também. Mas ainda não
confiava nele o suficiente para compartilhar a carta. “O que
você acha que isto significa?” Perguntei quando ele terminou de
ler e passou para Darius.
“Acho que isso significa... tudo o que as Ninfas vieram aqui
para encontrar, já se foi,” disse Orion, com um lampejo de
Sombras em seus olhos.
“Isso é bom, pelo menos,” murmurei, um arrepio
serpenteando em minha carne. “Porque o que quer que Kraveen
estava escondendo, não soa bom.”
“Não,” Orion concordou. “Nada bom.”
“Quem era ele?” Perguntei. “Você disse que ele conhecia
seu pai?”
Orion acenou com a cabeça, um olhar sério puxando suas
feições. “Eu não sei muito sobre ele. Foi há muito tempo, mas
ele costumava visitar minha casa ocasionalmente. Ele era um
comerciante de objetos mágicos, mas sua especialidade era o
mercado negro. Meu pai comprou incontáveis itens dele.”
“Você acha que ele é o amigo que Kraveen menciona em
sua nota?” Darius perguntou pensativamente e me perguntei
se era a quem Astrum estava se referindo em seu cartão
também.
“Pode ser.” Orion encolheu os ombros. “Eu não sei o quão
próximos eles eram em um nível pessoal, mas eles
frequentemente discutiam negócios juntos sempre que ele os
visitava.”
“Então, seja o que for que as Ninfas estejam procurando...
talvez seu pai teria,” adivinhei, sentindo que estávamos no
caminho certo.
“Se meu pai o tinha, sem dúvida minha miserável mãe
agora o tem. Ou isso ou ainda está entre as coisas dele no
porão.” As sobrancelhas de Orion se juntaram. “Mas até que
saibamos o que é, isso não é muito útil para nós. Não sou
exatamente bem-vindo em casa atualmente. Embora, possa
entrar se for necessário.”
“Não podemos procurar por algum objeto misterioso
cegamente,” Darius comentou. “E se capturarmos uma Ninfa e
torturarmos para tirar as informações dela?”
Meu nariz enrugou quando olhei-o. Não que eu gostasse
das Ninfas que se pareciam como Fae, mas torturar uma
parecia muito sombrio.
“Não é uma má ideia,” Orion concordou, seu olhar
enganchado no meu pescoço por um momento. Levei um
segundo a mais para perceber que ele estava com fome e
casualmente coloquei meu cabelo sobre o ombro em uma
oferenda.
Ele lambeu os lábios antes de avançar, agarrando minha
cintura e afundando suas presas em minha garganta. A
pontada de dor foi seguida pela onda de seu veneno que
imobilizou minha magia e descansei minha mão na parte de
trás de sua cabeça enquanto ele pegava o que precisava.
Quando ele deu um passo para trás, gentilmente passando
o polegar pelo meu pescoço para curar a ferida, Darius olhou
entre nós com a mandíbula apertada. Já tínhamos feito isso
tantas vezes, que era tão normal quanto respirar. Orion me
beijou suavemente em agradecimento e um sorriso iluminou
meu rosto que parecia queimar através da escuridão que nos
rodeava.
“Vocês dois são... bem, foda-se a lei por dizer que não
podem ficar juntos,” Darius disse, cruzando os braços.
Meu coração apertou com suas palavras e vi tanta dor em
seus olhos que avancei e passei meus braços em volta dele.
Não que o tivesse perdoado, ou mesmo que estivesse
remotamente convencida de que ele era bom o suficiente para
minha irmã. Mas talvez ele pudesse ter sido. Talvez se eles
tivessem feito escolhas melhores, seguindo seus corações em
vez do seu orgulho.
“Foda-se as estrelas também, Darius,” murmurei e seus
músculos se contraíram enquanto ele me segurava perto.
“Foda-se cada brilho reluzente delas.”
Ultimamente, eu me pegava olhando para fora da janela ou para as
paredes, minha mente trabalhando em tudo o que tinha acontecido
recentemente. Jogar videogame para escapar da realidade não era mais
atraente. Talvez fosse porque a realidade estava muito alta atualmente,
gritando em meus ouvidos e me forçando a prestar atenção. Ou talvez
fosse porque eu percebia o quanto da minha vida havia sido tirada. E
foda-se isso.
Sempre senti que estava esperando que algo acontecesse.
Como se eu estivesse passando um tempo até o momento
inevitável em que a porta da minha jaula seria aberta e me
encontrasse caminhando para a liberdade. Mas talvez fosse
apenas algo que acabei me convencendo para tornar a vida
mais suportável. Porque a realidade era que papai nunca me
deixaria ir. Não agora que ele sabia que minha Ordem poderia
envergonhar toda a família. E eu não sabia se estava com mais
medo de ficar enjaulado e escondido pelo resto da minha vida
ou do inesperado 'acidente' que um dia sofreria e que
ocasionará à minha morte súbita e trágica.
Eu faria dezoito anos em dezembro e se meu pai não me
matriculasse em uma escola, ele teria algumas explicações a
dar. E uma vez que as perguntas começassem a serem feitas,
ficaria mais difícil para ele manter meu segredo. Então, a cada
dia que passava, eu ficava com mais medo. Porque agora, eu
não tinha nenhum poder em minhas veias e nenhuma
imprensa se interessando pela minha vida, eu estava na
posição perfeita para desaparecer. Então talvez não era mais
uma questão de se meu pai iria me matar, mas quando.
Pulei o café da manhã em favor de ficar no meu quarto,
ansiosamente tentando bolar um plano. Se eu pudesse tirar
mamãe daqui. Se pudéssemos correr... encontrar um lugar
seguro para ir. Mas a única vez que ela tentou me ajudar,
Stella a pegou. E agora meu pai estaria esperando por isso. Ele
teria posto mais medidas de segurança no local. Esta casa era
minha prisão e eu não queria morrer aqui. Não antes de
realmente viver.
Meu telefone tocou e meu coração bateu mais forte quando
o peguei da mesa de cabeceira e caí na cama. Minha pele
começou a brilhar e reluzir quando encontrei uma mensagem
de Sofia esperando por mim. Eu nem mesmo tentei suprimir
minha Ordem enquanto ela zumbia em minhas veias e cantava
uma melodia embaladora em meu coração. Eu precisava me
aquecer por um momento, me consolar. A necessidade de
mudar era como uma coceira que crescia para uma
queimadura. Cada dia ficava cada vez mais difícil. Às vezes, eu
me trancava no banheiro após um banho e mudava para
minha forma de Pegasus por alguns minutos, olhando para
meu reflexo lilás no espelho e me perguntando como seria voar.
Fiz isso com ainda mais frequência desde aquele dia no
Palácio das Almas com as Vega, Lance e os Herdeiros. Eu
cobiçava aquele dia. Repassava mil vezes em minha cabeça.
Sonhei com isso, revivendo cada segundo. Me fez sentir
desafiador. E me sentir desafiador fazia parecer que eu estava
agindo, mesmo que não estivesse. Mas a cada minuto extra que
gastei depois do meu banho, olhando para o chifre de prata
brilhante que adornava minha cabeça, meu queixo se erguia
um pouco mais alto. E minha alma queimava um pouco mais
brilhante. Eu era um Pegasus. Um grande garanhão Pegasus. E
estava orgulhoso de ser um.

Sofia:
Certa vez, voei no meio de uma tempestade e fui atingida
por um raio.
Certa vez, fui mordida por um Leão da Neméia e quase
sangrei até a morte.
Nunca tirei nota inferior a A desde que entrei na Zodiac.

Nós estávamos jogando duas verdades e uma mentira por


alguns dias e estava começando a ficar sem verdades divertidas
para dar a ela. Minha vida não era exatamente colorida. Tinha
feito uma soma total de zero coisas aventureiras. Não porque
eu não quisesse, mas porque nunca tive a oportunidade. Voaria
totalmente no meio de uma tempestade se tivesse
oportunidade. Tentaria montar um shifter Leão da Neméia
também para rir. Mas, para isso, teria que conhecer pessoas. E
eu não precisava de uma calculadora para contar quantas
pessoas conhecia fora da minha família atualmente.
Depois que minha Ordem emergiu, meu pai me tirou do
colégio e me deu um novo telefone, me isolando de todos os
meus velhos amigos. Não que eu tivesse um monte de pessoas
genuínas em minha vida naquela época. Metade da minha
turma tinha sido subjugado por mim porque era um Acrux e a
outra metade se ressentia pelo mesmo motivo. Encontrar uma
conexão real neste mundo já era difícil o suficiente, já que
todos estavam famintos por poder e procurando uma maneira
de ascender. Quando você nasce com ele, outros Fae podiam
cheirá-lo em você como sangue recém-tirado. E não demorou
muito para que as hienas circulassem.
Eu sorri enquanto escolhia sua mentira. Eu deduzi que ela
era inteligente e gostei disso. Mas tive a sensação de que sabia
a resposta. E achei que ela era durona o suficiente para ter
sobrevivido aos outros dois.

Philip:
Aposto que Lance Orion não se entrega diretamente a
ninguém.

Sofia:
Muito verdadeiro! Mas ele também não dá notas completas.
É passar ou falhar com ele. Como você sabe que ele é um durão?

Philip:
Ele é um amigo da família.

Apertei enviar antes de perceber o que tinha feito. Merda.


Eu não deveria dar informações como essa. Deveria ser Philip,
não fodido Xavier. Digitei outra resposta rápida, meu coração
batendo forte. Se revelasse esse segredo e Sofia contasse a
outro Fae, eu estaria em sérios apuros. E não achei que uma
surra de meu pai seria suficiente desta vez.

Philip:
E quando digo amigo, quero dizer que meu primo saiu com
ele por um mês uma vez.

Esfreguei meus olhos, sabendo que a mentira


simplesmente não cortaria. Com sorte, Sofia não somaria dois
mais dois. Darius foi quem pediu ajuda depois de tudo. E ela
não era uma idiota.
Odiava mentir para ela. E não achei que ela contaria a
ninguém sobre quem eu era, mas não poderia arriscar.

Sofia:
Legal. Bem, você estava certo... não tirei somente A. E
aquela mordida do Leão da Neméia doeu como uma cadela,
possivelmente mais do que o raio ;)
Eu sorri estupidamente para a tela, lendo sua mensagem
algumas vezes antes de me perguntar como continuar com o
jogo. Havia apenas uma verdade em minha mente naquele
momento. Estou tão afim de você e a coisa que mais odeio na
minha vida agora é que nunca vou te conhecer.
Joguei meu telefone na cama com um suspiro, pensando
em algo mais alegre para responder mais tarde. Naquele
momento, parecia que iria sangrar em minha próxima
mensagem e eu não queria que minha miséria tocasse em
Sofia. Ela era muito doce, muito pura para ser manchada pela
escuridão que vivia em minha vida. Eu queria manter isso
atrás de portas firmemente trancadas e lacradas. Ela era
minha luz, brilhando tão intensamente quanto todas as
estrelas juntas. E eu nunca iria deixar essa luz escurecer.
Um grito selvagem atingiu meu ouvido no andar de baixo e
franzi a testa ao ouvir o som distante de Clara quando ela
começou a gritar.
A curiosidade levou a melhor e escorreguei para fora da
minha cama, saindo do meu quarto e correndo escada abaixo.
Sua voz veio da sala de jantar e me movi em direção a ela com
meu coração batendo como um louco. Sempre que Clara ficava
nervosa, me preocupava o quão longe ela iria. Saber que ela
quase matou seu próprio irmão me deixava nervoso em torno
dela, ainda mais do que o fato dela ser uma maldita vadia das
Sombras. Se ela era capaz de machucá-lo, isso a tornava capaz
de qualquer coisa.
“Não! Não! Não!” Clara chorou e espiei pela fresta da porta,
onde ela estava entreaberta. Não queria me envolver em seja lá
o que diabos estava acontecendo lá. Principalmente porque
Clara me dava arrepios. Mas prometi a Darius que daria a ele
qualquer informação que pudesse se parecesse importante. E
algo sobre isso gritava importante.
Clara estava se movendo ao redor da longa mesa de
madeira, olhando uma série de objetos dispostos sobre ela.
Adagas, manoplas, cálices, até mesmo uma espada enorme e
reluzente com joias incrustadas no punho. Cada vez que ela
pegava um, ela o jogava do outro lado da sala, gritando: “Não!”
Avistei meu pai na cabeceira da mesa, seus lábios
pressionados em uma linha fina enquanto a observava.
Um movimento chamou minha atenção e os Polares
apareceram. Drusilla, Miguel e Alejandro.
Drusilla era uma mulher magra com cabelo preto curto e
encaracolado e feições pálidas; o marido dela era igualmente
magro, seus olhos eram estreitos e ele tinha o ar de alguém
com pouca ou nenhuma espinha dorsal, sempre pulando na
linha a cada palavra da esposa. O irmão de Drusilla, Alejandro,
era o mais alto de todos, seus olhos cruéis e seus lábios
apertados sob o bigode fino.
Eles participavam de jantares conosco há meses e algo
sobre eles me deixava nervoso. Talvez tivesse a ver com as
malhas esquisitas que eles nunca tiravam. Drusilla sempre
usava um par de luvas de lã amarelas, Miguel usava aquele
suéter laranja feio e estranho como se fosse sua coisa favorita
no mundo e o cachecol de lã vermelha de Alejandro era uma
contradição total à sua aparência branda.
Ou talvez fosse a maneira como Drusilla tinha uma
presença ártica sobre ela ou a maneira como os olhos de seu
marido pareciam não conter luz alguma. Quando ele ficava
quieto, quase poderia se passar por um cadáver. Ele estava
atualmente estremecendo toda vez que Clara gritava não e o
queixo de Drusilla erguia-se cada vez mais alto como se ela
estivesse explodindo para dizer algo. Os dedos de Alejandro
flexionaram intermitentemente e ele foi o único que não parecia
com medo.
“Não está aqui,” Clara finalmente anunciou, afundando
dramaticamente em uma cadeira como se estivesse exausta.
“Faremos o possível para que os esforços de busca sejam
duplicados,” disse Drusilla com firmeza.
“Nós vamos encontrar,” Alejandro rosnou com convicção.
“Já faz algum tempo que você diz isso,” disse meu pai em
tom perigoso. “Eu entretive essa fantasia, mas minha paciência
está se esgotando.”
Drusilla baixou a cabeça enquanto Miguel tremia ao lado
dela. “Desculpas, Lorde Acrux. Mas garanto a você, se nos der
mais tempo...”
Clara bateu com a mão na mesa e meu coração deu um
pulo. “Nosso Rei não tem tempo a perder. Ele está esperando
por você antes de agir.”
“Entendo,” Drusilla disse, balançando a cabeça. “Como eu
disse, só posso me desculpar e prometer mais esforço.”
“Eu garanto que vou colocar essa farsa sob controle, meu
senhor,” Alejandro prometeu, cortando um olhar penetrante
para sua irmã.
“Ou podemos desistir desse caso fantasioso e poderei agir
amanhã sem a ajuda dele,” meu pai disse bruscamente e engoli
o nó que subia na minha garganta, me perguntando por
quanto tempo conseguiria ficar parado aqui antes de ser
descoberto.
“Oh, mas meu rei!” A voz de Clara mudou de repente para
inocentemente doce. Ela se levantou de seu assento, colocando
a palma da mão em seu peito e passando-a por sua camisa.
“Sinto que está lá fora. As Sombras também estão procurando.
Você deve resistir.”
O olhar do pai mudou para ela e algo semelhante à
suavidade entrou em seu olhar. Algo que tinha certeza de
nunca ter visto inclinado para mim ou meu irmão. Ele ergueu a
mão, segurando o queixo dela com o que parecia um aperto
forte. “Posso esperar um pouco mais por esse presente,
suponho.”
Ela sorriu como um gato, passando os dedos pelo braço
dele e lambendo os lábios. “Vai valer a pena, papai. Eu
prometo.”
Estremeci com esse apelido.
O pai olhou para os Polares. “Vocês estão dispensados.
Não apenas dobrem seus esforços, triplique-os. Eu quero
alguma evidência tangível de sua existência dentro de uma
semana.”
“Sim, meu senhor,” Drusilla murmurou e não perdi mais
um segundo, fugindo da sala e me abrigando na cozinha.
Fui até a geladeira, pegando um pouco de suco de laranja
e enchendo um copo. Eu mal consegui beber enquanto ficava
ali pensando sobre o que tinha ouvido e mandei uma
mensagem para Darius para que ele soubesse o que tinha
visto.
O que quer que eles estivessem atrás, tinha que ser um
problema. E eu estava determinado a descobrir o que era.
Porque eu podia não conseguir sair de casa, mas poderia
começar minha própria rebelião silenciosa. E eu estava na
posição perfeita para reunir informações. Estilo espião
fantasma.

##

Fiquei sem camisa na frente da parede espelhada que


corria ao longo de um lado do ginásio de última geração na ala
leste. Raramente era usado desde que Darius se mudou.
Mamãe preferia nadar intermináveis voltas na piscina e papai
estava fora com tanta frequência que raramente precisava dos
equipamentos daqui.
Malhei como se minha vida dependesse disso
ultimamente. Sabia que não poderia rivalizar com meu pai sem
magia. Mas ficar em forma era uma maneira de conter a
sensação de impotência em que ele me encurralou. Além disso,
eu estava conseguindo um bom controle sobre as Sombras,
então teria isso a meu favor, imaginei. Clara havia assumido as
aulas de sua mãe e, embora detestasse passar o tempo em sua
companhia, tinha que admitir que ela me ajudou a dominá-las
séria e rapidamente. Todos os dias ficava mais fácil atraí-las
para a superfície da pele e soltá-las. Podia não ter acesso à
minha magia Elemental ainda, mas eu não era totalmente
incapaz de me defender mais...
Olhei para os músculos começando a aparecer sob minha
carne, correndo meu polegar pelo meu peito e inspecionando as
maneiras como tinha mudado. Não foram apenas os pesos que
afetaram meu corpo também. No ano passado, fiquei mais alto,
meus ombros alargando, minhas feições perdendo sua
suavidade infantil. Eu não era como Darius com seu corpo de
Dragão; minha estrutura era construída com músculos
magros. Fui feito para velocidade e segurança. Isso me serviu
bem, porque a única coisa com que sempre sonhei era fugir
desta vida. E um dia, em breve, esperava ter essa chance. Mas
as chances não seriam criadas apenas pelas estrelas. Eu
precisava fazer minhas próprias oportunidades, então tinha
que começar a procurar rachaduras nas paredes da minha
prisão.
Peguei minha camisa e saí do ginásio, correndo escada
acima em direção ao banheiro no corredor. Mudei-me
silenciosamente e sabia que era porque meu pai ainda estava
em casa. Eu estava esperando sua próxima viagem de negócios,
desejando que pudesse ser hoje. Sempre que ele estava aqui, a
casa inteira parecia estar prendendo a respiração. Eu odiava
viver no limite, cada batida de uma porta me fazendo recuar,
cada som de passos pesados fazendo minha garganta apertar e
meus músculos enrijecerem na expectativa de uma surra.
Tomei banho rápido e logo estava descendo para almoçar
vestido com calças e uma camisa cinza. Preferia dar uma
mordida rápida em vez de pedir a Jenkins para me trazer
qualquer coisa. Ele sempre pedia ao chef que colocasse picles
em tudo o que fazia para mim, apesar da quantidade de vezes
que disse a ele que os odiava. Não sabia se a porcaria de
esquecimento dele era falso ou não, mas tinha a sensação de
que era. Ele nunca se esqueceria do pedido quando se tratava
do almoço do pai. Perderia a cabeça por isso.
Peguei algumas fatias de pão com a intenção de fazer um
queijo grelhado quando minha mãe entrou na sala com um
vestido marrom de mangas compridas que grudava em seu
corpo.
“Vamos almoçar como uma família hoje, Xavier,” disse ela
em uma voz arejada. “Vá se sentar na sala de jantar.” Ela me
levou em direção à porta, mas me segurei, percebendo a tensão
em sua postura.
“O que está acontecendo?” Perguntei, minhas
sobrancelhas puxando juntas.
“Seu pai quer falar com você sobre algo,” disse ela com um
sorriso vazio e minha frequência cardíaca acelerou.
“Sobre o quê?” Perguntei, preocupação deslizando em
minhas veias. Meu pai não falava comigo sobre nada. A não ser
que tivesse convidados e fosse obrigado a conversar
educadamente na frente deles.
“Vá se sentar,” ela insistiu, virando-se para longe de mim e
juro que seus ombros estremeceram quando passei por ela.
Olhei para trás e ela estava deslizando atrás de mim como o
espírito vazio que ela sempre foi.
Fui para a sala de jantar, encontrando a longa mesa posta
para quatro. Eu e mamãe nos sentamos frente a frente no
centro da mesa e peguei o copo d'água que já havia sido servido
para mim, esvaziando-o de uma vez. Meu pé bateu
ansiosamente sob a mesa enquanto o silêncio se estendia entre
nós. Nunca sabia o que dizer para minha mãe. Suas respostas
eram sempre superficiais. Se eu perguntasse se seu coração
ainda estava batendo, ela provavelmente sorriria e assentiria.
Ela poderia até mesmo abrir casualmente uma veia para provar
isso. Mas ela nunca me diria nada realmente.
Um estrondo veio de algum lugar na sala acima da gente e
nós dois olhamos para cima ao mesmo tempo. O estrondo
surgiu de novo e de novo e a voz de Clara chegou até nós,
fazendo meu coração murchar como uma ameixa. “Sim,
papai... sim, sim, sim!”
Meu queixo caiu e o calor queimou na base do meu crânio
enquanto olhava para baixo para encontrar minha mãe
olhando vidrada além da minha cabeça.
Meu pai começou a praguejar e o lustre acima de nós
tilintou quando tremores o percorreram.
A raiva passou por mim, mais aguda do que eu jamais
tinha conhecido. Minha mãe estava sentada aqui, porra. Ele
sabia que estávamos esperando na sala abaixo. Nem mesmo
teve a decência de lançar uma bolha silenciadora.
Eu estava de pé antes mesmo de saber o que estava
planejando fazer sobre a raiva crescendo em meu peito e os
olhos de minha mãe voltaram a se concentrar, me cortando.
“Sente-se, Xavier,” ela insistiu e apertei minha mandíbula,
sentindo como se estivesse prestes a estourar um vaso
sanguíneo enquanto eu estava lá.
“Oh meu Rei Dragão... Ah!” Clara gritou e fechei os olhos
com força, caindo com força para trás no meu assento.
“Como você pode deixá-lo te desrespeitar desse jeito?!” Eu
exigi.
Nunca gritei com mamãe, mas isso era demais. O olhar
vazio em seu rosto dizia que ela não se importava, mas como
isso poderia não entrar em seu peito e espremer a vida dela?
Talvez ela estivesse quebrada por tanto tempo que nem era
capaz de sentir mais. Na maioria das vezes, achava que ela
simplesmente se desligou da vida. Mas gostaria que não o
fizesse. Gostaria de ter uma maldita pessoa sob este teto com
quem compartilhar minha dor. O pior de tudo era que sabia
que se nunca saísse daqui, se meu pai me mantivesse trancado
para sempre, ia acabar assim. Estúpido, entorpecido. E não
aguentaria.
Clara gemeu como se estivesse no meio do melhor orgasmo
de sua vida e fixei meu olhar no meu prato, meus ouvidos
certamente prestes a sangrar. Meu pai gemeu ao terminar
também e encontrei minha mão enrolando em torno da faca ao
lado do meu prato. Havia uma crueldade distorcida nisso ou
ele não se importava com quem estava ouvindo. Eu não sabia o
que era pior.
Poucos minutos depois, os dois entraram na sala e meu
pescoço formigou com a sensação deles atrás de mim.
Meu pai se sentou à cabeceira da mesa com um suspiro,
pegando o copo d'água e tomando um longo gole. Clara deu
uma risadinha enquanto se sentava no assento à direita dele,
passando os dedos pelo seu cabelo castanho claro para domar
os fios rebeldes que saíam da parte de trás dele. Ela estava
vestida com um vestido rosa claro que reconheci como sendo
da minha mãe e isso era apenas um insulto por si só.
Jenkins apareceu com um carrinho na hora, como se
estivesse esperando nas sombras pelo aparecimento de seu
mestre. Ele preparou nossas refeições enquanto olhava para
meu pai, os músculos da minha mandíbula trabalhando duro
enquanto rangia os dentes.
“Eu disse a Clara para se servir de suas coisas,” disse
Lionel sem cerimônia. “Você não se importa, querida?”
Minha mãe olhou para Clara com uma dureza nos olhos
por um momento, então ela acenou com a cabeça
simplesmente, fixando-se em um sorriso educado. “Claro que
não.”
“Obrigada, tia Catalina,” Clara disse com uma voz
açucarada e foi isso. O prego no caixão. Tive o suficiente.
Bati meu punho na mesa e o olhar frio de meu pai se
chocou contra mim. Mas eu não iria apenas sentar aqui e
permitir que isso acontecesse.
“Como você se atreve a insultar minha mãe assim,” rebati.
“Ela é sua esposa.”
Uma batida dolorosamente longa de silêncio passou e não
consegui quebrar o olhar do meu pai quando um brilho
assassino entrou neles.
“Como eu ouso?” Ele ecoou em um tom mortal que
levantou os cabelos da minha nuca. “E a que exatamente você
está se referindo, filho?” Seu tom tinha uma sugestão de
desafio, como se quisesse ver o quão longe eu iria para
enfrentá-lo pela primeira vez na minha vida. E se eu fosse fazer
isso, iria muito bem até o fim. Mesmo que isso me apavorasse
profundamente.
Levantei-me da cadeira, querendo a vantagem da altura
sobre ele, senão outra coisa. Apontei para Clara, cujos olhos se
arregalaram em inocência enquanto um rosnado crescia na
minha garganta. “Ela é vinte anos mais nova que você. Ela
brincava comigo quando criança. Era praticamente minha
irmã. Como você pode transar com ela como se estivesse tudo
bem? Como se tudo isso estivesse bem pra caralho!” Peguei
meu prato, jogando-o do outro lado da sala, quebrando-o
contra a parede.
O som tocou em meus ouvidos e meu pai golpeou um dedo
em mim, enviando uma rajada de ar feroz contra meu peito.
Fui jogado contra as portas fechadas, minha coluna colidindo
com a madeira e enviando uma rachadura estilhaçando-as
antes de atingir o chão. Os passos de meu pai bateram em
minha direção e minha mãe soltou um murmúrio que poderia
ser medo.
Meu pai se abaixou para me agarrar, mas eu não iria me
curvar tão facilmente. Hoje não.
Estava farto de suas besteiras.
Joguei minhas mãos para cima e as Sombras explodiram
de mim, forçando meu pai um passo para trás antes que ele
levantasse as mãos em um contra-ataque. As Sombras saindo
do meu corpo de repente tremularam e vi Clara na minha visão
periférica, sua mão levantada em minha direção enquanto ela
prendia meu poder no fundo do meu peito.
O pânico invadiu meu corpo assim que meu pai agarrou a
parte de trás do meu colarinho, me puxando para fora da sala e
Clara riu loucamente enquanto nos seguia.
“Vou te dar um bom motivo para morder sua língua,
garoto,” ele rosnou, me conduzindo pelo corredor enquanto eu
lutava para me libertar.
Ele abriu caminho para a biblioteca e me jogou no chão
com uma rajada de magia de Ar por trás do golpe. Eu bati no
chão de madeira com um barulho, batendo na prateleira mais
próxima de livros e mandando um monte deles caindo em cima
de mim.
Eu me endireitei, meu coração batendo loucamente em
meus ouvidos. Eu fui mantido sob controle por tanto tempo
que ansiava por lutar com a força de uma besta faminta.
Queria estripa-lo por tudo que ele fez. Por Darius, pela mamãe,
por mim. Ele era uma praga neste mundo e eu desprezava cada
gota de seu sangue que corria em minhas veias.
“Te odeio!” Eu rugi, jogando meu punho nele.
Ele foi pego de surpresa que esqueceu de se proteger e
meus dedos estalaram contra sua mandíbula, fazendo-o
cambalear para trás.
Clara olhou para nós com os olhos arregalados,
balançando para cima e para baixo em seus calcanhares
enquanto meu coração batia forte enquanto esperava o
machado cair.
“Agora você está com um grande problema,” ela falou sob
sua respiração com um sorriso malicioso e me preparei para
lutar enquanto o lábio superior de meu pai se afastava.
“Então finalmente cresceu uma espinha dorsal em você
pelo menos,” ele zombou. “Mas isso não o torna mais homem.
E isso definitivamente não o torna mais um Acrux,” ele sibilou,
seus olhos viajando para baixo em mim como se fosse um
pedaço de sujeira em seu sapato. “Você sempre será o
constrangimento que esta família tem que esconder. Ou talvez
vou nos poupar do incômodo e enterrá-lo tão fundo que até
mesmo os vermes não o encontrarão.”
“Faça isso então!” Eu rebati, minha respiração vindo
freneticamente.
Podia ter perdido a cabeça, mas não me importei. Eu
estava cansado de me esconder nas sombras e de andar na
ponta dos pés em torno desta casa, esperando o dia em que
meu pai se cansasse de mim. Estava exausto com isso. Não
importava o quão assustador ele fosse.
Cerrei os dentes, levantando os punhos, apesar de saber
que não seria capaz de acertá-lo novamente. Mas eu não iria
cair de joelhos como um covarde.
“Você quer que eu vá embora, então acabe com isso,” exigi,
meu coração rasgando no peito. Odiei que ele me odiasse.
Desprezava-me. Desejei de todo o coração não me importar.
Mas seu ódio me fazia doer. Por que, por quê? O que fiz para
merecer isso? “Nunca fiz nada para você exceto existir,” cuspi,
meus olhos queimando enquanto segurava toda a dor que se
agitava dentro de mim. Parei de tentar ganhar seu amor há
muito tempo, mas uma parte de mim nunca iria se curar de
verdade da dor de ser nada além de um fardo para meu próprio
pai. “Então faça isso,” Pressionei enquanto ele continuava a me
avaliar com um olhar frio e vazio. “Impeça-me de existir e faça
o seu probleminha ir embora.”
Ele veio para mim rápido, sacudindo a mão para amarrar
meus membros com magia do Ar e o medo me invadiu como
veneno. Seu primeiro soco me derrubou no chão, quebrando
costelas com o impacto. Ofeguei quando a dor ricocheteou em
meus membros quando começou os chutes.
Clara estava torcendo e batendo palmas a cada golpe que
ele desferia. Fechei os olhos com força e tentei me agarrar a
algo bom. Houve tão poucos momentos na minha vida que
foram verdadeiramente doces, mas houveram alguns que
revisitei milhares de vezes. Brincando com meu irmão no lago
no terreno, rindo com ele e Lance enquanto pegávamos Faeflies
na floresta e a luta de bolas de neve com meus amigos. Pessoas
reais, que me conheciam, gostavam de mim.
“Inútil... perda... da... porra... do... meu... tempo,” meu pai
grunhiu a cada chute e a dor começou a me cegar.
Ela comeu meus ossos quebrados e corroeu seu caminho
ao longo de minhas veias. Não dei a ele a satisfação de gritar,
mas minha dor estava sem dúvida escrita em minha expressão
e em meu sangue escorrendo. Talvez ele tivesse se alimentado
disso. Talvez precisasse de mim vivo para continuar
alimentando seus demônios e prosperando com meu medo. Por
isso nunca acabava com esse sofrimento. Porque os monstros
precisam de uma presa para se banquetear, e sem mim ele
morreria de fome.
Meu pai estava de repente na minha cara, ajoelhando-se
sobre mim e agarrando minha camisa em seus punhos.
“Sempre que me responder desse jeito de novo, será punido até
o seu último suspiro, está me ouvindo?” Ele me sacudiu antes
que eu me obrigasse a acenar com a cabeça, ouvindo suas
palavras através de um zumbido pesado em meus ouvidos.
Sangue salpicou seus sapatos brilhantes do meu nariz
quebrado e ele arrancou um lenço, enxugando-os com um
movimento antes de subir acima de mim. “Você tem um
convidado chegando em vinte minutos, esteja apresentável.
Esta é sua última chance, Xavier. Faça um esforço com ele ou
não serei misericordioso novamente.” Ele se virou e saiu da
sala, me deixando com Clara.
Enrolei-me em mim mesmo soltando um gemido de dor
enquanto o fogo parecia arranhar seu caminho sob minha pele.
Misericordioso? Como ele poderia pensar que qualquer coisa
que fazia era misericordioso? Lionel era a crueldade encarnada.
Um pagão sem alma.
O som de soluços encheu meus ouvidos e Clara gritou de
repente, caindo diante de mim, me embalando em seus braços.
Engasguei em agonia. A magia de cura varreu de seu corpo
para o meu enquanto ela descansava o rosto na curva do meu
pescoço, suas lágrimas escorrendo pela minha pele.
“Não, não, não,” murmurou, me abraçando com força e
não consegui me mover para afastá-la. “Eu sinto muito, sinto
muito, Xavier.”
Seu poder se enraizou em meu corpo, tirando a dor e
curando cada fratura e hematoma ao longo do caminho. Clara
colocou beijos em minhas bochechas e grunhi enquanto
estendia a mão para pressioná-la nas costas. Ela olhou para
mim com um olhar quebrado no fundo de seus olhos, as
lágrimas escorrendo pelo rosto e fazendo-a parecer quase
humana.
“Você está bem,” ela sussurrou. “Protegerei você.”
Estendi a mão, minha garganta apertada enquanto
afastava o cabelo de seu rosto, um pensamento entrando em
minha mente de que a verdadeira Clara ainda poderia estar por
trás de toda essa escuridão que a invadiu. Mas então ela me
deixou cair no chão e se levantou, batendo palmas.
“Garoto bobo, não diga coisas maldosas para o papai de
novo.” Ela me lançou um olhar severo e começou a cantar
enquanto saía da sala.
Eu me levantei, limpando o sangue do rosto com as costas
da mão. Fiquei abalado, mas não desanimado. Eu não iria
rastejar de volta para minha concha e me esconder dele. Não
mais. Não de novo.
Saí da sala e encontrei minha mãe parada além da sala de
jantar, seus olhos brilhando enquanto ela olhava para mim.
Sua garganta balançou, então ela apontou para as escadas.
“Vá lavar o rosto e troque de camisa antes que o Sr. Gravebone
chegue.”
“Quem é esse?” Perguntei, olhando para minha camisa
respingada de sangue. Parecia o chefe de uma gangue de
4
procurados em Red Dead Redemption . Não é exatamente
reconfortante.
“Apenas vá,” ela insistiu, afastando-se de mim e subi as
escadas com um nó no estômago. Odiava que Clara tivesse me
curado e não minha mãe. Por mais patético que fosse, as
únicas vezes em que sentia que minha mãe realmente se
importava comigo era quando ela vinha cuidar de minhas
feridas depois que meu pai me feria.
Troquei de camisa e lavei o rosto e quando voltei lá
embaixo, estava pronto para conhecer quem quer que fosse
esse cara. Mas o que não estava pronto para enfrentar era meu
pai esperando por mim na parte inferior da escada. Ele colocou
a mão no meu ombro, me guiando pelo corredor para a
esquerda e meu coração bateu mais forte, uma sensação de
mal-estar passando por mim. Algo parecia errado. E meus
instintos diziam que deveria fugir, correr para salvar minha
vida maldita.
“Você vai fazer o que o Sr. Gravebone diz,” papai falou no
meu ouvido, sua voz um sussurro mortal. “Qualquer coisa que
ele disser. Espero que façam progressos dentro de um mês. Se
não, bem, espero que entenda que sua vida pode ficar muito
mais desconfortável nesta casa, filho.”
Engoli o nó que crescia na minha garganta, mantendo
meus lábios selados enquanto ele me guiava para uma sala no
final do corredor. O fogo crepitava de um lado da longa sala e
duas poltronas de cada lado dele. Um homem se levantou de
uma, seus olhos cinza pálidos me arrastando para baixo. Seu
cabelo branco estava penteado para trás e todos os ângulos de
seu rosto pareciam afiados como uma navalha. Um manto
vermelho sangue pendurado em torno dele, preso no lugar em
sua garganta com um fecho dourado que retratava um girassol
perfeito.
Meu pai me guiou até o outro assento e me empurrou para
baixo, sua mão permanecendo no meu ombro enquanto ele
ficava ao meu lado. “Você entende meus desejos, Gravebone?”
Ele rosnou e o homem inclinou a cabeça.
“Sim, meu senhor. E você pode ter certeza de que
nenhuma palavra disso será soprada além dessas quatro
paredes,” ele respondeu em uma voz que foi falada suavemente
e assustadora como a merda.
“Bom. Você será pago ao final de cada sessão. E se eu não
ver os resultados em breve, vou garantir que o resto da sua
clientela saiba que você é uma fraude.”
“Não sou uma fraude,” disse ele, erguendo o queixo. “Eu
não vou te decepcionar.”
Meu pai acenou com a cabeça bruscamente e desocupou a
sala, deixando-me com o Sr. Calafrio e a sensação de formigas
se agitando sob minha pele.
Gravebone enfiou a mão em suas vestes e tirou um grande
pêndulo dourado, movendo-se em minha direção enquanto o
deixava balançar em seus longos dedos. “Você sabe por que
está aqui, acredito?”
“Não,” falei, sentando na minha cadeira e fixando-o na
minha mira. “Quem é você?”
“Eu sou um Terapeuta de Conversão de Ordens.”
“E o que isso quer dizer?” Cerrei os dentes, embora
pudesse ter dado um palpite.
“Seu pai confiou seu segredo a mim. E entendo a vergonha
que você deve sentir por Emergir como uma Ordem de baixo
nível estando na família de Dragões mais poderosa em Solaria.
Estou aqui para ajudar.”
Minha língua estava pesada, meu pulso estava muito
rápido. A palavra ajudar soou terrivelmente parecida com
machucar.
Eu não disse nada, não queria compartilhar nenhum dos
meus pensamentos sobre esse assunto com esse cara. Desde
que emergi como um Pegasus, esperava ter vergonha da minha
Ordem. Mas acabou que não foi o que senti. Claro, fiquei
horrorizado. Com medo. Mas só porque sabia o que meu pai
pensaria disso. Não porque me importasse em ser um Dragão.
Sempre sonhei em voar com meu irmão. Ganhei o presente das
asas, elas simplesmente não eram escamosas e douradas como
as dele. Elas eram macias, emplumadas e lilases. E eu estava
bem com isso. Só queria que todo mundo pudesse estar.
Gravebone lambeu seus lábios finos, levantando o pêndulo
diante dos meus olhos. “Eu quero que você observe os
movimentos do pêndulo enquanto conversamos.” Ele começou
a balançar e mantive meu olhar em seu rosto em vez de
obedecer.
“O que você espera obter com isso?” Perguntei, a
temperatura subindo em minhas veias.
“Nós vamos mudar a Ordem com a qual você se identifica,
jovem Xavier,” disse ele com um brilho intenso no olhar.
Parecia que um laço estava se apertando em volta do meu
pescoço e meu pai era o carrasco prestes a cair do chão sob
meus pés. Eu não poderia me recusar a concordar com isso.
Ele tornaria minha vida insuportável. E se algum dia tivesse a
chance de escapar com mamãe, teria que contar comigo mesmo
desta vez para elaborar um plano.
O calor do fogo tomou conta de mim. Eu estava com muito
calor e esse cara estava muito perto de mim. Eu podia sentir o
cheiro de incenso e tabaco nele e não gostei do jeito que ele
estava olhando para mim. Como se fosse seu novo projeto de
estimação.
Eu me mexi na cadeira, deixando meus olhos caírem para
o pêndulo estúpido. “E agora?”
“Como você se sentiu quando emergiu pela primeira vez?”
Ele perguntou.
Corri minha língua pelos dentes, pensando na melhor
maneira de falar isso. “Eu estava com medo,” admiti a verdade.
“Senti que não tinha mais um lugar na minha família.” Outra
verdade.
Até o dia em que meu pai descobriu o que eu era, ele me
tratou com indiferença. E nunca em todos os meus anos me
ocorreu que isso tivesse sido uma bênção. Agora, eu estava
recebendo o peso de seu ódio. Seus punhos martelaram em
minha carne enquanto ele derramava cada gota de
ressentimento e decepção que tinha em mim por causa da
minha Ordem. E quando ele me disse que a vida poderia ficar
pior do que isso, não seria estúpido o suficiente para não
acreditar. “Eu ainda não sei.”
“As Ordens são uma família em si mesmas,” Gravebone
disse, balançando a cabeça em compreensão e ainda assim
seus olhos estavam distantes como se ele não tivesse qualquer
simpatia real por mim. “No momento, você sem dúvida anseia
pela companhia de outros Pegasus, não é?”
Acenei com a cabeça, meus olhos ainda girando no ritmo
do Pêndulo. Um peso estava rastejando em meus membros e
quanto mais lutava, mais ele me dominava.
“Mas você não é um deles, jovem Xavier,” ele falou sob sua
respiração e sua voz parecia mais distante.
O sono estava se enraizando em meus ossos e eu achava
cada vez mais difícil compreender meus pensamentos. “Não
sou um deles,” minha boca se movia com as palavras, embora
não me lembrasse de ter concordado com elas.
“Pegasus são criaturas humildes e indignas de reivindicar
o sangue Acrux,” Gravebone disse com mais fervor, o desgosto
em sua voz claro. “Você não é um deles.”
“Eu não sou um deles,” falei novamente e minha voz
falhou nas palavras enquanto tentava segurá-las.
Meus olhos estavam fechados, mas as imagens estavam
começando a nadar em minha visão. Uma orgulhosa família de
Dragões estava em uma colina acima de mim e abaixo estava
uma manada de Pegasus, relinchando e se aninhando. Meu
coração clamou por eles de uma forma que não suportaria
ignorar. Fui até eles instintivamente e a dor atingiu meu crânio
com tanta intensidade que gritei.
“Escolha sua verdadeira família,” a voz de Gravebone me
alcançando no escuro. “Você não é um Pegasus.”
“Eu não sou um Pegasus,” ofeguei enquanto a dor
diminuía e meus pensamentos se confundiam, me deixando
inseguro por um momento. “Eu não sou um deles.”
Sempre odiei acordar cedo, mas recentemente, dormir apenas não
parecia tão relaxante. Na verdade, ficar deitada na minha cama com as
Sombras enroladas ao meu redor e meu coração fraturado sangrando
por todo o lençol branco se tornou bastante insuportável. O que me levou
a iniciar uma nova rotina. Uma com o qual estava realmente bem. Depois
de passar a noite me revirando e lutando contra as Sombras (ou
mergulhando nelas por um tempo, o que acontecia com mais frequência
atualmente) eu levantava da cama, colocava meu equipamento de
corrida e apenas corria.
Havia uma bela simplicidade nisso. E algo sobre sair para
o ar frio e fresco da manhã e ver a academia enquanto ela
estava acordando me ajudou a me concentrar.
Então, enquanto corria escada abaixo na Casa Ignis e
empurrava a porta, respirei fundo o ar de inverno o deixando
afastar as Sombras dos cantos da minha mente com um
sorriso. Eram seis da manhã, um horário que nunca estive
familiarizada antes, mas que estava começando a gostar. Pelo
menos um pouco.
Comecei uma rotina de alongamento rápido e vacilei
quando de repente vi Darius encostado na parede ao lado da
porta. Ele estava vestindo calça de moletom e um casaco fino
de capuz com as mangas cortadas, seus braços musculosos
atraindo meu olhar por um longo momento enquanto seus
olhos escuros varreram sobre mim também.
Ele não disse nada e nem eu. Mas quando comecei a subir
o caminho para a minha corrida, ele começou a correr também.
Peguei minha rota usual através do Território do Fogo,
circulando em direção ao Território da Água no caminho
principal e seus passos ficaram atrás de mim enquanto ele me
seguia. Não muito perto. Não o suficiente para irritar as
estrelas. E havia muitas outras pessoas se exercitando ou indo
para a biblioteca ou em sua forma de Ordem para que
estivéssemos realmente sozinhos. Mas algo sobre ele me
seguindo fez meu coração bater por um motivo totalmente
diferente do que correr.
Aumentei meu ritmo enquanto minha rota me levava
através das piscinas naturais que formavam as Shimmering
Springs, minhas bochechas corando um pouco quando me
lembrava de como a paixão entre nós tinha queimado quando
nos juntamos neste lugar. Talvez eu devesse ter percebido que
a maneira como me sentia por ele era algo mais do que apenas
luxúria e ódio se entrelaçando. Mas mesmo se tivesse, acho
que não teria mudado nada. Embora uma parte culpada de
mim se perguntasse se as coisas teriam sido diferentes se eu
não o tivesse afastado aqui. Se não tivesse mentido e dito a ele
que não significou nada para mim...
Continuei minha corrida ao redor do campus, passando
por todos os territórios enquanto os passos de Darius me
perseguiam por todo o caminho. Minha pele formigava, meu
sangue esquentou e não pude deixar de me perguntar o que ele
estava pensando, embora nunca tivesse me virado para
reconhecê-lo.
Finalmente corri pelo caminho através da Floresta das
Lamentações de volta ao Orb com Physical de Dua Lipa
tocando em meus ouvidos e meu pulso batendo em uma
melodia inebriante. Um bando de Harpias estava circulando
acima da enorme cúpula dourada, reabastecendo sua magia
com o nascer do sol e não pude deixar de sentir vontade de
voar sozinha.
Aumentei minha velocidade enquanto corria direto para as
portas do enorme edifício e caí para frente com minhas mãos
nos joelhos enquanto levava um momento para recuperar o
fôlego.
Quando olhei para cima, encontrei Darius lá, seu casaco
de capuz e tatuagens brilhando fracamente em sua pele
escorregadia de suor enquanto a sugestão de um sorriso
brincava em sua boca. Eu podia ou não ter me esforçado muito
para que ele tivesse que trabalhar para me acompanhar. E ele
estava ofegando pelo menos tão forte quanto eu, então isso era
alguma coisa.
A porta foi escancarada quando um rebanho de Pegasus
irrompeu por ela, rindo juntos sobre ir atrás de uma mosca nas
nuvens. Darius a pegou antes que pudesse se fechar e segurou
para mim para que eu pudesse entrar primeiro. Dei a ele um
sorriso hesitante antes de entrar e pegar algumas torradas e
uma tigela de frutas para comer no café da manhã.
Eu fui até uma mesa no canto para deixar minha comida
antes de voltar para pegar meu café, mas Darius apareceu
novamente antes que pudesse dar um passo.
Meu coração saltou quando ele colocou uma caneca
fumegante de café na minha mesa, ficando perto o suficiente
para eu sentir a mistura de fumaça, cedro e suor em sua pele.
Fui momentaneamente transportada de volta para a sala do
trono com suas mãos em cima de mim e meus lábios
pressionados nos dele e quando pisquei para afastar a luxúria,
ele já tinha ido.
Eu assisti confusa quando ele pegou um café e um burrito
de café da manhã para levar, em seguida, saiu direto do Orb
sem olhar para trás novamente.
Soltando um suspiro quando a energia excitada que
dançou ao longo da minha carne finalmente começou a se
estabelecer e usei magia da Água para limpar o suor da minha
pele antes de sentar na minha cadeira para comer.
Bem, isso foi... estranho.
Eu estava tão perdida em pensamentos sobre Shifters
Dragões peculiares que não percebi Caleb se aproximando até
que ele caiu na cadeira à minha frente.
“Bom dia, querida,” disse ele com um sorriso fácil
enquanto jogava o braço sobre o encosto da cadeira e dominava
meu espaço. Mas não de uma forma ameaçadora, mais como se
sua aura fosse tão grande que ele não pudesse evitar. Todos os
Herdeiros eram assim na maioria das vezes e descobri que
realmente não me importava tanto nesses dias.
“Você está falando comigo agora?” Perguntei casualmente,
mas por dentro estava me encolhendo.
Dei uma mordida na minha torrada para me distrair dos
sentimentos conflitantes que tomavam conta de mim.
“Mmm, bem, nunca deixei de falar com você. Só estava
tentando levar em consideração os sentimentos de Darius,” ele
disse, se inclinando para roubar uma fatia da minha torrada e
fiz uma careta para ele. Quero dizer, sério, não fique entre uma
garota e seu café da manhã. “Mas então ele disse algo para
mim na noite passada que me fez reconsiderar.”
“Oh sim?” Perguntei.
“Sim... ele, uh, sugeriu de uma forma indireta que ele
aceitava que nós dois ficássemos juntos. Ele não nos culpa,
nem mesmo as estrelas por isso.”
“E como você se sente sobre isso?” Perguntei enquanto um
arrepio desceu pela minha nuca.
Darius disse que eu deveria continuar a ficar com Caleb se
isso me fazia sentir feliz, mas era só isso. Eu gostava de Caleb e
ele era quente, mas depois que estivemos juntos naquela noite,
tudo que conseguia pensar era em Darius. E mesmo que nós
dois não estivéssemos juntos, me sentia culpada de cair de
volta nos braços de Caleb.
“Bem, para ser totalmente honesto, acho que é um saco de
merda. Darius odiou que estivéssemos juntos desde a primeira
vez que ficamos. E acho que simplesmente não estava
prestando atenção o suficiente para perceber que isso ia além
de alguma rivalidade estúpida ou ciúme por ter pego a garota
mais gostosa do campus antes dele. Ele não é exatamente fácil
de ler na melhor das hipóteses... De qualquer forma, estou
saindo do ponto.”
“E qual é o seu ponto?” Perguntei enquanto terminava
minha fatia de torrada e pegava minha tigela de frutas.
“Que estraguei tudo. Nós fodemos tudo. Você nunca foi
feita para mim, querida.” Ele me deu um dos seus sorrisos
vitoriosos, mas a tensão ao redor dos seus olhos dizia que ele
não estava tão relaxado quanto dizia estar.
Suspirei, engolindo um morango antes de responder. “Não.
Eu fui feita para um homem que me atormentou e trabalhou
para me destruir. O destino parece gostar de cagar em mim.”
“Eu não estou dizendo que me arrependo,” Caleb disse
lentamente. “Pelo menos não a maior parte. Você e eu, nós
apenas clicamos, nos divertimos e rimos muito juntos, você é
quente pra caralho, eu sou ainda mais quente...”
Bufei uma risada com isso, revirando os olhos para ele.
“Existe um ponto para isso?” Perguntei.
“Eu só queria limpar o ar.” Ele encolheu os ombros
inocentemente. “Você acreditaria se dissesse que sinto sua
falta?”
“Não fui a lugar nenhum,” apontei.
Os olhos de Caleb deslizaram entre os meus por um longo
momento enquanto ele examinava os anéis escuros neles.
“Acho que não.”
“Realmente sinto muito,” soltei, sentindo que ele estava
prestes a sair novamente. “Eu sei que disse isso naquela noite,
mas... eu estava em um lugar tão escuro depois que eu e
Darius viramos Star Crossed. E também gosto de você, Caleb,
nós nos divertimos e, para ser sincera, sempre usei o sexo para
escapar das coisas mais merdas da minha vida. Não é desculpa
e juro que não fiz de propósito. Acho que acabei de separar
você dos outros Herdeiros na minha cabeça por um tempo
agora porque você não é um idiota completo e absoluto...”
“Obrigado?” Caleb ergueu uma sobrancelha para mim,
mas continuei antes que ele pudesse me impedir.
“Queria dizer... não foi intencional. Para colocá-lo nessa
posição com seu amigo. Eu estava me afogando quando você
me mandou uma mensagem. Só precisava de algo para ajudar
a enterrar a dor e...”
“Não se preocupe com isso, querida,” Caleb disse com um
suspiro. “Você estava em uma situação de merda e precisava
de alguém para te puxar de volta da borda. Além disso, você e
Darius nunca saíram do bloco de partida, não é? As porras das
estrelas têm muito a responder por isso. Sei que há um monte
de merda que é misterioso sobre Companheiros Elysian, mas
algumas pessoas podem passar anos se conhecendo antes de
serem chamadas sob as estrelas. Forçar vocês dois a responder
ao destino depois de alguns meses repletos de razões
espetaculares para você dizer não foi cruel.”
“Talvez as estrelas sempre quiseram que isso acontecesse.”
Encolhi os ombros como se isso não me queimasse por dentro e
Caleb se levantou, estendendo a mão para segurar meu queixo
e me fazer olhar para ele.
“Sim? Bem, talvez as estrelas possam ir se foder, então,”
ele disse ferozmente, seus olhos azul marinho queimando.
“Elas podem ser capazes de colocar anéis em seus olhos, mas
elas não conseguem forçá-la a se sentir infeliz.”
“Não?”
“Não. Então respire fundo e engula isso, querida. Porque a
garota que voltou se balançando em nós depois de quase se
afogar naquela piscina não deixa ninguém dizer a ela o que
fazer. Nem mesmo o destino.”
“Então, o que você espera que eu faça? Olhe para as
estrelas e grite foda-se enquanto as sacudo e queima suas
merdas no chão?” Brinquei, embora meu sangue latejasse com
a ideia disso, porque era exatamente o que eu queria fazer.
Nunca fui o tipo de garota que deixava alguém me dizer o que
pensar. Nunca fui o tipo de me curvar ao destino ou qualquer
merda assim. Fiz meu próprio destino. E não tinha nenhum
desejo de passar o resto da minha vida ansiando por Darius
Acrux.
“Sim. Isso é exatamente o que espero.” Caleb me ofereceu
um sorriso verdadeiro e não pude deixar de retribuí-lo. Tinha
que admitir, isso parecia muito bom para mim.

##

Voei pelas nuvens acima do mar além da academia com o


vento com brasas queimando de minhas asas enquanto fazia
em um caminho através do céu tentando pegar Gabriel. Darcy
encurtou seu voo para roubar algumas horas com um certo
professor de Cardinal Magic e eu estava feliz que ela estava
achando mais fácil fazer isso agora que Seth havia recuado.
Ao todo, os Herdeiros estavam realmente sendo... não
exatamente legais, mas certamente menos repugnantes. E eu
não tinha certeza se gostava. Quero dizer, claro, não queria que
eles fossem idiotas hediondos o tempo todo, mas também não
queria que parassem só porque eu deveria ser o destino de
Darius ou algo assim. Queria que eles parassem porque eles
não queriam mais ser idiotas. Ou melhor ainda, porque eles
não eram mais idiotas.
“Tive uma visão de você me perguntando sobre aquela
carta de Tarot que Darcy encontrou,” Gabriel disse enquanto
circulava de volta em minha direção e me oferecia o sorriso
presunçoso que ele guardava sempre que usava uma de suas
visões para antecipar o futuro.
“É uma possibilidade,” concordei, chamando o vento
enquanto olhava para a água bem abaixo de nós.
“Bem, posso ter uma resposta para você se você
perguntar,” ele brincou.
Revirei os olhos para ele e voltei para o campus. “Que tal
isso então, corremos de volta para a Neptune Tower e se você
chegar lá primeiro, eu pergunto. Mas se chegar lá primeiro,
você vai me dar um resumo de como essa conversa vai correr
sem me fazer pular obstáculos?”
“Má escolha, Tor, Harpias são muito mais rápidas que
Fênix,” Gabriel zombou e não perdi o jeito que ele decidiu
começar a me chamar pelo apelido de Darcy para mim, mas
também meio que gostei.
“Não acho,” zombei. “Além disso... não preciso me
preocupar com aquele vento.”
“Que vento?”
Levantei a mão e soprei uma parede de ar nele com força
suficiente para enviá-lo cambaleando pelas nuvens e sua
risada me perseguiu enquanto eu disparava para longe, voando
em direção ao campus o mais rápido que fisicamente poderia.
Minhas asas flamejantes bateram furiosamente e o Fogo
da Fênix ganhou vida por todo o meu corpo um momento
depois. Tive que lutar para impedir que consumisse minhas
roupas e perdi um pouco de velocidade enquanto me
concentrava.
Gabriel gritou algo que soou como trapaça suja um
momento antes de uma torrente de água cair sobre mim. Ele
chiou e deixou de existir contra o calor de minhas chamas e fui
engolfada por um vapor que me cegou por um momento
quando a risada de Gabriel passou rasgando.
Ordenei o ar ao meu redor para limpar o vapor e bati
minhas asas com mais força enquanto o perseguia, a torre
aparecendo à nossa frente enquanto corríamos pelo campus.
Gabriel estava certo sobre as Harpias serem mais
rápidas... apenas. Mas isso não significava que eu iria desistir.
Enquanto ele mergulhava em direção ao telhado da torre,
joguei todo o meu poder em minha magia do Ar, criando uma
poderosa corrente ascendente abaixo dele e o enviando
catapultado para as nuvens novamente.
Suas maldições se reuniram com minha risada enquanto
eu disparava em direção ao telhado, pousando levemente antes
de me sentar nas telhas avermelhadas com minhas pernas
penduradas na beirada.
Retirei as chamas da minha pele, mas mantive minhas
asas livres enquanto esperava por ele chegar.
Gabriel mergulhou das nuvens na velocidade de um
cometa antes de pousar ao meu lado e cair com um bufo de
frustração.
“Você luta sujo para uma princesa,” ele rosnou.
“Tenho certeza de que ser uma princesa em Solaria exige
isso,” apontei.
“Você pode ter razão.”
“Isso é o que é preciso para ser Fae, certo? Você tem que
ser implacável, determinado, selvagem, sem coração...”
“Nem sempre,” respondeu ele em voz baixa.
“Frequente o bastante.”
Ficamos sentados em silêncio enquanto a verdade daquilo
pesava sobre nossos ombros, o braço de Gabriel pressionado
contra o meu. Havia algo nele que me deixava à vontade. Eu
tinha sérios problemas de confiança na maior parte do tempo e
nunca fiz amigos com facilidade. Na verdade, na maioria das
vezes, tinha que presumir que as pessoas só queriam
realmente sair comigo como uma extensão de Darcy, a menos
que quisessem algo de mim. Mas não foi assim com Gabriel.
Senti uma conexão genuína com ele que não tinha nada a ver
com nada disso e tudo a ver com nós dois.
Ele me cutucou de brincadeira e o cutuquei de volta. Na
segunda vez, ele me empurrou com tanta força que caí do
telhado.
Gritei quando comecei a despencar e sua mão agarrou a
minha enquanto agarrei a borda do telhado e bati minhas asas,
lutando para cima.
“Cuzão,” ofeguei enquanto me sentava ao lado dele
novamente com meu coração acelerado e ele riu.
“Eu não gosto de perder,” ele disse com um encolher de
ombros como se aquilo deixasse tudo bem para ele me
empurrar de um telhado.
“Babaca,” murmurei, mas estava sorrindo maliciosamente
também.
Ele era o tipo de amigo que enfrentaria minhas besteiras,
se arrepiaria em resposta à minha cara de vadia descansando,
reclamaria de minhas próprias merdas, me empurraria de um
telhado quando eu trapaceasse e cuidaria das minhas costas
em um fim brutal e amargo. Tudo ou nada. Em suma, o melhor
tipo de amigo que existia. O que considerando o pouco tempo
que eu o conhecia parecia insano, mas simplesmente sabia que
era o caso.
Pensei na lição que tivemos sobre vínculos estelares e me
perguntei se ele era meu Aliado da Nebulosa. O tipo do amigo
que as estrelas escolheram especialmente para mim porque eu
precisava dele. Embora as estrelas estivessem na minha lista
de merda, então não iria lhes oferecer qualquer gratidão,
mesmo que isso fosse verdade. Mas fiquei tentada a perguntar
se ele sentia isso também ou se estava apenas sendo uma
perseguidora esquisita afirmando ser sua melhor amiga.
“Sim, também acho,” ele disse com aquele sorriso
malicioso.
“Pare de responder a perguntas que ainda não fiz. É
estranho.” Eu meio que adorava, no entanto.
“Pfft. De que adianta perder tempo esperando você
perguntar quando já sei o que você vai dizer? Além disso, se
realmente sou seu Aliado da Nebulosa, então você deve gostar
muito porque faço isso o tempo todo e se isso te irritasse pra
caralho, então você não seria capaz de me suportar.” Revirei os
olhos, mas não neguei. “Além disso, esta não é a minha
primeira vez. Tenho mais do que alguns Aliados da Nebulosa,
então sei como localizar os sinais. Eu, você e Darcy somos
como um pequeno time dos sonhos esperando para acontecer.
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Besties para a vida.”
Não perdi seu tom de zombaria, mas gostei de qualquer
maneira. “Bem, é hora das estrelas me derem algo bom pelo
menos uma vez,” falei. “Em vez de apenas me foder o tempo
todo.”
O silêncio pairou entre nós enquanto chutávamos nossas
pernas acima da queda de dez andares e Gabriel suspirou.
“Devo a você a conversa sobre a nova carta de Tarot que Darcy
encontrou, mas não posso oferecer nenhuma ideia sobre ela
agora. A única coisa que consegui descobrir das estrelas é que
se trata de algo incomensuravelmente importante, mas elas se
recusaram a me dar mais do que isso para continuar. Então,
em vez disso, vou dizer algo que você não vai gostar. E você vai
ter um ataque e depois ficar ainda mais chateada comigo
porque previ e você disse que não teria um ataque, mas você
ainda teve.”
“O quê?” Perguntei com uma carranca. Eu estava de ótimo
humor. Foi um dia lindo, fiz progresso com meus estudos de
Tarot e Poções e tinha dominado um feitiço de ocultação
avançado que Orion nos fez trabalhar por mais de uma
semana. A rotina de torcida do meu time estava parecendo
assassina na prática e só fiz beicinho por Darius umas cinco
vezes hoje. Inferno, eu nem tinha tocado nas Sombras a tarde
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toda. Eu estava calma como um pêssego e não podia ver
nenhum sinal de mudança. “Eu não vou ter um ataque,
Gabriel. Inferno, nem sei como ter um ataque. Sou tão
tranquila quanto eles vêm.”
“Isso é um monte de besteira e nós dois sabemos disso. De
qualquer forma, não vou pedir desculpas porque você precisa
ouvir. Eu vi. Além disso, vou passar o fim de semana em casa
depois que você sair furiosa e você vai se desculpar comigo a
contragosto na segunda-feira de manhã na aula de Tarot... Oh,
esqueça isso, você ainda pode estar chateada e me dar uma
cara carrancuda o dia todo. Existem alguns fatores que
determinarão quanto tempo você levará para perceber que eu
estou certo. Depende apenas de quão teimosa você é e com seu
histórico...”
“Pare de ser enigmático e apenas diga para mim,” exigi.
“Ok. Mas não me dê um soco... Na verdade...” Gabriel se
mexeu até que houvesse um bom metro de espaço entre nós e
levantei uma sobrancelha para ele. “Você vai tentar me dar um
soco e se alguém nos ver, você vai acabar tendo problemas com
Nova por atacar um professor. Não posso ser fodido com o
esforço envolvido em consertar essa dor de cabeça. A propósito,
belo gancho de direita.”
“Gabriel, apenas cuspa,” exigi.
“Ok.” Ele suspirou, nivelando-me com um olhar sombrio
que era um grande desvio de nosso alegre ir e vir. “Você acabou
de afirmar que as estrelas foderam com você, mas você
realmente acredita nisso?” Ele perguntou, fixando-me em seu
olhar. Havia algo tão familiar em seus olhos, algo que me atraía
e me fazia querer confiar nele. Me fazia sentir segura.
“Claro que sim. Elas escolheram um Companheiro Elysian
para mim, que nunca havia me mostrado nada além de
crueldade e violência. Elas nem mesmo me deram a
oportunidade de escolhê-lo,” rosnei, minha amargura sobre
isso crescendo intensamente.
“Então você acha que entre as estrelas e o próprio Darius,
eles são os únicos culpados. Nada disso cai sobre você?”
Gabriel perguntou. E ele estava certo, eu queria dar um soco
nele.
Empurrei minha língua em minha bochecha enquanto
desviava meu olhar do dele e olhava para o campus. “O que eu
deveria ter feito diferente? Rolar e aceitar toda a merda que ele
me fez passar? Deixar ele me humilhar, me fazer de alvo, me
provocar e intimidar, queimar minhas roupas, contar mentiras
sobre mim para a imprensa, se juntar a seus amigos para
machucar minha irmã, sair de seu caminho para me deixar
infeliz, deixar que me chamasse de todos os tipos de coisas
cruéis e tentar me afogar, então dizer a mim mesmo, bem, ele
tinha seus motivos, então deixa pra lá e esqueça, depois deixá-
lo se apropriar de mim também?” Minhas palavras foram
aquecidas e queimadas em minha língua. Raiva, frustração,
desapontamento, tudo isso rolou em um buraco duro no centro
de mim onde meu coração deveria estar, chicoteando à menor
provocação.
“Não acho que você deveria deixá-lo escapar com isso. Mas
acho que você também precisa assumir a responsabilidade por
sua parte nas coisas. Darius é um produto deste mundo,
dessas pessoas que o cercam, o monstro que o criou. Como
você acha que seria com um pai como Lionel Acrux? Quem
você acha que seria se o Rei Selvagem nunca tivesse morrido e
tivesse moldado você à sua imagem?”
“Como vou responder a isso?” Rosnei. “Mas não é como se
eu e Darcy tivéssemos uma vida fácil. Éramos levadas de um
lugar para outro, nunca queridas, constantemente mandadas
embora. Não tínhamos ninguém para nos criar com qualquer
tipo de consistência, mas não crescemos para sermos idiotas
totais. Ela certamente não, de qualquer forma.”
“Eu sei que você carrega as cicatrizes de sua vida antes de
Solaria em sua alma. Eles moldaram você assim como Lionel
moldou Darius. Mas apesar do fato de que Lionel trabalhou
duro para criar Darius à sua própria imagem, ele ainda luta
contra seu pai. Ele ainda tenta proteger seu irmão custe o que
custar. E tudo o que ele fez com você, não importa o quão
fodido possa ter sido, foi com a convicção de que era o melhor
para Solaria. Pergunte a qualquer um que estava vivo durante
o governo do Rei Selvagem e eles dirão que lugar horrível nosso
reino era para se viver enquanto éramos governados pelas
regras de um homem louco. Além disso, Darius está se
preparando há anos para desafiar seu pai e tomar seu lugar no
Conselho Celestial à força. Ele deseja fazer isso para que ele e
os outros Herdeiros possam progredir ainda mais neste reino.
É por isso que ele lutou tanto para impedir que você o
arrancasse dele. Isso não desculpa seus defeitos, mas os
explica.”
“E isso não muda o que ele fez comigo,” rosnei
teimosamente. “Ele nunca se desculpou, você sabe. Nem uma
vez. Não até que fosse tarde demais e estivéssemos sob as
estrelas sendo questionados se queríamos ou não ter um
destino vitalício. Então, de repente, ele se arrependeu. Mas
como vou saber se isso foi arrependimento pelo que ele fez
comigo ou se foi arrependimento pelo que ele fez com sua
companheira?”
“Vocês são as mesmas.”
“Não. Não sou. Porque eu disse não. Porque posso ter mil
defeitos próprios. Posso ser teimosa, egoísta e implacável às
vezes. Posso ser dura, fria e danificada, mas tenho respeito
próprio suficiente para saber que valho mais do que um pedido
de desculpas atrasado lançado quando não havia escolha a não
ser fazermos isso.”
“Você está certa..., mas você se lembra da noite em que
pedi para você pegar poeira estelar para nossas aulas de voo
com Darius? Eu disse que ele diria sim se você perguntasse,
desde que fosse antes da meia-noite.”
“O que é que tem?” Murmurei.
“Você se lembra que te avisei que havia dois rumos que
sua conversa poderia tomar, dependendo de vocês dois e das
escolhas que você faria?” Ele pressionou.
“Vagamente.”
“E você atendeu a esse aviso? Quando você foi até ele, você
tentou impedir sua conversa de seguir pelo caminho mais
escuro?”
“Pelo que eu lembro, ele agiu como um idiota completo
desde o momento em que entrei em seu quarto.”
“Tenho certeza de que tentou falar com você de maneira
razoável,” Gabriel rebateu.
“Você apenas bisbilhota a visão de todas as conversas
privadas dos seus amigos ou isso é um tratamento especial que
reservou para mim?” Perguntei, estreitando meus olhos.
“Tenho minhas visões por um motivo, e o único motivo
pelo qual bisbilhotei foi porque sabia que isso poderia ter sido
um ponto de virada para vocês de uma forma ou de outra. Foi
importante.” Gabriel encolheu os ombros como se não tivesse
escrúpulos sobre suas visões sorrateiras e soturnas e estreitei
meus olhos nele.
“Então você sabia que seríamos Companheiros Elysian?”
Perguntei, meu coração batendo forte com o pensamento disso.
Se ele soubesse e não tivesse me avisado, torceria a porra do
seu pescoço e arrancaria todas as suas penas antes de colocá-
las em chamas enquanto ele chorava por isso.
“Não. Claro que não. Ninguém pode prever esse tipo de
ligação estelar, os céus escondem isso de nós. Acredite em
mim, eu sei. Passei tentando predizê-los há muito tempo.”
“Por que você estava tão interessado em nós então?” Exigi.
“As estrelas me ofereceram o suficiente para saber que seu
relacionamento com Darius era importante. Não apenas para
você, mas para toda a Solaria. Ainda é, mesmo agora. Vocês
dois estão destinados a governar este reino de uma forma ou de
outra, vocês terão que descobrir isso um dia.”
“E daí? Você está dizendo que se eu também tivesse sido
razoável, falado com Darius em vez de surtar com a ideia dele
me machucar de novo, então essa coisa toda poderia ter
acabado de forma diferente?” Zombei. “Por causa de uma
conversa?”
“As guerras dependeram de menos. O destino é uma besta
inconstante e temperamental.”
Fiz uma careta enquanto pensava naquela noite. Darius
tinha me dito que ele se importava comigo e eu não quis
acreditar. Ele parecia tão perto de se desculpar por tudo, as
palavras quase parecendo grudar em sua garganta e por um
longo momento realmente acreditei que ele as falaria. Mas ele
não falou. E eu não esperei que ele encontrasse coragem para
isso.
“Nós brigamos,” falei, lágrimas amargas ardendo atrás dos
meus olhos. “Ele me insultou de novo e simplesmente perdi o
controle com ele. Ele queria que eu admitisse que meus
sentimentos por ele haviam mudado, que na noite do Eclipse
Lunar, quando quase nos beijamos, isso significava algo mais.”
“Mas você bateu à porta na cara dele e disse que nada
havia mudado.” Gabriel disse tristemente, como se o fato de ter
feito isso, o tivesse machucado também. “E você disse a ele que
ainda o odiava.”
“Bem, o que diabos mais eu deveria dizer?” Rosnei. “Você
está me dizendo que deveria apenas ter me cortado, mostrado a
ele meu coração e deixa-lo sangrar por ele? Tornar-me
vulnerável a ele depois de tudo que ele me fez passar, quando
ele não podia nem mesmo dizer que sentia muito por nada
disso?”
Gabriel suspirou como se minhas palavras lhe causassem
dor e ele balançou a cabeça tristemente. “Vocês dois poderiam
ter feito escolhas diferentes lá. Se ele tivesse se desculpado, se
você tivesse sido honesta... vocês ficariam juntos naquela noite.
Teria mudado muitas coisas.”
Zombei porque não acreditei. Ou talvez simplesmente não
quisesse. Talvez eu fosse teimosa demais, mas que diferença
isso fazia agora?
Gabriel hesitou antes de continuar parecendo ver o modo
como meu sangue fervia e a raiva estava me alimentando.
“Depois que vocês estiveram juntos em Shimmering Springs,
você disse a ele que não importava para você, fez pouco caso,
disse a ele que não mudava nada.”
Cerrei meus dentes. Sabia porque tinha dito isso então.
Darius estava olhando para mim de uma maneira que não eu
conseguia identificar e eu estava com medo de que ele estivesse
prestes a dizer ou fazer algo cruel novamente. Eu não
aguentaria. Eu estava muito crua naquele momento, muito
vulnerável, desesperada para que não significasse nada e
significasse tudo de uma vez que cheguei lá primeiro com
palavras venenosas e mentiras seguras diante de mim em um
escudo para tentar me proteger.
“Presumi que não significava nada para ele. Que eu era
apenas uma conquista,” murmurei.
“Ele estava se apaixonando por você e você arrancou o
coração dele,” Gabriel disse baixinho. “Não há maior dor neste
mundo do que isso. Acredite em mim. Eu sei. Vivi isso.”
“Então, devo me sentir culpada agora?” Exigi.
“Responsável? Depois de tudo? Tudo isso? Ele nunca disse isso
para mim. Nunca me disse...”
“Ele disse a você. Você simplesmente não queria ouvir,”
Gabriel interrompeu.
“Não quero ouvir isso,” rebati, ficando de pé enquanto as
lágrimas ameaçavam cair. “Eu não tenho que ouvir isso.”
“Sim, você quer,” Gabriel rosnou, levantando-se também.
“Porque você precisa aceitar que você é culpada nisso também.
Vocês dois falharam nos testes que as estrelas definiram para
vocês...”
“Eu não...”
“Na sala do trono, quando você estava com ele lá, ele disse
a você, tão claramente quanto estou dizendo agora que queria
você, ele disse que queria reivindicá-la como sua, ele disse que
queria tudo de você, que você...”
“Você só tem visões sobre a porra da minha vida sexual?”
Eu agarrei.
“Não é sobre sexo,” ele disse com uma careta como se a
ideia de ver a mim e Darius fazendo sexo o horrorizasse. O que
deveria ter acontecido, porque a ideia dele procurando a visão,
assim como bisbilhotando, estava muito além de nojenta que
poderia ter vomitado. “Eu não vejo isso. Eu vejo as partes que
importam, as coisas que você diz e sente e sei o quanto vocês
dois se importam...”
“O suficiente!” Gritei quando as lágrimas finalmente
ultrapassaram minhas defesas e escorreram pelo meu rosto. “É
o bastante. Não me importa de quem foi a culpa ou quantas
chances tivemos de não acabar aqui. Estamos aqui. É o fim de
tudo. Então foda-se o destino. Foda-se as estrelas. Foda-se
Darius Acrux. E foda-se você.”
Pulei do telhado antes que ele pudesse responder, jogando
um escudo de ar rígido atrás de mim para ter certeza de que ele
não poderia seguir enquanto batia minhas asas com força e
saía voando pelo campus. Eu não sabia para onde estava indo,
só sabia que precisava dar o fora de Gabriel Nox, meu chamado
bestie.
Não era ruim o suficiente ter que viver com essa merda
pelo resto da minha vida? Realmente tinha que remexer tudo
de novo e de novo? Ele não poderia simplesmente me deixar
culpa-lo por tudo isso e pelo menos me consolar em minha
própria inocência? Não precisava que ele colocasse a culpa em
mim também. E realmente não precisava estar pensando que
ele pudesse ter uma porra de um ponto.
Gah! Harpia psíquica idiota do caralho.
Uma onda de magia varreu minha pele e estremeci quando
percebi que tinha acabado de voar direto através da barreira
mágica que cercava o campus.
Sabia que deveria virar e voltar, mas enquanto varria as
colinas verdes além da academia, não consegui me forçar a
isso. Só precisava de um pouco de espaço na cabeça para
pensar.
Podia não querer ouvir as acusações de Gabriel, mas elas
estavam remexendo na minha cabeça do mesmo jeito. E apesar
de uma vozinha petulante no fundo da minha cabeça gritando
que eu tinha todos os motivos para não confiar nas palavras de
Darius quando ele expressou seus sentimentos para mim. Que
aprendi uma e outra vez a nunca confiar em ninguém além de
mim e minha irmã, especialmente idiotas bonitos cheios de
belas promessas e intenções cruéis. Eu estava começando a ter
dúvidas.
Eu aprendi há muito tempo a levar as ações mais a sério
do que as palavras e as ações de Darius sempre provaram que
estava certa em odiá-lo. Não é?
Memórias de acordar em seus braços passaram pela
minha raiva e a sensação que senti me fez morder o lábio. Se
houve algum momento em que senti mais intensamente o
vínculo entre nós, foi ali. Nos momentos de tranquilidade em
que não tentávamos ser nada, não dizíamos nada, nem mesmo
fazíamos realmente nada, onde éramos apenas nós. Como
quando compartilhamos poder ou dançamos, quando
escalamos o trampolim depois da festa de Halloween ou
brincamos na neve no Natal...
Havia dor nessas memórias, mas também havia um tipo
triste de beleza.
As lágrimas ainda caíram mais uma vez, mas minhas
bochechas molhadas doíam com o vento frio enquanto voava.
O topo de uma colina gramada se abriu abaixo de mim e
dobrei minhas asas enquanto mergulhava em sua direção.
Pousei levemente, retraindo minhas asas enquanto olhava
ao redor para o espaço verde com o sol poente à distância. Não
conseguia me lembrar da última vez em que estive sozinha
assim. Era tão pacífico.
Respirei fundo e me sentei na grama. Estava frio e o chão
úmido, mas bastou um pequeno clarão de magia de Fogo para
resolver ambos os problemas e virei meu olhar para o laranja e
rosa que manchavam o céu enquanto pensava no começo. Na
primeira vez, coloquei os olhos em Darius Acrux e tentei
descobrir todos os lugares em que tinha dado errado e o
quanto era realmente sobre mim.
“Roxanya?” a voz de uma mulher veio atrás de mim e gritei
de medo quando me pus de pé, jogando um escudo de Ar ao
meu redor um momento antes do fogo explodir em minhas
palmas.
Meus olhos se arregalaram quando reconheci Catalina
Acrux, a mãe de Darius, com seu cabelo castanho
perfeitamente penteado e seios perfeitamente puxados para
cima em um vestido de grife e saltos matadores que afundaram
no chão molhado. Embora, quando meu olhar caiu sobre eles,
ela estalou os dedos e a lama endureceu embaixo dela para
dar-lhe um melhor apoio.
“Que porra você quer?” Rosnei, segurando minha posição
apesar do fato de que queria fugir. Seu marido psicopata estava
escondido nas árvores em algum lugar? Eles estavam
planejando me agarrar novamente? Olhei em volta
disfarçadamente, não vendo nenhum sinal disso, antes de
voltar meu olhar para ela. “E de onde diabos você veio?”
“Consegui pagar alguns membros da equipe para me
alertar se você fosse deixar o campus,” ela admitiu
timidamente. “E sou bastante adepta em rastrear feitiços.
Estava prestes a entrar para o FIB antes do meu casamento
com Lionel ser arranjado e...” Ela parou de falar de repente,
quase parecendo sufocar por um momento, então apenas
balançou a cabeça como se nada tivesse acontecido.
“Por quê?” Exigi.
Eu não sabia muito sobre as habilidades mágicas de
Catalina, mas não tinha dúvidas de que ela era forte. Afinal,
Lionel só teria se casado com a melhor candidata para produzir
seus Herdeiros. E embora tivesse certeza de que ser bonita
ajudava no caso dela, não tinha dúvidas de que ela era muito
mais do que isso por baixo de todas as camadas de besteira.
“Preciso saber se...” ela parou de novo, suas narinas
dilatadas enquanto ela parecia lutar com algo.
“O quê?” Estreitei meus olhos para ela enquanto seu olhar
travou no meu e ela engoliu em seco.
“Por quê?” Ela perguntou eventualmente e não precisava
que ela perguntasse mais do que isso para saber o que ela
queria dizer.
Soltei uma respiração lenta enquanto olhava em seus
olhos e vi dor lá, verdadeira dor por seu filho e pelo que ele
estava passando. Notei que sua perfeição de porcelana tinha
um coração escondido em algum lugar e isso fez meu estômago
se contorcer de uma forma que não me sentia há muito tempo.
Mas era difícil não sentir uma pontada de ciúme e saudade
com a ideia de ter um pai que se importava. Teria trocado
qualquer coisa por um quando estava crescendo.
“Você é casada com um monstro. Você não consegue
imaginar alguma razão para não querer esse destino para
mim?” Rosnei, a dor da minha decisão pressionando-me
profundamente depois que Gabriel havia cutucado minhas
feridas.
“Darius não é o pai,” ela falou sob sua respiração.
Parte de mim queria concordar com ela e parte de mim
não. Inferno, eu estava tão dividida por Darius que não sabia
mais o que deveria estar sentindo por ele. Eram as estrelas me
punindo e me fazendo ansiar por ele, ou eu já estava fisgada
por ele antes de dizer não, mas fui teimosa demais para admitir
para mim mesma?
“Lionel...” ela franziu os lábios e recomeçou. “Ele te avisou
ou te disse algo sobre Darius que te fez sentir como se você
tivesse que dizer não?”
Meu queixo bateu contra a resposta a essa pergunta. Sim,
Lionel me disse para ficar longe de seu filho. Na verdade, ele
usou sua Coerção Negra para me obrigar a quebrar o coração
de Darius e a memória disso me consumiu por dentro. Porque
eu não queria enfrentar o fato de que, apesar da forma como
meus poderes de Fênix me protegeram daquela amarração que
ele tentou colocar em mim, ainda terminei fazendo exatamente
o que ele ordenou. E a ideia de jogar em seus planos só me fez
querer cuspir de raiva. Mas eu iria discutir isso com sua
esposa, que tinha acabado de balançar aqui para me abordar
no meio do nada? Não mesmo.
“Não venha e me encurrale assim de novo ou você
descobrirá o quão bem suas defesas resistem ao Fogo da
Fênix,” avisei. Minhas asas explodiram de minhas costas em
um clarão de chamas vermelhas e azuis que iluminaram o topo
da colina com tanta intensidade que quase fiquei cega por um
momento.
Eu abri minhas asas em preparação para a decolagem,
mas Catalina se moveu ainda mais rápido do que esperava.
Uma lança de madeira abriu um buraco no meu escudo com
um ataque cuidadosamente direcionado e ela enfiou o braço
nele, agarrando meu pulso enquanto gritava para eu esperar.
Meu coração saltou e minhas chamas da Fênix surgiram
para me proteger, correndo da minha pele no ponto onde ela
me segurou e batendo em seu corpo.
Catalina engasgou, seus olhos escuros voando arregalados
quando minhas chamas colidiram com ela, mas em vez de
queimar sua carne, elas mergulharam embaixo dela e meu
coração bateu forte quando de repente recebi uma conexão com
a própria magia que corria em suas veias.
Nossos olhos se encontraram em choque enquanto meus
presentes da Ordem pulsavam sob sua carne, queimando,
perseguindo, dançando sob sua pele como se as chamas
estivessem caçando algo e simplesmente fosse deixado para
observá-los.
De repente, as chamas encontraram uma parede de
escuridão que se ergueu diante delas como um mar infinito de
nada, barrando seu caminho. Havia algo tão estranho nisso,
tão errado que meus instintos me empurraram para destruí-lo
imediatamente.
As chamas da minha Fênix rugiram enquanto rasgavam a
parede da mente de Catalina e ela gritou quando a escuridão
dentro dela foi devorada. No momento em que meu Fogo
destruiu a parede, ele continuou correndo, logo encontrando
outra e outra enquanto Catalina segurava meu braço com mais
força.
Uma lágrima escorregou por sua bochecha, em seguida,
uma segunda quando minhas chamas da Fênix varreram sua
pele e queimaram todas as coisas escuras e corruptas que
encontraram espreitando lá.
Depois que tudo se foi, as chamas voltaram para mim e
fiquei ofegante, tremendo de fadiga enquanto minhas asas
afundavam nas minhas costas.
“O que é que foi isso?” Gemi, o resto do meu escudo de Ar
quebrando enquanto caia de joelhos com o cansaço
pressionando sobre mim.
“Você... estou livre,” Catalina engasgou, liberando seu
aperto em mim enquanto ela recuava, suas mãos segurando
seu peito enquanto um sorriso radiante capturava seus lábios
carnudos.
“Livre de quê?”
“A Coerção Negra que Lionel colocou em mim... cada e
todo comando que ele já me amarrou acabou... se foi.” Seus
olhos brilhavam de emoção e ela de repente caiu de joelhos,
soluçando, enquanto lutava para se ajustar ao que acabara de
acontecer.
“Ele a coagiu a fazer coisas?” Perguntei em confusão.
A parte suspeita de mim ainda queria ser cautelosa com
ela, mas era difícil negar a emoção crua vindo dela agora ou as
paredes de escuridão que destruí dentro de sua mente.
“Ele me manteve sob seu feitiço por um longo tempo,” ela
soluçou. “Ele roubou de mim o amor dos meus filhos. Ele me
deixou fria e frágil com eles... ele os levou... ele...” Catalina
olhou para mim de repente, seus olhos escuros que eram tão
parecidos com os de Darius me prendendo e me mantendo
como refém. “Ele não pode descobrir sobre isso. Prometa que
não vai contar a ninguém.”
“Eu não vou,” falei, balançando minha cabeça enquanto
seus olhos brilhavam com determinação.
“Deixe-me voltar para o meu filho, Roxanya. Preciso voltar
para Xavier, descobrir uma maneira de libertá-lo daquele lugar.
Se Lionel não souber que perdeu o comando sobre mim, talvez
eu consiga tirá-lo de lá.”
“O que ele está fazendo com Xavier?” Perguntei, meu
coração batendo forte com o olhar desesperado em seus olhos.
“Xavier tem um segredo vergonhoso,” ela sussurrou com
medo.
“Eu sei que ele é um Pegasus,” rosnei. “E não vejo
nenhuma vergonha nisso.”
Os lábios de Catalina se separaram como se ela não
esperasse por isso, mas passou rapidamente. “Lionel está
tramando algo. Não sei o quê, mas tem a ver com Xavier e sua
Ordem, tenho medo do que ele fará para manter esse segredo
escondido.”
“Você acha que ele vai machucá-lo?” Perguntei, meu
intestino torcendo ansiosamente. Lionel tornava a vida dos
seus filhos um inferno, então se ela estava com tanto medo,
então talvez ela temesse que ele fizesse mais do que apenas
feri-lo e a ideia disso fazia meu coração bater forte. Xavier tinha
cavado um lugar em meu coração, eu odiava a ideia dele estar
trancado naquela casa com aquele monstro e se ele estava em
perigo real de vida, então queria fazer qualquer coisa que
pudesse para ajudá-lo.
“Lionel não pode suportar a vergonha da Ordem de Xavier.
Ele está satisfeito em escondê-lo por enquanto, mas isso não
poderá durar para sempre. Um dia, em breve, as pessoas vão
começar a fazer perguntas sobre por que ele deixou o colégio.
Ou por que ele não vai para Zodiac no próximo ano e... temo
que esteja planejando matá-lo.” Um soluço sufocado escapou
dela. “Eu consegui colocar alguma proteção no lugar para ele
antes, mas Lionel está trabalhando incansavelmente para
desfazer isso. Depois que ele descobrir como apagar o que fiz,
não sei quanto tempo irá sobrar para Xavier. Lionel jamais
permitirá que o conhecimento de sua verdadeira Ordem seja
descoberto. Tenho que encontrar uma maneira de tirá-lo
daquela casa e escondê-lo. Por favor, jure para mim que você
não vai contar a ninguém que você me libertou da Coerção
Negra.”
Catalina estendeu a mão para mim e eu sabia que ela
queria que jurasse às estrelas. Mas não estava prestes a
concordar com isso sem receber algo mais dela.
“Com uma condição,” rosnei. “Não vou contar a ninguém
sobre isso, desde que você prometa me manter atualizada sobre
tudo e qualquer coisa que Lionel esteja fazendo com Clara.
Tudo e qualquer coisa que possa colocar minha irmã e eu em
perigo. Se ele está planejando nos atacar, preciso saber. Se ele
está fazendo algo com as Sombras, então me diga isso
também.”
“Sim. Vou te contar tudo, juro,” ela rosnou ferozmente e a
única coisa que pude ver brilhando em seus olhos escuros foi
uma determinação pura e crua de proteger seu filho. E a dor
que esse tipo de devoção despertou em mim não poderia ser
recusada.
Bati minha palma na dela e um estrondo de magia ressoou
entre nós. “E juro não falar sobre isso com ninguém em troca.”
“Dê-me o seu número Atlas e enviarei uma mensagem
para você sempre que puder,” ela pediu, segurando seu próprio
Atlas para mim para que eu pudesse digitá-lo. “Tenho que
voltar para a Mansão antes que sintam minha falta.”
“Eu e Darcy estamos ficando mais fortes a cada dia,” falei
enquanto nós duas nos preparávamos para nos separar. “Um
dia iremos atrás do Lionel e mostraremos a ele exatamente
quem são os Fae mais poderosos de Solaria.” As Sombras
lamberam intensamente sob minha pele com essas palavras e
os olhos de Catalina brilharam de esperança por um momento.
“Sua escolha com Darius foi sua, não foi?” Ela falou sob
sua respiração com uma voz triste. “A Coerção Negra de Lionel
não poderia se enraizar em você, não é?”
“Foi minha,” concordei, um tom áspero na minha voz.
Ela suspirou em decepção, recuando enquanto puxava
uma bolsa com poeira estelar do bolso. “Gostaria que ele
pudesse ter feito o suficiente para ganhar seu amor, Roxanya.”
Ela jogou a poeira estelar sobre a cabeça e desapareceu
antes que pudesse responder.
Engoli o caroço na minha garganta e abri minhas asas
antes de decolar também, abrindo um caminho através do céu
em direção à academia, me perguntando se as coisas realmente
mudaram tão profundamente quanto parecia que haviam
mudado.
Marguerite Helebor: Não é difícil imaginar por que
@Darius Acrux disse não para a prostituta da sarjeta, mas
ficarei mais do que feliz em ajudá-lo a seguir em frente.

Tyler Corbin: Darius largou seu barco há muito tempo,


mas por que não continuar no trem do desespero e ver onde você
sairá? Só estou me perguntando quanto tempo vai demorar até
que ele pegue uma ordem de restrição contra sua bunda
desesperada. #ToryVegaÉMaisQuente
#DesesperadaPorPauDeDragão #OHerdeiroNãoSeImporta
#SerAmargaCausaRugas #OuviFalarQueVocêTemManticrabs
Marguerite Helebor: Todo mundo sabe que Darius e eu
compartilhamos o único amor verdadeiro que ele já sentiu
#EuDeiEspaçoParaSuaNoiva
#DepoisQueEleTiverHerdeirosFicaremosJuntosDeNovo
Tyler Corbin: Quem você está enganando @Margurite
Helebor? Você foi usada e jogada fora e ouvi que você também
era uma merda na cama #PegueEPasse
#ArrependimentoNoDiaSeguinte #EsperoQueDariusTeAfaste
#ToryVegaÉBeeeemMaisQuenteQueVocê #SuaSugadoradeSaco
#OuviQueEleDurmiuDurante Darius Acrux:@Margurite Helebor,
não foderia com você de novo nem se você fosse a última Fae em
Solaria e meu pau caísse se não o fizesse. Não fale merda sobre
minha Companheira. Mais uma palavra e vou te destruir #Tente-
meVadia
Olhei para cima com surpresa quando Darius bateu seu
Atlas em sua mesa e dirigiu um sorriso de escárnio através da
sala de aula de Cardinal Magic para Marguerite, que parecia
que estava prestes a explodir. Sim, ela estava explodindo
totalmente em lágrimas. Darius literalmente nunca comentava
nas postagens do FaeBook. Nunca. Ela provavelmente deveria
correr, em vez de nos dar um show de sistema hidráulico,
porque eu estava disposto a apostar que ele estava a um
segundo de fazer um churrasco em sua bunda no estilo
Dragão.
Marguerite pareceu perceber isso também enquanto
Darius continuava a encará-la, o gelo se espalhando pela mesa
sob suas palmas. Ela saltou e correu para a porta, mas quando
ela fez meio caminho através da sala de aula, ela bateu em
uma barreira invisível, caindo no chão com um estalo e
gritando quando seu nariz quebrou.
“Menos vinte pontos da Ignis,” disse Orion
preguiçosamente de sua cadeira, sem levantar os olhos de seu
Atlas. “Por tentar sair da minha aula sem permissão. E menos
dez por não conseguir localizar meu escudo antes que o
encontrasse de cara. Serão dez a mais se você sangrar no meu
chão, Srta. Helebor.”
Marguerite se endireitou, curando seu rosto com de um
soluço antes de correr de volta para sua cadeira, onde
continuava a chorar em seus braços. Orion jogou uma bolha
silenciadora sobre ela, então nenhum de nós teve que ouvir e
um sorriso puxou o canto dos meus lábios. Aquele idiota podia
ser selvagem quando queria e eu meio que gostava.
Presumindo que ele não estivesse mirando aquela selvageria
em mim.
“Então, Darius, Tory gostou do presente dela?” Caleb
perguntou casualmente e congelei.
Tínhamos uma bolha silenciadora ao nosso redor para
manter nossas conversas privadas, como de costume, mas
ainda era uma escolha ousada perguntar isso a ele em uma
classe cheia de alunos. Imaginei que ele pensava que estava
seguro com todas essas testemunhas se Darius se tornasse um
assassino.
Quer dizer, sim, estávamos todos desesperados para saber
como a super moto de edição limitada com pintura única tinha
sido recebida desde que a vimos estacionada em nosso
estacionamento, mas nenhum de nós ousou perguntar.
Aparentemente, Cal tinha um desejo de morte hoje. Ou talvez
ele apenas pensasse que poderia ultrapassar Darius com sua
velocidade de Vampiro se ele tentasse brindá-lo com Fogo de
Dragão.
“Não foi um presente,” Darius grunhiu. “Fizemos uma
aposta e ela ganhou. Eu só estava pagando.”
Pagar não exigia uma pintura personalizada com a
constelação de Gêmeos incrustada com diamantes no motor,
mas foda-se se eu ia apontar isso. Seu fundo fiduciário sofreu
um sério golpe por aquela beleza, com certeza.
“Então, ela gostou do seu prêmio?” Cal pressionou e o
chutei embaixo de sua mesa, franzindo a testa enquanto
tentava ler suas emoções, mas pela primeira vez ele estava me
bloqueando. Um pequeno sorriso torto estava brincando em
seus lábios, então eu tinha que pensar que ele estava tramando
algo.
Darius suspirou e o peso do mundo estava naquele som.
Isso me machucou. Genuinamente. Como se eu pudesse sentir
sua dor cortando minha alma. Ele estava tão infeliz que parecia
que estava se afogando e eu simplesmente não conseguia
pensar em nada que pudesse fazer para puxá-lo de volta à
superfície.
“Ela não foi olhar ainda. Coloquei um feitiço de detecção
em torno dela para sentir sua magia quando ela o fizer, mas...
acho que deveria estar feliz por ela não ter enfiado a chave de
volta na minha cara.”
Seth choramingou tristemente, passando a mão pelo
cabelo comprido. Orion nos colocou para trabalhar praticando
ilusões faciais e eu estava dando um pouco de atenção a isso,
principalmente me concentrando em meu amigo.
“Bem, você sabe que ela vai adorar,” Caleb disse com um
encolher de ombros. “Por que você simplesmente não pede a ela
para ir ver com você?”
Um silêncio pesado caiu e por um momento eu tinha
certeza que Darius iria pirar e incinerar sua mesa, mas em vez
disso, ele apenas virou uma carranca para Caleb e respondeu
sua pergunta.
“Porque se estivermos sozinhos, as estrelas causam
tempestades e terremotos e Grifos cairão do céu entre nós e
porra sabe o que mais para nos separar, idiota.”
“Sim... como isso funciona exatamente?” Seth perguntou,
decidindo ajudar por algum motivo desconhecido. “Porque você
tem corrido com ela todos os dias e se safado.”
“Eu não corro com ela. Eu corro atrás dela e por algum
motivo ela ainda não me disse para me foder. Parece que posso
estar a poucos metros dela assim, com apenas algumas
pessoas ao redor, desde que não estejamos realmente
interagindo. Acho que as estrelas veem isso como eu ansiando
por ela e estão contentes em me torturar.”
“Então, existem lacunas?” Perguntei, incapaz de me
impedir. Além disso, esta era a primeira vez que ele falava mais
de duas palavras conosco sobre sua situação com Tory Vega
desde que tinha acontecido e eu estava curioso pra caralho.
“Eu acho,” Darius respondeu com um encolher de ombros.
“Tipo, como você pode falar com ela e tudo com outras
pessoas ao redor, do jeito que você faz na aula?” Cal
perguntou, batendo o dedo contra os lábios como se estivesse
tentando descobrir algo.
“Sim. Contanto que haja outra pessoa lá, posso chegar
perto dela, falar com ela..., mas se eu tocá-la, as tempestades e
todas essas merdas começam novamente.” Darius voltou ao
trabalho, encerrando a conversa.
Cocei a barba por fazer no meu queixo me perguntando
por que diabos as estrelas iriam aparecer com um destino tão
cruel. Ele poderia ter muita escuridão, mas ele recebeu um pai
de merda e uma vida difícil. Um Companheiro Elysian poderia
ter sido a resposta para todas as coisas que ele estava
perdendo como amor, afeto e devoção. Mas negá-lo era muito
pior do que nunca oferecer isso em primeiro lugar. Eu sabia
que os dois tiveram escolhas nisso, mas as probabilidades
estavam seriamente contra eles desde o momento em que
nasceram. Herdeiros Celestiais não se casam com a realeza.
Nunca. Não, a menos que eles quisessem perder seu próprio
lugar no Conselho para um irmão. Mas Darius tinha
trabalhado muito duro para reivindicar sua posição e Xavier
não tinha nenhum desejo de substituí-lo.
Caleb trocou um olhar comigo que dizia que estava
tramando algo e ele deixou um fio de astúcia escapar de suas
defesas apenas para me insultar.
A porta se abriu e olhei para cima quando Orion percebeu
a interrupção, meu coração caindo quando percebi quem havia
chegado.
A Diretora Nova entrou na sala com um sorriso educado
no rosto e uma garota seguindo atrás dela. Não qualquer
garota. Mildred porra Canopus. Prima de segundo grau e noiva
de Darius.
Ela era construída com o tamanho real de um shifter
Dragão macho, sua estrutura ampla e musculosa quase
rivalizando com a minha. Ela tinha uma juba de leão com
cabelo castanho crespo que se erguia em todas as direções e
tinha um laço de bolinhas preso no topo. Sua mandíbula
inferior se projetava mais que a superior, fazendo-a parecer um
pouco com um shitzu, e seu lábio superior tinha uma camada
de cabelo fino que eu podia ver mesmo de minha posição no
fundo da sala.
“Oh, merda,” murmurei enquanto Darius ficava
assustadoramente quieto.
Ele disse que seu pai o fazia ficar com Mildred nos fins de
semana, sair para jantares e deixar os paparazzi pegá-los de
propósito, esse tipo de coisa, mas ele claramente não sabia que
ela viria aqui também.
Os olhos de Mildred fizeram uma coisa estranha e errante
como se ela nunca conseguisse decidir no que focar, embora
naquele momento eles conseguissem manter sua posição sobre
Darius com bastante facilidade quando ela o avistou.
“Olá!” Ela chorou quando Nova começou a explicar que
tínhamos uma nova aluna entrando em nossa classe.
“Foda-se isso. Como se minha vida não fosse uma merda o
suficiente, ele tem que torcer a porra da adaga nas minhas
costas enviando-a aqui?” Darius rosnou e a raiva que escapou
dele foi o suficiente para fazer meu próprio sangue bombear
quente.
Correndo pela sala com os braços abertos como se ela
pensasse que ele iria saltar e abraçá-la. Já havia mais do que
alguns idiotas filmando sua reação, e se ele desse a ela
qualquer coisa menos do que uma saudação entusiástica,
então todo o plano de Lionel para retratá-los como uma grande
história de amor desafiando todas as probabilidades iria
desmoronar. E isso só poderia machucar Darius.
Antes que pudesse pensar em qualquer coisa para ajudá-
lo, Mildred de repente tropeçou e caiu no chão. Tive um
vislumbre de uma videira verde emaranhada em torno de seu
pé quando ela bateu no chão com força, seu queixo batendo
nas tábuas do piso de forma que sua mandíbula batesse contra
seu lábio superior peludo. Uma pitada de satisfação
presunçosa vibrou contra meus sentidos vindo de Seth quando
ele sacudiu os dedos para destruir a magia da Terra que ele
conjurou antes de esconder seu sorriso sob sua mão enquanto
ele engasgava como se estivesse chocado com o que tinha
acabado de acontecer.
“Canopus!” Orion latiu enquanto ela se endireitava. “Sua
mesa fica na frente da classe, onde posso ficar de olho em você
e verificar se você consegue acompanhar os outros alunos aqui
ou não. Você pode cumprimentar seu noivo depois!”
Mildred começou a protestar, mas ele estalou os dedos,
pegando-a com uma rajada de vento e jogando-a sobre a mesa
vazia na frente da classe.
“Obrigado,” Darius murmurou, seu olhar deslizando entre
Seth e Orion na frente da classe.
“Pensei que você poderia ser o Tutor da Srta. Canopus,
Lance?” Nova perguntou a ele enquanto se movia em direção a
sua mesa, ignorando totalmente a maneira como Mildred
acabara de entrar na sala.
O resto dos alunos estava começando a sussurrar
animadamente, seus olhos indo e voltando entre Darius e
Mildred. Meu Atlas começou a pingar notificações enquanto
mais da metade deles postava as notícias de nossa nova aluna
no FaeBook e me perguntei se Tory Vega estava sentada em
algum lugar lendo sobre isso e se sentindo tão mal quanto o
cara que ela rejeitou.
Por um momento, realmente esperava que ela estivesse.
Esperava que ela estivesse lá com seu coração murchando e
lágrimas queimando seus olhos em pagamento pela merda com
que ela os amaldiçoou. Mas então me lembrei do jeito que suas
emoções refletiam as de Darius sempre que sentia o cheiro
delas e descobri que não conseguia nem guardar minha
animosidade por ela como costumava fazer. Ela estava sofrendo
com isso também. E por mais fodido que fosse a coisa toda, por
mais que eu desejasse que ela tivesse feito a outra escolha,
podia entender por que ela disse não. Especialmente porque ela
não tinha crescido aqui. O conceito de destino e Companheiros
Elysian e maldições ainda era tão novo para ela que duvidei
que ela tivesse uma compreensão completa do que ela os
estava condenando com sua recusa. Mas ela claramente estava
pagando o preço agora.
Trabalhamos em silêncio durante o resto da aula e cinco
minutos antes do sinal tocar, Orion pediu a Darius para ir e
passar uma mensagem para o Professor Washer na Lagoa
Elemental da Água. Foi claramente uma missão idiota
destinada a deixá-lo escapar de Mildred, já que não havia
chance dele voltar aqui antes do final da aula, mas não haveria
muito locais para escapar depois do almoço quando teríamos
nossa próxima aula.
Darius saiu sem dizer uma palavra, enviando-nos uma
mensagem no chat em grupo dizendo que ia voar durante o
almoço e que nos veria mais tarde. Fiz uma nota mental para
levar alguns lanches antes do Tarot para ele comer e comecei a
arrumar minhas coisas enquanto todos começavam a sair.
“Altair, Rigel e Capella, preciso de uma palavra se não se
importarem em esperar,” gritou Orion. “E Canopus, precisamos
resolver sua alocação na Casa antes de você sair também.”
Mildred estufou o peito largo enquanto caminhava até a
mesa de Orion e não pude deixar de olhar para seu jeito
engraçado quando ela se aproximou dele. Darius nos disse
algumas semanas atrás que ele tinha certeza que ela injetou
em si mesma Faeroides para melhorar o seu desempenho e
ajudá-la a ganhar peso. Ela não gostava de ser menor do que
os Dragões machos e acreditava que empilhar os músculos (e
pelos) tornava sua presença mais dominadora, o que em sua
opinião combinava com seu papel como futura esposa de um
Herdeiro.
Por anos, nós três havíamos zombado de Darius sobre seu
noivado com essa garota estranha, a coisa toda parecendo um
tipo de piada fodida que nunca aconteceria de verdade. Mas
agora que Lionel os pressionava cada vez mais, adiantou a data
do casamento e fazia com que a imprensa escrevesse artigos
sobre eles, não era mais exatamente engraçado.
“Entendo que você tem magia do Fogo e da Terra,” disse
Orion enquanto Mildred se postava diante de sua mesa e nós
três ficamos para trás.
“Sim,” ela respondeu, endireitando a coluna com orgulho.
“Então vou ter que insistir que você escolha a Casa Earth.
Não permitimos que os alunos façam sexo enquanto vocês
estão sob nossos cuidados e, sabendo que você está em um
relacionamento com o Sr. Acrux, não posso, em plena
consciência, permitir que vocês sejam colocados na posição de
tentação.”
Mordi minha língua com essa declaração. Sim, tinha
certeza de que havia uma regra de sexo ser proibido no guia do
aluno em algum lugar, mas os alunos desta escola estavam
fodendo como coelhos em cada armário, canto e clareira na
floresta em cada oportunidade e ele sabia disso. Os professores
nunca impuseram essa regra e sabiam claramente que não
aderíamos a ela, oferecendo aulas de educação sexual em vez
de detenções. Mas como Mildred era nova, ela não descobriria
isso até que estivesse na Casa Earth e não pudesse voltar
atrás. Ele era um tipo de gênio distorcido.
“Mas o tio Lionel disse que me arranjaria um quarto ao
lado do meu docinho e...”
“Absolutamente não. Não seria apropriado. Como você
explicaria uma gravidez não planejada para ele? Não. Irá para a
Casa Earth depois das aulas esta noite e o Sr. Altair irá
arrumar-lhe um quarto.”
Mildred fez beicinho quando Cal lançou uma saudação
com o dedo médio e ela saiu da sala em frustração.
“Eu te odeio um pouco menos agora,” Seth ronronou
enquanto sorria para Orion e o idiota até sorriu de volta.
“Acho que nesta situação particular, é uma boa ideia nós
quatro trabalharmos juntos para ajudar a proteger Darius de
Mildred e de qualquer outra merda que Lionel decida jogar
contra ele. Vocês não concordam?” Orion perguntou.
“Inferno, sim,” rosnei.
“Bom. E com essa nota, pensei que poderia muito bem
dizer a vocês que estou tentando pesquisar uma maneira de
quebrar essa maldição que Darius e Tory impuseram a si
mesmos. Se houver alguma maneira no inferno deles terem
outra chance com isso, então vou encontrar.”
“Mas todo mundo sabe que você não tem outra chance,”
falei desamparadamente. “É isso. Eles estão destinados a
ficarem separados para sempre, ansiando e nunca amando
outra pessoa e...”
“Houve tão poucos casos de pessoas se tornando Star
Crossed que me recuso a me curvar e acreditar nisso tão
facilmente,” Orion rosnou. “Então, vocês três vão me ajudar ou
o quê?”
“Mas como?” Perguntei, querendo fazer isso mais do que
qualquer coisa, enquanto me sentia infinitamente indefeso ao
mesmo tempo.
“Posso lidar com a pesquisa,” disse ele. “Mas o que preciso
que vocês três façam é ajudá-lo a conquistar Tory. Porque não
há sentido em encontrar uma maneira de fazer as estrelas
mudarem de ideia e dar-lhes outra chance se ela ainda não o
quiser.”
“Ela o quer,” rosnei. “Posso sentir o calor entre eles a uma
milha de distância.”
“Ela pode querer transar com ele, mas não quer amá-lo,”
Seth disse sombriamente. “E esse é o problema, não é?”
“Como vamos fazer com que ela o ame?” Perguntei. “Tory
nem gosta de nós, muito menos valoriza nossas opiniões.”
“E os dois não podem nem chegar perto um do outro sem
a porra da terra e do céu tentando separá-los novamente,”
Caleb acrescentou.
“Bem, esses são os problemas que preciso que vocês três
resolvam,” disse Orion. “Ou vocês não se importam o suficiente
para sujar as mãos com isso?”
“Nós nos importamos,” rosnei, meu coração batendo forte
com o pensamento de sermos capazes de mudar o destino para
ele.
“Bom. Porque vocês são três dos Fae vivos mais poderosos.
E acredito que se todos nós colocarmos nossos corações nisso,
então poderemos ser capazes de alcançá-lo.” Orion olhou entre
nós três, estendendo a mão em oferta.
“Você quer que nós juremos isso?” Seth perguntou
divertido.
“Sim. Quero que todos juremos que faremos tudo ao nosso
alcance para superar as adversidades pelo bem de nosso irmão.
Então o que vocês dizem?” Orion perguntou.
“Inferno, sim,” Cal concordou, batendo a palma da mão no
punho de Orion antes de eu apertar a minha por cima com um
sorriso.
Seth e Orion trocaram um olhar carregado antes que ele
colocasse a mão em cima e todos nós jurássemos ao mesmo
tempo.
A magia fluiu entre nós e sorrimos antes de dar um passo
para trás. Podíamos não ter a menor chance de sucesso com as
estrelas contra nós. Mas era bom pra caralho estar fazendo
algo.
Orion disparou para fora da sala com sua velocidade de
Vampiro e nós três o seguimos.
“Tive uma ideia, mas pode ser loucura,” disse Cal
lentamente enquanto começávamos a andar.
“O que é?” Seth perguntou.
“Existem buracos na forma como as estrelas os separam.
Não estou convencido de que elas os monitorem com a
perfeição que parece. Mas preciso investigar mais. Talvez peça
a Gabriel algumas dicas sobre o futuro para me dizer se estou
no caminho certo ou não.”
“Ok. Mas colocá-los perto um do outro só ajudará se ela
não pensar nele como a pior pessoa que ela conhece,” Seth
disse pensativamente. “Acho que ele vai precisar de ajuda para
planejar um grande gesto.”
Bufei uma risada com isso, me perguntando se ele teria
algum sucesso ali. Quer dizer, a moto havia sido um gesto
muito grande, mas estava supondo que Seth tinha algo um
pouco mais público em mente e simplesmente não conseguia
imaginar Darius fazendo isso. Especialmente com seu pai
monitorando cada movimento seu e ameaçando a segurança do
Xavier como chantagem.
“Bem, não acho que Tory Vega vai me ouvir se eu começar
a falar sobre as melhores qualidades de Darius para ela,” falei
lentamente. “Mas por acaso conheço um Cerberus de quem ela
possa se importar o suficiente para ouvir.”
“Você só quer usar Grus para tentar entrar nas calças dela
de novo,” Cal brincou e, na verdade, ele não estava errado
nisso. Mas também era um plano muito bom. Ela era amiga de
Tory e anti-Herdeiros. Se pudesse convencê-la sobre Darius,
então Tory seria um passeio no parque.
“Não, é um plano sólido. Mas se acontecer de acabar com
Grus na minha cama novamente como parte disso,
definitivamente não vou reclamar.”
Os outros riram quando saímos para o sol, além do
Jupiter Hall, e senti uma leveza no peito com a ideia de
executar esse plano. Claro, provavelmente seria um em um
milhão que funcionaria. Mas tínhamos que tentar. Eu não
poderia simplesmente assistir Darius sofrer pelo resto da sua
vida sem fazer tudo o que pudesse para consertar. Então agora
tudo que precisava era uma oportunidade de ficar sozinho com
Geraldine.

##

Sentei-me sozinho em um dos níveis superiores da Venus


Library, trabalhando em minha tarefa avançada de
mapeamento estrelar com um olho em Grus e nas Vega e
alguns dos seus pequenos amigos do esquadrão Bunda.
Eles estavam sentados ao redor de uma das mesas de
grupo no nível inferior da biblioteca enquanto estudavam.
Nenhum deles tinha me notado aqui. Descobri sua pequena
rotina e vim me instalar aqui logo após o jantar, usando feitiços
de ocultação e distração, me tornando quase invisível. Eles
sabiam vagamente que havia outro aluno sentado aqui
trabalhando, mas como eles não tinham nenhuma razão para
olhar mais de perto, procurei ter certeza que nenhum deles
descobriria quem eu era. Além disso, não precisei da
companhia de nenhum dos meus amigos, seguidores ou
aspirantes a groupies para me distrair esta noite, porque
estava em uma missão.
O resto de seus amigos lentamente saíram da sala, se
despedindo e mandando beijos no ar. O garoto do gorro se
demorou, lançando olhares para as Vega antes de partir
também, me fazendo imaginar se ele estava se apaixonando por
uma delas e, eventualmente, éramos apenas as três e eu
deixados na biblioteca escura.
Elas ficaram lá, fazendo diferentes tarefas e atribuições,
conversando em voz baixa e rindo de vez em quando.
Tentei não olhar muito para Tory. Existia uma escuridão
nela que fazia minha pele formigar. Uma profunda tristeza que
provocava os meus dons da Ordem, pressionando contra a
superfície da minha pele e me empurrando para ir e me
alimentar de sua magia. Era um tipo de necessidade primitiva,
ver um Fae tão poderoso quanto ela em turbulência emocional.
Minha Ordem era classificada como parasita por uma
razão e adivinhei que no preto e branco estava correto, mas as
Sereias não eram apenas sanguessugas feitas para sugar
emoções e magia dos outros. Havia uma necessidade inata em
nós de proporcionar paz e calma, queríamos sempre acalmá-los
com nossos dons e ajudá-los com o fardo das emoções quando
recebiam demais. Era a razão pela qual gostava de me
alimentar de dor e tristeza, que não tinha nada a ver com
desfrutar o sofrimento dos outros e tudo a ver com aquela
necessidade instintiva em mim de ajudá-los. E agora mesmo
Tory Vega precisava desse tipo de ajuda. Se ela me deixasse,
poderia aliviar aquela dor de cabeça e enchê-la com uma
sensação de calma que pelo menos a deixaria dormir bem por
uma noite. Sabia que ela não aceitaria, mesmo sem ter
oferecido. Darius não me deixaria ajudá-lo assim também.
Finalmente, as Vega encerraram a noite e partiram,
deixando Grus para trás enquanto ela vagava pelas estantes
para devolver um livro que estava usando.
Escorreguei para fora da minha cadeira, agarrando-me ao
corrimão de ferro forjado diante de mim enquanto pulava para
cima dele e depois para o chão. Usei a magia do Ar para
desacelerar minha descida, dissipando o feitiço de ocultação
que me cercava antes de pousar e ir em direção ao caminho
que Grus havia tomado.
Ela estava cantando baixinho quando me aproximei dela
no canto mais distante da sala, balançando seus quadris em
uma batida em sua cabeça e atraindo meu olhar para sua
bunda por um longo momento. Estava escuro aqui embaixo, as
luzes das lâmpadas na parte principal da biblioteca mal
iluminavam os cantos distantes e silenciosos como este.
Aproximei-me enquanto ela deslizava o livro de volta em
uma prateleira alta, inclinando meu ombro contra a pilha e
observando enquanto sua saia subia, revelando o topo das
meias altas que combinavam com seu uniforme.
“Você está fazendo um show para mim de propósito ou é
quente assim mesmo sem tentar?” Perguntei em uma voz
áspera.
“Bananas saltitantes, sua enguia escorregadia!” Geraldine
gritou de surpresa ao se virar para olhar para mim.
Choque, medo, excitação, luxúria. Ela fechou as paredes
mentais com força, mas a peguei e isso foi mais do que um
encorajamento para mim.
“Desculpe, Gerry, não queria assustar você.” Dei a ela um
sorriso preguiçoso enquanto meus olhos a absorviam e ela me
examinava também. Abandonei minha gravata e blazer na
minha mesa de trabalho e abri vários botões, deixando um
pouco do meu peito à mostra e praticamente rosnei quando seu
olhar permaneceu lá por um longo momento.
“Desculpas devidamente anotadas e aceitas. Boa noite.”
Ela fez um movimento para passar por mim e entrei em seu
caminho.
“Precisamos conversar,” falei.
“Temo que tenho assuntos a resolver que não exigem um
atum astuto...”
“Vou usar um bagel amanteigado como anel peniano
durante o dia, se isso fizer você parar e me ouvir por um
momento. Estou pedindo sua ajuda, Gerry, e não faço isso
levianamente,” rosnei, interrompendo-a.
Geraldine franziu os lábios como se sentisse uma
armadilha e tive que me esforçar para não gemer de frustração.
“Eu já disse a você, não tenho intenção de torcer com os
peixes para uma segunda rodada e...”
“É sobre Tory e Darius. Mas é bom saber que sua mente
vai direto para o meu pau sempre que você me vê.”
Ela suspirou dramaticamente. “Fale as palavras sobre a
minha senhora se tiver algo útil a dizer. Tenho um encontro
com as estrelas cintilantes esta noite e devo chegar ao
Observatório à meia-noite.”
“Tudo bem, vou direto ao ponto. Eu, os outros Herdeiros e
Orion decidimos ver se há algo que possamos fazer para forçar
o destino a reconsiderar.”
“Você quer desafiar os céus?” Ela falou sob sua respiração.
“Mas como? Depois de decidirem um destino como este...”
“Orion está trabalhando na verdadeira merda do vínculo
estelar. Eu e os meninos, estamos olhando de um ponto de
vista mais pessoal. Ou seja, pretendemos ajudar os dois a
superar seus problemas de uma forma ou de outra. Mas tenho
tanta chance de convencer Tory Vega a formar uma banda
country vestindo uma roupa de palhaço quanto de fazê-la me
ouvir sobre isso. É por isso que preciso da sua ajuda.”
“Você quer dizer... que por nenhuma outra razão além da
busca do amor verdadeiro e honesto, você deseja consertar o
que não poderá ser consertado e desafiar as próprias estrelas?”
Ela falou sob sua respiração, seus olhos se arregalando
enquanto ela olhava para mim de uma forma que eu não
conseguia descrever. Era como se ela estava vendo algo em
mim que ela não pensava que estivesse lá antes e meio que
gostei do jeito que seus profundos olhos azuis estavam
brilhando.
“Bem... sim, acho que sim.” Dei de ombros, enfiando meus
dedos nos bolsos da minha calça enquanto seus lábios se
separaram, seu olhar passando por mim.
Sentia-me estranhamente exposto com ela olhando para
mim daquele jeito e limpei minha garganta
desconfortavelmente.
“Então você propõe uma trégua? Você e eu estamos juntos
em busca do amor verdadeiro? Lutando contra os céus pelo
que é certo e...?” Ela falou sob sua respiração, fazendo tudo
soar como uma missão como um dos cavaleiros do Rei Arthur,
em vez de apenas tentar cuidar do meu amigo.
“Sim. Então, o que você me diz, irá me ajudar a convencê-
la de que Darius não é de todo ruim, que ele merece uma
segunda chance, caso Orion encontre uma maneira de fazer as
estrelas...”
Geraldine deu um passo à frente de repente, pegando meu
rosto entre as palmas das mãos um momento antes de sua
boca pousar na minha.
Gemi de desejo quando ela me empurrou de volta contra a
estante, agarrando sua cintura e puxando-a contra mim
enquanto caía nas profundezas de seu beijo.
Seus lábios se separaram para minha língua e ela gemeu
avidamente enquanto eu nos virava, pressionando suas costas
contra a prateleira enquanto ela finalmente cedia ao que eu
estava desejando dela.
Não sabia o que havia sobre essa garota, se era o desafio
que ela apresentava ou o fato de que sei o escândalo que
causaria se alguém descobrisse sobre nós, mas não conseguia
parar de desejá-la. Era como se aquela noite do Eclipse Lunar
tivesse aberto meus olhos para algo nela que eu simplesmente
não poderia negar. E eu precisava disso tão desesperadamente
que não me importava com as consequências.
Suas mãos se moveram para baixo, desabotoando mais
botões da minha camisa enquanto ela explorava a pele do meu
peito. Minhas próprias mãos deslizaram para baixo, segurando
a curva perfeita de sua bunda antes de encontrar a bainha de
sua saia e provocá-la.
Arrastei meus dedos mais alto, gemendo de necessidade
quando encontrei a ponta de sua calcinha e a peguei em
minhas mãos.
Caí de joelhos diante dela e ela estendeu a mão para
empurrar os dedos pelo meu moicano, seus olhos encobertos
de desejo enquanto deslizava sua calcinha para baixo.
Ela saiu delas sem hesitar, suas coxas se separando para
mim enquanto empurrava sua saia para cima com um
grunhido de desejo. Desta vez, eu iria explodir sua mente tão
completamente que ela não seria capaz de considerar negar
esse calor entre nós novamente. Iria estilhaçá-la e destruí-la,
construí-la de volta com prazer e tê-la implorando por mais e
mais e mais quando terminasse.
“Delicie-se, seu donut diabólico,” ela ordenou e juro que
meu pau ficou ainda mais duro enquanto ela pronunciava
aquela frase ridícula.
Seu aperto aumentando em meu cabelo e ela empurrou
minha cabeça entre suas coxas em um comando claro que
estava mais do que disposto a seguir em frente.
Gemi quando a provei, minha língua lambendo
avidamente contra ela enquanto ela gemia alto em
encorajamento.
“Oh malditas baguetes, me leve para o arbusto de
amoreira,” ela gemeu e fiquei sem entender que porra isso
significava, mas gostei.
A beijei e lambi, devorando-a com fome enquanto ela
continuava a dirigir minha cabeça entre suas coxas, suas
unhas cravando em meu couro cabeludo de uma forma que me
fez rosnar.
Ela estava ofegante, implorando, xingando de seu jeito
especial e ridículo e eu estava tão fodido nisso que parecia que
eu estava perdendo a cabeça. Ela tinha um gosto tão bom que
acho que nunca teria o suficiente, mas enquanto minha língua
circulava contra seu clitóris repetidamente, eu poderia dizer
que ela estava prestes a cair no abismo por mim.
“Pepinos em conserva em um piquenique, que é tão bom
quanto um dente-de-leão soprando na brisa do verão e, oh!”
Geraldine gritou tão alto que tinha certeza de que se mais
alguém ainda estivesse na biblioteca, não teria absolutamente
nenhuma dúvida sobre o que tinha acontecido com ela.
“Puta que pariu, Gerry, você é outra coisa,” rosnei
enquanto olhava para ela, que ofegava contra as estantes.
“Levante-se, sua lula suculenta,” ela comandou sem fôlego
e eu seriamente não entendia por que meu pau parecia que iria
explodir com essas palavras, mas explodiu. Aparentemente,
tinha um fetiche por todas as merdas insanas que essa garota
dizia e não havia uma parte de mim que não gostasse disso.
Capturei seus lábios novamente e ela suspirou de desejo
enquanto se derretia contra mim. Tentei atiçar as chamas de
sua luxúria ainda mais com meus presentes, mas suas paredes
mentais permaneceram tão impenetráveis como sempre e
realmente descobri que gostava disso. Ela não estava excitada
pelo o que eu era, não queria sentir o prazer que uma das
Sereias mais poderosas em Solaria poderia empurrar em seu
corpo e nem mesmo queria tentar me capturar por causa da
minha posição como Herdeiro. Não, tudo que ela me deu e tudo
que pegou foi sobre nada mais do que eu e ela. E havia um tipo
profundo de pureza nela que me fez querer me afogar naquele
sentimento para sempre.
Suas mãos chegaram ao meu cinto e gemi quando ela o
desafivelou, soltando minha braguilha antes de mergulhar seus
dedos sob minha boxer e acariciar meu pau.
“Você é um grande robalo, não é, Max?” Ela ronronou
avidamente, me acariciando de uma forma que era tão gostosa
que não conseguia nem responder.
Ela me empurrou para trás e caiu de joelhos antes mesmo
que eu percebesse o que estava acontecendo.
“Porra, Gerry, quero tanto você, não posso...”
Ela deslizou meu pau entre os lábios e puxou-o até o
fundo da garganta com um gemido de desejo, me fazendo
xingar.
Era bom pra caralho, nem tinha palavras para isso. Sua
língua acariciou e girou em torno de mim enquanto ela recuava
antes de repente me levar de novo. E de novo.
Suas unhas cravaram em minha bunda enquanto ela me
devorava e gemi quando meu eixo engrossou entre seus lábios,
minhas bolas doendo com a necessidade de liberação enquanto
ela me segurava completamente à sua mercê. Estava a
segundos de gozar e por mais que quisesse me conter, não
consegui, porque estava completamente sob seu feitiço e só
pude gemer enquanto ela me empurrava para o esquecimento.
Um toque fraco começou na direção das carteiras e ela de
repente se afastou.
“Oh, à luz de Venus em uma manhã de verão, estou
atrasada!”
“O quê?” Ofeguei, olhando-a com meus pensamentos
lutando enquanto ela se inclinava para dar um beijo na cabeça
do meu pau.
“Devo dizer adeus, Max,” anunciou ela, levantando-se de
um salto e arrancando a calcinha do chão. “Mas estou ansiosa
para trabalhar contra as estrelas com você para o verdadeiro
amor de minha senhora.”
“Você realmente vai me deixar aqui com meu pau de fora
de novo?” Exigi, mas ela já tinha fugido.
Gemi alto, olhando para minha ereção enquanto ela
desaparecia e me perguntando o que diabos tinha feito para as
estrelas. Porque certamente elas estavam zombando de mim
também.
Fiquei fora do Earth Observatory com meu nariz em um grande
tomo. Orion tinha mostrado para mim e a Tory todos os livros que
encontrou sobre as Fênix e estávamos percorrendo a coleção, tentando
caçar por pistas sobre que outros dons poderíamos ter. Até agora, não
tínhamos descoberto nada novo, mas quando virei a página, havia uma
seção inteira sobre o Fogo da Fênix e seus efeitos em diferentes
materiais.
“Ei, olhe para isso.” Virei o livro para mostrar a Tory e ela
ergueu os olhos de seu Atlas para olhar para ele.
“Ótimo, podemos derreter merda,” disse ela com um
sorriso e ri, virando o livro para mim de volta.
“Não apenas derreter merda, nós podemos imbuir nosso
poder dentro das coisas também. Olhe.”
Ela se moveu para ficar ao meu lado e Diego e Sofia se
aproximam também, olhando para a página enquanto lia uma
passagem em voz alta.
“Alguns objetos antigos, como o Quarrel Chalice e o Polar
Crest de Kestrian Dukes, foram testados para descobrir o poder
remanescente do Fogo da Fênix dentro deles. O cálice, que se
pensa ter mais de três mil anos, ainda cintila com as chamas
da Fênix quando preenchido com água e acredita-se que o
Polar Crest protege seu dono da invasão mental. Esses itens
também mostraram pouco ou nenhum desgaste em todos os
anos de existência. E após testes completos, foram
considerados indestrutíveis.”
“Ooh,” Sofia arrulhou. “Como funciona a magia?”
“Não diz.” Fiz beicinho, virando a página.
“Espere, o que é isso?” Tory empurrou a página de volta,
tocando em uma pequena anotação que deve ter sido escrita
pelo proprietário anterior. Apertei os olhos, trazendo a página
mais perto, tentando ler a caligrafia rabiscada.
“Aqueça com poeira estelar. Permeie. Forje. Esfrie,”
sussurrei e olhei para cima com entusiasmo.
“São as instruções,” disse Diego com um olhar de
admiração.
“Bem, quem escreveu não está ganhando os prêmios de
instruções do ano,” disse Tory. “Quem precisa de um copo
indestrutível, afinal?”
“Bem pensado,” disse Diego. “Poderíamos usar sapatos
indestrutíveis, se você quiser fazer algum desses?” Ele
gesticulou para seus sapatos pretos, cujas solas estavam
penduradas.
“Pelas estrelas, Diego,” Sofia riu, ajoelhando-se para lançar
um feitiço de fixação para que ficassem como novos. “Por que
você simplesmente não compra novos?”
“Obrigado.” Ele sorriu quando ela se levantou. “Meus pais
não... bem, acho que talvez eles tenham se esquecido de enviar
dinheiro para minha conta este mês. E o último…”
Tyler de repente se lançou sobre Sofia por trás, dando um
beijo desleixado em sua bochecha enquanto colocava o braço
em volta dos ombros dela. “Acabei de ver você chupando seu
ex, Sofia?”
Sofia deu-lhe uma cotovelada no estômago e ele resfolegou
entre os dentes. “Consertei os sapatos dele, idiota.”
“Bom, mas se você gosta de cavalgar com Diego, talvez nós
três possamos nos divertir um pouco?” Tyler ofereceu e meus
lábios se abriram, o que não era nada em comparação com o
quão longe o queixo de Diego tinha caído.
“Não seja um idiota, Tyler.” Sofia revirou os olhos. “Se
fizermos isso de novo, vamos tentar manter meu ex fora disso.
Sem ofensa, Diego.”
“Não fiquei ofendido,” Diego disse, suas bochechas virando
beterraba enquanto ele olhava para longe dos dois.
“Espere. De novo?” Tory questionou Sofia com um sorriso
no rosto e não pude deixar de rir.
Sofia deu uma risadinha, acenando com a mão enquanto
Tyler enfiava a língua na bochecha.
“É uma coisa de Pegasus,” Sofia explicou inocentemente.
“Ainda estamos trabalhando no garanhão líder em nosso
rebanho,” disse Tyler, como se isso deixasse as coisas mais
claras. “Assim que eu vencer, Sofia irá ser toda minha. Mas
enquanto isso…” Ele deu de ombros. “Os garanhões têm de
fazer o que têm de fazer.”
“Que é exatamente o quê?” Tory cruzou os braços, não os
deixando fugir com isso.
As bochechas de Sofia começaram a tomar o mesmo
caminho que as de Diego enquanto ela empurrava Tyler de
brincadeira novamente.
“Não seja tímida, é apenas o jeito de nossa Ordem,” Tyler
brincou, sua pele começando a brilhar. “Estou gostando
bastante de trabalhar para impressionar você. Diga a eles.”
“Bem...” Sofia colocou uma mecha de cabelo loiro atrás da
orelha. “No rebanho que formamos, posso voar bem rápido e
meu chifre é muito maior e mais brilhante do que o da Liselle e,
aparentemente, isso significa que sou extra fértil, então... agora
os caras estão competindo pela minha atenção.”
“E estou no mesmo nível de Brutus e da porra do Davros,”
disse Tyler com um encolher de ombros.
“Mas vocês são um casal? Isso não te incomoda?”
Perguntei a ele.
“Nah,” disse Tyler. “Pretendo bater em todos os seus
traseiros e me tornar o Dom.”
“Dom?” Fiz uma careta.
“O macho principal,” disse ele com orgulho, em seguida,
aninhou-se em Sofia. “O que você acha, baby, vou governar o
rebanho um dia?”
“Hum, bem, acho que estou fazendo um trabalho tão bom
sozinha agora que talvez nosso rebanho não precise de um
Dom,” ela brincou. “Você pode ser um bom companheiro, no
entanto.”
“Eu meio que gosto de ser seu Sub,” ele sussurrou em seu
ouvido como se não estivéssemos bem ali.
“Sofia, você é oitenta por cento mais pervertida do que eu
imaginava,” Tory riu.
Ela riu novamente, acenando com a mão para dispensá-la,
mas ela não estava enganando ninguém agora.
“Chop, chop! Para a aula, vamos!” A professora Zenith
chamou enquanto entrava no prédio e seguimos atrás dela.
Pegamos o grande elevador até o observatório no último
andar e olhei para o mapa estelar cintilante acima de nós.
Pegamos assentos perto do fundo da sala em nossa rotina
habitual. Zenith sempre tentou nos fazer sentar nas cadeiras
estranhas posicionadas na frente do auditório só para nós, mas
desde que Tory tinha virado Star Crossed, ela não insistiu mais
no assunto. Apenas soluçava sempre que via Tory de perto e a
conduzia para o fundo da sala como se ela estivesse fazendo a
maior gentileza. O que de certa forma, ela estava. Mas o choro
era desnecessário.
Quando todos estavam acomodados em seus assentos,
todos os olhos se voltaram para Zenith enquanto ela colocava
as mãos no pódio no meio do observatório. Seus ombros
tremiam e sua cabeça estava inclinada. Atirei uma carranca
para Tory pouco antes de Zenith suspirar ruidosamente, em
seguida, voltou seu olhar para as estrelas acima de nós. “Hoje
estaremos discutindo...” Ela falou sob sua respiração fundo
como se estivesse tentando manter suas emoções sob controle.
“Laços de Companheiros,” ela exalou pesadamente e todos os
olhos na sala se voltaram para Tory, fazendo-a se mexer
desconfortavelmente em sua cadeira e puxando um rosnado
protetor da minha garganta.
“Em nossas aulas anteriores, discutimos vínculos como
Aliados da Nebulosa, Adversários Astrais e... e...” sua voz
falhou e ela soltou um soluço triste que ecoou pela sala. Olhei
para Tory revirando os olhos e ela realmente me lançou um
sorriso divertido.
“Maluca,” murmurei.
“Idiota,” ela concordou.
“Companheiros Elysian!” Zenith lamentou. “E, claro, todos
nós conhecemos os efeitos mais terríveis de recusar tal ligação
agora mais do que nunca.” Ela assoou o nariz ruidosamente
em um lenço. Franzindo os lábios, pensei realmente, ela tinha
que fazer tal exibição e chamar muito mais atenção para Tory
do que o necessário? “Como vocês se lembram de nossas aulas
anteriores,” ela limpou a garganta, sua coluna endireitando
enquanto ela continuava como se ela não tivesse desabado no
meio da sala de aula. “Os laços de Companheiro Elysian são os
mais raros de todos os laços. Um vínculo com as estrelas é um
presente, de fato. Refutar esse presente... bem, refutar isso
seria uma loucura.” Ela bateu a mão no pódio, o som fez meu
coração disparar e Diego realmente saltou em seu assento ao
meu lado.
Zenith fungou novamente, passando a mão por seus
longos cabelos negros. “Não consigo imaginar o processo de
pensamento de alguém que diria não a um dom tão abençoado
e divino das próprias estrelas. Vocês podem?” Ela contornou a
primeira fila. “Algum de vocês pode me dizer por que alguém
faria uma coisa dessas? Cometer tal zombaria?”
“Pelo menos ela é sutil,” Tory sussurrou em meu ouvido e
sufoquei minha risada com minha mão.
O braço de Kylie disparou no ar. “Eu sei por quê,
professora.”
“Você sabe, Srta. Major?” Zenith perguntou com esperança
real em seus olhos avermelhados. “Então, por favor, me
esclareça.”
“Acho que Darius Acrux prefere acordar ao lado de uma
mulher que se parece com um sapo Heptiano em sua forma
transformada para o resto de sua vida, em vez de colocar um
dedo em uma Vega imunda. Eu não consigo ver a estupidez
nisso tudo para ser honesta,” ela disse docemente e me lancei
para frente na minha cadeira em um acesso de raiva por minha
irmã, sacudindo meus dedos e fazendo sua mesa pegar fogo.
Ela gritou, pulando de sua cadeira e tentando roubar o ar das
chamas com sua magia, apenas resultando em abaná-las de
forma que chamejassem em seu rosto.
“Vou te ajudar, Kylie!” Tory levantou a mão, jogando um
tsunami de água sobre sua cabeça para apagá-lo e Kylie se
jogou contra sua cadeira, totalmente encharcada, enquanto os
alunos ao lado dela corriam para salvar suas vidas.
“É o bastante!” Zenith chamou a turma frenética.
“Senhorita Major, seque suas coisas,” ela exigiu. “E menos dez
pontos da Aer por provocar as garotas de Vega.”
“Você está falando sério?!” Kylie empacou, torcendo o
cabelo encharcado enquanto começava a usar sua magia para
secar tudo.
“Serão outros dez se você não se sentar e fechar os lábios,”
Zenith exigiu e Kylie praguejou baixinho enquanto secava suas
coisas. Seus amigos voltaram lentamente para os assentos ao
redor dela enquanto eu, Tory, Sofia, Tyler e Diego caímos em
gargalhadas silenciosas.
Quando Zenith tinha a classe de volta sob controle, ela
juntou suas anotações, acenou com a mão e todas as cadeiras
começaram a reclinar.
Relaxei na minha cadeira, compartilhando um sorriso final
com Diego antes de virar minha cabeça para o teto brilhante.
“Existem mais títulos no mundo do que apenas os Star
Bonds. Laços que são muito mais comuns e que a maioria de
vocês provavelmente encontrará em suas vidas,” explicou
Zenith e a lua apareceu acima de nós, cheia, redonda e
brilhante. Do outro lado do teto, o sol acendeu como um orbe
laranja e amarelo profundo. “O sol e a lua governam todos os
outros vínculos. Suas Ordens são noturnas ou diurnas. Claras
ou escuras. Por exemplo, os Lobisomens são os mais
conhecidos por seus vínculos lunares, pois também extraem
seu poder dela. Mas vocês também sabiam que Ordens como
Vampiros, Cerberus, Minotauros e Medusas também são
governadas pela lua quando se tratam de vínculos de
companheiros?”
Meus ouvidos aguçaram com isso e já tinha mil perguntas
queimando na ponta da língua.
“Quanto às Ordens governadas pelo sol, bem, algumas
delas são Dragões, Leões de Neméia, Harpias e, é claro, nossas
próprias Fênix recém-surgidas.” Ela começou a bater palmas,
mas ninguém se juntou, e ela rapidamente continuou falando.
“Mas o que isso significa para todos vocês? Bem, em primeiro
lugar, você se sentirá atraído por pessoas com níveis de poder
semelhantes aos seus. Então, se você encontrar um
companheiro dentro de sua Ordem ou outra com a mesma
inclinação, vocês podem ser Lunar Bonded ou Solar Bonded, se
as estrelas considerarem em seu destino que vocês estejam
juntos.”
“E se você gostar de alguém do lado oposto? Uma Ordem
governada pela lua se apaixonando por uma Ordem governada
pelo sol?” Elijah gritou e mordi meu lábio, imaginando
exatamente a mesma coisa. Estávamos eu e Orion destinados a
algum dia ser acasalados de alguma forma? Eu certamente não
poderia imaginar estar com outra pessoa. Mas não precisava do
sol, da lua ou das estrelas para me dizer isso.
“Bem, é aí que as coisas ficam interessantes,” explicou
Zenith e o sol e a lua se moveram no céu, cruzando-se um
sobre o outro, parecendo brilhar como uma entidade. “Você
pode ser acasalado por ambos. É o que chamamos de Soluna
Bond. Ambos os seres celestiais emprestam poder para unir os
companheiros, mas não é mais poderoso do que um vínculo de
Companheiro normal.”
“Mas que tal um vínculo dentro de Ordens?” Jillian gritou.
“Como uma Leoa da Neméia, estou planejando encontrar um
rei para mim um dia, mas eles geralmente têm mais de uma
companheira”
“Sim, muitas Ordens têm nomes para os seus próprios
tipos especiais de pares. Os vínculos da Lua e do Sol não são
tão limitantes quanto o vínculo Elysian, exceto a famosa
exceção que discutimos algumas semanas atrás. Eles podem se
estender a relacionamentos poliamorosos, como é comum em
Ordens como os Leões de Neméia. Isso não afeta sua forma de
emparelhamento, se alguma coisa o complementa.”
“E os Lobisomens?” Kylie perguntou. “Ouvi dizer que eles
formam pares monogâmicos quando encontram seu verdadeiro
companheiro.” Havia um beicinho em sua voz que me fez
revirar os olhos. Se ela parasse de perseguir Seth, talvez ele
voltaria a quere-la novamente. Mas pelo jeito que ele a
dispensou totalmente esses dias, eu tinha dúvidas desse
pensamento.
“Sim, os Lobisomens são semelhantes aos Pegasus no
sentido de que sua matilha viverá poli amorosamente até que o
líder encontre seu companheiro. Um Lobisomem Alfa irá
procurar outros Alfas com o mesmo nível de poder, seja em sua
Ordem ou não. O mesmo vale para um Pegasus Dom, ou
Dominante. Assim que o líder encontrar seu parceiro, o resto
do rebanho irá procurar seus parceiros até que a unidade
esteja em harmonia. Entretanto, pode levar anos para uma
matilha ou rebanho encontrar harmonia, especialmente à
medida que os grupos crescem ou mudam,” explicou Zenith.
“Se por acaso você se acasalar com alguém de sua Ordem,
haverá um nome especial para esse vínculo, como Rei e Rainha
dos Leões da Neméia, Alfas dos Lobos, Cobras de Basiliscos,
Dominantes de Pegasus, Conde e Condessas dos Vampiros, os
Ídolos dos Dragões e etc. Mas não importa com quem você
esteja acasalado, você ainda estará vinculado a qualquer
entidade que rege cada uma de suas Ordens, seja o Sol ou a
Lua ou ambos. A menos que você tenha sido escolhido para ser
vinculado pelas estrelas, é claro,” sua voz vacilou na palavra
estrelas. “Nesse caso, este é o único vínculo que importará, o
único que se apresentará a você em sua vida. A única chance
de felicidade...” Ela parou e peguei a mão de Tory, apertando.
Sabia que ela não queria que as pessoas a bajulassem, mas
seus dedos seguraram os meus no escuro onde ninguém podia
ver. Era o único tipo de conforto que ela poderia suportar. O
tipo escondido.
“Agora, quero que todos peguem seus livros de Astrologia
101,” ela instruiu e as luzes ficaram mais fortes enquanto as
cadeiras nos colocavam de volta na posição vertical. Tory soltou
minha mão e virei a mesa de lado, colocando meu Atlas sobre
ela enquanto pegava meu livro de Astrologia, percebendo que
tinha uma nova mensagem esperando por mim.
Eu a abri quando Zenith começou a explicar o exercício,
meu foco totalmente perdido quando sutilmente abri a
mensagem e a li.

Lance: Em que aula você está? Eu deveria estar


preenchendo a papelada sobre os novos regulamentos de
segurança para Nova, mas tenho uma certa Fae de cabelo azul
em minha mente...

Darcy: Humm, parece que você precisa de ajuda ;) E estou


em Astrologia. Acabei de aprender sobre relações Bonds. Vou
ser sua Condessa?

Sorri quando pressionei enviar e sua resposta veio rápido


como um relâmpago.

Lance: Se você quer começar a me morder um pouco mais


forte, você pode definitivamente ser minha Condessa...

Darcy: Concordo. Talvez possa ir e te encontrar depois da


aula para um lanche...

Lance: Não posso esperar tanto tempo e vou bagunçar essa


papelada se continuar mandando mensagens para você.

Darcy: Tsk tsk. Você está se masturbando na sua mesa,


senhor!

Lance: Bem, é difícil não me distrair. Estou de olho em um


belo livro de capa dura do Cardinal Magic com um marcador de
couro colocado entre as páginas flexíveis. É trapaça se colocar a
ponta para dentro?

Comecei a rir e recebi olhares de toda a sala enquanto


lutava contra o rubor queimando minhas bochechas.
“Você está tão ferrada,” Tory zombou. “Sei exatamente o
que você está fazendo.”
Mordi meu lábio, mostrando a ela o texto e ela caiu na
risada silenciosa comigo. Ela era a única no mundo para quem
mostraria essa mensagem. E era muito bom ter um pequeno
momento de leveza com minha irmã novamente.
Zenith não se importava se uivássemos para a lua nesta
aula, ela nunca nos repreenderia, apesar do fato de que ela
tirava pontos de qualquer outra pessoa que elevasse sua voz
acima de uma tagarelice baixa.
Olhei para o meu Atlas novamente, encontrando outra
mensagem esperando por mim.

Lance: Não consegui, Blue. Você é a única primeira edição


que quero.

Posicionei meu polegar para responder com um sorriso


estúpido no rosto quando um alarme soou ao redor da sala, o
sino perfurando meus ouvidos.
“Oh minhas estrelas!” Zenith engasgou. “Todos de pé, para
fora!” Ela nos conduziu até o elevador.
“O que é?” Jillian exigiu quando quase caiu sobre a bolsa
de Kylie em sua pressa de se mover.
“É o alarme das Ninfas, deve ter sido acionado pelas
proteções no perímetro externo!” Zenith lamentou. “Todos vão
para fora e façam fila para a contagem. É isso, apresse-se
agora. Não se preocupem.”
Eu me movi ao longo do corredor, balançando minha bolsa
por cima do ombro enquanto colocava meu Atlas e o livro
dentro dela, meu coração batendo forte.
Descemos as escadas e saímos para o caminho além do
Observatório, amontoados contra a parede.
Zenith abriu caminho através do grupo, movendo-se na
nossa frente enquanto começava a contar as cabeças. “Todos,
parem de se mover! Não ah, por favor, pare de se mover.”
“Abram caminho!” A voz de Washer alcançou meu ouvido e
me virei enquanto ele descia correndo o caminho em direção do
Lunar Leisure em nada além de suas sungas. Ele estava
ensopado e a protuberância apertada em suas calças
balançava de um lado para o outro enquanto ele corria em
nossa direção. Ele empurrou através da multidão e recebi uma
mão molhada no meu seio quando ele me afastou para fora de
seu caminho.
“Argh,” exclamei, dando um passo para trás enquanto
todos entendiam a mensagem e se afastavam dele. “Mesmo em
uma crise, ele ainda tem tempo para ser um pervertido.”
Levantei minha mão para secar a marca de mão molhada que
ele deixou na minha camisa e Tory estremeceu ao meu lado.
Nós fomos para o final do grupo e vi alunos parados do
lado de fora dos prédios próximos, sendo cercados por seus
professores. Zenith finalmente conseguiu fazer a contagem,
então os sinos pararam de tocar ao redor do campus e seu
Atlas apitou. Ela o tirou e seus ombros caíram
dramaticamente.
“Alarme falso, pessoal,” anunciou ela. “Parece que foi
disparado acidentalmente. Volte para dentro, vamos, todos.”
O alívio tomou conta de mim quando começamos a fazer
fila em direção à porta no final do prédio. Logo entramos e
começamos a nos mover em direção ao elevador enquanto
todos se agrupavam nele. Uma lufada de ar levantou minha
saia e braços me cercaram no mesmo momento em que uma
mão segurou minha boca. O mundo ficou borrado e um
segundo depois me vi dentro de um armário escuro, sendo
esmagada contra um carrinho cheio de livros enquanto um
peito duro pressionava minhas costas. Nem precisava sentir o
cheiro de canela no ar para saber quem era. Sua mão deslizou
da minha boca e ri sem fôlego.
“Você é louco? E se Tory achar que acabei de ser
sequestrada? Ou se alguém visse?” Meu coração batia
loucamente e não conseguia nem me concentrar em obter a
resposta para essa pergunta enquanto a ereção de Orion
pressionava minha bunda.
“Deixei um post-it no braço dela e ninguém viu, sou muito
rápido,” ele disse com uma risada sombria. “Agora pare de
falar.” Alcancei atrás de mim no escuro, mas ele segurou meu
pulso para me impedir de tocá-lo, evidentemente capaz de
enxergar aqui quando eu não podia. O cheiro de papelaria e
livros didáticos novos chegou até mim no pequeno espaço e
quase não havia espaço para me mover.
“O que aconteceu com não ser imprudente?” Ofeguei
quando o calor de seu corpo me chamou, enviando uma
pulsação profunda entre minhas coxas.
“O que aconteceu com não falar?” Ele rosnou em sua voz
de professor e meu pulso disparou.
“Você acionou aquele alarme, não foi?” Eu disse
percebendo e ele me forçou com mais força contra o carrinho
que estava preso contra a parede, sua respiração queimando
na minha orelha.
“É isso, senhorita Vega, agora você vai ser punida por me
desobedecer.”
Um tremor de excitação percorreu meu corpo e chupei
meu lábio inferior em antecipação ao seu chamado castigo. Ele
chutou minhas pernas, empurrando minha saia para cima e
passando a palma da mão sobre minha bunda enquanto minha
respiração pesada enchia o ar.
“Você acha que vai gostar?” Ele perguntou e assenti
descaradamente enquanto ele arrastava seus dedos ao redor da
minha calcinha e beliscava meu clitóris através do material.
Engasguei, descansando minha cabeça contra seu ombro
e suas presas roçaram minha garganta quando um grunhido
primitivo retumbou por ele.
“Sempre posso te surpreender,” ele sussurrou contra
minha pele e inclinei minha cabeça mais para o lado, querendo
o beijo de seus dentes.
“Faça isso,” falei, principalmente porque queria incitá-lo
sobre qualquer surpresa que ele tivesse em mente.
Ele tirou a mão de debaixo da minha saia e a devolveu um
momento depois. Não conseguia ver o que ele estava fazendo,
mas quando ele enfiou a mão na minha calcinha, ele tinha algo
frio e duro em seu aperto que roçou contra minha carne
sensível e enviou arrepios pelo meu corpo.
Engasguei, pressionando com mais firmeza contra ele,
mas ele não se moveu um centímetro. “O que é isso?”
Perguntei.
“Você sabe o que é um Cristal Delicia, Blue?” Ele ronronou
em meu ouvido e balancei minha cabeça.
Ele roçou o cristal entre o centro das minhas pernas e o
prazer escapou dele em ondas ecoantes. Um gemido me deixou
e ele mal me tocou. Ohmeudeus.
“Aumenta o prazer,” ele disse em um tom sombrio antes de
repetir o mesmo movimento e minhas pernas tremeram com a
doce felicidade que irradiava do cristal sobre minha pele.
“Lance,” implorei e ele empurrou dentro de mim, passando
o polegar sobre o meu clitóris ao mesmo tempo.
Gritei meio segundo depois que ele lançou uma bolha
silenciadora, meu corpo inteiro inundando com ondas de
energia magnética que se concentraram naquele único objeto
dentro de mim. Era dolorosamente liso, mas devia ter apenas
alguns centímetros de comprimento. Por melhor que fosse, eu
queria mais. Precisava de mais.
Empurrei de volta contra Orion e ele gemeu
estupidamente, acariciando o dedo naquele local delicioso mais
uma vez enquanto o cristal enviava outra corrente de prazer
torcendo por mim. Ele puxou minha calcinha para baixo e a
chutei, movendo minha mão atrás de mim e passando pela
protuberância endurecida em sua calça. “Preciso de você.”
“Curve-se,” disse ele com uma voz grave.
Fiz o que ele pediu, cravando os dentes no lábio inferior
em antecipação enquanto apoiava os cotovelos nos livros
empilhados em cima do carrinho.
O som de seu zíper rolou para baixo e ele puxou o cristal
livre um segundo antes de bater dentro de mim. Sua mão
pressionando ao lado da minha enquanto ele se preparava e
empurrei para frente e mordi as costas dela como prometi que
faria.
Ele deslizou o cristal mais alto naquele ponto doce e
começou a bater em mim em um ritmo impiedoso enquanto o
item mágico enviava prazer correndo em todas as direções. Eu
estava perdida na intensidade de ser reivindicada dessa forma,
meus pensamentos explodindo e brilhando com luz.
Orion gemia com a sensação também e provei seu sangue
em meus lábios, as sensações em colisão me deixando
selvagem. Tudo estava acontecendo tão rápido, minha mente
estava um borrão e já estava entrando em colapso, quebrando
em mil pedaços.
O prazer me rasgou como um furacão e gritei enquanto ele
continuava sem parar, o cristal amplificando em dez vezes até
que eu não conseguia pensar direito. Meu corpo não pertencia
mais a mim, meus músculos se contraíam por conta própria
enquanto eu perdia todo o controle de mim mesma para o
prazer invasor e que tudo consumia. Eu estava tremendo e
gemendo quando Orion se agarrou a mim com força suficiente
para machucar minha carne. Ele terminou com um impulso
poderoso e suas presas afundaram no meu pescoço, um
gemido profundo ressoando pelo seu corpo.
Ele tirou o cristal e caí para frente enquanto meus
pulmões lutavam por ar e tentei recuperar o controle do meu
corpo trêmulo. Parecia que eu tinha acabado de sobreviver a
um terremoto localizado apenas entre minhas pernas.
“Foi melhor do que o livro de capa dura do Cardinal
Magic?” Ofeguei em meio a uma risada e ele puxou suas presas
do meu pescoço, rindo enquanto dava um passo para trás.
Virei-me, inclinando-me para puxar minha calcinha com
as bochechas vermelhas.
Ele fechou a braguilha, em seguida, sua boca pressionou a
minha em um beijo longo e profundo que fez meus dedos do pé
se dobrarem novamente. “Foi ainda melhor do que a edição de
colecionador de Numerologia Avançada, linda. E aquela
vagabunda sabe como fazer minha espinha formigar.”
Bati em seu peito, soltando uma risada selvagem. “Você é
um Vampiro sujo falando sobre livros assim, sabia disso?”
“Eu sei que sou.” Ele me beijou novamente. “E você é uma
pequena Condessa doce e mordaz.” Ele apertou um botão e
uma lâmpada se acendeu acima de nós. Seu cabelo tinha caído
para a frente em seus olhos e sua camisa estava para fora da
calça, meu professor parecia firmemente despenteado. E gostei
muito disso. Especialmente sendo aquela que o bagunçou.
Ele admirou a marca de mordida nas costas da mão com
um sorriso malicioso. “Gostaria de poder ficar com ela.”
“Nova tatuagem?” Sugeri com um sorriso provocador e ele
realmente parecia que estava considerando isso por um
segundo antes de eu cutucar seu braço. “Cure-o, idiota.”
Ele suspirou, esfregando o polegar na marca até que ela
desapareceu, em seguida, estendendo a mão para curar as
pequenas feridas na minha garganta. “Um dia, Blue, irei deixar
suas marcas de dentes onde quer que eu vá.”
“Vou usar as suas também, Lance.” Eu sorri. “Faltam
apenas mais três anos e meio.”
“Sim,” ele suspirou. “Tem certeza que valho a pena?” Ele
inclinou a cabeça para o lado, uma vulnerabilidade repentina
apareceu em seus olhos e meu coração bateu contra minha
caixa torácica como se quisesse mergulhar através das paredes
da minha carne e esbofeteá-lo por questioná-lo.
“Todos os dias.” Eu bati em seu nariz e seu rosto se abriu
em um sorriso. “Você deveria ir. Vou esperar até que você vá
embora antes de sair.”
“Tudo bem.” Ele segurou a maçaneta da porta e sorriu
para mim. “A propósito, o cristal está no bolso do seu blazer.
No caso de você sentir minha falta.” Ele piscou, em seguida,
disparou para fora do armário em um borrão e a porta se
fechou lentamente atrás dele.
Balancei minha cabeça para ele, tentando lutar contra o
sorriso sem fim no meu rosto. Bem, caramba, se eu já não
sentia agora.

##

Aproximei-me dos Herdeiros em Howling Meadow com


Geraldine e Tory de cada lado meu. O sol estava começando a
se pôr e o ar tinha um toque de primavera, chamando por nós
com a brisa. Nossas aulas de Combate Elemental não estavam
ficando mais fáceis. Nem eu, Tory ou Geraldine conseguimos
colocar um Herdeiro em suas bundas ainda. E era irritante
como o inferno. A cada lição, esperávamos chegar mais perto,
mas às vezes eu levava uma surra que juro que nem estava
arranhando a superfície de suas defesas. Mas não fui
dissuadida. Porque um dia, fosse amanhã, no próximo ano ou
em cinco, eu seria habilidosa o suficiente para bater a merda
deles, caramba.
Chegamos às pedras onde eles estavam reunidos, os
quatro sem camisa e se revezando para brigar com os punhos.
Nem uma gota de magia à vista. Eu podia ser comprometida,
mas ainda não conseguia ignorar as pilhas de músculos
retalhados batendo um no outro na minha frente. E estava a
meio segundo de chamar Orion para tentar quando me lembrei
que estava aqui por um motivo e provavelmente não poderia
pedir isso.
“Seth!” Chamei e ele se virou para mim assim que Darius
deu um soco nele, seu punho batendo em sua mandíbula e o
fazendo voar para a terra. Oh inferno, isso.
Eu sorri, querendo aproveitar sua derrota, mas ele voltou
a ficar de joelhos correndo para Darius como um psicopata e
jogando o ombro em seu estômago. Eles caíram no chão com
um tremor que balançou a terra sob meus pés e Orion
apareceu em um borrão de movimento, parando ao meu lado e
soprando seu apito do treinador tão alto que estremeci.
“Idiotas! Apesar do cabelo grunge esportivo que Capella
tem e a porra do pior moicano do século que Rigel parece achar
legal, isso não é uma porra de um quebra pau em algum show
de indie rock puritano. Então levante-se e comecem a lutar
como Fae ou todos ficarão detidos pelo resto da semana.”
Tentei não bater meus cílios muito forte em Orion, mas
santo inferno quando ele usava aquela voz e soprava aquele
apito, e olhava... hummm.
Tory me deu uma cotovelada nas costelas com um sorriso
contido. “Você parece um segundo prestes a babar.”
Geraldine estava evidentemente perto o suficiente para
ouvir quando ela começou a rir e se agarrou ao seu lado, e
Orion e Caleb se viraram para me olhar surpresos.
“O quê?” Perguntei inocentemente, lançando um olhar
furioso para Tory e ela mordeu o lábio para não rir também,
embora a tivesse visto olhando para os caras também, então
ela não era exatamente a Senhorita Inocente agora.
“Oh, dê um tempo à minha rainha!” Geraldine lamentou.
“Há músculos de homens mamutes o suficiente, shorts
justinhos com formato de pêssego e testosterona tentadora no
ar para fazer até mulheres finas como nós ficarmos de joelhos.
Mas, pelo menos, não terei tamanha vantagem em nossas
brigas.”
“Não vou colocar minha camisa de volta, Gerry,” disse Max
com um sorriso malicioso, cruzando os braços protuberantes
sobre o peito. “Não, a menos que você me implore.”
“Pelo brilho de minhas bolas de senhora enceradas e
brilhantes! Quem disse alguma coisa sobre colocar suas
roupas?” Ela riu, segurando a bainha de sua camisa e
puxando-a, revelando seus seios enormes em um sutiã azul
delicado com uma concha presa na base do decote. Os olhos de
Max praticamente saltaram das órbitas enquanto ela o
direcionava mais para o campo para uma luta. “Eu te desafio
para um duelo, seu menino de dar água na boca.”
“A nado?” murmurou, mas não parecia muito incomodado
com o restante enquanto corria atrás dela para a clareira.
Orion olhou para mim com uma expressão afiada e
imaginei que ele estava chateado comigo por estar olhando.
Mas se ele realmente tivesse olhado dentro do meu cérebro,
teria encontrado uma cena completamente inocente onde ele se
despia e se sujava com os Herdeiros. Totalmente honesto. Não
queria ninguém além do meu Vampiro. Mas se por acaso ele
lutasse com alguns idiotas musculosos, então longe de mim
não me conformar com o show.
Percebi Mildred nos observando do grupo dois, prendendo
Jillian Minor pela garganta e mostrando seus dentes salientes
para nós. Desde que ela se juntou a Zodiac, jurava que tudo
que ela fazia era parecer que estava prestes a mudar para sua
forma de Dragão e comer alguém. Ou talvez ela nem mesmo
trocasse e simplesmente daria uma mordida em uma de nós.
Provavelmente Tory.
A fumaça saiu de suas narinas e seu bigode ondulou com
a brisa que isso causou. Podia ser engraçado, se não fosse
incrivelmente assustador.
“Venha então, querida,” Seth acenou para mim. “Vamos
ver o quão longe no ar posso jogar você desta vez.”
Minhas bochechas esquentaram enquanto marchava em
direção a ele com passos firmes. Na última lição, ele me
capturou em um tornado por uns vinte malditos minutos.
Fiquei tão tonta depois que vomitei. E Kylie filmou tudo e
espalhou no FaeBook. Não foi o meu melhor momento. Mas
desta vez, eu estava determinada a deixar uma marca nele,
pelo menos.
Tory foi atrás de Caleb para um treino e Darius foi
conversar com Orion enquanto eles assistiam. Minha
mandíbula estava rangendo quando assumi uma posição de
luta em frente a Seth. Seu rosto presunçoso tinha um encontro
com a sujeira e estava mais do que feliz por ser a maldita
motorista.
“Você realmente me odeia, não é?” Ele zombou, nem
mesmo se preocupando em se abaixar enquanto flexionava os
músculos, esperando que o atacasse.
Eu não respondi, tentando me concentrar em cada gesto
que conhecia quando ele começou a circular para a direita, me
forçando a me mover para a esquerda.
Ele bocejou provocativamente, em seguida, flexionou os
braços acima da cabeça, dando-me um alvo aberto. Se ele fosse
ser um idiota sobre isso, eu não perderia a oportunidade.
Joguei minha mão, liberando uma poderosa rajada de ar, mas
ele bloqueou com um movimento de seu pulso, enviando-o para
o campo e derrubando vários alunos do grupo quatro.
Seth mergulhou em ação, jogando a palma da mão e
enviando uma lança de madeira rasgando o ar em minha
direção. Lancei fogo, queimando até virar cinzas, mas ele
continuou jogando, as lanças voando para frente com uma
ferocidade que deveria ter me aterrorizado. Mas eu não estava
com medo, estava furiosa.
Queimei todos os ataques da terra com gritos de raiva,
impedindo qualquer um deles de acertar. Mas enquanto ele
lançava o ataque de lanças, uma videira agarrou minha perna,
levantando-me no ar para ficar pendurada por um tornozelo.
Ele uivou para mim e risos carregaram da multidão ao
redor enquanto as pessoas se viravam para assistir. Com um
grunhido, enviei uma onda de água caindo em direção a ele,
mas ela caiu em uma cúpula de ar perfeita acima de sua
cabeça. Congelei em um instante e enquanto ele estava cego,
empurrei em direção ao meu tornozelo e cortei a videira com
um flash de fogo. Eu me peguei no ar, girando e bati no chão
de pé, apenas cambaleando um passo antes de lançar meu
próximo ataque à cúpula congelada diante de mim. Queimei
com um grito de raiva e a cúpula gotejou até o nada no chão,
revelando um espaço vazio onde Seth uma vez esteve.
Alguém me deu um tapinha no ombro e me virei alarmada,
encontrando um poderoso jato de ar que deixou a palma de
Seth e bateu no meu rosto. Caí no chão, sentindo o gosto de
sangue na minha língua. Ele saltou em cima de mim com outro
uivo, lançando videiras em volta dos meus braços para me
prender no chão, enquanto segurava firmemente minha
garganta para provar seu ponto.
“Renda-se,” ele rosnou e cerrei minha mandíbula, me
recusando a dizer essa porra de palavra pela milésima vez. Ele
apertou com mais força, as sobrancelhas franzidas. “Darcy,” ele
exigiu.
“Tudo bem,” cuspi. “Eu me rendo.”
Ele me soltou imediatamente, se levantando e me
oferecendo sua mão, mas a afastei quando me levantei e limpei
o sangue do meu lábio cortado. Marguerite, Kylie e sua
pequena gangue zombaram de mim do outro lado do campo e
minhas bochechas queimaram enquanto eu me afastava,
precisando apenas me acalmar por um segundo.
Eu me afastei do grupo e entrei na grama mais longa, a
raiva arranhando meu coração.
Em um flash de movimento, Orion apareceu na minha
frente, mas tentei passar por ele, não querendo nenhuma
piedade. Ele pegou meu braço, girando-me para ficar de frente
para o caminho que vim e lançando uma bolha silenciadora ao
nosso redor.
“Respire,” ele exigiu e eu fiz. “Fale,” ele comandou em
seguida.
“Eu o odeio,” rosnei. “Eu sei o que ele fez pela a gente, sei
que isso confunde as coisas, mas não faz o que ele fez antes
disso certo. E odeio que eu apareça aqui três vezes por semana
apenas para ser colocada na minha bunda de novo e de novo
e...”
“Acalme-se,” Orion rosnou e olhei-o, a raiva aquecida
invadindo cada parte do meu corpo. Seus olhos suavizaram em
duas piscinas de obsidiana e achei um pouco mais fácil manter
a respiração enquanto permanecia presa em seus olhares.
“Estou calma,” falei, embora não estivesse.
“Você quer correr antes de poder andar,” ele disse, se
aproximando, mas não o suficiente para cruzar qualquer limite
se alguém estivesse olhando. “Você precisa ser mais paciente.”
“Estou tentando,” bufei. “Mas sinto que não estou
chegando a lugar nenhum.”
“Você está fodendo comigo? Você passou para a melhor
classe de combate em seu primeiro ano. Seus únicos
concorrentes são os Herdeiros agora. Você não está se dando
crédito suficiente. A maneira como você saiu daquela
armadilha de videira exigiu muita habilidade, Blue. Habilidade
pra caralho.” Ele me fixou com um olhar intenso e balancei a
cabeça, tentando aceitar que estava melhorando. Mas era tão
difícil quando raramente acertava um golpe nos Herdeiros. E
realmente queria acertar aquele garoto-Lobo saltitante de
cabelo comprido.
“Simplesmente sinto que não estou nem perto de matá-lo.”
Fixei meu olhar em Seth enquanto ele subia até o topo de uma
pedra, batia em seu peito como um gorila e uivava para sua
matilha, que ecoava dentro de todos os outros grupos.
Orion estendeu a mão para o meu lábio arrebentado,
curando-o rapidamente e enxugando o sangue com o polegar.
Ele o colocou direto na boca, casualmente passando a mão pelo
cabelo ao mesmo tempo, como se fosse uma coisa
perfeitamente normal de se fazer. E imaginei que ele poderia se
safar por ser um Vampiro. Também fiquei estranhamente
quente como o inferno.
“Paciência, pequena predadora,” disse ele com um sorriso
malicioso, deixando cair a mão ao lado do corpo. “Sua
habilidade vai chegar lá. Mas isso é apenas metade da luta.”
“Qual é a outra metade?” Estreitei meus olhos.
“Sua presa,” ele ronronou em um tom diabólico que fez um
sorriso puxar o canto da minha boca. Ele gesticulou para Seth
que estava pulando de pedra em pedra agora como se fosse
invencível. “Saber contra quem você está lutando é a chave
quando você está lidando com poderosos Fae. Não é apenas um
caso de força bruta. O diabo está nos detalhes. E sua linda
presa menino Lobisomem, tem fraquezas. Encontre-as,” ele
comandou.
Seth colocou as mãos em concha em volta da boca naquele
momento e nos chamou: “Ei, senhor! Por que você não tem
uma rodada comigo enquanto Darcy seca as lágrimas?"
Orion moveu um dedo tão sutilmente que quase perdi e
uma rajada com a força de um furacão fez Seth voar das
pedras. Ele apenas se segurou com sua própria magia do ar
antes de plantar o rosto no chão.
“Vou interpretar isso como um não!” Ele chamou enquanto
se levantava, caminhando até Darius e começando uma briga
com ele.
“Por que você perdeu essa oportunidade?” Perguntei com
uma carranca. “Poderia ter usado a inspiração.”
“Não,” ele rosnou em um tom sério, me pegando em seu
olhar. “Poderia ter esmagado sua cabeça no segundo que
Darius disse a ele para se afastar de nós, mas me segurei.
Porque você sabe o que é mais satisfatório para mim do que
dar uma surra nele, Blue?”
Balancei minha cabeça, minha garganta muito apertada
enquanto absorvia a paixão em sua expressão.
“Você fazer isso,” ele falou sob sua respiração com um
sorriso sedutor. “Ele é todo seu, linda. Quero que você o faça
gritar. Vou estar lá com uma cadeira dobrável e um saco de
pipoca recém-estourada para curtir o show. Mas não serei eu
quem quebrará ossos, e acredite em mim, realmente quero ser
esse cara, mas não desta vez. Seth Capella escreveu seu
destino nas estrelas. Está vindo para ele como um monstro
durante a noite. E o nome é Darcy Vega.”
Meu coração brilhou, pelo menos era o que parecia. Queria
jogar meus braços em volta dele e agradecê-lo por ser o melhor
cara que já conheci. Mas não era exatamente um bom
momento com a escola inteira assistindo. Ele definitivamente
tinha ganho o melhor sexo de sua vida esta noite, no entanto.
O que seria difícil de superar, mas fiquei feliz em ficar
imaginativa.
“Você é realmente um bom professor,” comentei.
“Ela diz como fosse uma surpresa,” ele zombou e eu ri.
“Bem, só demorei um pouco para perceber que você não é
apenas um idiota para todos porque odeia o mundo.”
Ele arqueou uma sobrancelha. “Eu não sou?”
“Não... você se preocupa Lance Orion.”
Ele segurou seu coração como se o tivesse ferido
mortalmente, cambaleando um passo para trás e minha risada
cresceu. “Não me insulte.”
“Tudo bem, continue seu ato sem coração então, mas
tenho você na mira, Professor.”
Ele se inclinou mais perto com seu sorriso desaparecendo
como um fantasma na noite. “Admito uma coisa: nem sempre
odeio ser professor.”
Engasguei, agindo tão dramaticamente quanto ele,
pressionando as costas da minha mão na minha testa como se
fosse desmaiar.
“Nunca diga a ninguém,” ele disse atentamente e sorri,
fingindo travar meus lábios e jogar a chave fora. Ele me
cutucou para que eu caminhasse de volta em direção aos
Herdeiros e todo o meu corpo ficou mais leve quando me
aproximei deles.
Suspirei enquanto voltava para os Herdeiros, sorrindo
enquanto Geraldine gritava: “Para as magníficas rainhas de
Solaria!” e saltava nas costas de Max, seus seios enormes
batendo em sua cabeça enquanto ela os inundava com um
aguaceiro.
“Eu amo aquela garota,” Tory disse enquanto corria para
se juntar a mim, seus braços e garganta cheios de hematomas.
“Caleb,” ela explicou com um bufo e Orion estendeu a mão
para curá-la.
Ela sorriu para ele em agradecimento e olhei entre os dois
com calor em minha alma. O fato de Tory ter lhe dado aquela
pequena pulseira da amizade, que ele religiosamente usava
todos os dias sem fazer comentários, era a coisa mais fofa do
mundo. Eu a abracei com tanta força quando descobri que ela
teve que fugir à força de mim depois de cinco minutos inteiros
sendo espremida.
Passei a meia hora seguinte assistindo a luta de Seth e
tomando nota de cada vez que um dos Herdeiros o colocava
nas costas. Ele liderava com o pé esquerdo, mas sua mão
direita era dominante quando ele lançava. Ele era arrogante,
seguro de si, mas às vezes havia fraqueza nisso.
Ocasionalmente, ele lançava ataques que eram muito grandes,
e enquanto seu oponente conseguisse se proteger contra eles,
havia uma pequena janela de tempo em que Seth tinha que
levar um segundo para se recuperar. Essa janela era dourada.
“Nós vamos ser mais fortes do que eles um dia,” Tory
disse, erguendo o queixo. “É só uma questão de tempo.”
Olhei-a, esse fato soando mais verdadeiro em meu crânio
do que nunca. Seu olhar prendeu-se no meu e um momento se
passou entre nós, onde algo se encaixou. Algo tão óbvio que era
estranho perceber agora. Decidimos lutar contra eles. Não
estávamos apenas trabalhando duro para vencê-los uma vez
em alguma aula de Combate Elemental. Queríamos continuar
vencendo-os de novo e de novo. E isso só poderia significar
uma coisa.
“Você quer?” Sussurrei, o ar parecendo se mexer
estranhamente como se as estrelas estivessem se inclinando
para ouvir. “Porque eu quero. Parece tão certo.”
“Sim,” ela disse, seus lábios se separando em realização.
“Eu quero também. Realmente quero, Darcy.”
“Então, vamos nessa,” falei, me surpreendendo com a
força da minha voz.
Eu podia sentir os olhos de Orion em mim, mas não
conseguia desviar o olhar da minha irmã. Este momento era
nosso. E precisava ser gritado da montanha mais próxima. Ou
o topo da rocha mais próxima, conforme o caso.
Peguei a mão de Tory em minhas mãos e ela correu comigo
enquanto corríamos em direção às pedras e escalávamos até o
pico mais alto.
“Ouçam!” Gritei e os Herdeiros pararam de lutar, franzindo
a testa para nós.
Orion casualmente acenou com os dedos em minha
direção e quando falei novamente, minha voz se amplificando
em toda a clareira.
“Vocês já nos viram sendo espancadas uma e outra vez,”
gritei e os Herdeiros riram, sorrindo para nós como se
estivéssemos prestes a nos envergonhar. Geraldine deu um
tapinha no braço de Max, dando-nos sua atenção total e
exclusiva, com os olhos brilhando intensamente. “Mas, um dia
em breve, não seremos derrotadas.”
“Somos as Fae mais poderosas deste reino!” Tory gritou,
sua voz cheia de poder conforme foi amplificada pela magia de
Orion e seu cabelo girando ao redor dela em uma brisa
selvagem, fazendo-a parecer feroz como o inferno. “E podemos
ter sido feridas, espancadas, machucadas, afogadas.” Ela
olhou para os Herdeiros. “Mas nunca iremos ficar no chão.”
Os Herdeiros compartilharam olhares ansiosos e meu
coração inchou quando encontrei o olhar de Orion, seus olhos
cheios de orgulho. Eu o amei ferozmente naquele momento.
Verdadeiramente. Loucamente. Eternamente.
“Portanto, pretendemos reivindicar nosso lugar de direito
no reino!” Anunciei. “Traga a imprensa, as sessões de fotos e as
entrevistas. Estamos prontas para sair e ser as verdadeiras
princesas que somos.”
Tory pegou minha mão e levantei seu braço no ar por
instinto. “Vamos lutar pelo nosso trono!” Ela chorou.
“E nós vamos ganhar!” Terminei.
Geraldine começou a chorar, caindo de joelhos no chão e
batendo palmas como uma louca. O resto da A.S.S. veio como
um enxame para a base das pedras, pulando no ar e torcendo
como uns loucos. Gabriel bateu palmas do outro lado do
campo, um sorriso conhecedor em seu rosto como se estivesse
esperando que isso acontecesse hoje. E imaginei que ele
tivesse.
Deixei meu olhar deslizar para os Herdeiros novamente,
olhando para o sorriso desdenhoso de Max, a carranca de Seth,
o olhar escurecido de Caleb e o silêncio tenso de Darius. Eles
não disseram nada um ao outro. E talvez fosse porque eles
sabiam que esse momento estaria chegando também. Que eles
perceberiam que não poderíamos ser derrotadas. E um dia no
futuro, nós iríamos enfrentá-los um a um em uma disputa por
nosso lugar de direito no trono Solariano. Estava escrito nas
estrelas.
Orion soprou seu apito para finalizar a aula e um largo
sorriso apareceu no meu rosto. Descemos no mar de corpos,
sendo abordadas por abraços e palmas nas costas. Geraldine
caminhou em nossa direção, arrastando respirações irregulares
como se não conseguisse ar suficiente em seus pulmões entre
as palavras, “Minhas... rainhas... estão... finalmente...
ascendendo...” ela conseguiu falar e nos puxou para seus
braços, soluçando alto para o mundo inteiro ouvir. “Estou mais
orgulhosa do que uma noz-pecã em uma lata de uvas passas!”
Ela lamentou. “E estou mais feliz do que um molusco
cavalgando uma tartaruga marinha!”
A maioria dos alunos já haviam partido no momento em
que a A.S.S. começou a se dispersar. Todo mundo tentou nos
atrair para uma festa, mas minhas pernas estavam dormentes
e até mesmo Geraldine estava lutando contra um bocejo com
cada palavra excitada que ela jogava para nós. Orion ficou
atrás de nós com Darius, falando com ele em uma bolha
silenciadora enquanto os outros Herdeiros se afastavam. Caleb,
Seth e Max correndo na nossa frente com seus músculos das
costas flexionados e Seth uivando furiosamente para o céu.
“Bem, este foi o momento mais maravilhoso de toda a
minha vida. Mas devo encerrar a noite, pois estou
positivamente atordoada,” Geraldine suspirou, puxando a
camisa. “Que noite selvagem e úmida tem sido. Boa noite
minhas rainhas. Estou ansiosa para instruí-las em todos os
costumes de como reivindicar o trono. Pelas uvas mais
grandiosas de Ginkleford, que sonhos irei sonhar esta noite!”
Ela acenou extravagantemente e seguiu por outro caminho na
direção do Território Terrestre com um saltitar no passo.
A escuridão estava começando a cair e as sombras eram
espessas entre as árvores, mas as Sombras não estavam em
meu coração esta noite, havia muito brilho em mim para deixá-
las entrar.
Tory jogou um braço sobre meus ombros e me inclinei
contra ela com um gemido de exaustão, mas um sorriso ainda
apareceu em minhas bochechas.
“Não posso acreditar que este seja apenas o nosso primeiro
ano,” falei.
“Sim, mas nos imagine nesse dia no ano que vem.
Estaremos detonando. Estarei tomando café da manhã com o
abdômen de Caleb, depois que o nocautear. Só porque posso.”
“É esse o seu plano?” Eu a provoquei com uma risada,
mas ela não retribuiu e senti as Sombras nela por um
momento. Elas estenderam a mão para tentar se juntar às
minhas. Porém estavam enterradas tão profundamente agora,
que não havia quase nada para encontrar.
“Nah,” ela disse casualmente e envolvi meu braço em volta
de sua cintura.
“Eu te amo, Tor,” comuniquei, só porque às vezes as
pessoas precisavam ouvir isso. E talvez eu não tenha dito isso
a ela o suficiente.
“Também te amo, Darcy,” sussurrou ela.
Uma sombra se espalhou no caminho à nossa frente e nós
duas gritamos, erguendo nossas mãos em defesa enquanto
meu coração disparava em minha garganta. Um ataque
combinado de Água e Ar explodiu de nós e a figura voou no ar,
caindo de costas a vários metros de distância. Um gorro caído
no chão exatamente onde elas estavam e xinguei quando
percebi quem era.
“Merda, Diego, não pule sobre nós desse jeito!” Tory
repreendeu enquanto pegava seu gorro e corria para entregá-lo
a ele.
Ele estava deitado desajeitadamente no chão, gemendo
enquanto esfregava a nuca. “Lo siento chicas,” ele ofegou
enquanto se sentava ereto e Orion apareceu em um flash,
puxando-o de pé pela gola da camisa.
“Você irá se matar se mergulhar no caminho de duas
malditas Fênix, seu idiota,” ele retrucou.
Diego encolheu os ombros, tirando o gorro de mim e
puxando-o com uma carranca. Ele parecia nervoso, saltando
para cima e para baixo em seus calcanhares enquanto nos
reuníamos em torno dele e Darius lançou um Faelight,
deixando-a flutuar acima de nossas cabeças e nos banhar em
uma luz âmbar baixa.
“O que há com você, Duncan?” Ele exigiu, estreitando os
olhos quando um calor raivoso se espalhou de seu corpo, me
dizendo exatamente como ele estava se sentindo desde que
apresentamos nossa reclamação.
Diego olhou para todos nós, seus olhos pousaram nos
meus por último e, evidentemente, tudo o que encontrou foi o
suficiente para fazê-lo falar. “Meus pais adicionaram uma
memória à teia,” ele falou sob sua respiração e Orion
imediatamente lançou uma bolha silenciadora em torno de nós
enquanto Darius começou a lançar alguns outros feitiços que
imaginei que impediriam qualquer um de vir para cá.
“Mostre para nós,” Tory disse imediatamente e Diego
acenou com a cabeça, arregaçando as mangas e estendendo os
braços no meio do círculo.
Peguei sua mão enquanto Orion agarrava seu antebraço e
Darius e Tory seguravam seu outro braço.
A escuridão empurrou sob meus olhos, mais densa do que
deveria ser possível enquanto eu era puxada para o abismo. As
Sombras começaram a sussurrar, chamando-me em suas
profundezas enquanto eu afundava mais e mais, a presença de
Diego me guiando até a base delas.
A estranha nuvem branca apareceu à nossa frente e as
memórias estalaram entre ela, piscando e piscando dentro e
fora de foco. A memória ficou mais e mais brilhante dentro de
todos elas e engasguei quando fui sugada para dentro como
antes.
Meus pulmões se comprimiram com a visão esperando por
mim.
Clara estava em uma colina com um vestido vermelho
sangue com Lionel ao seu lado em uma capa preta. Ao redor
deles estavam centenas e centenas de Ninfas em suas formas
monstruosas, descendo a colina, suas cabeças inclinadas, um
canto baixo e rouco deixando-as e arrastando seu caminho
através de meus ouvidos.
“Vocês irão caçar a terra sob meu comando!” Clara gritou.
“Vocês não deixaram pedra sobre pedra em sua busca. Para o
Lorde Supremo Lionel Acrux. Seu rei. Que fará o que é certo
com vocês quando fizerem o que é certo com ele.” As Sombras
saíram dela em todas as direções, parecendo cair direto nos
próprios corpos das Ninfas. Com um movimento de sua mão,
elas se moveram e cada fibra do meu ser zumbiu de terror.
Este era um exército das criaturas mais temíveis que eu já
conheci. E elas estavam sob o controle de Clara, do monstro
que quase arrancou Orion deste mundo. E de Lionel Acrux
também. O Mestre Dragão. O Fae mais poderoso de Solaria. E
em breve, sem dúvida, o único rei.
Fui repentinamente arrancada da visão e meu coração
tremulou quando me vi olhando para Tory, um olhar espelhado
de choque em seu rosto.
“Foda-se,” ela falou sob sua respiração, o que quase
resumiu as expressões nos rostos de todos os outros ao redor
do círculo.
“O que nós faremos?” Virei-me para Orion com ansiedade
guerreando em meu peito e minhas sobrancelhas arqueadas
juntas.
“Se minha irmã pode controlar as Ninfas...” ele parou e
desejei que Diego não estivesse lá para que eu pudesse
alcançá-lo, confortá-lo. Vê-la parada naquela colina ao lado do
homem que destruiu sua vida deve ter arrancado seu coração.
“Estamos fodidos.” Darius rosnou, passando a mão pelo
cabelo enquanto dava as costas ao círculo.
“Sinto muito, eu...” Diego balançou a cabeça, sem saber o
que dizer e apertei seu braço.
“Lance,” murmurei e ele olhou para mim com um medo
real queimando em seus olhos.
Sua garganta balançou e sua mandíbula apertou quando
ele forçou suas emoções para baixo e ergueu o queixo.
“Ninguém irá sair do campus,” ele comandou, olhando entre
mim e Tory. “E ninguém vai a lugar algum sozinho, mesmo na
escola, me entendeu?” Ele me fixou em seu olhar e acenei com
a cabeça.
“Las estrellas están contra nosotros,” Diego sussurrou,
voltando o olhar para o céu como se estivesse rezando.
“Leve Tory de volta para sua Casa,” Orion ordenou a
Darius e ele acenou com a cabeça rigidamente.
“Fique longe o suficiente para evitar o terremoto,” ele
grunhiu para ela, então saiu pelo caminho e Tory me lançou
um olhar sério antes de ir embora com ele.
Orion começou a marchar para frente, a tensão em sua
postura fazendo meu coração bater loucamente. “Sigam-me,”
ele gritou quando não o fizemos imediatamente e corremos
para alcançá-lo enquanto ele se dirigia para Casa Aer.
Minha cabeça latejava quando chegamos à torre e Orion
nos deixou lá sem dizer uma palavra. Meu intestino deu um nó
e desfiou. Ele não estava bem. Eu precisava estar lá para ele
nesse momento.
Corri escada acima com Diego, dizendo boa noite a ele
enquanto corria para o meu quarto com esperança no peito.
Meu coração afundando em minhas entranhas quando o
encontrei vazio. E sabia em meus ossos que Orion não viria
para mim esta noite. Ele iria desaparecer na escuridão e se
afogar sozinho em sua dor.
Afundei na beira da cama, meu corpo tremendo com tudo
o que tinha acontecido na última hora. Anunciamos nossa
intenção de reivindicar nosso trono, apenas para saber que
talvez nem houvesse um trono para ser reivindicado em breve.
Não quando Lionel tinha tanto poder. Não quando ele estava
em posição de tirar tudo de nós e forçar todo o reino a se
curvar.
Nossa luta não era com os Herdeiros agora. E poderia
nunca ser. Não, a menos que impeçamos Lionel Acrux de
assumir o trono.
Bom dia, Gêmeos.
As estrelas falaram sobre o seu dia!
Uma decisão recente fará com que surjam faíscas em todos
os aspectos de sua vida durante as próximas semanas e você
poderá ficar tentada a se arrepender de sua escolha. Mas tenha
coragem, se você permanecer firme em sua decisão, essa
tempestade irá passar e você se sentirá muito mais feliz do outro
lado dela. Embora a mudança possa ser assustadora, tomar
decisões e segui-las é sempre um processo de construção do
caráter. E com um pouco de trabalho duro, essa escolha poderá
funcionar a seu favor.

Soltei um suspiro e quase ri. Eu era uma Princesa, porra.


Quer dizer, acho que sempre fui, mas agora que me levantei
com Darcy e fizemos nossa reivindicação, parecia mais real de
alguma forma. Talvez eu devesse estar segurando o cetro e
andando por aí enquanto comia bolinhos ou algo assim. Em
vez disso, estava apenas indo para minha corrida matinal,
como de costume.
Um artigo foi publicado no Daily Solaria hoje intitulado As
Veja anunciaram oficialmente suas intenções de reivindicar o
trono. A mãe de Tyler ainda tinha algumas fotos que sobraram
da última sessão de fotos que fizemos com ela, anexando junto
com as entrevistas que havíamos dado por telefone na noite
anterior. Eles completaram o artigo de oito páginas com outras
informações antes de distribuírem. Nós duas fomos
fotografadas em lindos vestidos sentadas em enormes tronos de
madeira e com um pequeno acréscimo do photoshop, as fotos
antigas foram atualizadas para me dar olhos com anéis
autenticamente pretos e nós duas estávamos usando umas
coroas extravagantes. Parecíamos gostosas pra caralho e
totalmente duronas também, com rostos de “cadela, me
aguarde” e olhares desafiadores.
Eu deveria estar nervosa com isso. Era basicamente um
pano vermelho para o touro Lionel Acrux, mas foda-se. Eu
tinha parado de me esconder no fundo, deixando-o falar merda
sobre nós e espalhar mentiras naquele jornal Celestial Times.
De agora em diante, pretendíamos lançar uma contra-
entrevista toda vez que um artigo fosse publicado sobre os
Herdeiros, o Conselho ou a porra do casamento de Darius.
Toda e qualquer vez que eles fizessem uma demonstração de
poder, nós faríamos uma de volta.
Meu instinto agitou-se com a ideia de Lionel tentando nos
atacar, especialmente agora que sabíamos que ele exercia tanto
poder sobre as Ninfas. Mas fiquei conversando com Darcy
sobre a coisa toda até tarde da noite e decidimos seguir em
frente mesmo assim. Lionel nunca nos deixou em paz antes de
tomarmos essa decisão de qualquer maneira e sabíamos que
não havia nada que o impedisse de tentar nos atacar
novamente. Na verdade, esperávamos que, ao anunciarmos
oficialmente nossas intenções, receberíamos alguma proteção
dele. Seria ainda mais suspeito se acontecesse um acidente
repentino agora e imaginamos que ele fosse forçado a esperar
que fizéssemos um desafio oficial.
Eu não iria perder tempo me preocupando sobre quanto
tempo levaríamos para aprimorar nossas habilidades o
suficiente para derrotá-lo. A questão era, um dia, nós o
faríamos. E venha o inferno ou a maré alta, veríamos aquele
idiota cair.
Seu controle sobre as Ninfas estava em um nível diferente
de aterrorizante, mas também poderia funcionar a nosso favor.
O que ele estava fazendo ia além de tentar reivindicar mais
poder, era traição. Ele se infectou com as Sombras e se uniu
com os inimigos mortais de Solaria. Portanto, o plano que
tínhamos em mente para lidar com isso era ainda mais simples
do que tentar reivindicar nosso direito de nascença. Iríamos
expô-lo.
Se pudéssemos obter evidências irrefutáveis de sua
lealdade às Ninfas, poderíamos virar Solaria contra ele, sem
mencionar o fato de que os outros Conselheiros Celestiais
seriam forçados a derrubá-lo. Lionel podia ter conseguido se
tornar forte o suficiente para enfrentar os outros Conselheiros
um a um no caminho Fae e vence-los, mas se ele tivesse
quebrado a lei, então isso seria uma cadeia de peixes
totalmente diferente. Era a única coisa que faria os outros
Conselheiros se unirem para usarem sua força combinada para
derrotá-lo e prendê-lo. E a ideia dele ser levado para a prisão
em algemas mágicas que cortariam seu acesso à sua magia me
deixava toda feliz.
Vestindo um sutiã esportivo branco combinando com
leggings fui para a minha corrida.
Meu coração começou a bater um pouco mais forte
quando me aproximei da porta ao pé da escada. Todos os dias,
sem falta, Darius estava me esperando para correr comigo
quando saía. Já faziam seis semanas e ele aparecia todos os
dias. Mas... tive a sensação de que isso estava prestes a
acabar. Ontem nós nos levantamos e reivindicamos o trono
depois de jurar que não o queríamos desde o dia em que
chegamos à academia. Esse fato era a raiz de todos os
problemas que já tive com Darius e o artigo que foi publicado
hoje não era nada menos do que uma declaração de guerra.
Uma guerra política, mas mesmo assim uma guerra. E eu sabia
que seria o fim de qualquer relacionamento tênue que
estivemos nutrindo com essas corridas.
Depois que ele me acompanhou de volta para Casa Ignis
na noite passada, se despiu, mudou e saiu voando sem nem
mesmo olhar para mim, muito menos proferiu uma palavra.
Doeu, mas dificilmente eu poderia reclamar, considerando
a rejeição que já dei a ele. E se ele tivesse decidido que este era
o último prego no caixão para nós, então eu poderia aceitar
isso também. Não era como se esses momentos que estivemos
compartilhando pudessem fazer qualquer coisa para
pavimentar, talvez, o caminho para algum tipo de amizade
estranha de qualquer maneira. Nunca seria fácil para mim e
Darcy manter uma amizade com qualquer um dos Herdeiros
com a rivalidade constante existindo entre nós.
Não, Darius não estaria aqui esta manhã. E isso era ótimo
para mim. Sempre estivemos destinados a lutar em lados
diferentes desta guerra de qualquer maneira.
Mordi meu lábio inferior, levantei meu queixo e saí.
Darius estava encostado na parede em seu uniforme de
corrida como de costume, seus olhos brilhando quando me viu
sair. Meu olhar se fixou no dele.
“Você está aqui,” falei antes que eu pudesse me impedir e
suas sobrancelhas se ergueram em surpresa.
Nunca nós falávamos de manhã. Nem uma vez. Ele
esperava por mim, trocávamos um olhar, eu corria, ele me
seguia, depois pegava um café para mim no Orb e ia embora.
Era isso. Todos os dias. Eu nem sabia o que fazer com isso ou
o que significava para mim. Exceto que ser confrontada com a
ideia dele não aparecer esta manhã me forçava a admitir para
mim mesma que isso significava algo.
“Por que eu não estaria?” Ele perguntou, sua voz áspera
enviando um arrepio pela minha espinha.
Não estávamos próximos um do outro, mas sozinhos e um
trovão distante retumbou em advertência. Eu o ignorei por um
momento, mas sabia que não demoraria muito para que as
estrelas fizessem mais esforços para nos separar.
“Porque... bem, apenas pensei, o artigo, o trono...”
“Sempre soube quem você era, Roxy. A única diferença
nisso é que agora você também percebeu. É uma princesa e
uma das duas Fae mais poderosas de Solaria. Você iria me
desafiar eventualmente. Só não pense que vou começar rolar
por você porque decidiu que gosta da ideia de usar uma coroa.”
Meus lábios se contraíram com o desafio em seu tom e
levantei a mão, girando a magia da Terra ao meu comando até
que construí uma coroa de videiras verdes retorcidas com
pequenas rosas vermelhas pontilhadas por toda parte. Coloquei
na minha cabeça e sorri para ele provocativamente, dando um
passo mais perto antes que pudesse me conter. “Você tem que
admitir que fica bem em mim, no entanto.”
Darius deu ao meu corpo inteiro um olhar demorado que
se arrastou dos meus pés até o topo da minha cabeça e minha
carne queimou em todos os lugares que seus olhos pousaram.
“Fica ainda melhor em mim,” ele rebateu, erguendo a
própria mão e moldando uma bela coroa de gelo que brilhou ao
sol da manhã quando ele a colocou em cima de seu cabelo
preto.
Porra, não sabia que tinha uma fantasia de Príncipe
Encantado até agora. Embora isso não estivesse certo, Darius
não era um Príncipe Encantado, estava mais para um príncipe
das trevas e ele já havia me corrompido além do
reconhecimento.
O trovão caiu sobre nossas cabeças e grossas gotas de
chuva caíram do céu, mas por um longo momento nenhum de
nós se moveu.
“O gelo derrete,” apontei.
“As flores murcham,” ele rebateu.
“Acho que nós dois estamos ferrados então.”
“Eu sempre soube disso.”
Um relâmpago passou pelas nuvens e mordi meu lábio
enquanto me virava e corria para longe dele. Seus passos me
perseguiram pelo caminho e corri ainda mais rápido enquanto
seguia pela rota familiar.
A chuva continuou caindo sobre nós até que passamos
pelo Território do Fogo e entramos no Território da Água.
Esperei que ela parasse e então a tirei das minhas roupas com
minha magia. As estrelas nos deixaram em paz enquanto
terminávamos nossa corrida e quando chegamos ao Orb,
ambos jogamos nossas coroas fora. Era uma pena que a coisa
real não fosse tão fácil de esquecer.
Darius avançou para abrir a porta para mim, mas ele
hesitou antes de abri-la enquanto se aproximava e estendia a
mão para puxar uma pétala de rosa vermelha do meu cabelo.
“É melhor você estar pronta, Roxy,” ele ronronou com uma
voz profunda que fez meus dedos do pé se curvarem, mesmo
quando o chão tremeu sob meus pés. “Porque os lobos estão
prestes a descer para brincar agora que você declarou sua
reivindicação.”
Meus lábios se separaram para perguntar o que ele quis
dizer com isso, mas ele abriu a porta para mim e engasguei
quando fui recebida por um tumulto de barulho.
O Orb estava cheio do zumbido usual do café da manhã,
mas o som de gritos animados me inundou enquanto cabeças
viravam em minha direção e de repente fui abordada pelo som
do meu nome sendo gritado por incontáveis lábios.
Justin Masters pegou minha mão e me puxou para a
multidão e olhei para trás, para Darius, enquanto ele me
observava ir com um olhar quase resignado em seu rosto. Se
virando, ele se dirigiu para o outro lado do Orb, onde uma
multidão igualmente barulhenta gritava seu apoio aos
Herdeiros.
Havia uma divisão bem no centro da sala e parecia que
todos estavam escolhendo um lado.
Meu pulso disparou quando Justin me apertou em seus
braços, colocando um beijo na minha bochecha antes de me
levantar e fui colocada em uma mesa ao lado de Darcy, que
estava parecendo tão oprimida quanto eu.
“Isso é uma loucura!” Ela gritou para que pudesse ouvi-la
sobre o canto que Geraldine havia começado.
Vegas no trono!
As verdadeiras rainhas sem abandono!
Vegas no trono!
As verdadeiras rainhas sem abandono!
“Por que sinto que nossas vidas ficaram muito mais
complicadas?” Gritei de volta e Darcy riu de uma maneira que
estava beirando a histeria.
“Não há volta agora,” disse ela.
“Sem volta,” concordei enquanto me virava para olhar o
mar de corpos que enchiam o local.
Meu olhar caiu sobre os quatro Herdeiros que estavam de
pé em uma mesa entre uma multidão animada. Mildred gritava
seu apoio ao lado de Marguerite, Kylie e incontáveis outros Fae,
mas fiquei surpresa ao descobrir que era uma divisão bastante
equilibrada. Mesmo com toda a merda que Lionel e os
Herdeiros espalharam sobre nós para a imprensa, havia muitas
pessoas dispostas a ignorá-los e jogar sua sorte conosco.
Eu esperava ódio, animosidade e hostilidade absoluta
quando encontrei os olhares dos Herdeiros, mas não foi isso
que enxerguei. Em vez disso, todos olhavam para nós com um
olhar de desafio e também uma pitada de expectativa. Como se
isso fosse o que eles estavam esperando. E eles estavam
prontos para dar o melhor que pudessem.
Podem vir então, idiotas.

##

Os últimos dias foram... bizarros.


Para começar, ninguém sabia nada sobre Lionel e as
Ninfas, então, embora nosso pequeno grupo ainda estivesse se
recuperando das informações que tivemos e tentando
desesperadamente descobrir maneiras de separá-lo de seu
exército recém-adquirido e, supostamente, salvar Clara
também. Nada havia mudado. Embora essa última parte fosse
só de Lance e o resto de nós fôssemos legais demais para
contestá-lo, ou talvez covardes demais para comentar que a
garota era uma idiota com I maiúsculo e precisava ser colocada
no chão imediatamente. A ideia disso me rasgando porque
depois de tudo que tínhamos feito para ajudá-lo a recuperá-la,
eu poderia simpatizar totalmente com seu desejo de acreditar
que a alma gentil de sua irmã ainda residia em seu corpo
sombrio, mas estava tendo dificuldade em acreditar nisso.
Clara não tinha apenas sido seduzida pelas Sombras,
empunhando-as em sua forma Fae da maneira que todos
estávamos aprendendo a fazer. Ela foi literalmente devorada
por elas e sugada para o Reino das Sombras por anos. Quero
dizer, o que ela comeu enquanto estava lá? Ninguém nunca
mencionou isso, mas parecia muito importante para mim.
Tinha visto o suficiente do deserto árido que abrigava as
Sombras para me sentir confiante de que não havia um fazedor
de torradas apenas parado lá esperando para ser solicitado.
Também não poderia pedir uma pizza. E as pessoas precisavam
de comida para sobreviver por anos em algum lugar. O que
tornava minha teoria irrefutável em minha opinião. Sem
comida, sem Clara. O que quer que seja aquela coisa que Darcy
e Orion arrastaram para fora do Reino das Sombras, não
poderia mais ser sua irmã. Mesmo usando seu rosto e roubado
suas memórias, mas não era ela.
Mesmo nossos espiões na Mansão Acrux não nos deram
nenhuma razão para pensar o contrário. Não que alguém
soubesse sobre a mãe de Darius se reportando a mim agora,
assim como Xavier enviando mensagens para ele. Seria meio
difícil explicar por que ela estava me ajudando sem ser capaz
de revelar o que fiz por ela em troca. E a última coisa que
precisava era quebrar um acordo estelar, incitando as estrelas
a me amaldiçoarem com anos de azar. Aquelas idiotas já
dificultavam muito pra mim sem isso.
Expulsei uma respiração pesada e me forcei a esquecer
tudo isso por agora. Por mais insano que fosse, sabíamos que o
mundo estava em processo de ser dominado por um rei lagarto
psicopata e sua prostituta sombria, palavras de Catalina, não
minhas. Mas não havia nada que pudéssemos fazer a respeito.
Tinha que admitir que eu meio que amava a mãe de Darius.
Estranho, eu sei. Mas estávamos nos tornando... amigas
virtuais. Imaginei que ela vivia muito solitária presa naquela
porra de mansão enquanto ainda tinha que fingir estar presa
pela Coerção Negra de Lionel. Então, ela usava várias pequenas
desculpas para me enviar mensagens sobre todos os tipos de
coisas, muitas das quais ela nem conseguia fingir que estavam
relacionadas a informações sobre o que Lionel e Clara estavam
fazendo. Ela estava desesperada com medo por Xavier e não
podia nem mesmo se arriscar abordá-lo de forma diferente,
para o caso do Lionel perceber que ele não a estava
controlando mais agora que ela estava livre. Na minha opinião,
a ideia dele roubando sua capacidade de amar e cuidar de seus
filhos foi na verdade a pior das coisas que ele fez a ela.
Porém hoje tinha algo mais importante a fazer do que me
preocupar com tudo isso. Hoje, teria que ganhar uma torcida.
Estava nos vestiários da arena de Pitball, diligentemente
amarrando a fita rosa destinada ao meu cabelo em uma
gargantilha enquanto Berenice se ajoelhava atrás de mim e
desenhava minhas nádegas com a pintura facial.
Todo o meu mini esquadrão estava fazendo a mesma coisa.
Para onde quer que olhasse, as fitas de cabelo estavam se
tornando gargantilhas, olhos esfumados e lábios vermelho
sangue estavam substituindo o gloss rosa pegajoso que o time
de Marguerite normalmente colocava e nossas bochechas
estavam sendo decoradas. Perfeito.
Berenice terminou sua pintura na minha bunda e se
levantou ao meu lado com um sorriso, reorganizando seu
decote no top azul marinho com o ZA prateado impresso nele.
Olhei ao redor para o grupo de garotas enquanto todas
elas sorriam com entusiasmo.
Na verdade, eu também estava sorrindo. Por mais que
odiasse admitir, ser líder de torcida era realmente divertido. E
essas garotas eram todas muito legais. Berenice era como
minha irmã de alma. Comentários sarcásticos e insultos saíam
de seus lábios de uma forma tão cruel que ela frequentemente
arrancava uma risada surpresa de mim. Como um time, rimos
muito e trabalhamos duro para aperfeiçoar essa rotina. Para
minha surpresa, eu realmente me preocupava em ganhar essa
coisa por mais razões do que apenas chutar a bunda de
Marguerite e Kylie. Queria torcer na próxima partida de Pitball
contra a Aurora Academy, gritando os nomes da minha irmã e
de Geraldine enquanto jogavam.
“Estão todas prontas?” Falei, chamando a atenção do meu
esquadrão enquanto me preparava para dar a elas meu
discurso estimulante.
Mas antes que elas terminassem de se virar para mim com
entusiasmo, a porta do vestiário se abriu.
“Certifique-se de que seus rabos estejam escondidos!”
Washer chamou enquanto entrava na sala vestindo uma Lycra
inteira em uma roupa que imaginei ser feito para andar de
bicicleta. A coisa era vermelha com um zíper prateado
escorrendo pelo centro de seu peito que, claro, não estava
fechado nem pela metade. Tinha as mangas cortadas e
terminava nos joelhos, mas com o quão apertado a porra da
coisa era, ele poderia muito bem estar nu.
“Estamos indo para o campo,” falei com os dentes cerrados
enquanto ele se contorcia pelo grupo, passando as mãos nos
braços das meninas enquanto andava e arrancando suspiros
fracos enquanto exercia seus dons da Ordem sobre elas.
Uma vez que foi designado para ajudar Orion a
supervisionar os treinos de Pitball e Torcida, tínhamos sido
submetidas a esses tipos de visitas com muita frequência e se
eu tivesse que ouvi-lo sugerir que adicionássemos mais curvas
e divisões à nossa roupa mais uma vez, eu iria gritar.
“Só queria vir e oferecer meus serviços para melhorarem o
seu desempenho,” disse ele com um largo sorriso. Seus dentes
eram muito brancos em seu rosto laranja, mas parecia ser uma
escolha que ele fez. “Simplesmente sinto que a final realmente
ficaria melhor se vocês estivessem molhadas para isso.”
“O quê?” Perguntei com uma carranca.
“Você sabe, uma exibição de água no final. Apenas um
pouco de esguicho ou dois e todas vocês poderiam sacudir o
cabelo molhado enquanto bombeiam e moem ao som da
música e...”
“Não podemos exatamente mudar nossa rotina neste
momento,” falei entre dentes.
“Ok,” ele concordou, parecendo desapontado. “Mas talvez
vocês, meninas, possam usá-la no próximo?”
“Talvez,” concordei em um tom que claramente dizia de
jeito nenhum, porra, avançando antes que ele pudesse fazer
qualquer outra sugestão grosseira. “Certo, meninas... vamos
foder com essas vadias!”
Sim, minhas conversas estimulantes são demais.
As garotas gritaram empolgadas enquanto todas corriam
para o estádio, indo para o campo e corri entre elas.
Encontramos o time de Marguerite, o Time Twinkle, já
amontoadas diante de uma seção das arquibancadas onde
Orion havia reunido o time de Pitball para nos assistir. A
professora Prestos e a diretora Nova também estavam
esperando, cada uma segurando pranchetas para pontuar
nossas rotinas.
“Que bom, os Herdeiros têm assentos na primeira fila,”
murmurei ao vê-los e Berenice soltou uma risada.
“Bem, pelo menos você pode mostrar ao Dragão o que ele
está perdendo,” ela brincou.
Suas palavras instantaneamente fizeram meu coração
pular ao ver Darius e o olhar aquecido que ele estava me dando
me fez querer endireitar meu uniforme, apesar da alegria que
sentia conscientemente. Não fiz, porque me recusava a dar a
mínima para o que ele pensava, mas ainda assim.
Washer avançou para reivindicar um assento ao lado de
Seth na primeira fila e troquei um sorriso com Darcy quando a
avistei na frente e no centro ao lado de Geraldine.
Marguerite se virou para nos olhar enquanto íamos para
além de seu esquadrão para tomar nossos próprios assentos.
“Fique confortável assistindo do lado de fora, Vega,” ela
rosnou, o lábio superior se curvando para trás. “Porque esta
será a última vez que poderá usar este uniforme.”
“Não diga isso,” Caleb gemeu. “Ver Tory em seu uniforme
de torcida é uma parte muito importante de nossas sessões de
prática. Não é Darius?”
Tentei lutar contra isso, mas não pude deixar de olha-lo e
fiquei instantaneamente espantada pelo olhar sujo em seus
olhos negros. Realmente não deveria ser legal para ele olhar
para mim daquele jeito, porque então acabaria me lembrando
para onde aqueles olhares nos levaram antes e como isso não
aconteceria nunca mais e... gah.
“Sim. É,” Darius concordou, passando a mão sobre a
barba por fazer que revestia sua mandíbula enquanto ele se
sentava lá em sua jaqueta letterman. Aparentemente, a equipe
não iria treinar hoje e está aula seria somente destinada à
nossa competição, então ele estava vestindo jeans e uma
camisa preta que se agarrava ao seu corpo musculoso por
baixo. Não que eu gostasse de sua aparência. Mas se gostasse,
teria que admitir que ele parecia bom o suficiente para lamber.
“É meio triste como você está desesperadamente tentando
chamar a sua atenção depois que ele te rejeitou,” Marguerite
disse alto o suficiente para que todos ouvissem. “E é meio
patético a maneira como você fica se demorando perto dele
como um mau cheiro vestido de desespero.”
Errr, eu? Sério, essa vadia é real?
“Qual é o problema, Marguerite? Seus Manticrabs estão
doendo ou você só está estressada porque sabe que as Vixens
estão prestes a limpar o chão com você e sua rotina básica de
cadela?” Provoquei.
Marguerite jogou seu cabelo ruivo e deu um passo em
minha direção, levantando a voz para se certificar de que todos
ouvissem o que ela diria.
“Simplesmente não vejo como você poderia ter pensado
que ele diria sim para você,” disse ela. “Quero dizer, claro, você
é uma Vega. Mas o que isso significa? Que você é filha de um
homem que trouxe caos, morte e terror para seu povo durante
seu reinado. Você nem mesmo cresceu em Solaria. Você é
praticamente uma mortal,” ela cuspiu como se não pudesse
haver nada pior do que isso. “Não sabe nada sobre ser Fae.
Você foi criada em uma sarjeta e aprendeu a abrir as pernas
para conseguir o que precisava de homens que enganou para
caírem na sua merda com suas roupas sujas e quase constante
posição de joelhos para chupar pau. Você está vivendo por aqui
apenas por causa do seu nível de poder, mas nenhum
verdadeiro Fae seguiria um par de prostitutas baratas que nem
mesmo conhecem nossos costumes, muito menos como
reivindicar o trono com classe. Não é de admirar que Darius
tenha te rejeitado. Você pode imaginar como deve ser
constrangedor para ele que sua companheira esteja transando
com todos os caras do campus? Você é uma vadia barata,
ignorante e caçadora de ouro. E todos em Solaria estão
elogiando suas estrelas da sorte por ele ter tido o bom senso de
dizer não para você.”
A raiva arrepiou ao longo da minha pele com suas
palavras e abri minha boca para rasgá-la novamente, mas
antes que pudesse, Darius falou.
“Roxy me disse não,” disse ele em voz baixa, o que
interrompeu Marguerite. “Não o contrário. E tenho quase
certeza de que já te disse para não falar merda sobre ela mais
de uma vez.”
Marguerite empalideceu, seu rosto retorcendo enquanto
seus lábios abriam e fechavam como um peixinho dourado. Ela
gaguejou algo que pode ter sido o início de um pedido de
desculpas, mas ele não lhe deu mais a chance de falar.
“Não sei de onde você tirou isso para sair alegando ter algo
acontecendo comigo de qualquer maneira. Eu mal namorei com
você e certamente não me interessei por nada que tinha a
dizer. Fodi você porque estava entediado. E terminei porque
percebi que entrar em suas calças seria ainda mais chato.
Portanto, mantenha a porra da boca fechada sobre mim e
Roxy, caso contrário, vamos ter um problema.”
Fiquei vermelha, corando por toda parte, minha
mandíbula apertou enquanto tentava descobrir como me sentia
sobre ele me defendendo daquele jeito. Nunca fui a garota que
precisava ser salva pelo valente cavaleiro.
“Tomem seus assentos, Vixens,” disse Orion
preguiçosamente enquanto acenava para o meu esquadrão ir
para as arquibancadas para assistir a equipe Twinkle fazer sua
dança. “Ao contrário da crença popular, assistir os esquadrões
de torcida dançando não é na verdade um hobby meu e há
outras coisas que gostaria de fazer na minha noite, uma vez
que isso esteja encerrado.”
“Talvez eu deva ser o juiz principal, então, Lance?” Washer
sugeriu lançar um olhar de esperança para Nova com
entusiasmo, como se achasse que ela poderia lhe dar o cargo.
“Tenho sido um entusiasta de Torcida durante toda a minha
vida e conheço todas as maneiras como seus corpos jovens e
flexíveis deveriam se dobrar, se moldando aos movimentos.
Então, se você quiser trocar, posso...”
“Alguém vai colocar a música para tocar ou o quê?” Orion
latiu, ignorando-o totalmente e fui varrida para o meio do meu
esquadrão quando nos sentamos na segunda fila atrás do time
de Pitball.
Acabei sentada bem atrás de Darius enquanto Kylie mexia
no sistema de som para configurá-lo para sua rotina.
“Não preciso que você pule e me resgate,” murmurei,
incapaz de morder minha língua enquanto olhava para a parte
de trás de sua cabeça.
Darius se virou em sua cadeira e ergueu uma sobrancelha
para mim. “Estava apenas dizendo a verdade. Não estou
pedindo que você me agradeça.”
Ele descansou o braço nas costas da cadeira e meu joelho
roçou nele, enviando um arrepio na minha perna.
“Então você estava com vontade de apontar o quão terrível
ela é na cama?” Perguntei, ignorando a pontada de ciúme que
passou por mim ao pensar nele com ela.
“Sim.”
“Ela era realmente tão horrível?” Perguntei porque o
fascínio mórbido era uma merda e aparentemente estava com
vontade de me torturar.
“Era como enfiar meu pau em um saco de batatas e
sacudi-lo para ver o que aconteceria,” ele brincou. “Teria que
questionar meu próprio desempenho se não fosse pela maneira
como ela gritava.”
“Foi assim mesmo?” Me recusando a deixar o assunto,
mas minhas unhas estavam definitivamente cortando minhas
palmas. Só esperava que ele não percebesse.
“Sim. Ela parecia um porco com uma cenoura enfiada na
bunda. Não consegui terminar.”
Uma risada saiu dos meus lábios antes que pudesse detê-
la e de repente todos os outros Herdeiros, Geraldine, Darcy,
Orion e bem, todos na verdade, estavam girando em suas
cadeiras e olhando para nós.
“Mentiroso,” assobiei.
“Eu sou?” Havia um sorriso malicioso brincando em seus
lábios, o que chamou minha atenção para sua boca e de
repente estava com muito calor em minha roupa minúscula e a
memória de nós dois emaranhados no trono do Palácio das
Almas estavam escorregando para a frente na minha mente.
A primeira batida da música começou e todos desviaram o
olhar quando a equipe Twinkle começou sua dança de Can't
Stop The Feeling de Justin Timberlake, mas Darius ficou
olhando para mim por mais um momento.
“Bem, pelo menos a derrotei nesse departamento,”
provoquei. “Você definitivamente gozou comigo.”
“Sim. Poderia gozar só pensando em você,” ele concordou.
“E faço isso com bastante frequência.”
Meus lábios se abriram e quase o deixei me deixar sem
palavras antes de me forçar a responder em voz baixa. “Bem,
isso é útil, visto que nunca mais nos tocaremos.”
O sorriso caiu dos lábios de Darius e sua íris fechou atrás
de seus olhos enquanto sua expressão escurecia. “Obrigado
pelo lembrete, mas estou bem ciente.”
Ele se afastou de mim antes que eu pudesse tentar retirar
minhas palavras. Não quis dizer isso como uma provocação ou
uma tentativa de esfaqueá-lo ainda mais. Acabei deixando
escapar a primeira coisa que me veio à mente. E não foi a
primeira vez que fiz isso com ele e o machuquei. Me sentia tão
pré-programada para ficar na defensiva o tempo todo que
quase não conseguia parar a merda que saía dos meus lábios
às vezes. Assim como quando disse a ele que estarmos juntos
não significou nada para mim. O desejo de ser honesta e dizer
a ele o quanto isso estava me machucando também cresceu na
minha garganta. Quase consegui, mas não fui adiante. Foi
fraco e egoísta da minha parte, mas nunca fui boa em ser
vulnerável e nem tinha certeza de qual seria a razão disso
agora.
Meu estômago agitou-se com culpa e soltei um suspiro.
Talvez Gabriel tivesse razão sobre eu precisar assumir mais as
minhas merdas. Provavelmente devia a ele um pedido de
desculpas também.
Encarei Darius por outro momento, mas quando
Marguerite saltou no ar, meu olhar foi atraído para seu
esquadrão e deixei pra lá. Não era como se importasse de
qualquer maneira. Fiz minha escolha. Era melhor continuar a
odiá-lo e ele me odiando também. Mesmo que esse pensamento
apenas me desse um nó por dentro e me deixasse doendo.
Percebi Caleb me observando ainda e olhei-o enquanto ele
me ofereceu um sorriso deslumbrante. Franzi a testa um pouco
quando o devolvi, me perguntando o que ele estava procurando
e ele estalou os dedos, uma única folha girando deles antes que
ele a jogasse no meu colo.
Olhei-o, vendo as palavras que estavam firmadas nela.
Você quer ir em uma caçada comigo novamente em breve?
Levantei uma sobrancelha para ele, me perguntando o que
ele estava pensando. Nós basicamente concordamos que não
íamos ficar juntos novamente e as coisas da caça tinham sido
apenas preliminares para nós. Mas tinha que admitir que fiquei
tentada. Perdi a adrenalina que tive da caça, tentando escapar
dele enquanto a ansiedade corria em minhas veias. E
realmente, a mordida não era tão ruim. Mas se ganhasse, teria
que pensar em um prêmio diferente... talvez pudesse convencê-
lo a me dar aulas de magia da Terra e Fogo...
Empurrei minha magia para a folha, mudando-a para que
a palavra talvez que escrevi se destacasse na superfície cerosa,
então joguei a de volta para ele antes de focar na dança de
Marguerite.
A equipe Twinkle era boa. Odiava admitir, mas elas eram.
Trabalhavam perfeitamente juntas, pulando, girando,
sacudindo seus pompons mudando de cor e combinando magia
com todos os tipos de ginástica impressionante.
“Rebolem!” Washer chamou com entusiasmo. “Vire essa
concha!”
Mordi meu lábio enquanto as observava, meus nervos em
guerra dentro do estômago como uma horda de vespas
furiosas.
“Vamos, Minor, eu sei que você pode abrir mais as pernas
do que isso... suba até a sua cabeça!” Washer gritou.
Troquei um olhar de desgosto com Berenice quando ela me
deu um estremecimento exagerado.
Quando a apresentação chegou ao fim, Kylie e Jillian
saltaram para o ar, girando ao descer e pousando
perfeitamente no momento em que Marguerite jogou uma bola
de fogo sobre suas cabeças. Quando as chamas começaram a
diminuir, as palavras Vai Zodiac! chamejou dentro do fogo.
A equipe Twinkle estava toda radiante de triunfo e
sacudindo seus pompons ou mãos de jazz, respectivamente,
enquanto a música diminuía e eu me perguntava se nosso final
seria apreciado ou não.
O time de Pitball aplaudiu, alguns rapazes no banco
gritando seu apoio enquanto se aproximavam para parabenizar
as garotas malvadas. Eu estava supondo que eles eram os
propagadores de Manticrabs, mas não poderia dizer que
conhecia alguns deles em particular.
“Venha então, Vixens, vamos ver se vocês conseguem
superar isso.” Orion nos apontou para irmos à frente e
descemos para o campo enquanto Berenice se apressava para
iniciar nossa trilha sonora.
Tínhamos optado por algo um pouco diferente das
apresentações animadas usuais. Nossa música tinha uma
batida rápida e muitos pontos que encorajavam truques e
magia espalhafatosas. Era realmente mais um show do que
uma dança, mas não me importava em admitir que a coisa toda
era uma merda quente.
Tomei minha posição no centro do esquadrão, sem
nenhum pompom à vista. Todas nós nos apoiávamos umas nas
outras, enquanto esperávamos pela música.
Meu coração estava batendo forte com uma combinação de
nervosismo e excitação, enquanto todas as garotas se fechavam
ao meu redor. Por um lado, sabia que isso era apenas uma
rotina estúpida para um clube do qual nem queria entrar, mas
havia algo de libertador em fazer algo sem outra razão a não
ser me divertir e estava realmente esperando muito que
estivéssemos prestes a vencer.
U Can't Touch This de MC Hammer começou a tocar e a
música assumindo quando todas nós entramos em movimento,
dançando em perfeita sincronia em movimentos que eram
muito adequados para uma boate, mas funcionavam da mesma
forma aqui.
Duas das Elementais da Água jogaram uma lâmina de
cristais de gelo cintilantes diante de nós e saltamos em uma
série de saltos, giros e saltos. Cada vez que os cantores da
música gritavam wooaah, um par de diferentes membros do
esquadrão era jogada para o ar, atirando chamas, gelo ou
pétalas de flores de suas palmas. Então as Elementais do Ar
dispararam acima de todos os outros.
Fiquei no centro, rebolando e moendo entre as outras
garotas com a música enquanto enviava uma combinação de
todos os meus Elementos voando em momentos diferentes da
dança.
Quando a música parou, Berenice e Alexa me jogaram no
ar e me lancei acima do resto do esquadrão, usando minha
magia do Ar para me impulsionar com uma mistura de
chamas, cristais de gelo e pétalas caindo das pontas dos meus
dedos enquanto girei no local. Desci assim que o verso
começou novamente e todas as outras garotas piraram e
giraram ao meu redor.
“É isso! Pernas atrás da cabeça!” Washer chorou, mas só
tinha olhos para Marguerite enquanto me movia entre duas das
outras meninas e formamos uma linha com todos os nossos
quadris travados juntos, piscando para ela enquanto movíamos
nossos quadris de uma forma que poderia ter beirado a
pornografia. Mas se ela ia sair por aí me chamando de
prostituta o tempo todo, não queria decepcioná-la.
A garota na extremidade esquerda da linha jogou as mãos
para cima, lançando fogo que ela jogou atrás da cabeça para a
próxima Elemental do Fogo do grupo. E assim por diante,
saltando sobre todas nós, onde a última garota que estava
atrás da multidão atirou-o em direção ao teto.
Joguei minhas mãos para cima, explodindo Fogo da Fênix
nela, que explodiu em uma bola de fogo vermelha e azul.
Faíscas de ouro derretido choveram sobre nós enquanto todas
nós virávamos de costas para as arquibancadas, nos
inclinando e levantando nossas saias para expor a pintura
corporal em nossas nádegas enquanto a música chegava ao
fim.
O silêncio nos cumprimentou, pois o time de Pitball foi
presenteado com uma visão das palavras Zodiac chuta
traseiros! rabiscadas em nossas nádegas reais e troquei um
sorriso com Berenice.
“Foda-me,” Caleb murmurou meio segundo antes de Darcy
e Geraldine começarem a gritar excitadas, batendo palmas com
entusiasmo.
No momento em que nos endireitamos e nós viramos,
todos os outros estavam batendo palmas também e o sorriso no
meu rosto parecia suspeitamente real. Tipo... talvez eu
estivesse realmente feliz naquele momento.
Todo o meu esquadrão começou a gritar de excitação,
saltando sobre mim e me esmagando sob elas, pois não poderia
deixar de rir também. Essa dança tinha sido totalmente foda.
Se eles não nos escolhessem, seria uma maldita farsa, mas
pelo menos sabíamos que havíamos feito isso com perfeição. O
resto era com as estrelas e como tinha certeza que elas me
odiavam e não era um bom presságio, mas tanto faz, nós
tínhamos feito tudo o que podíamos.
O silêncio caiu quando Orion, Nova, Prestos e Washer
começaram a discutir nossas danças, fazendo pequenas
anotações em suas pranchetas.
Foi meio ridículo, mas me encontrei com vontade de
vencer.
“Foi um pouco... sugestivo,” disse Washer em uma voz de
desaprovação que levou o meu queixo cair. Saco de merda com
bolas.
“No entanto, a Zodiac sempre ultrapassou os limites,”
disse Nova, seu olhar varrendo entre nós e a Equipe Twinkle,
que haviam se posicionado no campo um pouco afastadas,
ficando distante de nós para esperar pela decisão também.
“Não seguimos padrões, nós os definimos. E elas certamente
atrairiam uma multidão.”
“Não é todo dia que você pode mostrar as habilidades de
Fogo da Fênix,” acrescentou Orion com um sorriso malicioso
enquanto olhava na minha direção.
Meu coração batia forte quando os quatro trocaram
olhares e Nova assentiu enquanto apontava para algo na
prancheta.
“As Vixens ganharam!” Anunciou Orion, mas mal o ouvi
enquanto as garotas ao meu redor gritavam como banshees,
pulando em cima de mim e me apertando com tanta força que
corria o risco de eu estourar.
Gargalhei junto com elas enquanto rolávamos no chão e
por um momento me senti leve, livre e apenas... feliz.

##

A escuridão sussurrou para mim, para deixá-las entrar


novamente com promessas de esquecimento, quando a dor me
atingia dez vezes mais forte enquanto estava deitada em minha
cama. A felicidade persistente da nossa vitória tinha
desaparecido depois daquele momento fugaz de liberdade.
Esperava passar a noite sem desistir. Mas...
Meus dedos se contraíram e Sombras enrolaram entre
eles, puxando um suspiro dos meus lábios enquanto beijavam
minha carne.
Preciso aprender como manejá-las melhor de qualquer
maneira.
Mas teria uma noite de folga. Tinha decidido isso e
pretendia ficar com isso.
Porém isso foi antes dos pesadelos, com a dor tentando me
afogar enquanto dormia novamente...
Se pudesse tirar uma noite de folga sem elas, saberia que
não estava ficando viciada, essa foi a barganha que fiz comigo
mesma.
Porém isso foi antes que a agonia voltasse. E meia noite
sem elas ainda é a prova de que não preciso delas...
As Sombras deslizaram para cobrir meus braços e suspirei
com sua carícia gentil. Elas sabiam exatamente como acalmar
a escuridão que habitava em mim. E não precisei de muito,
apenas um gosto para tirar um pouco da dor.
Um gemido escapou de mim quando as Sombras
deslizaram sobre minha pele, minhas costas arqueando contra
a cama enquanto mergulhavam dentro de mim, alimentando-se
da minha dor, oferecendo-me consolo por um momento. Mas
ainda podia sentir aquela tristeza em meu coração que
sangrava por Darius Acrux e eu não queria sofrer com isso.
Meus dedos esfriaram quando invoquei minha magia da
Água, formando uma lâmina de gelo para que eu pudesse
oferecer um pouco mais de mim.
Precisava sangrar por elas, só um pouco, apenas o
suficiente para me acalmar e então...
Deixei cair a lâmina que criei de repente quando algo
roçou minha pele, me chamando de volta do escuro com uma
promessa de segurança diferente de tudo que já conheci.
Engasguei quando me sentei, as Sombras recuando
enquanto jogava as cobertas para trás e minha pele se
arrepiando com o calor.
Não fechei minhas venezianas na noite passada. Inferno,
mal me lembrava de tomar banho. Não me preocupei com isso,
mas esse deslize em particular nos meus padrões era na
verdade um tapa na cara. Aquele momento de felicidade com as
meninas da torcida me custou muito caro. A descida daquela
altura me colocou em um lugar realmente escuro novamente.
As estrelas brilhavam intensamente no céu marinho lá
fora, cintilando inocentemente enquanto olhavam para mim
como se não tivessem me amaldiçoado com um destino de
miséria e solidão.
Meus lábios se curvaram enquanto olhava para elas e me
levantei, cruzando a sala para baixar as venezianas para
bloqueá-las.
Dane-se as estrelas. Dane-se o destino. Dane-se cada coisa
fodida que me trouxe aqui, me mastigando e cuspindo fora.
Dane-se o trono, o Conselho e a academia. Dane-se ser uma
maldita Vega.
Soltei um longo suspiro enquanto lutava para recuperar o
controle do meu temperamento antes de acabar quebrando
algo.
As Sombras se enrolaram em torno das minhas mãos,
torcendo ainda mais meus braços enquanto sussurravam
promessas de esquecimento e liberdade em meu ouvido
novamente.
Inalei profundamente enquanto fechava meus olhos,
cambaleando à beira de seu abraço. Como seria fácil mergulhar
nelas, apenas por um momento, apenas tempo suficiente para
esquecer...
Um ruído suave chamou minha atenção e meus olhos se
abriram quando me virei em direção à porta.
Meu pijama consistia em uma calcinha preta e a realidade
mortificante que era a velha camiseta de Darius Acrux. Foda-se
as estrelas por me fazerem ansiá-lo mesmo agora. Elas sabiam
tão bem quanto eu os motivos que tive para tomar minha
decisão. No entanto, eu deveria ser punida ao lado dele por
esse fracasso. Que tipo de destino era esse?
Caminhei pelo tapete macio em direção à minha porta,
minha magia transbordando para a superfície da pele quando
escutei outro som baixo vindo de trás da madeira. Havia
alguém no corredor, tinha certeza disso.
Cheguei à porta, meus dedos acariciando a maçaneta
enquanto considerava abri-la para ver quem havia perturbado
meu sono, mas algo parou minha mão.
O desejo de voltar para a minha cama me consumiu por
um momento e quase me afastei antes que meu Fogo da Fênix
chamejasse sob minha pele e queimasse todos os pensamentos,
exceto os meus, de minha mente.
Estava cansada de ouvir as estrelas.
Estendi a mão hesitantemente e pressionei minha mão na
madeira diante do meu rosto.
Engasguei quando o calor tocou minha palma, uma magia
feroz e faminta lambendo o outro lado da porta enquanto seu
dono estava tão perto que podia sentir o poço profundo de seu
poder.
“Darius?” Murmurei e a magia explodiu como se estivesse
surpresa, mas nenhuma resposta veio para mim.
Meu coração batia forte com uma dor tão pura que
queimou até as profundezas da minha alma.
Inclinei-me para frente até que minha testa pressionou
contra a madeira, exalando profundamente enquanto deixei
cair as paredes que cercavam meu próprio poder.
Gemi quando sua magia inundou minhas barreiras, meus
dedos pressionando contra a madeira com mais firmeza, como
se pudesse ser capaz de abrir um caminho até ele. Era êxtase e
agonia, tudo em um. Queria me banhar nesse calor até me
afogar e nunca mais ter que passar um momento sofrendo
pelas escolhas que nós dois fizemos.
Ele ainda não tinha falado, mas não havia como negar que
seu poder estava lá. Quase podia sentir seus dedos
pressionando a madeira assim como os meus, como se a fina
barreira desta porta não nos separasse. Mas separava. Assim
como todo o resto.
“O que você está fazendo aqui?” Murmurei, minha voz
quase um sussurro e ainda parecendo um grito na mais escura
das noites.
Ele não respondeu e meu coração batia ferozmente
enquanto pensava entre o desejo de abrir a porta e dizer a ele
para sair novamente. Também não fiz.
Todas as coisas que nunca tínhamos dito um ao outro
pairaram no silêncio e todas as coisas que deveríamos não ter
falado também. Mas essas coisas mantiveram companhia com
tudo o que havia acontecido entre nós e muito disso era escuro,
cruel e feio que eu nem sabia por onde começar. Nenhum de
nós sabia. Nunca soubemos. O que era metade do problema,
embora nem tudo por um longo tempo. E agora nada disso
importava mais de qualquer maneira.
Meus lábios se separaram e tentei forçar as palavras que
precisava da minha garganta, mas nem tinha certeza se as
tinha ouvido.
“Darius, eu...”
Sua magia se retirou de repente e estremeci quando fiquei
fria, encostada na minha porta na esteira de sua presença.
Respirei fundo e uma lágrima escorregou pela minha
bochecha.
Poderia não ter tido as palavras, mas ele veio aqui e
chegou tão perto que talvez eu precisasse compensá-lo e fazer
diferente.
Fui para trás, escancarei minha porta e abri minha boca
para gritar para ele parar...
Não havia ninguém lá.
Meu coração batia forte em uma melodia perigosa
enquanto olhava para frente e para atrás ao longo do corredor.
Tinha tanta certeza de que ele estava bem aqui, mas
quando entrei no corredor vazio com toda a intenção de chamá-
lo, não encontrei nada além de escuridão esperando por mim.
Outra lágrima desceu ao longo da minha pele enquanto
voltava novamente para o meu quarto.
O espaço dentro parecia mais frio do que antes.
E eu duvidava que encontraria o sono novamente.
Porém encontrei forças para resistir às Sombras mais uma
vez.
Deitado no meu sofá vendo o pôr do sol além da janela, a luz
ondulando através de uma garrafa de Bourbon que estava sobre a mesa
do café. Eu ainda não tinha tocado nela. Ainda não. Todas as noites, desde
que tive a visão da alma de Clara ao lado de Lionel, comandando um
exército de Ninfas, tinha sido tentado a me embebedar até o estupor. Mas
havia uma coisa inconfundível que me impedia de abrir a garrafa. Blue.
Eu não era bom para ninguém meio quebrado, muito
menos para ela. Mas mesmo assim brincava com a tentação,
colocando aquela garrafa onde podia vê-la. Não sabia porque
gostava de me atormentar. Talvez fosse para testar do que eu
era realmente feito. Se conseguiria realmente permanecer como
o homem que me tornei desde que Blue chegou à minha vida.
O pensamento de que essa fase fosse temporária me
deixou com medo. Porque quem eu tinha sido antes não
chegava perto de merecê-la. E pelo menos agora eu estava
tentando ser melhor. Ser o suficiente. Mas às vezes, as
Sombras me chamavam no escuro, sussurrando os meus
pecados, minhas falhas. E talvez, no fundo, eu nunca me
sentisse digno dela.
Aparentemente, eu estava com vontade de sofrer enquanto
desenterrava a caixa de sapatos com as coisas de Clara que
tinha guardado depois que a perdi. A vasculhei, correndo meus
dedos sobre a moeda de ouro que ela ganhou em uma aposta
com um Dragão em seu último ano, a caixa amorosamente
usada de cartas de Tarot que ela usava em todas as aulas de
Artes Arcanas, o bracelete charmoso que ela fez de gelo e então
um Elemental da Terra o transformou em prata. Por último,
puxei o diário do final da pilha, passando meus dedos sobre a
capa de couro e deixando meu coração sangrar por um
momento.
Nunca abri. Seus segredos eram seus. Mesmo na morte.
Ou, pelo menos, era onde pensei que ela tinha estado todos
esses anos. Em algum lugar além do véu. Me convenci de que
ela estava em paz e durante todo esse tempo ela esteve
literalmente em um inferno. Sozinha, sofrendo, sem nada além
das Sombras para lhe fazer companhia. Não admirava que elas
tenham se enraizado nela. Mas ainda assim me quebrou.
Não conseguia aceitar a ideia de que ela não poderia ser
salva. Mesmo depois do que ela fez comigo. Mas havia tantas
dúvidas em mim agora que, se deixasse meu foco escapar por
um segundo, minha esperança começaria a se desfazer e
afundaria no desespero.
Fechei os olhos e recorri a uma das minhas memórias
mais felizes. De Clara e eu brincando sob o salgueiro na casa
da minha família. De meu pai chamando nossos nomes
enquanto ríamos e nos escondíamos atrás das folhas. Eu tinha
seis anos e Clara sete. Ela pressionou os dedos nos lábios e nós
caímos de joelhos, espiando sob os galhos onde os pés do meu
pai poderiam ser vistos andando.
“Hum, as Ninfas roubaram meus filhos,” ele brincou,
fingindo que não sabia exatamente onde estávamos. E, na
época, realmente acreditávamos que ele não sabia que
estávamos ali. “Vou ter que ligar para o FIB.”
“O FIB,” engasguei, olhando para Clara. Ela tinha uma
aparência selvagem, o cabelo espetado em todas as direções, as
sardas iluminadas pelos dias de sol. Mas sempre fui mais
escuro, o sol dourando minha pele com um brilho de ouro a cada
verão com quase nenhum esforço.
“Shh bobo, ele não irá chamá-los realmente,” Clara
sussurrou, segurando minha mão enquanto deitamos no chão.
Meu pai começou a falar como se estivesse ao telefone.
“Sim, meus queridos filhos desapareceram. Definitivamente são
Ninfas. Vocês virão rapidamente?”
A boca de Clara se abriu e ela olhou para mim com medo.
“Teremos um grande problema.”
Rindo, sufoquei minha risada com a mão. Gostava de
encrenca. Até ouvi minha professora do ensino fundamental
falando sobre mim uma vez, dizendo que eu causaria problemas
com as meninas quando fosse mais velho. Na época, pensei que
ela se referia à minha irmã. E jurei ser sempre seu guardião
desde aquele dia, porque de todos no mundo, nunca quis causar
problemas a ela.
Clara agarrou minha mão e seus olhos brilharam com
malícia. “Vamos atacá-lo.”
Sorri, balançando a cabeça. “Irei primeiro, caso ele fique
com raiva.”
Ela balançou a cabeça. “Você não tem que me proteger,
Lancey.”
“Não preciso, mas quero,” falei com firmeza, ficando de pé e
ela sorriu enquanto pegava um pedaço de pau e o empunhava
como uma espada. Corri para fora entre as folhas do salgueiro,
mas papai estava pronto, me tirando do chão com a magia do
Ar, então fiquei pendurado de cabeça para baixo na frente dele.
“Yah!” O cutuquei com o galho e ele soltou uma risada,
estendendo a mão e fazendo cócegas em meus lados até que eu
não pudesse respirar de tanto rir.
Quando ele finalmente me deixou no chão, Clara correu
para abraçá-lo. “Nós realmente não fomos sequestrados,” ela
disse, batendo seus longos cílios enquanto olhava para ele.
O cabelo de papai era um ninho rebelde de cachos escuros,
seus olhos negros e profundos como os meus. Mamãe disse que
um dia eu ficaria parecido com ele. Ela disse que um dia seria
um ótimo marido também, mas não queria ser um marido e sim
um Vampiro. Queria correr tão rápido quanto mamãe e papai e
carregar Clara nas costas como um macaco.
Papai pegou Clara no colo, colocando-a nos ombros e ela
deu uma gargalhada. “Bem, isso é um alívio,” disse ele. “Não
queria entrar em um ninho de Ninfa está tarde para salvá-la.
Mas eu teria, é claro.”
“Você viria para nós se fôssemos capturados por cem
Ninfas?” Perguntei.
“Com certeza, Lancelot,” ele prometeu, despenteando meu
cabelo. Ele sempre me chamou assim. Ele dizia que era um
cavaleiro de uma história mortal e que me convinha porque eu
era corajoso como ele.
“Que tal mil?” Estreitei meus olhos com desconfiança. Mil
era uma quantidade terrível de Ninfas.
“Sem dúvida,” ele disse facilmente.
“Que tal dez mil?” Exigi. Eram Ninfas demais para enfrentar
sozinho.
“Meu garoto, iria atrás de vocês mesmo se fossem
sequestrados por um milhão de Ninfas. Não há limites para o
que eu não faria.”
“Por quê?” Fiz uma careta.
“Porque amo você e sua irmã. E é isso que se faz pelas
pessoas que ama,” ele explicou e acenei com a cabeça, meu
coração inchando. Porque entendi isso. Enfrentaria um milhão de
Ninfas por ela e por meus pais também. Mas definitivamente
precisaria de uma espada de verdade.
Alguém bateu na porta e saltei do devaneio, levantando-
me e torcendo para que Brian não tivesse decidido vir me
visitar. Ele provavelmente podia sentir minha miséria se
estendendo para dentro de sua casa, então realmente tinha que
me trancar antes que ele me convencesse de que um abraço
com ele era uma ótima ideia.
Abri a porta, encontrando Gabriel lá com uma garrafa de
Faenta laranja e um sorriso de lado. “Achei que você poderia
usar o refrigerante para tirar sua mente daquela garrafa de
Bourbon, Orio.”
Soltei um suspiro divertido. “Veio se juntar à minha festa
de piedade? Acabou de perder o flashback da infância,
infelizmente, mas você chegou bem a tempo para o bolo de
apatia e uma rodada de resmungos musicais.”
Afastei-me para deixá-lo entrar e ele arqueou uma
sobrancelha para mim com um sorriso malicioso, entrando na
casa e chutando a porta. “Pelo menos ainda é sarcástico,
irmão, o dia em que perder o juízo é o dia em que perderei
totalmente as esperanças para você.”
“Bom saber.” Voltei para o sofá, caindo e Gabriel nos
serviu um copo de refrigerante para cada antes de se juntar a
mim.
Bebi o doce e efervescente líquido enquanto Gabriel pegava
o diário de Clara. Havia muitas poucas pessoas no mundo que
permitiria tocar nisso, mas felizmente ele era uma delas. Caso
contrário, seu rosto estaria cambaleando com o impacto do
meu punho agora.
“Não leia,” falei. “É de Clara.”
“Não, não é,” ele disse imediatamente, seus dedos roçando
a capa de couro como se estivesse lendo sobre ela.
“Claro que é.” Arranquei dele, plantando meu copo vazio
na mesa. “Estava com as coisas dela.”
“Não é dela, Orio,” disse ele em um tom sério. “Abra.”
Fiz uma careta, minha mandíbula apertando quando abri
a primeira página e meus pulmões se comprimiram com as
palavras que encontrei lá.

Propriedade de Azriel Orion.


“É do meu pai,” murmurei em descrença.
“Seu diário?” Gabriel perguntou, mas eu não sabia, então
encolhi os ombros em resposta, molhando minha boca ao virar
a página.
As palavras eram criptografadas, aparecendo como uma
confusão de símbolos sem sentido e enquanto eu traçava meu
polegar sobre a página, senti a magia ainda as unindo. “Pelas
estrelas, tive isso todos esses anos e nunca pensei em verificar
se era realmente de Clara.”
“Você pode quebrar a criptografia?” Gabriel perguntou,
inclinando-se mais perto para dar uma olhada para que seu
cabelo escuro caísse sobre a testa.
Fechei os olhos, tentando sentir a magia que ele usou.
Minha mente se prendeu em uma certa sensação e soltei um
suspiro, abrindo meus olhos e descansando na minha cadeira.
“É necessária uma senha. Teria que falar em voz alta, mas não
tenho ideia do que meu pai escolheria. Alguma chance de você
saber a resposta?” Perguntei, mas ele balançou a cabeça.
“Talvez se conhecesse seu pai, mas não posso ver esses
tipos de detalhes de um estranho. Tente seu nome,” Gabriel
encorajou, seus olhos brilhando com intriga.
“Lance,” falei, franzindo a testa para a página. “Clara,
Stella...” Nada.
Fiz uma careta, colocando o caderno na mesa de centro.
Minha cabeça estava muito fodida agora para descobrir. Mas
talvez conseguisse decifrá-lo com o tempo.
Gabriel pousou a mão no meu ombro e lançou uma bolha
silenciadora pela sala.
Fiz uma careta, olhando-o em busca de uma explicação e
ele suspirou, me dando um tipo de sorriso culpado.
“O que está acontecendo?” Exigi.
“Eu sei algumas informações sobre você.”
“Que informações?” Rosnei, minha frequência cardíaca
subindo.
“Não é nada ruim, apenas não perca a cabeça, ok?” Ele
falou e pressionei minha língua na minha bochecha,
esperando. “Eu sei sobre você e Darcy Vega.”
Senti como se tivesse levado um soco direto no coração.
Apesar do fato de que ele era meu amigo, minha porra de
Aliado da Nebulosa, minhas defesas ainda saltaram.
“Gabriel...”
“Salve isso.” Ele bateu no meu ombro. “Já ouvi tudo isso
mil vezes em minhas visões. Você não precisa explicar. Quando
digo que sei, quero dizer, eu sei. Você está apaixonado.”
O sangue estava definitivamente drenando do meu rosto e
o encarei em estado de choque e talvez um pouco aliviado
também. Odiava esconder Blue. Desprezava isso. E
compartilhar a verdade com outro de meus amigos mais
próximos no mundo foi como tirar um peso dos meus ombros.
“Ninguém pode saber,” falei, minha voz cheia de
preocupação. Tentei manter isso entre mim e Blue por tanto
tempo e agora temia a rapidez com que o segredo estava se
espalhando. Mesmo que fosse entre pessoas em quem
confiamos. Um deslize da língua e tudo estaria acabado para
nós.
“Claro,” ele disse suavemente. “E só para você saber, não
te julgo nem nada. Francamente, era inevitável.”
“Espere,” murmurei, meu coração batendo mais forte com
uma nota de esperança ressoando pelo meu corpo. “Você pode
ver o futuro? Poderia saber se vai funcionar para nós?”
As sobrancelhas de Gabriel se juntaram e ele olhou nos
meus olhos como se estivesse tentando examinar minha alma e
encontrar as respostas que procurava. “Há tantos caminhos,”
disse ele pesadamente. “Eu não sei... não posso ter certeza.
Sinto muito.”
Desviei o olhar dele, meus dentes cerrando até quase virar
pó. “Está tudo bem,” forcei para fora, embora me sentisse
chateado naquele momento. Principalmente pelas estrelas, por
não me dar conforto algum. Se soubesse que as coisas ficariam
bem para mim e Blue, a vida seria muito menos estressante.
“Estou muito feliz por você,” disse ele, recostando-se na
cadeira novamente. “Feliz pra caralho, Orion. Você teve muita
merda na vida.”
“Obrigado,” falei em uma risada.
“Poderia ser pior, certo?” Ele brincou e esfreguei meus
olhos. O que poderia ser pior agora? Lionel estava se
preparando para assumir o trono. E minha própria irmã o
estava ajudando. As Ninfas se uniram a eles e as estrelas só
mostravam quanto tempo levaria para que o número de mortos
começasse a subir. Parte de mim queria contar a Gabriel tudo
sobre isso. Sua visão não seria capaz de detectar os
movimentos das Ninfas ou qualquer coisa a ver com elas, então
não havia nenhuma chance de que ele já soubesse. Mas não
queria arrastá-lo para essa confusão. Embora, imaginei, que o
mundo inteiro seria arrastado para dentro dessa bagunça em
breve.
“Há algo que preciso conversar com você,” falei
lentamente, sabendo que estava adiando porque arrastar tudo
para cima parecia como cortar uma veia. Mas Gabriel era um
bom amigo. E sabia que poderia confiar nele com qualquer
coisa. Então contei a ele tudo sobre Clara, a noite em que a
trouxe de volta das Sombras e a magia negra que usei. Tudo
isso. E quando terminei, parecia que um elefante de dez
toneladas tinha saído do meu peito.
“É por isso que não pude te ver naquela noite,” ele falou
sob sua respiração, os cotovelos sobre os joelhos enquanto
esfregava os olhos. “Porra, Orio, sinto muito por não estar lá.
Deveria ter...”
“Você não sabia. E na época... eu não queria colocá-lo em
tudo isso.”
“Você sabe que eu estaria ao seu lado em qualquer coisa,”
ele rosnou, virando-se para mim com ansiedade em seu olhar.
“Eu sei, Noxy,” falei com um meio sorriso. “Acho que só
estava tentando protege-lo. Mas parece que sou péssimo em
cuidar das pessoas.” Pensei em Clara com uma pontada no
peito.
Ele franziu a testa severamente. “Você é melhor do que
pensa.”
Meu Atlas zumbiu e o tirei, encontrando uma mensagem
esperando por mim.

Darius: Papai nos convocou.


Essas três palavras enviaram adrenalina aos meus
membros. Queria ir para a Mansão Acrux e arrancar minha
irmã dos braços de Lionel desde a noite em que ela voltou do
Reino das Sombras. Mas agora... agora sabia que as coisas
eram mais complicadas. Ela não estava em seu juízo perfeito,
mas talvez se eu pudesse chegar perto dela, quebrar o poder
que a segurava em suas garras sombrias, poderia trazê-la de
volta. Poderia ter certeza de que ela realmente ainda estava
naquele corpo.
Mandei uma resposta a Darius, levantando-me da minha
cadeira e Gabriel me acompanhou.
“Você tem que ir,” disse ele antes que pudesse dizer uma
palavra, então ele se moveu para frente e passou os braços
firmemente em volta de mim. “Quando você quiser conversar,
estou aqui. Sempre.”
“Obrigado, Noxy.” Dei um tapinha nas costas dele e ele se
dirigiu para a porta, saindo um momento depois.
Atirei para o meu quarto, trocando a merda da roupa de
professor por jeans e uma camisa de botão azul antes de
vasculhar a caixa de coisas de Clara e tirar sua pulseira. Havia
amuletos de prata nele que representavam cada membro de
nossa família, além de seus amigos, sua vida antes de começar
a trabalhar com Stella e ser desencaminhada por Lionel.
Tinha a sensação de que o caminho que sua vida havia
mudado foi depois do momento em que ela concordou em ser a
Guardiã de Lionel. Ele colocou suas garras nela a partir
daquele segundo e nunca mais a deixou ir. Duvidava que ele
tivesse planejado que isso acontecesse, mas com certeza
funcionou a seu favor. Agora ele tinha um servo dedicado que
podia exercer as Sombras e controlar todas as Ninfas do
mundo. Então, se eu apenas pudesse quebrar essa lealdade,
trazê-la de volta, lembrá-la de quem ela realmente era...
Guardei a pulseira com pingente no bolso e usei a porta
dos fundos para sair de casa. Reconheci Darius na extremidade
do Campus, onde estava o buraco que deixei nas defesas. Seus
olhos estavam cercados de escuridão e sabia que ele estava
atormentado por muitos de seus próprios demônios
atualmente. Nós silenciosamente deslizamos pela abertura na
cerca e passei meus braços ao redor dele enquanto estávamos
sob os arbustos que sombreavam o perímetro. Ele agarrou-se a
mim e o nó em meu peito se aliviou enquanto o vínculo entre
nós se aprofundava, zumbindo em meus ouvidos e me fazendo
querer ficar cada vez mais perto dele.
“Vamos apenas correr juntos para o pôr do sol,” Darius
brincou. “Podemos esquecer tudo sobre as Vega e comprar uma
casa em Starshine Bay.”
“Poderemos ter dois filhos. Meninos obviamente. Meninas
são problemas,” joguei junto e ele soltou uma risada quando
nos separamos.
“Você está pronto para isso?” Ele perguntou, seu rosto
ficando sério mais uma vez.
Suspirei, virando minha cabeça para olhar para as estrelas
e me perguntando o que elas tinham reservado para mim esta
noite. Elas brilharam inocentemente e juro que quase pude
ouvir as risadas passando entre elas. Tudo isso deve ter
parecido tão divertido lá em cima no céu sem coração.
“Nunca estarei pronto,” admiti, baixando meu olhar para
ele. “Mas tenho que ir. Quero tentar alcançá-la.”
“Ela não é a mesma,” disse ele em um tom sombrio que fez
meu pulso bater com raiva sob minha carne.
Ele me disse isso uma centena de vezes desde que esteve
em casa e a viu. E embora soubesse que era verdade, eu ainda
não conseguia acreditar que não reconheceria minha própria
irmã quando chegássemos lá. Uma parte tola de mim esperava
que ela me visse, corresse para os meus braços e se
desculpasse por tudo, me dissesse que as Sombras a haviam
reivindicado e ela não estava em seu juízo perfeito.
Mordi o interior da minha bochecha. “Vamos,” forcei e
Darius jogou um punhado de poeira estelar no ar.
Chegamos ao limite da propriedade Acrux e dois guardas
em uniformes pretos avançaram na frente do portão de ferro
com magia piscando em suas palmas.
“Sou eu, idiotas,” Darius rosnou quando um Faelight
iluminou acima de nós para que pudessem nos verificar.
“Boa noite, Mestre Darius,” eles disseram em uníssono, o
que era assustador pra caralho, então se moveram para abrir
os portões.
Imaginei que o velho tio Lionel havia aumentado a
segurança do local. Se você estava planejando dominar o
mundo, suponho que cuidar de sua retaguarda seria uma
atitude sensata. Gostaria que ele não o fizesse, então poderia
ser capaz de enfiar uma adaga drenante em seu coração. Seria
muito difícil acertar o alvo, porém, considerando que devia ser
do tamanho de uma merda de Rato Tiberiano.
Meu coração pulsava forte em uma batida de guerra
enquanto caminhávamos pela longa estrada lado a lado. Já
estive aqui tantas vezes em minha vida, mas nunca com tanta
apreensão como agora.
Minhas mãos estavam fechadas em punhos quando
alcançamos a enorme porta de madeira e Darius estendeu a
mão para descansar no meu ombro. “Estarei contigo.”
Virei-me para ele com um nó afiado na garganta, gratidão
derramando através de mim, embora não fosse capaz de
encontrar as palavras para expressá-la antes que as portas se
abrissem diante de nós. Jenkins fez uma reverência,
conduzindo-nos para dentro com murmúrios de gentilezas e
coloquei a mão no bolso, enrolando meus dedos em torno do
bracelete com pingente de Clara e tentando tirar um grama de
esperança dele.
Escutei som de passos e meu olhar encontrou em Xavier
no topo da escadaria em seu moletom.
“Porra, é bom ver vocês dois,” disse ele, descendo as
escadas antes de hesitar.
“E você, Xavier, como vai?” Perguntei.
“Mestre Xavier decidiu ficar em seu quarto esta noite,”
Jenkins disse, olhando-o com uma irritação mal disfarçada.
Era óbvio que ele não tinha decidido tal coisa, mas poderia
adivinhar quem o ordenou.
“Volte para o seu quarto,” Darius encorajou, uma nota de
preocupação em sua voz. Ele não queria que Lionel aparecesse
e encontrasse seu filho mais novo ignorando ordens, embora
fosse bom vê-lo empurrando de volta. “Nós vamos ver você
antes de sairmos.”
Xavier acenou com a cabeça, atirando um olhar para
Jenkins antes de voltar para o corredor.
“Por aqui, Mestre Darius, Sr. Orion.” Jenkins murmurou,
levando-nos para a sala de fumantes antes de sair correndo.
Lá dentro, Lionel estava de pé ao lado da lareira e tive que
olhar duas vezes a mulher ao lado dele, esperando que fosse
Catalina. Mas não era. Minha irmã usava um vestido preto
decotado que abraçava sua figura e fazia as Sombras se
destacarem em seus olhos.
Uma respiração ficou presa em meus pulmões um
segundo antes dela correr para mim, correndo com a
velocidade máxima de nossa Ordem. Darius gritou e me
preparei para encontrá-la, mas antes que pudesse fazer
qualquer coisa para me proteger, o peso das Sombras
imobilizou meu corpo, meus braços travando contra os meus
lados enquanto Clara se chocava contra mim. Porra!
“Clara!” Lionel gritou um aviso enquanto eu temia por
minha vida. Procurei por qualquer sinal de minha irmã em
seus olhos enquanto ela jogava os braços em volta de mim,
fazendo minhas costas baterem na porta.
“Irmãozinho!” Ela gritou, se lançando em direção ao meu
rosto e rosnei em advertência um segundo antes de seus lábios
baterem em minha bochecha. Então minha testa, meu nariz,
meus olhos. Minha respiração veio irregular enquanto
procurava seu rosto, a dor me cortando em pedaços. É ela?
“Clara, você realmente me conhece?” Murmurei, a
esperança fazendo meu coração bater mais leve.
Ela deu um passo para trás, olhando nos meus olhos
enquanto batia os cílios. Tudo nela era tão familiar e ainda
assim terrivelmente estranho. O rosto era dela, mas não era.
Suas bochechas estavam encovadas onde antes eram cheias e
seus olhos... estavam manchados por um mar de escuridão
sempre rodopiante. Ela me libertou das Sombras e uma batida
de silêncio tenso se estendeu entre nós. Eu precisava arriscar,
precisava ser destemido.
Enfiei a mão no bolso, em silêncio enquanto pegava sua
mão e colocava a pulseira com pingente, ciente de que
tínhamos uma audiência. E ciente de que minha sanidade
estava caindo agora. Mas era o único plano que tinha.
“Você se lembra disto?” Sussurrei, desejando que
pudéssemos ter um momento a sós enquanto a sombra de
Lionel se aproximava cada vez mais.
Darius não estava se movendo, e observei com o canto do
meu olho e tive a sensação de que Clara o estava controlando
com as Sombras também. E isso fez minha confiança vacilar.
“Tão bonito,” ela falou sob sua respiração, virando-o na
palma da mão. “É para mim?” Ela olhou para cima com
esperança em seu olhar e meu pescoço arrepiou.
“Já é seu. Guardei para você.”
Ela estendeu o pulso para que pudesse colocá-lo e o fiz,
meus lábios apertando em uma linha tensa enquanto esperava
algum reconhecimento cruzar suas feições.
“Este é seu,” ela engasgou de repente, pegando o feitiço da
constelação de Orion entre os dedos. “E este é do papai.” Ela
roçou o polegar sobre o salgueiro prateado.
Minha garganta engrossou quando balancei a cabeça, meu
coração batendo fortemente em meus ouvidos.
Ela olhou para cima novamente com lágrimas nos olhos e
por um momento ela era apenas minha irmã novamente. A
garota que interpretou Vampiros e Lobisomens comigo quando
éramos crianças. Quem segurei quando ela caiu e arranhou os
joelhos. Por quem eu teria feito qualquer coisa.
Ela piscou e a garota se foi, um sorriso perturbador
puxando sua boca. “Oh, Lancey, é lindo!” Ela se virou, girando
em direção a Lionel e passando os braços em volta do pescoço
dele, enquanto balançava o pulso na frente do rosto dele. “Olha
o que meu irmão mais novo trouxe para mim.”
“Estou sem palavras,” Lionel brincou, seus olhos em mim.
“Não teremos problemas agora, não é, Lance?”
“Sem problemas,” falei em um rosnado que não foi
totalmente convincente.
Clara acenou com a mão e Darius soltou um suspiro
pesado quando foi liberado de seu feitiço, marchando para o
meu lado em solidariedade.
“Clara estava faminta quando voltou do Reino das
Sombras,” disse Lionel, com um tom irritado. “É uma pena que
você não pensou em me incluir em seus planos para resgatá-la,
então talvez as coisas não tivessem sido tão... bagunçadas. É
quase como se você não quisesse que eu descobrisse.”
Não respondi, porque ele sabia a verdade. Não iria mentir
na cara dele e inventar uma história de merda que não
tínhamos agido pelas costas e empunhado as Sombras para
trazer Clara para casa. Eu já estava em seus livros de merda. E
não pensei que sairia deles tão cedo.
“Pare de fazer beicinho, todo mundo,” Clara exigiu,
penteando os cabelos de Lionel com amor e calafrios
percorreram meu corpo.
Por favor, me diga que isso não está acontecendo, porra.
Minhas suspeitas foram terrivelmente confirmadas quando
o braço de Lionel envolveu possessivamente a cintura fina de
Clara, puxando-a contra seu quadril.
A raiva brilhou quente sob a minha pele e meu lábio
superior puxou para trás em um grunhido antes que pudesse
pensar em pará-lo. Lionel me olhou com sua Ordem de Dragão
piscando atrás de seus olhos, um brilho perigoso para todos
nós.
“Você entende a atração do vínculo de Guardião,” disse
Lionel, quase zombeteiramente. Ele estava me provocando e eu
não seria Fae o suficiente senão reagisse.
“O que exatamente você quer dizer com isso?” Assobiei,
meus ombros se endireitaram enquanto meu olhar se arrastava
sobre suas mãos, onde a tocavam.
Darius pegou meu braço quando dei um passo à frente,
mas me afastei de seu domínio, meus pulmões arfando
enquanto esperava o machado cair.
“Oh querido,” Clara disse em uma voz cantante que não
soava como ela. “Você está chateado com o meu pequeno caso
com o papai, Lancey? Não podemos evitar. É amor.”
“Tire suas mãos dela!” Apontei para o rosto de Lionel,
sabendo que estava pedindo um mundo de inferno, mas foda-
se ele. Foda-se esse filho da puta por colocar o dedo na minha
irmã.
“Cuidado com o tom, garoto,” Lionel disparou. “Você
precisa se acostumar com a forma como as coisas estão agora.
E, francamente, você deveria estar de joelhos implorando pelo
meu perdão depois da façanha que você armou trazendo-a de
volta sem me dizer.”
Peguei o braço de Clara, tentando puxá-la para longe dele
e Darius colocou a mão nas costas da minha camisa para
tentar me impedir. Joguei uma rajada de ar em Lionel, fazendo-
o tropeçar e o olhar em seus olhos em resposta foi puro
assassinato. Ele veio até mim como uma besta, segurando
minha garganta com a palma da mão que estava escaldante.
Minha carne queimou e assobiei entre os dentes quando Clara
trancou meu corpo com as Sombras, não me deixando lutar. E
isso doeu mais do que qualquer outra coisa que ela tinha feito
até agora.
“Pai, deixe-o ir,” Darius exigiu, mas Lionel o ignorou.
“Monstro,” cuspi em seu rosto.
“Você levanta sua voz para mim de novo, Lance, e vou te
mostrar o quão monstro posso ser,” ele rosnou e me jogou no
chão com uma rajada de ar. Seu sapato brilhante batendo no
meu peito para me manter lá e o encarei com ódio escorrendo
por todos os poros do meu corpo. “Clara está comigo agora.
Acostume-se. Ela me protege como você protege meu filho.”
“Posso protegê-lo, mas não fodo com ele!” Rugi e ele
roubou o ar dos meus pulmões com um golpe de sua mão.
Ele se inclinou, um sorriso de escárnio puxando suas
feições. “Eu não me importo com o que você faça com ele,
desde que ele fique fora de problemas. Você não vai comentar
sobre o meu relacionamento com Clara novamente, está claro?”
Os segundos passaram, virando um minuto, dois. Lutei
para respirar, começando a ter convulsões embaixo dele
enquanto seu sapato pressionava com mais força no meu peito.
“Pai,” Darius rosnou. “O suficiente.”
“Vou decidir quando é o suficiente,” Lionel ronronou, uma
pitada de prazer passando por seu olhar enquanto me
observava sofrer embaixo dele. Era para isso que ele vivia. Um
maldito sádico.
Quando estava prestes a desmaiar, ele se afastou de mim
e soltou meus pulmões. Engasguei pesadamente, segurando
meu peito enquanto lutava para manter o ar suficiente dentro.
Darius caiu ao meu lado, preocupação alinhando seus traços
enquanto ele sutilmente lançava magia de cura em meu corpo.
“Levante-se. Mova-se. Temos convidados esperando no
salão de baile. Essa conversa acabou. Tome isso como um
aviso. Mas lembre-se, Lance Orion, posso encontrar outro
Guardião para Darius, se necessário. Estou ficando sem
paciência com você,” Lionel sibilou e Clara deu uma risadinha
enquanto eles se dirigiam para o salão de baile.
“Foda-se ele,” falei asperamente enquanto Darius me
ajudava a ficar de pé.
“Sim,” ele concordou em um tom baixo. “Mas não o irrite
de novo, Lance. Ele irá cumprir com suas ameaças e não posso
perder você.” Suas sobrancelhas se juntaram e suspirei,
pressionando minha testa na dele.
“Você não vai,” jurei, tentando engolir a amargura em
minha boca por saber que Lionel Acrux estava transando com
minha maldita irmã. Porra, porra, porra.
“Vamos,” Darius suspirou e o segui para fora da sala com
um coração que parecia tão pesado como chumbo.
Entramos na festa do inferno no salão de baile enquanto
lutava para manter minha compostura. O vasto salão estava
lotado com a família, seguidores de Lionel e Catalina que
estava flutuando entre eles em um vestido que exibia seus
seios falsos como uma exibição de troféu enquanto batia um
papo educado com seus convidados.
“Oh foda-se minha vida,” Darius disse baixinho antes de
Mildred Canopus sair da multidão em um vestido rosa vívido e
correr em direção a ele de braços abertos.
“Docinho!” Ela exclamou, chamando a atenção de todos
por perto e eles se viraram, sorrindo serenamente como se
estivessem testemunhando uma verdadeira demonstração de
amor.
Ela enrolou seus braços musculosos em volta do seu
pescoço de Darius e ele colocou a mão em suas costas, o corte
baixo significando que ele tinha tocado a carne nua cheia de
erupções com pequenos pelos brotando entre seus dedos.
Chame-me de idiota, mas ela era uma garota feia por causa de
todos aqueles Faeroides que tomava. Seu cabelo castanho
crespo estava preso em um coque elegante e seu pescoço
grosso estava adornado com uma gargantilha de ouro que
parecia que estava prestes a se soltar e arrancar o olho de
alguém.
Algumas pessoas bateram palmas e uma mulher teve a
audácia de enxugar uma lágrima debaixo do olho enquanto
Mildred beijava a bochecha de Darius. Minhas entranhas se
agitaram e meus músculos se contraíram enquanto Darius
treinava sua expressão, tentando o seu melhor para parecer
encantado por sua horrível noiva. Se houvesse justiça no
mundo, aquela garota não iria acabar se casando com meu
melhor amigo. Eu mesmo me casaria com ela, se isso fosse o
necessário para impedi-lo de terminar com a Ogra. Se ela
tivesse uma personalidade meio decente poderia até sentir um
pouco de compaixão por ela. Mas ela era vulgar e arrogante,
sua forma volumosa apenas uma extensão de sua grande
cabeça.
“Bebidas,” anunciei, deixando cair um braço sobre os
ombros de Darius e não inteiramente sutilmente acotovelando
Mildred no peito enquanto o roubava com um jorro de
velocidade de Vampiro. Não me importava com quem eu
irritasse esta noite. Não estava com vontade de ser fodido.
Encontrei um garçom e peguei duas taças de champanhe,
estendendo uma para Darius.
“Obrigado,” disse ele, estremecendo antes de esvaziar a
bebida enquanto o imitava, meus olhos se fixando em Clara
novamente quando Lionel a apresentou a seus convidados.
Meu olhar se prendeu na pulseira em torno de seu pulso
com uma onda de tristeza em meu peito ameaçando me
oprimir. O que eu deveria fazer agora? Num momento ela quase
parecia ela mesma e no próximo, ela era uma estranha. E uma
psicótica. Mas se aquele único flash dela que tinha visto em
seus olhos fosse real, isso significava que ela estava naquele
corpo em algum lugar, se afogando nas Sombras, sua moral
esmagada, suas inibições roubadas. E Lionel estava se
aproveitando ao máximo disso.
“Boa noite, querido,” a voz da minha mãe gotejou através
de mim como gelo derretido e me virei para encontrá-la
direcionando um sorriso açucarado para mim.
“Stella,” falei secamente.
Ela estava usando um vestido de seda cinza, seu cabelo de
ébano penteado elegantemente e seus lábios pintados de
vermelho sangue como se ela tivesse acabado de se banquetear
no pescoço de alguém.
“Você deve estar tão feliz por ter sua filha de volta, tia
Stella,” Darius disse em um tom de zombaria. “Ou você sente
falta de ser a número um do pai?”
“Fale baixo,” ela sussurrou, lançando uma bolha
silenciadora ao nosso redor. “Você vai deixá-lo falar assim com
sua mãe, Lance?”
“Não digo a Darius o que fazer,” falei vagamente. “E se o
dissesse, certamente não me daria ao trabalho de dizer a ele
para não falar com você como se fosse lixo. Não quando você
provou uma e outra vez que é isso que é.” Mantive um sorriso
maldoso no rosto enquanto falava com ela. Era estranho
pensar que algum dia senti algum amor em meu coração por
essa mulher. Que poderia estar relacionado a ela de alguma
forma. Eu não era um bom homem, mas também não era um
pedaço de carvão amortecido. Não, esse tipo especial de frieza
reservei apenas para a minha querida mãe.
“Como você pode dizer essas coisas para mim?” Ela fez
beicinho e revirei os olhos.
7
“Não ligue o sistema hidráulico,” rosnei. “Tenho tolerância
zero para isso.”
Stella estalou a língua com raiva, em seguida, afastou-se e
eu esperava que ela não planejasse voltar pelo resto da noite.
Se ela tentasse me manipular com o choro mais uma vez na
minha vida, eu não seria responsável por minhas ações. Teria
pensado que ela percebeu que a besteira não funcionaria
comigo agora. Mas, aparentemente, eu estava sujeito a isso
para sempre.
“Atenção,” Darius murmurou e me virei para encontrar
Catalina se aproximando de nós. Seus olhos estavam grudados
em Darius e ela se moveu rapidamente em direção a ele,
envolvendo-o em seus braços.
“Como você está?” Ela falou sob sua respiração e jurei que
havia mais emoção em seu rosto de plástico agora do que já
tinha visto antes.
“Tudo bem,” disse ele, apertando-a formalmente, em
seguida, recuando.
Catalina estendeu a mão para acariciar seu rosto, em
seguida, deu-me um sorriso caloroso. Tipo, um que não era
feito de pedra. E fiz uma careta quando ela deu um tapinha no
meu braço e se afastou. Ela nem mesmo tentou flertar comigo
como costumava fazer, graças às estrelas. Passei horas demais
na companhia de Catalina enquanto ela falava no piloto
automático, sussurrando elogios no meu ouvido. E sempre os
mesmos também, me levando à loucura completa. Bonito,
encantador, adorável, poderoso. E às vezes ela falava
inacreditável e sexy também, fazendo realmente meu sangue
gelar.
“Ela parece estar de bom humor,” murmurei, trocando
nossos copos vazios por outros cheios enquanto um garçom
deslizava por mim.
“Talvez meu pai tenha dado a ela um raio de sua coleção,
que fez seu coração bater novamente.”
Eu ri. “Ele ainda está recebendo potes de raios do Dante
Oscura?” Perguntei. O Dragão da tempestade de Alestria era
um bom amigo, especialmente porque ele odiava as entranhas
de Lionel tanto quanto eu.
“Todo mês,” Darius disse com um tsc. “Falando no diabo.”
Olhei por cima do ombro, vendo Dante se mexendo no
meio da multidão. Ele era um homem enorme com cabelos
escuros e olhos igualmente escuros, sua camisa para fora da
calça e um cálice de ouro em sua mão que ele pegou das
estrelas só ele sabia onde. Sorrindo para ele, avancei para
abraçá-lo e batendo-lhe nas costas. Pelo menos havia uma
coisa boa sobre essa festa.
“Boa noite, fratelli,” ele disse com seu sotaque faetaliano
antes de abraçar Darius também. “Vocês dois parecem tão
miseráveis quanto a porra de um Pegasus cagando arco-íris.”
“Você está me dizendo que está gostando desse show de
merda?” Perguntei e seu sorriso sumiu.
“Tanto quanto gosto de foder minha bunda com um
vibrador espetado.”
“O que você sem dúvida tentou, seu filho da puta
pervertido,” Darius brincou e Dante riu.
“Ninguém chega perto da minha bunda com nada. Regra
número um do meu casamento.” Ele olhou por cima do ombro
com um gemido quando escutou a prima mais velha de Darius,
Juniper, vindo em nossa direção, junto com seus três filhos.
Ela usava um vestido laranja brilhante que exibia seu decote
falso e combinava com seu cabelo igualmente laranja.
“Aí está você, meu garotão Dragão,” ela disse
brilhantemente. “As crianças sentiram sua falta.”
Dante coçou o cabelo vagamente. “Vocês têm sido boas
meninas?” Ele perguntou.
“Eles são meninos,” Juniper disse bruscamente e Dante
deu um gole em seu cálice. Se não soubesse que Lionel o
forçou a gerar esses três pirralhos na esperança de adicionar
uma coleção de Dragões da Tempestade à sua família
psicopata. Poderia ter sentido pena deles, exceto pelo fato de
que eles tinham fundos fiduciários do tamanho do Cânion
Wingolian e tinha visto o mais velho comendo minhocas no
verão passado enquanto os outros dois assistiam.
É suficiente dizer que eles eram o tipo de criança que faria
você rejeitar a ideia de ter um seu próprio. Mas o fato de Dante
não ter nenhum interesse neles era um pouco estranho. Ele
não era do tipo que abandonava sua família. Na verdade, como
um Dragão nascido de Lobisomens, ele tinha tantos primos,
irmãos, tias e tios para os quais sempre arranjava tempo e não
conseguia entender por que ele não incluía esses três meninos
também.
Pelo que entendi, ele fez um acordo com Lionel para gerar
essas crianças e isso iria tirá-lo de suas costas. Não que eu
devesse saber disso. Mas Dante confiava em mim e em Darius
o suficiente para compartilhar a verdade. Não é como se
estivéssemos em posição de fazer algo a respeito. Que inferno,
Lionel tinha muito pelo que responder. E um dia, em breve, eu
iria garantir que ele sangrasse por tudo.
“Certo, sim, Jason, Jiles e Jax, não é?” Dante perguntou
como se ele realmente não soubesse e realmente não se
importasse.
“Bertie, Escobar e Hubert,” Juniper corrigiu.
“Mamãe disse que você é um bêbado e um namorador,” o
mais velho saltou e Juniper bateu em sua cabeça.
“Ela disse mesmo?” Dante olhou para Juniper com
eletricidade crepitando ao seu redor. Eu o tinha visto usar seus
poderes de Tempestade antes e ele não era um homem para se
mexer.
Antes que ela pudesse tentar se explicar, alguém bateu em
um copo com uma colher e todos os olhos se voltaram para
Lionel enquanto ele se preparava para fazer um discurso.
Com o silêncio caindo, me virei para enfrentar a ruína da
minha vida e me perguntei que coisas maravilhosas ele tinha a
dizer para a sala.
“Boa noite, família e amigos,” disse Lionel calorosamente.
“Esta noite estamos aqui para celebrar o retorno de um
membro da família há muito perdido, Clara Orion. Depois que
ela desapareceu anos atrás, nunca paramos de nos preocupar
com ela e quase sou levado às lágrimas para anunciar que ela
finalmente voltou para casa.” Ele parecia tão perto de chorar
quanto eu de cagar nas calças.
Aplausos soaram e Clara curvou-se dramaticamente antes
de envolver os braços em torno de Stella. Lionel não deu mais
explicações sobre o paradeiro dela, mas eu não tinha dúvidas
de que uma história bem elaborada estaria nos jornais amanhã
de manhã. “Em segundo lugar, gostaria de comentar a notícia
que esta semana as gêmeas Vega anunciaram sua intenção de
reivindicar o trono de Solaria.”
A tensão percorreu a sala e minha mão apertou meu copo.
“Quero assegurar que as duas garotas que viveram suas
vidas inteiras no reino mortal estão jorrando nada além de
palavras bonitas e esperançosas. Por mais que deseje o melhor
a elas, há pouca ou nenhuma razão para se pensar que elas
possam representar uma ameaça real ao trono. Amanhã,
estarei me reunindo com os outros Conselheiros Celestiais para
discutir a ascensão vindoura de nossos filhos e começaremos a
prepará-los para sua eventual tomada de posse de nossos
quatro assentos. Os que mantemos pacificamente desde o
governo do pai cruel e impiedoso das Vega, o Rei Selvagem.”
Um punhado de aplausos encheu o ar e compartilhei um
olhar com Darius. Lionel não estava planejando tal coisa. Ele
iria roubar o trono debaixo do nariz deles e forçar o mundo
inteiro a se curvar. Incluindo todas as pessoas nesta sala.
“Como demonstração de boa fé, minha futura nora,
Mildred Canopus, se ofereceu para dirigir um clube para
aqueles que apoiam os Herdeiros na Zodiac Academy que são
os verdadeiros Fae que irão subir ao trono na próxima linha de
sucessão e para garantir que eles recebam o incentivo que
merecem de seus colegas.”
Mildred aproximou-se dele e Lionel passou o braço pelos
grandes ombros dela. “Ela garantirá que o clube funcione bem
e isso ajudará a acalmar os rumores entre os céticos que
infelizmente foram enganados pelas Vega a acreditar que
realmente poderiam representar um desafio para nossos
maravilhosos Herdeiros.”
Outra salva de palmas e eu estava prestes a vomitar.
“Onde está meu menino?” Lionel chamou, um olhar falso e
alegre em seu rosto.
Darius esboçou um sorriso enquanto se movia para se
juntar a seu pai e Dante se aproximou de mim.
“Isso parece tão falso para você quanto parece para mim?”
murmurou para que só eu pudesse ouvir.
“Ainda mais,” rosnei em concordância.
“Lionel está tramando algo, certo?” Dante comentou e
olhei-o antes de assentir. “Espero que você tenha um plano.”
“Mais ou menos,” murmurei.
“Se precisar de uma mão, você sabe onde me encontrar,”
ele disse com um olhar sério, seus olhos brilhando por um
momento.
Um canto começou na sala enquanto todos cantavam
beijo, beijo, beijo, beijo. E olhei para Darius enquanto Lionel o
empurrava com firmeza na direção de Mildred, meu coração se
apertando por ele.
Ele se inclinou e a bicou rapidamente, mas Mildred
prendeu a cabeça dele nas mãos, pressionando os lábios
pintados com batom rosa e com o seu bigode cuidadosamente
penteado, bem contra sua boca. Se alguém o notou eriçado,
não mencionou quando se separaram e os fotógrafos tiraram
fotos dele com batom manchado na boca. E, sem dúvida,
alguns fios perdidos também.
Apertei minha mandíbula e acenei para Dante. “Poderei
aceitar a ajuda que você ofereceu nesse dia.”
“Basta dizer a palavra,” ele falou sob sua respiração. “Você
sabe que o resto da minha família também irá ajudar.”
“Você vai assistir ao jogo da Aurora contra Zodiac?”
Perguntei, esperando ter a chance de falar com ele quando não
estivéssemos em uma casa cheia de nossos inimigos
assassinos.
“Não perderia por nada no mundo. Minha prima Rosa irá
esmaga-los.” Ele piscou, acabando com sua cerveja e
parecendo que estava pronto para fugir de Funsville. “Vejo você
em breve mio amico.”
Darius voltou para mim e olhamos ao redor do corredor
para os frequentadores da festa. “Acho que podemos escapar
agora,” disse ele e dei a Clara um último olhar demorado antes
de concordar com a cabeça.
“Vamos checar Xavier antes de dar o fora daqui,” falei, não
querendo ficar por aqui mais nenhum minuto, mas me
preocupava com aquele garoto. Ele era basicamente um
prisioneiro de Lionel atualmente. E sabia que Darius perdia o
sono por causa disso. Além disso, ele poderia usar a nossa
companhia por um tempo.
“Definitivamente,” ele disse ansiosamente. “Pelo menos
meu pai ainda está escondendo-o e não o forçando a suportar
está fatia do inferno.”
Dei um tapinha nas costas dele com um suspiro pesado
enquanto fazíamos uma passagem em direção à porta e jurava
que só conseguiria respirar facilmente quando saísse daquela
sala de idiotas pretensiosos e enfeitados. Só queria poder tirar
minha irmã do meio deles e levá-la para algum lugar seguro.
Em algum lugar que pudéssemos tentar lutar contra a
escuridão que a mantinha em uma gaiola. Esperava que fosse o
tipo de gaiola da qual seria capaz de tirá-la. Porque não poderia
me permitir aceitar a outra alternativa.
Acordei cedo, a respiração suave de Orion me fazendo esperar que
ele estivesse tendo sonhos pacíficos. Ele veio até meu quarto na noite
passada, me envolvendo em seus braços e me segurando como se o
mundo estivesse acabando. Ele me contou tudo e tentei beijar sua dor,
odiando que não houvesse mais nada que pudesse fazer para ajudar. O
que ele disse sobre Clara me preocupou que ela realmente estivesse
perdida. Mas queria torcer para que não por ele. Ele precisava de mim.
Escorreguei para fora da cama, indo para o chuveiro e logo
estava vestida para o dia com meu uniforme. Em seguida, fui
para a minha mesa para terminar minha tarefa de Tarot.
Gabriel disse que acabaríamos com o Tarot esta semana. Em
vez disso, iríamos estudar as Artes Arcanas e aprender as
diferentes maneiras de prever o futuro enquanto
continuávamos a praticar com as cartas. Aparentemente, o
Tarot era uma habilidade vitalícia que precisava cultivar.
Qualquer insight que você pudesse ter sobre seu próprio
destino era uma vantagem na sociedade, mas até agora era
difícil conseguir uma leitura que me desse algo concreto.
Imaginei que esse seria o caminho do destino, no entanto.
Dependia de interpretação, que era tão mutável quanto o vento.
Acho que eu só tinha que aprender melhor para que lado o
vento estava soprando.
Quando terminei o trabalho, peguei meu Atlas, para ler o
meu horóscopo do dia.

Bom dia Gêmeos.


As estrelas falaram sobre o seu dia!
Os movimentos de Marte preveem uma guerra que se
aproxima. Não apenas para você, mas para todos os Fae.
Prepare-se para uma divisão acontecer e para se encontrar
sendo solicitada a liderar. Confie em seu julgamento hoje.
Você saberá o que fazer em todas as situações.

Minhas sobrancelhas arquearam com isso e não pude


deixar de sorrir. Bem, se isso não fosse apenas o mais simples
que as estrelas já falaram.
Uma confiança me encheu que eu não podia ignorar. Me
senti segura por ter o destino do meu lado hoje. E
aparentemente não poderia fazer um movimento errado.
“Blue,” Orion murmurou em seu sono e me virei quando
ele estendeu a mão para mim na pequena cama.
Meu coração deu um puxão e fui até ele, deslizando de
volta para debaixo das cobertas, enquanto ele me puxava
contra o seu peito.
A tensão em suas feições diminuiu e o beijei suavemente
para acordá-lo. Seus olhos se abriram e um sorriso torto
apareceu em sua boca. “Odeio os dias em que não consigo
acordar com você,” ele disse, sua voz rouca de sono. “Por um
segundo, pensei que fosse um desses dias.”
Meu coração derreteu como cera e afastei o cabelo de sua
testa com um sorriso. “Também não gosto desses dias,”
sussurrei. “Como você está se sentindo?”
Ele grunhiu. “Como se o mundo estivesse prestes a ser
fodido na bunda com um pau gigante de Dragão.”
Eu ri vagamente, meu estômago dando um nó, mas ele
continuou antes que eu pudesse dizer qualquer coisa em
resposta, envolvendo-me com força em seus braços.
“Um dia em breve, vou encolher você em um Fae do
tamanho de um duende e colocá-la em um frasco que poderei
manter no meu bolso.”
Bati em seu ombro e ele rosnou divertido. “Talvez irei te
encolher em um pequeno Vampiro minúsculo que chuparia
meu dedo enquanto continuo minha vida detonando.”
A risada retumbou por ele. “Tudo bem, sem encolher. Mas
realmente prefiro poder protegê-la sempre.”
“Isso não é proteção, é enjaulamento.”
Ele suspirou. “Droga, posso ver seu ponto. Não sou muito
bom nessas coisas de namorado. Na maioria das vezes, quero
prendê-la ao meu lado e quebrar os ossos de qualquer garoto
que olhá-la.”
Sorri. “Eu mesma poderia quebrar os ossos se precisasse,
então você não precisa se preocupar,” provoquei.
“Continuo esquecendo a quão poderosa você é,”
murmurou, suas mãos deslizando por baixo da minha saia e
me puxando para mais perto pela bunda. “Isso me deixa em
todo tipo de duro.”
“Quantos tipos?” Eu ri, mas assim que sua boca pousou
no meu pescoço, uma batida veio na porta.
“Merda,” murmurei. “É melhor você ir.”
Ele me beijou rapidamente com um gemido de irritação,
em seguida, saltou da cama, arrastando as roupas. Ele puxou
o capuz do suéter e foi até a janela, abrindo-a e verificando se a
barra estava limpa. “Vejo você mais tarde, linda.” Ele
mergulhou para fora, abaixando-se com uma rajada de ar e
meu coração bateu descontroladamente quando saí da cama,
endireitando minha saia e destrancando a porta.
Meus lábios se abriram com a visão de Gabriel lá em seu
traje de trabalho de professor inteligente e um sorriso
conhecedor em seu rosto. Orion me disse que ele sabia sobre
nós e embora eu devesse ter surtado porque um membro do
corpo docente tinha essa informação, não me sentia assim com
ele. Sabia que manteria nosso segredo.
“Ele não tinha que sair por minha causa,” disse ele em voz
baixa e provocante e mordi meu lábio com culpa. “Mas quero
falar com você em particular, então isso funciona muito bem.
Posso entrar?”
Acenei com a cabeça, recuando para deixá-lo entrar com
uma carranca curiosa. Fechei a porta e olhei para Gabriel,
achando estranhamente normal que ele estivesse me visitando
aqui como um amigo.
“E aí?” Perguntei.
“Você precisa da minha ajuda com algo,” ele anunciou com
um sorriso. “E tive uma visão me mostrando exatamente quais
itens você irá precisar.”
“Do que você está falando?” Minhas sobrancelhas se
juntaram ainda mais.
Gabriel vasculhou a pilha de livros da Fênix na minha
mesa, pegando o que eu estava lendo no outro dia e abrindo na
página sobre objetos imbuídos de Fogo da Fênix. Ele bateu na
página enquanto me mostrava. “Eu vi como fazer isso. E sei o
que você sonhou em fazer.”
O calor subiu em minhas bochechas enquanto avançava
para examinar a página. “Foi apenas uma ideia…”
“Uma ideia incrível pra caralho,” ele apontou, sorrindo. “É
exatamente o que Orion precisa para animá-lo.”
“Então você vai me ajudar?” Perguntei, excitação passando
por mim.
“Sim, mas você precisa pegar um pouco de poeira estelar
de Darius. Estou racionando muito para a quantia de que
precisamos. Uma bolsa cheia.”
Chupei meu lábio inferior com preocupação e Gabriel
evidentemente leu meus pensamentos enquanto continuava.
“Darius irá ajudá-la se explicar para que serve. Mas
certifique-se de perguntar a ele antes do café da manhã de
hoje, o humor dele vai piorar depois disso.”
“Antes do café da manhã?” Empurrei, olhando para o
relógio na parede. Isso me dava uns dez malditos minutos.
“Melhor você se mexer,” Gabriel riu e abri minha porta,
jogando minha bolsa por cima do ombro enquanto ele me
seguia para fora.
“Até logo!” Gritei, correndo para as escadas enquanto sua
risada continuava a me seguir. O destino era uma vadia.
Corri escada abaixo, quase derrubando vários alunos
antes de sair e correr em direção ao Orb. Sabia que Darius
corria com Tory todas as manhãs, então eles deviam estar
quase terminando.
Eu os vi correndo para o Orb, bem à minha frente e me
esforcei mais, jogando o vento nas minhas costas para me dar
todas as vantagens.
Darius abriu a porta para Tory e ela entrou.
“Darius!” Gritei e ele virou a cabeça no momento em que
se movia para segui-la.
Ele me viu correndo em sua direção e franziu a testa
enquanto diminuía a velocidade, ofegando pesadamente.
Ele cruzou os braços tatuados sobre a blusa, as
sobrancelhas levantadas enquanto esperava que eu explicasse.
“Preciso de sua ajuda,” falei sem fôlego.
“O que está errado?” Ele exigiu instantaneamente pegando
minha mão e me puxando para um lado da porta.
“Não há nada de errado,” falei, minhas bochechas
aquecendo. Isso parecia um pouco dramático, mas realmente
queria dar este presente a Orion. E essa era a minha melhor
chance de conseguir a poeira estelar, então iria me dar mal se
parecesse uma bagunça quente agora. “Preciso de uma bolsa
de poeira estelar.”
Seus olhos se estreitaram em suspeita. “Por quê? Não é
seguro sair do campus.”
Levantei a mão para lançar uma bolha silenciadora ao
nosso redor. “Não estou indo a lugar nenhum.” Comecei a
explicar a ele para o que precisava e quando terminei, ele
estava sorrindo.
“Vou dar para você na hora do almoço,” ele concordou e
realmente tive o desejo de abraçá-lo por um segundo. Me
contive, considerando que ele ainda era, no fundo, um idiota.
Mas sabia que ele estava tentando melhorar. De acordo com
Orion de qualquer maneira. E imaginei que tinha visto alguma
evidência para apoiar isso.
“Preciso pegar um café para Roxy.” Ele se moveu para se
afastar, mas peguei seu braço, me perguntando se deveria fazer
isso. Mas minha irmã se iluminava todas as manhãs quando
Darius trazia o café para ela. Assisti isso mil vezes. A olho nu,
você nem notaria. Mas a conhecia tão bem, e aquele olhar que
ela tinha em torno dele continha segredos que só eu podia ler.
“Você sabe o que é uma vergonha? Tory adora aquelas
bolachas de chocolate na seção de sobremesas na hora do
almoço. Ela gosta especialmente deles com seu café, mas eles
não os fornecem no café da manhã.”
Seus olhos brilharam e seus lábios formaram um sorriso.
“Isso é uma vergonha.”
“Imagine se você fosse um Dragão grande que todos
escutam o tempo todo? Até o pessoal da cozinha...”
“Imagine,” ele concordou com uma gargalhada.
Um momento estranho pairou entre nós onde realmente
gostei do idiota, então dei a ele um sorriso estranho e ele se
dirigiu para o Orb. Levei um momento para arrumar meu
cabelo usando o reflexo na porta antes de seguir.
Essa era a coisa certa a fazer?
As estrelas disseram que eu não poderia dar um passo
errado hoje. Então imaginei que tinha que ser isso.
Ainda assim... não sabia se deveria encorajar o
comportamento de Darius ou não. O que isso realmente estava
dizendo sobre mim? Que queria que eles ficassem juntos? Puta
merda, não conseguia andar mentalmente por essa estrada.
Havia tantos motivos pelos quais eles não deveriam ser um
casal. E, no entanto, todos eles tinham a ver com política e um
pai Dragão verde escamoso que estava tentando dominar o
mundo no estilo Pinky e o Cérebro. Coloque isso de lado e eles
seriam um casal perfeito, feito no céu. O problema era que os
dois eram tão obstinadamente teimosos, que sabia se mesmo
vagamente sugerisse para Tory que ela deveria tentar descobrir
uma maneira de combater as estrelas, ela rejeitaria. Teria que
vir dela. E mesmo que fosse impossível de alcançar, só
esperava que ela tentasse. Que ambos tentassem.
Empurrei a porta e meus ouvidos foram imediatamente
atacados por uma buzina explodindo pela sala. Meu olhar
travou em Mildred Canopus enquanto ela subia em uma mesa
além do sofá dos Herdeiros, assim que Darius sentou ao lado
de seus amigos. Sua mão levantou e o barulho da buzina de
nevoeiro começou a tocar parou, chamando a atenção de todos.
“Ouçam!” Ela exigiu, o barulho caindo morto.
Todos na sala estavam olhando-a e andei em direção às
mesas da A.S.S., me sentando ao lado de Tory tomando seu
café.
Mildred colocou as mãos nos quadris enquanto observava
a todos com seus olhos redondos. “Há um novo grupo
começando na Zodiac Academy e eu estou administrando-o.
Então, se você apoia os Herdeiros e quer que eles reivindiquem
o trono e não as Vega, então você pode se inscrever aqui e
agora.” Ela bateu o pé na mesa e avistei seu Atlas aos seus pés,
aparentemente pronto para anotar nomes. Várias pessoas
correram e começaram a formar uma fila para se juntar a ela.
“A partir deste momento, ou você faz parte da Sociedade dos
Herdeiros Oficialmente Governando Tudo, ou faz parte da
Sociedade Soberana do Todo-Poderoso. Vocês terão que
escolher. Não há meio-termo. Não seja um Fae covarde
comedor de pau. Ninguém sairá do Orb até que tenha feito sua
escolha!”
“Ela tá falando sério?” Murmurei para Tory, cujo rosto
estava contraído de ódio enquanto ela olhava para Mildred e as
pessoas se aproximando dela, embora não houvesse muitos
que se preocuparam em se levantar.
A tagarelice encheu a sala enquanto todos decidiam o que
fazer e Mildred batia o pé novamente. “Diga a eles, docinho.”
Sua voz de repente se tornou doce como uma torta enquanto
ela olhava para Darius.
Os outros Herdeiros olharam para ele e sua mandíbula se
contraindo em aborrecimento. Ele acenou com a cabeça
rigidamente e um tsunami de pessoas saíram de suas cadeiras,
correndo em sua direção para se inscrever.
Um barulho como o de um buldogue furioso escapou de
Geraldine e me virei para descobrir que ela estava subindo em
nossa mesa com fúria nos olhos.
“Sociedade dos Herdeiros Oficialmente Governando Tudo?”
Geraldine cuspiu, arregaçando as mangas como se estivesse
prestes a enlouquecer com Mildred. E eu definitivamente
estava comprando um ingresso para aquele show. “Você quer
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dizer que você são as HORES ?” Ela riu e todos na A.S.S se
juntaram a ela.
Compartilhei um olhar com Tory, bufando uma risada. Era
como se Geraldine nem percebesse o que o nome do clube
significava. Mas tinha que admitir, isso era possivelmente
ainda mais engraçado.
“É pronunciado Hores,” Mildred disparou de volta com um
grunhido. “E não fale comigo, sua traidora de Herdeiros
imunda.”
“Vou falar com você exatamente como quiser, Mildreadful!”
Geraldine gritou e apontou para a multidão que se aproximava
dos seus pés. “Vocês aí! Seus idiotas todos se aglomerando
encima dessa horrível peixe-bruxa! Quem vocês realmente
apoiam? Quatro barracudas bestiais que desfilam por este
lugar como se já fossem os donos do mundo, ou lulas elegantes
que nadam elegantemente por nossas águas, mostrando nada
além de graça, equilíbrio e exalam um ar da verdadeira
realeza!”
Todos os olhares se voltaram entre nós e os Herdeiros e
algumas pessoas começaram a recuar na fila para o clube de
Mildred e uma nova fila se formou atrás de Geraldine. Tory e eu
tentamos manter nossos rostos retos enquanto Geraldine
acenava para todos ao redor da sala em sua direção, suas
pernas dobrando em um meio agachamento, para cima e para
baixo, enquanto ela acenava para as pessoas.
“Os quatro Herdeiros representam cada um dos elementos.
Juntos, eles criam harmonia, um equilíbrio perfeito. Darius é
valente e nobre, e seu coração é feito de ferro, ele governará
com fogo que habita sua alma e ao meu lado e levará Solaria à
grandeza!” Mildred chorou em retaliação. “Seth pode ser tão
implacável como uma tempestade ou tão suave como uma
brisa de verão, sua paixão pela unidade irá unir Solaria como
uma família. O espírito de Max é selvagem como um rio e seu
poder de sentir a dor e o amor de seu povo será o que curará
nosso reino. E a conexão de Caleb com a terra fará com que
nossas safras prosperem e alimentará seu exército faminto que
nos protegerá de poderes distantes. Não escolham duas
meninas que não têm experiência em governar, sem tutores
para lhes terem ensinado o caminho do nosso mundo.”
“Isso foi tão perto de ser eloquente,” murmurei e Tory
soltou uma risada.
Mais alunos avançaram em direção a Mildred, entoando os
nomes dos Herdeiros, mas reparei que Geraldine não toleraria
isso.
Ela começou a bater palmas em uma batida constante e
todos se juntaram enquanto ela gesticulava para eles. Meus
lábios se separaram quando Geraldine abriu a boca e começou
a cantar com a batida.
“Elas vieram de cima da colina para matar os monstros,
bestas e valentões. As princesas vieram com suas coroas
brilhantes, duas belezas em seus vestidos esvoaçantes. E então
elas gritaram, vão embora!”
“Vão embora!” a A.S.S. cantou em resposta como se
soubessem as palavras e meu queixo caiu.
“Os monstros disseram que viemos para ficar, levantando
garfos, gravetos e picaretas afiadas. As princesas vieram com
suas lâminas de prata, duas belezas com suas leais criadas. E
então elas gritaram, vão embora!” Ela começou uma dança,
batendo o pé duas vezes para a esquerda, depois duas vezes
para a direita antes de pular e bater palmas acima de sua
cabeça.
“Vão embora!” Tory e eu juntamos nossas risadas quando
Justin Masters tirou uma flauta de sua bolsa e começou a
entoar a melodia. Oh meu Deus, isso está realmente
acontecendo.
Geraldine estendeu a mão para nós e encolhi os ombros
para Tory antes de subir para me juntar a ela na mesa. Ela
começou a dança novamente e a copiei, pegando quando Tory
se juntou ao seu outro lado, rindo enquanto Geraldine
continuava a música.
“As bestas riam com seus corações tão negros, eles
empurraram, lutaram e atacaram. Mas as princesas vieram com
um redemoinho e com um woosh, e empurraram aquelas bestas
no Lago de Multush. E então elas gritaram, vão embora!”
“Vão embora!” Gritei com todos os outros, enxugando as
lágrimas de riso dos meus olhos enquanto mais e mais pessoas
se aglomeravam ao redor de nossa mesa e se juntavam a nós.
“Os valentões sorriam e zombavam da cidade, zombavam,
espancavam e faziam todo mundo franzir a testa. As princesas
mostraram-lhes a força de suas almas, nenhum valentão pode
fazer uma marca em suas paredes. E então elas gritaram, vão
embora!”
Batemos palmas acima de nossas cabeças no tempo de
Geraldine e todos continuaram cantando aquela última linha
repetidamente, apontando para os Herdeiros que estavam
olhando para nós com suas mandíbulas frouxas como se eles
não pudessem acreditar no que estava acontecendo. “Vão
embora!”
Agarrei meu lado enquanto todos nós nos separamos de
tanto rir e Geraldine nos envolveu em seus braços. “Caras
bolas de cebola, não cantava com o meu coração assim há um
yazzilion de anos!”
“Eu amei,” ri, então alguém puxou minha saia e me virei,
encontrando um enxame de pessoas abaixo de nós.
“Onde nos inscrevemos?” Eles nos chamaram e olhei para
Geraldine enquanto seu rosto se dividia no sorriso mais
brilhante que já tinha visto. Mildred ainda tinha cerca de
metade da sala ao redor dela e os Herdeiros estavam ocupados
assinando cada espaço livre de carne ou livros que eram
colocados neles, mas havia sorrisos brincando em suas bocas
também.
Mildred saltou entre eles, jogando os braços em volta de
Darius e ele se jogou para trás antes que pudesse se conter.
Meu coração torceu quando ela se mudou para seu espaço
pessoal e ele foi forçado a dar um beijo no canto dos lábios e
envolvê-la em seus braços. Gabriel estava certo, ele realmente
ficaria de mau humor pelo resto do dia. E não pude deixar de
sentir pena dele.
Seth chamou minha atenção com um sorriso sombrio em
seu rosto e meu coração bateu mais forte quando Max e Caleb
se viraram para nós também com resiliência em suas
expressões.
Eles prosperavam neste desafio. E descobri que eu
também.
Fique longe do nosso trono meninos. Vão embora!
Catalina: Preciso da sua ajuda. Não tenho mais ninguém a
quem pedir.

Eu estava sentada em minha mesa em meu quarto


tentando trabalhar em uma tarefa de Numerologia, mas desde
que a mensagem tinha chegado, não conseguia pensar em mais
nada. Porque tudo se resumia a isso, iria ajudar a mamãe
Acrux com seu pequeno problema?
Eu nem tinha respondido ainda, então não tinha ideia do
que ela queria minha ajuda, mas precisava tomar uma decisão
antes. Confiaria nela? E até onde eu estava disposta a ir?
Bati minha caneta contra meus lábios enquanto me
perguntava. Catalina tem me enviado mensagens todos os dias
desde que trocamos os números. Ela me deu informações sobre
as idas e vindas de Lionel e Clara e revelou tudo o que eles
deixaram escapar, mas não houve uma única coisa sólida que
ela me disse que fizesse alguma diferença real para nós.
Entendi que Lionel a mantinha fora de seus planos, mas ainda
assim, ela não tinha exatamente me dado nenhuma evidência
irrefutável de que ela estava realmente do meu lado.
Havia algo em mim que ainda queria confiar nela. Chame
isso de intuição e meus instintos, tanto faz, mas simplesmente
tinha a sensação de que ela era genuína.

Tory: O que está errado?

Catalina: É o Xavier. Lionel contratou um homem chamado


Sr. Gravebone para reatribuir sua Ordem. Ele tem ido e vindo a
semana toda, mas pensava que fosse um tutor. Em vez disso,
mantém Xavier preso por horas a fio enquanto tenta fazer uma
lavagem cerebral nele para acreditar que ele é um Dragão em
vez de um Pegasus. Preciso que você faça o que fez por mim e
queime as mentiras da cabeça dele.

Bem, isso são sete tons de merda.

Tory: Que diferença faz se ele acredita que é um Dragão?


Ele ainda vai se transformar em um Pegasus quando mudar.

Fiz uma careta para mim mesma enquanto recostava em


minha cadeira. Não fazia nenhum sentido para mim. Alguém
poderia fazer uma lavagem cerebral em mim para que
acreditasse que era um gato e que poderia sair por aí dormindo
ao sol e lambendo minha própria bunda. Mas não seria um
gato. Seria apenas uma garota maluca com alguns hobbies
embaraçosos.

Catalina: Acho que Lionel planeja fazer com que ele aja
como um Dragão e falsifique algumas fotos para a imprensa.
Eventualmente, se o segredo se tornar muito difícil de esconder,
acho que ele irá matá-lo e fingir que foi um acidente. Assim que
Xavier ganhar controle sobre a mudança, Lionel fará com que ele
nunca se transforme na frente de ninguém, para que ele possa
sair em público. Ouvi o Sr. Gravebone dizer que estava fazendo
bons progressos. Por favor, não posso suportar a ideia de
alguém mexendo com quem ele é por dentro. Já falhei com ele
tantas vezes.

Tory: Posso tentar. Mas como vou chegar até ele?

Catalina: Venha para a Mansão esta noite. Lionel estará


em uma reunião do Conselho na cidade por causa da guerra com
as Ninfas. Ele só irá voltar amanhã à noite e Clara foi com ele.

Um arrepio percorreu minha espinha com essa sugestão.


Realmente entraria na cova dos leões de boa vontade? Me
esgueirar até a Mansão Acrux tarde da noite, quando ninguém
sabia aonde eu estava indo, parecia suicídio para mim. E
ainda... simplesmente não poderia deixar de confiar nas
palavras de Catalina. O que significava que Xavier realmente
estava em apuros. E embora só o tivesse encontrado algumas
vezes, senti uma conexão real com ele. A verdade sobre sua
Ordem era um segredo que iria enterrá-lo em pouco tempo e
mesmo se pudesse ajudar com esse problema, não seria o fim
de tudo.
Empurrei minha cadeira e rapidamente tirei meu uniforme
antes de colocar um jeans surrado e um top curto, torcendo
meu cabelo em um nó bagunçado na parte de trás da minha
cabeça. Nada sobre a minha escolha de roupa dizia que estava
em uma missão secreta, o que era perfeito.
Escrevi uma mensagem para Darcy enquanto calçava
minhas botas, mas não iria prender a respiração por uma
resposta. Ela iria ficar com Lance esta noite, o que basicamente
a tornava incomunicável. Mas provavelmente era melhor fazer
isso sozinha de qualquer maneira. Pelo menos assim, se isso
fosse algum tipo de armadilha seriamente complicada, haveria
apenas uma de nós entrando nela.
Desci as escadas para a sala comunal da Casa Ignis e meu
estômago deu uma cambalhota deselegante quando vi Darius
com sua corte ao lado da enorme lareira.
Levantei meu queixo e fui direto para ele, ignorando a
maneira como ele fazia meu coração disparar. Ele olhou para
cima quando me aproximei, seus olhos se arregalando
ligeiramente quando percebeu que eu estava indo direto para
ele.
“Posso ter uma palavra?” Perguntei, satisfeita em
encontrar minha voz firme, mesmo que o resto de mim
estivesse tremendo um pouco.
“Saiam,” Darius latiu e cada um do grupo ao nosso redor
se levantou e desapareceu.
“Muito mandão?” Perguntei enquanto caia no assento na
frente dele e joguei uma bolha silenciadora ao nosso redor.
A sala comunal estava bem lotada, então as estrelas se
contentaram em nos deixar conversar.
“Presumi que você gostaria de privacidade para qualquer
coisa que queira dizer,” ele respondeu com um encolher de
ombros enquanto se inclinava para frente, os cotovelos
pressionando os joelhos.
“Bem, suponho que ajuda a manter seu ego sustentado,
enviando as pessoas correndo por capricho,” provoquei.
Darius não mordeu e suspirei. Era completamente insano
para mim sentir falta de nossas pequenas idas e vindas? Isso
significava que havia algo de errado comigo em ficar
desapontada por ele não ter feito alguma piada sobre mim em
resposta? Talvez eu realmente estivesse quebrada, se estivesse
sofrendo com a saudade de como ele costumava me irritar, mas
não podia evitar. Sentia falta de como ele poderia me deixar
toda excitada e incomodada com um único comentário
arrogante.
“Sabe, você não tem que segurar sua língua ao meu redor
o tempo todo,” falei com um beicinho levemente petulante. “Não
é divertido incitar você se não responder de volta. Além disso,
você deve querer me atacar, pelo menos um pouco
considerando o fato de que fiz isso conosco.”
“Estava com a impressão de que era o culpado por nossa
situação,” Darius disse em voz baixa, ignorando todo o resto
que acabei de dizer.
“Sim, você é,” concordei, embora minha voz faltasse
convicção e eu odiasse admitir que, desde que Gabriel tinha me
questionado sobre a minha merda, estive pensando sobre
minha parte em tudo isso também. “De qualquer forma...
realmente não te procurei para isso. Estava me perguntando se
poderia pegar emprestado um pouco da sua poeira estelar?”
“Não,” Darius respondeu instantaneamente e acabei me
arrepiando.
“Ok então, vou apenas dirigir. Muito obrigado.” Levantei-
me, mas ele estava de repente na minha cara.
“Não é seguro deixar o campus, Roxy,” ele rosnou. “Você
sabe disso.”
“Há algo que preciso fazer esta noite,” respondi com a
mesma firmeza. “E vou fazer isso com ou sem a sua ajuda.”
“Então irei com você,” ele exigiu.
“Com o céu desabando sobre nós e a terra desmoronando
aos nossos pés até que sejamos arrastados para o abismo de
fogo abaixo? Não, obrigada.” Meu sangue estava bombeando e
fui atingida com o desejo de chamá-lo de lagarto idiota com
cabeça de porco, controlador, mas mordi minha língua, me
perguntando se haveria uma maneira melhor de lidar com isso
do que apenas arrancar sua cabeça com uma mordida e fugir.
“Você não pode simplesmente decidir pegar poeira e deixar
a segurança de...”
Estendi a mão e peguei a mão de Darius, olhando em seus
olhos com anéis negros enquanto ele fazia uma pausa no meio
do discurso para olhar para mim em confusão.
“Isso é importante, Darius,” murmurei. “Por favor.”
Sua carranca se aprofundou e seus dedos se curvaram ao
redor dos meus. A tensão nervosa em meu estômago parecia
que meus órgãos estavam tendo uma orgia e nem me importei
quando as fundações da Casa Ignis tremeram e outros alunos
gritaram de medo.
“Só não quero que você se machuque,” ele rosnou em uma
voz baixa que enviou um arrepio na minha espinha.
“Eu não vou,” prometi, esperando poder manter aquele
voto. “Ida e volta dentro de uma hora. Não perguntaria se
tivesse outra escolha.”
Darius olhou para mim por outro longo momento antes de
finalmente liberar minha mão e puxar uma bolsa de seda do
bolso de trás. “Você sabe como usar?” Ele perguntou,
preocupação em seus traços.
“Apertando meus saltos de rubi juntos e pensando no
lugar que quero ir com todo meu coração,” brinquei.
“Algo parecido. Ligue-me se algo der errado.”
“Ok,” concordei, ignorando o fato de que a ideia de pedir
por ajuda deveria ser uma loucura, considerando o fato de que
gostei dele oferecendo.
Uma faísca saltou do fogo e pousou na mesa de café ao
nosso lado, explodindo em chamas e me fazendo gritar quando
pulei para trás e coloquei algum espaço entre mim e Darius.
Estrelas idiotas e estúpidas!
Darius assumiu o controle das chamas com um grunhido
de frustração e as destruiu com um movimento de seus dedos.
Ele pressionou a poeira estelar em minha mão e lhe dei um
sorriso tenso antes de me virar e descer correndo as escadas
para a saída.
Quando saí, mandei uma mensagem rápida para Catalina
dizendo a ela para me esperar em breve, então chamei minha
Ordem, liberando minhas asas. Levei um momento para me
concentrar em banir as chamas delas para que não fosse vista
voando pelo campus tão facilmente.
Sem o fogo cobrindo-as, as penas de minhas asas eram de
uma cor de bronze profunda que brilhava como um
derramamento de óleo e os tons de vermelho e azul profundo
de minhas chamas internas que as iluminavam quando batia
luz. Eu as flexionei atrás de mim e decolei, indo em direção à
lacuna que Orion havia deixado no escudo ao redor do Zodiac.
Pousei silenciosamente, olhando em volta para me
certificar de que não havia ninguém por perto enquanto
deslizava pela abertura na cerca e saí para o mundo além da
academia.
Não perdi tempo ao puxar a bolsa de poeira estelar do
bolso e jogar um pouco sobre minha cabeça enquanto pensava
na Mansão Acrux.
As estrelas me envolveram em seu abraço, transportando-
me através delas em um borrão de luz prateada antes de me
depositar no caminho de cascalho do lado de fora da Mansão
Acrux, bem diante de um enorme portão de ferro.
“Quem está aí?” Um homem gritou e olhei para cima para
encontrar dois guardas pulando de sua cabana com armas
mágicas atordoantes apontadas para mim.
“Você não reconhece uma Vega quando vê uma?”
Perguntei preguiçosamente, me sentindo uma idiota total por
jogar a carta de princesa, mas precisava. “Vim ver Lionel.”
Os guardas trocaram um olhar e baixaram lentamente as
armas. “Lorde Acrux não está aqui. Talvez você deveria marcar
uma reunião com ele para...”
“Posso deixar uma mensagem com a esposa dele com
bastante facilidade,” falei, impaciente. “Mas não irei falar com o
pessoal contratado. Então, deixe-me entrar.”
Eles trocaram um olhar sobre o meu tom arrogante, mas
passei muito tempo perto dos Herdeiros para ter certeza de que
estava certo.
“Vamos descobrir se Lady Acrux deseja recebê-la,” disse o
guarda com uma ligeira inclinação de cabeça enquanto seu
amigo corria de volta para a cabana.
Tirei meu Atlas do bolso e fiz uma boa demonstração de
aparência irritantemente impaciente enquanto percorria as
postagens sem realmente olhar para elas.

Mildred Canopus: Alguém viu meu amado @Darius Acrux


esta noite? Tínhamos planos para uma doce serenata no Lago
Aqua, mas ele parece ter esquecido e seu Atlas morreu. #Ajude-
meAMeReunirComMeuAmor
Tyler Corbin: Eu o vi se escondendo em um buraco em
forma de tumba que ele cavou na Floresta das Lamentações e
está ameaçando se matar de verdade se você o encontrar.

Stephanie Wiltshire: Ouvi dizer que ele está namorando


Tory Vega atrás do Estádio de Pitball
#AsEstrelasNãoPodemContraAsPegadas
#AmantesEncontramUmJeito
Denisha Pillay: Eu o vi cobrindo a si mesmo com a merda
do Grifo e se escondendo em um pântano
#EscolhendoMerdaQueSuaCompanhia #PrefereRolarNaMerda
#EsperoQueEleNãoSeCaseComVocê
Ashleigh Clare: Ouvi dizer que ele tem que fazer @Max
Rigel sugar toda a repulsão de seu corpo para estar perto de
você e ele não conseguiu encontrá-lo esta noite
#PorFavorPensemNasCrianças
#AVidaNãoÉJustaVocêNãoMereceUmHerdeiro
Erica Collins: Acho que ele está se escondendo sob o gorro
de @Diego Polaris #AtéIssoÉMelhorCompanhiaQueVocê
#VocêAchaQueEleDormeComIsso
Brianna Hayes: Você verificou a rachadura na bunda
desde a última vez que se sentou no joelho dele?
#EuViUmaManadaDePegasusSairDeLa
#ApostoQueTeveQueTomarBanhoParaLimpar
Deema-Yara Mohiar: Eu o vi beijando um cocô fumegante
perto de Shimmering Springs, acho que ele pensou que era você
#ElePrefereCocôDoQueVocê #OuviQueVocêÉUmaMerda
Sufoquei minha risada com os comentários para que os
guardas não vissem meu rosto de vadia descansando rachar,
mas tinha que admitir que não odiava totalmente o jeito que
todos eram contra a ideia de Darius sendo algemado por aquela
vadia. Mesmo que metade deles estivesse enojado com a ideia
dele estar vinculado mim, não tinha pelo menos que ver às
pessoas jorrando sobre o casal feliz o tempo todo.
Depois de mais um minuto, os portões se abriram e os
guardas se curvaram enquanto me conduziam através deles.
Segui pela estrada com minha cabeça erguida e meu
coração batendo forte. Teria que fazer uma reportagem de capa
por ter vindo aqui para que Lionel não suspeitasse, e só
esperava poder fazer isso sem ter que realmente vê-lo. Talvez
pudesse fingir que vim confronta-lo por ordenar que partisse o
coração de Darius. Jogue a carta do coração partido e diga que
vim implorar por uma segunda chance ou algo assim. Sim,
provavelmente funcionaria. Seria mortificante e tudo, mas se
Catalina passasse essa mensagem para ele, sabia que ele não
faria nada mais do que sentir prazer na minha dor e recusar o
meu pedido.
As portas se abriram antes que as alcançasse, o mordomo
arrogante me espiando. Hopkins ou Smithkins ou Buttkins ou
algo assim.
“Boa noite, Srta. Vega,” ele sorriu, curvando-se de uma
forma que parecia zombeteira.
“Oi,” respondi, passando por ele e ignorando-o enquanto
olhava para a enorme escadaria com o corrimão dourado.
“Lady Acrux está atualmente esperando por você em sua
sala,” disse ele antes de subir as escadas.
Achei que isso significava que deveria segui-lo, então o fiz,
tentando não deixar a sensação de frio deste lugar deslizar sob
minha pele. Havia algo sobre a Mansão Acrux que me gelava
profundamente. Nenhum amor existia aqui. Apenas dor e
sombras.
Continuamos indo pegando longos corredores alinhados
com pinturas de Dragões e idiotas até chegarmos a outra
escada, que reconheci pelo tempo que passei deslizando para
baixo em bandejas com Xavier. Subimos até chegarmos ao
nível abaixo do quarto de Xavier, no topo da torre, onde
Buttkins abriu uma porta para mim.
Catalina Acrux estava sentada esperando em uma bela
sala de estar com uma enorme janela saliente que deve ter
oferecido uma vista para o lago no final de sua propriedade
durante o dia. Ela estava usando um vestido de seda e seu
cabelo escuro estava perfeitamente penteado enquanto ela
bebia uma xícara de chá fumegante e me examinava por cima
da borda.
“O que fiz para ganhar a visita de uma Vega?” Ela
perguntou curiosamente enquanto acenava para a cadeira à
sua frente.
Aproximei-me da mesa que estava posta com um bule de
chá e uma xícara para mim também. Havia uma pequena
bandeja com um bolo de três camadas, macaroons e biscoitos
de aparência suntuosa lá também. Tive de reconhecer que o
pessoal da cozinha sabia trabalhar sob pressão. Ninguém
nunca saberia que vim sem avisar e peguei todos eles de
surpresa.
“Prefiro falar a sós,” falei enquanto me movia para sentar
na cadeira.
“Claro. Você está dispensado, Jenkins,” disse ela, e o
mordomo saiu da sala, estreitando os olhinhos redondos com
desconfiança. Tinha certeza de que continuaria pensando nele
como Buttkins.
Catalina lançou uma bolha silenciadora sobre nós e olhou
para a porta em advertência. Então, Buttkins não era
confiável? Achei que isso era de se esperar no covil desta
víbora.
“Obrigada por vir,” Catalina murmurou, alcançando o
outro lado da mesa para apertar meus dedos por um momento.
“Não sei o que mais posso fazer.”
“Ainda não tenho certeza se posso ajudar,” admiti. “Mas
com certeza vou tentar.”
“Isso é tudo que posso pedir.” Ela pegou seu Atlas e enviou
uma mensagem para Xavier, convocando-o para se juntar a
nós.
Estendi a mão e peguei um biscoito da pequena barraca e
o devorei em duas mordidas enquanto Catalina me observava.
Estava delicioso pra caralho. Passar fome no mundo mortal
definitivamente me deixou com um gosto por boa comida e não
havia nenhuma maneira de deixar essas pequenas guloseimas
irem para o lixo.
“Você tem visto muito Darius?” Ela perguntou e parei.
Conversamos muito por mensagem de texto, mas havia uma
regra tácita de que não falávamos sobre ele e teria preferido
mantê-la.
“Todos os dias,” admiti. “Refeições, aulas, sala comunal. É
como levar um soco no coração a cada duas horas.”
Não tinha certeza do por que tinha admitido isso e desviei
o olhar antes que ela pudesse fazer uma leitura da dor que isso
me causava. Porque eu não tinha o direito de estar sofrendo
por causa disso, tinha? Afinal, foi minha escolha que nos
colocou nesta posição.
A porta se abriu antes que ela pudesse me empurrar sobre
o assunto e olhei em volta com um sorriso quando Xavier
entrou na sala.
Ele ficou quieto quando me viu. Seu cabelo escuro estava
uma bagunça, ele estava descalço e a calça de moletom cinza
que usava tinha uma mancha na perna. Ele também estava
sem camisa, o que me deu uma olhada no músculo magro que
revestia seu corpo e o V definido que caía sob sua cintura.
“Bem merda, Xavier, você passou os últimos dois meses
malhando ou algo assim?” Provoquei e um leve rubor apareceu
em suas bochechas enquanto ele olhava entre mim e sua mãe.
“O quê... por que você está aqui?” Ele perguntou,
parecendo não saber se deveria ficar feliz em me ver ou não.
“Queria uma palavra,” falei, trocando um olhar com
Catalina.
Ela parecia estar esperando que eu fizesse o movimento,
então chamei Xavier para mais perto e apontei para a cadeira
ao meu lado.
Ele se aproximou, seus olhos se estreitaram
suspeitosamente enquanto ele se abaixava no assento e
passava a mão pelo cabelo, constrangido.
“Interrompi sua soneca?” Provoquei.
“Não. Eu só... realmente não esperava ver ninguém hoje,
então não me incomodei exatamente em me vestir.” Havia um
tom vazio em sua voz que me fez franzir a testa e meu coração
torceu dolorosamente enquanto me perguntava quantos dias
ele tinha passado sozinho assim.
“Sua mãe me pediu para vir e ver se poderia ajudá-lo
com...”
“Por que você disse não para Darius?” Ele deixou escapar,
sua sobrancelha baixando enquanto ele olhava para os anéis
negros em meus olhos. “Eu sei que ele foi um idiota com você e
fez um monte de coisas que não deveria ter feito, mas era tudo
sobre poder, o trono, a porra da coroa. E não achei que você se
importasse muito com isso.”
“Eu não. Ou acho que não. Ser Fae anda de mãos dadas
com reivindicação de poder, não é?” Perguntei, apertando
minha mandíbula enquanto me recusava a deixar o assunto.
“Ok. Que seja. Entendo esse lado. Mas o que não entendo
é como você poderia ter dito não a amá-lo. Porque quando vi os
dois juntos pude ver o quanto vocês gostavam um do outro.
Mesmo quando vocês estavam negando ou lutando ou o que
fosse, ainda estava lá. E simplesmente não entendo como você
pode ficar ali sob as estrelas, olhá-lo nos olhos e dizer não. Por
que você o amaldiçoaria assim? Por que você se amaldiçoaria?”
Queria ignorar sua pergunta, mas a acusação em seus
olhos escuros exigia uma resposta e soltei um suspiro quando
dei a ele.
“Porque tudo que sempre quis é ser amada, mas tive medo
de que se me permitisse amá-lo, ele usaria isso para me
machucar. Muita coisa aconteceu entre nós e... simplesmente
não confiei nele.” Levantei meu queixo quando os dois olharam
para mim como se minhas palavras lhes causassem dor física.
“De qualquer forma, não quero falar sobre Darius. Vim aqui
por você.”
Estendi a mão e peguei a mão de Xavier na minha antes
que ele pudesse me parar, acionei o meu Fogo da Fênix assim
como fiz quando queimei a Coerção Negra de Catalina.
Ele engasgou e tentou se afastar, mas segurei firme,
minha magia o mantendo em suas garras enquanto o
queimava, caçando o que quer que o Sr. Gravebone estivesse
colocando em sua cabeça. Mas a única coisa que encontrei foi
uma única parede de Coerção Negra que reconheci como a
magia de Lionel. Eu a puxei para baixo, em seguida, pulei para
trás, liberando sua mão enquanto ele me olhava com os olhos
arregalados.
“Que raio foi aquilo?” Xavier perguntou.
“Fogo da Fênix. Usei para tirar a Coerção Negra de sua
mente, mas não consigo encontrar o que quer que Gravebone
esteja fazendo com você. Não é nenhuma magia que o Fogo da
Fênix possa localizar.” Ofereci a Catalina uma expressão de
desculpas e seu rosto caiu de preocupação.
“Eu... você quer dizer que poderei falar sobre a minha
Ordem agora?” Xavier perguntou. “Poderei contar às pessoas
sobre isso se quiser?”
“Ele coagiu você a não contar a ninguém que era um
Pegasus?” Perguntei, meu intestino balançando com essa ideia.
“Sim, bem, se ele pudesse me coagir a nunca mais mudar,
tenho certeza que ele teria feito isso, mas como isso é algo que
nem sempre posso controlar, acho que ele não conseguiu.” Seu
olhar deslizou para Catalina como se ele não tivesse certeza do
quanto deveria dizer na frente dela e sua compostura
repentinamente quebrou.
Um soluço escapou dela quando ela se jogou os braços ao
redor de seu filho se desculpando repetidamente, explicando
em sussurros murmurados por todos os anos que ela não teve
permissão de mostrá-lo qualquer amor ou suavidade enquanto
seu rosto se contorceu com confusão que foi lentamente
substituída por uma compreensão nascente.
Quebrou meu coração vê-los. Xavier parecia tão
desconfortável nos braços de sua mãe e ainda assim tão
aliviado por estar ali ao mesmo tempo. Como se ele não
soubesse o que fazer com esse tipo de afeto. Mas ansiava
mesmo assim.
Sabia exatamente o que era sentir fome do amor de um
pai, mas nunca tive alguém de quem pudesse tentar reivindicá-
lo. Xavier e Darius tinham sido negados desse amor por anos e
anos, enquanto ambos desejavam poder tê-lo. Tudo porque
algum monstro decidiu que ele os possuía. Que de alguma
forma tinha o direito de decidir isso por eles e usava seu poder
para fazê-los cumprir isso.
E ele ainda estava fazendo isso. Escondendo Xavier,
isolando-o do mundo exterior e forçando-o a negar quem e o
que ele era apenas porque ele não se encaixava na ideia de
perfeição de Lionel. Bem, porra, perfeito. Não existia tal coisa.
E toda a beleza da vida estava nas imperfeições de qualquer
maneira.
“Ele nunca irá deixá-lo sair daqui, não é?” Perguntei. “Ele
nunca vai deixar o mundo saber o que você é ou quem é. Ele
vai?”
Xavier olhou para mim sem esperança enquanto Catalina
soluçava em seus braços.
“Ele é nosso dono,” disse ela. “Ele é dono de todos, na
verdade. Nós apenas sentimos todo o domínio de seu poder
mais do que a maioria, porque estamos presos aqui com ele.”
“Besteira. Ele não possui todos. Não me possui. E não
possui vocês também.”
Empurrei minha cadeira e atravessei a sala até a enorme
janela saliente, destravando-a e abrindo-a. O ar frio da noite
assobiou ao meu redor, soprando fios de cabelo soltos em meu
rosto enquanto inalava profundamente.
“O que você está fazendo?” Catalina engasgou.
“Você confia em mim, Xavier?” Perguntei.
“Por quê?” Ele rebateu com desconfiança.
“Porque vou libertá-lo. Venha aqui.” Acenei e ele se
levantou, caminhando em minha direção com cautela enquanto
puxava meu Atlas do meu bolso e o definia para gravar.
“Este é Xavier Acrux e ele tem algo fodidamente incrível
para mostrar a vocês,” falei, sorrindo para ele enquanto
levantava minha outra mão.
“Tenho?” Ele perguntou confuso.
“Foda-se, sim. Sua Ordem acabou de emergir e ele é algo
muito mais legal do que um grande e velho lagarto, sem
ofensas aos Dragões, tenho certeza de que suas bolas
escamosas são ótimas e tudo, mas não é tão durão quanto ser
um Pegasus.”
Os olhos de Xavier se arregalaram de horror enquanto
agitei meus dedos em sua direção e o joguei direto para fora da
janela da torre com uma rajada de vento. Estávamos no nono
andar, então ele teve tempo de sobra para ter medo para
arrancar sua forma de Ordem de sua carne e abrir suas asas
antes que ele pudesse atingir o chão, mas estava pronta para
pegá-lo com minha magia se ele não conseguisse por qualquer
motivo.
Xavier gritou ao cair, mas seus gritos de repente
tornaram-se relinchos quando um enorme Pegasus lilás
explodiu de sua pele, rasgando suas roupas enquanto suas
asas se abriam e pegavam uma corrente de ar ascendente.
Filmei tudo na câmera, rindo animadamente enquanto ele
nivelava, batia suas asas, e começava a voar para cima em
direção às nuvens que estavam alinhadas e brilhando como
prata enquanto a lua iluminava através delas.
Catalina correu para frente como se quisesse arrancar
meu Atlas das minhas mãos, mas quando seu olhar caiu sobre
seu filho para fora da janela, seus lábios se separaram e um
lindo sorriso enfeitou sua boca.
Xavier disparou para as nuvens e sumiu de vista e
finalmente terminei a gravação.
Digitei uma postagem do FaeBook com o vídeo anexado e
olhei para Catalina com meu polegar pairando sobre o botão de
enviar. Eu tinha mais de um milhão de seguidores lá agora, e
se apertasse esse botão, o segredo estaria bem e
verdadeiramente fora.
“A única razão pela qual Lionel mantém seu controle sobre
ele é porque é um segredo. Os Pegasus são uma das formas de
Ordem mais comuns que existem. A menos que Lionel queira
alienar todos, ele terá que sair em apoio ao filho. O único poder
que ele possui aqui é mantendo isso em segredo. Uma vez que
estiver fora, está fora.”
“Ele vai te matar por expor isso,” ela falou sob sua
respiração, seus olhos arregalados de medo.
“Tenho certeza que ele planeja me matar de qualquer
maneira,” falei com um encolher de ombros. “Pelo menos se ele
me matar por isso, pelo menos fiz algo que importa.”
“Eu...”
“Diga a ele que vim aqui para falar com você sobre Darius.
Diga a ele que dei uma desculpa para fazer você sair da sala e
quando voltou eu já tinha feito isso. Coloque toda a culpa em
mim. Quero dizer isso.”
“Ok...” ela disse hesitantemente e encontrei seus olhos.
“Preciso fazer você jurar pelas estrelas?” Rosnei.
“Não. Direi a ele. Obrigado, Roxanya.”
“É Tory. Só Darius me chama de Roxy e não posso fazê-lo
parar, mas não quero que ninguém faça disso um hábito,” falei.
Embora neste ponto se Darius começasse a me chamar de
Tory, provavelmente seria apenas estranho. Não que em algum
momento eu admitisse que estava tudo bem com o Roxy.
“Ok. Obrigado, Tory.”
Sorri para ela e bati na tecla.
Catalina engasgou quando o segredo de Xavier se tornou
viral e olhei para o meu Atlas quando as reações e comentários
começaram a surgir antes de bloquear a tela.
Merda, e se papai Acrux realmente me matar por isso?
“Corra, Tory,” Catalina murmurou, o medo real dançando
em seus olhos. “Corra para o portão e fuja para a academia
antes que ele volte. Se ele te encontrar aqui...”
“Considere-me morta.” Lati uma risada enquanto o
nervosismo fazia meu coração disparar.
Catalina sorriu para mim antes de arrancar o vestido,
tirando seu cabelo do coque perfeitamente estilizado,
mostrando-me aqueles seios gloriosamente falsos e pulando
para fora da janela atrás de seu filho. Ela se transformou
enquanto despencava e meus lábios se abriram quando um
Dragão prateado deslumbrante explodiu de sua carne.
Ela subiu em direção às nuvens no momento em que
Xavier mergulhou embaixo delas com um relincho animado.
Rapidamente levantei meu Atlas e tirei uma foto dos dois
dançando no céu antes de dar um pulo saltando para fora da
janela também.
Minhas asas ganharam vida nas minhas costas e voei forte
e rápido ao longo do caminho até que parei sobre os portões,
além das proteções anti-poeira estrelar onde pousei
rapidamente, minhas botas derrapando no cascalho.
Peguei a poeira estelar do meu bolso e pisquei para os
guardas assustados meio segundo antes de jogá-la sobre a
minha cabeça e as estrelas me levaram de volta para a
academia.
Tropecei quando eles me depositaram e de repente braços
fortes travaram em volta do meu peito, me fazendo gritar de
surpresa.
Uma mão bateu na minha boca e parei por um momento
quando o cheiro de fumaça e cedro me dominou.
Darius me arrastou de volta pelo buraco, me puxando
através da cerca e me empurrando contra uma árvore enorme
na borda do campus antes de tirar a mão da minha boca.
Suas mãos pousaram em cada lado da minha cabeça
enquanto ele me prendia, olhando para mim com um Dragão
furioso pra caralho espiando de seus olhos, suas pupilas
transformadas em fendas reptilianas e uma pitada de fumaça
escorregando entre seus lábios. Ele estava vestindo apenas
calça de moletom e tive a impressão de que ele tinha voado
aqui para me emboscar no momento em que voltasse. Acho que
ele não gostou do meu post no FaeBook.
“Que porra você estava pensando?” Ele demandou.
“Whoa, relaxa cara,” falei, pressionando minhas mãos em
seu peito para empurrá-lo de volta. Ele não se moveu um único
centímetro e acabei com minhas mãos pressionadas em seus
músculos duros como pedra, seu coração batendo
freneticamente sob a minha palma direita.
“Você sabe o que você fez?” Darius rosnou. “Meu pai
poderia mata-lo por isso! Ele poderia...”
“Ele não vai,” respondi com raiva. “Ele não pode. Você não
vê isso? O único poder que ele detinha sobre Xavier era manter
sua verdadeira forma da Ordem em segredo. Agora que todo
mundo sabe, ele está livre. Matá-lo não mudará a verdade. E
ele não pode alienar todos os Pegasus em Solaria, tornando
públicas suas besteiras e ameaças. Agora ele terá que deixar
Xavier sair de casa, se juntar a um rebanho, voar.”
Darius estava olhando para mim como se ele não soubesse
se me matava ou me beijava e quando meu olhar caiu em sua
boca, me encontrei desejando o último. Foda-se as estrelas.
“Ela tem razão,” a voz de Caleb surgiu das sombras atrás
do enorme Dragão que estava tomando toda a minha atenção e
virei minha cabeça para encontrá-lo, junto com Seth e Max que
estava observando essa troca com interesse. Isso explicaria as
estrelas não nos atingindo ou qualquer outra besteira que elas
podiam querer fazer. Embora supunha que realmente deveria
parar de tocá-lo... não que eu tivesse feito.
“Você fez isso para... ajudá-lo?” Darius perguntou como se
não pudesse entender por que diabos eu faria isso e estreitei
meus olhos para ele.
“Sou apenas uma idiota noventa por cento do tempo,”
falei, revirando meus olhos para ele. “Os outros dez por cento
sou uma santa de merda. Então, sim, fiz isso para ajudá-lo.
Acontece que só tenho dois membros da sua família em baixa
consideração.”
“Você empurrou meu irmão pela porra de uma janela,” ele
rosnou.
“Eu o teria pego com minha magia do Ar se precisasse.
Além disso, dessa forma, Papai Acrux não poderá alegar que ele
estava envolvido nisso. É um plano genial e você sabe disso.
Além disso, sua mãe me disse para postar para que eu não
tivesse que me explicar para você.”
“Minha mãe?” Darius zombou. “Ela quase não nota nada
além das aparências. A última coisa que ela encorajaria é um
escândalo como este. Ela...”
“Isso não é verdade, ela te ama, ela só...” Parei quando o
acordo que fiz com Catalina parou minha língua. Jurei não
contar a ninguém sobre a forma como a libertei da Coerção
Negra de Lionel e não iria receber mais punição das estrelas
quebrando minha palavra.
“Apenas o quê?” Darius exigiu.
O Fogo da Fênix queimava quente sob minha pele e
minhas palmas se contraíram contra seu peito quando um
pensamento me ocorreu. Um que realmente deveria ter
considerado antes de agora, se não tivesse estado tão envolvida
com o estudo, as Sombras, a prática de alegria e apenas a
velha saudade desse monstro diante de mim para pensar nisso.
“Você confia em mim?” Perguntei, meus dedos movendo
em sua pele apenas o suficiente para chamar sua atenção.
“Por quê?”
“Quero tentar algo. Algo que fiz por sua mãe. Mas você vai
ter que ficar parado enquanto faço isso.”
Darius olhou para mim por um longo momento e um leve
tremor no chão sob meus pés me deixou saber que as estrelas
perceberam o quão perto estávamos um do outro. Mesmo com
companhia, elas não gostavam que nos tocássemos, embora
parecesse levar muito mais tempo para perceber se estávamos.
Darius exalou com raiva, mas seus olhos mudaram
enquanto conseguia controlar um pouco de seu temperamento,
sua cor marrom escuro rodeada de preto voltou mais uma vez.
“Confio em você,” ele rosnou e os outros Herdeiros
murmuraram algo atrás dele, mas não me importei em ouvir
porque havia uma sinceridade em suas palavras que alcançou
e tocou minha alma. Ele quis dizer isso. Por alguma razão,
apesar de tudo que passamos, ele ainda era capaz de confiar
em mim.
Ofereci a ele a sugestão de um sorriso quando meu Fogo
da Fênix cresceu na superfície da minha pele antes de guiá-lo
em sua carne onde o toquei.
Seus músculos se contraíram sob minhas mãos, seus
olhos se arregalaram quando ele olhou para mim, mas ele não
se afastou, esperando enquanto o fogo líquido rasgava sob sua
pele e buscava qualquer sinal das restrições que Lionel colocou
em sua alma.
Levei apenas um momento para encontrar um, depois
outro e outro. Engasguei quando encontrei mais e mais e mais
deles. Tantas amarras e restrições às coisas que ele poderia
dizer ou fazer que não conseguia nem contá-las enquanto
destruía todas, queimando-as uma após a outra.
Minhas mãos e pernas começaram a tremer enquanto
resplandeciam através de meus presentes, mas me recusei a
parar até que cada pedaço de magia negra fosse despedaçado
de sua alma.
Engasguei enquanto queimava o último, meus joelhos
dobrando quando caí contra ele, mas ele me segurou antes que
pudesse atingir o chão.
“Você...” Darius me ergueu em seus braços, olhando para
mim com olhos arregalados como se ele nem tivesse palavras
para explicar o que acabei de fazer por ele.
“O que aconteceu?” Max exigiu enquanto se aproximava,
tentando dar uma olhada em mim enquanto Seth e Caleb o
empurravam.
O trovão estourou no céu e, quando olhei para cima,
acima da cabeça de Darius, percebi que estávamos sendo
protegidos da tempestade por um enorme escudo de ar.
O relâmpago caiu do céu, colidindo com a barreira e Seth
amaldiçoou quando ele quase não conseguiu aguentar o
impacto do golpe com sua magia.
“Ponha-me no chão,” murmurei.
“Você nem consegue ficar de pé,” Darius rosnou.
“Vou levá-la,” Caleb ofereceu e um rosnado feroz saiu dos
lábios de Darius enquanto ele estendia a mão para mim.
Caleb mostrou os dentes por um momento, mas em
seguida, conseguiu controlar sua expressão.
O chão sob nossos pés estava tremendo ainda mais forte
agora e com uma maldição, Darius fechou os olhos e me
entregou a Caleb.
Tudo começou a se acalmar quase que instantaneamente e
Darius rosnou novamente enquanto olhava para mim nos
braços de Caleb.
“Apenas relaxe, cara. Só estou segurando-a,” Caleb bufou.
“Diga-nos o que diabos ela acabou de fazer com você,”
Seth pressionou, seu olhar fixo em Darius enquanto estendia a
mão e acariciava seu braço em um gesto reconfortante.
“Ela... acho que ela..., mas não entendo como...”
“O Fogo da Fênix queima toda a merda,” forneci. “Acabei
de liberá-lo de todos os feitiços de Coerção Negra que Lionel já
colocou nele.”
Todos os Herdeiros se viraram para me olhar como se
tivesse acabado de dizer que um alienígena chamado Clive
viveu na minha bunda e suspirei enquanto inclinei minha
cabeça para trás contra o ombro de Caleb. Senti como se
tivesse passado dez rodadas no ringue contra um Dragão com
dor de dente. Meus olhos já estavam encapuzados e tinha
certeza de que se ficássemos aqui por muito mais tempo, eu
adormeceria.
“Obrigado, Roxy,” Darius murmurou e o olhar que ele
estava me dando fazia meu coração dar um aperto estranho
enquanto mordia meu lábio inferior.
“Bem, como eu disse. Sou apenas uma idiota noventa por
cento do tempo,” brinquei, sem saber realmente o que fazer
com o jeito que ele estava olhando para mim. “Mas, se é tudo
igual para vocês, só quero voltar para a minha cama e...”
“Leve-a de volta para o meu quarto,” Darius disse, seu
olhar levantando para encontrar o de Caleb. “Certifique-se de
que haja um fogo rugindo na lareira para que ela possa
restaurar sua magia enquanto ela dorme. Vou dormir no
Hollow esta noite. Há coisas que todos nós precisamos
discutir.”
“Porra, sim,” Seth disse com entusiasmo enquanto Max ria
sombriamente e tinha que me perguntar quantos segredos
Darius foi forçado a manter dos outros Herdeiros e o que
exatamente iria mudar agora que ele não precisava mais
mantê-los.
“Eu te encontro lá,” Caleb disse, apertando seu braço em
mim enquanto Darius entregava a chave do quarto.
Darius hesitou bem ao nosso lado e estendeu a mão para
correr os dedos ao longo do lado do meu rosto. “Você estava
certa, sabe,” ele falou sob sua respiração como se os outros não
estivessem nos cercando e quando olhei em seus olhos, quase
parecia que eles não estavam. “Não sou bom o suficiente para
você.”
Eu nem tive tempo de responder antes de Caleb disparar
para longe dele, deixando a segurança da bolha de ar de Seth e
partindo para a tempestade comigo em seus braços.
Cerrei meus olhos contra a chuva forte enquanto
passávamos por ela e antes que percebesse, estávamos do lado
de fora da porta de Darius e ele estava girando a chave na
fechadura.
“Prefiro voltar para o meu próprio quarto,” protestei, mas
Caleb me ignorou, atirando direto para dentro e me colocando
de pé ao lado da cama.
Em um borrão de movimento, ele disparou em volta de
mim, arrancando minhas botas, jeans e top cropped antes de
despejar uma das camisas de Darius sobre a minha cabeça em
cima da minha calcinha, em seguida, me levando direto para a
cama enorme e colocando os cobertores bem embaixo do meu
queixo.
“Caleb!” Rebati, mas ele apenas riu.
“Já vi tudo isso antes de qualquer maneira, querida,” ele
brincou enquanto acelerava novamente, fechando a janela e
venezianas antes de usar sua magia para acender um enorme
fogo na lareira.
O calor tomou conta de mim e suspirei enquanto minha
Fênix interior se banhava na magia das chamas.
“Não quero dormir aqui,” murmurei quando o cheiro de
Darius me envolveu e uma série de arrependimentos vieram
sussurrando em meus ouvidos. Mas eu estava tão exausta
depois usar meus dons que simplesmente não conseguia evitar
que meus olhos se fechassem.
Caleb riu suavemente. “Vou trancar a porta e enfiar a
chave embaixo dela para que você possa escapar pela manhã.”
“Idiota,” murmurei.
“Sempre,” ele concordou, apagando as luzes e a porta se
fechou antes do som da chave girando na fechadura.
Estava cansada demais para discutir mais, mas antes de
adormecer, peguei meu Atlas da mesa de cabeceira e
encaminhei a fotografia que tirei de Xavier e Catalina voando
juntos em suas formas de Ordem para Darius. Ele merecia ver
a evidência do amor de sua mãe depois de todos esses anos e o
conhecimento de que todos eles tiveram esse vínculo negado
por tanto tempo que fazia meu coração doer por eles.
Um momento depois, uma mensagem veio dele e sorri para
mim mesma ao lê-la.

Darius: Obrigado, Roxy. Isso significa mais para mim do


que as palavras podem transmitir.

Minhas bochechas coraram com sua resposta e mordi meu


lábio quando a exaustão me levou. Suspirei para mim mesma
enquanto me aninhava em sua cama, tentando não me
demorar nas memórias de dormir aqui com seus braços em
volta de mim, sentindo como se nada e ninguém no mundo
pudesse me machucar, contanto que simplesmente ficasse ali.
Talvez eu devesse ter ouvido meus instintos. Porque sua cama
não parecia a mesma sem ele nela. E pela primeira vez que
admitiria para mim mesma, eu tinha que me perguntar se
cometi um erro terrível ao dizer não.
Corri na esteira a toda velocidade, levando meu corpo ao limite.
Levei a surra de uma vida na noite passada. Tinha tanto sangue e por um
segundo temi que meu pai não fosse parar. Mas não deveria ter
duvidado, porque agora que minha Ordem havia sido exposta ao mundo,
ele não poderia mais me matar. Não tão cedo, pelo menos. Tory Vega me
deu a proteção de que eu precisava. E não apenas isso, ela me salvou de
mais sessões com o Gravebone também. Seus truques mentais me
fizeram questionar minha própria cabeça, mas desde a noite passada, me
sentia eu mesmo novamente.
Nunca tinha escolhido os Dragões em minha hipnose, mas
ele chegou assustadoramente perto de me persuadir a isso.
Mais perto do que eu gostava de admitir. Eu só esperava que
aquele idiota desse uma longa caminhada fora de um pequeno
cais em breve e caísse em um poço de lava ardente.
Em uma hora, a imprensa chegaria junto com os outros
Conselheiros e os Herdeiros para celebrar minha forma de
Ordem. Era cômico. Na verdade, depois que minha mãe me
curou do ataque de meu pai na noite passada, eu ri pra
caralho. Porque agora ele seria forçado a me deixar sair em
público. Ele teria que me mandar para a escola. Para a Zodiac.
Era apenas uma questão de tempo até que eu fosse Despertado
no verão e estivesse pronto para começar meus estudos em
setembro. Mudaria desta casa, deste inferno.
Meu intestino torceu de repente e bati meu punho contra a
parada de emergência, a esteira diminuindo a velocidade até
parar embaixo de mim.
Respirei pesadamente, minha mente travando em mamãe.
Ela ficou comigo até tarde da noite, se desculpando por tudo.
Não me importava que eu fosse quase um homem adulto, me
aninhei em seus braços e bebi a sensação dela me cercando,
tentando compensar cada abraço perdido que não tivemos. Mas
então ela foi embora. E agora tínhamos que agir como se ela
não estivesse curada. Porque isso era o que ela estava. Meu pai
era uma doença que consumia a mente e o coração de outras
pessoas. Seu desejo de poder o havia corrompido há muito
tempo e sua necessidade de controle significava que ele lutou
para nos moldar nos pequenos fantoches ideais que ele
precisava que fôssemos. Se as pessoas realmente soubessem
como ele era, se soubessem o que ele fazia...
Engoli a bola dura na minha garganta e saí da esteira
enquanto recuperava o fôlego. Sair desta casa e ir para a
Zodiac Academy era algo que esperava por toda a minha vida.
Mas foi porque pensei que minha mãe era tão cruel quanto
meu pai. Agora... como poderia deixá-la aqui em sã
consciência?
A resposta era simples: não conseguiria.
Então, eu precisava de um plano, alguma maneira de tirá-
la desta vida antes que fosse levado para a escola em setembro
e ela fosse deixada sozinha na miséria na Mansão Acrux.
Saí da academia, tomei banho e voltei para o meu quarto.
Minha mãe colocou uma bela camisa social branca e calças
escuras na minha cama para a sessão de fotos. O brasão da
família Acrux era bordado em ouro no bolso do peito; dois
Dragões alcançando uma única chama acima deles, suas
caudas entrelaçadas onde nosso sobrenome estava impresso.
Eu me vesti com as roupas elegantes e me dirigi ao
espelho na parede, usando algum produto para empurrar meu
cabelo encaracolado para trás. Normalmente não me
incomodava, mas hoje era um dia especial. Um que estava
determinado a desfrutar. Queria ver a pele do meu pai
esticando-se sobre o sorriso mais brilhante que ele poderia
reunir para as câmeras. Queria sentir o desconforto escondido
atrás de seus olhos, ver o sangue subindo em seu pescoço
quando seus amigos o parabenizassem. Iria me banhar em
cada momento delicioso disso. Levaria cem surras por isso.
Hoje era meu. E iria degustar de cada segundo e guardar cada
momento na memória. Sabia que as coisas não seriam fáceis a
partir daqui. Mas elas certamente iriam melhorar. Tinham que
melhorar.
“Não é justo!” Eu ouvi Clara chorar de algum lugar no
corredor.
Fui até a minha porta, entrando no corredor para
encontrar meu pai arrastando-a pelo braço. Ele estava vestido
com um terno preto que era mais adequado para um funeral do
que para uma celebração. Mas, novamente, acho que isso foi
uma espécie de morte para ele. A morte de seu controle
absoluto sobre mim. Haha. R.I.P.
“Você vai fazer isso, Clara, não é um pedido,” meu pai
rosnou e ela lançou uma rajada de Sombras nele, jogando-o
para trás um passo. A mão dele veio para ela tão rápido que ela
não teve tempo de detê-lo quando bateu em sua bochecha,
fazendo sua cabeça girar para o lado.
Meu coração bateu mais forte enquanto eu observava, sem
me mover um centímetro no caso deles me verem e me
arrastarem para o que quer que fosse essa luta.
“Papai!” Clara lamentou, segurando sua bochecha
avermelhada. Então ela caiu de joelhos, envolvendo os braços
em volta das pernas dele e o abraçando com força. “Não faça
isso comigo, por favor! Eu não gosto do escuro!”
“Há uma luz no sótão, garota tola,” ele retrucou. “Você não
pode ser vista pela imprensa, não esconde as Sombras bem o
suficiente. Um deslize e estaremos expostos.” Ele agarrou um
punhado de seu cabelo, levantando-a para ficar de pé e
puxando-a enquanto ela chorava como uma criança.
Eles dobraram uma esquina e meu batimento cardíaco se
acalmou enquanto corria para frente e descia as escadas. Pelo
menos não teria que lidar com ela hoje.
Comi uma tigela de cereal na cozinha antes de encher a
tigela e comer outra, bem por que não? Estou comemorando.
Gostaria de poder dançar com mamãe e abraçá-la na frente de
todos hoje. E o pensamento me rasgou, puxando uma longa
ferida de sofrimento em meu peito. Depois de toda a
animosidade que nutria em meu coração por ela, agora minhas
entranhas estavam todas torcidas, meu amor por ela se
expandindo e afugentando todos aqueles sentimentos
sombrios. Se soubesse que ela era uma escrava do papai
também, talvez não me sentisse tão sozinho desde que Darius
foi para a escola.
Meu telefone começou a tocar e o peguei surpreso,
encontrando Sofia ligando. Meu coração parou na minha
garganta e quase engasguei com o cereal na boca.
Uma verdade surpreendente soou em meus ouvidos como
um gongo. Ela descobriu.
Nunca nos telefonamos. A única maneira que ouvi sua voz
antes foi através de seus vídeos no FaeBook, que posso ou não
ter salvado no meu telefone e assistido como um perseguidor.
Mas vê-la sorrir e rir com suas amigas, parecia que ela estava
sorrindo e rindo comigo. Sim, era triste pra caralho. Mas
encontrei conforto nisso. Eu não estava nem remotamente
preparado para atender aquela ligação e ouvir sua voz voltada
para mim de verdade.
Deixei a tigela de lado e corri para a despensa, fechando a
porta e passando correndo pelas prateleiras de comida. A
ligação seria cortada se não atendesse nos próximos dez
segundos.
Merda, o que eu digo?
Vou soar como um idiota?
E se ela odiar minha voz?
Limpei minha garganta. “Olá, Sofia,” pratiquei em um tom
mais profundo do que o normal. Idiota. “Olá. Oi. O que está
rolando?”
Atenda idiota!!!
Apertei o botão e o segurei no ouvido, dizendo, nada. Sim,
eu não disse nada. Apenas permaneci quieto e ouvi sua
respiração.
“Philip?” Ela perguntou timidamente e pressionei minhas
costas contra a parede oposta, afundando no chão ao lado de
um saco de batatas. O que foi estranho, porque eu meio que
me senti como um saco de batatas naquele momento.
“Ei,” falei. Eu parecia normal. Definitivamente normal.
“Você não é Philip, é?” Ela perguntou. Pelas estrelas, ela
parecia mais doce do que em qualquer um de seus vídeos. Essa
voz era rouca, inocente, mas sedutora. E poderia estar ficando
duro por ela como um garoto de 12 anos com sua primeira
ereção. Realmente bom pra caralho.
“Não,” respondi com a voz um pouco tensa, aparentemente
capaz de dar respostas com apenas uma palavra. Mas o que ela
iria pensar agora? E se ela não quisesse mais falar comigo?
Darius não era exatamente um GAD (Grande e Amigável
Dragão). E ela definitivamente era Time Vega, então talvez ela
não se importasse com ele ou minha família.
“Você é Xavier Acrux,” disse ela, com a voz um pouco
trêmula.
Não tinha certeza se ela estava com medo ou prestes a
começar a chorar porque sua bolha estourou quando ela soube
que não era Philip, o Pegasus inferior, que era totalmente
inofensivo com sua existência.
“Sim,” falei asperamente. Mais palavras, idiota, mais
palavras! Continuei. “Isso muda as coisas?”
Uma pausa de silêncio se passou, o que poderia muito
bem ter durado uma vida inteira.
“Não,” ela respondeu. “Pelo menos, não se você não
quiser?”
“Não... claro que não. Lamento ter mentido, eu só...”
Milhares de explicações passaram pela minha cabeça, mas não
precisei dizer nenhuma antes que Sofia respondesse.
“Entendo. Você é um Acrux. Seu pai queria que você fosse
um Dragão.”
“Sim,” suspirei. Cara, era tão bom falar com ela. Sua voz
era um fio de seda que parecia se enredar em minha alma e
acalmou cada Sombra escura que se encontrava lá. “Ele vai
fingir que é a melhor notícia de todos agora. Tory salvou minha
bunda.”
“Vou dar a ela o maior abraço por você.”
“Obrigado,” eu ri, empurrando a mão em meu cabelo
enquanto meu coração disparava. Eu não sabia por que me
sentia tão nervoso, mas conversar com ela era como tomar uma
injeção de pura adrenalina. “Devo poder ir ao Zodiac no ano
que vem,” disse abruptamente, e imediatamente me arrependi.
O que eu estava tentando dizer ao falar isso a ela? Que
poderíamos nos encontrar? Encontro? Sem chance. Ela era um
ano mais velha do que eu de qualquer maneira, por que ela iria
querer isso?
“Isso é uma notícia incrível,” ela engasgou e um sorriso de
merda tomou conta de todo o meu rosto.
“É?” Perguntei.
“A melhor,” ela riu e aquele som... porra, aquele som.
“Xavier! A imprensa está aqui, onde você está?!” A voz do
meu pai ecoou pelas paredes enquanto ele usava magia para
amplificá-la e meu coração tremulou.
“Merda, tenho que ir,” murmurei.
“Ok, falamos logo?”
“Em breve. E fique atenta para um artigo no Celestial
Times amanhã,” falei com uma risada baixa.
“Mal posso esperar.”
“Tchau,” murmurei e desliguei, ficando de pé e olhando
para o meu pau com um suspiro. Eu não estava pronto para a
câmera agora.
“XAVIER!” Meu pai berrou e sim, era isso. Minha ereção
afundou como um navio batendo em uma rocha no mar e
reorganizei minhas calças enquanto saía pela porta para a
cozinha.
Meu coração batia forte contra meus ouvidos enquanto
corria para o saguão de entrada, encontrando Jenkins abrindo
a porta e mamãe e papai parados no topo da escada, parecendo
um casal pitoresco enquanto ele passava um braço em volta da
cintura dela. Todos os Conselheiros Celestiais entraram,
seguidos por Seth, Caleb e Max. Darius apareceu um passo
atrás deles, seus olhos procurando o espaço e então pousando
em mim.
Ele correu para frente, envolvendo-me em seus braços e ri
quando ele me deu um tapinha nas costas.
“Você está bem?” Ele perguntou em um tom baixo.
“Melhor do que há muito tempo,” murmurei, em seguida,
flashes de câmeras caíram sobre nós enquanto a imprensa
descia.
“Podemos tirar algumas fotos da família Acrux nas
escadas?” Uma mulher loira chamou e troquei um sorriso
malicioso com Darius antes de nos movermos para o pé da
escada enquanto Jenkins conduzia os Conselheiros até a sala.
Os Herdeiros não saíram, porém, criando um arco para um
lado da sala enquanto assistiam a filmagem com interesse.
A mão do meu pai pousou no meu ombro de repente e
lutei contra a vontade de recuar, olhando-o com um sorriso
polido. Ele devolveu e não conseguia me lembrar de nenhuma
outra vez que ele dirigiu um sorriso para mim.
“Agora, apenas o Lorde Supremo e seu filho mais novo,”
perguntou um homem barbudo e Darius se afastou com minha
mãe enquanto meu pai descia para ficar ao meu lado.
Ele colocou o braço em volta dos meus ombros e me puxou
para perto dele. Eu lutei contra a vontade de rir do absurdo
disso enquanto o grupo de fotógrafos se aproximava, parecendo
animado enquanto tirava foto após foto.
Eu podia ver Darius e minha mãe pelo canto do olho,
falando dentro de uma bolha silenciadora enquanto ela
segurava sua mão. Eles estavam tomando cuidado para não
fazer uma cena, mas o olhar em seus olhos dizia que ambos
estavam desesperados para preencher a lacuna que meu pai
havia forçado entre eles com sua Coerção Negra. Darius já
tinha me mandado uma mensagem dizendo que voltaria para
casa na próxima vez que papai tivesse que ficar na cidade e nós
três planejamos passar algum tempo como uma família
adequada, pelo menos uma vez, sem nada nos impedindo de
nos amarmos como deveríamos. E eu estava ansioso por isso
com uma dor desesperada em minha alma.
Posamos para várias outras fotos enquanto meu pai
mantinha um sorriso falso no lugar por pura determinação e
relaxava quando eles finalmente as encerraram.
Achei que seria isso, mas uma mulher com olhos de aço
que reconheci como a chefe do Celestial Times, Portia
Silverstone, uma mulher que meu pai sempre trabalhou tanto
para manter doce, nos mandou para fora.
“Vamos ver aquela forma de Pegasus então, querido
garoto,” ela perguntou. “Temos alguns adereços para você
configurados aqui...” Ela saiu pela porta e os fotógrafos tiraram
algumas fotos sub-reptícias dos Herdeiros antes de seguir e o
aperto de meu pai em meus ombros aumentou dolorosamente.
Eu não pude evitar uma bufada de diversão quando
saímos e descobrimos que Portia tinha montado uma cena sob
o freixo ao lado da estrada. Um balde de cenouras colocado ao
lado dela e uma grande toalha de piquenique quadriculada
tinha sido estendida ao lado dela.
“Não seja tímido, Xavier,” Portia encorajou e meu pai me
soltou, seus braços caindo duros ao lado do corpo. “Vamos ver
você mudar.”
Minhas bochechas esquentaram com a atenção,
especialmente quando comecei a tirar minhas roupas e os
fotógrafos se divertiram muito com meu novo conjunto de
abdômen.
“Devíamos contratá-lo para um ensaio menos familiar no
Zodiass Weekly,” ouvi um dos repórteres murmurar e outra
risada me escapou.
Uma jovem que imaginei ser uma estagiária correu para
frente com uma toalha antes de tirar meu pau e lhe oferecer
um sorriso. “Obrigado. Acho que vou construir para uma
sessão de nudez completa,” brinquei e suas bochechas coraram
com um rubor.
Minhas sobrancelhas arquearam com isso. Sempre fui o
irmão menos legal, menos quente e menos interessante da
família. E realmente não me importei com isso. Mas a maneira
como ela estava olhando para mim me fez pensar se isso ainda
seria verdade depois de hoje. Puta merda de Pegasus brilhante,
o que diabos está acontecendo agora?
Lancei um olhar para meu pai antes de tentar mudar, os
nervos em guerra dentro de mim. Nunca tinha feito isso sob
tanta pressão antes. E se eu estragasse tudo? E se eu entrasse
na minha forma com muito vigor, espetasse Portia Silverstone
com meu chifre e cagasse um arco-íris no processo?
Não sejam umas idiotas hoje, estrelas. Por favorzinho com
uma cereja no topo.
Meu pai estava sorrindo tanto que me perguntei se ele iria
quebrar um dente.
Um sorriso afetou minhas feições quando me afastei da
multidão, em seguida, pulei para frente, deixando minha
Ordem assumir e derramar através da minha carne. Foi
incrível. Felicidade.
Balancei minha cabeça e purpurina caiu da minha crina
quando um relincho animado saiu da minha garganta. Corri
para enfrentar os repórteres e os flashes das câmeras me
cegaram. Empurrei, apreciando a atenção pela primeira vez e
dando a eles um show com um relincho completo.
Os Herdeiros estavam além deles, batendo palmas e
gritando. Seth uivou como um louco e Max cantou como um
galo. Darius tinha o maior sorriso que já o vi usar e Caleb
estava apenas rindo enquanto olhava para meu pai.
“Maravilhoso, Xavier!” Portia gritou. “Você é um garanhão
e tanto. O maior que já vi. Você está orgulhoso de seu filho,
Lorde Acrux?”
“Tão orgulhoso que poderia explodir,” respondeu o pai,
com os olhos mortos e o sorriso ainda intacto.
“Você esperava que ele fosse um Dragão? Foi uma
surpresa?” A loira chamou.
“Foi uma grande surpresa,” papai concordou, uma gota de
suor escorrendo pela testa, que ele rapidamente enxugou.
“Impressionante como as estrelas funcionam, realmente. Com
tanto sangue de Dragão, deveria ser impossível. Mas aqui
estamos.”
Um relincho escapou de mim novamente quando a risada
caiu através de mim e Portia aplaudiu com entusiasmo antes
de me conduzir para a toalha de piquenique.
Eu me aproximei, o cheiro das cenouras fazendo minha
boca realmente encher de água. Sempre gostei delas, maçãs
também, era por isso? Sempre estive destinado a ser um
Pegasus?
“Belo Xavier, agora vamos ver seu pai alimentando você
com uma das cenouras,” encorajou Portia e a risada dos
Herdeiros ecoou em meus ouvidos.
Olhei para meu pai enquanto ele caminhava em minha
direção com seu sorriso começando a parecer doloroso e ele
tirou uma cenoura do balde, estendendo-a para mim.
Eu mastiguei enquanto mais câmeras piscavam e meu pai
estendia a mão, parecendo inseguro onde me acariciar por um
momento antes de se estabelecer no meu pescoço com uma
palmada firme. Glitter caiu no chão e cobriu sua mão. Eu podia
ver o quanto ele queria limpar quando seu braço caiu
pesadamente para o lado e seus dedos flexionaram. Me irritou
como ele estava enojado por mim, pela minha espécie. Mas não
iria deixar isso arruinar meu dia.
Os fotógrafos tiveram o melhor momento de suas vidas nos
direcionando em várias poses, então finalmente libertaram meu
pai de seu momento no inferno, chamando os Herdeiros para
tirar fotos comigo enquanto ele entrava.
Seth tirou sua camisa com um grito e o resto dos
Herdeiros o seguiram, rindo enquanto se posicionavam ao meu
redor em poses ridiculamente exageradas.
Caleb estava deitado no chão diante de mim com uma
cenoura entre os dentes enquanto Max passava a mão nas
minhas costas, manchando seu peito com purpurina e os
outros logo correram para se cobrirem com ela também. Darius
ficou perto da minha cabeça e me aninhei em seu rosto no
momento em que as câmeras piscaram. Isso estava indo direto
para os melhores momentos da minha vida.
“Terminamos?” Darius perguntou à imprensa
eventualmente. “Eu quero ir voar com meu irmão.”
Meu coração bateu loucamente com o pensamento. Voar
com a mamãe noite passada tinha sido eufórico e invejei
Darius por suas asas por tanto tempo, estava mais do que
pronto para fazer tudo de novo com ele.
“Absolutamente,” disse Portia com um sorriso radiante.
“Não vamos nos intrometer mais neste dia especial.”
Eles começaram a empacotar seus equipamentos e os
Herdeiros se moveram ao meu redor, acariciando minhas
costas e fazendo a felicidade se espalhar por todas as partes do
meu corpo. Calafrios percorreram meu corpo com o contato e
nunca quis que acabasse.
“Ele precisa de um rebanho,” Max comentou.
“Podemos ser o rebanho dele hoje, hein Xavier?” Seth
perguntou e balancei a cabeça animadamente.
“Aposto que você não pode me acompanhar,” Caleb
desafiou com um sorriso malicioso e bati meus cascos
impacientemente enquanto Seth se despia e saltava para frente
em sua enorme forma de Lobo branco.
Max assobiou para a estagiária, que virou beterraba
enquanto ela olhava para ele. “Posso pegar sua mochila
emprestada, amor?”
Ela acenou com a cabeça sem palavras, largando-a de seu
ombro e jogando tudo para fora antes de jogá-la para Max.
“Obrigado,” disse ele.
Ela acenou com a cabeça, correndo para longe com suas
coisas empacotadas em seus braços e relinchei uma risada
quando Max juntou as roupas de Seth, em seguida, estendeu a
bolsa para Darius.
Meu irmão tirou a roupa, jogando-as nele e se afastando
de nós antes de mergulhar no gramado em sua enorme forma
de Dragão dourado, um rugido ensurdecedor deixando-o que
parecia um terremoto.
Empurrei de excitação, avançando para longe dos outros
Herdeiros enquanto Darius abria suas asas e se lançava para o
céu. Espalhei a minha também, correndo mais rápido pela
grama e pulando do chão com duas batidas de asas enquanto
subia atrás dele em direção ao sol. Nós rasgamos as nuvens e
havia algo tão dolorosamente maravilhoso no toque delas no
meu corpo. Quando fosse Despertado, eles seriam o que
precisava para recarregar minha magia e quase podia sentir
sua conexão com a minha alma zumbindo através de mim.
Voei sob Darius em sua imensa sombra antes de circular
para voar ao nível dos olhos dele. Se Dragão pudesse sorrir, ele
estaria fazendo isso agora. Seu olhar queimava com mil
emoções enquanto o glitter caía do meu corpo, deixando um
rastro brilhante no céu enquanto começávamos a voar e planar
em torno um do outro.
Ele logo deu um mergulho de nariz em direção ao chão e
juntei minhas asas, seguindo cada movimento seu e usando o
arrastar de seu corpo poderoso para me puxar com ainda mais
facilidade.
Suas asas se esticaram quando ele puxou para cima a
poucos metros do chão e Seth jogou a cabeça para trás,
uivando para nós de baixo com Max em suas costas gritando e
batendo com os punhos.
Caleb correu ao lado deles, sorrindo para nós enquanto os
seguíamos em direção ao grupo de árvores além do lago. Caí na
grama, meus cascos trovejando, galopando me sentindo tão
bem quanto voar enquanto mantinha o ritmo com Seth. Seu
flanco esfregou meu lado e uma rajada de energia dançou por
meus membros. Eu ´precisava disso. Queria um rebanho, um
grupo, uma família. E adorei que eles estivessem me oferecendo
isso, mesmo que apenas por um dia.
Eu me pergunto se papai me deixará encontrar outras
pessoas de minha espécie antes de começar a escola.
Darius voou acima das árvores enquanto avançávamos
contra elas e finalmente paramos ao lado de um riacho
borbulhante, saindo de nossas Ordens.
“Atenção!” Darius chamou enquanto despencava do céu
em sua forma Fae e deixou Seth pegar seu traseiro nu em uma
rajada de ar como se ele tivesse feito isso mil vezes.
Max jogou nossas roupas para nós e coloquei minhas
calças, deixando meu peito nu e os outros fizeram o mesmo
quando caímos nas rochas, banhando-nos na luz do sol que se
filtrava pelos galhos. Eu estava com calor demais pela corrida e
o calor da primavera estava finalmente começando a se infiltrar
no mundo também. Realmente era um novo começo para mim.
Não apenas pelas árvores e pelas flores. Este ano, eu iria
florescer com elas.
“Isso foi incrível,” exclamei, sorrindo para eles.
“Você é um cavalo rápido,” Seth comentou. “Você me deixa
com fome de caça.”
“Também,” Caleb riu. “Estava olhando para aquele pescoço
brilhante salivando, Xavier. É melhor você se preparar para se
defender na Zodiac.”
“Vou comer qualquer um que o tocar,” Darius comentou,
recostando-se em uma pedra com um sorriso malicioso.
“Você não precisa cuidar de mim.” Revirei meus olhos.
“Sempre vou cuidar de você,” Darius disse com um
encolher de ombros. “Mas tenho certeza de que você estará
pronto para detonar quando se inscrever, se continuar
trabalhando como faz.”
“Eu me pergunto se ele vai conseguir dois Elementos como
você,” Max se perguntou em voz alta. “Você é um signo de fogo,
certo?”
“Claro,” falei. “Mamãe e papai planejaram nossas
concepções tudo na hora certa.” Fiz uma careta e Darius me
espelhou.
“Se algum dia tiver filhos, vou deixá-los ser o que as
estrelas decidirem,” falei com firmeza e Darius desviou o olhar
com uma expressão tensa, fazendo a culpa atormentar meu
coração.
“Desculpe... foda-se Mildred,” murmurei e ele acenou com
a cabeça.
“Você tem sangue de Dragão, Xavier, você não vai se dar
bem com papai de qualquer maneira. Ele vai forçá-lo a fazer o
que ele quiser,” Darius disse tristemente e olhei ao redor dos
Herdeiros, me perguntando como ele era capaz de dizer isso.
“Espere, você...” Meus lábios se separaram enquanto todos
me olhavam com sorrisos tristes. Eles sabiam. E isso só
poderia significar uma coisa. A Coerção de Darius se foi, assim
como a minha desapareceu quando Tory a queimou com seu
fogo de Fênix.
“Então vocês sabem tudo?” Perguntei com cautela.
“Tudo,” Caleb disse severamente enquanto lançava uma
bolha silenciadora ao redor do grupo. “Tentamos falar com os
nossos pais, mas ainda não há provas que os comprometam.
Eles estão sendo cautelosos. Aparentemente, minha mãe já
tinha suas suspeitas sobre Lionel. Ela disse que ele
desapareceu por um tempo na manhã do ataque da Ninfa no
Palácio das Almas. Ela o seguiu, mas ele tinha um álibi decente
e depois que eles lutaram juntos contra elas, acho que ela o
rejeitou. Mas agora... espero que eles levem isso a sério.”
“E se fôssemos para a imprensa e simplesmente
contássemos tudo a eles?” Sugeri esperançosamente.
“Pai tem tudo bloqueado muito bem, Xavier,” Darius disse
com um suspiro. “Até que ele se mova sobre os Conselheiros e
revele suas cartas, não há nada que possamos fazer a não ser
tentar minar seus planos enquanto isso. E pelo menos os
outros Conselheiros podem se preparar para seu próximo
movimento para assumir o trono.”
“Bem, olhe para todos esses meninos lindos andando na
floresta.”
A voz fez meu sangue gelar e girei, encontrando Clara
pendurada de cabeça para baixo em um galho no que parecia
ser um vestido de noiva com um espartilho de renda e uma
saia esvoaçante.
“Que porra é essa?” Max se levantou com as mãos
levantadas e Caleb dispersou a bolha silenciadora enquanto se
levantava também, um rosnado baixo retumbando em seu
peito.
Clara caiu da árvore, erguendo-se e usando as Sombras
para ajudá-la a pousar suavemente. Caleb, Max e Seth
respiraram fundo com a visão. Mesmo sabendo dela, ver Clara
pela primeira vez devia ser perturbador. Ela era como um lindo
monstro, sua pele coberta por Sombras, seu poder emanando
de seu corpo quase alto o suficiente para ouvir.
Mudei-me para me levantar, mas ela agarrou-se às
Sombras dentro de mim, mantendo-me imóvel enquanto se
jogava no meu colo e enfiava os dedos no meu cabelo. “Papai
me trancou no sótão, ele não é um homem mau?”
“Volte para a casa, Clara,” Darius exigiu enquanto o fogo
cintilava em suas palmas.
Seu toque era gelado e meu estômago se revirou quando
ela passou a unha pelo meu pescoço. “Mas estou com fome.”
Ela cambaleou para frente, suas presas cravando em minha
garganta e assobiei, minha mandíbula travando enquanto ela
bebia profundamente das minhas veias.
Os Herdeiros se aproximaram com perigo em suas
posições e balancei minha cabeça para alertá-los, não
querendo que isso resultasse em uma luta. Ela puxou as
presas novamente e roçou os dedos no meu pescoço para curar
a ferida, em seguida, riu baixinho, ficando de pé.
Ela se aproximou dos outros, passando as mãos em seus
peitos nus e lambendo os lábios. “Aposto que todos têm um
gosto maravilhoso.”
“Você tenta morder qualquer um e nós não seremos
responsáveis por nossas ações,” Darius rosnou. “Agora volte
para a casa.”
“Mas quero jogar.” Ela fez beicinho. “E achei um vestido
tão bonito para usar e nenhum de vocês sequer me disse como
fico bonita nele. Acho que era da sua mãe.”
Ela soltou as Sombras dentro de mim e rosnei enquanto
me levantava. “Papai vai ficar furioso.”
“Ele está sempre com raiva,” ela riu. “E ele tem que me
pegar primeiro de qualquer maneira, mas você não me
denunciaria, não é Xavier?”
Ela se virou para mim novamente com escuridão em seu
olhar e Seth pegou seu braço para tentar segurá-la. Ela lançou
uma explosão de Sombras e ele se protegeu no último segundo,
fazendo os tentáculos escuros se espalharem sobre a cúpula de
ar como uma teia de aranha. Clara riu, em seguida, dirigiu-se a
Caleb, em vez disso, o encontrou com um emaranhado de
raízes que explodiu do chão, desviando-a para longe dele.
“Volte para a casa!” Darius estalou, levantando suas mãos
enquanto as chamas queimavam nelas.
Clara riu loucamente como se fosse algum jogo que
estávamos jogando com ela, correndo para frente e fechando os
punhos enquanto ela segurava as Sombras dentro dele. Ele
mostrou os dentes e ela sorriu docemente.
“Não grite comigo, Darius. Não gosto de gritos,” ela
sussurrou.
Um rugido tremendo soou na Mansão e um sorriso torto se
espalhou pelo meu rosto. “Papai sabe que você não está no
sótão,” comentei e seu rosto empalideceu um pouco. O que
dizia algo, considerando que ela era praticamente translúcida.
Ela pressionou o dedo nos lábios, em seguida, correu para
as árvores com sua risada caindo de volta para nós.
“Acho que vocês ouviram falar de Clara,” falei aos
Herdeiros, cruzando os braços. “O novo animal psicopata do
meu pai.”
Os três olharam de mim para Darius, preocupação
queimando em seus olhos.
“Então, precisamos lidar com ela antes de Lionel,” Seth
disse pensativo. “É assim que você derrota um bando, isola o
líder da força de seus inferiores.”
“Sim, além disso, se nos livrarmos dela, Lionel não terá
poder sobre as Ninfas,” acrescentou Max e a esperança de
repente iluminou meu peito.
Todos nós começamos uma conversa sobre como lutar.
Como ganhar. E com a força dos Herdeiros do nosso lado e das
Vega também, tive a sensação incrível de que o futuro poderia
não acabar tão sombrio, afinal. Tínhamos um longo caminho a
percorrer antes que pudéssemos realmente acreditar nisso.
Mas pelo menos eu não estava mais sozinho.
Entrei na sala de Tarot para nossa primeira aula de Artes Arcanas,
que tínhamos atualizado para aprender sobre todos os tipos de leitura da
sorte. O layout havia mudado desde que Astrum e Washer ensinaram
aqui. As mesas foram reorganizadas durante o feriado de Natal em uma
ordem crescente para ficar em frente para a mesa da frente e as
prateleiras foram forradas com delicados instrumentos de prata e
bronze, além de bolas de cristal, tigelas de adivinhação e lindos pêndulos.
Gabriel estava encostado em sua mesa enquanto falava
casualmente com alguém ao telefone. “Estarei em casa um
pouco tarde esta noite, tenho algo para fazer. Eu sei...” Ele riu.
“O quão forte é o chute do bebê?... É importante porque se ele
chutar muito irritado...” Ele lançou uma bolha silenciadora ao
perceber que todos na classe estavam extasiados em prestar
atenção nele e ele virou as costas para nós enquanto
continuava a conversa. Gabriel tinha contado a mim e a Tory
sobre sua esposa estar grávida e eu estava muito animada para
conhecê-la depois de tudo o que ele nos contou. Eles iriam nos
convidar para jantar uma noite em breve e mal poderia esperar.
Sentei-me ao lado de Tory, que parecia não ter dormido
muito na noite anterior enquanto bocejava pesadamente,
pegando seu Atlas e baralho de Tarot.
“Realmente espero poder prever que estou prestes a ser
mandada de volta para a cama pelo o resto da manhã.” Ela
virou a primeira carta de seu baralho e O Louco olhou para ela.
“Merda,” murmurou e ri enquanto ela jogava as cartas de volta
em sua bolsa.
“Pelo menos as cartas te dão previsões reais,” disse Diego
com uma carranca. “Sou péssimo nesta aula.”
“Talvez adivinhação não seja seu dom, mas você é bom em
outras coisas,” Sofia disse ao lado de Tory.
“Qual é o meu dom então?” Diego perguntou e nós três
ficamos sentados em um silêncio pensativo por um momento.
“Hum...” Sofia bateu nos lábios e minha testa franziu
enquanto eu tentava pensar em algo, me sentindo uma
péssima amiga. Ele ainda estava frequentando alguns tipos
diferentes de aulas de Aprimoramento de Ordem para tentar
descobrir a qual delas ele pertencia. Ele agora reconhecia que o
sol era responsável por recarregar sua magia, então sua
ansiedade diminuiu um pouco, mas de alguma forma ele não
me parecia um Leão da Neméia ou uma Harpia.
“Seu gorro!” Tory anunciou com orgulho e prendi uma
risada na garganta, engolindo enquanto Diego abaixava a
cabeça.
Gabriel dispersou sua bolha silenciadora, virando-se para
nós com um sorriso estúpido de sua conversa no rosto.
“Você vai ter um bebê, senhor?” Kylie perguntou do outro
lado da sala, olhando-o fixamente. Notei um distintivo de ouro
brilhante em seu peito com a palavra H.O.R.E.S. impressa em
letras pretas em negrito. E pensei que ser uma Bunda era ruim.
“Sim, no verão,” disse Gabriel com orgulho.
“Aww!” Jillian gritou, segurando seu coração onde ela
também tinha um distintivo de Prostitutas preso. “É um
menino ou uma menina?”
“Decidimos que seria uma surpresa, minha esposa me
proibiu de fazer previsões,” disse ele com o tipo de sorriso que
dizia que sabia exatamente qual era o sexo do bebê. “Certo,
hoje vamos deixar as estrelas decidirem nossos pares.” Ele
pegou um pote de ouro de sua mesa e o sacudiu um pouco
antes de ir para o final da fileira e estendê-lo para Tyler.
“Escolha um nome.”
Tyler enfiou a mão nele, tirando um pedaço de papel
dobrado e desenrolando-o. “Tory Vega,” ele disse
brilhantemente.
“Bom, todos vocês podem se mover uma vez que tenham
feito parceria.” Gabriel caminhou ao longo da linha e quando
ele me alcançou, mergulhei meus dedos no pote.
Peguei um pedaço de papel dobrado, abri-o e meu coração
afundou. “Kylie Major,” falei sem entusiasmo.
“Ergh, senhor, faça a escolha dela de novo,” Kylie exigiu.
“As estrelas falaram,” disse Gabriel asperamente e suspirei
quando ele me lançou um olhar de desculpas antes de seguir
em frente.
Quando todos eram parceiros, juntei minhas coisas e me
dirigi para tomar o lugar de Jillian enquanto ela o deixava. Ela
jogou o ombro em mim ao passar e rosnei, virando minha
cabeça para trás para olhar para ela e lançando uma videira do
chão para prender seu tornozelo. Ela tropeçou com um grito, se
recuperando no último segundo e me olhando com cara feia.
Golpeei meus cílios inocentemente antes de me abaixar ao lado
de Kylie.
Ela manteve os olhos fixos em Gabriel, seus lábios
empurrados em um beicinho enquanto colocava meu Atlas na
mesa.
“Hoje vamos interpretar os sonhos uns dos outros usando
o guia escrito pela famosa Dreamnologista Adelaide Som, há
mais de duzentos anos,” explicou Gabriel. “Nenhum guia foi
melhor produzido desde seu trabalho pioneiro sobre sonhos,
onde ela usou seu dom da Visão e sua Ordem de Sereia para
estudar mais de vinte mil Fae, seguindo seus sonhos desde o
início até a materialização. O guia está no seu Atlas na lista de
referências das Artes Arcanas.”
Eu o localizei no meu Atlas e encontrei uma enorme lista
alfabética de todos os tipos de símbolos encontrados nos
sonhos.
“Escreva o último sonho de que você se lembrar com o
máximo de detalhes possíveis e depois troque com o seu
parceiro e interprete um do outro,” instruiu Gabriel. “Muitas
vezes é difícil estudar seus próprios sonhos, pois somos
influenciados por coisas como o resultado desejado. Se você
está esperando que algo aconteça, muitas vezes irá ignorar os
sinais ruins subconscientemente e procurar a resposta que
deseja. Isso pode ser perigoso, especialmente ao procurar
sinais de uma situação de vida ou morte. Claro, seu parceiro
pode precisar de mais detalhes sobre as circunstâncias de sua
vida para tirar conclusões precisas, portanto, tentem ser
honestos um com o outro. No próximo ano, você aprenderá a se
desapegar de suas emoções para poder fazer suas próprias
leituras, mas apenas os muito realizados podem dominá-lo.”
Ficamos em silêncio enquanto pegávamos blocos de notas
e escrevia um sonho que tive noite passada.
Eu e minha irmã estávamos caminhando em uma bela
floresta quando uma sombra escura de repente encobriu o sol,
então uma matilha de cinco lobos começou a nos circundar, se
movendo cada vez mais perto. Mas quando eles chegaram
perto, não morderam como esperávamos e se transformaram
em filhotes, rolando de costas para que nós fizéssemos cócegas
em suas barrigas e brincássemos com eles na floresta.
Realmente não tinha pensado muito nisso além do fato de
que era meio estranho e fofo ao mesmo tempo.
Quando terminei, rasguei a página e passei para Kylie
enquanto ela, sem palavras, me passava a dela.

Sonhei que estava na praia, correndo em direção à água,


mas ela ficava cada vez mais longe. Então o solo ficou
encharcado e eu estava afundando e não conseguia voltar. A
água finalmente parou de se mover e a maré desabou sobre mim
em uma onda.

“Parece um pesadelo,” comentei, procurando em meu guia


a palavra praia.
“Foi,” ela murmurou.
Encontrei o termo e li a descrição. “A praia estava deserta
ou havia gente lá?”
“Não havia ninguém lá,” ela disse calmamente.
“Ok, bem, isso significa que você precisa tirar algum tempo
para si mesmo, aparentemente.”
“E o resto?” Ela exigiu, claramente não prestando atenção
ao meu sonho enquanto me olhava impaciente.
Lutei contra um revirar os olhos e procurar significados
para uma onda. “Quão grande foi a onda que tomou conta de
você?”
“Realmente grande, como um tsunami.” Ela estremeceu.
“Isso significa que você está prestes a liberar alguma
energia emocional reprimida,” eu li, olhando-a e para ser justa,
ela parecia que estava prestes a explodir um vaso sanguíneo
apenas por se sentar ao meu lado.
“E quanto ao pântano na areia?” Ela pressionou.
“Significa...” Encontrei a palavra pântano e um dos
significados mencionados estar preso nela. “Que você está
lutando com uma situação desagradável da qual não consegue
ver uma saída.”
Kylie bufou e então se virou para ler meu sonho.
“Isso faz sentido para você?” Perguntei, me perguntando se
tinha feito certo.
“Sim,” murmurou. “Sentido total.”
Duvidava que fosse conseguir mais dela do que isso e
imaginei que realmente não me importava de qualquer
maneira, mas o olhar em seu rosto me fez imaginar o que a
estava incomodando tanto.
“Andar por uma floresta em seu sonho significa que sua
alma está entrando em uma nova fase de iluminação,” ela leu,
então avançou enquanto encontrava a próxima interpretação.
“Uma sombra sobre o sol representa uma mudança sombria
em seu mundo... e os lobos...” Ela franziu os lábios.
“Provavelmente significa que você é uma vadia de grau A com
um fetiche de Lobisomem.”
“Com licença?” Rosnei, mas ela apenas deu de ombros, os
olhos fixos no guia.
“Um lobo simboliza um guardião em sua vida, então
quantos forem, cinco você disse?”
“Sim,” falei, ainda chateada com o comentário da vadia.
“Então você tem cinco guardiões e acho que sua irmã
também, mas os filhotes significam que você não tem certeza
das verdadeiras intenções dos lobos. Mas acho que posso
esclarecer uma das intenções deles para você porque meu Seth
só está te fodendo porque acha engraçado que ele possa ter
uma Princesa Vega, que supostamente é sua inimiga. É obvio.”
Minha sobrancelha se franziu e eu estava prestes a atacar
de volta quando de repente percebi que ela nunca foi
esclarecida sobre o boato que Seth espalhou sobre nós. E agora
que Darius disse a ele para recuar, não havia nenhuma razão
para continuar com a farsa.
“Nunca transei com Seth,” falei com firmeza. “Ele me
chantageou para dizer isso.”
“Há!” Ela se virou para me encarar com seus olhos
brilhando verdes e de cobra como sua Ordem Medusa. “Por que
Sethy se incomodaria? Você obviamente abre as pernas com a
mesma frequência que sua irmã. Não é como se ele precisasse
mentir.”
Minha mão saiu antes que pudesse me questionar e dei
um tapa em seu rosto. Ela nunca viu isso chegando e seu
queixo caiu quando ela olhou para mim. “Não fale sobre minha
irmã assim.”
“Senhor!” Ela gritou. “Darcy acabou de me bater!”
Todos na sala de aula estavam olhando para nós e cerrei
minha mandíbula, virando-me para Gabriel enquanto esperava
minha punição. Fosse o que fosse, definitivamente valeu a
pena.
“Ela bateu?” Gabriel meditou. “E você espera que
intervenha e lute suas batalhas por você, Srta. Major?”
Tory me lançou um sorriso do outro lado da sala e não
pude evitar retribuí-lo.
“Argh, eu te odeio,” Kylie murmurou e fiz uma careta.
“Agora, quero que você repasse seu sonho em sua mente e
busque os símbolos mais sutis escondidos dentro dele que você
pode ter perdido,” Gabriel gritou. “Havia nuvens no céu ou
nenhuma? O solo sob seus pés era macio ou duro? Era verão
ou inverno? Pense bem, porque é aqui que você encontrará a
verdadeira profundidade em sua previsão do futuro. Todos
fechem os olhos e façam isso agora.”
Fechei os olhos e tentei percorrer o sonho novamente e me
lembrei que havia pequenas flores brancas sob as árvores ao
meu redor.
Meu Atlas zumbiu e abri um olho, deslizando-o sutilmente
da mesa para o meu colo. Toquei na tela e abri a mensagem de
Orion, recostando-me na cadeira para que ninguém mais
pudesse ver.

Lance: Venha para o jantar esta noite. Há uma reunião de


equipe às seis, então posso deixar a porta aberta para você
enquanto o lugar está vazio.

Eu sorri, prestes a responder quando Gabriel se


aproximou de mim. “Você tem detenção comigo esta noite,
lembre-se. Sete até oito.”
Fiz uma careta, não me lembrando de nada disso, mas ele
me lançou um olhar penetrante e percebi do que se tratava.
Meu presente para Orion. “Claro,” falei enquanto meu coração
levantava. “Estarei lá.”
Ele acenou com a cabeça enquanto se afastava,
escondendo um sorriso enquanto coçava o canto da boca.
Olhei de volta para o meu Atlas para encontrar outra
mensagem.

Lance: Esqueci de comprar a sobremesa, mas felizmente


tenho uma lata de chantilly e um apetite voraz por você.
Portanto, não vou passar fome, pelo menos. Filho da puta
egoísta, não sou?

Uma risada me escapou e Kylie me lançou um olhar


furioso. Rapidamente apaguei as mensagens e trouxe o guia
dos sonhos novamente, treinando minhas características.
“Pela lua, você é tão óbvia. Você poderia pelo menos
admitir que arruinou meu relacionamento e ainda está
transando com meu ex como a vadia sem coração que você é. O
que ele te enviou exatamente?”
Revirei meus olhos. “Ele não me mandou uma mensagem
de texto e eu preferia comer um cacto do que ficar com Seth
Capella,” atirei para ela.
“Mentirosa,” ela sussurrou com veneno em seu tom e por
um segundo Pensei que seu cabelo fosse explodir em rajadas
de cobras furiosas.
“Não sou uma mentirosa,” rebati. “Não quero nada com
ele.”
“Você sabe o que é pior do que ser uma puta sem classe?
Uma puta que nem consegue admitir que é uma,” ela rosnou.
“Diz a garota que está usando um distintivo de Prostitutas,
Kylie,” Tyler gritou do outro lado da sala. “Ouvi que você tem o
nome de Seth tatuado em sua vagina com as palavras insira
aqui para me fazer uivar e uma seta apontando para seu
traseiro. Isso é verdade?”
Comecei a rir com o resto da classe e juro que até Gabriel
bufou.
“Cale-se!” Kylie retrucou e então olhou para mim como se
fosse a única a dizer isso, e senti mais do que raiva nela. Havia
mágoa genuína também. Foi o suficiente para me fazer morder
a língua e me afastar. Ela claramente não iria ouvir nada do
que dissesse de qualquer maneira. Então, por que me
preocupar?
A lição passou dolorosamente devagar e Kylie interpretou
todos os outros símbolos que lembrava do meu sonho como
significando que eu era uma prostituta. Portanto, não foi
exatamente produtivo.
O alívio me preencheu quando a aula finalmente terminou
e saí da sala com Tory, dizendo adeus a Diego e Sofia enquanto
caminhávamos para a Classe Elemental da Terra com Tyler.
Mudei o nome de Lance no meu Atlas para Starboy, então se
alguém visse uma de minhas mensagens, não saberia de quem
era. Não que eu tivesse mantido alguma por muito tempo.
Também cantei Starboy do The Weekend e Daft Punk na minha
cabeça enquanto fazia isso. Não que eu soubesse noventa por
cento das palavras. Mas sabia o refrão. Tipo isso.
Kylie marchou por nós com a cabeça erguida
orgulhosamente no ar e Tory mostrou o dedo para ela.
“Aquela garota precisa ter uma vida. Como se você fosse
foder aquele idiota. Ele fez da sua vida um inferno. Você tem
padrões mais elevados do que eu.”
Tyler bufou.
“Acho que ela está tão apaixonada por ele que nem
consegue ver o que há de ruim nele,” falei com uma carranca.
Não que estivesse dando a ela um passe livre, mas vi aquele
olhar em seus olhos. Seu coração ficou partido quando ele
terminou com ela.
“Bem, guardar rancor é como beber Faesine e esperar que
seu inimigo entre em combustão em chamas,” disse Tyler. “E
aquela cadela bebeu um galão.”
Tory e eu rimos, mas eu estava distraída quando avistei
Seth e Caleb à frente quando chegamos no Território Terrestre
na entrada das cavernas.
Seth estava dando uma parada de mão nos ombros de
Caleb enquanto o Herdeiro Vampiro corria para ver quanto
tempo ele poderia aguentar. A classe estava formando uma
audiência do lado de fora, aplaudindo e rindo enquanto Caleb
pulava no ar e Seth desabava. Ele se segurou com uma rajada
de vento, pousando em pé na frente de seu amigo e se
curvando enquanto todos aplaudiam.
“De novo, de novo!” Duas garotas juniores choraram,
batendo palmas enquanto balançavam para cima e para baixo
em seus calcanhares.
“Ei, Vega!” Caleb chamou quando nos viu. “Aposto que
vocês não podem fazer isso!” Ele saltou para ficar nos ombros
de Seth de um pulo em pé, em seguida, girou o dobro sobre sua
cabeça e pousou na frente dele com um sorriso malicioso
quando outra salva de palmas estourava.
“As verdadeiras rainhas poderiam superar seus traseiros
acrobáticos a qualquer dia!” Geraldine gritou, colocando as
mãos nos quadris enquanto abria caminho entre os alunos em
nossa direção.
Compartilhei um olhar com Tory e ela sorriu ao mesmo
tempo que quando uma decisão foi tomada entre nós.
Jogamos nossas bolsas e blazers no chão, abrindo
caminho pela multidão até o círculo de espaço entre eles.
“Vou jogar você para o alto,” murmurei para Tory e ela
acenou com a cabeça intensamente, o desafio acendendo em
seus olhos. Sua rotina de animadora de torcida provou
exatamente o quão preparada ela estava para isso. E minhas
sessões de Pitball me ajudaram a me impulsionar no ar para
bloquear o Pit, então éramos o time perfeito.
Ajoelhei-me, juntando minhas mãos como se fosse lhe dar
um impulso para subir em uma árvore do jeito que fiz quando
éramos crianças e ela cruzou os braços sobre o peito com um
sorriso malicioso. Ela se agarrou a mim e a empurrei para o
céu, jogando meu poder aéreo nela e ela disparou bem acima
de nossas cabeças, girando descontroladamente no ar e
fazendo sua saia se espalhar ao redor dela sob aplausos
estridentes da multidão.
Eu a guiei para baixo para pousar suavemente e ela
imediatamente caiu de joelhos, estendendo as mãos e dando-as
para mim. Caleb e Seth estavam nos observando atentamente,
suas sobrancelhas levantadas.
“Err, não sou tão graciosa, Tor,” murmurei.
“Você pode fazer isso,” ela empurrou e o fogo em seus
olhos me fez acenar com a cabeça, não querendo duvidar de
mim mesma no momento de excitação.
Pisei em suas mãos, esperando não parecer um punhado
de espaguete jogado no ar. Ela me impulsionou para cima e
usei o impulso para virar para trás, meu coração martelando
enquanto voava de volta para o chão.
Pousei na terra elástica enquanto Tory a amolecia e
engasguei quando só tropecei um passo. Isso!
Os aplausos ecoaram e Geraldine estava liderando os
membros da Terra do clube A.S.S. em um grito de Vega para o
trono!
Olhei para Seth e Caleb que estavam compartilhando um
olhar conspiratório que fez meu coração bater.
“Brincadeira de criança. Agora deixe a gente jogar vocês,”
Seth disse com um desafio em seus olhos. “Aposto que você
não poderiam dar três voltas antes de atingirem o solo.”
“Psh. Isso dependeria de nós confiarmos em você,” eu
disse. “O que nós não fazemos.”
“Obrigada, mas não obrigada,” disse Tory, jogando o
cabelo por cima do ombro.
“Vamos lá, vocês poderiam simplesmente salvar suas
próprias bundas se decidirmos deixá-las cair,” Caleb disse.
“Vou jogar você com minha força de Vampiro, Tory. Vai ser
divertido. Você pode controlar todo o pouso.”
“Irei adoçar o negócio para você, Darcy,” Seth disse, se
aproximando de mim. “Se você der três saltos e pousar sem
tropeçar, vou deixa-la ter um tiro livre contra mim. Sem
blindagem.”
Meus lábios se abriram e me vi caminhando direto em sua
direção, sem questionar. Eu queria dar um soco na cara dele?
Com certeza. Então, iria perder essa oportunidade por alguma
coisa? Sem chance.
“Mas só se Tory fizer isso também,” Caleb concordou e
Tory riu, movendo-se em direção a Caleb quando ele colocou as
mãos em sua cintura. Isso que era amor de irmã.
Seth avançou e agarrou minha cintura, o cheiro fresco
lupino passando por mim. Seu cabelo estava preso em um
topete hoje e sua boca estava inclinada em um sorriso
diabólico. Esperava não estar indo direto para a armadilha de
um caçador aqui, mas poderia usar minha própria magia para
diminuir minha queda de qualquer maneira.
No canto do meu olho, senti o olhar de Kylie queimando
um buraco na minha cabeça e tinha certeza que ela teria
realmente derretido meu cérebro se pudesse. Ela estava
pegando o lado errado do galho, no entanto. O lado errado de
toda a árvore, na verdade. Eu estava fazendo isso pelo soco que
iria acertar no rosto de Seth. Nada mais.
“Pronta, baby?” Ele perguntou.
“Sempre,” respondi facilmente, como se meu coração não
estivesse batendo como uma martelada.
“Três giros completos, sem trapaça,” ele falou sob sua
respiração.
“Eu não trapaceio e também não minto. Ao contrário de
você, que deixou a sua ex continuar acreditando que nós
saímos. Isso é simplesmente frio, Seth.”
Suas sobrancelhas arquearam e ele lançou um olhar na
direção de Kylie. “Não achei que ela se importasse. Nós
terminamos há muito tempo.”
Resmunguei. “Você nem sabe o dano que causa, não é?
Vagando pela vida, esmagando o coração das pessoas enquanto
olha na outra direção. Você ainda tem uma alma em seu peito
vazio?”
Ele enrolou a mão nas minhas costas, puxando-me para
mais perto com um grunhido feroz. “Você sabe que sim ou
alguém não estaria ainda respirando agora.”
Meu coração parou na minha garganta. Eu não tinha
resposta para isso.
“Estamos fazendo isso ou o quê?” Caleb chamou.
Seth acenou com a cabeça, me levantando do chão e se
preparando para me jogar. “Faça boa viagem. Não bata seu
rosto na terra com muita força.”
Cerrei meus dentes em determinação e alguém na
multidão gritou: “Vai!”
Seth me jogou com toda a força de seu poder aéreo e subi
tão rápido que precisei de tudo para não gritar. Um borrão na
minha visão periférica me disse que Tory estava perto, mas não
consegui me concentrar nela quando comecei a cair, olhando
para o chão a mais de trinta metros abaixo de nós com um
golpe na minha barriga.
Joguei minha cabeça para trás e me forcei a virar, caindo
cada vez mais rápido. Girei uma, duas, três vezes, quatro, em
seguida, joguei minhas mãos para me segurar antes de bater
no chão.
Tenho que pousar bem, caramba.
Puxei um pé do chão e me abaixei graciosamente,
pousando firmemente em ambos os pés assim que Tory caiu ao
meu lado.
Vivas soaram no ar e gritei, pulando em Tory e abraçando-
a com força.
“Dê o inferno a ele, Darcy,” ela disse em meu ouvido e me
afastei dela em direção a Seth com um desejo feroz de vingança
em minhas veias.
“Briga, briga, briga, briga!” Todos na classe começaram a
cantar, emocionados com a sede de sangue no ar.
Seth bateu em seu queixo com um sorriso zombeteiro
como se isso não fosse machucá-lo nem um pouco. Mas você
não crescia em um orfanato por metade de sua vida e entre a
metade mais astuta da sociedade sem aprender a dar um bom
soco. E agora que eu tinha treinado força em Melhoramento
Físico, tinha o poder de mutilar também.
Pensei em cada coisa vil que ele tinha feito para mim e
joguei meu punho tão forte quanto pude com um grito de
desafio. Minha mão se chocou contra um escudo de ar sólido e
um grito de dor escapou de mim quando meus dedos estalaram
e esmagaram.
Um oooh soou na multidão e Seth começou a rir pra
caramba.
“Seu idiota,” rebati.
“Woah, woah, foi só uma piada,” disse ele, controlando sua
diversão rapidamente.
Tory correu para frente, envolvendo um braço em volta de
mim, mas me afastei dela, fixando Seth no meu olhar enquanto
um rosnado saía da minha garganta.
“Vá se ferrar, sua palavra não significa nada,” cuspi.
“Não é verdade, foi só uma risada. Você tem que admitir
que foi engraçado,” Seth disse, olhando para Caleb com
esperança.
“Cara, não acho que a piada foi boa,” Caleb disse,
passando a mão na nuca antes de se virar para mim. “Às vezes
fazemos pegadinhas como essa.”
“Hilário,” falei impassível, levantando minha mão boa e
causando uma tempestade ao meu redor. Eu iria destruir Seth.
“Já chega, alunos!” O professor Rockford falou. “Todo
mundo dentro.”
“Aqui, deixe-me curar,” Seth ofereceu e me afastei dele.
“Não me toque,” assobiei e um gemido escapou de sua
garganta.
“Acalme-se, baby. Vou curá-la e você pode dar o seu soco.”
“Seth joga duro, só isso,” Caleb disse se desculpando.
“Quebre o nariz dele, vai fazer você se sentir melhor.”
“Não,” falei com Seth, uma energia negra subindo em meu
sangue enquanto as Sombras giravam dentro de mim. Ele me
humilhou muitas vezes. E se ele pensasse que poderia
simplesmente começar a me tratar como um de seus
amiguinhos com suas pegadinhas tão engraçadas, então ele
pensaria novamente. “Na verdade, não quero nenhum soco
grátis de você de qualquer maneira. Quando eu derrotar você,
será porque sou mais forte, mais capaz. E você vai olhar para
mim do chão e desejar nunca ter se tornado meu inimigo.”
O olhar de Seth se iluminou com um tipo de brilho faminto
e ele se mudou para o meu espaço pessoal com um sorriso
malicioso. “Você entendeu uma coisa errada, baby. Não há
nada que eu goste mais do que um oponente digno. Então
venha até mim com tudo que você tem, porque estou faminto
por esse fogo em seus olhos. Sei que você tem o que é preciso.”
Ele passou por mim e Caleb nos ofereceu uma carranca
tensa antes de caminhar atrás dele. Geraldine correu para
frente, capturando minha mão na dela e liberando um canal de
magia de cura sob minha pele. Suspirei enquanto minhas
juntas se curavam, virando minha cabeça para olhar atrás de
Seth.
“Obrigada, Geraldine,” murmurei.
“Não tem problema meu querido dente de leão. Esse
malandro precisa de uma boa noção. O que eu não daria para
passar manteiga no lado errado de seu bagel.” Ela sacudiu o
punho em sua direção e o professor Rockford bateu palmas
para nos encorajar a continuar.
“Ele vai ter o que merece,” Tory sussurrou para mim e
acenei com a cabeça, alimentando-me daquela semente de ódio
em mim que estava crescendo raízes mais profundas e se
transformando em algo verdadeiramente mortal. Sabia que o
que ele tinha feito por Orion era algo que nunca poderia
esquecer, mas isso não cancelava todas as coisas ruins que ele
já fez para nós. E eu estava determinada a fazê-lo pagar.
“Vou ganhar isso,” falei com firmeza. “Então minha
vingança terá um sabor ainda mais doce.”
“Eu quero o maior bolo do mundo,” Seth anunciou com entusiasmo.
“E uma montanha de presentes. E balões. E serpentinas. E jogos de festa e
de bebidas. E provavelmente precisamos de um tema. Ou talvez algum
tipo de artista, como meninas do fogo ou talvez provocadores da terra,
ou que tal...”
“Tenho algo a dizer sobre isso?” Max perguntou, revirando
os olhos. “Porque a última vez que verifiquei era uma festa de
aniversário conjunta e, no entanto, estou ouvindo um monte de
coisas que você quer e sem me consultar muito.”
Bufei uma risada. Todos os anos tínhamos a mesma coisa.
Seth e Max nasceram com cinco dias de diferença, Seth logo no
final do ciclo de Aquário e Max no início de Peixes. E todos os
anos eles faziam uma festa conjunta. E todos os anos eles
passavam todo o tempo discutindo sobre os detalhes antes de
jurar que no ano seguinte eles teriam festas separadas para
que não tivessem que abrir mão do que tanto desejavam.
Este ano, eles concordaram em deixar a festa com o tema
do Ar antes de perceberem que seria muito difícil fazer
decorações de Ar ou realmente fazer qualquer coisa com ela em
termos de festa e, portanto, as discussões sobre o que mais
teria começaram.
Estávamos todos sentados ao redor do fogo em Kings
Hollow enquanto discutíamos isso, embora Darius mal tivesse
contribuído com duas palavras até agora.
“Não sei por que vocês sempre deixam tudo isso para o
último minuto,” falei exasperado, recostando-me na cadeira. “A
festa é em uma semana e vocês ainda não viram a lista de
convidados.”
“Não precisamos ter uma lista de convidados, é
obviamente um evento exclusivo de Prostitutas que fará o clube
Bunda chorar em seus travesseiros com o conhecimento de
quanto eles estão perdendo,” Seth disse com um sorrisinho de
merda. Ele estava sentado ao meu lado no sofá e estava
claramente se sentindo muito Lobo hoje, enquanto continuava
passando a mão no meu braço e se aninhava até ficar
encostado em mim. De um modo geral, minha Ordem não
gostava da merda sensível e sentimental que os Lobos
adoravam, mas eu normalmente não me importava com os
carinhos do Seth de alguma forma.
“Certo. Mas você ainda não escolheu um local,” apontei.
“Que tal no lago?” Max sugeriu. “Poderíamos congelar uma
parte da água ao lado da margem e poderíamos criar um
Palácio de gelo e terra juntos exclusivamente para a festa.
Temos aquela avaliação prática de magia chegando de qualquer
maneira, assim podemos usá-la para mostrar nossos talentos
também e matar dois coelhos com uma cajadada só.”
“Gah, isso parecia ótimo até que você o transformou em
trabalho,” Seth bufou dramaticamente, caindo no meu colo
com um braço sobre os olhos.
“Seriamente?” Reclamei e ele se mexeu com a cabeça
apoiada na minha virilha e me espiou por baixo do braço.
“Estou estressado, preciso de contato corporal, não me
rejeite agora, cara,” disse ele, jogando um pequeno gemido falso
para efeito adicional e revirei os olhos.
“Ok. Mas não estou acariciando o seu cabelo,” falei
impassível enquanto ele sorria amplamente.
“Provavelmente é melhor você não fazer ou poderia me
deixar duro,” ele concordou e eu nem sabia se ele estava
brincando, mas ri como se ele estivesse.
Darius se levantou e foi até o refrigerador para pegar uma
cerveja. Era sábado, então imaginei que não importava se ele
estava em sua terceira cerveja... mesmo que fosse onze da
manhã.
Ele tinha estado muito assim nos últimos dias. Calmo,
taciturno e distante das conversas mundanas que todos
estávamos tendo.
Tinha um plano para animá-lo como minha parte no
acordo com Orion e os outros Herdeiros para tentar quebrar
essa maldição sobre ele e Tory, mas ainda estava preocupado
se iria funcionar ou não.
Houve vários problemas com isso. Um: eu estava
prestando muita atenção à maneira como as estrelas reagiam
sempre que ficavam muito próximos um do outro e esperava
ter descoberto as lacunas, mas não havia realmente nenhuma
maneira de testar isso antes do evento principal, então só tinha
que torcer para que meus palpites estivessem certos.
Dois: Tory havia se afastado de mim nas últimas semanas
e não tinha certeza se seria capaz de fazê-la confiar em mim o
suficiente para seguir meu plano. Mas também não poderia
revelar a ela, ou a qualquer outra pessoa, caso as estrelas
estivessem me ouvindo. As estrelas tinham ouvidos? Nenhuma
ideia. Mas elas definitivamente pareciam ter olhos, então
manteria meus planos em segredo até que chegasse a hora,
para garantir.
Três: Darius não jogava bem com os outros e era um filho
da puta duplamente mal-humorado recentemente, entendia o
porquê, mas isso só tornava o meu trabalho mais difícil:
convencê-lo a experimentar minha ideia e seria como escalar
uma montanha. Mas, tinha o mais leve vislumbre de esperança
de que se pudesse superar todos e cada um desses obstáculos,
então poderia ter tido uma ideia brilhante do caralho.
Esperançosamente. Presumindo que não explodisse na minha
cara. Mas, por enquanto, era tudo o que tinha, então valia a
pena tentar.
“Podemos pelo menos concordar com bolo de chocolate?”
Seth perguntou, espiando por baixo de seu braço e lançando a
Max os olhos de cachorrinho.
“Eu queria baunilha,” disse Max, pontuando essa ideia
empurrando sentimentos de desejo e tentação sobre todos nós
até que meu estômago roncou e saliva se acumulou na minha
boca.
“Baunilha parece bom,” admiti, me perguntando se
poderia conseguir um pouco do pessoal da cozinha o mais
rápido possível.
“Idiota,” Seth resmungou. “Agora quero baunilha
também.”
“Parece que você tomou uma decisão então,” Darius disse
em um tom vazio. Ele não parecia estar com espírito de festa.
Nem um pouco.
O resto de nós trocou olhares enquanto ele se concentrava
em sua cerveja.
“Então... como está Xavier agora?” Seth perguntou
timidamente.
Era sempre difícil dizer como ficava o humor de Darius
quando ele estava assim. Ele poderia virar um completo idiota
Dragão, arrancar nossas cabeças com uma mordida, nos
atacar um pouco e então nos mandar ir embora. Ou ele podia
simplesmente se abrir. E esta semana, desde que Tory escapou
para sua Mansão e jogou Xavier para fora do armário de
Pegasus para o mundo inteiro ver depois de desbloquear todas
as barreiras em sua mente, ele estava mais sujeito a esta
última.
“Melhor,” Darius respondeu, um sorriso enganchando o
canto de sua boca enquanto ele olhava para nós. “Ele teve
permissão para dar mais entrevistas e os jornais estão todos
especulando sobre a qual rebanho ele pode se juntar, então
meu pai vai ter que permitir que ele vá se encontrar com eles.
Xavier é como o garoto com quem cresci de novo, tem muita luz
nele agora. E faz uma grande diferença ter minha mãe de volta
para si, pelo menos atrás de portas fechadas. Ele não está mais
sozinho naquela casa. Recebemos algo de volta com ela que
nem percebi que estava perdendo tão desesperadamente... E
tudo porque Roxy tem bolas maiores do que qualquer um de
nós.”
“Ela é outra coisa, certo,” concordei e ele me lançou um
olhar que dizia que ainda estava um pouco chateado comigo
por causa da coisa do gancho. Mas ele também aceitava. Isso
me fazia sentir um merda, mas não havia muito o que pudesse
fazer sobre isso sem uma máquina do tempo e, mesmo assim,
não tinha certeza se voltaria atrás. Tory estava sofrendo muito
quando fui até ela naquela noite. Ela precisava de mim, não
apenas queria. Ela precisava de algo para puxá-la de volta da
beira do desespero e eu fui isso. Não era bonito, nem simples,
nem fácil, mas era a vida. E a vida ficava complicada às vezes,
mesmo quando você não queria.
“Como ela estava quando você voltou para o seu quarto na
manhã seguinte?” Seth perguntou.
Ele estava ansioso para perguntar isso durante toda a
semana, praticamente quicando nas paredes com o desejo de
saber enquanto Max o proibia de perguntar. Mas havia
realmente algum sentido em nos contermos em torno de Darius
agora? Ele nos contou tudo na noite em que sua Coerção Negra
foi suspensa e eu ainda estava me recuperando de todas as
informações sobre seu pai, Clara, as Sombras, as Ninfas... era
tudo muito fodido. E pior do que isso, não havia nada que
pudéssemos fazer a respeito.
Tínhamos avisado nossos pais, é claro, mas sem nenhuma
evidência para nos apoiar, eles não poderiam fazer qualquer
movimento contra Lionel. Só podiam observar e esperar,
torcendo para estarmos prontos quando ele soltasse sua
armadilha. Não que eles estivessem inteiramente convencidos
de que tudo o que dissemos era verdade de qualquer maneira.
E eu tinha que admitir que teria duvidado se Darius não
tivesse nos mostrado as Sombras ele mesmo, mas eu não o
faria mostrar isso à minha mãe. Eles o prenderiam junto com
seu pai se descobrissem que ele tinha sido infectado por elas.
Nenhum de nós havia discutido se isso poderia significar que
ele era mais forte do que o resto de nós agora e eu também não
queria. Darius era meu irmão. Não era nada parecido com seu
pai e nem por um segundo duvidei dele o suficiente para me
preocupar com o que ele poderia fazer com esse poder. Ele
nunca tentaria nos derrubar. Nosso vínculo era tão inquebrável
quanto aço solar.
“Ela tinha ido embora quando voltei. O que provavelmente
é uma coisa boa, já que as estrelas teriam apenas nos forçado a
nos separar de qualquer maneira,” Darius murmurou.
“Então foi isso?” Seth perguntou desapontado. “Nenhum
momento de tensão sexual preenchido onde você a encontrou
em sua cama? Ou seu chuveiro? Ou talvez deitados nus no
tapete ao lado de seu fogo...”
“Ela deixou um bilhete,” Darius rosnou, puxando um
pedaço de papel dobrado de seu bolso e jogando-o sobre a
mesa para que pudéssemos ler.

Obrigado por ser um cavalheiro e me deixar roubar sua


cama.
PS: Usei sua jacuzzi e ainda é a coisa mais ridícula que já
vi.

“Afinal, o que isso quer dizer?” Ele perguntou exasperado.


“Que ela... gosta da sua banheira de hidromassagem?”
Seth sugeriu.
“Eu só não sei o que ela quer de mim,” Darius rosnou.
“Você sabe que ela basicamente me disse que não gosta que eu
morda minha língua em volta dela o tempo todo. Tipo, ela quer
que eu a cutuque ou discuta ou algo assim.”
“Talvez você devesse apenas tentar falar com ela sobre
toda essa situação?” Max sugeriu. “Poderia sentar-se conosco,
mas usar uma bolha silenciadora para mantê-la privada, se
quiser, ou...”
“Posso ler os lábios embora. Só para você saber,” Seth
acrescentou e bufei uma risada.
Ele se mexeu no meu colo e me lançou um sorriso
malicioso enquanto olhava para ele.
“Eu não sei. Preciso ir e verificar Xavier e mamãe de
qualquer maneira. Vocês se importam se eu abandonar o
planejamento da festa?”
“Não se preocupe, cara. Temos a festa sob controle,” Max
disse facilmente e Darius nos ofereceu um sorriso de desculpas
enquanto saía da sala para fazer sua ligação.
“Eu sinto que estamos presos em um carrossel com essa
merda,” Max murmurou. “Como vocês estão indo com o plano?”
“Acho que estou pronto para executar o meu,” falei. “Mas
para ter alguma chance de funcionar preciso dos dois de bom
humor. Mais receptivos às minhas sugestões.”
“Estou ganhando Geraldine... lentamente,” disse Max. “Ela
é totalmente a favor do amor verdadeiro, mas também parece
querer mais disso vindo de Darius do que de Tory, e com essa
merda derrotista que ele está fazendo...”
“Então, precisamos fazê-lo querer lutar,” disse Seth.
“Tentei convencê-lo a fazer todos os tipos de gestos para ela,
mas ele não está mordendo. Na verdade, ele me disse que se
lubrificar e fazer um show de strip-tease com uma rosa presa
entre os dentes era uma ideia estúpida do caralho. Ele até
jogou meu óleo de massagem no lixo. E aquela merda era uma
garrafa nova.”
“Sua ideia era que ele apresentasse uma dança para ela?”
Eu disse através de uma risada. “Em que mundo você pode ver
Darius fazendo isso? Ou Tory gostando? Além disso, qualquer
idiota pode fazer papel de bobo, não é exatamente profundo,
é?”
“Oh, você quer que eu vá fundo, não é, Cal?” Seth brincou,
levantando as sobrancelhas para mim sugestivamente e rolei
meus olhos para ele enquanto um formigamento corria ao
longo da minha pele.
“Pare de flertar comigo, idiota,” brinquei, empurrando-o
tanto que ele quase caiu do meu colo.
“Pare de sorrir tanto quando eu fizer isso,” respondeu ele,
dando-me um sorriso sujo enquanto se acomodava sobre a
minha virilha.
“Tanto faz,” respondi com desdém. “Mas você precisa
melhorar seu jogo se quiser que Darius ganhe alguns pontos
doces com Tory em breve.”
“Isso seria muito mais fácil se ele realmente acreditasse
que há uma chance de que eles pudessem ficar juntos no
final,” Seth bufou. “É muito difícil convencê-lo de algo que
nunca foi feito antes e que nem eu mesmo acredito.”
“Bem, comece a acreditar,” Max retrucou. “Porque ele
precisa de nós. Eu não me importo se é impossível ou sem
esperança ou se é como tentar acreditar que peido de Grifo tem
gosto de torta de cereja. Apenas faça. Por ele.”
“Tudo bem, certo, mantenha sua calcinha. Vou inventar
algo. Posso fazer algo profundo e significativo. Meu plano será
épico,” Seth anunciou. “Vocês dois apenas esqueçam as suas
partes e deixem comigo.”
“Bem, preciso deixar ele e Tory de bom humor se quiser
executar minha parte do plano,” falei com um encolher de
ombros. “O que acontece com menos frequência do que o Natal
no momento, então...”
“Você sabe o que vai deixá-los de bom humor?” Seth disse,
levantando-se do meu colo para se sentar ao meu lado
novamente enquanto sorria com entusiasmo. “Uma festa!”
“Pensei que você estava dando uma festa só para
Prostitutas?” Perguntei.
“Sim, e Darius não vai desfrutar de uma festa com Mildred
presente,” Max acrescentou.
“Ok, e daí se nós apenas convidarmos Tory como um...
tipo de oferta de paz. Bem, não paz, mas como reconhecimento
do fato de que assim que derrotarmos ela e Darcy pelo trono,
estaremos abertos para tê-las como subconselheiras ou o que
for,” Seth sugeriu. “Então ela vem e se diverte, estando se
divertindo, Darius está se divertindo também...”
“Mildred aparece e estraga tudo,” interrompi.
“Então, vamos garantir que Mildred nunca chegue à festa,”
disse Max com um sorriso sombrio.
“Oooh,” Seth murmurou com entusiasmo, esfregando as
mãos como um vilão em algum filme cafona.
“Tenho me preocupado com as portas e janelas dela,” falei
com um sorriso malicioso. “Estou preocupado que elas possam
ter tendência a grudar. E se ela perdesse o controle de seu ouro
e se por acaso tivesse gastado sua magia no Combate
Elemental antes da festa começar, ela teria levaria uma merda
de tempo tentando escapar de lá.”
“Sim, Sim! Inferno pra caralho, sim!” Seth gritou com um
uivo de excitação. “Nós banimos o Troll da festa, garantimos
que Tory Vega esteja com uma aparência gostosa, deixamos
Darius no melhor humor de sua vida e então os colocamos
juntos. Eles dançam, se divertem, há tanta gente em volta que
as estrelas não ficarão irritadas. Este plano tem tudo pra dar
certo.”
“Além da Vega em questão,” Max acrescentou. “Temos que
fazer com que ela venha primeiro.”
“Certo, sim, isso. Vamos convencê-la agora,” Seth disse,
colocando-se de pé.
Eu sorri quando me levantei também, mas não estava
realmente convencido de que faríamos Tory concordar com
isso. Por que ela iria querer ir a uma festa com um bando de
pessoas que se opunham abertamente a ela? Mandei uma
mensagem para ela do mesmo jeito para descobrir onde ela
estava e sorri quando ela respondeu rapidamente pela primeira
vez, me dizendo que ela estava na biblioteca e não era para
incomodá-la a menos que estivesse trazendo lanches. Lanches
que eu poderia levar.
“Ok, ela está na biblioteca e quer comida se formos passar
por lá. Não que eu tenha mencionado que vocês dois idiotas
estariam comigo, mas tenho certeza que ela vai me perdoar,
desde que eu não leve sushi.
“Vá buscar a comida então e nos encontraremos lá,” Seth
disse, acenando com a mão para me enxotar. “E pegue alguns
Oreos pra mim. E leite. Não se esqueça do leite.”
“Ok, idiota, mas é melhor você cumprir seu plano porque
estou começando a pensar que eu e Max somos os únicos
fazendo um esforço e você não quer que as estrelas amaldiçoem
sua bunda por quebrar seu juramento.”
Seth revirou os olhos enquanto Max riu e me afastei dos
dois, passando pelo Orb para comer antes de correr para a
Venus Library, onde me encostei na porta enquanto esperava
que eles me alcançassem.
Eles estreitaram os olhos para mim enquanto corriam pelo
caminho, pegando saco de biscoito e tentando não mostrar o
quanto se incomodavam que eu literalmente poderia vencê-los
em qualquer lugar e a qualquer hora. Ser um Vampiro era o
melhor e eles sabiam disso, mesmo que nunca admitissem.
“Aqui vai nada,” Max murmurou enquanto empurrava a
porta e entrávamos.
Vimos Tory sentada em um canto com Darcy e Geraldine
enquanto elas examinavam uma série de mapas estelares.
Elas não nos reconheceram quando nos aproximamos,
mas logo após sentei minha bunda no trabalho de Tory, e ela
foi forçada a olhar para mim.
“Você trouxe os lanches?” Ela perguntou e sorri
brilhantemente quando ofereci a ela a sacola de comida. Ela
aceitou com uma palavra de agradecimento e começou a passar
as coisas para as outras duas garotas enquanto elas nos
olhavam com desconfiança. “O que há com os cantores de
9
apoio? ” Ela balançou o queixo para Max e Seth enquanto eles
estavam atrás de mim e olhei-os também, me perguntando se
íamos apenas perguntar a ela abertamente ou construir para
isso.
“Queríamos convidar você para vir à nossa festa de
10
aniversário,” Seth disse, indo all-in como de costume,
passando a mão pelo cabelo enquanto lhe oferecia um fogo
lento. “Vocês duas,” acrescentou ele, olhando para Darcy. Esse
não era realmente o plano, mas fazia sentido. Seria bastante
óbvio que estávamos tramando algo se apenas convidássemos
Tory.
“Como se as Princesas de Solaria quisessem perder seu
tempo em uma festa cheia de canalhas e maltrapilhos,”
Geraldine zombou antes de voltar ao trabalho com desdém.
As gêmeas trocaram um olhar e Tory se recostou na
cadeira enquanto abria a caixa de leite que peguei para Seth e
começou a molhar seus Oreos nela. Sua mandíbula tremeu de
irritação, mas ele não fez comentários sobre isso, o que foi uma
demonstração bastante impressionante de autocontrole.
Esperamos por sua resposta enquanto ela mastigava e
comecei a bater o pé em frustração.
“Não,” disse ela com um encolher de ombros e Darcy bufou
uma risada. “Você quer tirar sua bunda da minha mesa? É que
agora temos nossos lanches, então realmente não precisamos
que vocês fiquem por aqui...”
Mordi um sorriso quando me virei para encarar os outros
caras com minhas sobrancelhas levantadas, pedindo um pouco
de ajuda.
“Por que você não gostaria de vir para a melhor festa do
ano?” Max empurrou. “Vamos ter uma banda, dançarinos de
fogo, ginastas de ar...”
“Achei que tivéssemos dito que íamos fazer purificadores
de água?” Seth sibilou em voz baixa.
As gêmeas pareciam tão tentadas a aceitar o convite
quanto estariam se estivéssemos nos oferecendo para levá-las a
um funeral.
“Por que iríamos querer ir a uma festa cheia de vocês e
seus Prostitutos?” Darcy perguntou, revirando os olhos para
nós como se fôssemos chatos demais para lidar com isso.
“Porque,” Seth rosnou. “Eu e Max estamos fazendo vinte
anos. É um grande negócio...”
“Para vocês, talvez,” Tory murmurou com desdém e
Geraldine começou a rir como se fosse a coisa mais engraçada
que ela já tinha ouvido.
“E se convidarmos seus amigos também?” Max sugeriu,
seus olhos firmemente fixos em Geraldine. Perguntei-me
vagamente se ele tinha percebido o quão obcecado ele era por
aquela garota. “Você pode ir também, Gerry, e todos os outros
Bundas.”
“Fique quieto, meu coração está batendo, que belo pedido,”
Geraldine arrulhou. “Sinto-me muito honrada em receber este
convite maravilhoso. E veja como é incrivelmente elaborado...”
Ela desdobrou um convite imaginário e Tory e Darcy sorriram
enquanto ela fingia que estava lendo. “Seus não-santos e não-
reais, Max boy, Rei das trutas e Sir Seth, governante dos vira-
latas, solicitam formalmente nossa presença na festa de
aniversário deles. Haverá personagens desagradáveis em cada
esquina e a chance de ter sua bebida enriquecida com poções
indizíveis. Sem mencionar dongle amorosos em abundância,
prontos para invadir qualquer jardim feminino involuntário que
possam encontrar.”
Até eu tive que rir disso e Max sorriu enquanto se
inclinava para ela. “Então você espera acabar abaixo de mim de
qualquer maneira?”
Geraldine revirou os olhos dramaticamente. “Os céus
proíbem que eu chegue perto da sua enguia escorregadia
novamente.”
“Mas... você não acha que isso poderia ser uma coisa boa,
pelo que discutimos? Eu até ouvi dizer que Mildred não vai
poder comparecer, então podemos chamar isso de um cessar-
fogo por apenas uma noite. Por favor, Gerry...” Max deu a ela
um olhar suplicante e Geraldine lançou um olhar para Tory
antes de suspirar dramaticamente.
“Bem, suponho que não tenhamos nada melhor para fazer,
temos meninas?” Ela perguntou, mudando de faixa tão
repentinamente que me deu uma chicotada. Achei que Max
realmente estava progredindo em colocá-la a bordo na Missão:
Desafiar as Estrelas.
“Err, posso pensar em mil coisas melhores para fazer,”
contradisse Darcy.
“Um milhão,” Tory acrescentou.
“Por favor,” Seth empurrou, dando a eles olhos de
cachorrinho. “É o nosso aniversário…”
Tory franziu os lábios e olhou entre todos nós antes de seu
olhar pousar em mim. “Sem Mildred?”
“Sem Mildred,” confirmei.
“Sem nos dar poções?” Ela adicionou.
“Eu juro, não faremos nada para te machucar a noite
inteira.” Pintei uma cruz sobre meu coração e ela olhou para
Darcy, que deu de ombros.
“Ok. Mas como não confio em você para merda, vou
assumir um selo mágico nesse negócio.” Tory estendeu a mão
para mim e sorri enquanto batia minha palma na dela.
“Juro que todos nós teremos uma noite incrível sem um
único ato de idiotice passando entre nós,” falei.
“Não sermos idiotas,” ela concordou e estalos de magia
soaram entre nós com um flash de luz branca quando o acordo
foi fechado.
Nós partimos, deixando-as com seu trabalho e troquei
sorrisos com Max e Seth. Agora tudo o que faltava fazer era ter
certeza que ela e Darius concordassem com a próxima parte do
meu plano também e estará acontecendo. Simples.
Corri com minha mochila, levantando minha cabeça enquanto
uivava o mais alto que podia, o barulho ecoando por todo o campus.
Tínhamos acordado cedo e a lua crescente dividia o céu com o sol
nascente, os dois mais belos seres celestiais do sistema solar unidos bem
a tempo para o meu aniversário. Coincidência? Dificilmente. Eles
estavam aqui para comemorar só para mim.
O aniversário de Max seria em quatro dias, mas o meu
seria em um sábado, então foi a escolha perfeita para a festa. E
estava apenas um pouco presunçoso sobre isso.
Finalmente virei minha matilha de volta para a Floresta
das Lamentações e diminuí a velocidade até parar onde
tínhamos deixado nossas roupas sob um carvalho antigo ao
lado do caminho. Meus Lobos se reuniram ao meu redor,
acariciando meu pescoço antes que eu voltasse à minha forma
Fae e colocasse minha calça de moletom, em seguida, enfiasse
os pés nos tênis.
Todo mundo logo estava vestido, embora a maioria deles
tivesse chegado de pijama, então Alice estava em uma camisola
rosa colante quando ela se aproximou de mim, passando a
palma da mão no meu peito.
“Feliz aniversário, Alfa.” Ela se inclinou para me beijar,
mas dei a ela minha bochecha quando um bocejo me rasgou.
Ela franziu a testa, passando a mão ainda mais para baixo.
“Vamos voltar para o seu quarto e cuidar de você.” Ela mordeu
o lábio sedutoramente e fiquei tentado por um momento. Mas
ultimamente estava ficando meio entediado por ter todas as
minhas necessidades atendidas com um piscar de olhos. Ser
tratado como um rei era ótimo e tudo, mas às vezes ansiava
por um desafio. E parecia estar ansiando cada vez mais por
isso ultimamente.
“Vá se divertir, te pego na festa mais tarde,” falei com uma
piscadela e ela parecia tão chocada como se eu a tivesse
esbofeteado. Todos eles começaram a uivar e choramingar e fiz
uma careta. “Vão se divertir,” ordenei em meu tom de Alfa e
eles choramingaram enquanto se encolheram para trás, em
seguida, agruparam-se enquanto se dirigiam para o caminho.
“E você pode entrar hoje, Maurice!” Falei como uma reflexão
tardia e ele olhou para mim, seus olhos arregalados e cheios de
lágrimas reais.
“Tem certeza?” Ele perguntou.
Eu o fiz ficar do lado de fora do quarto enquanto fodíamos
como coelhos por semanas a fio como punição por ele assumir
o controle da minha matilha depois que peguei pulgas. Mas
como era meu aniversário e eu estava me sentindo super bem
hoje, achei que era hora de encerrar seu longo período de bolas
azuis.
“Sim, enlouqueça,” falei e ele uivou como um louco,
pulando para cima e para baixo enquanto os outros
imediatamente o acolheram mais profundamente no redil. A
onda de poder que me senti não foi tão doce quanto eu
gostaria. Talvez agora que fiz vinte anos, estava me
acostumando a ser o chefe o tempo todo. Mas quando se estava
no topo, não havia outro lugar para escalar. E isso era um
pouco... chato.
Queria trabalhar por coisas na minha vida novamente. Daí
porque eu estava provocando Darcy Vega a cada chance que
tinha. Ela não tinha ideia de quão perto estava de passar pelas
minhas defesas no Combate Elemental. Fiquei completamente
abalado em mais de uma ocasião por seus ataques, mas meu
sorriso arrogante e bravata inflexível não davam a ela nenhuma
pista de que meus escudos às vezes demorariam apenas um
segundo para se estilhaçar ou que, ocasionalmente, seus
ataques eram tão habilidosos, que eu tinha que me concentrar
para defender. E adorava. Brigar com Tory não me dava mais
que um zumbido, porque sua irmã me odiava tanto que ela
estava praticamente em chamas.
Lutei com os Herdeiros minha vida inteira e adorava isso,
mas não havia nada como um novo oponente. Um que eu
tivesse que descobrir, avaliar e conquistar. Darcy era um
desafio que me iluminava de dentro para fora. Na verdade, eu
estava torcendo por ela um pouco. Embora nunca pudesse
dizer isso a ninguém. Porque sim, era uma emoção, mas as
implicações dessa realidade não eram nada boas, porra.
Ela era uma Vega. Se ela me derrotasse, era isso. Seria
oficialmente uma oponente digna. Alguém que todos no reino
reconheceriam. E eu lutaria pra valer para ter certeza de que
isso não aconteceria. Mas a determinação em seus olhos e a
necessidade desesperada dela de me machucar não podiam ser
ignoradas. Eu merecia? Bem, isso era discutível. E também era
um debate que não iria entrar agora.
Peguei meu telefone, mandando uma mensagem para
Caleb com um sorriso malicioso no rosto.

Seth: O que você está fazendo?

Caleb: Eu estava dormindo.


P.S. Feliz aniversário. Tenho um presente para você.

Balancei meus calcanhares enquanto a excitação corria


por mim.

Seth: Bem, por que você não vem e dá para mim? Se você
puder me caçar, isso é...

Pressionei enviar, treinando meus ouvidos na floresta ao


meu redor. Ele poderia já estar vindo para mim, um bastardo
traidor.

Caleb: Corra por sua vida.


Uma risada me escapou, mas não corri. Fui até o carvalho
e comecei a escalar até chegar aos galhos, olhando para o
caminho abaixo com um sorriso no rosto.
Meu sangue estava bombeando e a adrenalina fazia meu
coração pular. Este jogo era mais do que apenas divertido para
Caleb e eu aproveitava cada segundo. Mas minha parte favorita
era quando ele me pegava e lutávamos como cães selvagens.
O vento soprou e fez meu cabelo voar ao meu redor.
Meus músculos se contraíram quando um formigamento
instintivo percorreu minha espinha. Lancei uma sólida parede
de ar abaixo de mim e soltei uma gargalhada, alta o suficiente
para ele ouvir se estivesse por perto.
Ele apareceu em um borrão e bateu no meu escudo de ar
com tanta força que foi jogado no chão de costas com um grito
de raiva.
Pulei da árvore, rindo pra caramba enquanto caí em cima
dele, envolvendo minhas mãos em volta de sua garganta.
“Peguei.”
Sua boca se curvou no canto e ele deu um soco sólido ao
meu lado. “Feliz. Aniversário. Idiota,” ele disse a cada soco que
dava, rindo comigo enquanto me empurrava para longe. Tentei
me levantar, mas ele mergulhou para frente com fome em seus
olhos, agarrando meu braço enquanto tentava cravar os dentes
em meu pulso.
Bati meu outro punho contra sua cabeça e ele rosnou
enquanto mergulhava em mim, me jogando na lama enquanto
tentava chegar perto da minha garganta. Nossa risada tinha
morrido completamente e rosnei ferozmente enquanto lutava,
nos rolando e dando socos pesados em seu estômago enquanto
nós dois lutávamos para obter a vantagem.
Seus olhos azuis escuros estavam acesos com a sede de
sangue e ele agarrou um punhado do meu cabelo enquanto o
pesava, jogando minha cabeça para trás enquanto ele
balançava em direção ao meu pescoço.
“Foda-se,” exclamei enquanto seus dentes afundavam em
uma veia, minha respiração acelerando enquanto ele
imobilizava minha magia.
Ele envolveu um braço em volta de mim e em uma
explosão de velocidade, me carregando até o carvalho e me
jogou de volta contra ele, suas presas afundando mais
profundamente em meu pescoço.
Seu corpo pressionou contra o meu e um gemido escapou
da minha garganta quando seus músculos se endureceram
contra mim, incapaz de evitar isso. Ele me esmagou contra a
casca retorcida ainda mais forte e envolvi minha mão em volta
do seu pescoço, agarrando-o com firmeza enquanto ele se
alimentava. Ele era o único Vampiro em toda Solaria que já
deixei beber de mim. E eu estava começando a sentir o gosto
desses jogos, até mesmo as mordidas. Merda, isso me torna um
masoquista?
“Cal,” rosnei, minha outra mão subindo pela planície lisa
de suas costas.
Ele puxou suas presas, levantando a cabeça para olhar
para mim e uma linha de sangue derramou do canto de seus
lábios. Tive o desejo sério de lambê-lo e o olhar em seus olhos
naquele momento disse que ele poderia não se importar com
isso. Mas ele era meu amigo, um Herdeiro. Eu podia ter mais
do que uma fantasia estranha sobre ele, mas nunca agi de
acordo. Não, desde aquela vez em que compartilhamos uma
garota e nos beijamos acidentalmente (ou foi assim que Caleb
disse). Estávamos absolutamente bêbados. Mas não estávamos
bêbados agora. E a sensação de seu corpo contra o meu era
boa o suficiente para enviar o sangue em minhas veias para o
sul.
“Acho que você acabou de enviar um furacão pela porra da
minha garganta,” ele murmurou.
“Não seria a primeira vez,” provoquei e ele latiu uma
risada, fazendo meu olhar cair para sua boca novamente. Ele
tinha um pouco de barba e cabelo desleixado. Era meu look
favorito nele. Fodidamente lindo sem esforço. Era uma pena
que ele fosse hétero. Bem, pelo menos quando ele estava
sóbrio.
Sua garganta balançou e percebi que nossos peitos ainda
estavam pressionados um contra o outro e não havia razão
para isso agora. Eu ainda estava com a mão na nuca dele e a
deixei cair, me perguntando se ele se afastaria, mas ele não se
afastou.
“Onde está meu presente então?” Perguntei, arqueando
uma sobrancelha e ele finalmente deu um passo para trás,
deixando cair o meu olhar.
Ele limpou a garganta, passando a mão pelos cachos loiros
rebeldes. “Aqui.” Ele enfiou a mão no bolso e jogou algo para
mim.
Eu peguei no ar, olhando para a rocha acinzentada em
minha mão. Meu queixo caiu quando senti o zumbido de poder
emanando dele. A chamada do ser celestial a que eu pertencia.
Essas coisas eram raras. Mais raro do que um diamante
crescendo na bunda de um sapo Heptiano.
“Pedra lunar?” Suspirei.
Havia uma loteria todos os anos em Solaria e os dez
vencedores tinham permissão para visitar a lua. Você tinha que
ser um filho da puta sortudo para conseguir um ingresso e não
importava se você fosse o idiota mais rico do mundo, também
conhecido como eu, não poderia comprar sua entrada nisso.
Tentei subornar o Fae que comandava as expedições mil vezes.
Escrevi inúmeras cartas, visitei-o (tudo bem, fui atrás dele e
bati na porta às quatro da manhã - duas vezes) e implorei pra
caralho que me desse uma passagem.
Nenhum Lobisomem jamais foi. E fomos feitos para a lua.
Praticamente nascidos na lua por causa das estrelas. Mas ele e
sua pequena mágica extravagante, que conseguia transportar
Fae para a lua e mantinha em segredo de merda embora eu
tenha tentado descobrir em um zilhão de ocasiões. Tudo era
mantido firmemente trancado e protegido. Portanto, nenhuma
viagem à lua para mim. Mas sabia o que estava em minhas
mãos porque tinha visto aqueles idiotas presunçosos que
acabaram de chegar da lua acenando para as câmeras na
televisão todos os anos enquanto eu fervia.
Caleb acenou com a cabeça, em seguida, enfiou a mão no
bolso novamente e tirou um bilhete de prata que brilhava na
luz da manhã. Ele o estendeu para mim e não pude nem
levantar minha mão para pegá-lo quando encontrei seu olhar.
“De jeito nenhum,” murmurei, olhando as palavras
impressas nele. Meu coração parou. Realmente, parou de
bater, porra.
“Certo,” ele riu.
“De jeito nenhum!” Eu apontei um dedo acusador. “Eu
juro pelas estrelas, Caleb Altair, se você está brincando
comigo...”
Ele colocou o ticket na minha palma. “Comprei mais de
trezentos mil bilhetes de loteria,” disse ele com um simples
encolher de ombros, como se isso não significasse nada. “Na
verdade, tenho comprado muitos todos os anos, desde que você
lamentou em seu aniversário de dezesseis anos, que nunca iria
conseguir enfiar o pau em uma cratera lunar. Achei que teria
que pagar eventualmente.”
“Você fez isso por mim?” Sufoquei as palavras e ele deu de
ombros novamente.
“A lua é a sua coisa favorita no mundo, cara. E nunca sei
o que comprar para você.”
Eu me lancei nele, envolvendo todo o meu corpo em torno
dele e lambendo seu rosto porque, oh minhas estrelas, estava
indo para a porra da lua!
Uivei e uivei tão alto que Caleb teve que tapar as orelhas
de morcego com as mãos.
“Quando!?” Saltei para cima e para baixo e ele me
empurrou de brincadeira com uma gargalhada.
“Em agosto,” disse ele com um sorriso malicioso e o
abracei novamente porque, merda, este era o melhor presente
que alguém já tinha me dado. E Alice tinha me comprado um
plug anal vibrante uma vez que mudou minha vida.
“Isso é tudo,” falei a ele dando um passo para trás. “Tudo.”
“Bom.” Ele sorriu como um idiota, então me deu um
tapinha no ombro. “Você está pronto para a festa, para
bebermos até desmaiar hoje à noite, então?”
Eu sorri, sentindo que nunca mais iria franzir a testa.
“Você não tem ideia.” E este momento incrível e importante da
minha vida me fez decidir sobre outra coisa também. Se fosse
visitar a lua, primeiro faria com que ela se orgulhasse de mim.
Então, eu precisava falar com Darcy Vega.

##

Passei a tarde decorando o castelo de gelo no Lago Aqua


com Max, cobrindo-o com flores e videiras e crescendo enormes
nenúfares ao redor, onde as pessoas poderiam sentar e beijar
ou o que quer que seja. Parecia incrível pra caralho. Ainda
mais quando eu estava voltando para lá à noite em uma bela
camisa e calças. Todo o lugar estava iluminado sob o céu
noturno por mil Faelights brilhando nas janelas. Darius, Caleb
e Max estavam esperando na margem do lago e os alunos
estavam andando através do gelo para as profundezas do
castelo onde a música batia.
Os três mergulharam em mim quando cheguei e lutei com
eles, sorrindo enquanto Max colocava uma dose na minha mão.
Um barman estava por perto distribuindo-as a todos que
entravam na festa.
“Estamos um ano mais perto de reivindicar o trono,” Max
disse, levantando seu próprio copo enquanto Darius e Caleb
bebiam suas próprias doses.
Bebi o rum Gingersnap e uivei para o céu, pronto para ter
a noite da minha vida. O barman correu ao nosso redor,
pegando os copos e substituindo-os por nossas bebidas
favoritas em copos feitos de gelo de verdade sem uma única
palavra.
Meus olhos foram atraídos para Caleb e dei a ele uma
olhada mais uma vez enquanto bebia minha vodca com
Redtaurus. Ele estava usando uma camisa de botão preta
contra o qual seus músculos estavam salientes e um par de
jeans desgastados. Seus olhos cintilavam com aquele brilho
que dizia que ele iria fazer uma travessura esta noite e eu
estava definitivamente aqui para isso.
“Então, como foi trancar Mildred no quarto dela?” Darius
perguntou e Caleb sorriu.
“Ela deu uma cabeçada na porta como um touro, cara.
Sem mentira.”
Darius sorriu sombriamente enquanto todos nós
começamos a rir alto. Tínhamos que fazer o que fosse
necessário para fazê-lo feliz. Ele era família. Os Herdeiros eram
um bando especial para mim. Um onde havia quatro alfas e
nenhuma besteira. Era uma bênção.
Nós fomos em direção a festa e a câmara de gelo central
estava tão perfeitamente decorada que me tirou o fôlego
novamente. Eu podia ter empunhado terra para adicionar os
arcos de flores e o jardim interno na próxima câmara, mas a
magia de Max era realmente algo para se maravilhar. A pista de
dança brilhava com cristais ásperos que garantiam que todos
mantivessem o controle sobre ela e de um lado da sala havia
uma piscina fumegante onde os alunos estavam espirrando
bebidas em suas mãos. Poderia levar o crédito pelo bar, a coisa
toda foi esculpida em uma enorme árvore que plantei e moldei.
Uma salva de palmas encheu o ar quando todos nos viram
e acenei minha mão para lançar um confete de pétalas azuis
sobre a multidão. Esvaziei a bebida antes que alguém me
passasse outra e logo comecei a sentir um leve zumbido. Fomos
para a sala central e as paredes de gelo brilharam com luzes
roxas, azuis e rosa. Um DJ estava tocando música após música
e os alunos já estavam lotando a pista de dança,
enlouquecendo com o som.
Meu olhar se fixou nas Vega dançando com os Bundas do
outro lado da sala. Geraldine estava se esfregando com Justin
Masters, usando uma cartola rosa extravagante para combinar
com seu vestido rosa apertado. Tinha que dar razão ao Max, a
garota tinha um corpo quente. Ela era atlética de uma maneira
que fazia você querer descobrir o quão flexível ela poderia ser.
Embora eu não conseguisse entender as coisas malucas que
saíam de sua boca na maior parte do tempo. Max parecia
gostar disso. E ele claramente queria atacar naquele momento,
enquanto se dirigia para ela e todos nós o seguíamos.
“Ei Gerry.” Ele arrancou a cartola da cabeça dela, jogando-
a sobre a dele e ela se virou para ele com uma carranca.
“Devolva isso, robalo-do-mar crescido!” Ela tentou agarrá-
lo, mas ele segurou sua cintura enquanto isso e a girou ao som
da música. Ela lutou por dois segundos antes de deixá-lo puxá-
la para mais perto e começar a se esfregar descaradamente
contra ele enquanto murmurava algo sobre um pervertido
cação.
“Ei, gatas.” Acenei para Vega enquanto elas dançavam com
seus amigos, nos ignorando completamente como se não
existíssemos. Embora os olhos delineados de Tory
continuassem disparando em direção a Darius, realmente
sendo nada sutil. Ela usava um conjunto de duas peças com
uma saia e top floral e Darcy usava um vestido maxi azul
escuro que combinava com seu cabelo. Elas pareciam quentes
o suficiente para derreter todo o castelo.
Bebi outra bebida e senti uma pontada de confiança
passando por mim. Não que precisasse do golpe de confiança
para a maioria das coisas. Mas havia algo que planejava falar
com Darcy o dia todo que exigia que eu descarregasse algumas
das emoções que mantinha bloqueadas no fundo do meu peito.
E essa merda iria precisar de álcool.
“Ei, posso dar uma palavrinha?” Mergulhei para fazer meu
movimento, deixando meu braço cair sobre seus ombros e
tentando conduzi-la para fora da pista de dança.
“Você pode ter três.” Ela se esquivou do meu aperto,
girando para me encarar com um olhar feroz. “Saia de perto.”
“Por favor.” Dei a ela meus grandes olhos de Lobo e ela
nem mesmo se derreteu. Nem um pouco. E isso era inédito. “É
meu aniversário.” Puxei totalmente o cartão de aniversário e
não tive vergonha.
Ela revirou os olhos e cruzou os braços. “O que é?”
Ganhei.
“Vamos, está muito barulhento aqui.” Fiz um gesto para
que ela me seguisse e ela olhou por cima do ombro para sua
irmã, compartilhando algum tipo de mensagem gêmea
silenciosa antes de ir atrás de mim no meio da multidão.
Eu a conduzi por um corredor de gelo com luzes brilhantes
amarradas acima e um casal se beijando contra uma parede
como se estivessem tendo uma competição de quem conseguia
comer mais um ao outro.
Saímos para uma varanda que parecia algo saído de um
conto de fadas, a vista sobre o lago o suficiente para tirar o
fôlego.
“Saiam.” Ordenei os alunos que estavam lá fora e todos
eles correram para dentro como ratos, nos deixando sozinhos.
Darcy observou-os irem com um pouco de inquietação nos
olhos, em seguida, endireitou a coluna ao me encarar.
Inclinei-me contra o parapeito, empurrando a mão em
meu cabelo enquanto empurrava minha cabeça para acená-la
para mais perto. “Vamos, baby, eu não vou morder você.” Rangi
os dentes de brincadeira, o que me rendeu um olhar ainda
mais sombrio.
Suspirei, me virando para encarar a vista e tentando
puxar algumas daquelas emoções que sempre fingia que não
existiam. O problema era que, sempre que as desempacotava,
parecia que meu coração estava sendo chutado por uma bota
com bico de aço. E eu odiava tanto me sentir assim, que era
muito mais fácil deixá-las intactas. Mas tentaria pelo menos
uma vez. Porque... bem, porque era meu aniversário e talvez eu
quisesse entrar nos meus vinte anos com um por cento a
menos de culpa pesando em meus órgãos. Além disso, eu
queria impressionar a lua. Então faria isso.
“Você gosta do castelo?” Perguntei a ela, olhando para a
água abaixo. Max tinha usado sua magia para construir
banheiras de hidromassagem com o gelo que flutuava na
superfície, que era a magia de água mais impressionante que
eu já tinha visto. Eles não estavam derretendo nem um pouco.
“É lindo..., mas totalmente exagerado.” Eu a senti se
aproximando e lutei contra o desejo de virar minha cabeça,
certo de que ela recuaria no segundo que fizesse.
“Vinte é um grande negócio. Eu não sou mais um
adolescente,” falei com um encolher de ombros.
“Ainda é um idiota,” ela comentou e bufei uma risada.
“Sou apenas uma criatura forjada pelas circunstâncias.”
Ela estalou a língua e a irritação cresceu dentro de mim.
Se ela soubesse a pressão que eu estava sofrendo. Se ela
tivesse alguma ideia do que me custou chegar onde estou
hoje...
“Você teria feito o mesmo, você sabe. Se você fosse criada
como eu.” Tentei disfarçar a amargura em minha voz, mas
vazou um pouco. Eu ainda não estava olhando-a e nem
planejava. Talvez não fosse porque pensei que ela fugiria.
Talvez fosse porque eu estava com medo do que veria nos olhos
dela. Ódio. Desprezo. Desgosto.
Os olhos de Darcy Vega podiam cortar minha carne com a
força de uma faca. E essa era a razão número trezentos e
cinquenta e oito do porquê eu a odiava de volta. Por que queria
puni-la desde o segundo em que nos conhecemos.
“Você está errado,” ela disse friamente. “Eu não sou como
você. Mesmo se tivesse sido criada em Solaria...”
“Besteira,” rebati, tentando controlar meu temperamento,
caramba, eu queria tentar falar racionalmente pelo menos uma
vez. Não morder e estalar. Eu estava fazendo um esforço e já
estragando tudo regiamente.
Virei-me para ela finalmente e ela ergueu o queixo. E lá
estavam eles, aqueles olhos verdes escuros que seguravam
minha queda neles. Aqueles que eram um oceano de bondade.
Eu não poderia competir com isso. Era a única coisa que me
faltava aos baldes.
Talvez eu quisesse acreditar que ela seria como eu se
tivesse sido criada aqui, que sua bússola moral teria sido
levada ao sul pela sociedade, por seus pais ou pelo caminho
dos Fae. Porque a ideia de que isso não era verdade significava
apenas uma coisa. Eu era uma pessoa má. Um cara cruel e
fodido que não teria sido bom mesmo se tivesse pais mortais
que me mimaram em vez dos que me deixaram em uma
montanha para me defender sozinho quando tinha apenas
anos. Eu amava meus pais ferozmente. Mas mesmo com todos
os seus modos afetuosos, eles me criaram de maneira dura e
fria. Eu tinha sido um Alfa em formação desde que pisei
daquela montanha. Eles viram algo duro em mim e queriam
tornar isso ainda mais duro. E deixei porque talvez eu também
tivesse visto.
“Acredite no que quiser, Seth,” disse Darcy, parecendo
cansada de mim. Provavelmente também estaria cansado de
mim se fosse ela. “Você me trouxe aqui apenas para tentar me
convencer que eu seria uma idiota se trocássemos de vida?”
Um gemido saiu da minha garganta e agarrei a grade,
forçando meu olhar para longe dela novamente e tentando
libertar as emoções que precisava descarregar. Abrir as feridas
que queria desesperadamente curar. Talvez não se tratasse de
fazer um bom show para a lua. Algo estava me atormentando
sobre ela recentemente. Que se eu não lidasse com toda a
merda que aconteceu entre nós, nunca seria digno do trono
quando o reivindicasse. Eu seria apenas um idiota indigno que
não merecia governar seu povo. Portanto, isso precisava ser
feito. Mas eu simplesmente não conseguia... droga, por que isso
é tão difícil?
Depois de tantos anos sufocando e reprimindo minhas
emoções, tudo estava trancado com muita força. Mas precisava
tentar.
“Não quero que você me odeie,” forcei, meus ombros
tensos, roubando um olhar para ela. Ela parecia desconfiada, é
claro. “Então... isso é o que queria dizer,” terminei fracamente.
Porra, esse foi o pior pedido de desculpas de todos os tempos.
Na verdade, nem era um pedido de desculpas. Era uma
declaração. Mas mesmo enquanto tentava pensar em uma
maneira de realmente pedir desculpas, a palavra ficou presa na
minha garganta e ouvi a voz da minha mãe soando claramente
na minha cabeça.
Nunca deixe seus inimigos verem que você tem um coração.
A caixa de emoções dentro de mim parou de chocalhar e
respirei fundo enquanto ficava entorpecido novamente.
“Você não quer que eu te odeie?” Ela ecoou vagamente.
“Depois que você cortou meu cabelo? Me humilhou? Me
machucou? Depois de me chantagear e ao meu namorado?”
“Namorado,” falei, incapaz de me conter quando uma onda
de raiva crescia dentro de mim. Virei-me para ela com um
rosnado e bati contra um escudo de ar sólido que ela lançou
em torno de si mesma. Mas não estava com o objetivo de
machucá-la com magia de qualquer maneira, faria isso com
palavras. “Você está vivendo uma fantasia, Darcy. Você é uma
Princesa de Solaria. Você e seu namorado vão acabar em um
incêndio de merda se você não parar antes que seja tarde
demais.”
Seus olhos brilharam de fúria. “Isso é uma ameaça?”
“É um aviso,” rosnei. “Não seja idiota.”
“Eu não preciso dos seus conselhos,” ela cortou. “Sei o que
estou fazendo.”
Ela saiu como uma tempestade, mas lancei uma parede de
ar na frente da porta para que não pudesse sair e ela se virou
com os dentes arreganhados. Ela estava parecendo cada vez
mais com uma verdadeira Fae atualmente. Quase não havia
medo em sua expressão mais. E quando ela tivesse tudo sob
controle, seria uma força a ser reconhecida.
“Sei melhor. Conheço este mundo. E eu sei o que eles
farão com ele quando for para o inferno,” rosnei. “E você sabe o
que vai acontecer com você?” Aproximei-me mais e aquele
veneno em seus olhos se espalhou pela minha carne, fazendo-a
chiar e queimar.
“O quê?” Ela exigiu em uma respiração.
“Você vai cair em desgraça. Você não terá apoio para o
trono. Os jornais irão rasgar você. Tomar o poder é inútil se
ninguém no reino trabalhar para você e ajudá-la a governar
Solaria inteira. Você está disposta a perder sua chance nisso
por causa dele?”
Não era como se eu quisesse que ela governasse. Talvez
devesse tê-la encorajado a continuar fodendo Orion e esperar
pacientemente por sua queda iminente. Mas simplesmente não
conseguia engolir a verdade. Ela merecia saber o que estava
arriscando.
Um momento de silêncio tenso se estendeu entre nós e
pude ver o que ela realmente temia. Estava escrito em cada
canto de seu belo rosto maldito. Não estava com medo por si
mesma, estava com medo por ele.
“Deixe Lance em paz,” ela avisou com uma voz poderosa.
“Se quer me enfrentar, então faça com tudo que você tem. Mas
deixe-o fora disso.”
“Pode não ser minha escolha no final, baby,” falei com um
encolher de ombros, deixando cair a parede de ar.
Ela me encarou por um longo momento e abri minha boca
para continuar, mas ela entrou, tirando seu Atlas, sem dúvida
para mandar uma mensagem para seu Professor e dizer a ele o
quão idiota eu era.
E o prêmio para o pior pedido de desculpas vai para...
Eu odiava admitir, mas os Herdeiros realmente sabiam como dar
uma festa.
O local que eles criaram para as celebrações era muito
legal. A enorme sala feita a partir de uma combinação de magia
da Terra e Água me tirou o fôlego e não pude deixar de me
maravilhar com tudo. Das paredes construídas com vinhas se
entrecruzando e camadas de gelo cintilante até as cachoeiras
que caíam sobre as pedras cintilando com veios de metais
preciosos dentro delas, era de tirar o fôlego.
O prédio estava metade na margem do lago e metade sobre
a própria água, a superfície do lago congelado em uma pista de
dança pintada com padrões na geada. No outro lado da sala,
faltava uma parte do chão e havia duas piscinas cheias de
pessoas que haviam decidido dar um mergulho. Um lado tinha
sido imbuído com magia de fogo para que a água fosse quente e
perfeita para as incontáveis pessoas descansando, enquanto o
outro estava gelado e dava acesso ao resto do lago onde as
Sereias em sua forma deslocada estavam mergulhando dentro
e fora a água.
Um bar foi montado usando o que parecia ser uma árvore
que cresceu em uma forma perfeita para fornecer todos os tipos
de coquetéis enquanto os bartenders faziam um verdadeiro
show ao misturá-los, adicionando magia a mais do que
algumas das receitas enquanto eles mexiam.
Geraldine me arrastou por entre os corpos dançantes até o
bar enquanto balançava a mão dramaticamente para se
refrescar.
“Bem, se eu não me sentir como um nabo em um saco de
batatas,” ela engasgou. “Desculpe ser uma Betsy matadora de
ambiente, mas só preciso respirar por um momento.”
Eu ri enquanto a seguia até o bar e ela latia para as
pessoas reunidas lá para que se afastassem para abrir espaço
para nós. E quero dizer que ela genuinamente latiu como um
cachorro, canalizando sua forma de Ordem e quase me dando
um ataque cardíaco quando o enorme som saiu de seus lábios.
“Dois Footloose Faradays,” ela ordenou e o barman sorriu
enquanto começava a misturar seu pedido.
“O que é isso?” Perguntei, observando enquanto ele
adicionava tequila ao suco de Grapefruit, em seguida, jogava
alguns outros drinques coloridos e algumas framboesas
também antes de lançar um feitiço sobre a coqueteleira, em
seguida, fechá-la e começar uma rotina impressionante de
jogá-la no ar e girar ao redor quando ele a pegou novamente.
“É um coquetel mágico que ajuda você a diminuir suas
inibições,” a voz de Max veio atrás de mim e me virei para olhá-
lo quando ele e Darius se moveram para ficar ao nosso lado no
bar. “E você poderia fazer o suficiente para todos nós?” Ele
acrescentou, chamando a atenção do barman.
Minha boca secou quando olhei para Darius e ele olhou de
volta para mim com calor suficiente em seus olhos para deixar
meu núcleo queimando.
Tinha escolhido uma saia bonita e um top combinando em
um padrão de flores ousado que deixava minha barriga à
mostra. O top era abotoado na frente e deixei alguns abertos
para oferecer uma visão das meninas em meu sutiã push-up,
que Darius notou claramente quando se aproximou de mim.
Ele tomou um lugar ao meu lado no bar com Max do seu
outro lado e meu olhar bebeu na visão de seus músculos
contra os limites da camisa preta de botão que ele estava
usando. Vários botões foram abertos em sua garganta e tentei
não pensar muito sobre o que se escondia embaixo deles.
“Você está incrível esta noite, Roxy,” disse ele em voz
baixa, o que enviou um arrepio pela minha espinha.
“Você está muito bem também, menino Dragão,” provoquei
com um tom sedutor em minha voz.
Não sabia por que estava me incomodando em flertar com
ele considerando nossa situação, mas era impossível resistir
com ele daquele jeito.
O barman alinhou quatro dos coquetéis rosa claro em
copos altos diante de nós e olhei para o meu com cautela.
Depois que da última bebida mágica que consumi resultou
comigo se agarrando contra qualquer um e todos que pudesse
chegar perto, estava hesitante em repetir o incidente.
Especialmente porque me lembrava de estar em cima de Diego,
entre todas as pessoas. Blergh. Mesmo a Tory bêbada não teria
cometido esse erro. Imagine transar com ele com aquele gorro
assustador de alma de vovó. Ai credo.
“Feliz aniversário,” falei, mudando meu olhar para Max e
dando a ele um sorriso que era muito próximo do genuíno.
“Você está se divertindo?”
“Estou,” ele disse com um largo sorriso, seu olhar
deslizando de mim para Geraldine enquanto ela o examinava
totalmente. Ele estava usando uma camisa de botão vermelha e
tinha uma coroa de prata em cima de seu moicano com as
palavras aniversariante rabiscadas nela. “Um brinde a mim,”
disse Max enquanto levava a bebida aos lábios e tomava um
longo gole.
“De baixo para cima!” Geraldine anunciou enquanto bebia
o dela também, engolindo continuamente até que todo o copo
acabasse. “Desça a escotilha, senhora!”
Eu ri dela e ela bateu seu quadril no meu, me jogando de
lado para que meu braço roçasse no de Darius e olhei-o
novamente enquanto me afastava rapidamente.
“Você não está bebendo o seu?” Perguntei enquanto sua
bebida rosa pálido permanecia no bar ao lado da minha.
“Estou preocupado com o que posso ficar tentado a fazer
se as minhas inibições forem reduzidas,” ele respondeu, seu
olhar caindo para minha boca por um momento antes de travar
em meus olhos novamente.
“Oh, entendo,” falei, acenando com a cabeça. “Então você é
um franguinho?”
Ele soltou um suspiro que foi quase uma risada e
balançou a cabeça. “Dificilmente.”
“É mais como se você pudesse distribuir, mas não
aguentaria então? Tudo bem em me dar uma poção que me fez
esfregar contra um bando de caras aleatórios em minha
calcinha para que você pudesse me vender para a imprensa e
contar mentiras sobre mim, mas você não quer arriscar sua
preciosa reputação ao fazer o mesmo?”
Darius franziu os lábios, mas Max falou antes que
pudesse.
“Tecnicamente fui eu quem colocou a poção na sua bebida
e Darius realmente tentou impedir Seth de enviar a filmagem
para a imprensa, mas foi tarde demais.”
“Oh, seu canalha diabólico!” Geraldine castigou enquanto
olhava para Darius com surpresa. Eu não sabia disso, pensei
que era tudo culpa dele, para ser totalmente honesta. Embora
ele claramente soubesse tudo sobre o plano e não tivesse
tentado impedi-lo até depois do fato, então ainda tinha o direito
de guardar rancor. “Aquele movimento foi além de baixo! Você
não vê minhas garotas usando truques e mentiras para vencer
essa luta, vê? Elas são o epítome de equilíbrio e decoro e...”
“Você se sentiria melhor se eu bebesse então?” Darius me
perguntou, interrompendo-a. “Olho por olho e tudo mais.”
“É difícil dizer,” respondi, jogando meu cabelo comprido
por cima do ombro enquanto olhava para as bebidas que
brilhavam com uma luz rosa enquanto a magia girava dentro
do líquido.
Darius estendeu a mão e pegou sua bebida como se eu o
tivesse desafiado, drenando-a enquanto eu observava sua
garganta balançar a cada gole. Ele pegou o meu em seguida e o
levou aos lábios, ignorando o aviso do barman de que beber
dois teria efeitos mais potentes.
“Então?” Ele me perguntou enquanto colocava o copo na
mesa. “Paguei minhas dívidas por este incidente?”
“Vou precisar de uma foto sua seminu se esfregando
contra algumas pessoas que você nunca gostaria de namorar
antes de dizer isso,” falei, meus lábios se contorcendo em um
sorriso. “E você gostaria de postar isso online para uma boa
medida.”
“É justo, mas papai não vai gostar,” disse ele, muito sério,
enquanto olhava para a multidão por alguém que se encaixaria
no perfil e começou a desabotoar mais alguns botões de sua
camisa.
Meus lábios se separaram de surpresa quando percebi que
ele estava realmente disposto a fazer isso e me perguntei se as
bebidas poderiam ter feito efeito tão rapidamente ou se ele
realmente se sentiu mal o suficiente por fazer isso comigo para
tentar nos deixar quites.
Fiquei quase tentada a deixá-lo ir em frente, mas meu
estômago apertou com a ideia de Lionel puni-lo por este jogo e
estendi a mão para impedi-lo, meus dedos enrolando em torno
de seu bíceps enquanto ele olhava para mim com uma
carranca confusa.
“Esqueça, estava apenas brincando,” falei com uma
sugestão de sorriso.
Uma garota tropeçou ao passar por nós, tropeçando nos
calcanhares e caindo bem entre nós, de modo que minha mão
foi arrancada de seu braço. Ela bateu no bar, gritando em
choque um segundo antes de mudar para sua forma de Esfinge
e rasgar seu vestido.
“Foda-se os biscoitos,” ela amaldiçoou em um soluço.
Sua calcinha tinha realmente sobrevivido à transformação,
o que significava que eu tinha que tentar muito não rir ao ver
seu enorme traseiro de leão enrolado em uma tanga preta com
o rabo saindo do lado dele.
Ela cambaleou para longe enquanto alguns de seus
amigos igualmente bêbados correram para ajudá-la enquanto
murmuravam desculpas e olhei para Darius enquanto
trocávamos um sorriso. A ocasião, a maneira como as estrelas
escolheram nos separar era super engraçada.
Parecia que ele queria dizer mais alguma coisa, mas
peguei a mão de Geraldine e me afastei dele no meio da
multidão antes que o teto desabasse sobre nós ou algo assim,
enquanto a puxava de volta para a dança.
Darcy e Sofia nos viram e se mudaram para se juntar a
nós no meio da pista de dança, onde cavamos um espaço para
nós e dançamos ao ritmo da música enquanto eu me perdia no
calor da companhia dos meus amigos.
O tempo passou e, eventualmente, alguém desenrolou um
bolo enorme com vinte camadas cobertas de velas enquanto
todos se moviam para cantar parabéns a Seth e Max.
Ambos sorriram quando o coro de vozes encheu o espaço e
por um momento não parecia que estávamos participando de
alguma batalha pelo trono. Parecia que éramos um grupo de
adolescentes curtindo uma festa de aniversário exatamente
como qualquer outra pessoa no mundo faria. Quero dizer,
claro, a maioria das pessoas não tinha bolos de vinte camadas
e uma mesa tão sobrecarregada com presentes que realmente
desabaria, muito menos mais de mil pessoas presentes, mas
soprar velas e cantar aquela música era universal.
O bolo foi entregue e dei uma enorme mordida na
maravilha de baunilha com um gemido de apreciação enquanto
sorria para meus amigos, o glacê manchando minhas
bochechas.
“Tenho um novo jogo que quero jogar com você,” a voz de
Caleb veio atrás de mim e me virei para olha-lo enquanto
chupava a cobertura de meus dedos.
“É assim mesmo?” Perguntei, arqueando uma sobrancelha
para ele.
“Sim. Mas é uma surpresa,” ele disse, inclinando-se perto
de mim e lambendo minha bochecha para pegar mais um
pouco de glacê.
Eu ri de surpresa, afastando-o enquanto limpava minha
bochecha para remover sua saliva. “O que você está fazendo?
“Que tal você vir comigo e descobrir? Fizemos um acordo,
então você sabe que não é nada ruim,” ele me lembrou, seus
olhos azul-marinho brilhando com um segredo.
Olhei para Darcy e ela encolheu os ombros. “Vá se divertir
se quiser,” disse ela e não perdi o tom que dizia que ela achava
que eu poderia ficar com ele. Mas eu realmente iria lá com
Caleb de novo? Odiava admitir, mas a única pessoa em quem
realmente pensava assim nesses dias era Darius. Mas isso era
uma impossibilidade agora. Então, simplesmente me tornaria
celibatária porque não poderia tê-lo? O mais assustador sobre
essa pergunta era que eu nem sabia a resposta.
Se as estrelas roubassem meu sexo, a vida valeria a pena
ser vivida??
“Olha, apenas venha comigo e veja o que tenho planejado,”
Caleb pediu. “Se você não estiver pronta para isso, você só
precisa dizer uma palavra e corro com você, te trago de volta
aqui em um piscar de olhos.”
“Você realmente não vai me dizer?” Perguntei, olhando-o
novamente, meu coração batendo um pouco mais rápido em
resposta ao olhar selvagem em seus olhos.
“Prometo que você vai gostar,” respondeu ele. “Mas vai ter
que confiar em mim, querida. Pode administrar isso?”
Olhei em seus olhos azul marinho, um sorriso brincalhão
brincando em meus lábios enquanto ele me sugava para
qualquer jogo que ele estava jogando. “Suponho que sim. Pelo
menos enquanto você está vinculado ao nosso acordo,”
respondi lentamente.
“Venha, então.” Ele me ofereceu sua mão e a peguei,
acenando para Darcy e deixando-o me rebocar para fora da
festa.
Ele não me soltou e notei alguns olhares demorados em
nossas mãos entrelaçadas, mas ele continuou e eu não me
importava com o que as pessoas pensavam de mim de qualquer
maneira. Eu já era a viciada em sexo a quem Darius Acrux
disse não, então que diferença faria se eles pensassem que
estava chupando o pau de Caleb também? Não era como se não
tivesse feito isso antes de qualquer maneira.
Ele me levou ao longo da margem do lago, olhando por
cima do ombro para mim com um sorriso que estava tão cheio
de problemas que a adrenalina subiu em minhas veias. A
música desapareceu atrás de nós enquanto seguíamos o
caminho ao redor da curva do lago e Caleb continuou me
lançando olhares animados enquanto íamos, o que causou
antecipação acumulando em meu núcleo.
Eu queria me perder em qualquer problema que ele tivesse
planejado. O sorriso que estava atualmente estampado em
meus lábios não era fácil de encontrar recentemente e Caleb
sempre foi capaz de me fazer rir. Era tão difícil para mim me
sentir feliz desde que me tornei uma Star Crossed com Darius,
e mesmo que ele só me ajudasse a esquecer por um tempo,
ainda era melhor do que pensar em suposições.
Caleb puxou seu Atlas do bolso enquanto caminhávamos,
digitando uma mensagem rápida e me dando um olhar furtivo
enquanto ele o angulava para que eu não pudesse ver o que ele
estava escrevendo antes de clicar em enviar e guardá-lo
novamente.
Alguns momentos depois, o Atlas apitou em seu bolso e ele
olhou para a resposta que recebera, mais uma vez segurando-o
para que eu não pudesse ver antes de sorrir enquanto ele o
guardava.
Achei que ele estava esperando que eu perguntasse quem
era, mas não perguntei. De qualquer forma, não fazia muita
diferença para mim e não daria a ele a satisfação de me recusar
a responder.
Ele de repente saiu do caminho, movendo-se em direção a
um grupo de pedras agrupadas na margem do lago e franzi a
testa em confusão enquanto ele me guiava ao redor delas e
revelava uma porta escondida entre as pedras.
“O que é este lugar?” Perguntei quando ele soltou minha
mão para abrir a porta.
Uma escada longa e escura se estendia à nossa frente,
levando para algum lugar abaixo do lago.
“Esta é uma câmara amplificadora,” explicou. “É um lugar
criado com uma mistura totalmente igual de todos os quatro
elementos, tornando o espaço interno totalmente neutro. As
qualidades amplificadoras naturais da água acima tornam
mais fácil dar uma olhada no que as estrelas têm reservado.”
“Então você quer me levar para a leitura da sorte?”
Perguntei surpresa.
“Não,” ele disse, sorrindo como uma raposa que acabou de
entrar no galinheiro. “Coloque isso e explicarei mais quando
estivermos dentro.” Caleb puxou um conjunto de pulseiras do
bolso de trás que reconheci da casa de diversões na Feira das
Fadas. Eles cortariam meu acesso à minha magia se os usasse.
“Por que você quer...” A mão de Caleb pousou sobre minha
boca e ele olhou para o céu por um momento antes de
empurrar as pulseiras de restrição de energia sobre meus
pulsos. Ele me pegou em seus braços na próxima respiração e
desceu as escadas escuras antes que eu tivesse a chance de
protestar.
Engasguei enquanto mergulhávamos sob a terra, nos
movendo para baixo e para baixo até finalmente correr ao longo
de uma passagem que deve ter nos levado para baixo do
próprio lago.
O mundo virou de pé novamente e mordi meu lábio
enquanto olhava ao redor para o espaço em que nos
encontrávamos. Estávamos em uma bolha formada de pedra
lisa sob nossos pés e vidro grosso acima de nossas cabeças,
onde eu podia apenas distinguir o movimento da escuridão da
água contra o outro lado dela. Em torno das bordas da sala,
chamas laranja tremeluziram em um círculo e o ar que retirei
entre meus lábios era afiado e fresco como numa manhã após
uma tempestade.
“Este lugar foi projetado para que os Fae olhem para as
estrelas e não o contrário, e irá mascarar nossa presença para
elas na maior parte,” Caleb explicou, seu sorriso se alargando.
“A outra maneira que as estrelas podem nos rastrear é por
meio da nossa magia, então, enquanto estamos bloqueando a
sua, acho que eles não saberão o que você está fazendo.”
“Por que não queremos que elas saibam o que estou
fazendo?” Murmurei, olhando ao redor para o espaço mágico e
sentindo aquele equilíbrio entre os quatro Elementos pairando
no ar com um arrepio de prazer.
As paredes pretas brilhavam com depósitos minerais de
prata e percebi que foram colocadas com cuidado, replicando
incontáveis constelações ao nosso redor.
Caleb deu um passo mais perto de mim, capturando meus
lábios com os dele e fazendo meu coração pular quando ele me
pegou desprevenida. Queria recuar, mas por um longo
momento não o fiz, me perguntando se tinha algum motivo
para querer parar com isso. Darius pode ter sido diferente
recentemente, mas não importava, não é? Mesmo que ele
conseguisse arrancar uma estrela do céu para mim, não
poderia estar com ele agora que fiz minha escolha. Era tarde
demais.
Eu ainda me afastei, porém, olhando para Caleb enquanto
ele sorria como se ele esperasse isso. “Não tenho certeza se isso
é uma boa ideia,” falei em voz baixa.
“Você está pensando em Darius, não é?” Ele perguntou
com um sorriso estranho que dizia que ele estava satisfeito com
isso.
“Eu...” Queria negar, mas era verdade, não importava o
quão injusto isso fosse, quão inútil. Caleb empurrou meu
cabelo para trás sobre meus ombros e descansou as mãos em
meus braços enquanto esperava pela minha resposta. “Sim,”
admiti. “Estou sempre pensando nele.”
“Bom.”
Fiz uma careta enquanto tentava descobrir por que diabos
ele pensaria que isso era uma coisa boa e Caleb passou as
mãos pelos meus ombros até que ele envolveu meus pulsos
com os dedos e apertou com força. Ele puxou meus braços
para trás, pressionando meus pulsos juntos antes de criar uma
videira com sua magia de terra que os prendeu no lugar.
“Eu não entendo,” admiti.
“Tenho passado muito tempo tentando descobrir algo e
acho que posso apenas ter conseguido,” disse ele lentamente.
“Mas vou precisar que você continue confiando em mim por
mais alguns minutos. Você pode administrar isso?”
Minha pulsação acelerou quando me inclinei para trás
para olhar para ele, meus olhos se arregalando com
antecipação e um toque de medo enquanto me perguntava do
que diabos ele estava falando.
“Ok,” concordei lentamente quando encontrei algo
reconfortante em seu olhar. “Mas por que você quer me
amarrar?” Perguntei com um sorriso fraco. A videira estava
firme o suficiente para me segurar no lugar, mas tinha quase
certeza de que seria capaz de quebrá-la se realmente quisesse.
“Isso é só o começo.” Caleb sorriu para mim enquanto
estendia a mão para o seu pescoço e lentamente afrouxava a
gravata.
Eu o observei com meu lábio inferior entre os dentes
enquanto ele desfazia o nó e o deslizava para fora de sua gola.
Ele realmente era algo para se olhar. Como um grego, um
Adônis trazido à vida com seus cabelos dourados e traços
esculpidos. E por um momento desejei não estar tão presa a
Darius, que as estrelas apenas me libertassem dessa maldição
e me deixassem considerar perseguir algo com ele ao invés. Ou
outra pessoa, qualquer outra pessoa. Por que tinha que ansiar
por Darius para sempre, além de saber que neguei a mim
mesma minha única chance verdadeira de amor?
Caleb caminhou atrás de mim novamente e fiquei parada
enquanto ele enrolava a gravata sobre meus olhos, bloqueando
minha visão da câmara e apenas deixando o fraco brilho
laranja do fogo persistente nas bordas da minha visão.
“Caleb...” eu disse lentamente, uma pitada de advertência
em minha voz. Não tinha certeza se gostava de estar tão
vulnerável com ele assim.
Minha voz ecoou ligeiramente contra as paredes da
caverna e Caleb se afastou de mim, fazendo-me sentir
totalmente sozinha aqui embaixo da terra e da água.
“Eu prometo que você vai gostar disso,” Caleb disse, me
surpreendendo quando sua voz veio bem ao meu lado, em vez
de atrás.
Ele correu os dedos pela lateral do meu pescoço por um
momento, acariciando o local onde meu pulso batia sob a pele
antes de se afastar novamente.
“Se a qualquer momento você quiser que nós paremos,
apenas diga a palavra,” Caleb murmurou em meu ouvido, seus
lábios roçando a concha.
“Nós?” Perguntei, meu coração batendo um pouco mais
rápido enquanto franzia a testa sob a venda.
A única resposta de Caleb foi uma risada sombria que
enviou arrepios ao longo da minha pele sensibilizada. Passos se
aproximaram e parei, forçando meus ouvidos para tentar
descobrir o que estava acontecendo além das batidas frenéticas
do meu coração.
“Relaxe, querida,” Caleb sussurrou, sua respiração
lavando sobre minha boca um segundo antes de correr o dedo
em uma linha lenta ao longo do comprimento do meu nariz, em
seguida, escovar meus lábios em um leve toque de pluma.
Eletricidade atingiu a base da minha espinha e respirei
fundo, me perguntando de onde viria o próximo toque.
Os passos pararam repentinamente e ouvi o som de
alguém soltando um suspiro de surpresa antes que o som fosse
abruptamente interrompido.
“Caleb?” Perguntei, minha voz saltando de volta para mim
das paredes da caverna, mas não houve resposta.
Eu me contorci um pouco contra as restrições que
prendiam meus pulsos. Elas estavam apertados o suficiente
para me manter quieta, mas eu estava morrendo de vontade de
tentar me soltar. Quase caí na tentação de fazer exatamente
isso, mas em vez disso fechei os punhos. Se ele queria me
colocar em desvantagem, provavelmente meio que esperava que
eu já saísse desse jogo. Mas eu não iria desistir.
Cerrei meus dentes e esperei. Alguns segundos depois,
passos se aproximaram de mim novamente e rapidamente
percebi que havia dois pares deles.
Inquietei-me um pouco mais, me perguntando por que ele
trouxe outra pessoa aqui e se estava sendo totalmente estúpida
em colocar minha confiança nele assim. Ele era um Herdeiro.
Isso poderia facilmente ser uma armadilha. Mas ele fez aquele
acordo comigo e, até agora, ainda estava bastante confiante na
minha habilidade de escapar de minhas amarras se isso fosse o
que queria. E por alguma razão, eu queria descobrir por que ele
escolheu fazer isso comigo.
“Desculpe, querida,” Caleb murmurou em meu ouvido, me
fazendo estremecer um pouco com sua proximidade. “Tive de
lançar uma bolha silenciadora para explicar o que estava
acontecendo. Não queria estragar a diversão entregando o jogo
muito rapidamente.”
“Não entendo,” comecei franzindo a testa para o tecido de
sua gravata que ainda escondia o mundo de mim.
“Você vai,” ele prometeu, as pontas dos dedos roçando
meu pescoço e uma energia excitada passou por mim.
“Mas...” comecei assim que outra mão deslizou ao longo do
comprimento da minha mandíbula, um polegar áspero
provocando uma linha ao longo do meu lábio inferior e fazendo
minha pele queimar com uma necessidade desesperada.
Meu coração pulsou de surpresa. Aquele não era Caleb.
Esta mão era mais áspera, seu toque mais firme e o calor
irradiando de sua pele pecaminosamente familiar.
Abri a boca para dizer alguma coisa, para protestar contra
a ideia dos dois se movendo ao meu redor enquanto estava
amarrada diante deles como se fosse um prêmio a ganhar. Mas
antes que pudesse alinhar meus pensamentos em palavras, os
dedos frios de Caleb brincaram com meu cabelo atrás de mim,
puxando-o de volta sobre meu ombro.
A segunda mão traçou uma linha com os dedos na lateral
do meu rosto, percorrendo um caminho ao longo do meu
pescoço até que ele o arrastou pelo meu seio por baixo da
minha camisa. Meu mamilo endureceu em resposta, uma onda
de energia fluindo direto entre minhas coxas enquanto minha
respiração prendia.
Não queria dar um nome às minhas suspeitas, mas
arrepios estavam explodindo por toda a minha pele e um
gemido suave escapou dos meus lábios.
Não saber onde ele estava ou como ele poderia me tocar
em seguida estava fazendo meu coração bater loucamente e
minha respiração ficar mais profunda em antecipação ao que
ele faria.
Os dedos de Caleb deslizaram pelo meu cabelo e se
arrastaram pela minha espinha, minhas costas arqueando
quando o segundo cara pintou uma linha com os dedos do meu
queixo ao botão superior da minha camisa.
Seus dedos o puxaram suavemente e minha respiração
engatou quando ele a deixou cair novamente, deixando-a no
lugar.
“O que você está fazendo?” Perguntei, minha voz já
ofegante do jogo. “Eu não sei se quero...”
“Vamos, Roxy,” Darius sussurrou em meu ouvido e um
arrepio percorreu minha espinha quando meu palpite se
provava certo. “Mostre-nos do que você é feita.”
Antes que eu pudesse responder, seus lábios roçaram os
meus e cada centímetro do meu corpo pegou fogo por ele. Não
tive a chance de reagir antes que ele se afastasse de mim
novamente e eu fosse deixada no escuro e no frio, minha pele
doendo por seu toque.
Esta era uma má idéia. Fiz minha escolha. Não havia como
voltar atrás. Mas havia algo sobre nós estarmos aqui,
escondidos do mundo sem eu mesmo ser capaz de vê-lo, que
me fazia querer esquecer tudo isso. Apenas por um momento.
“O que você acha, Tory?” Caleb perguntou, seus dedos
roçando em minhas mãos, onde ainda estavam amarradas na
base da minha espinha. “Tenho uma teoria de que com as
pulseiras escondendo sua magia e jogadas na mistura
enquanto nos escondemos aqui, as estrelas não serão capazes
de descobrir o que estamos fazendo.”
“E a venda?” Perguntei, minha respiração presa enquanto
tentava ganhar um momento para processar essa ideia.
“Porque é quente pra caralho,” Caleb disse e Darius
rosnou como se concordasse com isso.
Mordi meu lábio, me perguntando se isso era loucura
enquanto Darius corria seus dedos pelo lado do meu pescoço,
me fazendo estremecer de necessidade.
“Então, você quer jogar?” Caleb perguntou, sua voz soando
à minha direita.
Meu coração batia mais forte, minha respiração ficando
profunda e pesada enquanto considerava o que eles estavam
me oferecendo. Parecia uma loucura. Depois de tudo que
aconteceu entre nós, especialmente eu e Darius, deveria ter
gritado com eles para dar o fora de mim. Mas talvez eu fosse
uma glutona por punição ou viciada na escuridão. Porque se
houvesse a menor chance de que pudesse tê-lo, então eu
queria. Meus lábios se separaram, meu coração bateu
fortemente no meu peito e uma única palavra deixou meus
lábios.
“Sim.”
Um beijo capturou minha boca e tropecei um passo,
reconhecendo Caleb quando sua mão agarrou meu queixo e ele
virou minha cabeça para a direita para que ele pudesse me
alcançar melhor.
Darius rosnou como se não gostasse disso e sua boca
pousou no meu pescoço, sua barba por fazer roçando minha
pele e gemi enquanto os dois me prendiam com seus corpos
musculosos.
Uma mão deslizou para o meu botão de cima, e meu
coração trovejou adrenalina pelo meu corpo quando percebi
que não poderia dizer de quem era. Outra mão alcançou meu
botão inferior e começou a puxar minha camisa para encontrar
o primeiro.
A língua de Caleb deslizou sobre a minha e seu aperto no
meu rosto aumentou quando ele deu um passo em volta de
mim, virando minha cabeça para manter o nosso beijo
enquanto ele se movia para ficar contra as minhas costas,
beijando-me por cima do ombro.
Seu corpo pressionou contra o meu e empurrei minha
bunda para trás, sentindo o comprimento duro de sua
excitação empurrando contra mim através da barreira de
nossas roupas. Minhas mãos ainda estavam presas no lugar na
base da minha coluna, mas flexionei meus dedos, esfregando-
os ao longo de seu comprimento e puxando um gemido de seus
lábios quando ele quebrou nosso beijo.
Virei minha cabeça para frente assim que o último botão
da minha camisa foi liberado e o ar frio da câmara tocando a
minha pele exposta.
“Você é linda pra caralho, Roxy,” Darius rosnou de algum
lugar fora do meu alcance e na minha frente, me olhando
enquanto eu não conseguia vê-lo.
Arrepios salpicaram minha pele quando as mãos de Caleb
deslizaram em volta da minha cintura, sua boca descendo no
meu pescoço.
Suas presas roçaram minha carne e um suspiro escapou
de mim, minhas costas arqueando em antecipação ao que
sabia que ele estava prestes a fazer.
Ele mordeu e gritei pela fatia afiada de seus dentes, mas
os lábios de Darius pousaram nos meus um segundo depois,
me enchendo de calor e devorando minha dor. Eu derreti
contra ele, meu coração martelando uma melodia selvagem
enquanto o calor dele deslizava por cada centímetro do meu
corpo.
Suas mãos percorreram minhas costelas até que
encontraram meus seios sobre meu sutiã rosa e um gemido de
desejo escapou dele quando meus mamilos endureceram com
seu toque.
O solo não tremia, não havia som de trovão, nada que
sugerisse que as estrelas sabiam o que estávamos fazendo e só
de pensar nisso já era emocionante.
Meu intestino apertou quando o beijo de Darius se
aprofundou e me entreguei a ele, sabendo que não deveria, que
essa decisão já havia sido tomada. Mas com suas mãos em
meu corpo e sua boca contra a minha, era difícil lembrar o
porquê. Tudo nele parecia tão certo quando ele estava me
tocando, seu coração batendo perto do meu...
Um eco de dor percorreu meu peito com a ideia do que ele
poderia ter sido para mim. O que deveria ter sido. Se tudo
tivesse sido diferente.
Eu o beijei com uma necessidade desesperada de sufocar
aquela dor. Podia sentir o mesmo desejo em sua língua, aquela
dor de fazer disso mais do que apenas um momento roubado,
de desfazer todas as coisas que nos colocaram aqui e forçar as
estrelas a mudarem nossos destinos.
Caleb retirou suas presas do meu pescoço e passou o
polegar sobre a pele enquanto curava a ferida, mas eu mal
conseguia sentir, perdida na sensação da boca de Darius
contra a minha.
Uma das mãos de Darius deslizou em meu cabelo e minha
alma doeu por ele, meu coração desejando ser dele de uma
forma que não era possível. Recuei com a dor de sua
proximidade, empurrando minha bunda contra Caleb enquanto
quebrava meu beijo com ele.
Darius soltou um rosnado baixo, deixando sua própria dor
aparecer enquanto ele reconhecia o que eu tinha feito, mas tive
que fazer isso. Poderia tirar esse prazer dele, mas tinha que
manter meu coração bloqueado. Fiz minha escolha. Não pude
perdoar o que ele fez comigo e minhas pupilas estavam
rodeadas de preto para provar isso.
Flexionei meus dedos ao longo do pau de Caleb
novamente, inclinando minha cabeça para trás para dar a ele
mais acesso a mim enquanto Darius começou a trilhar beijos
na minha garganta, sobre minha clavícula e no meu seio.
Ele arrastou meu sutiã de lado enquanto sua boca se
fechava no meu mamilo e um gemido escapou de mim quando
a mão de Caleb encontrou meu outro seio ao mesmo tempo.
Os dois me puxaram e me provocaram, minha respiração
ficando mais pesada enquanto a combinação das duas
sensações deixava meu corpo selvagem.
Darius soltou meu mamilo e se moveu mais para baixo
diante de mim, o som de seus joelhos batendo no chão de
pedra alcançando meus ouvidos enquanto sua boca se movia
sobre meu estômago.
Minha respiração ficou presa quando ele enganchou seus
dedos no cós da minha saia, puxando para baixo
dolorosamente devagar, suas palmas ásperas provocando em
minhas coxas enquanto ele arrastava para baixo.
Caiu até meus tornozelos e saí dela, deixando-me diante
deles em minhas meias, sapatos de salto alto, calcinha e
camisa aberta. Estava ciente de que eles ainda estavam
vestidos, embora com a venda e minhas mãos presas não
fizesse muita diferença, mas meu coração bateu acelerado ao
saber que estava tão exposta e eles não.
Mudei minhas mãos amarradas para cima nas minhas
costas, desajeitadamente conseguindo enganchar meus dedos
na alça do cinto de Caleb e puxando uma risada sombria
enquanto ele se afastava de mim antes que pudesse fazer mais.
“Coisinha impaciente, não é?” Caleb brincou, respirando
contra minha orelha antes de morder minha orelha de
brincadeira.
“Tirem suas roupas,” insisti sem fôlego e os dois riram do
meu tom exigente, embora o aperto de Darius em mim se
intensificou como se ele quisesse me arrastar para longe de
Caleb e me reivindicar para si. Sabia que isso não era natural
para ele, ele não estava programado para compartilhar assim,
mas ele estava claramente disposto a empurrar contra seus
instintos por esta chance de estar comigo e meu coração bateu
mais forte só de pensar nisso.
Darius pegou meu tornozelo esquerdo em seu aperto,
puxando suavemente até que mudei meu peso para o meu pé
direito e o deixei levantá-lo do chão. Seus dedos pressionaram
contra minha panturrilha através do tecido da minha meia
enquanto ele lentamente deslizava suas mãos mais para cima,
levantando minha perna e me forçando a dobrá-la.
Sua boca pousou contra a parte interna do meu joelho
através do material sedoso da minha meia e ele começou a
esculpir uma trilha de beijos na parte interna da minha coxa,
enviando uma dor de necessidade através de mim enquanto ele
se aproximava exatamente de onde queria que ele estivesse.
Caleb me puxou de volta contra ele com mais firmeza, me
equilibrando enquanto Darius enganchou minha perna sobre
seu ombro. A mão de Caleb continuou brincando com meu
seio, sua boca deslizando pelo meu pescoço enquanto Darius
passava o topo da minha meia e meu pulso trovejava enquanto
seus lábios pressionavam a pele nua.
A boca de Darius caiu sobre mim sobre a barreira da
minha calcinha de renda e um gemido escapou dos meus
lábios enquanto movia meus quadris contra ele. Sua barba por
fazer roçou a pele sensível no topo das minhas coxas e suas
mãos se moveram para agarrar minha bunda e me segurar
exatamente onde ele me queria.
Sua boca se fechou sobre mim, seus dentes arrastando
contra o material fino e enviando uma pontada de prazer pelo
meu corpo tão intenso que meus joelhos quase dobraram.
“Foda-se,” murmurei, inclinando minha cabeça para trás
contra o ombro de Caleb enquanto sua boca se movia em
minha mandíbula.
Eu podia senti-lo sorrindo contra minha pele enquanto me
observava desmoronar sob os movimentos de Darius.
Darius continuou a brincar comigo por cima da minha
calcinha e me esforcei contra a videira que prendia meus
pulsos, querendo mais, precisando tocá-los corretamente
também.
Caleb deslizou a outra mão pelo meu lado, enganchou os
dedos pela borda da minha calcinha e um flash de calor
queimou ao longo da minha pele enquanto ele usava sua magia
de fogo para destruí-la.
Engasguei de surpresa quando Darius pressionou para
frente instantaneamente, arrastando sua língua direto para o
meu centro, calor rasgando meu núcleo. Xinguei novamente,
apoiando mais do meu peso contra Caleb enquanto seu aperto
em mim aumentava para me manter no lugar, seus dedos
cavando em meu quadril quase dolorosamente.
Darius se moveu mais rápido, lambendo, circulando e até
mesmo me mordendo um pouco enquanto me deixava
selvagem. Eu estava ofegante nos braços de Caleb, a escuridão
sob a venda significando que meu mundo inteiro estava
centrado nos movimentos da boca de Darius entre minhas
coxas e tinha certeza de nunca ter sentido nada tão
intensamente antes em minha vida.
Caleb parou de provocar meu seio, passando a mão pelo
meu lado e deslizando por baixo da minha coxa levantada.
Meu coração começou a acelerar em antecipação ao que
ele estava prestes a fazer, mas só pude me inclinar contra ele,
meus dedos ainda esfregando ao longo do comprimento de seu
pau, onde estavam amarrados atrás de mim.
Darius correu sua língua até meu centro novamente,
assim que Caleb empurrou dois dedos dentro de mim e minhas
costas arquearam enquanto era oprimida pelos dois
trabalhando juntos para me destruir.
Xinguei novamente enquanto Caleb movia seus dedos para
dentro e para fora e Darius mantinha seu doce tormento com
sua boca. Era demais, meu coração batia forte demais, minha
existência inteira se restringindo ao que eles estavam fazendo
comigo e nada mais.
Queria arrastar meus dedos pelo cabelo de Darius ou
colocar minhas mãos na camisa de Caleb, mas as trepadeiras
em meus pulsos estavam me mantendo imóvel e não conseguia
me concentrar o suficiente para me libertar. Tinha me
entregado à misericórdia de monstros e não havia como voltar
atrás para mim agora. Eu só pude arquear minhas costas
enquanto meu corpo pulsava de necessidade e eles
trabalharam juntos para me arruinar.
Gritei, minha voz ecoando no telhado de vidro quando a
combinação dos dois me levou a um clímax tão forte e rápido
que mal conseguia me manter em pé enquanto rasgava meu
corpo.
Caleb retirou seus dedos, serpenteando um braço em volta
da minha cintura para me segurar enquanto Darius passava
sua língua em mim em círculos lânguidos, extraindo cada
centímetro de prazer da minha carne antes de se inclinar para
trás.
Ele deslizou minha perna de seu ombro e consegui segurar
meu peso novamente enquanto ele se levantava, movendo sua
boca pelo meu corpo até que ele reivindicou meus lábios mais
uma vez.
Ele me beijou rude e possessivamente, exigindo que eu me
entregasse a ele e me fazendo querer exatamente isso, apesar
de todas as razões que eu ainda tinha para negar. Suas mãos
enrolaram em volta da minha cintura enquanto ele me
arrastava rente a seu corpo poderoso, me puxando para longe
de Caleb como se ele quisesse me roubar completamente. E o
rosnado profundo que retumbou em seu peito soou muito como
um aviso também.
Puxei contra minhas restrições novamente, precisando
tocá-lo também, minha mandíbula apertando de frustração
com eles até que consegui libertar uma mão.
Girei meus ombros enquanto me libertava, deixando
minha camisa aberta deslizar para fora de mim enquanto Caleb
ria novamente, suas mãos deslizando pelo meu estômago,
pintando círculos aquecidos em minha carne.
Inclinei-me para o beijo de Darius, estendendo a mão para
deslizar minhas mãos em seu pescoço antes de desabotoar
seus botões rapidamente para que pudesse explorar seu peito
com as pontas dos dedos trêmulos. Tentei pintar as linhas de
suas tatuagens de memória, meus olhos lutando contra a
escuridão da venda.
Cada toque me pegou de surpresa enquanto os dois
moviam suas mãos sobre o meu corpo e minha respiração
irregular foi encontrada com a deles enquanto empurrava a
camisa de Darius de seus ombros.
Quanto mais o beijava, mais meu coração doía por ele,
tornando mais difícil para mim negar o que as estrelas queriam
para nós. Esse calor que queimava entre nós, a torção da
minha alma quando estava perto dele assim deixava tudo claro.
E naquele momento tudo que eu queria era me deixar ser dele.
Mesmo sabendo que não poderia durar.
Caleb deslizou as mãos pela minha espinha e o tecido de
sua camisa sussurrou contra minha pele.
Quebrei meu beijo com Darius, me virando na direção de
Caleb para que pudesse tirar sua camisa também. Caleb me
beijou enquanto eu trabalhava e Darius rosnou no fundo de
sua garganta, fazendo arrepios subirem ao longo da minha
pele. Essa coisa que estava acontecendo entre nós obviamente
não era fácil para ele, Dragões não compartilhavam o que
queriam. E ele deixou claro que me queria para si mesmo. Ver-
me nos braços de Caleb estava claramente deixando-o
selvagem com uma mistura de luxúria, ciúme e raiva e uma
pequena parte distorcida de mim gostava de ser o objeto de seu
desejo e tormento assim.
O calor de seus peitos nus pressionando contra minha
pele de ambos os lados estava me consumindo, colocando um
fogo queimando em mim que estava fora de controle.
Darius se apertou contra o meu lado, pressionando seus
lábios no meu pescoço enquanto eu continuava a beijar seu
amigo, seu pau tão duro que cavou em meu quadril, exigindo
minha atenção.
Um pico de adrenalina passou por mim ao saber o quão
excitado isso o estava deixando. Ele podia não gostar de me ver
com Caleb, mas isso o estava levando a competir pela minha
atenção e o pensamento disso fez meu sangue bombear com a
expectativa do que ele poderia fazer a seguir.
Continuei a beijar Caleb, minha língua dançando na dele
enquanto estendia a mão para afrouxar o cinto de Darius. Eu
desenganchei sua braguilha e empurrei minha mão por baixo
de sua cueca, pegando o comprimento longo e duro dele em
minha mão com um gemido de desejo. Comecei a acariciá-lo e
provocá-lo, minha mão se movendo para cima e para baixo
enquanto ele gemia faminto contra meu pescoço.
Mudei minha outra mão para baixo para a cintura de
Caleb, lentamente desenganchando sua braguilha também
enquanto empurrava meus dedos em seu jeans.
Darius rosnou possessivamente de novo e o som disso me
excitou tanto que o calor inundou todo o meu corpo. Seus
dedos estavam cavando em minha carne enquanto ele me
puxava para mais perto dele, exigindo mais de mim, tudo de
mim. E eu precisava de mais disso. Mais dele.
Quebrei meu beijo com Caleb e me virei para encontrar os
lábios de Darius, sua boca descendo na minha dura e rápida, a
necessidade derramando através dessa conexão enquanto ele
tentava devorar tudo que eu tinha para dar. Estampando sua
boca na minha de uma forma que tentava reivindicar minha
alma profundamente.
Ele me beijou com paixão suficiente para acender um
incêndio na floresta, meu coração partido inchando e batendo
forte por ele enquanto cada toque que ele me deu me queimava
até que eu estava com medo de ser consumida pelas chamas.
Darius baixou as calças, o baque suave delas batendo no
chão de pedra soando dez vezes mais alto para meus sentidos
aguçados.
Ele me arrastou para enfrentá-lo totalmente, puxando-me
para longe de Caleb por um momento e eu o deixei, envolvendo
meus braços em volta do pescoço enquanto Caleb se mexia
atrás de mim. Darius agarrou a parte de trás das minhas coxas
e me ergueu em seus braços enquanto o som da calça jeans de
Caleb batendo no chão também.
Meus braços envolveram o pescoço de Darius enquanto o
beijava, me afogando na sensação deste momento, meu coração
quebrando com o conhecimento de que isso não poderia durar.
Os dedos de Caleb dançaram nas minhas costas enquanto
ele desabotoava meu sutiã e o deixei escorregar de meus braços
enquanto me inclinava contra ele. Ele se mexeu para agarrar
minha bunda, segurando meu peso enquanto Darius se
posicionava entre minhas coxas. Eu gemia em antecipação,
precisando sentir a plenitude dele dentro de mim como se
estivesse me afogando e ele fosse o ar.
Caleb correu sua língua pelo comprimento do meu pescoço
enquanto os dois me seguravam em suspense e arqueei minhas
costas, exigindo mais.
Darius empurrou dentro de mim com um rosnado
possessivo e um impulso poderoso que roubou minha
respiração.
Gritei enquanto era oprimida pela sensação dele
reivindicando meu corpo e o aperto de Caleb na minha bunda
aumentou, me empurrando para baixo sobre Darius ainda
mais forte.
Meus tornozelos travaram atrás de suas costas e ele
empurrou em mim novamente, obrigando a outro gemido de
meus lábios enquanto prendia minhas mãos em seus cabelos.
O peito de Caleb estava pressionado contra as minhas
costas, sua respiração vindo rapidamente enquanto ele
começava a nos observar fodendo bem na frente dele. Mas não
era o suficiente, alcancei atrás de mim, agarrando o
comprimento duro de seu pau em minha mão e combinando as
estocadas de Darius com meus movimentos ao longo de seu
eixo.
Caleb gemeu em meu ouvido, beijando meu pescoço
enquanto deslizava suas mãos em torno de mim, uma
provocando meu seio enquanto a outra circulava aquele ponto
perfeito no ápice das minhas coxas enquanto Darius começava
a se mover mais rápido.
“Puta merda,” amaldiçoei quando os dois começaram a
construir uma onda de energia em meu corpo que foi tão
intensa que fazia minha cabeça girar.
Darius continuou batendo em mim, sua boca encontrando
a minha e silenciando minha maldição enquanto caia no fogo
de seu beijo.
Meu corpo estava apertando em torno dele, meus gritos de
prazer sangrando entre nossos lábios unidos. Caleb estava
respirando mais pesadamente contra meu pescoço e podia
sentir seu corpo ficar tenso enquanto continuava a trabalhar
minha mão para cima e para baixo em torno de seu pau.
O aperto de Darius em meus quadris era tão forte que
machucava e saboreei a dor, querendo que ele marcasse meu
corpo de todas as maneiras imagináveis.
Estávamos todos construindo nosso clímax juntos e minha
cabeça girava enquanto eu me perdia na sensação de seus
corpos contra o meu. Não conseguia ver nada além do fraco
brilho laranja além da minha venda. Cada centímetro da minha
pele estava aceso com prazer, cada lugar que tocavam
queimando e formigando com a necessidade.
Agarrei o cabelo de Darius e o beijei como se fosse morrer
se não o fizesse. Porque era assim que me sentia nesses
últimos meses, como se estivesse lentamente definhando sem
ele, me afogando, sufocando, morrendo. Meus lábios estavam
machucados, minha carne tremendo e meus músculos
apertando em torno dele enquanto os dois me levavam ao
clímax novamente.
Uma onda de prazer percorreu meu corpo e gritei,
quebrando meu beijo com Darius enquanto o sentia inchar
dentro de mim enquanto ele me seguia no esquecimento, seu
aperto em mim me prendendo enquanto meu nome derramava
de seus lábios. Meus gemidos de prazer foram o suficiente para
acabar com Caleb também e sua cabeça caiu no meu ombro
enquanto eu o acariciava através de seus ruídos finais.
Nós três ficamos presos juntos por vários longos segundos,
nenhum de nós totalmente pronto para abrir mão do momento.
Estendi a mão lentamente, puxando a venda dos meus
olhos e piscando na luz fraca quando encontrei Darius me
olhando como se ele nunca tivesse me visto antes e ele nunca
quisesse desviar o olhar novamente.
Ele me abaixou no chão e nós nos desembaraçamos um do
outro.
Mordi meu lábio, o calor colorindo minhas bochechas com
o que todos nós tínhamos acabado de fazer enquanto
rapidamente recuperava minhas roupas do chão. Puxei minha
saia e comecei a abotoar minha camisa antes de olhar de volta
para eles.
Caleb estava sorrindo para si mesmo enquanto endireitava
sua braguilha e recuava um pouco.
Darius estava olhando para mim, em suas calças, mas
ainda sem camisa. Ele se aproximou e parei, meu coração
pulando com a intensidade de seu olhar.
“Você não pode me dizer que não sente isso quando
estamos juntos. A forma como meu coração bate, minha alma
queima, todo o meu corpo dói... Eu sei que você também
sente,” ele falou sob sua respiração, pegando minha bochecha
em sua palma áspera e forçando meus olhos a encontrar os
dele, os anéis negros neles me provocando com a escolha que
fiz. “Por que você lutou contra isso antes?”
Olhei em seus olhos por um longo momento, a dor
escaldante em meu peito. “Porque tenho quase tanto medo
desse sentimento quanto de você,” respondi, oferecendo-lhe a
verdade pela primeira vez.
Meu olhar deslizou por cima do ombro para Caleb
enquanto ele colocava sua camisa de volta. “Vocês dois estão
fadados a ficar juntos,” disse ele, não parecendo nem um pouco
desconfortável com a situação. “Se as estrelas não perceberem
o que fizemos e você quiser fazer isso de novo, então estou mais
do que pronto para isso, porque isso foi fodidamente
inacreditável,” disse ele com um sorriso. “E sinto que estou em
dívidas por todas as vezes que atrapalhei vocês. Mas não vou
tentar atrapalhar o destino.”
“Fomos feitos um para o outro, Roxy,” Darius rosnou,
inclinando meu queixo para trazer meu olhar de volta para o
dele.
Ele se inclinou para me beijar e depois do que tínhamos
acabado de fazer, não vi motivo para impedi-lo. Meu coração
deu um salto e derreti contra ele, deixando-o me puxar para
perto e derrubar as paredes ao redor do meu coração por um
breve momento.
Era uma agonia do tipo mais doce. Meu coração batia sem
parar contra minhas costelas, minha pele ganhou vida com
desejo e necessidade e enrolei meus dedos em seus cabelos,
puxando-o para mais perto, nunca querendo deixá-lo ir.
Ele me beijou desesperadamente, docemente,
dolorosamente, toda a necessidade e desejo que ele sentia por
mim claros na profundidade daquele beijo enquanto sua língua
se movia com a minha e seus lábios tentavam o seu melhor
para me reivindicar.
“Eu sei que não mereço você, Roxy. Mas não acho que
posso desistir de você, mesmo sabendo que isso é impossível,”
Darius respirou contra meus lábios e uma lágrima deslizou
pelo meu rosto.
“É tarde demais para isso,” murmurei, a dolorosa verdade
disso me consumindo por um momento.
O chão começou a tremer sob nossos pés e desviei o olhar
para descobrir que Caleb nos deixou sozinhos. As estrelas
devem ter descoberto onde estávamos, sua maldição voltando
com força total depois que conseguimos roubar um momento
deles.
“As estrelas podem ter decidido que você nunca poderá ser
minha,” Darius disse asperamente, se recusando a se afastar
de mim. “Mas eu sou seu. Não importa o quê. Não me importa
onde vamos parar ou com quem estamos, sempre serei seu. E
vou consertar o dano que causei a nós, mesmo que as estrelas
não se importem. Vou provar a você que poderia ter sido digno
se apenas tivesse ouvido o meu coração antes.”
“Isso não vai mudar nada,” falei, minha voz falhando
enquanto mordia meu lábio inferior e tentava forçar as
lágrimas a parar.
“Se mudar a maneira como você olha para mim, isso é o
suficiente,” ele respondeu, seus olhos cheios de dor quando dei
um passo para trás.
Queria ficar, falar com ele, dizer a ele... nem sabia o quê,
mas a câmara roncou ameaçadoramente e olhei para a cúpula
de vidro que segurava o peso do lago com medo e recuei
novamente.
Eu me afastei dele, virando as minhas costas enquanto
corria para fora do túnel e subia as escadas. Caleb estava longe
de ser visto e imaginei que ele realmente decidiu nos deixar
sozinhos. Estava feliz por ele não estar lá para me ver chorar.
Lágrimas escorreram pelo meu rosto e a dor floresceu
como uma ferida aberta em meu coração enquanto corria.
Podia sentir o olhar de Darius em mim enquanto o deixava
para trás, mas não voltei. Sabia que se o fizesse, minha
resolução se despedaçaria como a coisa frágil que era.
Eu não poderia deixar Darius Acrux ter meu coração. Não
importava o quanto eu doesse por ele. Nós estávamos
condenados de qualquer maneira. Star Crossed. E mesmo se
não estivéssemos, simplesmente não poderia confiar nele para
isso.
Eu estava vestida para o jogo Aurora com meu uniforme azul
marinho e prata do Pitball com os nervos fazendo minha barriga vibrar.
Era como se um monte de borboletas nauseantes tivessem se instalado
bem no fundo do meu estômago. Tory estava do meu lado vestindo seu
uniforme de líder de torcida e Geraldine estava do outro apalpando em
seu sutiã e calcinha para 'ficarem mais flexíveis, ou assim ela dizia.
O som da multidão vinha do estádio acima de nós e meu
coração batia forte toda vez que uma buzina tocava ou uma
onda de gritos animados soava.
Oh meu Deus, tantas pessoas estão aqui para assistir.
Eu estava trabalhando pra caramba no treino de Pitball,
mas nada poderia ter me preparado para a pressão de um jogo
que realmente importava.
A imprensa estava aqui. Era minha primeira partida da
temporada. Seria vigiada como um falcão. Ridicularizada se
caísse de bunda. Oh inferno, eu vou cair de bunda.
A porta se abriu atrás de nós e várias das líderes de
torcida gritaram quando Darius entrou vestindo seu uniforme
de Pitball, indo direto para Tory.
Ela estava apenas de saia e sutiã esportivo, olhando-o com
as sobrancelhas arqueadas.
“Flans numa sexta-feira!” Geraldine exclamou no meio de
uma apalpada. “Este é o banheiro feminino e a Jacinta está
com a Petúnia dela para fora!” Ela apontou para Jacinta, que
lutava para colocar a calcinha nas pernas, enredando-se
enquanto olhava alarmada para as costas de Darius.
Darius revirou os olhos, ignorando o caos ao seu redor
enquanto fixava Tory em sua mira e eu lutava contra um
sorriso. Não podia acreditar no que Caleb tinha feito por eles e
eu estava tão feliz que havia uma maneira deles ficarem juntos
às vezes. Mesmo que isso envolvesse um trio com dois
Herdeiros, pelo menos ela estava se divertindo. Vá fundo, Tor.
“As líderes de torcida às vezes apoiam um certo jogador em
campo,” Darius disse enquanto colocava a mão no bolso e
tirava uma fita azul marinho com a palavra Fireshield nela.
“Você vai torcer por mim hoje, Roxy?”
Ele estendeu para ela e juro que ela realmente corou.
“Estou torcendo por Darcy e Geraldine também.”
“Nós não nos importamos,” falei imediatamente. “Nos
importamos, Geraldine?”
“Por todas as rochas nos anéis de Saturno, é claro que
não!”
Tory deu de ombros em resposta, um sorriso brincando em
sua boca e ele se inclinou para frente e enrolou a fita em volta
de sua garganta e amarrou no lugar.
“Normalmente são usadas no pulso,” sussurrou Geraldine
para mim em voz alta. “Isso é muito romântico.”
“Boa sorte,” Tory disse e ele acenou com a cabeça antes de
sair da sala.
Mordi meu lábio, olhando-a para um comentário enquanto
Geraldine descansava um pé no banco, pressionando o cotovelo
no joelho e apoiando o queixo nos nós dos dedos enquanto
olhava melancolicamente para minha irmã.
“O quê?” Tory perguntou inocentemente.
“Você sabe o quê,” provoquei e ela lutou contra um sorriso,
olhando por cima do ombro como se estivesse verificando para
ter certeza de que ele realmente tinha ido. Então ela lançou
uma bolha silenciadora em torno de nós três e sua expressão
tornou-se ansiosa.
“Não é que eu não goste do lado doce de Darius, mas...”
ela começou.
“Mas o quê?” Geraldine engasgou.
“O que é?” Pressionei suavemente quando ela não deu
mais detalhes.
Ela suspirou, parecendo um pouco culpada. “Eu sinto
falta de nossas idas e vindas. Este não é ele. É apenas uma
versão legal dele. Quero o verdadeiro Darius, não uma versão
diluída. E preciso ter certeza de que o verdadeiro Darius não
vai me machucar novamente. O que aconteceria quando um
dia eu o irritasse e o fizesse perder a paciência de novo?”
O queixo de Geraldine quase caiu no chão, mas antes que
ela pudesse tentar convencer Tory do contrário, eu falei. Porque
conhecia minha irmã e estava começando a ter uma boa leitura
de Darius também. E ela tinha razão. Ele estava em seu melhor
comportamento agora, mas isso não poderia durar para
sempre. Se eles iriam encontrar alguma maneira de fazer isso
funcionar, ela precisava saber como o Darius seria a longo
prazo. E, além disso, ela vivia para ser mantida na ponta dos
pés.
“Então o irrite e veja como ele reage,” falei.
“Tentei,” ela suspirou. “Ele não se responde de volta. É
irritante.”
Assenti, pensando por um momento. Então, ocorreu-me
uma ideia que era completamente insana, mas com certeza
faria o Dragão se erguer.
“E quanto ao ouro que enterramos?” Sugeri com um
sorriso malicioso. “Você poderia lembrá-lo de que ainda está
com ele.”
“Minhas senhoras, devo lembrar a ambas que irritar um
Dragão não é uma expedição segura. Certa vez, sentei-me na
tigela de adivinhação favorita da Angelica e ela quebrou
quatorze janelas do campus com seu rugido.”
Tory riu, dissipando sua bolha silenciadora enquanto
vestia o resto de seu uniforme. “Não se preocupe, Geraldine.
Tenho um plano. Vejo você em breve.”
“Onde você está indo?” Chamei surpresa enquanto ela
corria para longe. “Você tem que torcer em menos de quinze
minutos!”
“Voltarei!” Ela gritou, em seguida, disparou para fora da
porta e uma risada me escapou.
Logo eu estava vestida para o jogo, assim como Geraldine,
e desejamos boa sorte às líderes de torcida enquanto elas
saíam da sala e se dirigiam ao estádio sob aplausos
estrondosos. O som trouxe meus nervos de volta com força
total e entrelacei meus dedos.
Uma batida veio na porta, em seguida, a voz de Orion
cortou o ar. “Todos no vestiário masculino para uma conversa
antes do jogo. Agora.”
As meninas saíram correndo da sala e corri atrás de
Geraldine, a última a sair. Orion estava ao lado da porta em
seu uniforme de treinador preto e no segundo que saí, ele
bloqueou meu caminho. “Preciso falar com você, Srta. Vega.”
Ele apontou para a sala enquanto as meninas desapareciam no
vestiário masculino do outro lado do corredor.
Recuei com meu coração batendo loucamente contra meu
peito e quando a porta se fechou, ele me girou para me
empurrar contra ela e lançar uma bolha silenciadora ao nosso
redor.
“Nervosa?” Ele perguntou com um sorriso malicioso e
assenti.
Ele pressionou sua boca na minha, beijando-me
profundamente e fazendo meu coração bater forte por um
motivo totalmente diferente.
Ele me soltou, descansando uma mão acima de mim na
porta, o que fez seu bíceps flexionar. “Você vai se sair bem.
Você tem arrasado em suas sessões de prática. Você é a melhor
Pit Keeper que tivemos nos últimos anos.”
“Você está dizendo isso apenas para entrar nas minhas
calças, treinador?” Provoquei e ele riu sombriamente.
“Não, Blue. Estou dizendo porque é verdade.” Ele sorriu e
meu coração começou a desacelerar enquanto eu buscava
conforto em sua confiança em mim.
“Obrigada. Então você está usando uma fita de torcida por
mim hoje?” Provoquei e ele se inclinou mais perto com malícia
em seus olhos.
“Sim, mas tinha que usá-la em algum lugar que ninguém
veria. Então, está amarrada em um lugar muito especial.”
Comecei a rir, agarrando sua cintura. “Você está me
dizendo que está amarrado ao seu...”
“Você pode descobrir exatamente onde está amarrada
depois do jogo, mas somente se você jogar bem.” Ele arrancou
minha mão dele com um olhar severo que enviou um arrepio
por mim.
“Ok, senhor,” falei sem fôlego. “Vamos vencer a Aurora
então.” Eu me afastei da porta e ele dissipou a bolha
silenciadora com uma risada antes de sairmos e atravessarmos
o corredor para o vestiário masculino. O barulho lá dentro era
ensurdecedor enquanto os outros nove membros da equipe
estavam presos juntos em um círculo, seus braços sobre os
ombros uns dos outros enquanto cantavam. “Zodiac não vai ser
derrotada, Zodiac aguenta o calor!”
Depois do desastre que foi o jogo Starlight, graças a mim e
a Tory, Zodiac ficou para trás no torneio das escolas.
Precisávamos dessa vitória para garantir um lugar nas
semifinais. E eu estava determinada a conseguir.
Max abriu o círculo, gesticulando para que eu e Orion nos
juntássemos e demos os braços ao grupo enquanto todos
corriam para a direita. Corríamos cada vez mais rápido
enquanto continuávamos o canto, o círculo travado até que
todos estavam rindo e se separando.
“Acrux, lembra o que dissemos sobre o Fireside da
Aurora?” Orion exigiu enquanto a equipe se reunia diante dele.
“Ele usa fogo para cegar qualquer um em seus flancos,
então vou para ele por trás ou pela frente,” Darius disse
prontamente.
“E quanto a Waterback deles, Evergile?” Orion exigiu do
amigo de Darius, Damian.
“Ela tem tornozelos fracos,” disse ele com um sorriso.
“Quem são os seus jogadores mais fortes, Grus?” Orion se
voltou para Geraldine e ela ergueu o queixo.
“Sua capitã e Earthraider, Oscura, seu Airstriker, Paulito,
e um de seus Keepers, Fallow,” ela disse imediatamente.
“Precisamente.” Orion acenou com a cabeça. “Por isso,
quero que toda a defesa elimine esses jogadores em todas as
rodadas para manter este jogo a nosso favor.” Ele apontou para
mim e Justin Masters. “Keepers, deixe-me ouvir suas táticas.”
“Manter uma defesa de dois metros além do Pit. Não deixar
o Pit sozinho, a menos que cheguemos à rodada final e
estejamos perdendo por mais de um ponto e precisemos tirar
seus jogadores para ganhar menos pontos,” falei e então Justin
assumiu.
“Se alguém chegar perto o suficiente, usar o medidor de
nenhuma magia na Zona do Pit em nossa vantagem,
permitindo que eles entrem nela antes de eliminá-los.”
“Bom,” disse Orion. “Então, quem está pronto para vencer
Aurora?”
“Nós estamos!” Gritei junto com todos.
“Então por que vocês ainda estão de pé aqui, porra?” Orion
exigiu com um sorriso e nós entramos na linha.
Como capitão, Darius liderou a equipe atrás de Orion e
tomei meu lugar perto do final da linha entre Seth e Justin.
A adrenalina ressoou em minhas veias como uma
tempestade que se aproximava. Eu estava animada e
apavorada em medidas iguais.
O rugido da multidão enviou outro turbilhão de nervos ao
meu estômago enquanto saíamos do vestiário e subíamos em
direção ao campo.
Aplausos explodiram contra meus tímpanos e as luzes me
cegaram enquanto corríamos para o campo e tive a incrível
visão de tantas milhares de pessoas nos aplaudindo. Nossas
líderes de torcida estavam terminando sua coreografia e U
Can't Touch This de MC Hammer chegou ao fim quando elas
puxaram suas saias para cima e expuseram suas bundas para
a multidão, enviando os fãs do Zodiac ao delírio. Avistei Tory
entre elas enquanto ficavam de pé novamente, todas pulando
umas sobre as outras em comemoração e um sorriso de
orgulho apareceu em meus lábios.
As arquibancadas do outro lado do campo estavam cheias
de fãs da Aurora em suas cores preto e ameixa e até mesmo
eles batiam palmas para a apresentação de nossas líderes de
torcida.
Nós nos alinhamos em frente à equipe Aurora e observei o
garoto pálido à minha frente com Pit Keeper rabiscado em seu
peito. Ele me deu um olhar desafiador e ofereci a ele um em
troca antes de virar minha cabeça em direção à Professora
Prestos enquanto ela corria para o campo em seu uniforme
preto e branco de árbitro. Orion e o técnico careca e gordo da
Aurora se afastaram, sentando-se bem na beirada do campo,
além do campo de força que protegia o público.
Prestos segurou a Pitball inicial, gesticulando para os dois
capitães darem um passo à frente e um silêncio tenso caiu no
estádio quando Darius se moveu para ficar na frente da Capitã
da Aurora. Ela era alta e bonita, seu cabelo escuro preso em
uma trança francesa nas costas. Seus olhos eram tão escuros e
ferozes como uma tempestade no mar e o poder emanava de
cada canto de seu corpo. Esta era Rosalie Oscura, a melhor
Earthraider da liga escolar, ou assim Orion nos disse. Ela
nasceu na infame gangue Oscura, que dirigia uma cidade
chamada Alestria, no sul de Solaria. Não era alguém para se
mexer. Bem, não até que ela enfrentasse nosso time de
qualquer maneira.
“Foda-me,” Seth murmurou e olhei-o, encontrando-o
dando a Rosalie os olhos mais famintos de todos os tempos. Ele
parecia um lobo prestes a perseguir um veado, mas Rosalie não
parecia uma presa para mim. Ela parecia uma predadora por
completo. “Alfa,” ele rosnou para ninguém em particular e bufei
uma risada.
“Você sabe que está falando alto, certo?” Murmurei e ele
piscou, virando-se para mim surpreso.
“Lobisomem,” ele suspirou e não pude deixar de sorrir
novamente. “Bonita.”
“Você foi reduzido a palavras isoladas,” apontei. “Talvez
você devesse convidá-la para sair depois do jogo.”
“Sim,” ele concordou, piscando para sair de seu estupor.
“Talvez eu deva.”
Rosalie virou a cabeça na direção de Seth, seu olhar o
percorrendo com aprovação. Ele estufou o peito como um idiota
e ela revirou os olhos antes de se voltar para a árbitra.
“Boa sorte com isso,” provoquei, torcendo totalmente para
que ela recusasse. Ele precisava que um pouco desse ar saísse
de sua cabeça.
“Eu não preciso de sorte, eu sou um Herdeiro,” ele disse
com orgulho então o apito soou e meus sentidos se aguçaram
quando Darius e Rosalie colidiram enquanto lutavam para
colocar a Pitball no chão entre eles.
“Vá em frente, Darius!” Gritei com todo mundo. Seu corpo
enorme era um desafio para Rosalie, mas ela era seriamente
habilidosa, dando socos fortes e enrolando a perna ao redor da
dele enquanto tentava desenraizá-lo. Ele tentou agarrá-la,
jogando o ombro em seu estômago, mas ela apenas virou as
costas dele com uma agilidade incrível e agarrou a bola do chão
com uma risada de vitória.
Eu me separei do resto do meu time enquanto eles
correram para tentar pegar a bola dela. Mas essa não era
minha tarefa. Eu tinha que ir para o Pit. E rápido.
Minha pulsação aumentou quando Justin correu ao meu
lado e os Pit Keepers da Aurora avançaram logo atrás de nós.
Orion colocou uma ênfase infernal nos sprints durante os
treinos para que tivéssemos a vantagem, correndo como o
vento em direção ao Pit e girando direto na borda da zona sem
magia para enfrentar o jogo.
Os Keepers da Aurora assumiram posições táticas em
cada lado de nós, prontos para bloquear nossos ataques
enquanto Rosalie corria em nossa direção com os quatro
Herdeiros em seus calcanhares. Seth lançou escudos de ar na
frente dela para tentar impedi-la, mas ela jogou lanças de
madeira neles, rompendo cada um com sua força feroz. Tive
que me maravilhar com suas habilidades quando Darius pegou
um punhado de sua camisa, agarrando-a e ela chicoteou sobre
sua cabeça, tirando sem nem mesmo desacelerar por um
segundo. A multidão enlouqueceu e Seth e Caleb bateram um
no outro enquanto eram momentaneamente distraídos por
suas curvas e a tatuagem de roseira subindo em espiral sob
seu sutiã esportivo push-up, jogando um ao outro no chão.
Gah... idiotas!
Levantei minhas mãos, me segurando até o último
segundo antes de lançar meu escudo. Eu não seria capaz de
recarregar minha magia até a metade do tempo, então cada
gota que gastava tinha que ser útil.
Justin estava balançando nos calcanhares à minha
direita, o calor emanando dele enquanto se preparava para
lançar fogo. Tínhamos feito isso mil vezes, Orion havia
perfurado em nós e, apesar da multidão barulhenta e
adrenalina batendo em minhas veias, meu corpo assumiu.
Sabia o que fazer e não ia deixar a pressão do jogo me afetar.
Max lançou o chão em gelo sob Rosalie quando ele se
aproximou dela e ela começou a derrapar como louca antes de
virar a mão para a terra e fazer uma ponte explodir de suas
profundezas que levava direto em nossa direção. Ela correu
para cima com um grito de determinação e ataques
combinados voaram para ela dos membros da nossa equipe de
defesa. Os fragmentos de gelo de Geraldine, marcados em seus
braços e misturados com o sangue derramado, quando ela
alcançou o fim de sua ponte, mergulhando acima de mim e
Justin.
Eu agi rápido, meu pulso latejando em minhas têmporas
enquanto jogava minha mão para a esquerda, lançando um
inferno de chamas que enviou o Pit Keeper Aurora
flanqueando-me gritando e fugindo. Com a minha outra mão,
eu construí um escudo de ar sólido e uma torrente de magia
caiu sobre ele no segundo em que coloquei a cúpula no lugar
enquanto toda a equipe Aurora tentava quebrá-la, para deixar
o Pit aberto para Rosalie.
Rosalie jogou a bola, um dardo de madeira deixando sua
palma um milissegundo antes, de modo que bateu no meu
escudo e abriu um buraco grande o suficiente para a bola que
passasse por ele.
Rosnei em determinação, girando nos calcanhares e
jogando o ar atrás de mim enquanto pulei para encontrá-la.
Rosalie pousou graciosamente, estendendo a mão para me
parar, mas Caleb correu para ela por trás, os dois se chocando
contra a zona sem magia que cercava o Pit e atingindo o chão
enquanto ele lutava para mantê-la no chão.
A bola bateu no meu peito e passei meus braços em volta
dela com um oomph e meus pés atingiram a lama do outro
lado do Pit. Tropecei para frente, meus joelhos batendo no chão
enquanto meu coração trovejava em meus ouvidos. O relógio
estava marcando dez segundos e a multidão gritava tão alto
que eu não conseguia ouvir mais nada. Não tinha permissão
para marcar, mas Geraldine estava a apenas alguns metros de
distância, rasgando a terra enquanto corria para frente com o
olhar de um cachorro raivoso enquanto abria as mãos para
pegá-la.
Joguei a bola para ela, lançando um escudo de ar em
torno dela e salvando-a de uma explosão de chamas da Fireside
Aurora assim que ela o pegou. Ela mergulhou para frente com
um grito, batendo-a no Pit e o barulho da multidão do Zodiac
me ensurdeceu totalmente assim que um buzzzzz anunciou o
término do round de cinco minutos.
Geraldine me ergueu do chão, me jogando para o alto com
sua força incrível e ri enquanto os Herdeiros corriam para
frente, se amontoando em cima de nós e nos jogando na lama.
“E a Zodiac conquista o primeiro Pit!” Prestos anunciou em
sua voz amplificada e ri descontroladamente, olhando para o
placar através do emaranhado de braços e pernas musculosos
me esmagando, encontrando-nos em um e Aurora com menos
um por Caleb derrubar a Rosalie.
“Vega um, Oscura nenhum!” Nossa escola estava cantando
e ri quando Darius me tirou do chão e me deu um tapinha nas
costas.
“Boa defesa,” disse ele com um sorriso antes de correr
para assumir uma posição no Fire Quarter. Um sorriso
apareceu em minhas bochechas quando os outros Herdeiros e
Geraldine me parabenizaram, então voltei para ficar na frente
do Pit, sentindo que poderia enfrentar o mundo inteiro.
Pode vir, Aurora.
Corri através do campo, meus punhos cobertos de gelo enquanto eu
fixava meu olhar no Fireshield da Aurora, que estava trovejando atrás de
Cal enquanto ele corria para o Pit com uma Airball nas mãos.
Joguei uma rajada de gelo no chão sob os pés do
Fireshield, um sorriso sombrio enfeitando meus lábios
enquanto ele tropeçava e eu disparava para matar. Mas antes
que pudesse alcançá-lo, meu pé travou enquanto as
trepadeiras serpenteavam em volta dos meus tornozelos e caí
pesadamente no chão, rolando na lama com uma maldição de
frustração.
Eu estendi minha mão, uma rajada de ar jogando a
Earthraider da Aurora voando para longe de mim e ela riu
enquanto caía, lama respingando nas costas de sua camisa e
manchando o nome Oscura que estava impresso nela.
Lancei uma lâmina de gelo na palma da minha mão e
cortei as vinhas antes de pular e voltar meus olhos para a bola.
O Fireshield derrubou Cal com um desarme selvagem
assim que os avistei, mas ele conseguiu lançar a bola antes que
pudesse ser roubada.
Com um grito de determinação, Geraldine correu para ele,
jogando uma onda de sujeira no rosto dos membros da equipe
adversária enquanto ela pulava e pegava a bola no ar.
Avancei ao redor do Pit para flanquear ela, jogando um
escudo de ar sólido ao redor dela enquanto os jogadores do
Aurora o golpeavam com bolas de fogo, rajadas de água e
ataques de ar próprios. Mas eles não podiam me corresponder.
Geraldine correu para o Pit, jogando uma tremenda rajada
de água nos Keepers da Aurora. Um deles conseguiu se
proteger com um escudo de ar e a outra caiu de volta no Pit
com um grito meio segundo antes de Geraldine bater a bola em
cima dela.
O apito soou para sinalizar o fim do round e nossa vitória
e gritei nosso triunfo para as arquibancadas enquanto
Geraldine disparava para uma volta de vitória em campo. Ela
estava gritando em comemoração, os braços levantados no ar
enquanto seu punho bombeava animadamente sobre o ponto
que ela ganhou e apenas a observei com um sorriso idiota no
rosto. Ou pelo menos fiz até que ela agarrou a bainha de sua
camisa, tirou ao lado de seu sutiã esportivo e continuou sua
volta da vitória completamente sem camisa.
“NÃO!” Gritei enquanto corria através do campo para
interceptá-la, meu sangue bombeando quente enquanto a fúria
carregava meus membros.
Lancei ar nas minhas costas para que eu atirasse em
direção a ela ainda mais rápido e dentro de instantes, eu passei
meus braços ao redor dela e a joguei no chão.
“Ótimas bolas de javali! O que você está fazendo seu
pepino do mar pesado?!” Ela engasgou enquanto olhava para
mim e eu mantive meu peito achatado no dela para protegê-la
de vista.
“Impedindo você de se mostrar para escola inteira,” grunhi
em frustração. “E meu pai, por falar nisso, caso você não tenha
notado que ele estava aqui também.”
“É claro que estou ciente de que sua mãe e seu pai estão
aqui, sua tartaruga de dez toneladas! Mas por que diabos isso
importa para mim?” Ela se contorceu embaixo de mim, mas me
recusei a me mover.
Queria explodir que aquela mulher não era minha mãe,
mas é claro que não podia. “Seu pai não está aqui também?”
Rosnei, não respondendo a sua pergunta porque ela poderia ter
um ponto. Não havia razão para me importar com o que meu
pai pensava dela... mas meio que me importava. “E estou
tentando protegê-la aqui, a propósito.”
“Você está dizendo que deveria ter vergonha de minhas
alegres Bettys? Porque farei você saber que o corpo Fae é uma
coisa gloriosa e não vou deixa-lo tentar me envergonhar, Maxy
boy...”
“Você não pode pensar seriamente que tenho outra coisa
senão apreciação por suas Bettys saltitantes ou como você
quiser chamá-las. Eu só não as quero em exibição para todo e
qualquer idiota à vista,” rosnei.
Geraldine riu embaixo de mim. “Não me diga que você me
quer só para você, seu polvo oleoso,” ela zombou e por um
momento eu só pude franzir a testa enquanto ela zombava de
mim por essa ideia. Porque obviamente eu não queria isso. Ela
era a líder de nossa oposição e me irritava seriamente com seus
constantes insultos e zombarias dirigidos a mim e aos outros
Herdeiros. Sem mencionar o fato de que ela me levava à
loucura na maioria das vezes.
“Acho que você deixou cair isso, carina,” uma voz profunda
veio acima de nós e olhei para cima para encontrar o Dragão da
Tempestade de estimação de Lionel, Dante Oscura, parado
sobre nós segurando a camisa de Geraldine para ela.
“Bem, se você não é um Fae gentil,” ela ronronou, me
afastando dela com um impulso forte de seus quadris que me
pegou de surpresa e me jogou na lama.
“Eu não diria isso,” Dante ronronou com aquele sotaque
faetaliano de merda que sempre fazia as garotas agirem como
estúpidas.
Geraldine se levantou para puxar o sutiã e a camisa
esportiva enquanto Dante olhava para o campo, assobiando
para a prima enquanto ela voltava à posição inicial. Ela acenou
com entusiasmo para ele enquanto ele gritava para ela. “Bata
neles até virar polpa, Rosa!”
“Ouvi dizer que você era uma fera no campo de Pitball na
sua época?” Geraldine perguntou a ele enquanto ela finalmente
se cobria novamente e sua boca se contorceu em um sorriso.
“Você me faz parecer um velho, carina. Mas sim, eu teria
limpado o chão com o seu time quando joguei. Se eu não
tivesse que assumir o comando dos negócios da família,
poderia ter me tornado profissional.”
“Papai me levou a um jogo de Blueshine e vi sua esposa
jogando com...”
“Precisamos voltar aos nossos pontos de partida, Gerry,”
retruquei e Dante me ofereceu um sorriso que me fez querer
dar um soco em seu rosto de menino bonito.
“Vão, vão,” disse ele, batendo palmas para me acompanhar
enquanto recuava para sentar-se no Pitside novamente ao lado
do Professor Nox. “Eu quero ver Rosa chutar sua bunda pela
segunda vez.”
“Pfft,” grunhi com desdém enquanto corria de volta para o
campo com Geraldine e me dirigia para o meu lugar no Water
Quarter.
“Bem, se ele não é exatamente o espécime...” ela
murmurou enquanto corríamos. “Aposto que ele poderia dar a
Darius uma corrida pelo seu dinheiro em uma competição de
Dragão mais fumegante.”
Fiz uma careta para ela, mas ela já estava fugindo de mim,
movendo-se para o Earth Quarter para assumir sua posição
inicial e cerrei meus dentes.
Por que ela está olhando para outros caras?
“Mostre a eles, Max!” Meu pai gritou da arquibancada
enquanto esperava pelo apito inicial e olhei-o com um sorriso,
ignorando a cara de truta azeda em minha madrasta.
O apito soou e uma bola saiu disparada do Water Hole na
minha frente coberta por gelo azul claro. Joguei uma rajada de
vento nos dois jogadores de água da Aurora, fazendo-os cair
quando Gary Jones saltou e agarrou a bola.
Eu persegui com um grunhido para que pudesse defender
Jones enquanto eles corriam para o Pit, afastando todos os
pensamentos de Geraldine da minha cabeça.
Eu segurei minha raiva, porém, mirando-a solidamente na
equipe da Aurora Academy enquanto os derrubava um por um
com ataques mágicos selvagens e brutais.
Estávamos três pontos acima, mas essa não era uma
vantagem grande o suficiente para começarmos a ficar
presunçosos. Então coloquei minha cabeça no jogo e me
preparei para lutar até a morte.
O apito soou no intervalo e eu sorri para Berenice enquanto o time
de Pitball saía do campo e avançávamos para começar a rotina da torcida
contra as líderes de torcida da Aurora Academy.
Como equipe anfitriã, iríamos primeiro e torci o anel de
ouro maciço no meu dedo indicador enquanto cortava uma
linha direta em direção aos nossos jogadores. Era uma coisa
robusta com uma cabeça de Dragão esculpida e era muito
grande para mim, mas isso realmente não importava. Eu o
emparelhei com um anel em meu dedo médio que continha
uma safira do tamanho de um ovo de codorna e um em meu
dedo anelar com uma pedra de ônix entalhada com uma
imagem do sol nela. Queria adicionar colares, pulseiras e até
mesmo uma tiara de ouro e diamantes à mistura, mas eu
pareceria meio ridícula usando tudo isso, então os anéis teriam
que servir. Não importava que eles eram muito grandes, um
simples feitiço colante garantiu que eles não iriam a lugar
nenhum até que eu liberasse a magia.
O resto das líderes de torcida se espalharam enquanto
batiam palmas nos jogadores ou lhes ofereciam abraços se eles
não estivessem muito imundos e eu cumprimentei Darcy e
Geraldine com entusiasmo antes de olhar para Darius.
Corri até ele quando ele chegou à beira do campo e ele se
virou para me olhar surpreso quando me aproximei dele.
A maioria dos Conselheiros Celestiais apareceu para
assistir à partida hoje, mas, felizmente, Lionel não pôde
comparecer. Xavier e Catalina se sentaram no camarote VIP,
acenando para nós com entusiasmo e acenei de volta antes de
dar a Darius minha total atenção.
Todo o lado direito de seu rosto estava coberto de lama,
sem mencionar o resto dele e sua camisa rasgada se abriu para
revelar o corte firme de seu abdômen e aquele V perfeito que
mergulhava sob sua cintura.
“Você está dando tudo aí,” falei a ele a verdade, abrindo
um sorriso doce que imediatamente o fez estreitar os olhos em
suspeita.
Nós não tínhamos conversado muito desde a coisa toda de
três vias e eu estava realmente curiosa para saber como ele
estava se sentindo sobre isso. Mas eu estava ainda mais
curiosa para saber como ele iria reagir quando percebesse que
eu estava brincando com o saco de tesouro que roubei dele há
tanto tempo. Houve muitas vezes em que pensei sobre o
pequeno estoque que tínhamos escondido na floresta e me
perguntei por que ele não tinha pedido de volta e havia apenas
uma razão que fazia sentido. Ele assumiu que eu não tinha
mais. Não sabia se pensava que tinha vendido ou destruído,
mas eu estava prestes a lembrá-lo que eu ainda o tinha e veria
o quão bom ele era depois que o seu temperamento explodisse.
Tinha certeza de que havia um guia ou dois por aí sobre não
cutucar um Dragão, mas achei que era estúpido demais para
me importar.
“Obrigado. Está querendo que eu faça alguma declaração
cafona, como se estivesse pensando em você toda vez que
enfrentei alguém?” Ele brincou e ri, jogando meu cabelo para
fora. Ele franziu a testa para mim e tive que admitir que posso
ter exagerado, mas tanto faz.
“É bom saber que estou em sua mente toda vez que você
tem alguém preso embaixo de você na lama,” ronronei.
Pelo canto do olho, percebi Mildred se levantando na
arquibancada com o rosto de um coala zangado que tinha sido
atropelado por um carro. Não tinha muito tempo antes que ela
viesse aqui para reivindicar seu noivo, mas não precisava de
muito tempo.
“Acho que deixei meu desejo de prendê-la embaixo de mim
bem claro,” Darius respondeu em uma voz baixa que fez meus
dedos dos pés se curvarem, mas eu não estava aqui para
flertar, estava aqui para cutucar um Dragão.
“Boa sorte para o segundo tempo,” falei com uma voz doce,
estendendo a mão e tocando seu bíceps, certificando-me de que
os anéis de ouro pressionassem contra sua pele.
Darius olhou para baixo no momento em que sentiu sua
magia agitar em resposta ao ouro e seus olhos se arregalaram
de surpresa, o que foi rapidamente seguido por um flash de
fúria quando ele reconheceu as joias de seu estoque que eu
tinha roubado.
Virei-me para longe dele com uma risada sombria antes
que ele pudesse fazer mais do que respirar com raiva e corri
para me juntar ao meu grupo assim que eles começaram a
entoar um canto.

V - E - G - A!
Ela vai limpar o chão com você hoje!
Veeeeega! Veeeeega!

Comecei a cantar, batendo palmas enquanto alguns dos


outros farfalhavam pompons e Darcy me oferecia um sorriso
agradecido do lado do campo. Cantávamos pequenos cânticos
como aquele para todos os membros da equipe, mas muitas
vezes nos esquecíamos de clamar pelos Herdeiros.
A música caiu de repente e 7 Rings de Ariana Grande
estourou dos alto-falantes ao redor do estádio enquanto
mudávamos para uma rotina cheia de movimentos e truques
de dança. A escolha da música acabou sendo perfeita para
insultar um Dragão obcecado por ouro, bem como executar
uma dança difícil e não pude deixar de sorrir como uma
psicopata durante todo tempo.
Darius ficou olhando para mim do lado do campo, mesmo
quando Seth tentou arrastá-lo para os vestiários e meu coração
trovejou com a fúria pura em seus olhos.
Me lembre novamente porque achei que cutucar um Dragão
era uma boa ideia, porque ele parece pronto para cagar um
tijolo!
Desviei meus olhos dele, sorrindo para a multidão
enquanto me movia entre as minhas garotas, correndo para
frente enquanto realizavam um requebrado que terminava
comigo jogando uma grande explosão de pétalas multicoloridas
no ar para que caíssem sobre a multidão.
As outras garotas enxamearam ao meu redor, lançando
sua própria magia em arcos sobre nossas cabeças, fogo e água
colidindo e cancelando um ao outro em nuvens de vapor que os
Elementais do Ar chicotearam em um mini tornado que pegou
muitas das pétalas nele antes de jogá-los novamente na
multidão.
Corri para frente e pulei no ar com Fogo da Fênix
explodindo de minhas palmas estendidas, arqueando em
direção ao teto aberto bem acima de nós antes de executar um
salto perfeito e usar minha magia do Ar para pousar.
A multidão explodiu em vivas por nós enquanto eu sorria
para eles, mas meu olhar foi atraído de volta para Darius
enquanto ele olhava para mim com sua mandíbula apertada e
seu Dragão Alfa eriçado sob sua carne.
Foi uma péssima ideia? Talvez. Mas eu precisava ver o que
ele faria quando eu o encurralasse? Com certeza.
Orion apareceu ao lado dele, cortando um olhar sombrio
na minha direção antes de agarrar seu braço e forçá-lo a seguir
para os vestiários para sua conversa de intervalo e recarga de
magia.
Uma risada nervosa saiu dos meus lábios quando Darius
finalmente tirou aquele olhar furioso de mim e contorci meus
dedos em despedida enquanto ele se afastava, os anéis de ouro
brilhando na luz.
O olhar em seus olhos com anéis negros estava cheio de
escuridão e violência e as Sombras dentro de mim estavam
tendo um dia de merda sobre isso, mas eu as empurrei com
força, me recusando a ceder.
Darius pode ter tentado permanecer calmo e atencioso
comigo até agora, mas ele não precisava. E não era como se eu
quisesse uma guerra total com ele, mas estava cansada dele
ficar na ponta dos pés perto de mim.
Ele estava fazendo um trabalho muito bom em manter
aquela besta dentro de sua carne adormecida ao meu redor
desde que nos amaldiçoei, mas agora que acordei novamente,
eu estava realmente um pouco animada para me deixar
queimar.
Corri pelo campo com Max bem atrás de mim na segunda metade
do jogo, perseguindo a Earthraider da Aurora, Rosalie Oscura, enquanto
ela corria ao redor do Pit, uivando para o céu como se ela pensasse que
tinha ganho.
Estávamos na rodada final do jogo, o cronômetro
marcando os últimos minutos e o Zodiac estava seis pontos
acima. Ela estava tentando ganhar tempo enquanto todos os
membros de sua equipe iam para a defesa e tentavam marcar
pontos prendendo nossos jogadores na lama.
Orion estava gritando para que eu corresse mais rápido e
com o canto do meu olho, avistei três de seus companheiros de
equipe oprimindo Justin Masters e jogando-o no chão. Nossa
vantagem caiu para cinco pontos e o pequena Loba que eu
perseguia uivou novamente.
Ela era fodidamente rápida, admito, mas enquanto Seth e
Cal circulavam do outro lado do Pit para interrompê-la, ela
tinha que saber que estava perdida.
“Venham me buscar meninos!” Ela gritou, diminuindo a
velocidade por um momento enquanto nos aproximávamos
dela.
Corri para frente, mas de repente, o chão sob meus pés
desapareceu quando ela cavou um enorme abismo na terra ao
seu redor e nós quatro caímos nele imediatamente.
Um grunhido de raiva me escapou enquanto eu jogava
água sob meus pés, usando-a para me explodir para cima e
para fora da cratera novamente enquanto ela corria para longe
mais uma vez.
Seth enviou videiras para derrubá-la, mas ela dançou
sobre elas com uma gargalhada antes de lançar uma parede de
terra para bloquear a bola de fogo que Cal atirou em seu
caminho.
Eu não me incomodei com magia, deixando os dois
mirarem seu poder nela enquanto corria para matar.
Ela avançou em direção ao Pit enquanto Darcy estava
diante dele, os braços abertos enquanto ela lançava uma
parede de ar para bloquear a bola. Rosalie estendeu a mão livre
e, de repente, a terra sob os pés de Darcy desabou, fazendo
com que ela e todos os outros Pit Keepers caíssem no Pit, que
agora tinha o dobro do tamanho de antes.
Ela jogou a bola com um uivo de alegria meio segundo
antes de eu bater nela e prendê-la na lama com um rosnado
profundo.
Virei-me para ver se ela havia acertado o Pit, mas quando
a bola disparou em sua direção, ela colidiu com um escudo de
ar, quicando novamente quando Darcy conseguiu mantê-lo
apesar de sua queda.
Seth uivou loucamente enquanto pulava para pegar a bola
e Darcy largou o escudo meio segundo antes dele jogá-la no
buraco e o apito soou para soar o fim do jogo e nossa vitória.
“Você vai ficar em cima de mim a noite toda, stronzo?
Porque se esse for o seu plano, poderíamos nos livrar de
algumas dessas roupas,” Rosalie ronronou enquanto se
contorcia embaixo de mim.
Bufei uma risada quando minha atenção voltou para a
garota que estava esmagando e me levantei, oferecendo a ela
uma mão enquanto sorria pra caralho. No momento em que ela
estava de pé, a soltei e corri pelo campo com um rugido de
vitória enquanto meu time pulava um sobre o outro em
comemoração e nós pulamos para cima e para baixo em um
emaranhado de membros.
Seth uivou para o céu e todos os membros de nossa
equipe se juntaram em um segundo antes de Lance pular na
pilha também e todos nós cairmos na lama de tanto rir.
Chamei a atenção de Darcy enquanto ela sorria para mim
e uma risada profunda escapou de mim quando a puxei para
um abraço. “Bom trabalho naquele escudo, Gwen,” provoquei,
esfregando os nós dos dedos em seu cabelo enquanto ela me
empurrava.
“Bom trabalho naquela técnica, Dari,” ela brincou de volta
no momento em que Lance saltou sobre mim.
“Foi lindo, porra!” Ele rosnou, agarrando meu rosto entre
as mãos e colocando um beijo áspero e áspero na minha testa
enquanto me montava na lama.
Os outros Herdeiros começaram a se empilhar em cima de
nós um após o outro e quando finalmente terminamos de
trocar abraços e parabéns, nos levantamos para receber os
aplausos da multidão.
Rosalie Oscura estava correndo para frente e para trás do
outro lado do campo, uivando animadamente enquanto os
alunos da Aurora Academy enlouqueciam por ela. E imaginei
que para uma academia de menor financiamento em Solaria,
chegar tão perto de nos derrotar era quase tão bom quanto
vencer. Eles definitivamente aprimoraram seu jogo nos últimos
anos e teríamos que estar ainda mais preparados na próxima
temporada.
As líderes de torcida estavam todas de pé, pulando e
gritando nossos nomes e chamei a atenção de Roxy quando ela
balançou um par de pompons brilhantes para mim e chamou
meu nome junto com o resto das meninas.
Meu olhar prendeu em meus anéis em seus dedos
enquanto ela continuava a exibilos para mim e um grunhido
retumbou em meu peito.
Corri para o outro lado do campo em sua direção enquanto
a voz de Nova soava anunciando os resultados finais como se
ninguém pudesse ler o placar por si mesmo.
“Quero meu tesouro de volta,” falei em voz baixa, cascalho
cobrindo meu tom enquanto meu Dragão mudava sob minha
pele. Parei bem na frente dela e ela me deu um sorriso matador
que dizia que estava morrendo para que eu pedisse.
“Eu não sei o que você quer dizer,” Roxy respondeu
docemente, movendo-se para ficar na minha frente com as
mãos nos quadris, com pompons e tudo.
Meu olhar permaneceu na fita que ela ainda tinha
amarrada no pescoço. Nunca pedi a uma garota para torcer por
mim antes e quando ela disse sim, tive que lutar muito para
não sorrir pra caralho e tomá-la em meus braços. Ignorando o
fato de que as estrelas ficariam irritadas, obviamente. E pensei
que ela estava feliz com isso também. Então, por que ela
escolheu fazer essa merda com o meu tesouro agora? Por que
ela era tão insistente em puxar para fora a raiva em mim, as
piores partes, não importasse o quanto tentei protegê-la disso
ultimamente?
Meu olhar percorreu seu uniforme de torcida azul marinho
e prata antes que pudesse evitar, meu intestino apertando
quando notei as letras DAR pintadas no lado de sua cintura
tonificada. Ela realmente pintou meu nome em sua pele? E por
que gosto tanto dessa ideia?
Roxy jogou os pompons e cruzou os braços enquanto
esperava que eu respondesse e consegui ler o resto das letras
que enrolavam em torno de CY. Certo. Idiota. Claro que ela não
pintaria meu nome em seu corpo.
“Você sabe exatamente o que quero dizer. Onde está o
resto do meu tesouro?” Exigi, dando um passo à frente. Mas
antes que pudesse alcançá-la, Xavier e mamãe apareceram,
jogando os braços em volta de mim para me dar os parabéns.
Roxy me deu um sorriso zombeteiro e se esgueirou para o
meio da multidão antes que eu pudesse impedi-la.
Onde diabos ela está indo?
Que porra ela está jogando?
E onde diabos está o meu ouro??
No momento em que recebi uma rodada de parabéns do
que parecia ser de cada filho da puta da escola e disse adeus à
minha família, ela já tinha ido embora.
Minha mandíbula apertou enquanto a raiva gotejava por
meus membros, amortecendo seriamente meu zumbido pós-
vitória. Pegar o ouro de um Dragão era como tirar a lua de um
Lobisomem. Era simplesmente errado em tantos níveis e eu
não poderia deixar isso quieto. Agora não. Não depois de saber
que ela ainda o tinha. Tentei fazer as pazes com a ideia de que
ele tinha ido embora antes, mas isso era levar as coisas longe
demais.
Fiquei mais do que um pouco aliviado quando a equipe
finalmente desceu para o Orb para o after party. Ainda
estávamos imundos, nossos uniformes rasgados e
ensanguentados do jogo, mas era tradição aparecermos assim,
banhados na sujeira de nossa glória.
Chegamos no Orb como um time, o resto da escola
gritando e torcendo por nós, a divisão entre os apoiadores dos
Herdeiros e das Vega esquecida pela primeira vez em favor de
algo muito mais importante. Pitball.
A música estava alta e as pessoas dançavam e bebiam por
toda parte. Meu olhar instantaneamente travou em Roxy
enquanto ela dançava acima da multidão no centro da sala,
seu uniforme de líder de torcida agarrado ao seu corpo como
uma segunda pele.
Por um momento, não consegui deixar de pensar na vez
em que roubamos um momento das estrelas sob o lago depois
da festa de Seth e Max. Era uma bela forma de tortura que me
assombrava diariamente desde então. Queria que pudesse ser
só nosso. Ou que eu poderia ter falado direito com ela depois.
Não tínhamos discutido isso desde então, embora Cal
continuasse fazendo comentários improvisados sobre como
configurar algo novamente. Mas eu nem sabia se ela iria
querer. Afinal, foi ela quem me disse não. Então, talvez ela
apenas tivesse sido pega de surpresa naquela noite e a dor que
ela era forçada a sentir por mim pelas estrelas tinha combinado
com as bebidas que bebemos para fazê-la ceder à tentação. Ou
talvez tenha sido Cal. Embora não tivesse sido assim. Parecia
que sua atenção estava em mim na maior parte do tempo.
Um braço pousou em volta dos meus ombros e um
rosnado poderoso de Dragão escapou de mim enquanto Caleb
me puxava contra seu peito com um sorriso largo. Suas
sobrancelhas subiram em resposta e ele me soltou antes que
pudesse arrancar sua cabeça com uma mordida.
“Pensando nisso de novo, então?” Ele provocou, passando
a mão pelo cabelo manchado de lama.
Eu grunhi concordando, não confiando em mim mesmo
para não gritar com ele enquanto lutava para conter minha
própria raiva. Não era culpa dele. Sabia que o que ele tinha
feito era por nós e sabia que não havia chance de tê-la só para
mim com as estrelas nos assombrando, mas eu só...
“Porra,” amaldiçoei, passando a mão pelo rosto. Não
conseguia lidar com meu ciúme junto com a raiva sobre a
porra do tesouro e a agonia sem fim de saber que nunca seria
capaz de chamar Roxy de minha de qualquer maneira.
“Se você está agoniado assim, não precisamos fazer isso de
novo,” disse Cal com a testa franzida, colocando uma cerveja
em minha mão. “Estava tentando ajudar, não fazer você se
sentir pior.”
Meu coração caiu com essa sugestão e as Sombras de
repente surgiram dentro de mim, oferecendo um poço de
esquecimento para mergulhar e escapar desse sentimento
desesperador. Parte de mim queria concordar com ele. Dizer
que não queria tentar de novo porque não aguentava tê-lo ali
conosco também, que isso me cortava e me fazia sangrar o
tempo todo em que estava lá com eles. Mas então considerei a
alternativa. Não ter ela de jeito nenhum. Nunca mais conseguir
sentir seu corpo contra o meu ou beijar seus lábios carnudos
ou fazer seu coração bater em um ritmo que combinasse com o
meu. E certamente isso seria pior. Mas de qualquer forma, esse
fato me quebrou. De qualquer forma, ela não era realmente
minha.
“Eu sei.” Soltei um suspiro frustrado. “Não é... não estou
zangado com você realmente. Estou com raiva de mim mesmo.
Se tivesse feito algo diferente, tantas coisas...”
Os olhos azuis de Caleb escureceram como se ele pudesse
realmente sentir minha dor e ele estendeu a mão para agarrar
o lado do meu rosto enquanto me fazia segurar seu olhar. “Nós
vamos consertar isso, Darius,” ele jurou. “Orion vai encontrar
um jeito e quando ele fizer isso, ela não será mais capaz de
negar seu coração. Você terá provado a ela exatamente o tipo
de homem que você é e o tipo que pode ser para ela e então...”
Eu me afastei dele, balançando a cabeça enquanto meu
coração desmoronava e se despedaçava novamente e fui
forçado a cerrar os dentes contra a agonia de ficar para sempre
sozinho sem ela.
“Isso não vai acontecer, Cal. Eu não acredito que haverá
algum remédio conveniente para nós,” falei sombriamente.
“Vou fazer tudo o que puder para acertar as coisas entre mim e
ela, porque ela merece muito. Merece saber o quanto me
importo com ela, mesmo que ela nunca possa ser minha. Não
quero que ela pense que o homem que as estrelas escolheram
para ela não passa de um monstro. Mas eu sou um monstro do
mesmo jeito. E não importa o quanto eu tente compensá-la,
isso não irá mudar. Há escuridão em mim que nunca
encontrará a luz. Então, ela estará melhor longe de mim de
qualquer maneira.”
Passei por ele antes que ele pudesse responder e abri
caminho no meio da multidão em direção ao nosso sofá.
As pessoas me deram tapinhas nas costas, gritaram meu
nome e me ofereceram bebidas enquanto eu andava e tentei
retribuir os sorrisos, mas tinha certeza de que estava mais
perto de acertar uma carranca.
Quando finalmente cheguei ao nosso sofá vermelho, fiquei
imóvel. Roxy não estava dançando em uma mesa como eu
pensava, ela estava de pé na parte de trás do sofá. Bem acima
do meu lugar usual no final dela.
A raiva lambeu ao longo dos meus membros enquanto eu
olhava para ela naquela micro saia e meias longas e ela se
virou para olhar para mim com a porra do maior sorriso
imaginável em seu rosto. Não era um sorriso gentil. Era
incitante, conhecedor, provocante e perigoso. O tipo de sorriso
que eu não deveria ter gostado, mas realmente gostei.
“O que você está fazendo?” Exigi.
Podia ter jurado não lutar contra ela em nossas aulas de
combate, mas ela estava seriamente pisando em uma linha
tênue ao fazer isso. Todos sabiam que este sofá nos pertencia.
Por mais estúpido que fosse, ela pular todo o meu território
assim era praticamente uma declaração de guerra. Se deixasse
passar com todas essas testemunhas, seria suicídio político.
Tinha que provar a todos que ela ainda estava abaixo de mim,
mas me recusava a colocar a mão sobre ela e ela sabia disso.
Só não entendia por que ela estava me empurrando assim.
“Aqui está ele!” Ela clamou. “O jogador da partida!”
A multidão aplaudiu e fiz uma careta. Ela não estava aqui
para me elogiar, ela estava tramando algo. Mas eu ainda não
sabia o quê.
“Saiam,” exigi e vários dos alunos que nos cercavam
recuaram como se pudessem sentir uma luta chegando. Mas
isso não iria acontecer. Recusei-me a deixá-la me provocar para
uma discussão, não importava o quão rápido meu pulso
estivesse batendo.
Roxy bateu um dedo contra os lábios dramaticamente. Um
dedo que segurava um anel de Dragão que estava na minha
família há oito gerações. Meu sangue se acendeu com fogo de
Dragão e o gosto de fumaça cobriu minha língua por um
momento.
“E me devolva meu tesouro,” acrescentei em um tom
sombrio.
“Oh! Isso me lembra...” Roxy pulou da parte de trás do
sofá para o meu lugar e pegou sua bolsa, que estava no chão
ao lado dela. Ela procurou por algo enquanto cruzei os braços e
esperei por ela.
Quando ela se sentou novamente, ela tinha um pingente
pendurado em seu pescoço sob a fita que dei a ela. Ele
segurava um impressionante rubi de fogo do tamanho de um
ovo, cortado na forma de um coração. Valia mais de um milhão
de auras. Ela também colocou uma coroa em sua cabeça que
na verdade tinha sido um presente de uma Rainha Vega para
minha tataravó. Ela empurrou braceletes e pulseiras de ouro
sobre os pulsos e estava usando ainda mais dos meus anéis
também.
Um grunhido profundo sacudiu pelo meu peito quando ela
se sentou no meu lugar com um sorriso zombeteiro e meus
dedos se curvaram com o desejo de puni-la por ousar tocar no
meu ouro. O tesouro de um Dragão era mais precioso do que
todas as estrelas no maldito céu e apenas um idiota de merda
se atreveria a tocá-lo, muito menos vestir-se como estava
agora. Se ela fosse outra pessoa, já teria se encontrado
carbonizada. Do jeito que estava, o aperto fino que eu segurava
contra minha raiva estava escapando do meu controle.
Eu me lancei contra ela e ela gritou de surpresa quando
minhas mãos pousaram de cada lado de sua cabeça nas
grossas almofadas vermelhas e descobri meus dentes bem em
seu rosto.
“Devolva isso!” Rosnei e pelo canto dos meus olhos pude
ver as pessoas correndo.
Minha pele estava queimando tanto com a magia do Fogo
que provavelmente todos eles estavam queimando enquanto o
calor saia de mim. Mas não Roxy. O fogo não poderia machucá-
la. Talvez fosse o destino para ela ser uma Fênix, a única
criatura imune ao pior do meu poder. Talvez as estrelas sempre
quisessem que eu fosse incapaz de machucá-la.
Ela olhou para mim com seus grandes olhos verdes por
um longo momento antes de rir sombriamente. “Faça-me.”
De repente, o calor entre nós não tinha nada a ver com
magia de fogo e tudo a ver comigo e ela. Essa porra de bola de
demolição que veio colidir com minha vida, destruindo tudo
que eu pensava que sabia, enquanto me recusava a mudar de
seu curso um único pedaço.
Rosnei novamente quando estendi a mão e a agarrei,
levantando-a do meu lugar antes de girar e sentar eu mesmo e
colocá-la no meu colo.
“Eu disse que não vou te machucar, Roxy,” ronronei,
apenas para ela ouvir enquanto ela se firmava pressionando as
palmas das mãos contra meus ombros enquanto ela era
forçada a montar em mim enquanto meus dedos se enrolavam
em torno da pele nua de sua cintura. “Então, que tal jogarmos
um jogo?”
Estávamos atraindo uma audiência, mas naquele
momento eu não dava a mínima. Iria pirar e virar um Dragão
completo em todos aqui ou iria desafiar as estrelas e essa
garota em meus braços segurando-a perto apesar do fato de
que meu instinto era exigir sangue. Posso ter mantido a
escuridão dentro da minha carne, mas me recusei a ser
governado por ela. Nunca mais. Eu era meu próprio homem e
faria minhas próprias escolhas. O que significava que nunca a
machucaria novamente.
“O que seria?” Roxy murmurou, suas pupilas dilatando de
forma que havia mais preto do que verde em seus olhos.
“Vamos brincar de frango com as estrelas. Nós nos
sentamos aqui e os deixamos fazer o pior para nos separar. O
primeiro a sair deste assento vence.”
O trovão caiu no céu lá fora, como se para deixar meu
ponto ainda mais claro, e Roxy olhou para o telhado alarmada
enquanto as arandelas em chamas que pendiam dele
estremeciam ameaçadoramente. O pingente roubado balançou
em sua garganta antes de cair para pousar entre seus seios e
me fazer olhar por um longo momento.
“Tudo bem,” ela concordou, olhando para mim novamente,
seus olhos brilhando com o desafio. “Mas se eu ganhar, eu e o
Clube Bunda ficaremos com o seu sofá.”
Bufei com desdém. “Bem, se eu ganhar, recebo até a
última parte do meu tesouro de volta.”
“Feito.” Ela sorriu para mim quando o chão começou a
tremer e a determinação em seus olhos me fez pensar se
poderíamos acabar nos matando com este jogo. Não tinha
certeza se algum de nós tinha condições de perder por vontade
própria.
“O que está acontecendo?” A voz de Seth veio atrás de
mim, mas não me incomodei em olhar para ele, meu olhar
firmemente capturado pela garota no meu colo.
O chão tremeu com mais força, o que efetivamente fazia
seu corpo vibrar contra o meu pau enquanto ela montava em
mim naquela minúscula saia e grunhi quando ela me deu um
olhar conhecedor. Não podia negar que tinha tido mais do que
algumas fantasias sobre colocá-la em uma posição como está
com aquela roupa de torcida e eu ainda usando meu uniforme
de Pitball. Era uma fantasia bastante clichê, mas quente
mesmo assim. Especialmente com a maneira como ela parecia
em seu uniforme.
“Problemas, Darius?” Ela provocou, mudando seus
quadris novamente enquanto meu pau endurecia entre nós.
Deveria estar com raiva demais para ficar excitado, mas com
ela sempre era assim. Como se estivéssemos dançando a linha
do amor e do ódio com a única coisa consistentemente presente
sendo a luxúria.
“Sua puta!” A voz de Mildred me tirou do nosso momento
de insanidade e olhei para cima assim que ela avançou para
nós, seu olhar fixo em Roxy no meu colo como se ela tivesse a
intenção de tirá-la de cima de mim.
Mudei para frente no último momento e ela me bateu em
vez disso, jogando nós dois para fora do sofá e soltei Roxy
quando caímos no chão.
Quando me endireitei, encontrei Roxy presa embaixo de
Mildred enquanto ela apontava o punho direto para o seu
rosto.
“Pare!” Ordenei, mas Mildred nem piscou para mim. Seus
lábios estavam curvados para trás para revelar o corte da
mandíbula e seus olhos redondos brilharam com fúria.
Seu punho bateu na mandíbula de Roxy e o sangue voou
enquanto ela rosnava de raiva embaixo dela.
Dei um passo à frente para intervir, mas a mão de Max
pousou no meu ombro e ele me girou para olha-lo antes que
pudesse.
“É Fae contra Fae, cara, o que você está pensando?” Ele
perguntou com uma careta e eu só pude olhar carrancudo
enquanto olhava para a luta, me forçando a permanecer
imóvel.
Podia ter me feito sofrer por ter que me conter, mas ele
estava certo, não poderia me envolver em uma briga entre dois
Fae. E se fosse qualquer outra pessoa, nunca teria pensado
nisso. Mas Roxy sempre me fez querer quebrar as regras.
“Sua chupadora de pau, puta!” Mildred bateu com o
punho no rosto de Roxy novamente, nem mesmo se
preocupando em usar magia enquanto gritava insultos em seu
rosto, que incluíam muitas referências a eu ser seu amado.
“Qual é o problema, Mildred?” Roxy rosnou. “É só porque
você não pode chupar um pau direito com essa sua mandíbula
incompatível ou é que você sabe que Darius só vai se casar com
você porque seu pai o está forçando?”
“Quando eu levar meu amado para o quarto, ele estará
gritando tão alto que nem se lembrará do nome Vega!” Mildred
uivou enquanto socava Roxy novamente.
“Sim, gritando de horror,” Roxy cuspiu e quase ri, porra,
apesar do fato de que ela estava prestes a ter seu rosto
esmagado por aquela besta de garota.
“Veremos se ele fica tão tentado por você quando eu
terminar de pulverizar seu lindo rosto e cortar seus peitos
empinados para garantir!” Mildred uivou.
“Não os peitos!” Tyler Corbin engasgou do outro lado da
multidão enquanto filmava a coisa toda.
Meu coração disparou. Roxy poderia ser durona, mas
Mildred era quatro vezes maior que ela. Ela precisava revidar
com magia se quisesse ter uma chance, mas quando ela
balançou a cabeça para frente e quebrou a ponte do nariz de
Mildred com uma cabeçada selvagem, tive a sensação de que
ela não iria usá-la.
Roxy deu um soco na garganta de Mildred para seguir
antes de jogar o joelho entre as pernas o mais forte que pôde.
“Ooohh direto no ponto!” Tyler chamou e uma risada ficou
presa na minha garganta.
“Sim, Tor!” Darcy gritou enquanto abria caminho até a
frente da multidão. “Mostre a ela como lutamos de onde
viemos!”
Quando Mildred recuou, Roxy se lançou para frente,
rolando-as de modo que ficasse por cima antes de golpear o
rosto feio de Mildred com uma brutalidade que fez meu coração
disparar.
Ela era selvagem e cruel, sangue escorrendo por seu rosto
por causa de seus próprios ferimentos enquanto ela usava
meus anéis roubados para golpear Mildred repetidas vezes. Não
ficaria surpreso se ela não acabasse com Dragões estampados
em seu rosto devido ao formato das joias.
Mildred deu o melhor de si, socando Roxy nas laterais, no
peito, até mesmo tentando morder seu punho enquanto a
esmurrava.
“Puta merda,” Seth murmurou enquanto se aninhava no
meu braço. “Isso seria tão quente se não fosse, você sabe,
Mildred. Mas se eu a imagino sendo literalmente qualquer
outra garota, então eu ficaria tão excitado agora.”
Engoli um nó na garganta ao me recusar a concordar em
voz alta, mas ele estava certo. Havia algo sobre Roxy enquanto
ela lutava assim, seus lábios curvados para trás com
determinação e absolutamente nenhuma piedade dela. Elas
podem estar lutando como mortais tendo uma briga de bar,
mas com uma coroa em sua cabeça e sangue pintando sua
carne, não acho que ela já se pareceu mais com a filha do Rei
Selvagem antes. Ela realmente era uma Princesa Fae. E eu
gostei.
Mildred praguejou e gritou, jogando os punhos como
marretas com tanta força que tive certeza de ter ouvido costelas
quebrando, mas Roxy não iria ceder.
Ela balançou o braço para trás uma última vez e, com um
grito de raiva, bateu em Mildred com tanta força em seu rosto
que ela desmaiou.
Uma risada saiu dos meus lábios antes que pudesse detê-
la e Roxy olhou para mim com uma determinação selvagem em
seus olhos enquanto sorria como uma maldita guerreira.
A multidão estava aplaudindo e Geraldine liderou o
pelotão Bunda naquela canção irritante pra caralho sobre
Princesas enquanto todas elas comemoravam sua vitória, mas
os ignorei enquanto me movia para oferecer uma mão para
Roxy.
“Vou jogar Mildred de volta em seu quarto, curá-la e
lançar um feitiço para apagá-la e para que ela possa se
recuperar adequadamente,” Cal anunciou enquanto se movia
em torno de nós e não pude deixar de sorrir para ele.
Podia ter me irritado pra caralho que ele esteve com a
minha garota, mas ele realmente era um bom amigo. Um
verdadeiro irmão.
Ele jogou Mildred por cima do ombro como um saco de
batatas e disparou para fora da sala enquanto Seth uivava de
excitação.
“Vamos lá,” falei a Roxy. “Vou limpar você e curar essas
feridas.”
“Ok.” Roxy me seguiu de volta para o sofá e eu a sentei no
meu lugar antes de lançar um anel de fogo e uma bolha
silenciadora ao nosso redor para nos dar um pretexto de
privacidade.
“Isso não conta como estarmos sozinhos?” Roxy perguntou
quando caí de joelhos na frente dela e ela puxou o lábio inferior
arrebentado entre os dentes.
Isso não deveria ter sido quente, mas realmente foi.
“Acho que não,” respondi, mas como o chão tremeu sob
meus joelhos, tive que admitir que sim.
“Talvez você devesse apenas...”
“Irei cura-la,” rosnei, não deixando espaço para
negociação. “Então, deixe-me.”
Seus lábios se separaram, os olhos brilharam, os dedos
agarraram a borda do sofá e tinha certeza que ela estava
prestes a me dizer não, mas em vez disso, apenas assentiu.
Estendi a mão e enrolei meus dedos em volta de sua
cintura enquanto pressionava a magia de cura da minha pele
na dela, fechando meus olhos para que pudesse me concentrar.
Ela tinha costelas quebradas e a cura dos ossos era mais difícil
do que o tecido danificado.
Ela ficou imóvel enquanto eu movia minhas mãos sobre
sua carne e tentei ignorar a forma como o chão tremeu
embaixo de mim. Não poderíamos ficar nessa bolha por muito
tempo, mas gostaria que pudéssemos. Gostaria que
pudéssemos apenas construir uma bolha onde as estrelas não
pudessem nos ver e permanecer nela para sempre. Embora eu
tenha adivinhado que se lhe oferecesse isso, ela diria não de
novo.
Suspirei quando minha magia se esgotou, usando as
últimas gotas para curá-la e limpar o sangue de sua pele
depois de queimar tanto no jogo.
Um toque suave no meu cabelo me fez abrir os olhos e
olhei-a enquanto ela colocava a coroa na minha cabeça.
“Mildred me jogou do sofá primeiro,” ela explicou em
resposta à pergunta em meus olhos. “Então você venceu. Além
disso, precisa de uma cabeça grande como a sua para usar
uma coroa como esta.”
Bufei uma risada enquanto o chão tremia tão
violentamente que quase fui jogado de volta no chão.
Roxy rapidamente puxou os anéis e pulseiras de suas
mãos e os ofereceu para mim também, e eu os coloquei em
meus bolsos sem dizer uma palavra.
Mas quando ela estendeu a mão para soltar o pingente de
rubi de sangue do pescoço, peguei seu pulso para impedi-la.
“Fique com ele,” falei, meu olhar deslizando para o coração
inestimável onde estava contra sua carne. Os Dragões não
entregam tesouros. Nunca. Era herdado da família ou
comprados, mas nunca dávamos a ninguém. Isso ia contra
tudo o que defendíamos e a feroz possessividade de nossas
naturezas. Mas por alguma razão que não pude compreender
totalmente, queria que ela ficasse com aquele colar. “Fica
melhor em você de qualquer maneira.”
Seus olhos se arregalaram, mas antes que ela pudesse
responder, deixei cair a parede de fogo e me afastei dela. Darcy
correu para frente com olhos selvagens, olhando entre mim e
sua irmã por um longo momento como se ela esperasse que
estivéssemos discutindo ou algo assim. Mas a última coisa que
faria era discutir com Roxy por bater na bunda de Mildred por
mim. Ela estava absolutamente trabalhando em meus
interesses e eu nem mesmo fingiria estar chateado com isso.
“Você está bem, Tor?”
“Darius me consertou como nova. Você viu a parte quando
dei uma joelhada nela?” Roxy perguntou enquanto sorria e
Darcy começou a rir.
“Foi clássico, você tem que vir ver a filmagem em câmera
lenta de Tyler de você socando-a na garganta também!”
A festa estava em pleno andamento ao nosso redor
novamente e eu não pude deixar de sentir um pouco mais de
vontade de me juntar a eles enquanto observava Roxy se
afastar de mim. Ela olhou para trás uma vez e meu coração
saltou quando ela me ofereceu o menor dos sorrisos.
Roxy Vega podia nunca ser minha, mas às vezes eu
descobria que não me importava de lamentar por ela tanto
quanto deveria.
Eu estava tentando chamar a atenção de Rosalie Oscura a noite toda
enquanto ela fazia amizade com Darcy, Tory e a equipe A.S.S. e eu
permanecia em torno deles como um animal faminto. Caleb estava dando
a ela seus melhores charmes, suas melhores falas e seus melhores
sorrisos, e ela não estava comprando nada disso. E, no entanto, de vez em
quando, ela passava por mim, roçava a mão no meu braço e me dava o
olhar do tipo venha me foder que fazia o Alfa dentro de mim se erguer e
querer reivindicá-la como minha.
Nunca conheci outro Lobo Alfa que me atraísse tão
intimamente. Podia sentir isso em tudo sobre ela. A maneira
como caminhava, a maneira como ela carregava um ar de
poder que eu queria saber o sabor. Meus instintos me fizeram
insultá-la, pressioná-la por uma reação, mas ela não me deu
nenhuma. Ela era fria e não afetada como um pepino em um
banho de gelo. E foda-se se isso não me deixasse quente.
“Então você é de Alestria,” tentei, me plantando na frente
dela enquanto ela se dirigia para a mesa do buffet para pegar
outra bebida.
Ela jogou uma mecha daquele cabelo de ébano delicioso
por cima do ombro, as bochechas ainda manchadas de lama da
partida. Queria espalhar mais sobre ela enquanto lutávamos
na terra e eu a fazia se submeter à minha força superior. Mas
não achei que ela aceitaria isso ainda.
“Você sempre diz o óbvio para outro Fae?” Rosalie
perguntou, batendo seus longos cílios de uma forma que foi
claramente projetada para me puxar e ainda o resto de seu
rosto dizia lute comigo.
Eu me aproximei dela com um grunhido, querendo
quebrar esse joguinho que ela estava jogando. “Quantos Alfas
você conheceu na vida que poderiam se igualar a você em todos
os sentidos?”
Seus olhos deslizaram por mim para onde Caleb estava
preparando uma bebida e olhando para nós com um olhar
carnívoro em seus olhos. Enquanto olhava para ele, ela se
moveu no arco do meu corpo, seu doce perfume me envolvendo
enquanto ela pressionava a mão no meu peito e ficava na ponta
dos pés para falar no meu ouvido.
“Ninguém pode me igualar de forma alguma. Mas parece
que você e seu melhor amigo querem tentar, lupo de mine,” ela
ronronou e seu sotaque me deixou duro em um instante.
Virei minha cabeça para ela com um sorriso, mas ela
sumiu em um instante, balançando os quadris enquanto se
dirigia para Caleb e pedia para pegar-lhe uma bebida,
bancando a inocente. Ele realmente foi buscar, porra.
Examinei os dois, engolindo minha própria bebida
enquanto a mão dele deslizava na parte inferior das costas dela
e ela ria de algo que ele disse. Então ela voltou seu olhar para
mim e mordeu o lábio inferior, me fazendo doer por ela. Foda-
se, não apenas por ela, pelos dois. Poderia ter assistido a esse
show o dia todo. Mas realmente preferia um papel importante
nele.
A festa logo se dissipou e alguém, que pode ter sido eu ou
não, anunciou um jogo de verdade ou desafio. Eu logo estava
em um burburinho quando todos concordaram e me perguntei
se poderia desafiar Rosalie a beijar Caleb para que pudesse
gravar mentalmente essa imagem para sempre. Infelizmente foi
a minha vez de ser questionado.
“Verdade ou desafio?” Rosalie atirou em mim com um
sorriso malicioso.
“Verdade,” anunciei, talvez um pouquinho perdido e ainda
atordoado de ganhar o jogo, apesar do fato de que
definitivamente eram três da manhã e a festa foi reduzida para
oito pessoas. Bem, sete, se você notasse o fato de que Milton
Hubert estava desmaiado na mesa do buffet. Alguém tinha
colado uma linha de ursinhos de goma em sua sobrancelha e
esse alguém definitivamente tinha sido eu.
Estávamos sentados em um círculo comigo e os outros
Herdeiros no sofá, Tory, Darcy e Geraldine na mesa de centro
em frente e Rosalie Oscura de pernas cruzadas em uma
poltrona que ela tinha puxado. Acontece que a garota não era
apenas gostosa. Ela era engraçada e inteligente e deixava meu
pau duro de maneiras que eu precisava explorar. De
preferência esta noite. Mas sua atenção continuava oscilando
entre mim e Caleb e não conseguia descobrir por quem ela
estava mais quente.
“Qual foi a última boa ação que você fez?” Rosalie me
perguntou. Estávamos jogando o jogo por uma hora enquanto
as músicas de Jack Johnson rolavam pelos alto-falantes, a
festa suavizando. Mas não queria desistir ainda. Estava me
divertindo muito.
Pensei em sua pergunta e a resposta fez meus olhos
deslizarem para Darcy. Ela mordeu o lábio daquele jeito que
dizia que esperava que eu contasse seu segredo obscuro a
qualquer momento.
“Não posso te dizer, é um segredo,” falei seriamente e
todos se viraram para mim com os olhos estreitos. Caleb estava
sentado ao meu lado e jogou um braço em volta dos meus
ombros, puxando-me para perto.
“Não guardamos segredos,” disse ele com firmeza. Odiava
esconder qualquer coisa dele. Parecia uma merda. Mas tinha
um segredo de Darcy que poderia abrir uma lata inteira de
vermes grandes e feios que precisavam ficar enterrados. Na
lata. Ou no chão. Tanto faz. O fato era...
Bebi meu rum e me perguntei o que estava debatendo.
“Eu te amo cara,” falei a Caleb com um sorriso, em
seguida, belisquei sua bochecha com força. “Ele não é bonito,
Rosalie?” Virei o rosto dele para ela e ela deu uma olhada antes
de acenar em aprovação.
“Sim, muito bonito, stronzo. Agora responda à pergunta.”
“Eu disse que não posso,” falei e os ombros de Darcy
relaxaram.
Não sabia por que ela estava tão preocupada que eu
contasse às pessoas. Não era como se fosse um cara mau. Oh,
espere, sim, eu era. Exceto que não queria ser mau. Sério, qual
era a diferença entre ser bom e mau? Tudo se resumia à
opinião das pessoas. Todas as situações eram neutras até que
alguém formasse uma opinião sobre elas. Então, para muitas
pessoas, eu era um ótimo cara. Mas talvez isso não importasse
se as pessoas com quem você se importava pensassem que
você era mau. Não que eu me importasse com Darcy ou algo
assim.
“Ok. Você tem que tirar virar um shot,” Rosalie anunciou e
Caleb saltou feliz em sua cadeira.
Darius e Max nem estavam prestando atenção, apenas
olhando para suas pequenas paixões com o coração nos olhos.
Tory Vega e Geraldine Grus, entretanto? A madrasta de Max
cortaria suas bolas e as usaria como brincos se descobrisse
que ele estava perseguindo uma Grus. E Lionel, bem... nem
quero pensar.
Virei o shot e minha cabeça girou por um segundo. Eu
estaria destruído amanhã. Mas o amanhã ainda não existia,
então tanto faz.
“Tory, verdade ou desafio?” Apontei para ela porque tinha
um plano astuto (o álcool sempre me tornava mais astuto).
Para fazer minha parte na Missão: Desafiar as Estrelas, eu
estava tentando o meu melhor para fazer Darius fazer um
grande gesto para Tory.
Ele derrubou literalmente tudo que sugeri até agora. De
serenatas a piqueniques à luz de velas e viagens à Capital Polar
para ver as luzes do norte. Ele tinha zero de jogo. Mas o que eu
finalmente percebi foi que ele não só não queria fazer nenhuma
dessas merdas, mas Tory teria odiado também. E depois que
ela bateu no rosto de Mildred até virar uma polpa mais cedo,
eu finalmente percebi o que os dois amavam. Violência. Lutas
sujas e mortais e sangue sendo derramado em vingança.
Portanto, meu plano era simples. Iria colocar Darius contra
qualquer um que a tivesse prejudicado, além de nós,
obviamente. E conhecia uma pessoa em particular graças à
armadilha de Sereia de Max, que puxou os medos mais
sombrios dela.
Eu só tinha que fazer isso direito...
“Diga o nome da pessoa que você mais odeia antes de vir
para a Zodiac,” perguntei, dizendo casualmente como se eu não
estivesse pescando nada.
“Zane Baxter,” ela disse com escuridão em seus olhos.
“Meu ex namorado.”
“Interessante,” falei, esfregando meu ombro contra o de
Caleb e dando a ele uma expressão de eu sou tão inteligente
que fez ele e Tory franzirem a testa. Darius olhou entre nós em
confusão também porque eu não tive a chance de contar a ele
meu plano mestre ainda.
Pelas estrelas, os lábios de Caleb parecem bem agora.
Poderia apenas...
“Verdade ou desafio?” Tory atirou de volta para mim,
embora eu tivesse acabado de responder.
“Desafio,” falei simplesmente, certa de que ela estava
prestes a tentar arrancar a verdade de mim pelo que acabei de
perguntar.
Ela tomou um gole de sua bebida, olhando para a irmã em
busca de ideias.
“Faça-o postar um vídeo no FaeBook cantando aquela
música das princesas!” Darcy gritou, sorrindo de orelha a
orelha.
“Ha! Sim!” Tory concordou, olhando para mim com um
olhar desafiador.
“Oh meu poço de cobra!” Geraldine deu um tapa na coxa
com uma risada. “Sim, você deve, você deve!”
“Qual é a música?” Rosalie perguntou animadamente,
sentando-se em sua cadeira e parecendo tão comestível que eu
só queria devora-la bem. E lamber e morder. Todas coisas com
a boca. Eu estava tão feliz que a equipe Aurora estava
passando a noite. Queria acordar com ela gemendo para outra
rodada comigo amanhã. E outra e outra e outra...
“Seth.” Caleb me deu uma cotovelada e dei a ele um
sorriso enviesado. Hum, não me importaria de acordar com ele
amanhã também. Droga, por que o rum sempre me deixa com
tanto tesão?
Gemi dramaticamente quando Rosalie sacou seu Atlas
para me gravar e Tory se apoiou no ombro de Darcy enquanto
ambas começaram a rir loucamente.
Bem, se eu fosse fazer isso, iria me comprometer.
Empurrei o braço de Caleb de cima de mim, usando seu joelho
para me ajudar a levantar, em seguida, pulei para a mesa mais
próxima, caminhando ao longo dela para me dar espaço para a
performance. Se havia algo que os Capella faziam bem, era um
espetáculo.
Rosalie começou a filmar e tinha, oh-tão-tristemente,
esquecido a maioria das letras. Que tragédia. Teria que fazer a
minha própria.
“Elas vieram de cima da colina para lutar, os monstros,
bestas e valentões. As princesas vieram com seus pedaços
brilhantes, duas gostosas com seus peitos saltitantes. E então
elas imploraram, venham brincar, venham brincar, venham
brincar!” Eu bati meus pés exatamente como Geraldine tinha
feito no ritmo da música e todos começaram a rir, até mesmo
as Vega. Mas não Geraldine. Ela se levantou de seu assento,
plantando as mãos nos quadris, o rosto torcido em ofensa.
“Essas não são palavras, seu vira-lata com defeito!” Ela
gritou e cantei mais alto enquanto Rosalie continuava a gravar
com um sorriso brilhante.
“Os monstros disseram viemos para ficar, criando paus
duros, longos e latejantes. As princesas gozaram com tanta
força que cambalearam, assim como todas as suas leais
criadas. E então elas imploraram, venham brincar, venham
brincar, venham brincar!”
Os outros Herdeiros pegaram o canto ecoante e Rosalie
ergueu a câmera mais alto, rindo enquanto fazia uma
panorâmica para eles e depois de volta para mim. Fiz a dança
Geraldine novamente e ela avançou em minha direção, subindo
na mesa com um grunhido de fúria. Max correu para frente,
pegando-a pela cintura e tentando girá-la no ritmo da melodia.
“Solte-me, sua carpa comum! Não vou deixar esse cão
humilde atrapalhar a música das Vega!” Ela gritou, mas ela
estava bêbada como o inferno e aparentemente incapaz de lutar
contra sua magia quando Max começou a dançar com ela em
círculos em volta do sofá. Caleb estava enxugando as lágrimas
sob seus olhos e toda vez que Darius ria, fumaça saia de seu
nariz.
“Vocês são pazzo,” Rosalie riu e dei uma piscadela para
ela.
“As feras riam com os paus nas mãos, dançavam,
cantavam e governavam a terra. E as princesas vieram com um
suspiro e um gemido, e fizeram aquelas bestas realmente
gemerem. E então elas imploraram, venham brincar, venham
brincar, venham brincar!”
“Se você cantar o verso final, seu Daniel danado, vou
decapitá-lo com uma lula e enterrá-lo de bruços no esgoto para
que nunca mais veja a lua!” Geraldine rugiu e as Vega
realmente perderam a cabeça, rindo como maníacas enquanto
tentavam sufocar enquanto Geraldine ficava cada vez mais
vermelha.
“Cante o verso final,” Caleb começou a entoar e Rosalie se
levantou, caindo no meu lugar vago enquanto ela cantava com
ele. Ela mordeu o lábio enquanto se esfregava contra Caleb e
esqueci o que estava fazendo no meio da dança e quase caí da
mesa. Porra, eles pareciam gostosos juntos. Realmente poderia
ter desfrutado de um sanduíche hoje à noite com um pão
Vampiro levemente torrado e um suculento recheio de Lobo.
“Canta, idiota!” Darius exigiu, um sorriso em seu rosto. Foi
tão bom vê-lo feliz que um latido de cachorro me escapou
quando me endireitei na mesa.
“Qualquer coisa por você, seu lindo Dargão. Dargrão.
Quero dizer, Drarão,” murmurei. “Droga, quão difícil é dizer
Dragron? Dargon! Oh foda-se minha vida.”
“Cante, Seth!” Rosalie uivou e sim, eu a faria gritar meu
nome mais alto do que isso em breve.
“Verso final,” anunciei enquanto Max continuava a varrer
Geraldine ao redor da sala, praticamente carregando-a
enquanto ela golpeava e batia nele.
“Mais uma palavra, Seth Capella, e não apenas irei castra-
lo, mas castrarei seus filhos e os filhos de seus filhos. Nunca
haverá outro Grus em toda a existência que não exiba com
orgulho um par de bolas de Capella em sua mesa de
cabeceira!”
“E se eu tiver filhas?” Eu a incitei, bufando em diversão
quando ela se virou para me encarar nos braços de Max,
fazendo com que suas mãos pousassem bem em seus seios
enormes. Ela nem pareceu notar e ele certamente não parecia
ter qualquer intenção de removê-los.
“Então... então...” ela hesitou, pensando nisso. “Vamos
roubar suas Lady Petúnias e criar um jardim da desgraça
Capella!”
“Como Seth vai ter filhos se você castrá-lo?” Max
perguntou, visivelmente apertando seus seios enquanto ele
tinha luz verde para acessá-los.
“Ah, aquele terrier traiçoeiro daria um jeito, tenho certeza,”
disse ela, apontando um dedo acusador para mim.
“Cante isso!” Tory exigiu e Darcy desmoronou novamente
quando Geraldine caiu de volta nos braços de Max como se ela
tivesse desmaiado.
“Ohhhhhhhh,” gritei a primeira nota enquanto Rosalie
continuava a gravar esse show de merda até o fim dos tempos.
“Os valentões, eles sorriram ao agarrar a coroa, ganharam a
guerra e fizeram todos se curvarem. As princesas pediram
desculpas por todas as mentiras e truques, ajoelhando-se e
chupando seus paus. E então elas imploraram, venham
brincar, venham brincar, venham brincar!”
Rosalie balançou seu Atlas em direção as Vega e Darcy se
recompôs o suficiente para falar. “E essa foi a fake news de
hoje à noite, pessoal. Vejo vocês quando batermos em suas
bundas.”
Caleb tentou agarrar seu Atlas, mas Rosalie o desligou
com um sorriso malicioso. Pulei da mesa, olhando-a com um
sorriso sombrio enquanto os outros começaram a se levantar.
“Oh, vocês estão indo embora?” Perguntei com um gemido.
“São quase quatro horas da manhã,” disse Darcy através
de um bocejo que foi totalmente falso. Ela tinha um olhar
selvagem e eu podia adivinhar exatamente de quem era a porta
ela iria bater esta noite.
Darius e Tory se aproximaram e Darcy deu os braços aos
dois no meio e meu coração deu um puxão quando percebi que
ela estava fazendo isso para que eles pudessem ficar perto um
do outro. Era uma pena que as estrelas fossem pontinhos
brilhantes às vezes. Claro, as estrelas pareciam estar brilhando
muito sobre mim esta noite porque Max e Geraldine também se
dirigiram para a saída. Ela aparentemente se esqueceu de estar
ofendida por mim quando envolveu as pernas em volta da
cintura de Max e beijou seu rosto enquanto ele agarrava sua
bunda e a conduzia em direção à porta. Ele esbarrou em cada
porra de mesa no caminho. Cada. Uma. Porra.
“Boa noite, então,” chamei com um olhar revirado e Milton
Hubert roncou como um javali, me lembrando que nós três não
estávamos totalmente sozinhos.
“Você está no meu lugar, baby,” falei a Rosalie, indo direto
para o sofá e olhando para a iguaria de cabelos escuros, olhos
escuros e uma merda quente sentada abaixo de mim.
“Mas é um assento tão confortável,” ela ronronou. “Você
realmente me mudaria para aquela velha cadeira solitária ali?”
Abaixei-me com um sorriso malicioso para que ficássemos
no mesmo nível. “Você pode ficar, mas você tem que
compartilhar.”
“Vocês dois são bons em compartilhar?” Ela perguntou,
olhando entre mim e Caleb e minha garganta engrossou.
“Eu sou muito bom,” rosnei. “E você, Caleb?”
Sua boca se curvou no canto e puxou Rosalie em seu colo
para abrir espaço para mim. Caí no meu lugar e ela descansou
os pés descalços no meu colo. Bem na porra do meu pau. Que
instantaneamente ficou duro. Suas sobrancelhas se levantaram
e ela umedeceu os lábios enquanto sua mão deslizava na
bochecha de Caleb, seus dedos raspando contra a barba por
fazer.
“Caleb?” Ela empurrou, virando a cabeça para passar a
ponta da língua ao longo de sua mandíbula enquanto seus pés
se mexiam no meu colo e me fazia gemer de desejo.
Caleb deu um suspiro e saiu de debaixo dela, levantando-
se e me lançando um olhar que não consegui decifrar. “Nah,
não está noite,” disse ele, fingindo um bocejo.
Rosalie se moveu para sentar em mim, inclinando-se para
provocar meu lábio inferior entre os dentes. Porra. Essa garota.
Olhei por cima do ombro para Caleb, esperando que ele
estivesse olhando enquanto ela se abaixava para esfregar meu
pau.
“Você vai ficar aqui, Seth?” Caleb perguntou e tive a
estranha sensação de que ele não queria que eu ficasse.
“Bem, ele estará sozinho.” Rosalie saltou do meu colo,
pegando sua jaqueta Letterman e a vestindo, esticando os
braços acima da cabeça. “Qual é o ditado? Dois é chato, três é
uma festa? Estava meio que esperando por uma festa.” Ela
piscou então se dirigiu para a porta e saiu dela. Bem desse
jeito.
Porra.
“O que está errado? Você não gostou dela?” Eu me
levantei, aproximando-me de Caleb e me aninhando nele.
Ele passou o braço em volta de mim e me aproximei ainda
mais, o calor dele me atraindo e fazendo uma parte
desconhecida de mim doer. E não foi meu pau pela primeira
vez. Apesar da ereção. Então isso estava dizendo algo.
Ele olhou para mim com a mandíbula apertada e os dedos
cravados na minha carne através da minha camisa. “Só...
depois de tudo com Tory... a vida está complicada o suficiente
agora, sabe?”
Acenei com a cabeça, enrolando meu braço em volta dele
também, de modo que estávamos meio que nos abraçando
desajeitadamente. Então imaginei foda-se e me movi para ele
corretamente para que estivéssemos peito a peito. E pau a pau,
infelizmente para ele enquanto eu estava duro. Mas poderia
dizer que ele precisava disso agora.
“Eu sei,” falei por mil e uma razões. O primeiro da lista
sendo ele. E a maneira como meu coração estava batendo forte
e minha pele estava dançando com o calor e cada parte de mim
parecia muito viva.
Suas mãos deslizaram ao meu redor e senti a batida
poderosa de seu coração contra meu peito. De repente, não me
importei que estivéssemos sozinhos. Poderia ficar com ele
assim por um momento. Era o único lugar que queria estar
agora, agarrando-o com força e respirando seu aroma fresco de
sândalo. E com esse conhecimento, veio uma percepção
aterrorizante que sabia que era verdade, apesar da névoa do
álcool embaçando meu cérebro.
Sim, é oficial. Estou apaixonado pelo meu melhor amigo
hétero. Obrigado estrelas fodidas.
Assisti Blue enquanto ela saía da sala de aula de Cardinal Magic com
sua irmã, caindo atrás da minha mesa com um puxão no meu peito. A
vontade de falar com ela me consumiu, mas tinha outra aula e precisava
conversar com Diego sobre suas notas. Fodido Diego.
“Polaris!” Gritei quando ele chegou à porta, olhando para
mim com um olhar preocupado. E ele deveria estar preocupado
pra caralho. “Uma palavra.”
O resto da classe desocupou a sala e ele puxou o gorro
nervosamente quando a porta se fechou e me inclinei para trás
no meu assento, colocando minhas mãos na minha barriga.
“Sente-se.” Levantei um dedo, chicoteando uma cadeira de
trás da mesa mais próxima com uma rajada de magia de Ar e
estacionando na frente da minha mesa.
Diego correu e se jogou nela, os olhos cheios de desprezo
enquanto esperava que eu falasse. Realmente não podia culpar
o garoto por me odiar. Também não era seu maior fã. Fraqueza
me perturbava. Mas normalmente, poderia aprimorar os Fae
como ele, encontrar forças neles independentemente de seu
nível de poder e ajudá-los a cultivar sua própria vantagem. Mas
havia algo estranho no Polaris. Ele era um Elemental do Ar de
baixo nível, mas deveria estar progredindo mais do que estava.
Eu não fui fácil para ele, mas isso foi apenas uma
tentativa de persuadi-lo a se irritar. Queria ver o Fae que as
estrelas consideraram digno desta academia quando ele passou
no Acerto de Contas. Eu não estava apenas chocado que ele
tinha chegado tão longe, estava pasmo pra caralho. A cada
teste e desafio que eu ministrava à classe, ele simplesmente
conseguia sobreviver, de modo que não tinha motivos
suficientes para relatar suas deficiências a Elaine Nova. Não
era nem que eu quisesse que ele falhasse, mas este meio-termo
de pairar um pouco acima do fracasso não iria funcionar mais
comigo.
Abri minha gaveta, tirando seu último trabalho sobre os
usos das Magias Cardinais para o aprimoramento Fae na
sociedade e joguei na frente dele.
“Eu não classifico trabalhos,” falei a ele. “Simplesmente
dou aprovação ou reprovação e, então, ofereço a vocês uma
tarefa mais difícil no mesmo tópico se você reprovar. A maioria
dos que fracassaram na primeira vez se destacaram no
segundo. Você não.” Reprovar seus trabalhos continuamente
significava que ele provavelmente seria reprovado nos exames
de fim de ano e acabaria fora da escola de qualquer maneira.
Mas o Acerto de Contas foi projetado para eliminar os fracos. A
maioria dos alunos calouros que chegaram até aqui não era
reprovada nos exames do primeiro ano. Era quase inédito. E eu
certamente não levaria a culpa por isso quando Elaine viesse
perguntar sobre por que Polaris havia sido reprovado.
“Vou tentar mais, senhor,” disse ele, inclinando a cabeça
enquanto suas bochechas coravam.
Bati minha mão na mesa e ele olhou para mim novamente
em alarme. “Não é aceitável. Você teve semanas para se
esforçar mais. Meses. Seus feitiços estão abaixo da média e
seus trabalhos não são bons o suficiente nem para limpar
minha bunda.”
Seu rubor aumentou e ele puxou o gorro novamente. “É só
que eu... é... tenho problemas de confiança.”
“Não brinca,” falei secamente.
Quando ele ficou da cor de uma beterraba, suspirei,
recostando-me na cadeira, imaginando que esse ângulo não
estava funcionando. O que era extremamente irritante porque
era o único ângulo que eu estava acostumado a jogar. Ser duro
com os Fae os estimulava a lutar, indo de força em força.
Nunca tive um aluno para o qual não funcionasse, então fiquei
perplexo. “Fale comigo sobre seus problemas. Não posso ajudá-
lo se não sei contra o que você está lutando. Você tem as
mesmas oportunidades que todo mundo nesta classe, Polaris.
E você não pode ter menos células cerebrais do que Jillian
Minor. Então, o que está prendendo você?”
Ele se mexeu na cadeira, sua postura endurecendo. Dei a
ele alguns minutos agonizantes para chegar a uma resposta
antes de segurar um grunhido na minha garganta, lutando
para manter essa tática diferente. Seria tão confortável quanto
enfiar um abacaxi na minha bunda, mas eu tentaria ser...
legal. Estremeço.
“Eu sei que você não gosta de mim,” falei calmamente.
“Mas ao contrário de suas crenças, eu não estou realmente
tentando te pegar. Não fico acordado à noite pensando em
maneiras de perturbar e ridicularizar você. Tenho coisas muito
melhores para fazer com meu tempo. E o fato de estar sentado
aqui com você agora, oferecendo essa chance, deve ser uma
prova de que estou do seu lado. Não quero que você fracasse
este ano, a menos que mereça. Então você é digno ou não?”
Diego suspirou, puxando sua cadeira para mais perto e
apoiando as mãos na mesa. Ele deslizou uma para mim, sem
encontrar meus olhos enquanto me oferecia a palma da mão.
“Vou te mostrar por que estou lutando,” murmurou. “É mais
fácil assim.”
Hesitei antes de lançar uma parede de ar na frente da
porta para impedir que alguém entrasse, em seguida, agarrei
sua mão. Fechei os olhos e o senti me puxar para as Sombras,
mergulhando na escuridão onde nada além de um silêncio
pesado nos aguardava.
Ele me levou mais fundo no abismo até que aquela
estranha nuvem branca de memória apareceu da escuridão.
Flashes de luz ondularam através dele, em seguida, uma cena
ficou mais brilhante até que me consumiu inteiramente e eu
pisei no corpo de quem quer que a memória pertencia.
A varanda estava suja e a tinta descascando nas paredes.
Reconheci a mãe de Diego, Drusilla, enquanto arrastava um
menino para fora da porta com a mão fechada em seus cachos
escuros. Diego não devia ter mais de cinco anos, com as
mãozinhas agarradas ao braço da mãe enquanto ela o puxava
pela varanda, gritando com ele. “Seu merdinha inútil, como se
atreve a me responder?”
Seu irmão Alejandro saiu atrás dela com um rosnado.
“Você pode dormir debaixo da varanda hoje à noite como o
perro que você é.” Ele empurrou Diego escada abaixo e ele
tropeçou antes de cair de costas e olhar para eles horrorizado.
Ele nem chorou. Como se ele tivesse sofrido seu temperamento
mil vezes.
“Agora, Drusilla, Alejandro, deixe o menino em paz,” a voz
de uma velha veio do corpo de quem quer que estivesse vendo
isso e presumi que deveria ser sua avó. “Ele é jovem.”
“Não questione a maneira como sou mãe dele. Essa
criança nasceu com algo faltando.” Drusilla entrou furiosa e a
velha se levantou, apressando-se para confortar Diego
enquanto as lágrimas finalmente escorriam e ele se aninhava
em seus braços.
“Não paparique ele, madre,” Alejandro rosnou da varanda.
“Ele precisa se fortalecer ou nunca será um de nós.”
A memória mudou e eu vi Diego novamente, um pouco
mais velho desta vez, enquanto ele montava cuidadosamente
um avião de madeira, colando cada parte no lugar com um
sorriso no rosto. Havia sujeira em suas bochechas e suas
roupas pareciam gastas, mas pelo menos ele parecia feliz. A
sala estava bastante vazia e falava do tipo de pobreza que
nunca vimos atravessar as portas de Zodiac. Então, não tinha
ideia de como ele conseguiu pagar seu lugar aqui.
“É lindo, mi nieto,” sua avó falou, batendo palmas com as
mãos enrugadas. “Não é lindo, Miguel?” Ela se virou e vi um
homem pálido sentado em uma cadeira com uma bebida na
mão e uma expressão vazia no rosto. Ele não respondeu e a avó
de Diego resmungou enquanto se virava para encarar o neto.
“Podemos colocá-lo na janela.”
“Por que iríamos querer isso na janela?” Drusilla entrou na
sala com um sorriso de escárnio. “É isso que você o deixa fazer
quando eu saio de casa?” Ela exigiu. “Fazer coisas inúteis
enquanto estou tentando garantir nosso futuro?”
“O que mais ele deveria fazer? O menino está entediado,”
ela respondeu, estalando a língua.
“Há tarefas a serem feitas!” Drusilla gritou, avançando
furiosamente e arrebatando o avião da mesa.
“Mamá!” Diego chorou e ela revirou os olhos.
“Isso é quase tão inútil quanto você. De que adianta ter
um filho se tudo o que ele faz é inventar coisas inúteis? Não é
verdade, Miguel?” Ela se virou para o pai de Diego e ele acenou
com a cabeça como um robô.
“Sim, minha querida. Absolutamente.”
“Então ensine seu filho a ser útil ou acabarei com todos
vocês,” ela retrucou, jogando o avião no chão e batendo o pé
nele antes de sair da sala.
A memória mudou novamente e Diego devia ser apenas
um pouco mais jovem do que era agora. Ele se sentou ao lado
da cama de sua avó enquanto ela tossia e segurava sua mão.
“Prometa que não vai embora,” ele exigiu dela com os olhos
marejados. “Você é a única que torna este lugar suportável.”
“Nunca vou te deixar de verdade,” ela disse em uma voz
seca. “Você deve ser forte.”
“Isso não é bom o suficiente,” ele implorou. “Você tem que
ficar.”
“Diego,” a voz afiada de Drusilla veio de além da sala
escura. “Pare de incomodar sua abuela.”
“Ele não incomoda,” a avó murmurou.
“Ha, isso é tudo que ele faz,” Drusilla respondeu antes de
empurrar a porta e gesticular para que Diego fosse embora.
“Você precisa que eu o arraste para fora de lá?” A voz de
Alejandro soou do corredor.
Sua avó apertou a mão de Diego, então as memórias se
desvaneceram e fui puxado para fora da escuridão. Prendi a
respiração quando me vi de volta à minha sala de aula e soltei
a mão de Diego, encontrando-o rapidamente enxugando as
lágrimas do rosto.
“Ela morreu uma semana depois disso. Mas todas as suas
memórias estão no véu. Eu ainda posso visitá-las sempre que
sentir falta dela.” Diego não encontrou meus olhos e meu
coração deu um nó com sua expressão. “Ficou muito pior
depois que ela se foi. Mamãe e tio Alejandro conseguiram
trabalhar para Lionel Acrux e pensei que as coisas finalmente
ficariam bem. Eles sempre reclamaram que precisávamos do
dinheiro. Mas eles ficaram mais cruéis, mais odiosos. Fui o
maior arrependimento de minha madre e meu tio sempre
achou que estava faltando algo em mim. E quando me
mandaram aqui, esperavam que eu finalmente fosse útil para
espionar as Vega para Lorde Acrux. Mas nunca consegui dar a
eles nada de útil e agora que estou trabalhando contra eles,
eu...”
“O quê?” Pressionei, surpreso com a suavidade do meu
tom.
Ele encontrou meu olhar e havia apenas um menino
quebrado em seus olhos que me fez pensar como nunca tinha
visto isso antes. “Minha madre vai me tirar de Zodiac em breve,
professor. Não tento porquê... não adianta. Nunca estive aqui
para ser bom em magia. Eu estava aqui para trabalhar para
eles. E quando eles perceberem que eu não tenho utilidade
aqui, será isso.”
Uma batida de silêncio passou entre nós e me inclinei para
frente, apoiando meus cotovelos na mesa. “Sabe, minha mãe
também foi dura comigo. Especialmente depois que meu pai
morreu. Assim que vim para Zodiac, me libertei dela. Este lugar
abriu um mundo totalmente novo para mim. Uma vida livre.
Eu não precisava mais responder a ela. Não precisava ser quem
ela queria que fosse desesperadamente.”
A sobrancelha de Diego se franziu. “Mas minha mãe nunca
vai me deixar ficar.”
“Você já está aqui, sua mensalidade está paga. Como ela
pode fazer você sair? Especialmente se um certo professor de
Cardinal Magic tiver uma palavra com a Diretora Nova.”
Seus lábios se separaram enquanto ele olhava para mim,
parte do ódio que ele dirigia para mim caindo. “Não posso
permitir que ninguém saiba por quê...”
“Ninguém precisa saber de nenhum detalhe. Além disso,
você tem dezoito anos, Diego. Ela não controla mais você,
contanto que você não a deixe.”
Ele assentiu lentamente, a esperança enchendo seu olhar.
“Você alguma vez... ganhou o respeito de sua mãe? Depois de
seguir seu próprio caminho?”
Fiz uma careta, meu intestino torcendo ao lembrar de ter
passado por essa luta exata quando eu era mais jovem.
Suspirei, balançando minha cabeça. “Não. Eu reneguei minha
mãe por muitos motivos.” Pensei em Clara e uma pontada de
dor familiar me invadiu. “Olha, às vezes queremos ver o que há
de bom nas pessoas de quem gostamos tanto que fingimos que
está lá, vivendo sob todas as camadas de crueldade. Mas o fato
é, Diego, algumas pessoas são tóxicas. E se você as mantiver
em sua vida, elas envenenarão tudo de bom em seu mundo até
que você acabe sendo igual a elas. E esse é um destino muito
pior do que ir contra a corrente e fazer o seu próprio caminho.
Mesmo que isso signifique que você está sozinho.”
Ele absorveu isso por um segundo. “É tão difícil me livrar
de tudo o que ela me disse durante toda a minha vida. Não me
importo com o que meu tio pensa de mim. Mas é mais difícil
com mi madre. Às vezes... acho que sou realmente inútil,” ele
disse, sua voz falhando com a palavra.
“Bem, Diego, acho que há uma coisa que prova que isso
não é verdade, não é?”
Ele franziu a testa, sem saber o que queria dizer.
“Você passou no Acerto de Contas,” falei, o orgulho
avançando em mim por saber o que ele tinha passado para
chegar aqui. E essa foi a reviravolta chocante do dia. “As
estrelas consideram você muito merecedor de um lugar na
Zodiac Academy. Então, o que você vai fazer com a chance que
elas lhe deram?”
Ele se levantou, derrubando sua cadeira em sua pressa.
“Vou trabalhar mais duro.” Ele pegou o trabalho que falhou e
caminhou em direção à porta, parando antes de sair.
“Obrigado, senhor.”
Dei de ombros, desfazendo o escudo de ar para deixá-lo
sair pela porta. Ele se afastou com a porra de um pulo e tive
que me controlar por um segundo porque acabei de fazer
amizade com a porra do Diego Polaris?
Passei a mão pelo cabelo, recostando-me na cadeira com
um sorriso divertido enquanto tirava meu Atlas da mesa. Blue
era amiga dele desde que ela chegara. Talvez eu devesse apenas
ter confiado em seu julgamento, porque ela via claramente o
coração das pessoas quando olhava para elas. Porra, eu amo
aquela garota.
Mandei-lhe uma mensagem com um sorriso malicioso,
fantasiando exatamente o que faria com ela mais tarde, assim
que minha turma do último ano começou a entrar, estourando
minha bolha.

Lance: Encontre-me nos arquivos da biblioteca esta noite.


22h.

“Por que você está sorrindo assim, senhor?” Shabnam


Hosseini me perguntou, rindo com suas amigas.
“Saia da porra da minha sala de aula!” Eu lati, apontando
para a porta e seu queixo caiu antes que ela se apressasse em
obedecer. “Alguém mais tem alguma pergunta inútil que
gostaria de colocar no ar? Não? Bom. Agora sentem-se, porra!”
Ah, hoje é um bom dia.

##

Deixei a porta da biblioteca destrancada para Blue


enquanto me dirigia para os corredores escuros dos fundos e
levantei a escotilha secreta que levava aos arquivos pouco
antes das dez horas. Há muito tempo queria mostrar a ela este
lugar, mas a bibliotecária costumava ficar aqui até altas horas
da madrugada como se ela não tivesse vida. O que, para ser
justo, ela não tinha. Esta noite, porém, eu sabia com certeza
que ela tinha ido passar a noite fora para visitar seu irmão
doente em Lapeli. Ponto para mim.
Os alunos podiam descer aqui, mas a maioria deles não
sabia ou não pedia a bibliotecária o passe de que precisava
para acessá-lo. Era um feitiço simples que garantia que
qualquer um que descesse aqui fosse contabilizado. Porque se
um único desses pergaminhos ou tomos fosse danificado ou
desaparecesse, isso poderia custar à escola milhares de auras
e, independentemente disso, cada escritura preciosa aqui era
insubstituível. Eu desfiz o dito feitiço enquanto abria a
escotilha com um sorriso malicioso nos lábios.
A adrenalina corria em minhas veias enquanto eu descia
os degraus que levavam para baixo da biblioteca, usando um
cristal de fogo para iluminar os castiçais antigos que revestiam
as paredes enquanto me movia através dos arcos de pedra, o
caminho deles me levando ao centro da sala. Lá, entre quatro
arcos, havia um espaço circular com piso de mosaico e, acima
dele, o teto abobadado. Um intrincado mural tinha sido pintado
ali centenas de anos atrás, a bela imagem apresentando no Orb
com o centro brilhando como o sol e uma cena incrível ao redor
retratando cada Ordem que existia e já existiu. Tirei as
carteiras de baixo, onde costumava passar o tempo estudando,
e deixei o chão limpo. Então eu comecei a trabalhar estendendo
uma pilha de cobertores antes de colocar os potes das chamas
eternas que Darius tinha me presenteado alguns anos atrás ao
redor da borda do cobertor.
Quando terminei, passei o polegar a barba por fazer da
minha bochecha, olhando a configuração e me perguntando se
isso era uma ideia estúpida. Um puxão no meu peito me disse
que Blue tinha acabado de passar pelo feitiço de detecção que
deixei na porta da biblioteca e meu coração bateu em uma
batida maníaca. Se tivesse dito a mim mesmo no ano passado
que estaria aqui de pé estendendo cobertores e chamas para
uma estudante, teria rido pra caralho. Mas Blue não era uma
aluna comum. E aceitei a insanidade disso há muito tempo.
Parei de me perguntar o que iria acontecer a longo prazo. Vivia
para cada momento. E sabia que estava ficando mais
imprudente. Mas vê-la nas aulas, incapaz de tocá-la, beijar
aqueles lábios que eram tão suaves como o pecado, me levou à
beira da loucura. Eu era um homem perturbado. E a única
coisa que sabia com certeza era que nunca mais queria ter
minha mente sã de volta.
O som de passos se aproximou e me virei, encontrando
Blue caminhando em minha direção em um vestido verde claro
que estava amarrado em sua cintura e agarrado a sua figura,
fazendo meus olhos a arrastarem famintos. Seus lábios foram
pintados de vermelho escuro e seu cabelo foi soprado para fora
do lugar pelo vento.
“Venha aqui,” rosnei, minha paciência tendo gasto seu
último centavo várias horas atrás. Precisava dela em meus
braços, precisava tocá-la, cheirá-la, prová-la. Queria esquecer
todos os nãos que viviam além dessas paredes e mergulhar no
único sim que éramos nós. Aquele que decidimos. Desafiando a
lei.
Ela me deu um sorriso tímido enquanto se aproximava e
outro rosnado retumbou em meu peito. Eu amava deixá-la
tímida. Adorava o toque de cor em suas bochechas e a vibração
de sua respiração. A maneira como suas pupilas dilataram e
como ela puxava o lábio inferior entre os dentes como se
precisasse morder algo apenas para se manter longe de mim.
Mas ela não estaria a mais de um centímetro de mim esta
noite.
Nós ficaríamos aqui por algumas horas, então eu a levaria
de volta para seu quarto entre as patrulhas. Como a ameaça da
Ninfa havia crescido, sempre havia professores andando pelo
perímetro. Mas sabia exatamente quem estava de plantão e
onde eles estariam.
“Fique aqui,” falei, engolindo a bola dura na minha
garganta antes de passar por ela e voltar correndo para a
escotilha. Puxei para baixo, prendendo-nos e usando minha
magia do Ar para manobrar o tapete de volta por cima dele
através das rachaduras de cada lado da escotilha. Então voltei
para Blue com meu coração batendo forte, me sentindo como
um adolescente com sua primeira paixão. Nunca tive aquele
primeiro amor que me consumia, de que todos falavam durante
meus anos de escola. Pensei que não era para mim. Mas
imaginei que as estrelas haviam decidido me deixar esperando
um pouco mais. E agora que tinha, eu estava determinado que
esse amor fosse o meu único. Meu último e eterno.
Quando me aproximei, percebi que ela tinha uma grande
bolsa pendurada no ombro.
“Você trouxe seus livros escolares para estudar como uma
boa menina?” Provoquei e um sorriso brincalhão puxou sua
boca.
“Não senhor. Eu trouxe um presente para o melhor
professor que eu conheço,” ela ronronou com uma voz sedutora
que fez meu pau endurecer.
“Um presente?” Questionei, levantando minha mão para
traçar a curva de sua mandíbula com meu polegar.
Tudo sobre sua beleza era delicado, aparentemente frágil.
Talvez tenha sido por isso que eu e os Herdeiros as
subestimamos tão tolamente quando eles pisaram aqui pela
primeira vez. E talvez essa tenha sido uma das razões pelas
quais ela fazia meu coração disparar. Ela parecia pequena e
frágil, o deleite do caçador perfeito. Mas saber que ela tinha um
turbilhão de poder em suas veias era ainda mais excitante.
Além de sua sagacidade, tenacidade, inteligência e seu
otimismo sem fim. Todas essas coisas eram suficientes para me
deixar quente por ela individualmente, mas juntas? Bem, talvez
ela sempre tenha sido uma conclusão precipitada para mim.
Seu otimismo havia sido testado muito recentemente, mas
nunca falhou. Frequentemente discutíamos sua irmã e Darius
sendo Star Crossed. Eu tinha passado muito tempo aqui
caçando por respostas sobre como desfazer sua maldição, mas
não encontrei um único indício da possibilidade de que
pudesse ser feito. Ainda assim, Blue nunca duvidou disso. Ela
estava decididamente determinada a encontrar uma resposta.
E cobicei isso nela. Isso me deu esperança para eles também.
Blue tirou a bolsa de seu ombro, sorrindo nervosamente
enquanto abria o zíper e tirava uma longa caixa de madeira que
estava entalhada com a constelação de Orion.
Ela me entregou e fiquei surpreso com o peso quando
peguei, correndo sob um dos arcos para colocá-la sobre uma
mesa e abri-la.
“Gabriel me ajudou a fazer isso. Tive a ideia de um dos
livros de Fênix que você me deu,” ela explicou e a curiosidade
sangrou por mim enquanto eu desfiz a trava de prata e a abri.
Uma camada de seda preta estava dentro dela e eu a movi
suavemente de lado, minha respiração engatou enquanto eu
colocava os olhos na espada mais linda que eu já tinha visto. O
metal brilhava como diamante e o punho estava gravado com
duas asas impressionantes enroladas em um único coração.
Eu a tirei e a energia zumbiu por meus membros.
Virei-me para Blue com um sorriso largo e infantil e
chicoteei a lâmina no ar entre nós. Minha respiração vacilou
mais uma vez quando a espada inteira iluminou com fogo
vermelho e azul, a própria lâmina cintilando como se tivesse se
transformado em prata derretida.
“Puta merda,” engasguei e ela riu.
“Você gosta?” Ela perguntou como se houvesse uma
possibilidade real de que eu não pudesse gostar. Era incrível.
Fodidamente inacreditável. “É indestrutível,” ela explicou, se
aproximando. “Foi forjado com Fogo da Fênix. Você só precisa
passar o polegar entre as asas para apagar as chamas.”
Fiz o que ela disse e o fogo se extinguiu, mas a lâmina
pareceu brilhar por muito tempo depois. O poder desta arma
era imenso, podia sentir ressoando em meus ossos.
“É magnífico,” murmurei. “Obrigado. Embora eu não tenha
ideia do que fiz para merecer.”
“Você fez mil coisas para merecer, Lance. Você me faz tão
feliz, você me ensinou a confiar novamente, você me ajudou a
me tornar uma verdadeira Fae.”
Meu coração trovejou com essas palavras. Elas me fizeram
brilhar como um maldito Pegasus em um arco-íris.
Coloquei a espada de volta na caixa, fodidamente tonto
como uma criança enquanto pensava em usá-la na próxima
caça da Ninfa.
Virei-me para Blue e apontei para a pilha de cobertores
com um sorriso afetando minhas feições. “Sente-se.”
Tinha uma garrafa de champanhe esperando ao lado de
duas taças ao lado dela e a peguei, abrindo a rolha e fazendo-a
pular de surpresa enquanto chutava os sapatos e se jogava no
meio dos cobertores.
Ela olhou para mim com um sorriso, parecendo a coisa
mais comestível que eu já vi. Derramei uma medida de
champanhe em minha boca e ela me olhou com luxúria
indisfarçável.
“Tire seu vestido,” ordenei e seus olhos se arregalaram.
Estive esperando o dia todo para tê-la e agora que ela me deu a
porra de uma espada, eu ia dizer obrigado da melhor maneira
que sabia.
Ela abriu a gola do pequeno vestido que usava, seu olhar
fixo no meu. Ela enrolou os dedos dos pés descalços contra o
cobertor enquanto eu a observava, bebendo champanhe e
engolindo as bolhas efervescentes na minha língua.
Quando o vestido ficou aberto de cada lado dela, observei
a lingerie azul escura que ela usava, a renda me dando uma
visão de seus mamilos enrugados através do sutiã. Meu pau
estava lutando contra a minha braguilha quando tirei os
sapatos e pisei no cobertor, olhando-a embaixo de mim
enquanto ela tirava o vestido e o jogava de lado.
Eu não pude evitar, mas gostei da posição de poder que
ficar sobre ela me deu. Foi assim que fui feito. Vampiro. Fae.
Homem. Queria dobrá-la à minha vontade e fazê-la elogiar meu
nome como as próprias estrelas. Queria que ela renunciasse à
sua fé em cada uma delas no céu e me chamasse como seu
único deus. Mas Blue não era uma coisinha piedosa que se
ajoelhava no meu altar. Ela era uma deusa em seu próprio
direito. E por mais que eu a empurrasse, ela sempre me
balançava de volta.
“Deite-se,” eu instruí e ela hesitou, dando-me aquele olhar
que dizia que ela não aprovava inteiramente o meu tom
mandão. Ela queria lutar comigo, podia ver esse instinto em
seus olhos. Mas se ela não concordasse, teria que ser mais
firme.
“Por que você não desce aqui?” Ela insistiu, ignorando
minha demanda e se ajoelhando diante de mim. Seu cabelo
azul escuro se agrupando ao redor dela, brilhando à luz do fogo
queimando nas arandelas ao nosso redor. Ela era quase
totalmente irresistível para mim quando olhava para cima e
bateu aqueles cílios longos. Mas íamos jogar nos meus termos
esta noite. Eu não seria persuadido do contrário.
Abaixei a garrafa entre nós e a segurei em seus lábios.
“Faça o que eu digo ou você será punida.” Derramei o
champanhe ao acaso em sua boca e derramou pelo seu queixo
e em seus seios enquanto ela engolia a pequena quantidade
que ela tinha recebido.
Sua garganta balançou e travessura entrou em seu olhar.
Sempre a rebelde.
Ela pegou meu cós e eu a deixei correr a palma de sua
mão pelo meu comprimento sólido. Eu estava duro como aço
por ela. Tinha estado desde o segundo em que ela chegou.
Nenhuma garota jamais me deixou tão selvagem. Eu só tinha
que farejá-la no vento e estava pronto para atacar, porra.
Peguei seu pulso com um sorriso malicioso, em seguida,
trouxe-o aos meus lábios e afundei minhas presas em suas
veias, sendo mais áspero do que o normal, então ela soltou um
pequeno grito de surpresa. O sangue dela era uma droga que
tomei de boa vontade. Ele passou por mim como uma
tempestade elétrica, arrepiando todos os fios de cabelo do meu
corpo enquanto eu me perdia no gosto dela. Quando liberei
minhas presas, esfreguei meu polegar sobre a ferida para curá-
la antes de soltá-la, observando seus lábios entreabertos e a
necessidade em seus olhos. Uma necessidade que eu iria
satisfazer até que ela não conseguisse lembrar seu próprio
nome, muito menos o meu.
Abaixei-me e agachei-me diante dela, tomando outro longo
gole de champanhe. “Agora, deite-se, Blue.”
Ela foi de boa vontade desta vez, descansando na cama
macia que fiz, com o peito arfando. Devorei a visão dela
espalhada para mim, minha própria respiração combinando
com a sua. Eu era um escravo desse corpo, dessa garota.
Queria possuir cada parte dela, invadi-la e sitiar cada canto de
seu ser.
Usei minha magia da Água para esfriar a garrafa, fazendo
com que cristais de gelo se formassem no vidro. Então corri a
borda ao longo de seu lado, seguindo a curva de seu quadril
enquanto ela estremecia e tremia.
“Fique assim,” rosnei. “Ou vou amarra-la.”
Ela me lançou um olhar que dizia que ela não era
totalmente contrária a essa ideia e ri sombriamente. Quando
cheguei ao sutiã, rolei a garrafa entre a protuberância de seus
seios, em seguida, virei para cima e derramei uma boa
quantidade de champanhe em cima dela. Ela engasgou,
empinando-se, mas um chicote da minha magia de Ar a forçou
de volta para baixo.
Coloquei a garrafa ao nosso lado, movendo-me sobre ela e
montando seus quadris enquanto me inclinei e corri minha
língua entre seu decote, lambendo o álcool enquanto ela gemia
meu nome. Sua mão agarrou meu cabelo e eu a segurei,
jogando-a de volta no cobertor enquanto levantei minha cabeça
para rosnar para ela em advertência. “Não me toque a menos
que eu diga.”
Ela acenou com a cabeça, seus olhos dançando com a
emoção deste jogo e um sorriso puxou meus lábios.
“Abra a boca,” ordenei e ela o fez enquanto levava a garrafa
aos lábios, despejando uma dose dentro, em seguida,
avançando para devorá-la com a minha língua. Ela gemeu
enquanto me beijava e rosnei quando perdi um pouco de
controle, o sabor dela misturado com o champanhe me
deixando inebriante. Essa garota seria a minha ruína. Mas eu
estava longe demais para me importar. Eu a deixei me destruir
tijolo por tijolo porque, se tivesse que cair, ficaria mais do que
feliz por ser por suas mãos.
Apertei meus quadris contra seu estômago para que ela
pudesse sentir o quanto a queria e seus dedos engancharam na
minha cintura quando sua língua encontrou a minha com
golpes desesperados.
Eu me afastei, capturando ambas as mãos com um olhar
perverso. “Procurando encrenca, linda?”
Ela corou e desejei poder engarrafar aquela cor. Eu
pintaria nas minhas paredes e usaria na minha maldita pele.
Ela era uma criatura muito divina e eu ficava totalmente
cativado por ela quando ela me olhava assim.
Ela lambeu os lábios, sem dúvida provando o que restava
de mim e do champanhe em sua língua.
“Você vai me punir, Professor?” Ela perguntou docemente
e porra, eu estava prestes a perder minha mente. Precisava
estar dentro dela, sentindo seu calor, sua carne dolorida
enquanto ela se enrolava em mim. Podia me sentir cedendo a
esse desejo centímetro a centímetro.
Assenti com um sorriso sinistro, tirando meu peso dela e
virando-a embaixo de mim, fazendo-a ofegar em alarme com a
força que usei. Pressionei meus joelhos no cobertor de cada
lado dela e puxei seus quadris para cima, sentando enquanto
levava sua bunda redonda perfeita para meus lábios e
afundava meus dentes em sua carne. Ela gritou quando eu a
marquei com minhas presas, em seguida, peguei um punho
cheio de seu cabelo enquanto eu empurrava sobre ela. O azul
brilhou em torno dos meus dedos e parecia tão bom em minhas
mãos. Eu trouxe minha boca ao ouvido dela, moendo meu pau
dolorido em sua bunda enquanto ela ofegava meu nome.
“Boas garotas são recompensadas,” eu ronronei. “Você vai
se comportar?”
Ela acenou com a cabeça.
“Diga,” rosnei.
“Serei boa.”
“Então fique onde está.” Eu me movi atrás dela enquanto
ela permanecia de quatro, suas costas salpicando com arrepios
quando me sentei nos calcanhares e escovei meus dedos sobre
sua pele perfeita. Desabotoei seu sutiã e ela encolheu os
ombros, tremendo enquanto eu circulava meus dedos entre
suas omoplatas.
Enfiei meus dedos em sua calcinha e ela praguejou
enquanto eu a puxava para baixo, puxando-a sobre seus
tornozelos e fazendo seus dedos do pé se enrolarem com força
enquanto ela estava nua para mim.
Espalmei sua bunda, liberando uma onda de magia de
cura sobre a marca de mordida e seus quadris começaram a
balançar com urgência. Levei tudo que tinha para não abrir o
zíper da minha braguilha e me enfiar nela. Mas queria ir
devagar, fazê-la suportar cada grama de prazer que pudesse
dar antes que eu tomasse algum para mim.
“Você está molhada para mim, Blue?” Perguntei.
“Veja por si mesmo,” disse ela sem fôlego e eu ri. Sempre
mandona. Mesmo quando eu a tinha à minha mercê.
Bati minha mão com força contra sua bunda e ela
engasgou de surpresa antes de eu esfregar a marca
avermelhada para acalmá-la. “Responda-me,” insisti e podia
imaginá-la corar daqui.
“Sim,” ela sussurrou e eu deslizei minha mão entre suas
pernas, sentindo a evidência de sua excitação com um gemido.
Porra, ela está tão pronta para mim.
Coloquei uma mão na base de sua coluna, em seguida,
empurrei dois dedos nela sem aviso, fazendo-a arquear as
costas enquanto gritava. Eu bombeei lentamente, gozando com
ela gemendo e implorando por mais. Eu construí um ritmo
lento e implacável que foi o suficiente para deixá-la louca, mas
nunca o suficiente para empurrá-la além do limite. Ela não iria
lá até que eu dissesse.
“Lance, por favor,” ela ofegou e minha boca puxou para
cima no canto.
Puxei minha mão livre e agarrei seus quadris de repente,
virando-a de costas e pegando a garrafa de champanhe. Eu
derramei o líquido gelado entre suas pernas e seus quadris
resistiram quando ela soltou um grito de alarme. Pressionei a
palma da mão em seu estômago para mantê-la imóvel,
deixando cair minha boca entre suas coxas e bebendo o
champanhe enquanto ela praguejava como um marinheiro.
Eu me deleitei com ela, mordiscando e chupando,
lambendo e devorando até que ela estava à beira do
esquecimento. Provoquei seu clitóris entre os dentes, em
seguida, usei a ponta da minha língua para acalmar a dor e
empurrá-la para mais perto da felicidade. Suas coxas se
apertaram ao meu redor e meu nome saiu de seus lábios
repetidamente, ecoando pela câmara e marcando este lugar
como nosso para sempre.
Festejei com ela sem piedade, puxando-a cada vez mais
perto antes de desacelerar minha língua e fazê-la implorar,
implorar e implorar. Era a forma mais elevada de poder e eu
estava perdendo a cabeça por causa disso.
“Por favor, Deus, por favor,” ela choramingou, mas não iria
gozar assim. Queria desmoronar com ela e estava tão
desesperado que sabia que duraria quase tanto quanto ela
estava neste momento.
Eu me movi sobre ela e ela agarrou minha camisa, seus
olhos selvagens com necessidade. Eu a deixei puxar pela
minha cabeça, perdendo todo o controle enquanto ela deslizava
suas mãos entre nós, desafivelando minhas calças com dedos
frenéticos e pegando meu eixo sólido em sua mão.
“Porra, Blue,” engasguei enquanto ela passava o polegar
sobre a cabeça do meu pau e juro que ia explodir a qualquer
segundo.
Ela me guiou entre suas pernas, levantando seus quadris
em uma oferta desesperada e a reivindiquei com um impulso
forte que a fez gritar. Agarrei seus pulsos, segurando-os acima
de sua cabeça e batendo nela com a velocidade da minha
Ordem. Ela estava se desfazendo, apertando em torno de mim e
eu estava tão perto, ofegando pesadamente enquanto nos
levava em direção ao nirvana.
Seus lábios bateram desajeitadamente contra os meus e o
gosto dela me levou ao limite no mesmo momento que ela. Ela
se agarrou às minhas costas com as unhas rasgando minha
carne enquanto eu me derramava dentro dela e gemia
maldições enquanto o prazer tomava conta de mim. Uma
explosão de êxtase ocorreu em todo o meu corpo. Minha cabeça
estava explodindo de luz e seu corpo parecia uma extensão do
meu enquanto nossa magia se juntava, colidindo e se unindo,
fazendo outra onda de puro prazer me rasgar. Eu não me
sentia como se estivesse no mesmo plano de dois segundos
atrás, estava perdido por ela. Minha linda guerreira de cabelo
azul.
Minha testa caiu contra a dela e o doce aroma de sua
carne me trouxe de volta à realidade. Olhei para as
profundezas infinitas de seus olhos verdes escuros e dei um
beijo no canto de sua boca enquanto lutava para recuperar o
fôlego.
Tudo na minha vida era mais brilhante com ela. Era bom,
doce e perfeito. Eu não sabia o que tinha feito para as estrelas
para me presentear com essa garota. Nunca poderia ter
oferecido a elas o suficiente para ganhar essa boa fortuna. E
não iria desperdiçá-la. Sabia o que tinha. E a protegeria até
meu último suspiro. E mesmo assim ainda lutaria para mantê-
la segura além do véu. Custe o que custar. Sempre.
Após minha noite com Orion, minha cabeça ficou girando e meu
corpo enfraquecido por tanto prazer que eu mal conseguia andar em
linha reta. Ele me carregou de volta para o meu quarto um pouco antes
do nascer do sol. Exausta, despedaçada, cheia.
Dormi algumas horas e quando acordei ainda sorria. Achei
que nunca iria me livrar desse sorriso. E eu não queria.
Deslizei até a beira da cama e empurrei a mão na minha
bolsa no chão, procurando pelo meu Atlas e me perguntando
como diabos acordei antes do meu alarme, considerando o
quão pouco dormi. Mas de alguma forma eu não me sentia
cansada, me sentia energizada. Alta na maldita vida. Orion era
como uma injeção de adrenalina que fez meu coração cantar e
minha mente nadar de felicidade sem fim. Não queria me
separar dele ontem à noite, mas sabia que ele não conseguia
dormir muito bem na minha cama pequena e seria muito
arriscado voltar para os aposentos dos funcionários tão perto
do amanhecer. Tínhamos dormido um pouco nos arquivos, mas
também tínhamos um apetite insaciável um pelo outro que
simplesmente não tinha cessado.
Bufei enquanto colocava minha cabeça na beirada da
cama, tentando ver minha bolsa enquanto procurava por meu
Atlas. Não conseguia me lembrar de ter visto ele desde o jantar
de ontem e suspirei quando percebi que não estava lá. Devo ter
deixado no Orb.
Saindo da cama, fui para o chuveiro e logo estava pronta
para o dia em meu uniforme. Usei um pequeno feitiço prático
de vaidade que Sofia me ensinou a esconder as olheiras antes
de sair pela porta com minha bolsa no ombro.
No momento em que cheguei ao Orb, o cansaço estava
começando a se estabelecer e bocejei amplamente enquanto me
dirigia para me juntar a A.S.S. na nossa mesa de costume.
Tory já estava lá e caí ao lado dela com outro bocejo enquanto
ela erguia uma sobrancelha para mim. Ofereci a ela um olhar
de gêmeo que deu a ela a resposta e ela bufou uma risada
enquanto eu pegava um bagel da montanha que Geraldine
havia colocado para nós, escondendo um sorriso.
“Que atos covardes você fez ontem à noite, Darcy Vega?”
Geraldine exigiu, inclinando-se conspirativamente. “Não é do
seu feitio chegar atrasada ao nosso banquete matinal.”
Um rubor atingiu minhas bochechas e eu encolhi os
ombros, incapaz de dar qualquer tipo de resposta honesta.
“Bacalhau em um milharal! Você tem um jovem cavalheiro
que roubou sua afeição?” Ela perguntou animada e Sofia e
Diego olharam para mim também com grande interesse.
“Eu err...” Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha.
“Bem, pode haver alguém, eu acho.”
“Diga!” Geraldine exigiu, batendo a mão na mesa e fazendo
um monte de bagels cair montanha abaixo.
“Não posso,” falei, mordendo meu lábio. “É um segredo.”
Naquele momento, meu olhar se fixou em Orion no outro
extremo da sala, sentado a uma mesa com Nova e Washer. Ele
raramente vinha para o café da manhã e isso fez meu coração
disparar quando ele chamou minha atenção e um sorriso
malicioso dançou em seus lábios antes que desviasse o olhar
novamente. Lábios que estavam por todo o meu corpo na noite
passada. Uma boca que me fez gritar centenas de vezes.
Limpei a garganta, dando uma mordida no meu bagel para
tentar me distrair de como ele estava bonito hoje em uma
camisa branca e gravata azul-marinho.
“Levaria seu segredo para o túmulo e mais além, minha
senhora,” Geraldine jurou, marcando uma cruz sobre seu
coração.
Sorri com culpa, desejando poder ser honesta com ela.
Sabia que ela manteria o segredo, ela era tão leal que não
ousaria dizer uma palavra a ninguém. Mas isso não era algo
em que pudesse envolver meus amigos. Já era ruim o
suficiente que Tory soubesse, apesar do fato de que eu estava
tão feliz por ela saber. Era tão bom finalmente poder falar sobre
isso.
“Eu sei,” falei, prestes a dar uma explicação quando
Geraldine engasgou como se uma vespa tivesse voado em sua
boca enquanto apontava freneticamente para a porta atrás de
mim.
Virei-me em confusão e meu coração afundou quando vi o
grupo de quatro agentes do FIB entrando no Orb em seus
macacões pretos com armas mágicas de alta potência
amarradas em seus quadris, incluindo uma arma e o que
parecia ser uma espécie de taser.
“O que eles estão fazendo aqui?” Tory murmurou enquanto
uma conversa animada enchia a sala.
“Ataque de Ninfa?” Eu adivinhei, compartilhando um olhar
preocupado com ela enquanto eles caminhavam em direção a
Diretora Nova.
Ela saltou da cadeira, parecendo tão alarmada com a
aparência deles quanto com todos os outros. Mas eles não a
reconheceram, dois deles agarraram os braços de Orion e o
puxaram para fora de seu assento. Que porra é essa??
“Professor Lance Orion, você está detido pelo Tribunal de
Solaria por se relacionar com uma estudante que não é outra
senão uma Princesa de Solaria.”
O barulho explodiu ao redor da sala e os olhos se voltaram
para mim e Tory, mas não conseguia ver nada além de um
borrão enquanto meu mundo girava e tudo se tornava
terrivelmente instável. Meu coração apertou como se estivesse
em um torno afiado enquanto eu lutava para respirar. Isso não
poderia estar certo, deve haver algum engano.
“Oh, minhas estrelas, o vício em sexo de Tory Vega não
tem limites?” Mildred saltou e Tory agarrou minha mão por
baixo da mesa enquanto os olhos se voltavam para ela. Merda,
não, não, não.
Cada terminação nervosa do meu corpo gritou. O pânico
invadiu meu corpo como um incêndio.
Eu tinha que parar com isso.
Tinha que explicar.
Mas como?
O que poderia fazer?
Pense Darcy, pense, porra!
Nova olhou para Orion em alarme e um dos agentes bateu
algum tipo de aviso na sua frente.
“Espere, apenas espere um segundo de merda.” Orion
puxou os braços livres, girando para enfrentar os agentes com
os ombros rígidos. “Que prova você tem?” Ele exigiu e me
levantei, sabendo que precisava fazer algo.
Senti olhos em mim de todos os lugares enquanto
sussurros serpenteavam em meus ouvidos.
“O que ela está fazendo? Certamente Darcy Vega não teria
fodido um professor?”
“Por que o professor Orion foderia com um Vega?”
“Talvez ela tenha dado boquetes para boas notas.”
Tory puxou meu braço, tentando me fazer sentar, mas não
consegui. Eu estava entorpecida. Minha mente estava
demorando um momento para entender o que estava
acontecendo enquanto o medo tomava conta de mim com um
aperto inflexível.
“Lance, o que está acontecendo?” Nova exigiu, parecendo
abalada. Washer olhou de Orion para mim e Tory com olhos
arregalados, parecendo que ele estava desesperado para
confirmar a qual de nós os agentes se referiam.
“Um arquivo de vídeo foi enviado à agência apenas uma
hora atrás, mostrando que você era abertamente íntimo de
uma estudante,” explicou um dos agentes do sexo masculino
antes de agarrar o braço de Orion novamente.
Pooorra.
Minha cabeça gritou. Meus pulmões gritaram. Tudo em
mim estava gritando, exceto minha voz real. Fiquei lá em
silêncio, muda com a notícia. Esse alguém, algum idiota, nos
gravou juntos. Mas quem? E como? Pensei em meu Atlas
desaparecido e tudo começou a se encaixar. A mensagem de
Orion... a biblioteca... os arquivos. Alguém sabia. Alguém
armou para nós.
“Bandidos tagarelas!” Geraldine exclamou, mas não
conseguia olhar para ela ou qualquer um dos outros rostos
apontados em minha direção.
Darius estava fora de seu assento em um piscar de olhos,
marchando em direção aos agentes do FIB com o ar de um
soldado marchando para a batalha. “Quais são exatamente as
acusações?”
“Com todo o respeito, isso não é da sua conta,” disse um
agente do sexo masculino, inclinando a cabeça por um
momento antes de se voltar para Orion.
“É minha preocupação se eu fizer isso a minha
preocupação. Você sabe quem eu sou?!” Ele gritou.
“Claro, Sr. Acrux.” O homem baixou a cabeça novamente.
“Mas esta é a lei. E tenho um trabalho a fazer.”
Darius rosnou, pegando seu Atlas do bolso e batendo
violentamente em algo nele enquanto murmurava baixinho.
Meu olhar fixou em Orion e nele apenas. O medo me
cortou, destruindo a frágil sensação de segurança que
construímos juntos. A mentira que dissemos a nós mesmos de
que isso nunca aconteceria. Mas agora aconteceu e eu não
conseguia pensar. Não conseguia respirar.
Orion ficou pálido como um fantasma e pude ver a
resignação em seu rosto enquanto os agentes falavam com ele
em um tom baixo que eu não pude ouvir. Ele não encontrou
meu olhar e não poderia aguentar nem um segundo a mais.
Marchei para longe da minha mesa e caminhei em direção
aos agentes enquanto as pessoas se levantavam ao redor do
Orb, seus Atlas virados para mim de todos os lugares enquanto
eles filmavam a coisa toda. Algumas pessoas estavam até
subindo nas mesas para ver melhor.
“Solte ele,” exigi e a agente mais próxima olhou por cima
do ombro para mim com uma expressão séria.
“Dê um passo para trás, senhora, será emitida uma data
para o tribunal dentro de vinte e quatro horas. Você terá a sua
palavra então e somente então.”
“Isso é ridículo,” Darius sibilou, seus olhos ainda fixos em
seu Atlas enquanto ele digitava mensagem após mensagem
para seus contatos.
“Um encontro no tribunal?” Engasguei, o terror envolvendo
meus órgãos enquanto o olhar horrorizado de Nova deslizava
entre mim e Orion, percebendo a realidade de que isso estava
realmente acontecendo.
“Deve haver algum engano,” Washer tentou, dando um
passo à frente, mas a agente feminina agarrou o taser em seu
cinto.
“Dê um passo para trás, senhor,” ela rosnou e o medo
alimentou meus movimentos quando dois dos homens
começaram a puxar Orion em direção à saída.
“Não, espere!” Chorei, o pânico cavando dentro de mim e
fazendo um lar. Não poderia deixá-lo ir. Eu não podia deixar
que eles o levassem. “Pare, apenas me escute!”
Orion olhou por cima do ombro, seu rosto sem cor e seus
olhos cheios de um tipo desesperado de medo. “Pare, Blue,” ele
sussurrou com firmeza, apenas para mim. Mas não consegui.
Não iria apenas ficar aqui e deixá-los tirá-lo de mim. No
momento em que ele saísse por aquela porta, eu não saberia
mas o que iria acontecer. Mas estava tão petrificada com o que
quer que fosse, que simplesmente tinha que tentar enfrentar o
destino.
“Espere, por favor!” Peguei a manga do guarda segurando
o braço direito de Orion, puxando com força. Ele tentou se
livrar de mim e minha raiva se espalhou. O fogo brilhou sob a
minha pele e explodiu para fora de mim antes que pudesse
detê-lo. O agente gritou de dor, cambaleando para trás
enquanto derramava água em seu braço em chamas para
apagar as chamas.
Merda. Não. Foda-se.
Ele tirou o taser de seu cinto, apontando-o para mim e
Orion rugiu uma ordem para parar antes que o que parecia ser
mil raios de eletricidade batesse em minhas veias. Eu bati no
chão, sentindo o gosto de sangue enquanto mordia meu lábio e
a dor explodiu por cada centímetro do meu corpo. Parou tão
rapidamente quanto começou e minha visão clareou, mas meu
corpo parecia drenado e não pude acessar meu poder por um
longo segundo.
Pisquei através da névoa da minha mente enquanto meus
ouvidos zumbiam e meu coração martelava. Orion se livrou do
guarda que o segurava e deu uma cabeçada no idiota que tinha
me eletrocutado.
O sangue jorrou do nariz quebrado do cara e todos os
quatro agentes mergulharam em cima de Orion em um piscar
de olhos. Ele foi jogado de bruços contra a mesa mais próxima
e os alunos gritaram e engasgaram quando se espalharam para
dar-lhes espaço. Eles lutaram com seus braços atrás das
costas, prendendo-o em algemas que brilharam em azul
enquanto as fechavam, então o arrastaram para cima.
Tory estava de repente ao meu lado, ajudando-me a ficar
de pé. “Darcy, você tem que parar,” ela disse, sua voz falhando,
mas me recusei a ouvir. Não poderia deixar que eles o
levassem.
Darius estava ao lado dela com fendas reptilianas no lugar
dos olhos e raiva vomitando de sua expressão. “Vou consertar
isso,” ele jurou antes de caminhar atrás dos agentes.
Encolhi os ombros e corri atrás deles enquanto eles saíam.
Os alunos estavam correndo atrás de nós para assistir ao show
e eu não sabia o que fazer, mas tinha que fazer algo.
“Lance!” Chorei, minha voz soando como vidro se
quebrando em mil pedaços. Ele não olhou para trás. Por que ele
não olha para trás?!
“Você não pode vir conosco, Sr. Acrux,” um agente disse se
desculpando enquanto Darius marchava ao lado deles.
Ele rosnou perigosamente, em seguida, empurrou seu
caminho através deles em direção a Orion, sussurrando algo
em seu ouvido antes de se virar e marchar de volta para a
multidão.
Corri para frente, desesperada para tentar impedir isso,
mas uma sombra caiu do céu e Gabriel pousou na minha
frente com ansiedade em seus olhos. Ele pressionou a mão no
meu ombro com um olhar intenso. “Você tem que ficar aqui,
isso só irá piorar as coisas de outra forma.”
“Por que você não viu isso?!” Exigi enquanto tentava
contorná-lo, mas sua asa se esticou para me bloquear.
Estava prestes a lutar contra ele com magia quando ele
pegou minha mão e me puxou para perto, um olhar de emoção
fervorosa em seu olhar. “Vim assim que pude. Estava em casa,
então não estava me concentrando nele para receber essa
visão. Mas assim que cheguei perto da academia...” Ele
balançou a cabeça. “Sinto muito.”
Empurrei meu caminho passando por ele, esquivando-me
sob sua asa e começando a correr atrás de Orion com meu
coração na garganta. O medo se enredou em cada pensamento
que possuía e me transformou em um animal selvagem. Eles
não podem levá-lo. Eu não vou deixá-los.
Mas Gabriel correu atrás de mim, seu braço travando em
volta dos meus ombros. “Darcy, isso vai piorar muito as coisas
para ele se você for. Por favor, confie em mim.”
Caí imóvel, meu coração acelerado desacelerando
enquanto aceitava suas palavras e as lágrimas escorriam pelo
meu rosto.
Os agentes marcharam com Orion para longe de mim e
gritei atrás dele, implorando para que olhasse para trás. Mas
ele não fez isso.
Os Herdeiros apareceram ao nosso lado enquanto Tory
colocava a mão nas minhas costas. Darius estava ao telefone
dentro de uma bolha silenciadora, andando freneticamente
para frente e para trás enquanto falava com quem estava do
outro lado da linha. Meus olhos se encontraram com os de
Seth e no segundo que aconteceu, eu soube. Sabia que ele
tinha feito isso. Porque quem mais faria? Ele até me avisou que
exatamente isso estava acontecendo em seu aniversário, me
disse o quanto isso iria estragar minhas chances de chegar ao
trono. Então ele esperou seu tempo. Esperou seu momento de
atacar, pegou meu Atlas quando eu estava distraída e encontrei
a mensagem que Orion havia enviado para que ele soubesse
exatamente onde nos encontrar. Como nos prender. Agora ele
conseguiu o que sempre quis e arrancou meu coração ainda
batendo.
O aperto de Gabriel diminuiu o suficiente para eu me
desvencilhar e corri em direção a Seth e apontei um dedo
acusador para aquele bastardo de um Lobo que buscava
destruir tudo de bom em minha vida.
“Você fez isso!” Gritei, sentindo Atlas apontado para mim
de todos os ângulos.
Antes que ele pudesse responder, a Diretora Nova avançou
no meio da multidão, o rosto contraído de angústia. “Senhorita
Vega, vá para o meu escritório. Agora!” Ela gritou, fazendo toda
a escola ficar em silêncio com seu tom poderoso.
Meu lábio inferior estremeceu e o terror percorreu meus
membros. Era isso. Tudo estava fodido. Cada dia que passamos
juntos foi estupidamente, cegamente gasto em felicidade
ignorante. Mas Seth estava tramando o tempo todo para nos
destruir. Claro que ele nunca nos deixaria vencer. Ele nunca
simplesmente nos deixaria ser felizes. E eu o odiava mais do
que jamais odiei qualquer coisa. Ele se espalhou em minhas
veias como um veneno insidioso que comeu meus ossos.
Eu o mataria. Fodidamente o mataria.
Seth me olhou em estado de choque e Gabriel pegou meu
braço novamente enquanto meu olhar se fixou no Lobo que
jurei destruir e Tory segurou minha outra mão. Os dois me
lançaram olhares sérios e suplicantes que queimaram meu
núcleo.
“Nós iremos levá-la,” Tory anunciou para Nova que acenou
com a cabeça rigidamente, então ela se virou para mim com
lágrimas nos olhos. “Vamos. Você tem que ir.”
Minha garganta engrossou e sabia que não chegaria perto
de Seth agora. Mas eu silenciosamente jurei por cada estrela
no céu, iria obliterá-lo por isso.
Eu os deixei me guiar para longe da multidão que me
olhava fixamente, para longe dos sussurros de prostitutas e
vagabundas e acusações ainda piores do que essas. Eu estava
entorpecida enquanto me movia, as lágrimas escorrendo
silenciosamente pelo meu rosto enquanto tentava descobrir
uma resposta para isso. Tinha que haver uma saída. Ainda
devia haver uma chance para nós. Não poderia ser só isso.
Fomos feitos um para o outro. Senti isso na minha alma. Sabia
que era verdade.
Gabriel deslizou seu braço em volta dos meus ombros e
Tory apertou minha mão com mais força, nenhum dos dois
dizendo nada até que chegamos do lado de fora do escritório de
Nova e minhas pernas começaram a tremer.
“Ainda há o encontro do tribunal,” disse Gabriel
suavemente. “Eles vão ouvir as duas histórias.” Ele estremeceu
de repente e cambaleei em direção a ele, segurando sua camisa
em meus punhos.
“O que você vê? Existe uma maneira de sairmos disso?”
Implorei, procurando seus olhos enquanto procurava por um
vislumbre de esperança.
Seu pomo de adão subia e descia e ele segurou minha
bochecha com a mão. “Existem muitas possibilidades.
Depende…”
“De quê?” Exigi, meu coração quebrando, pronta para
desmoronar. Precisava de algo em que me agarrar para me
manter firme. Precisava ter um fio de esperança.
“De vocês dois, das estrelas, da misericórdia do Tribunal,”
disse ele pesadamente.
“Mas há uma chance?” Tory perguntou por mim e eu
estava feliz porque não conseguia respirar o suficiente para
perguntar por mim mesma naquele momento.
“Eu...” Gabriel suspirou, me dando um olhar que dizia que
ele estava prestes a ser brutalmente honesto comigo. “Ele vai
ser castigado, não há dúvida sobre isso. Mas o grau em que ele
será punido dependerá de muitos fatores que não consigo ver
com clareza. A única esperança para vocês dois é um juiz
indulgente e mesmo assim...” Ele balançou a cabeça. “Ele será
envergonhado pelo poder, Darcy. Ele irá perder o emprego, vão
tirar seu lugar em Solaria.”
Afundei no chão, perdendo toda a força do meu corpo
enquanto essa realidade aterrorizante me esmagava por todos
os lados. Ele iria assumir a responsabilidade por isso. Não
importava o que eles fizessem comigo, eu não me importava.
Mas ele era um homem bom, não merecia perder tudo por
minha causa.
“Venha,” a voz de Nova cortou quando ela chegou. “Dentro.
Agora, Srta. Vega.”
Gabriel me ajudou a ficar de pé enquanto Nova
destrancava a porta de seu escritório, gesticulando para que eu
entrasse e dizendo aos outros dois para esperarem do lado de
fora.
Quando a porta se fechou atrás de mim, o silêncio
pressionou meus ouvidos, ensurdecedor após o barulho da
multidão. Tudo o que pude ver foi o rosto de Orion no momento
em que ele aceitou. Aquela verdade sombria pairando sobre ele,
como se estivesse percebendo o quão tolo ele tinha sido por
pensar que isso não aconteceria. Que idiotas nós dois fomos.
Mas isso não era culpa dele ou minha. Era de Seth Capella. E
iria garantir que a justiça fosse muito bem servida.
“Sente-se,” Nova disparou e me sentei diante de sua mesa
enquanto ela ficava do outro lado dela, virando-se de costas
para mim enquanto olhava para a janela.
A tensão em sua postura me disse o quão furiosa ela
estava. Mas eu não me importava com sua raiva, tudo que
conseguia pensar era em Orion sendo arrastado para alguma
cela de prisão em algum lugar. Sozinho. E isso fez com que
cada parte de mim doesse.
“Vou fazer algumas perguntas, senhorita Vega,” disse ela
com frieza. “E você vai responder de forma concisa, está me
entendendo? Não quero ouvir suas explicações, essas são para
o Tribunal agora. Mas o que preciso é ter uma ideia clara de
quanto dano exatamente isso vai causar em nossa escola.”
Minha garganta apertou e forcei as palavras, “Sim,
Diretora.”
“Há quanto tempo você está tendo um caso com o
professor Orion?” Ela perguntou, uma nota aguda de raiva em
sua voz.
Mordi minha língua, me recusando a confirmar qualquer
coisa até que soubesse o que estava naquele vídeo. Uma
lágrima rolou pela minha bochecha e eu rapidamente a
enxuguei.
Sua coluna se endireitou em aborrecimento, mas ela não
se virou.
“Ele forçou você a ter relações sexuais com ele?” Ela
perguntou, sua voz repentinamente cheia de simpatia, como se
ela tivesse acabado de perceber a possibilidade disso.
“Não,” rosnei imediatamente.
Não importava o que acontecesse com essa situação,
nunca deixaria ninguém pensar que ele me forçou a isso. Eu
gritaria do topo de cada montanha em Solaria se fosse
necessário. Eu o amava. E ele me amava também. Mas
começou a parecer impossível naquele momento. Parecia um
lindo sonho que eu pintei. Nós dois, professor e aluna, fazendo
funcionar. Alguma vez isso funcionou?
“Você está ciente da lei em Solaria que proíbe os
professores de terem relacionamentos íntimos com seus
alunos?” Ela se virou e seus olhos cuspiram fogo do inferno em
mim. “E você está ciente de que, dependendo do que vier à tona
no Tribunal, você poderá perder sua posição nesta escola?”
Respirei irregularmente, mas ela disparou antes que
pudesse responder, batendo as mãos na mesa e olhando para
mim.
“Você entende a gravidade desta situação, Srta. Vega?!”
Ela explodiu e eu assenti, limpando as trilhas molhadas de
minhas bochechas enquanto tentava não desmoronar.
Ela ficou em silêncio, me examinando através de seus
suaves olhos azuis que atualmente pareciam tão afiados
quanto navalhas. “Vou tomar uma decisão sobre o seu lugar no
Zodiac após o julgamento.”
Acenei com a cabeça, um pedaço de medo dirigindo
profundamente em meu peito. Porque perder Orion era a pior
coisa do mundo, mas perder meu lugar aqui também. Minha
casa. Era impensável.
“O que irá acontecer com Lance?” Sussurrei, minhas mãos
se fechando em punhos enquanto as Sombras serpenteavam de
um buraco escuro dentro de mim e se ofereciam para enterrar
minha dor. Mas eu não as deixaria ficar com ela. Nem mesmo
agora, quando a dor dentro de mim me fez querer me afogar em
seu abraço reconfortante. Eu precisava de nitidez para lutar
nesta guerra. Iria me agarrar a cada gota venenosa em mim e
mirar no garoto que causou isso. O Lobisomem que decidiu me
destruir no momento em que cheguei a esta academia. E ele
finalmente encontrou uma maneira de fazer isso.
Nova me deu um olhar frio que me gelou profundamente.
“Ele não é mais bem-vindo na minha escola. E ele terá sorte se
não acabar na prisão.”
“Prisão?” Eu ecoei, o horror dando um nó em minhas
veias. “Eu sei que ele infringiu a lei, mas ele não é uma pessoa
má...”
“O Tribunal de Solaria decidirá exatamente que tipo de
pessoa ele é, Srta. Vega,” disse Nova com o lábio superior
puxado para trás. “Lance Orion tem sido um bom colega, um
professor espetacular, mas optou por desprezar seu prestigioso
trabalho em favor de foder uma aluna. Não tenho pena disso.”
Essas palavras duras que saíram de sua boca me
chocaram em silêncio. Em seguida, ela apontou para a porta,
parecendo amargamente desapontada comigo enquanto voltava
seu olhar para a parede.
Levantei-me da cadeira, tremendo muito quando abri a
porta e saí para o corredor. Os braços de Tory me cercaram e
desmoronei. Cada pedaço de força dentro de mim se dissolveu
em nada e caí no mais profundo abismo de desespero que já
conheci.
Deitei enrolada na cama com Darcy a noite toda enquanto ela
chorava e se enfurecia e eventualmente ficava em silêncio. Ela não estava
dormindo. Nenhuma de nós tinha feito nada disso, mas estávamos juntas.
E não tinha certeza do que mais poderia oferecer a ela agora.
Seu quarto se iluminou lentamente em torno de nós, mas
apenas fiquei com ela em meus braços até que ela finalmente
se mexeu.
“Darius vai tirá-lo facilmente,” murmurei pela milésima
vez. “Orion é o seu Guardião. Até Lionel vai ajudá-lo, tenho
certeza.”
“Mesmo que o façam, como é que vou estar com ele,
então?” Darcy perguntou com uma voz monótona que parecia
tão diferente dela que recuei para poder olhá-la.
Seus olhos verdes estavam opacos e sem vida, bem como
inchados e injetados de uma noite passada em lágrimas, mas o
conjunto de sua mandíbula era teimoso, raivoso. Ela evitou as
aulas o dia todo ontem e fiquei com ela, sabendo que ela não
suportaria enfrentar o mundo agora.
“Você encontrará uma maneira,” prometi. “Podemos
descobrir um lugar para vocês se encontrarem em particular,
ou talvez Darius possa te trazer poeira estelar, ou...”
“Nunca poderemos ficar juntos,” disse ela, seu olhar
escurecendo enquanto ela se endireitava e eu a seguia para me
sentar ao lado dela, puxando um travesseiro para o meu colo.
“O mundo inteiro estava contra nós, até mesmo a lei.”
“Eu sei,” falei, estendendo a mão para pegar a mão dela.
“Mas vocês se amam. Tem que haver uma maneira de lutar por
isso.”
Darcy olhou para mim por um longo momento, sua
mandíbula apertando enquanto as Sombras piscaram em seus
olhos. “O que você sabe sobre lutar por algo assim?” Ela
estalou para mim e vacilei com o tom ácido em sua voz.
“Eu não entendo...”
“As estrelas escolheram um companheiro perfeito para
você e tudo o que vocês fizeram foi lutar e incitar um ao outro e
forçar um ao outro a se afastar.”
“Isso não é sobre mim e Darius,” murmurei, meu coração
batendo forte no meu peito. Darcy nunca perdeu a paciência
comigo assim, mas eu não iria retrucar. Se ela precisasse de
mim para ser seu saco de pancadas para essa dor que ela
estava sentindo, eu seria.
“Não. É sobre como eu e Lance sempre lutamos para ficar
juntos. Sempre tivemos que lutar. O destino sempre esteve
contra nós, mas sabíamos que valia a pena correr o risco.
Reconhecemos nossos sentimentos e agimos de acordo com
eles. Quando você e Darius fizeram isso?” Ela retrucou.
“Não é a mesma coisa,” falei defensivamente. “Lance nunca
te machucou do jeito que Darius me machucou. Darius fez da
minha vida um inferno, ele me atormentou e me atacou vez
após vez. Tentou me afogar...”
“Eu sei,” ela grunhiu, a emoção em seu olhar era clara.
“Mas não é como se você fosse totalmente inocente em todas as
coisas que aconteceram entre vocês, não é? Você o instigou e
provocou também. Além disso, você se vingou, incendiou o
quarto dele, até o fez virar-se contra o Milton, lutou contra toda
a merda que ele te fez passar. Mas você também dormiu com
ele, atraiu-o e o empurrou...”
“Porque eu não pude simplesmente perdoar toda a merda
dele,” rosnei, meu próprio temperamento enfraquecendo
quando ela me chamou. “Ele nunca se desculpou comigo,
nunca me deu nenhuma indicação real de que se importava de
alguma forma...”
“Besteira!” Darcy gritou e eu vacilei. “Ele pode ser um filho
da puta e um idiota implacável, ele pode ter feito todas aquelas
coisas horríveis e talvez ele até merecesse uma vida gasta
ansiando por você. Mas você não pode dizer que ele nunca
tentou mostrar como se sentia. Você apenas não quis ouvir. E
se recusou a ver. Porque você é teimosa demais para o seu
próprio bem. Mesmo quando o queria, se recusou a admitir
para si mesma, apenas se escondendo atrás de ódio e sexo e
inventando todas as desculpas sob o sol para negar seu próprio
coração.”
“Você sabe por que eu não podia simplesmente oferecer
meu coração a ele,” falei em voz baixa enquanto suas palavras
me cortavam como facas. “Eu não posso simplesmente dar a
ele a chance de me machucar com isso. Não poderia...”
“Isso é o que é amor, Tor,” Darcy disse exasperada. “É um
ato de fé. Se abrir e deixar cair suas paredes e permitir que
alguém veja cada canto escuro e quebrado de sua alma. É
verdade e honestidade consigo mesma e com ele. É cru, brutal,
assustador e real. Você não pode simplesmente alegar que
quer, mas se recusar a se permitir ser vulnerável a isso. Não é
assim que funciona. Se você ama alguém, realmente ama, você
levará sua alma para ele e deixará que seja o guardião de seu
coração, não importa o quão frágil ou danificado possa ser. E
se ele a ama, então fará tudo ao seu alcance para mantê-lo
seguro, para nutri-lo e protegê-lo e curar todas as velhas
feridas. Então, quando você disse não a ele naquela tempestade
de neve, você nem o estava machucando. Você estava se
machucando.”
“Darcy,” murmurei, meu coração doendo de dor enquanto
ela destruía cada razão teimosa, racional e odiosa que eu
estava segurando para ficar longe de Darius Acrux.
“Isso é o que tenho com Lance,” ela rosnou. “É confuso e
assustador e para qualquer outra pessoa não seria nem perto
da perfeição. Mas é perfeito, Tor, ele é tudo para mim. E agora
ele foi arrancado de mim e não há nada que eu possa fazer a
respeito. Tudo está contra nós desde o início. Mas nunca houve
nada que impedisse você e Darius de ficarem juntos além de
vocês dois. Se algum de vocês tivesse apenas tirado a cabeça de
seus próprios traseiros e sido honestos um com o outro, nada
disso teria acontecido! E isso me mata. Porque eu daria
qualquer coisa para ter essa liberdade com Lance.” Um soluço
sufocado escapou dela e me movi para frente, estendendo a
mão para ela para puxá-la em meus braços novamente.
“Não,” ela sibilou, sacudindo os dedos para mim com uma
rajada de magia de Ar de modo que eu tropecei para fora da
cama, deixando cair o travesseiro no chão. “Não quero você
aqui me dizendo que tudo irá ficar bem. Se quer consertar algo,
então vá e diga a Darius como se sente. Não quero sentar aqui
com você lamentando sobre mim e Lance enquanto se recusa a
sequer tentar consertar sua própria merda.”
“Não posso consertar isso, Darcy. É tarde demais!”
Protestei quando sua magia de Ar me empurrou de volta para
sua porta.
“Vocês podem não ser capazes de ficar juntos. Mas vocês
podem ser honestos um com o outro,” ela disse vigorosamente.
“E se quiserem alguma chance de seguir em frente com essa
porra de bagunça que vocês mesmos fizeram, então terão que
ser corajosos o suficiente para fazer isso.”
“Não se trata de ser corajosa...”
“Sim, é! Você está tão empenhada em provar o quão forte
pode ser e em melhorar sua magia que se esquece de que a
verdadeira força vem de enfrentar as coisas das quais mais tem
medo. Então seja Fae, Tory. E vá enfrentar seus problemas.”
Sua magia abriu a porta atrás de mim e antes que eu
pudesse responder, tropecei no corredor e a porta bateu na
minha cara novamente.
Fiquei boquiaberta enquanto hesitava, sem saber se
deveria apenas bater em sua porta para voltar ou fazer o que
ela queria, mas ao som da porta trancando, desisti.
Soltei um suspiro profundo quando a dor de Darcy
ameaçou me afogar e me virei para correr escada abaixo.
Sombras piscaram em minha visão e dançaram ao longo
dos meus dedos enquanto elas me chamavam. Poderia
simplesmente voltar para o meu quarto e deixá-las ficar comigo
por alguns minutos. Apenas afundar no esquecimento eufórico
de seu abraço para que eu não tivesse que sentir nada disso.
Quanto mais eu usava as Sombras, mais elas me
chamavam e maior meu controle sobre elas crescia. Havia um
tipo sombrio de conforto nelas e, depois de passar a noite com
Darcy sem usá-las, pude ouvir seu chamado com mais nitidez
do que o normal. Sabia que deveria estar preocupada com o
que Orion havia dito sobre o quão viciante a ligação com elas
poderia ser, mas não estava. Só estava mergulhando nelas à
noite e mesmo assim não era por muito tempo. Quanto mais eu
as usava, maior meu controle sobre elas crescia. E como elas
poderiam ser exatamente o que precisávamos para derrotar
Lionel, eu não o deixaria chegar à minha frente com elas. As
Sombras lamberam ao redor dos meus pulsos e as empurrei
para trás com um grunhido de esforço. Não importava o quão
tentadoras elas possam ser, usá-las enquanto estavam no meio
da Aer Tower era uma má ideia.
Veja, estou no controle total.
Não queria pensar nas palavras que Darcy tinha jogado
para mim, mas elas estavam ressoando em minha cabeça,
forçando minha atenção a se fixar nelas, quer eu quisesse ou
não. Sabia que era teimosa, cabeça dura e implacável, mas ter
a pessoa mais próxima de mim no mundo me cortando com
aquelas facas doía.
Não, não doía. Era um tipo de reconhecimento amargo.
Porque por mais que odiasse que ela me batesse com essas
palavras, realmente não poderia negar. Mas realmente iria
atrás de Darius e fazer o que ela disse?
Bufei de frustração, descendo correndo os degraus da Aer
Tower até chegar ao pé da escada.
Tinha roubado algumas roupas de Darcy na noite
passada, então eu estava vestida com um par de leggings e um
suéter grande em vez do meu uniforme.
Parei do lado de fora enquanto o ar frio da manhã soprava
em torno de mim, puxando meu cabelo e fazendo um arrepio
correr ao longo de minhas omoplatas enquanto o desejo de
mudar me puxava.
Ainda era cedo, o sol estava baixo no céu e o canto dos
pássaros enchendo o ar. Na verdade, neste momento eu
normalmente estaria correndo com Darius...
Meu intestino torceu quando percebi que tinha perdido
nossa corrida pela primeira vez em mais de dois meses. Tinha
tido um lugar mais importante para estar, ao lado de Darcy,
mas mordi meu lábio inferior enquanto me perguntava se ele
tinha aparecido ou ficou me esperando, apenas para descobrir
que eu não estava lá. Certamente ele teria descoberto o porquê.
Mas a ideia de decepcioná-lo meio... me fez sentir mal.
Eu me perguntei se ele teria ido sem mim ou se ele teria
apenas voltado para seu quarto.
Por que eu ainda dou a mínima?
Afastei-me da Aer Tower, rosnando de frustração enquanto
enfiava minhas mãos no cabelo, puxando os nós enquanto
tentava descobrir o que fazer. Realmente me importei o
suficiente em ferir seus pequenos sentimentos de Dragão para
rastreá-lo e explicar minha ausência? Eu estava pensando
seriamente em fazer o que Darcy me disse para fazer e
enfrentá-lo com tudo que nunca tinha admitido para mim
mesma?
Gah. Maldito Dragão idiota!
Tirei o moletom de Darcy e rolei meus ombros para trás
enquanto o deixava cair na grama alta aos meus pés. Eu estava
usando uma blusa curta por baixo, para que minhas asas
tivessem espaço para saltar livremente enquanto eu as
chamava e suspirei quando meu Fogo da Fênix queimou os
últimos ecos das Sombras em mim. Era como acordar quando
as Sombras recuaram e minha mente clareou, o ar frio
tremendo ao meu redor enquanto o calor de minhas asas em
chamas a afetava.
Decolei imediatamente e comecei a voar ao longo de nossa
rota de corrida usual, me perguntando se ele teria ido sem mim
enquanto mantive meus olhos no caminho.
Diminuí a velocidade enquanto voava sobre a Floresta das
Lamentações, meu olhar se fixando em vários corpos coloridos
quando avistei um rebanho de Pegasus movendo-se entre as
árvores em um ritmo lento enquanto pastavam.
Quando eu estava prestes a voar, eu o vi, meu coração
pulando enquanto ele corria ao longo da pista em um ritmo
rápido, sem camisa e a pele brilhando de suor enquanto corria
pela pista.
Bati minhas asas com força para ficar à frente dele, então
desci entre as árvores, pousando no caminho e banindo
minhas asas assim que ele alcançou o topo da colina diante de
mim, ficando imóvel.
O canto de sua boca se contraiu quando ele olhou para
mim, uma pergunta iluminando seus olhos escuros.
Meu intestino agitou quando o olhei, meu coração batendo
forte e minhas palmas ficando escorregadias. Ele parecia bom o
suficiente para comer com o suor cobrindo sua pele dourada e
fazendo a luz brilhar em suas tatuagens enquanto seus
músculos ficavam tensos com o treino. Meu olhar deslizou
sobre cada curva perfeita de seu abdômen até aquele V
irresistível que desaparecia sob o cós baixo de sua calça de
moletom preta.
Obriguei-me a parar de fode-lo com os olhos e olhei para
seu rosto. Seu cabelo preto estava bagunçado e a barba por
fazer em sua mandíbula mais espessa do que o normal e os
anéis escuros sob seus olhos me fizeram pensar se ele tinha
dormido. Imaginei que o estresse da prisão de Orion o estava
afetando quase tão forte quanto Darcy e hesitei por um
momento, me perguntando se realmente deveria vir aqui para
falar com ele sobre isso agora.
“O que está errado?” Ele perguntou, seu olhar deslizando
por um momento enquanto olhava para o pingente de rubi
pendurado no meu pescoço. Eu não o tinha tirado desde que
ele me deu e me mexi desconfortavelmente enquanto ele olhava
para ele. Por que eu continuaria usando se não significasse
algo para mim? E se eu estava sendo realmente honesta comigo
mesma, sabia que significava algo. A pedra esquentou entre
meus dedos quando a segurei e a sensação me lembrou de sua
magia de fogo tão intensamente que me deu arrepios. Acordei
com meus dedos em volta dela mais de uma vez.
Ele olhou de volta para os meus olhos e meu coração
trovejou enquanto tentava forçar minha língua a dobrar em
torno das palavras que Darcy me disse para falar com ele. Mas
era muito difícil. Depois de tudo que passamos, tudo que ele fez
e fiz, eu só...
“Por que você nunca apenas se desculpou?” Perguntei a
ele, levantando meu queixo quando minha voz ficou presa na
minha garganta. Porque se fosse seriamente considerar ser
honesta com ele sobre como me sentia, então precisava que ele
fizesse o mesmo.
Uma carranca puxou sua sobrancelha e ele se aproximou
de mim antes de parar novamente, apenas longe o suficiente
para que ele não pudesse estender a mão e me tocar. O chão
tremeu sob meus pés e ele rosnou enquanto olhei para ele, as
estrelas instantaneamente trabalhando contra nós, mesmo
quando eu só queria falar com ele.
Tropecei enquanto o chão balançava novamente e bufei
irritada enquanto caminhava ao redor dele e acenei em direção
ao rebanho de Pegasus na base da colina que tinha acabado de
chegar ao topo.
O rebanho se moveu entre as árvores mais abaixo no
caminho e abri caminho para ficar entre eles enquanto me
movia para fora do caminho e pressionava minhas costas
contra um enorme carvalho para que não estivéssemos mais
sozinhos e as estrelas nos deixassem conversar. Joguei uma
bolha silenciadora sobre nós e ofereci a Sofia um sorriso tenso
quando a vi em sua forma rosa de Pegasus. Ela olhou entre
mim e Darius e acenou com a cabeça de cavalo antes de pisar
no chão para sinalizar ao resto do rebanho para ficar ao nosso
redor também.
Preciso dizer àquela garota que a amo com mais frequência.
Darius se moveu para ficar diante de mim e olhei-o
enquanto esperava pela minha resposta.
Ele esfregou a mão no rosto e suspirou enquanto me
observava.
“Meu pai me criou para ser brutal e implacável em minha
busca por poder e domínio,” ele disse finalmente, segurando
meu olho para que eu não pudesse desviar o olhar. “Quando
você e sua irmã voltaram para Solaria, foi a primeira vez que
fui forçado a enfrentar uma ameaça como essa. Alguém que
poderia realmente ser capaz de se colocar entre mim e o motivo
pelo qual nasci. Papai e os outros Conselheiros Celestiais
colocaram muita pressão sobre nós para garantir que vocês
nunca se levantassem. Nós pensamos que se pudéssemos fazer
vocês se retirarem da academia, provar a todos que não tinham
chances de nos equiparar, então poderíamos simplesmente
esquecer de vocês. Seguir em frente. Reivindicar o trono da
maneira que nossos pais fizeram depois que seu pai foi morto e
continuar como se nunca tivessem retornado.”
“Eu entendi isso. Mas não responde à minha pergunta,”
falei em voz baixa, lutando para esconder a dor de todas as
coisas que ele fez para mim, embora tivesse certeza de que
estava falhando miseravelmente.
“Eu acho, eu...” Ele deu um passo mais perto de mim para
que fosse forçada a inclinar minha cabeça para olhar para ele,
o ar entre nós aquecendo com sua magia de Fogo enquanto a
minha subia para a superfície da minha pele para encontrá-la.
“Só não achei que qualquer pedido de desculpas que fizesse
poderia ser o suficiente para consertar todas as coisas que fiz
para você. E, para ser sincero, não achei que você tivesse
interesse em ouvir, mesmo que eu tentasse.”
Engoli um caroço grosso na minha garganta, molhando
meus lábios enquanto tentava descobrir o que dizer sobre isso.
Seus olhos perseguiram o movimento da minha língua e meu
coração bateu forte quando ele se aproximou de mim
novamente. Encostei-me contra a árvore, a casca áspera
esfregando contra a pele nua ao longo da minha espinha
enquanto ele me prendia. Mas eu não tinha a menor intenção
de escapar dele.
“Eu não deveria ter dito que não significou nada para mim
depois que estivemos juntos em Shimmering Springs,”
murmurei, minha voz tão baixa que não tinha certeza se ele
entenderia, mas a maneira como seus olhos brilharam com o
calor me disse que ele entendeu.
Olhamos um para o outro por um longo momento. Toda a
mágoa, dor e os ecos de todas as coisas horríveis que já se
passaram entre nós parados ali naquele espaço.
“Deveria ter percebido que você foi feita para mim antes,”
Darius disse em uma voz áspera que traiu o quanto essa
distância entre nós o machucava.
“Uma parte de mim percebeu,” respondi. Porque eu não
podia negar a atração que sempre senti por ele, aquela dor em
mim que me implorou para esquecer cada coisa horrível que ele
fez para mim e apenas reivindicá-lo.
Mas por mais fácil que possa parecer, eu não era aquela
garota. Eu já havia me machucado muitas vezes antes, de
muitas maneiras.
“Eu também,” ele falou sob sua respiração dessa forma
desesperada que não diminuiu o calor que estava crescendo
entre nós. “Mas eu era... fraco, eu acho. Peguei o caminho que
meu pai queria. O caminho mais fácil.”
“Sempre será mais fácil para você me machucar do que
estar lá para mim. É quem você é. Você é uma criatura faminta
pelo poder que sacrificaria qualquer coisa para conseguir o que
acha que merece da vida.” Aquele tom amargo no meu tom
estava de volta. Esse rancor e raiva, a culpa.
Darius não se esquivou das minhas palavras, mas a forma
como sua testa franziu fazia meu coração doer, como se ele
visse alguma verdade nelas também e odiasse esse fato.
“Eu sei. Mas se você tivesse dito sim para mim, teria
passado minha vida tentando fazer as pazes com você,” ele
falou sob sua respiração, movendo-se para mais perto de mim
de forma que eu fui oprimida pelo tamanho de seu corpo
enorme. Seus músculos flexionaram com a tensão e seu olhar
escuro queimava com todas as coisas que ele gostaria de ter
comigo. Meu olhar se fixou naquela linha preta em torno de
suas írises castanhas profundas, aquela marca que o prendia a
mim e o prendia para longe também. E quando ele olhou nos
meus olhos, sabia que ele estava olhando para a mesma coisa.
O sinal que as estrelas nos marcaram no momento em que
fracassamos em seus testes. Sua testa estava quase tocando a
minha, o espaço entre nós diminuindo centímetro a centímetro
conforme ele se aproximava, apoiando o antebraço na árvore
acima da minha cabeça enquanto me encaixava.
“Como poderia ter dito sim para você depois de tudo que
fez para mim?” Murmurei, mas não com raiva, meus membros
estavam tremendo, meu coração batendo forte e minha alma
doendo pela dele. “Fico acordada à noite e penso sobre isso,
penso em você, desejando ter feito outra escolha. Mas não
consegui. Por mais que isso esteja me matando, sei que está o
matando também. E há uma parte fodida de mim que se deleita
com isso, em saber que estou te causando dor, assim como
você me causou.”
Darius estendeu a mão lentamente com a mão livre, as
pontas dos dedos traçando uma linha ardente ao longo do lado
do meu rosto antes de pintar uma marca na lateral do meu
pescoço. Estremeci com seu toque, ainda desejando mais dele,
apesar de tudo isso.
“Eu mereci,” disse ele em voz baixa, meu coração pulando
de surpresa com essas palavras em seus lábios. “Mereci, Roxy.
E sinto muito. Realmente, realmente sinto muito por tudo isso.
Sei que não importa agora e sei que não há nada que eu possa
fazer para mudar isso, mas preciso que você saiba. Preciso que
sinta isso.” Sua mão pousou sobre meu coração e minha carne
queimou e doeu por ele, mesmo enquanto meu coração partido
batia forte sob sua palma. Tinha certeza de que ele podia sentir
os pedaços quebrados lutando tanto para ficar juntos, sentir
cada hematoma, queimadura e ferimento na coisa danificada
que ainda martelava por ele. Mesmo depois de tudo. Tudo isso.
O trovão retumbou através dos céus quando as estrelas
nos deram um aviso, mas nenhum de nós sequer recuou, não
se importando com o que pensavam de nós e o que estávamos
fazendo.
“Eu também sinto muito,” sussurrei, porque podia ver em
seus olhos. Podia sentir em sua carne.
Ele também estava quebrado. Este homem que me
torturou, me cortou, espancou e me machucou tudo por um
trono que nunca quis em primeiro lugar, estava queimando por
causa dessa fenda entre nós. Ele sentia muito e estava
sofrendo e não havia nada que qualquer um de nós pudesse
fazer para consertar.
Ele respirou fundo, sua testa pressionando a minha de
modo que o cheiro de cedro e fumaça dele me dominou.
Podia sentir olhos em nós de toda a clareira enquanto o
rebanho de Pegasus olhava e o chão sob nossos pés começava
a tremer e tremer, mas não me importei. Deixe que eles nos
observem. Para mim, éramos as únicas duas pessoas no
mundo naquele momento.
“Isso não muda nada, no entanto,” falei lentamente,
embora as palavras rasgassem o pequeno pedaço de mim que
tinha lutado tanto para sobreviver a Darius Acrux. “Fiz minha
escolha. Não temos outra chance.”
Darius olhou atentamente para mim enquanto continuava
a se inclinar para frente com seu antebraço pressionado na
árvore acima da minha cabeça, sua outra mão deslizando de
volta sobre meu peito, acariciando meu pescoço antes de
segurar minha bochecha em suas mãos. Ele segurou meu
queixo com a ponta dos dedos e os provocou no meu cabelo,
causando arrepios em toda a minha carne.
Sua magia mudou para a superfície de sua pele e o calor
profundo dela chamou meu próprio poder como se eles fossem
um e o mesmo, destinados a ficarem sempre juntos. Minhas
paredes caíram e sua magia caiu sob minha carne, me
enchendo e queimando da melhor maneira possível.
Um leve gemido escapou de mim e seus olhos escuros
brilharam enquanto ele me mantinha cativa em seu olhar.
Estar tão perto dele doía da maneira mais doce e fez meu
coração partido sangrar.
Estávamos tão próximos um do outro que podia sentir o
calor de seu corpo pressionando contra o meu. Minhas mãos
pareciam se mover por conta própria enquanto eu o alcançava,
minhas palmas deslizando para cima e sobre seu peito duro
antes de pousar contra seu peito como se eu pretendesse
empurrá-lo para longe. Mas eu não fiz. Apenas o toquei
enquanto sua magia me lavava, me cegando, me intoxicando,
marcando minha alma como sua de dentro para fora.
Meu olhar ainda estava preso em seus olhos. Nossas
testas ainda pressionadas juntas e seus lábios tão perto dos
meus que eu quase podia sentir o movimento deles enquanto
ele falava.
“Eu te amo, Roxy,” disse ele em uma voz áspera e sombria
que não tinha espaço para mentiras ou falsidades, nenhum
espaço para truques de crueldade. Somente a verdade. Podia
sentir isso tão intensamente quanto podia sentir o ímpeto de
sua magia sob minha pele.
Uma lágrima escorregou dos meus olhos, deixando um
rastro ardente ao longo da minha bochecha enquanto
derramava da minha carne e caía entre nós.
Quantas vezes tinha doído para ouvir alguém dizer isso
para mim? Quantas vezes me perguntei se alguém poderia me
amar assim? Posso ter negado para mim mesma mais vezes do
que poderia contar, mas eu estava ansiosa por isso há muito
tempo. Precisando disso mais do que queria admitir, mais do
que precisava de qualquer coisa. E não apenas de qualquer
um. Precisava disso dele.
“E eu sei que não muda nada. Que não pode mudar nada,”
ele rosnou. “Mas vou provar para você. Vou fazer tudo o que
puder para compensá-la, pelo resto da minha vida, se for
necessário. Nunca vou me perdoar por trazer essa maldição
sobre nós. E nunca vou deixar de te amar também.”
Não sabia o que dizer sobre isso, não sabia como
processar, o que fazer com isso. Eu o amo? Como poderia amar
uma besta que me torturou? O que isso me faria se fizesse?
Apenas uma garota quebrada, fraturada, espancada e estúpida
que se apaixonou por seu algoz. Mas talvez eu fosse todas
essas coisas. Talvez fosse pior porque o machuquei também,
colocando toda a culpa nele. Talvez fôssemos apenas os dois
lados da mesma moeda.
Seus lábios roçaram os meus e outro gemido escapou de
mim quando inclinei meu queixo para encontrá-lo.
Foi o menor toque de sua boca na minha e, ainda assim,
parecia que um terremoto estava ocorrendo em minha alma
para rivalizar com o que balançava o chão aos nossos pés.
Meus lábios se separaram e ele se inclinou, seu corpo
pressionando contra o meu e sua presença me oprimindo até
que ele era tudo o que podia ver, cheirar, sentir, saborear e era
bom demais para me afastar.
Um estrondo de trovão soou acima quando meus braços
deslizaram ao redor de seu pescoço e gemi quando ele me
empurrou de volta contra a árvore, seus lábios se movendo com
os meus enquanto um tipo desesperado de fome passando
entre nós.
O rebanho Pegasus relinchou e guinchou quando um
relâmpago brilhou forte o suficiente para aparecer através das
minhas pálpebras fechadas e meu coração batia forte enquanto
eu sentia no momento frágil antes de se extinguir.
Um grande gemido soou e a terra sob nossos pés
estremeceu quando o som de mais Pegasus em pânico nos
alcançou e as pessoas começaram a gritar nossos nomes.
Lágrimas deslizaram pelo meu rosto enquanto eu o beijava
com mais força, meu corpo inteiro enroscando com o dele
enquanto eu jogava um escudo de ar sobre nossas cabeças,
despejando minha magia nele enquanto lutava para nos
comprar apenas mais alguns segundos.
Ele me beijou como se fosse morrer se não o fizesse, como
se a única razão de seu coração estar batendo fosse para que
ele pudesse ser meu, e o beijei como se o mundo pudesse
desabar ao nosso redor e nem mesmo me importava, contanto
que eu ainda estivesse em seus braços quando acabasse.
Um relâmpago brilhou além das minhas pálpebras
fechadas novamente e fomos cercados por gritos e relinchos,
uma debandada de cascos correndo para escapar enquanto um
gemido ecoante rasgava das árvores à nossa direita.
Algo bateu no escudo acima de nós com uma força tão
forte que engasguei, caindo dos braços de Darius enquanto nós
dois olhamos para cima para encontrar o enorme tronco de
uma árvore caída, caindo sobre minha magia bem acima de
nossas cabeças.
“Eu quis dizer o que disse,” Darius rosnou
apaixonadamente antes de recuar, quebrando o contato entre
nós e fraturando meu coração despedaçado mais uma vez.
Ele recuou e eu também, segurando seu olhar enquanto
íamos para os lados opostos do meu escudo de ar e saímos de
debaixo da árvore que caía.
Soltei uma respiração instável antes de largar meu escudo
e deixar a árvore cair no chão da floresta onde estávamos.
Ela atingiu o chão com um estrondo que ecoou e fez com
que terra e cascalho voassem em uma nuvem entre nós e
roubou minha visão dele através da clareira.
Quando a poeira baixou, ele já havia partido. E fiquei com
uma dor desesperada em meu coração que sabia que nunca
iria embora.
Isso estava esperando por mim quando saí do banheiro. Alguém
empurrou a carta com o selo da Corte de Solaria debaixo da minha porta
e caí de joelhos com o coração apertado na garganta enquanto a abri e li.

Prezada Srta. Gwendalina (Darcy) Vega,


Você foi convocada ao Tribunal de Solaria em 30 de março
para o julgamento de Lance Azriel Orion por infringir a Lei 303
da constituição. De acordo com a referida lei (descrita abaixo*),
você deve fornecer uma declaração para determinar o destino do
réu.
A decisão do Juiz da Suprema Corte também decidirá se
alguma moção precisa ser movida contra você.
Observação: sua posição na prestigiosa Zodiac Academy foi
questionada.
Você DEVE comparecer na data da sua citação judicial ou
uma sentença à revelia será proferida sobre você com base nas
evidências fornecidas no tribunal.
Cumprimentos,
Ravis Darkice
Juiz do Tribunal Superior do Tribunal de Solaria Grifo,
Libra, Justiça Fae

*Lei 303 do Setor de Educação de Solaria: Qualquer


professor ou auxiliar de ensino na posição de autoridade sobre
algum Fae estudando em sua instituição de trabalho, está
proibido de se envolver em relações sexuais com seus alunos sob
pena de prisão e acusação.

Limpei as lágrimas dos meus olhos antes que caíssem,


descobrindo que não tinha forças para me levantar. Tudo doía.
E as Sombras continuaram me chamando, me implorando para
mergulhar nelas, para tirar algum alívio dessa dor. Mas eu as
recusei novamente e novamente. Precisava dessa agonia
ardente, dessa raiva. Porque iria virar isso contra Seth.
Tinha pulado as aulas o dia todo de novo, incapaz de
suportar enfrentar o mundo. Ainda não tinha meu Atlas, então
não pude verificar o FaeBook, mas poderia ter adivinhado que
já estava coberto de notícias agora. Os rumores sobre mim e
Orion seriam abundantes. A história desproporcional milhares
de vezes. Talvez a razão de eu não ter saído deste quarto ainda
fosse porque no segundo que saísse, tudo seria real.
A culpa me consumiu por atacar Tory. Não queria dizer as
coisas que disse. Bem, certamente não da maneira que falei.
Mas só queria o melhor para ela e me machucou que ela jogou
fora qualquer chance de amor quando desafiou as estrelas.
Teria dado qualquer coisa para que as estrelas escolhessem a
mim e a Lance como companheiros Elysian. Mas não era para
ser. As estrelas estavam rindo de nós o tempo todo. E talvez
Tory estivesse certa, afinal. O destino era uma merda. O fato de
que as estrelas nos ofereceriam algo tão doce apenas para
arrancá-lo novamente me deixava enjoada.
Mas eu não terminei de lutar por nós ainda. Precisava
falar com Orion. Tinha que encontrar uma maneira de ligar
para ele. Saber que ele estava bem. Planejar uma saída juntos.
Pressionei minhas mãos em meus olhos, desejando afastar
as lágrimas que ameaçavam começar a cair novamente.
Eram quase sete horas e todos estariam indo para o
Howling Meadow para a aula de Combate Elemental. Sairia
desta sala e enfrentaria meus demônios. Um em particular, na
verdade. Seth Capella. Foi isso que me deu forças para sair do
chão.
Fui até o espelho, enxugando os olhos e usando um feitiço
de vaidade para esconder a bagunça manchada a que meu
rosto estava reduzido. Eu usava uma blusa cor de mocha e
calças de ioga combinando. E decidi não me preocupar com um
suéter enquanto caminhava até a janela e a abri, planejando
voar. Pulei para frente na brisa fria e minhas asas explodiram
das minhas costas em um inferno de fogo, parecendo queimar
mais quente com minha raiva enquanto eu varria a Aer Tower e
me dirigia para as árvores, meus olhos caindo em todos os
alunos reunidos abaixo no campo.
Fixei meu olhar nas pedras no meio e mergulhei em
direção a elas, caindo do céu como uma flecha disparada de
um arco. As pessoas começaram a apontar quando me viram e
cerrei minha mandíbula, ignorando-as com determinação
quando pousei na frente de Seth, nem mesmo tropeçando em
um único passo. Todos os quatro Herdeiros estavam sem
camisa e cobertos por uma poeira de sujeira como se já
tivessem lutado na lama.
“Darcy,” Tory disse surpresa, uma nota de esperança em
sua voz enquanto ela corria para o meu lado. “Você está bem?”
“Não,” respondi com sinceridade, uma multidão se
reunindo ao nosso redor enquanto eu enfrentava os Herdeiros.
“Pelo olho da tempestade em Júpiter,” Geraldine
murmurou. “Talvez devêssemos dar um passeio na floresta,
Darcy? Todos nós poderíamos ter uma conversa coração para
coração.”
“Estou bem aqui,” falei com firmeza, dando um passo em
direção a Seth e suas sobrancelhas franzidas. “É isso?” Exigi
enquanto um silêncio caiu sobre a classe. Até mesmo Washer
se aproximou para assistir, aparentemente não planejando
direcionar ninguém para longe de mim. “Você não vai dizer
nada? Você não vai torcer, rir e se parabenizar por ser um
menino tão esperto?”
Darius chutou para longe da pedra mais próxima,
franzindo a testa. “Seth?” Ele perguntou, como se não tivesse
ocorrido a ele que seu amado amigo seria o único a jogar Orion
para os lobos. Mas quem melhor para fazer isso do que o
próprio Alfa da matilha?
“Você acha que eu disse ao FIB?” Seth hesitou e
murmúrios irromperam na multidão enquanto a notícia de que
ele sabia sobre mim e Orion passava de orelha a orelha.
Soltei uma risada amarga. “Eu sei que você disse. Quem
mais faria isso? Minha irmã não teria feito isso e Darius é o
melhor amigo de Lance. Então, quem sobra, hein? Apenas um
Lobo sem coração com uma vingança triste contra mim que ele
não pode cumprir como um homem. Como um Fae,” cuspi,
levantando minhas mãos em preparação para lutar contra ele.
O queria em sua bunda, mas mais do que isso, queria a
verdade. Queria que toda a escola soubesse que esse pedaço de
merda me prejudicou. E que eu iria destruí-lo por isso.
“Por que eu vingaria de você?” Seth perguntou
inocentemente e Max e Caleb recuaram alguns passos,
sentindo a luta que iria começar.
“Talvez você devesse parar de jogar a culpa por aí, Darcy,”
a voz de Kylie me cortou e virei minha cabeça em sua direção,
minhas asas lançando-a em um brilho laranja enquanto
queimavam mais quente. “Você é aquela que abre as pernas
por notas. Talvez você deva apontar o dedo para si mesma.”
Mostrei meus dentes, dando um passo em sua direção e
ela recuou para suas amigas com um olhar de medo em seus
olhos. O que quer que eu parecesse agora, deve ter sido o
suficiente para causar medo em seu coração. Mas ela não era
por quem eu vim aqui.
Virei-me para Seth e Tory me deu um aceno de
encorajamento. Ela sabia que eu precisava disso. Se não
tivesse que ser Fae em Fae, não tinha dúvidas de que ela
bateria em seu traseiro ao meu lado. Mas essa era a minha
luta. E eu iria ganhar mesmo que isso me custasse cada gota
de magia que tinha para dar.
“Não fui eu,” Seth baixou a voz para que só eu pudesse
ouvir, aproximando-se e pegando meu braço.
Puxei para longe dele, horrorizada que ele considerasse me
tocar. Mentir para mim. Depois de tudo, ele não poderia
simplesmente admitir que foi quem fez com que Orion fosse
preso? Que foi ele quem cavou minha carne com garras afiadas
e arrancou meu coração?
“Tudo bem, você quer lutar?” Ele ergueu as mãos
enquanto o vento se torcia entre seus dedos. “Então não se
contenha.”
Deixei minhas asas caírem, em seguida, joguei minhas
mãos, forçando uma enorme onda de magia nelas e liberando
um tornado nele que o lançou pelo ar. A multidão recuou
quando a tempestade o jogou no chão com um golpe forte, mas
ele se levantou novamente em segundos, jogando o punho na
terra com um sorriso malicioso no rosto.
Meu coração batia forte contra meus ouvidos quando o
chão se dividiu em dois e comecei a correr em direção a ele,
tentando diminuir a distância entre nós antes que se partisse
completamente. Um rosnado selvagem saiu da minha garganta
quando a terra caiu em um enorme abismo abaixo de mim.
Joguei minhas mãos para cima, lançando almofadas de ar para
me pegar, pulando de uma para a outra enquanto corria
através do espaço nos dividindo com a adrenalina correndo em
minhas veias.
Seu cabelo comprido chicoteava ao redor dele com a brisa
e seus olhos estavam fixos em mim de uma forma que estava
incitando, faminto. Desprezei aquele olhar. Como ele queria
isso. Faria com que ele se arrependesse de cada segundo desse
pensamento. Ele estaria sangrando e implorando quando
terminasse.
Quando havia apenas um metro nos separando e o enorme
abismo ecoou abaixo de mim, pulei no ar com um grito de
determinação, lançando lâminas de gelo em minhas palmas
enquanto caía em sua direção.
Uma trepadeira enrolou em volta do meu tornozelo antes
de eu conseguir e fui puxada para dentro da cova, caindo e
caindo, um grito estrangulado preso na minha garganta antes
de minhas costas colidirem com a terra. Eu estava seis metros
abaixo do solo e olhando para Seth enquanto ele estava na
beira do abismo, um sorriso torto no rosto.
“Foda-se!” Chorei, enviando as lâminas de gelo de minhas
mãos em direção a ele com outra onda de raiva quebrando em
meu peito.
Eles se estilhaçaram ao colidir com seu escudo de ar, mas
ele ficou distraído por tempo suficiente para que eu voltasse a
ficar de pé, fazendo com que o ar o golpeasse por trás, então ele
foi jogado de cabeça para dentro do poço comigo. Meu coração
disparou, mas ele se controlou antes de atingir o solo,
pousando levemente em pé.
Mergulhei nele com a força de um furacão nas minhas
costas, atacando-o com a ferocidade de um animal raivoso.
Ele atingiu o chão e o montei com a vitória cantando em
meus ouvidos, agarrando sua garganta e jogando o punho em
seu rosto. Um escudo de ar o cobriu e xinguei quando meus
nós dos dedos impactaram com ele, mas não desisti. Continuei
batendo meus punhos nele, cobrindo-os em chamas enquanto
lutava para quebrar o escudo e eles começaram a sangrar. Ele
riu descontroladamente, ficando arrogante, mas foi quando o
escudo rachou e meu punho bateu em sua bochecha, enviando
sua cabeça para o lado.
“Porra,” ele engasgou, em seguida, me jogou de cima dele
com força total, rolando e me prendendo na lama com a
planície dura de seu peito, suas mãos agarrando meus pulsos e
os mantendo parados.
“Por que você fez isso?!” Exigi, lutando para libertar
minhas mãos enquanto procurava em seus olhos por uma
rachadura em sua fachada. Essa mentira de merda que ele
estava me alimentando. E por quê? Que diferença isso fazia
agora?
“Eu não fiz isso,” ele rosnou, ficando cara a cara comigo,
sem piscar nem uma vez para que tudo que pudesse ver fossem
as profundezas de seus olhos castanhos terrosos. “Guardei seu
segredo. Nunca contei a ninguém. Nunca planejei contar.”
Incentivei o fogo a florescer em meus braços, onde ele me
segurou e ele me soltou com um gemido canino, balançando-se
para sentar-se sobre meus quadris. Lancei uma videira do
chão, prendendo-a ao redor de sua garganta e puxando-o para
trás para que sua coluna atingisse a terra mais uma vez. Eu
estava de pé em segundos, segurando minha mão acima dele
enquanto apertava a videira impiedosamente, minha respiração
acelerada enquanto ele sofria embaixo de mim.
As Sombras se agitaram sob minha carne, incitando-me,
sussurrando coisas terríveis, mortais e atraentes nas quais
queria me inclinar naquele momento.
Então o chão engoliu Seth inteiro e ele desapareceu na
lama, fazendo meus lábios se abrirem enquanto eu o caçava.
A sujeira de repente caiu sobre mim em uma inundação
tremenda e engasguei, olhando para cima enquanto Seth
estava no topo do poço, coberto de lama e lançando terra
enquanto tentava me enterrar viva. Ele deve ter feito um túnel
na terra até o topo. Idiota!
O peso da terra me desacelerou enquanto pressionava
minhas coxas, mas eu ainda não estava derrotada. Arranhei
meu caminho para fora, então levantei uma mão no ar e usei o
vento para me arrastar para fora. Atirei em direção ao céu,
meus olhos fixos em Seth enquanto corria em direção a ele. Ele
saltou para trás um momento antes que meus pés tocassem o
chão e colidi com o escudo de ar que o rodeava. Ele sorriu
aquele sorriso horrível que transformou meu sangue em gelo e
um grunhido saiu dos meus lábios.
“Vá em frente, Sethy! Coloque a puta de professor no lugar
dela!” Kylie gritou e seus amiguinhos começaram a rir.
Joguei tudo que tinha no escudo de Seth, lanças de
madeira, uma chuva de cacos de gelo, uma tempestade de ar,
mas não cedeu.
“Orion teve pena de você, Darcy?” A voz de Marguerite
chamou, deixando minhas bochechas em chamas. “Ele deixou
chupar o pau dele, deixando você passar por Cardinal Magic
para que ninguém visse o quanto é uma perdedora?”
Tory acenou com a mão para ela e Marguerite foi jogada ao
chão com uma rajada de ar, seu rosto se espatifando na terra.
“Woops, cuidado Marguerite,” Tory sorriu.
Pisquei para tentar reorientar, despejando mais magia no
escudo de Seth enquanto continuava a explodi-lo com tudo o
que tinha.
Ele deu um passo para trás, me observando em silêncio
enquanto eu seguia em frente com cada feitiço que lancei.
Ocorreu-me que ele não poderia lutar. Ele estava usando toda
a sua magia para manter o escudo no lugar. Então, se eu
pudesse quebrá-lo...
A exaustão estava corroendo meus músculos, fazendo
tudo parecer pesado, mas a adrenalina me mantinha em
movimento. E percebi que Tory e meus amigos estavam
torcendo por mim, gritando e batendo palmas nas laterais. Meu
coração levantou ligeiramente com o som e concentrei minha
mente, tentando descobrir como iria quebrar suas defesas.
A resposta veio para mim claramente. Incêndio. Era o mais
violento dos Elementos. E vivia em meu núcleo como uma fatia
derretida do sol.
Lancei dois látegos de fogo em minhas mãos que eram tão
cegamente quentes quanto minha raiva. Sabia que estava
correndo para as últimas reservas de minha magia, então tinha
que fazer essa contagem. Empunhei os dois enormes chicotes
com raiva percorrendo cada centímetro da minha carne, em
seguida, trouxe-os para baixo no escudo de Seth com
maldições derramando de meus lábios com o esforço que
custou.
Senti a mais amarga e aguda de todas as emoções, ódio,
malícia, raiva, mágoa, tudo emaranhado como se tivesse
engolido uma centena de objetos pontiagudos e os tomado com
cianeto.
A expressão de Seth não estava mais incitando, suas
feições estavam contorcidas em concentração e esforço
enquanto ele lutava para manter o escudo no lugar. Bati nele
de novo e de novo, meus braços doendo, o suor escorrendo pela
minha espinha enquanto eu dava tudo o que tinha. Fiz isso por
Orion, eu e Tory e até mesmo Darius. Fiz isso para irritar as
estrelas e eliminar meu inimigo, que fez de sua missão pessoal
me arruinar no momento em que entrei nesta escola.
Com um enorme chicote final, estilhaçante, seu escudo
cedeu e o fogo envolveu seus membros, levantando-o e fazendo
queimaduras enormes em seu peito nu. Eu o derrubei em um
piscar de olhos, meu movimento final decidido enquanto eu
derramava o resto da minha magia no gelo, deixando-o
envolver cada parte de seu corpo até o pescoço, prendendo-o
em uma câmara de congelamento até que ele não pudesse
mover um único músculo, exceto sua língua. O suficiente para
me dar a minha vitória.
“Renda-se,” exigi, o mundo ficando quieto ao meu redor
enquanto eu estava sobre ele, ofegante, espancada,
machucada. Mas triunfante.
Seth mordeu a língua, sem dizer nada, e deixei o gelo se
transformar em um colar de facas em volta de sua garganta.
“Renda-se,” eu sibilei, as Sombras sussurrando em meus
ouvidos, me dizendo para acabar com isso. Elas queriam que
seu sangue derramasse e parte de mim também. Elas se
agarraram a essa escuridão em mim e adicionaram lenha a ela,
persuadindo-a até que se tornasse um incêndio que eu não
poderia ignorar.
“Renda-se, seu idiota!” Darius latiu e Seth gemeu.
“Eu me rendo,” ele bufou e meus amigos enlouqueceram,
mergulhando em mim e me puxando para seus braços. Mas eu
não conseguia parar de olhar para Seth enquanto derretia o
gelo de seu corpo e ele se levantava. Foi bom vencê-lo. Mas não
era o suficiente. Não trouxe Orion de volta. Não consertou
nada.
Levantei minha cabeça para encontrar a escola inteira
olhando para mim, alguns com admiração, alguns com horror.
Agarrei a mão de Tory, puxando-a para fora da multidão e
dando a ela um olhar que implorava para ela vir comigo. Ela
acenou com a cabeça imediatamente, tirando sua camisa para
que ela ficasse em seu top e decolamos para o céu sem olhar
para trás.
Voamos pela Floresta das Lamentações e avistei King's
Hollow à distância, o telhado da casa da árvore me chamando.
Os Herdeiros não iriam para lá até que a lição terminasse e as
proteções ao redor mantivessem a privacidade dos Fae mais
fracos, então conduzi Tory dessa forma até que pousamos no
topo do telhado de madeira inclinado e nos sentamos com o
canto dos pássaros noturnos enchendo o ar ao redor nós.
Abaixei minha cabeça em minhas mãos e tentei respirar,
mas não conseguia.
“Isso foi incrível, Darcy,” ela disse, descansando a mão nas
minhas costas enquanto me escondia atrás de uma cachoeira
de cabelo azul.
“Por que não me sinto melhor?” Perguntei entre os dentes.
Meu coração estava se afogando em um tanque de ácido.
Minhas esperanças e sonhos há muito se derreteram nele
também. E quando pensei em Orion, a dor disso me deixou
doente de novo.
“Porque espancar Seth não o traz de volta,” ela disse
gentilmente e eu assenti, colocando a mão em meu cabelo e
puxando para tentar me forçar a sentir qualquer coisa, exceto a
dor em meu peito.
“Ele não pode ir para a prisão.” Olhei-a com os olhos
lacrimejantes, desespero envolvendo meu tom. “Ele não pode.
Ele... eu...”
Ela me puxou para seus braços e a segurei, agarrando-me
à outra metade de mim. Minha irmã gêmea, a noite para o meu
dia. Ela também estava com dor e, de alguma forma, em seus
braços, parecia um pouco mais leve. Como se ela estivesse
carregando algumas das minhas e eu estivesse carregando
algumas das dela.
“Nós vamos descobrir,” ela prometeu e assenti contra seu
ombro, tentando encontrar um pedaço de possibilidade para
me agarrar. Mas tudo parecia tão sombrio.
O silêncio se estendeu enquanto nós apenas nos
agarramos uma à outra e o céu se transformou em anoitecer,
depois em escuridão total, e as estrelas brilharam
impiedosamente abaixo de nós.
“Falei com Darius hoje,” Tory quebrou o silêncio
finalmente e me afastei dela com meus lábios abertos.
“Eu não quis dizer o que eu disse, estava fora de mim...”
soltei, a culpa crescendo dentro de mim.
“Não, você estava certa,” ela me interrompeu, balançando
a cabeça com firmeza. “Eu precisava ouvir isso. E você é a
única de quem poderia ter ouvido.”
Dei a ela um tipo de sorriso triste. “O que aconteceu?”
“Eu disse a ele a verdade. Como me sinto e toda essa
merda. E ele... disse que me ama,” ela falou sob sua respiração
e as lágrimas picaram meus olhos por um motivo totalmente
diferente.
“Isso é ótimo, Tor,” falei sinceramente, embora soubesse
que não poderia mudar nada agora. Não, a menos que
encontrássemos uma maneira de consertar isso. E jurei por
tudo neste mundo, que eu encontraria. Peguei sua mão e
caímos de costas no telhado sem que uma palavra se passasse
entre nós, olhando para o céu cruel.
“Você acha que as estrelas nos odeiam?” Sussurrei como
se elas pudessem me ouvir, meus olhos automaticamente
buscando o cinturão de Orion e me perguntando se onde quer
que ele estivesse, poderia até mesmo ver as estrelas esta noite.
Ou se ele estava trancado no escuro como algum criminoso,
algum pagão.
“Talvez,” Tory respirou.
“Talvez elas sejam as almas de todos os fae rancorosos que
vieram antes de nós, teimosamente agarrando-se ao céu em vez
de passar além do véu. Talvez eles queiram punir o mundo
pelas vidas miseráveis que deixaram para trás.”
“Espero que não,” Tory disse, seus dedos apertando os
meus. “Mas se forem, então ainda podemos desafiá-las. Elas
não nos controlam.”
Queria que isso fosse verdade para o bem dela, de Orion.
Mas uma parte quieta de mim sabia que não era verdade. Em
um mundo onde o zodíaco governava nossas vidas, nossos
caminhos eram apenas um jogo de dados. E uma vez que os
dados caíam, nosso destino era gravado em pedra. Só esperava
que nossos dados ainda estivessem rolando. E ainda havia
uma chance para todos nós.
Tinha muitas coisas que meu pai me ensinou que eu gostaria de
poder limpar do meu cérebro, mas em algumas, tinha que admitir que ele
estava certo. Embora eu não apreciasse seus métodos para me educar
sobre.
No meu oitavo aniversário, mamãe estava dando uma de
suas grandes festas para comemorar e metade do maldito reino
foi convidado, muito poucos dos quais tinham realmente a
minha idade. Como o mais jovem dos Herdeiros, os outros
estavam me provocando porque meu aniversário era o que
menos importava e cometi o erro de murmurar reclamações
sobre todo o caso ao alcance da voz de meu pai.
Mesmo assim, realmente deveria ter pensado melhor, mas
poderia admitir que ter nascido para ser um dos homens mais
poderosos do reino tinha me tornado um pirralho às vezes. Ele
se moveu para ficar sobre mim, sua forma corpulenta
bloqueando a luz do sol enquanto me sentava fazendo beicinho
pela marquise e me lançando na sombra enquanto ele zombava
de mim. A chave para ser o homem mais importante na sala é
saber que isso é verdadeiro até a essência de sua alma, Darius.
Ele enfatizou seu ponto de vista me fazendo escolher um
dos servos ao acaso e eu escolhi um Fae chamado Osmond que
era quatro vezes maior do que eu e tinha sido empregado para
cuidar dos jardins em nossa Mansão por toda a minha vida.
Ele era um homem de quem gostava, que jogava bola com
Xavier e comigo de vez em quando, se nosso pai estivesse fora
para trabalhar. Ele era gentil e tinha muitos amigos e eu era
jovem e estúpido e não sabia que quem quer que eu escolhesse
estaria em algo ruim.
Meu pai o chamou para dentro de casa e o levou para a
sala de música, onde o espaço aberto foi construído com uma
acústica perfeita.
Aos oito anos eu era um garoto grande, meu sangue de
Dragão aparecia desde então, mas eu ainda tinha o tamanho
da maioria dos garotos de treze anos.
Meu pai me envolveu em uma bolha silenciadora com ele e
explicou o quão mais importante era minha vida do que
qualquer outro Fae vivo. Ele me disse que isso significava que
poderia pegar qualquer um deles e fazer o que diabos eu
quisesse para provar esse ponto e eles me agradeceriam por
meus esforços enquanto beijavam meus pés.
Ainda estava pasmo com meu pai na época, ingênuo o
suficiente para acreditar em sua palavra e agir de acordo com
suas ordens ansiosamente enquanto tentava ganhar sua
aprovação, mas era a primeira vez que hesitei em seguir o que
ele queria.
Ele me bateu com tanta força que fiquei ensurdecido em
meu ouvido esquerdo e o sangue cobriu minha língua enquanto
caí contra a parede.
Você não tem ilusões de que eu sou o homem mais
importante na sala agora, não é, Darius? Então vá e mostre
àquele Fae o quão importante você é.
Levantei meu queixo e caminhei para a sala de música
onde Osmond estava esperando. Ele me ofereceu um tipo de
sorriso estranho e triste que eu não conseguia entender na
época, mas percebi agora que havia algo entre a aceitação e a
pena.
Na minha voz mais fria, ordenei que ele se ajoelhasse
diante de mim porque ele era muito alto para eu atacar
efetivamente enquanto estava de pé.
O primeiro golpe do meu punho contra sua mandíbula fez
com que a dor subisse pelo meu braço e uma pontada de medo
no meu peito. Olhei de volta para meu pai, onde ele estava
olhando preguiçosamente da porta e ele levantou uma
sobrancelha para mim como se perguntasse se isso era tudo
que tinha.
O próximo soco que dei foi mais forte e mais forte
novamente. Continuei batendo em Osmond até que ele caiu no
chão diante de mim e meus dedos estavam rachados e
sangrando, então comecei a chutá-lo. Meus músculos
queimavam com força e aquela incrível sensação de poder
enquanto ele recebia cada golpe que dei nele apenas por causa
de quem eu era.
Quando fiquei sem fôlego e salpicado de sangue,
finalmente fiquei imóvel e olhei-o em triunfo, embora a culpa
também me envolvesse. Meu pai se aproximou lentamente,
seus sapatos polidos ecoando no piso de madeira enquanto ele
se aproximava de mim e de minha vítima.
Você quer pagar ao homem por ajudá-lo a aprender esta
lição, Darius? Ele perguntou, puxando uma cunha grossa de
auras de seu bolso. Eu podia ver centenas de notas de aura
suficientes para saber que havia bem mais de dez mil ali. Mas a
expressão nos olhos do pai dizia que aquele era outro teste
também.
Estendi a mão com cuidado e peguei uma única aura de
sua mão, deixando-a cair sobre Osmond com desdém e o
sorriso que meu pai me deu em troca era todo de monstro. Ele
ficou emocionado.
Ele curou minha orelha, mas deixou meus dedos partidos
e ensanguentados para a festa, para me mostrar que eu
poderia fazer qualquer coisa que quisesse e ninguém ousaria
me questionar. Porque eu era mais importante do que eles.
Ninguém além dos outros Herdeiros perguntou por que
meus punhos estavam quebrados e meu pai comprou-me mais
presentes do que qualquer criança poderia precisar, incluindo
minha primeira motocicleta e uma Faerarri. E por muito tempo
tive orgulho desse ato.
Osmond não levantava a cabeça na minha presença até
hoje e agora, quando olhei para trás naquela lição, sabia que a
pior parte de tudo era o valor que eu atribuíra à sua vida. Uma
única aura. De alguma forma, era pior do que se eu não tivesse
oferecido nada a ele.
Era uma lição que eu gostaria de ter aprendido de
qualquer outra forma, mas foi valiosa do mesmo jeito. Daquele
dia em diante, meu pai reforçou meu complexo de
superioridade, ensinando-me a menosprezar e ignorar outros
Fae tão facilmente quanto respirar. E podia não ser uma bela
lição para aprender, mas havia alguma verdade nisso. Em
quase todas as situações que enfrentei, eu era o homem mais
importante na sala. E não tive nenhum problema em lembrar
isso aos outros Fae.
Caminhei pelo corredor cinza no prédio do Escritório de
Investigação Fae no centro de Tucana com o Sr. Kipling
mantendo três passos atrás de mim, onde eu não tinha que
olhar para seu rosto sombrio. Ele era o melhor advogado que
eu conhecia, mais do que capaz de lidar com todo e qualquer
pequeno problema que surgisse em meu caminho. De
perseguidores persistentes que queria fora do meu pé, a
encobrir qualquer assassinato acidental que eu possa ter que
lidar. Felizmente aquele último não tinha sido um problema
para mim ainda, mas se algum dia fosse, sabia para quem
ligar. Ele era um Grifo, inteligente como um chicote e um dos
três irmãos que dirigiam um império legal baseado em
consertar tudo e qualquer coisa que um Fae pudesse precisar.
E o melhor de tudo, eles não eram afiliados a meu pai. Dante
Oscura me apresentou a eles anos atrás e se eles eram bons o
suficiente para manter metade da gangue do infame Clã
Oscura fora da prisão, então eu estava mais que confiante que
eles seriam capazes de ajudar Lance também.
Atravessamos a sala de espera onde outros Fae estavam
sentados na esperança de conseguir um horário e eu os ignorei
completamente.
Vários policiais uniformizados olharam para mim em
choque enquanto eu caminhava direto por um conjunto de
portas de segurança e três deles realmente tentaram ficar no
meu caminho. Eu os empurrei para o lado com uma rajada de
magia da Água e os envolvi contra a parede de gelo para uma
boa medida, sem nem mesmo diminuir meu passo. Cada um
deles era bem treinado e mais do que capaz de revidar, mas
não o fizeram. Porque eu era Darius Acrux, o homem mais
importante na porra da sala.
Kipling respirava pesadamente atrás de mim, o que foi o
suficiente para que eu soubesse que estava adorando esse jogo
de poder. Ele era um homem de poucas palavras, não perdia
tempo com nada que não achasse necessário, mas com o
passar dos anos, aprendi a ler seus sinais sutis. E eu estava
bastante confiante de que ele gostava de mim. Ele era o irmão
mais velho de três filhos e com quem eu mais lidava. Com
meus problemas constantes com a imprensa, admiradores,
perseguidores diretos e assim por diante, conversávamos com
bastante regularidade. Ele tinha apenas vinte e tantos anos,
mas algo nele o fazia parecer muito mais velho, como se sua
alma tivesse visto e feito tantas coisas que perdera todo o
brilho da juventude muito jovem. Ele era alto e forte, com um
queixo quadrado e olhos frios e calculistas. Na verdade, os três
irmãos eram todos tão parecidos que era difícil distingui-los de
uma fila, mas este era o líder. Apenas.
Continuei indo até chegar à porta do oficial comandante e
abri-la sem bater. O agente Hoskins se pôs de pé com algo
semelhante a um rosnado no rosto. Ele era um grande
bastardo, uma Manticora com uma reputação que mantinha os
criminosos de Solaria mijando nas calças durante o sono. Mas
eu não estava com medo dele.
“Guarde isso,” respondi antes que ele pudesse tentar me
repreender. “Estou aqui para uma reunião com Lance Orion.
Trouxe o advogado dele e sugiro que você não me deixe
esperando se gosta deste trabalho.”
Hoskins se inflou enquanto seus músculos se tencionavam
desafiadoramente. “Lorde Acrux, eu...”
“Lorde Acrux não está aqui e eu lhe asseguro, sou muito
menos receptivo a besteiras do que ele,” rosnei, meus olhos
mudando para fendas de Dragão enquanto eu espreitava em
direção a ele e usava cada centímetro da minha altura e
volume para intimidá-lo. Ele podia ser grande, mas nenhum
filho da puta poderia rivalizar com um Dragão Acrux em massa
muscular. “Você vai buscar Lance Orion agora, ou vai se ver
com um problema danado nas mãos.”
O chefe do FIB engoliu em seco enquanto sustentava meu
olhar por cinco longos segundos, enquanto o peso do meu
poder pairava sobre a sala com tanta força que fez os cabelos
arrepiarem ao longo da minha nuca. Ele finalmente baixou os
olhos para algum lugar ao redor do meu peito e inclinou a
cabeça para mostrar submissão.
“Vou mandar levá-lo a uma sala de entrevista. Se você
puder apenas esperar...”
“Agora,” rosnei e ele empalideceu apenas o suficiente para
me deixar saber que ele estava com medo de mim. Bom. Ele
deveria estar com medo.
Hoskins ergueu um telefone em sua mesa e rapidamente
discou para que alguns outros agentes trouxessem Lance para
se encontrar comigo.
“Se você puder apenas esperar o Agente Bravas vir e
escoltá-lo para...”
“Você irá me acompanhar,” retruquei antes de virar as
costas para ele da maneira mais insultuosa que pude e
caminhar de volta para o corredor.
Kipling estava escondendo a ponta de um sorriso
enquanto me seguia para fora da sala e todos os agentes além
da porta estavam tentando ao máximo não apontar e olhar
fixamente enquanto seu chefe corria ao meu redor para liderar
o caminho como uma vadia chicoteada. Sem dúvida, todos eles
sofreriam sua raiva uma vez que eu fosse embora, mas por
agora, tinha suas bolas firmemente seguras na palma da
minha mão.
Nós descemos corredores longos e cinzentos e através de
portas trancadas antes de eu avistar Lance caminhando em
minha direção, conduzido por um grupo de seis agentes.
Eles o conduziram por uma porta antes que pudesse fazer
mais do que encontrar seus olhos e entrei um momento depois
para encontrá-lo sentado em uma sala vazia com uma mesa e
três cadeiras colocadas para nós. Suas mãos estavam presas
em algemas de bloqueio mágicas que um dos agentes estava
prestes a acorrentar a um parafuso no centro da mesa de
metal.
Joguei uma bola de fogo no agente, atingindo suas mãos e
fazendo-o soltar a corrente com um grito de dor antes que
pudesse travá-la no lugar.
Todos os outros agentes na sala cambalearam para sacar
as armas de seus coldres e rosnei alto o suficiente para fazê-los
se cagar.
“Se qualquer um de vocês apontar uma arma para mim,
ficarei feliz em cozinhar suas bundas em Fogo de Dragão por
traição e mijar em seus ossos em chamas para uma boa
medida.”
Bocas se abriram, armas foram abaixadas, olhares largos e
aterrorizados foram direcionados a mim de todos os lados e
rosnei novamente para fazer meu ponto.
“Deem o fora,” rebati e todos eles correram para fazer isso,
sem nem mesmo esperar que Hoskins autorizasse.
“O sigilo advogado-cliente afirma que esta conversa
permanece privada e não pode ser espionada,” disse Kipling em
uma voz curta ao se virar para Hoskins na porta e puxar um
pequeno dispositivo cilíndrico do bolso. Ele o pressionou contra
a parede e ergueu uma sobrancelha solitária. “Você tem três
câmeras escondidas e um feitiço de amplificação lançado nesta
sala.” Ele deslizou o dispositivo de volta em seu bolso com um
olhar calculista. “É uma infração grave. Quando foi a última
vez que você recebeu comida, Sr. Orion?” Ele acrescentou sem
olhar para Lance.
“Eles me deram uma fatia de pão noite passada,” ele
grunhiu.
“Três refeições regulares por dia, uma cela limpa, um
banho e roupas limpas são requisitos obrigatórios para
qualquer Fae encarcerados em uma cela enquanto aguardam a
acusação. Esta não é a Penitenciária de Darkmore, Agente
Hoskins, o Sr. Orion tem direitos como Fae que devem ser
respeitados. Inocente até que se prove culpado.”
“Vou buscar uma refeição adequada e uma muda de roupa
para ele voltar à cela,” Hoskins resmungou com relutância.
“Ele exigirá um colchão adequado e limpo, cobertores
quentes, acesso constante a instalações sanitárias e água o
tempo todo. Irei verificar se ele está com todas essas coisas,”
disse Kipling em um tom neutro enquanto se virava para
colocar a pasta na mesa.
“Considere feito,” Hoskins grunhiu.
“Ah, sim,” concordou Kipling. Ele puxou seu curofile e eu
não pude deixar de observar o objeto mágico com fascínio
enquanto ele abria a pasta branca e erguia uma página recém-
pintada do topo dela antes de pressionar o dedo na base do
papel e impregná-lo com sua assinatura mágica.
Kipling cruzou a sala para ficar diante de Hoskins e
estendeu a página para ele. “Agente Hoskins, você foi autuado
em nome do FIB por não ter prestado o devido cuidado e
conforto a um suspeito sob sua responsabilidade e por tentar
espionar conversas legalmente protegidas entre mim e meu
cliente. Te vejo no tribunal.”
Hoskins ficou boquiaberto com o documento legal em suas
mãos e Kipling fechou a porta na cara dele.
Trocamos um sorriso sombrio quando ele começou a
proteger a sala de qualquer trabalho de espionagem mágico
com uma série de feitiços complexos e, em vez disso, desviei
meu olhar para Lance.
Joguei meus braços em volta dele e ele grunhiu enquanto
se inclinava para o meu abraço, incapaz de me abraçar de volta
devido às suas mãos algemadas. Meu coração saltou e bateu
forte de alívio quando a dor em meu peito diminuiu por tê-lo
tão perto.
Ele parecia uma merda e cheirava como se não tivesse
tomado banho. Seu cabelo estava uma bagunça, ele estava
vestindo as roupas com as quais foi preso e havia bolsas
enormes sob seus olhos.
“Como você está?” Perguntei a ele enquanto o puxava para
perto, passando minhas mãos por suas costas.
“Como está a Blue?” Ele perguntou em troca.
“Fodidamente furiosa,” respondi. “Ela deu uma surra em
Seth na frente de toda a escola. Ele tem uivado a porra da noite
e o dia desde então.”
Uma risada impiedosa escapou dele. “Essa é minha
garota.”
“Perguntei abertamente se ele fez isso,” acrescentei,
porque ele teria sorte de estar vivo se eu acreditasse que sim.
“Mas ele jurou que não. Eu sei que você não tem uma opinião
elevada sobre ele, mas Seth é meu irmão assim como você.
Acredito nele.”
Lance zombou e se empurrou para fora dos meus braços,
caindo na cadeira ao seu lado da mesa e tentei não deixar a dor
daquela rejeição aparecer.
“Quem mais então?” Ele rosnou. “Quem mais sabia?”
“Ainda não recebi o nome da testemunha,” disse Kipling
formalmente enquanto terminava sua magia e se sentava em
frente a Lance.
Eu cedi e sentei também, cruzando os braços para me
impedir de socar algo sobre a porra da injustiça da situação.
Não sabia quem mais poderia ser, mas quem quer que fosse,
havia se tornado um inimigo meu.
“Assim que você descobrir, vou matá-lo,” prometi.
“Um assassinato completo de caráter ocorrerá, é claro,”
Kipling acenou com a cabeça como se eu quisesse dizer isso em
vez do derramamento de sangue, mas todos nós sabíamos que
não. “Nesse ínterim, meus irmãos e eu passamos as últimas
dezessete horas assistindo ao vídeo. Foi uma fita de seis horas,
então demorou um pouco, mas durante esse tempo
conseguimos catalogar individualmente cada violação da lei e
como iremos lutar contra seu uso neste caso.”
“Você assistiu horas da minha garota e eu fazendo sexo?”
Lance rosnou protetoramente e parecia muito perto de pular da
cadeira e estrangular Kipling só por tê-lo visto.
“Se isso te apaziguar, talvez queira saber que meus irmãos
e eu temos gostos sexuais muito específicos e nem você nem a
senhorita Vega os satisfazem, portanto, posso garantir que o
trabalho não foi de forma alguma gratificante. Prefiro homens
na casa dos cinquenta anos ou mais com muito mais pelos no
corpo do que você. Meu irmão do meio só gosta de sexo com
objetos inanimados e meu irmão mais novo gosta de mulheres
Medusa em sua forma alterada.”
“Oh,” Lance disse, lançando um olhar para mim que dizia
que ele estava meio aliviado e meio assustado com isso. Eu
gostava de saber tudo sobre as pessoas que empregava, então
já sabia de tudo isso de qualquer maneira, mas a maneira
simples como Kipling discutia isso era definitivamente esquisita
pra caralho.
“Então, como eu estava dizendo. Você tem pleno uso de
mim e de meus dois irmãos enquanto durar o seu caso. Ambos
estão escutando agora e me transmitindo ideias.”
“Você está no telefone com eles?” Lance perguntou com
uma carranca enquanto procurava um fone de ouvido e quase
sorri.
“Não. Passamos por um... procedimento, há vários anos,
que conecta nossas psiques. Foi incomensuravelmente
doloroso, destruiu grande parte de nossa capacidade de sentir
empatia e removeu todas as formas de privacidade entre nós.
Mas torna nosso trabalho como uma unidade muito mais
coeso, por isso todos que concordamos que vale a pena o
sacrifício.”
“Além de quando seu irmão do meio começa a transar com
uma toranja ou algo assim e você irá participar do programa,
eu acho,” brinquei para aliviar a tensão na sala e Kipling
apenas deu de ombros.
“Ele tem se interessado mais por bolos decorados
recentemente, mas estamos saindo do assunto,” disse Kipling.
Houve uma batida de silêncio onde quase ri antes de
perceber que não era uma piada e Lance me olhou como se ele
estivesse se perguntando se esses caras eram realmente os
homens certos para o trabalho. Mas também sabia que eu só
conseguiria o melhor para ele, então não fez comentários.
“Então,” Kipling começou puxando outra folha de papel de
seu curofile. Ele me explicou a magia disso uma vez.
Basicamente, cada um de seus irmãos tinha um seu próprio e
qualquer documento que eles criassem era duplicado
magicamente nos outros arquivos, não importando a distância
um do outro. Portanto, enquanto esse Kipling estava listando
todas as infrações que o Agente Hoskins havia cometido contra
Lance, seus irmãos compilaram o arquivo e o enviaram para ele
usar. Era uma mágica perfeita e espetacular pra caralho.
“Podemos descartar a acusação de mordida sexual. Miss Vega é
a sua Fonte e isso era um fato bem conhecido. Não há regras
no contrato escolar que você assinou ou em qualquer outro
lugar que diga que você tem que mordê-la em um lugar
específico. Portanto, não importa se você mordeu os seios, a
parte interna das coxas e as nádegas. Isso será dispensado.”
Lance me lançou um olhar e pigarreou. “Ok. O que mais?”
“Nós temos, quatro contagens de coito completo, duas
contagens de cunilíngua, uma contagem de felação. Uma única
palmada que acho que podemos descartar como uma queda
acidental...”
“Foda-me, Lance, você não poderia ter feito apenas uma
rapidinha, não é?” Murmurei enquanto Kipling continuava e
Lance passou a mão pelo rosto com um gemido.
“Quatrocentos e três beijos...”
“Vocês contaram os beijos?” Lance empalideceu.
“Cento e dezesseis beijos nos lábios. Oitenta e quatro
beijos nos lábios com a língua. Trinta e sete para o seio
esquerdo, quarenta e cinco para a direita, oito para...”
“Pelas estrelas, isso é realmente necessário?” Lance
rosnou.
“Somos extremamente meticulosos em nosso trabalho.
Pode ser do seu interesse saber que o cunilíngua
provavelmente funcionará a seu favor se tivermos um júri
composto principalmente por mulheres. Elas tendem a ver isso
como um ato de abnegação e amor, em oposição ao trabalho de
um predador sexual. Infelizmente, a felação o prejudica um
pouco, mas dependendo dos padrões morais dos membros do
júri do sexo masculino, poderá haver equilíbrio. Especialmente
quando eles veem o quão disposta a Srta. Vega está na
filmagem...”
“Você não vai colocar aquela filmagem no tribunal!” Lance
gritou de repente, pondo-se de pé, batendo os punhos na mesa
e se afastando dela com raiva. “Eu não terei incontáveis idiotas
olhando-a assim. Prefiro apenas me declarar culpado e receber
minha punição!”
“Temo que a filmagem seja passada independentemente do
apelo,” disse Kipling calmamente, como se Lance não parecesse
a cinco segundos de rasgar sua garganta. Imaginei que ele
tinha muita experiência em trabalhar com gângsteres e
assassinos para ter aprendido a não recuar diante de tanta
raiva. “Como eu disse, o melhor que podemos esperar agora é
convencer o júri de que isso era amor, não abuso, e fazer com
que sejam tolerantes. Eu não vou mentir para você, porém, Sr.
Orion. A acusação irá retratá-lo como um predador sexual que
manipulou o caminho para a cama de uma das pessoas mais
importantes de Solaria. Eles vão tentar provar que você a
enganou e fez lavagem cerebral dela, a convenceu a acreditar
que te amava e a abrir as pernas para que pudesse usá-la para
reivindicar mais poder e colocar um peão no trono solariano.
Você perderá seu emprego, sem dúvida. Será envergonhado
pelo poder, eu garanto. O melhor que esperamos aqui é prisão
domiciliar e confinamento mágico por um longo período de
tempo. Acho que dez anos, mas lutarei por dois. E sempre
poderemos usar recursos para reduzi-lo, se eu não conseguir
esse resultado. Mas vou aceitar qualquer um desses resultados
porque o que a promotoria estará lutando com unhas e dentes
é uma pena de prisão. A máxima por causa de seus níveis de
poder e do fato de que a garota que você abusou é uma Vega.”
“Darkmore?” Orion ofegou, seu olhar deslizando para mim
novamente enquanto o medo crescia em meu peito.
Aquele lugar não era uma prisão. Era um inferno na Terra.
Uma colmeia subterrânea cheia dos piores criminosos de toda
Solaria e além, que foram enviados para apodrecer no escuro.
Eu até ouvi rumores de que eles mantinham um monstro
geneticamente modificado lá para garantir que os presos não
tivessem chance de escapar. E também não havia regras, nem
leis para proteger os presos. Apenas maneiras de controlá-los.
Menos da metade dos presos sobreviveu à pena completa para
serem libertados novamente. Faria tudo e qualquer coisa ao
meu alcance para garantir que Lance não acabasse ali.
“Nem pense nisso,” rosnei. “Você não vai para a prisão.”
“Darius,” Lance disse de repente, olhando para mim com
medo real em seus olhos. “Você tem que me jurar que vai
cuidar de Blue. Prometa-me que continuará ajudando-a com as
Sombras. Jure para mim que ela não será vítima de seu pai ou
de sua odiosa busca pelo poder!”
Movendo-me para agarrá-lo, segurando sua cabeça entre
as mãos enquanto ele me olhava com olhos selvagens. “Você
não vai para a prisão,” rosnei novamente.
“Prometa-me!” Ele gritou, me empurrando um passo para
trás enquanto rosnava para mim. “Ela é tudo o que importa
para mim! Preciso que você jure. Você vai protegê-la, ensiná-la,
consertar sua merda com Tory e fazer algo funcionar entre os
Herdeiros e as Vega para que possa derrubar Lionel e Clara.”
“Ok,” cedi ao desespero em seu tom. Ele precisava que eu
jurasse, mas me recusei a desistir. “Juro que cuidarei dela,
contanto que você jure fazer tudo que puder para se livrar
dessa bagunça.”
Olhei para Kipling como se ele tivesse todas as respostas e
Lance acenou com a cabeça enquanto aquele olhar vazio se
insinuou em seu olhar novamente.
Kipling pigarreou como se a explosão ainda não tivesse
acontecido. “Então vamos começar do início. Vou precisar de
todos os detalhes para entender.”
“Ok,” Lance murmurou enquanto afundava de volta em
sua cadeira e o segui enquanto pegava a minha também. “Vou
te dizer tudo o que você precisa saber.”

##

Voei de volta para o campus em minha forma de Dragão,


uma bolsa cheia com minhas roupas presa em minhas
mandíbulas quando o sol começava a se pôr e a luz laranja
fazia minhas escamas douradas brilharem.
Fiz um circuito pelo terreno e, ao passar pelo Lago Aqua,
uma explosão de fogo chamou minha atenção da costa.
Meu intestino despencou quando vi Caleb e Roxy sentados
juntos na praia pedregosa, mas quando Caleb jogou mais fogo
que ele transformou em palavras, um tipo completamente
diferente de arrepio percorreu meus membros.

2° round?

Circulei o lago e dobrei minhas asas enquanto voava para


me juntar a eles, diminuindo minha velocidade e caindo
pesadamente na margem atrás deles enquanto deixava cair
minha bolsa.
Roxy se levantou e se virou para olhar para mim, rindo de
algo que Caleb disse, mas eu não entendi. E isso era irritante
pra caralho.
Minha atenção girou entre eles enquanto eles riam juntos
e meu coração batia forte de uma forma desesperada. Ansiava
por ela me olhar assim, despreocupada e feliz, curtindo o
momento sem nenhum drama ou dor.
Mas quando ela se virou para olhar para mim novamente,
sua risada sumiu e ela mordeu o lábio nervosamente. Me
acalmei quando ela se aproximou, olhando-a enquanto
caminhava direto em minha direção, um Dragão que era maior
do que um ônibus, e me olhando como se fosse uma porra de
um gato doméstico. Não tinha falado com ela desde que disse
que a amava e realmente não sabia o que dizer. Mas tinha que
pensar que se Caleb tivesse sugerido que nós três repetíssemos
o que fizemos algumas semanas atrás, deve ter perguntado a
ela primeiro. E por mais que me doesse saber que não poderia
tê-la só para mim, se essa fosse a única maneira de tê-la, então
eu estava disposto a fazer o sacrifício. Porque acordo com
saudades e passo o dia pensando nela e cada vislumbre que
tenho, cada palavra que trocamos, não era o suficiente. Eu
precisava de mais.
Expirei lentamente e ela foi engolfada pela fumaça por um
momento, uma risada suave escapando dela pouco antes de
sua mão pousar no meu nariz escamoso.
“Definitivamente gosto mais de você assim,” ela brincou
enquanto me encostei e a deixei me acariciar, sua palma
correndo bem entre meus olhos. Perguntei-me se ela tinha
alguma ideia de como poucas pessoas chegaram tão perto de
mim na minha forma de Dragão.
“Porque ele não pode falar, certo?” Caleb brincou enquanto
se aproximava também, passando a mão por seus cachos loiros
rebeldes.
“Sim,” Roxy concordou e bufei fumaça em seu rosto
novamente. Sua outra mão balançou enquanto ela tossia
contra a fumaça e ela me deu um tapa de leve no focinho para
me repreender.
“Você acabou de dar um tapa na porra de um Dragão?”
Caleb perguntou, seus olhos brilhando enquanto ele olhava
para ela com um pouco de apreciação demais para o meu
gosto.
“É mais fácil acreditar que ele não é um monstro quando
suas presas estão à mostra,” Roxy disse, cotando-lhe um
sorriso brilhante que fez um rosnado retumbar em minha
garganta. Ela se virou para olhar para mim novamente e
praticamente suspirei enquanto ela passava as mãos nas
minhas escamas mais uma vez. “Quão fodido é isso?”
murmurou e se realmente fosse um gato doméstico, poderia
estar ronronando.
“Quase tão fodido quanto ter que ter um acompanhante
toda vez que você quiser sair com ele,” Caleb brincou e grunhi
novamente antes de voltar à minha forma Fae.
Roxy engasgou quando suas mãos pousaram no meu peito
em vez de no meu rosto e seu olhar caiu instantaneamente
para o meu pau.
“Você quer ficar aí parada olhando ou tirar uma foto para
olhar mais tarde?” Provoquei.
“Eu escolho a foto,” ela respondeu instantaneamente.
“Talvez você possa lubrificar tudo e me enviar uma?”
Caleb latiu uma risada e ofereceu-lhe um high five quando
ela retirou as mãos com um sorriso e deu um passo para trás.
11
“Não me tente, Roxy, se sexting está nas cartas, então
farei isso constantemente,” avisei enquanto pegava um par de
calças de moletom sobressalente da minha bolsa e as vestia.
Não queria colocar o maldito terno que usei para visitar Lance
novamente.
Abrindo-a a boca para responder, mas o chão começou a
tremer embaixo de nós quando ela o fez. “Por que isso está
acontecendo agora?” Ela perguntou enquanto dava um passo
para trás novamente para colocar mais distância entre nós.
Olhei para Cal em confusão. As estrelas nunca tiveram
problema conosco estarmos juntos, desde que não
estivéssemos sozinhos e ele estava mais perto de mim do que
Roxy. Então, qual era o problema delas? Ela só me tocou por
um momento.
Roxy continuou recuando até que ela estava bem na beira
da água e o chão tremendo finalmente começou a parar.
“Então... vamos dar uma olhada mais de perto nas estrelas
na câmara amplificadora?” Cal perguntou, seu olhar fixando-se
nas pernas nuas de Roxy sob seu short jeans por muito mais
tempo do que eu gostaria. Perguntei-me se ele estava saindo
com ela regularmente de novo ou se apenas me convidou para
me juntar a eles porque me viu voando através das nuvens
acima. A ideia disso fez meu coração disparar de uma forma
aterrorizante. Porque sugeri isso uma vez para os dois. Na
época em que a desesperança estava me consumindo e a culpa
pelo que havia acontecido entre nós estava me despedaçando
tanto que eu mal conseguia pensar. Eu disse a eles para serem
felizes juntos se isso fosse o que eles queriam, mesmo sabendo
que me destruiria se o fizessem enquanto sentia que eu
merecia ser destruído de qualquer maneira. Mas poderia
realmente lidar com isso? Poderia realmente enfrentar essa
realidade dia após dia?
Não. Tinha certeza de que isso me mataria.
Roxy parecia querer dizer algo, mas o chão começou a
tremer novamente e o estrondo de um trovão me fez olhar para
o céu.
Respirei fundo quando avistei as constelações Gêmeos,
Leão e Touro iluminadas fortemente acima de nós, apesar do
fato de que o sol ainda não tinha se posto.
“Merda,” Cal murmurou. “Elas descobriram.”
Olhei para Roxy assim que uma lágrima escorregou de
seus olhos, seu olhar me pegando como se houvesse algo que
ela queria dizer. Mas o que quer que seja, ela o abandonou
quando o próximo tremor balançou o chão aos nossos pés e ela
de repente mudou para sua forma completa de Fênix.
Meus olhos se arregalaram enquanto seu corpo inteiro
estava coberto por chamas, lindas asas queimando em seu
corpo antes que ela decolasse tão rápido que o borrão de seu
movimento ficou impresso na parte de trás das minhas
pálpebras.
Observei enquanto ela voava para longe de mim com mais
dor no meu coração do que sentia que poderia suportar quando
o chão tremendo finalmente parou.
Caí na margem, escondendo meu rosto em minhas mãos
enquanto rosnava de frustração pela perda de algo que nunca
tive.
Um momento depois, Cal sentou-se ao meu lado com um
suspiro pesado, jogando o braço em volta de mim enquanto
descansava a cabeça no meu ombro.
“Sinto muito, cara,” murmurou. “Tive medo que elas
descobrissem da primeira vez. Foi por isso que fiz todo o
esforço para manter em segredo, escondendo sua magia com as
pulseiras, até mesmo com a venda...”
“A venda foi quente pra caralho,” murmurei. Não acho que
já tenha ficado duro tão rápido em toda a minha vida como
quando ele a apresentou para mim toda embrulhada daquele
jeito e esperando. Com as mãos amarradas atrás das costas, os
olhos vendados, ela parecia totalmente vulnerável e totalmente
corruptível, mas tão durona quanto gozava ao mesmo tempo.
“Lamento que esteja fodido agora, no entanto,” disse ele.
Suspirei pesadamente. “Estava fodido de qualquer
maneira. Mesmo que pudéssemos fazer com que funcionasse a
longo prazo com você na mistura, como isso seria justo? Nós
lutarmos para estarmos juntos quando as estrelas fizeram o
mundo inteiro lutar contra nós. E puxando você para essa
merda também, envolvê-lo conosco e seja lá o que diabos
estejamos fazendo...”
“Não foi exatamente uma dificuldade,” disse ele com um
encolher de ombros, mas havia uma rispidez em sua voz que
dizia que não era bem a verdade.
Eu me afastei dele, virando-me para encará-lo para poder
olhar em seus olhos azul marinho e me preparei para fazer
uma pergunta que não tinha certeza se queria uma resposta.
“Precisamos falar sobre Roxy,” falei lentamente.
“Você quer dizer Tory,” Caleb disse com um sorriso
malicioso. “Você sabe que ela odeia quando você a chama de
Roxy, certo?”
“Não. Ela não odeia, fica sob sua pele, mas é exatamente
onde eu gosto de estar. Além disso, você está errado, o nome
dela é Roxanya Vega e ela nasceu para ser uma Princesa
Solariana. Chamá-la de Tory é apenas uma muleta para se
permitir esquecer isso.”
Caleb bufou uma risada. “Teria problemas para esquecer
esse fato.”
“Você está evitando o problema,” murmurei.
“Eu sei.” Ele segurou meu olhar e bufei, odiando a
irritação que estava sentindo por ele. Ele era meu irmão, o
mínimo que podia fazer era falar honestamente com ele.
“Então, parte do motivo pelo qual você queria se envolver
era porque a queria também?” Perguntei.
Cal franziu a testa, começou a sacudir a cabeça, parou,
olhou para o céu e suspirou profundamente.
“Eu... não, realmente não a quero para mim. Agora não,”
ele disse lentamente. “Houve um tempo em que eu costumava
sonhar acordado com isso. Eu e ela sendo algo... diferente. Eu
não sei. Ela me mantém na ponta dos pés, me faz rir e o sexo
era foda...” Rosnei para ele e Cal sorriu quando deu de ombros.
“Você já esteve lá, cara, você sabe exatamente como é o sexo
com ela.”
“É provável que essa conversa termine com a sua morte,”
murmurei enquanto tentava controlar minha raiva e ciúme e
apenas compreender o fato de que eu deveria ter ido atrás dela
quando a vi pela primeira vez, em vez de esperar e deixar a
situação chegar onde chegou e depois perdê-la.
Cal bufou uma risada como se eu estivesse brincando,
embora estivesse bastante claro que não e ele passou a mão
pelos cachos novamente. Era apenas uma daquelas coisas que
ele fazia sem pensar, mas tinha visto o jeito que as garotas o
olhavam quando ele fazia isso e com esse assunto específico da
conversa, realmente me irritava pra caralho.
“Então, por que estamos tendo isso?” Ele perguntou.
“Porque...” Ele me esperou e me forcei a continuar. Ele era
meu irmão e precisávamos esclarecer o assunto sobre o
assunto, mesmo que nenhum de nós gostasse do resultado. “A
pior coisa de ser Star Crossed não é saber que nunca terei
amor ou felicidade em minha vida assim. É sobre saber que ela
não terá também. Então, acho que o que estou perguntando é,
se eu não estivesse na foto, se ela não tivesse anéis pretos nos
olhos... seriam você e ela?”
Caleb respirou fundo quando olhou para mim e poderia
dizer que ele estava realmente considerando sua resposta antes
de dar.
“Eu e Tory,” ele começou lentamente. “Foi divertido, como
uma diversão louca. Ela nunca simplesmente caiu aos meus
pés como a maioria das garotas que estão tão desesperadas
para conquistar um Herdeiro que esquecem sua dignidade.
Nunca poderia dizer se receberia um sim ou um não dela e
então, quando ela começou a me deixar caçá-la, isso despertou
essa parte feroz de mim que eu nem sabia que estava
perdendo. Rimos juntos e temos uma química que torna tudo
tão quente e ela realmente não sabe quando parar de apertar
meus botões, porra, e isso era muito libertador.”
Mordi minha língua com cada pensamento raivoso,
amargo, ciumento que doía para sair dos meus lábios e esperei
que ele terminasse enquanto meu coração batia forte com essa
dor surda que eu temia me consumir inteiramente se
conseguisse.
“Mas também foi... meio que um trabalho árduo,” ele
disse, me oferecendo um sorriso. “Ela literalmente nunca me
mandou uma mensagem ou me ligou, exceto em resposta ao
fato de eu ter feito isso primeiro. Ela se recusou a se encontrar
comigo nove vezes para cada vez que dizia sim. Quando fomos
para a Feira de Fadas, tivemos um momento brilhante pra
caralho, mas tive que trabalhar duro pra descobrir o que ela
gostaria de fazer e então quando eu a levei naquele encontro...”
Ele gemeu e jogou a cabeça para trás enquanto eu ria da
memória também.
“Não acredito que você fodeu tanto,” falei.
“Não posso acreditar que você nunca saiu com ela,” ele
atirou de volta e suspirei. “Sério, você tinha todo aquele
encontro perfeito planejado, não pode me dizer que nunca
ocorreu a você.”
“Apenas de uma forma meio fantasiosa,” admiti. “Estava
ciente de todos os motivos que ela tinha para me recusar e
decidi que não valia a pena perguntar.”
Caleb me deu um olhar que realmente só poderia ser
descrito como pena e estreitei meus olhos para ele.
“De qualquer forma,” ele disse. “Voltando ao meu ponto. Se
eu for totalmente honesto, não, não acho que eu e ela
poderíamos ter ficado juntos a longo prazo. Gosto de sair com
ela do jeito que gosto de sair com vocês. Ela é ótima para rir e
pode me jogar debaixo da mesa, me irritando quase
constantemente, seu sangue tem gosto de êxtase. Também
consegui sexo.”
“Isso soa como a garota perfeita,” murmurei.
“Talvez se fosse fácil, mas... acho que sempre fui apenas
um pau amigo. Enquanto ela realmente estava de olho em
você.” Ele sorriu para mim de uma forma que não continha
nenhuma raiva, apenas aceitação. “E pelo menos agora eu sei o
porquê.”
“Portanto, não há uma parte de você que pensa ou espera
que agora que eu e ela não possamos...”
“Não,” ele me cortou. “Não quero que isso soe duro, mas
não quero ser seu prêmio de consolação. E não quero que você
tenha que desistir dela também...”
“Não quero falar sobre essa ideia maluca que você e os
outros têm sobre nós desafiarmos as estrelas,” rosnei.
“Por que não?” Ele exigiu, recusando-se a me deixar
desviar do assunto. “Você parece querer lutar por ela, quer
provar que é mais do que o monstro que ela pensava que você
era. Qual é o sentido disso se não acredita que há esperança
para vocês?”
“Porque é isso que o amor é,” falei em voz baixa, passando
meu dedo sobre um pedaço de pele nua no meu antebraço
direito, pensativo. “É dar tudo sem esperar nada em troca. É
sacrificar seu coração e felicidade por outra pessoa e é
reconhecer todos os seus erros e tentar corrigi-los. Não porque
você espera receber algo em troca. Mas porque a pessoa que
você ama precisa saber como você se sente.”
Levantei-me com a intenção de sair, mas Caleb se levantou
também, pegando meu braço antes mesmo que eu desse um
passo para longe.
“Ela não merece ter amor, então?” Ele perguntou. “Ela não
merece acordar todos os dias nos braços de quem a ama? Ter
risos e felicidade e cem bebês Dragões de merda, se isso é o
que ela quer?”
“Ela merece, mas...”
“Mas nada,” ele retrucou. “É por isso que todos nós
estamos trabalhando tão duro para descobrir uma maneira de
contornar isso para vocês. Porque acreditamos que os dois
merecem. Portanto, pare de se vender por pouco. Pare de
vendê-la. E decida aqui e agora que irá lutar por sua garota.
Realmente lutar por ela e não apenas cumprir essa missão
idiota de consertar todos os seus erros. Prove para ela que a
merece e, em seguida, suba para a porra do céu e arranque as
estrelas, caso elas ainda não concordem.”
A ferocidade em seus olhos fez meu coração bater mais
forte enquanto suas palavras acendiam uma dor em mim que
era tão tentadora que eu nem queria tentar resistir.
“Você quer que eu lute contra a vontade das estrelas por
ela?” Perguntei, embora por alguma razão insana isso não soou
tão assustador quanto deveria. Aterrorizante não era lutar, era
aceitar essa porra de inferno como nosso destino. Era ceder e
deixar as estrelas e meu pai e alguma versão fodida do destino
escolherem minha vida por mim.
“Não é isso que você quer?”
Minha língua parecia chumbo na boca, minhas palmas
escorregadias e meu coração disparado enquanto pensava
nisso. Queria lutar com cada maldita fibra do meu ser para que
Roxy Vega fosse minha?
“Sim, é.”
Acordei cedo. Não que tivesse dormido. O mundo era uma bagunça
retorcida que não me permitia mais dormir. Depois de tudo que passei,
tudo pelo que trabalhei, minha vida desmoronou no espaço de trinta
segundos. E estava levando tudo o que tinha apenas para me manter
firme.
Agarrei meu cabelo enquanto andava para frente e para
trás na cela de seis por seis de barras de aço solar, meus
pulsos ainda algemados para conter minha magia. Eles me
deixaram ter alguns minutos todos os dias em uma sala vazia
projetada para conter meu poder para que pudesse usar minha
magia e não ficar doente. Mas eu estava doente. Doente de
ansiedade. E estive acordado a noite toda tentando descobrir
uma maneira de sair dessa. Mas ainda não tinha nada.
Eu me deixei cair no banco na parte de trás da cela,
ignorando o agente que estava sentado em sua mesa do outro
lado do amplo espaço, seus pés empoleirados nela enquanto
assistia a um show de comédia em seu Atlas, dando risadas
que estava corroendo meu crânio.
Descansei meus cotovelos em meus joelhos e coloquei
minha cabeça em minhas mãos enquanto tentava me
concentrar, tentando bloquear a risada incessante e a
gargalhada que veio do agente em resposta.
Hoje, em menos de duas horas, estarei entrando no
Tribunal de Solaria para enfrentar o julgamento do povo. E eu
não estava pronto, porra. Mesmo depois de tudo que conversei
com Kipling, nada do que ele sugeriu consertava esse show de
merda. Nada do que eu dissesse no depoimento o faria ir
embora. Já estava decidido, só não sabia o quão ruim seria
minha punição.
Evitei que minha mente virasse para Blue, apesar do fato
de que ela me possuía, persuadindo aos meus pensamentos
para irem para ela novamente e novamente. Mas assim que a
deixei entrar, a culpa pesou tanto no meu coração que caí no
abismo da miséria. Fui descuidado o suficiente para deixar isso
acontecer e agora ela seria ridicularizada por minha causa. E o
pior de tudo, era a possibilidade que estava me cortando,
rasgando, e infinitamente me agonizando de que nunca iria
segurá-la em meus braços novamente.
Chutei para fora do banco, compassando mais uma vez,
tentando expulsar tudo para que pudesse chegar a uma
solução. Darius podia ter me contratado um advogado de
primeira linha, mas não faria diferença no longo prazo. Ele
pode até conseguir a redução da sentença que prometeu, mas
eu não dava a mínima para isso. Eu me preocupava com Blue e
o que isso faria com ela. Ficaria presa à essa reputação para
sempre, arrastando seu nome na lama, danificando,
possivelmente e irrevogavelmente, suas chances de tomar o
trono. Os jornais diriam mentiras, eles a fariam parecer que ela
estava trapaceando nas minhas aulas, eles a envergonhariam
até que ninguém tivesse fé nela. Eles provavelmente já
começaram.
Minha respiração ficou rasa e achei difícil respirar
enquanto continuava a trabalhar para frente e para trás, para
frente e para trás.
“Você pararia essa porra de caminhada?” O agente atirou
em mim, limpando as migalhas de seu grande estômago do
enorme biscoito que ele acabara de comer. Ele tinha um saco
de papel deles em sua mesa, que aparentemente contava como
o café da manhã daquele idiota.
Rosnei para ele, mas minhas presas não saíram. Estive
sob a influência de gás supressor de Ordem desde que cheguei.
“Você é como um maldito animal,” ele murmurou para si
mesmo.
“Desculpe interferir com sua fodida manhã agradável,
idiota. É apenas o resto da minha vida que vai ser pesado na
balança esta manhã. Nada importante,” cuspi.
Ele se sentou ereto em sua cadeira, seu rosto se
transformando em preocupação enquanto ele se virava para
sua sacola de biscoitos e olhava dentro dela como se
procurasse por algo. “Oh, desculpe, cara,” ele anunciou de
repente, caindo de volta em sua cadeira. “Estou totalmente sem
nenhuma foda para dar. Então sente-se e cale a boca.”
Apertei minha mandíbula, meu olhar se estreitando em
sua garganta. Recebi sangue pela porra de um canudo duas
vezes desde que me colocaram aqui. E se isso não era a coisa
mais degradante sobre tudo isso, então eu não sabia o que era.
Pensei em tudo que Gabriel tinha me dito quando ele veio
me visitar alguns dias atrás. A Visão deu a ele uma centena de
caminhos e ele não conseguia ver claramente nenhuma saída
para mim. Mas ele disse que se eu estivesse no 'estado de
espírito certo', seria capaz de salvar Blue. Simplesmente não
sabia o que isso significava. E agora eu estava nas horas finais
e não tinha nenhum plano. Nenhuma porra de ideia do que iria
fazer.
Depois de uma hora, fui levado para o chuveiro para me
lavar e logo estava vestido com o terno cinza escuro que Darius
tinha me fornecido. Kipling havia sugerido isso.
Aparentemente, cinza era menos arrogante do que azul e preto
apenas marcava você como culpado antes mesmo do júri
começar. Senti cheiro de besteira, mas tanto faz. Iria aproveitar
qualquer vantagem que pudesse obter neste ponto. Um terno
não ia me salvar do juiz, no entanto. E também não iria salvar
Blue.
Depois de me vestir, fui levado a uma sala de
interrogatório e franzi a testa para o bastardo segurando meu
braço, sentindo três outros agentes seguindo
ameaçadoramente atrás de mim. “O que estou fazendo aqui?”
Ele me empurrou para baixo em uma cadeira à mesa,
acorrentando meus pulsos a ela pelas algemas restritivas de
magia. “Você tem uma visita,” disse ele, em seguida, saiu da
sala.
Mudei minhas mãos, fazendo as correntes tilintarem. O nó
em volta da minha garganta parecia desconfortavelmente como
um laço e fiquei tentado a afrouxá-lo. A porta se abriu e
Francesca entrou com seu macacão escuro FIB, o cabelo
trançado firmemente em um nó que lhe deu uma aparência
mais severa do que o normal.
Em tudo isso, eu nem havia considerado o que ela pensava
de mim. Tinha sido uma boa amiga durante meus anos no
Zodiac, mas de repente percebi que ela mal conhecia o cara que
me tornei desde então. Quão pouco de mim realmente
compartilhei com ela depois que Clara se perdeu nas Sombras.
E agora ela provavelmente pensava que não me conhecia.
“Lance,” ela falou sob sua respiração, a palavra contendo
tanto desapontamento amargo que minha mandíbula travou
em resposta. “Como você pode ser tão estúpido?”
Seu tom era suave, mas podia ver uma guerra de emoção
em seus olhos quando ela se sentou na cadeira à minha frente.
“Você não vai dizer nada em sua defesa?” Ela empurrou,
suas bochechas corando enquanto seu temperamento
aumentava.
“Acho que direi o suficiente no tribunal,” falei secamente.
“Pelo amor das estrelas!” Ela bateu com o punho na mesa
enquanto as lágrimas brotavam de seus olhos. “Uma
estudante, Lance, realmente? E não qualquer estudante, uma
Princesa Vega.”
Os músculos da minha mandíbula trabalharam mais forte
enquanto a raiva se acumulava como água contra uma represa
em meu peito. “As coisas nem sempre são tão pretas e brancas
quanto parecem, Francesca,” rosnei, um aviso em meu tom.
Não queria discutir isso com ela agora. Eu seria cortado,
meu coração arrancado e colocado na balança em menos de
uma hora. Não precisava do julgamento com antecedência.
“Então que tal esclarecer as coisas para mim, hein? É por
isso que a trouxe na corrida da Ninfa? Porque ela estava em
sua cama quando liguei?” Seu lábio superior se puxou para
trás e um rosnado retumbou perigosamente em meu peito.
“Vou me explicar no tribunal,” falei uniformemente,
tentando conter a raiva derramando de mim. Ela sempre foi
uma boa amiga, mas se ela não podia me apoiar nisso, não
conseguia ver como iríamos superar e manter a amizade.
“Explique-se agora,” ela exigiu. “Nós... nós. Pensei que
nós...”
“O quê?” Rosnei e ela desviou o olhar de mim com os
lábios franzidos.
“Sempre pensei que seríamos nós, Lance. Sempre nos
divertimos muito juntos.”
“Era só isso. Você sabia disso desde o início,” rosnei,
furioso por estarmos tendo essa conversa agora.
“Por favor, me diga que não a ama.” Ela se levantou de seu
assento, seu olhar mortal e sondando.
“Eu não vou te dizer isso,” sibilei e ela balançou a cabeça
para mim.
“Não descarte toda a sua vida por ela,” ela disse em um
tom baixo. “Diga ao tribunal que ela o manipulou. Chantageou.
Seja inteligente, Lance. Você não poderá ficar com ela de
qualquer maneira.”
Eu estava fora da minha cadeira em um segundo. “Dê o
fora.” Rugi quando seus olhos se arregalaram em alarme. “Dê o
fora, porra!” Apontei para a porta, puxando minha mão até a
extensão de sua corrente e as lágrimas correram pelo seu rosto
enquanto ela se apressava para sair, a porta se fechando atrás
dela um segundo depois.
Foda-se ela. Ela não tinha ideia. Nenhuma pista.
A porta se abriu novamente e o guarda que mastigava
biscoitos voltou, destravando as correntes e me puxando para o
corredor com um grupo de agentes, antes de me guiar na
direção oposta às celas e através de um conjunto de portas de
segurança. Fui levado para a rua, onde uma van blindada
preta me esperava. Meu coração bateu mais rápido quando fui
rebocado para a parte de trás dela e meus tornozelos foram
acorrentados ao banco em que me sentei.
“Espere, vou viajar com meu cliente,” apareceu o Sr.
Kipling, subindo na parte de trás da van e acomodando-se à
minha frente, colocando sua pasta ao lado dele.
As portas se fecharam e a luz sombria da manhã filtrou-se
pela janela atrás dele.
“Você está pronto, Sr. Orion?” Ele perguntou, tirando o pó
dos joelhos enquanto se sentava diante de mim, sua postura
ereta.
“Sim,” falei, uma aceitação sombria caindo sobre mim.
“Explique-me o plano,” ele solicitou e suspirei.
“Vou contar a verdade ao tribunal. Que isso não foi
premeditado. Que nos apaixonamos. Que acreditamos que
poderíamos ser Companheiros Elysian e que as estrelas têm
nos guiado juntos.”
“Bom, e como você vai responder às perguntas da
promotoria?”
“Emocionalmente,” cerrei.
“Não com raiva,” ele apontou. “Você precisa se apresentar
como a vítima do amor. Das estrelas.”
“Eu sei,” rosnei, esfregando meus olhos.
“Não temos espaço para erros hoje, Sr. Orion. Você
realmente deve acertar. Isso significará a diferença entre prisão
domiciliar e uma temporada em Darkmore.”
Mordi o interior da minha bochecha, acenando com a
cabeça roboticamente enquanto ele continuava a repassar os
detalhes. Quando terminou, a van diminuiu a velocidade até
parar como se ele tivesse programado seu discurso para
coincidir com a duração exata da viagem. Mas pela maneira
estranha como ele se comportava, não ficaria surpreso se ele
tivesse.
Kipling pôs-se de pé, endireitando a gravata. “Se você
seguir minhas instruções ao pé da letra, tudo correrá
perfeitamente. E depois que você for libertado da prisão
domiciliar, em dois anos se eu ganhar a decisão. Podemos
começar a negociar os termos para o senhor ser devolvido à
sociedade. Ao todo, você provavelmente só estará vivendo uns
seis anos como um pária, a partir do momento que será
envergonhado pelo poder.” A porta se abriu e ele saiu da van,
deixando-me com o coração descamando como serragem no
peito.
Seis anos.
Eu estaria com trinta e dois. Blue já teria se formado há
muito tempo. Ela teria se afastado de mim. De nós. Ela
provavelmente ficaria ressentida comigo depois de um tempo.
Seu maior erro. Isso poderia foder com tudo pelo que ela
trabalhou tão duro. Eu seria apenas a mancha escura em sua
história. O nome que todos mencionavam toda vez que ela dava
uma entrevista coletiva, a discrepância que nunca iria embora.
Ficaria pendurado em sua garganta como a porra de uma
âncora até o fim dos tempos.
Um agente do FIB entrou na van para me destravar do
banco, puxando meu braço para me levar para fora, onde fui
cercado por mais cinco deles. Os fotógrafos começaram a
gritar, o flash cegante das câmeras me fazendo apertar os olhos
enquanto era guiado em direção a um conjunto colossal de
degraus imponentes que levavam a um edifício ainda mais
imponente.
Não conseguia ouvir as perguntas que a imprensa estava
gritando para mim, não conseguia ouvir nada além de um
barulho monótono em meus ouvidos enquanto meu destino se
fechava ao meu redor.
Pela primeira vez, pude ver meu futuro com mais clareza
do que nunca. Havia apenas um caminho que eu poderia
seguir agora. Podia muito bem já ter pisado nele. E quando
cheguei às portas de prata em arco no topo da escada e elas
foram abertas como a boca de uma besta prestes a me engolir,
Dei o último suspiro de ar fresco e livre antes que meu destino
fosse selado dentro dessas paredes.
Estava muito quente na parte de trás do luxuoso carro com
motorista que Darius tinha organizado para nos levar ao tribunal. Ele se
sentou ao meu lado, as mãos cruzadas no colo enquanto nós dois
olhávamos pelas janelas opostas.
Meu coração batia de forma diferente do que costumava.
Desde que levaram Orion embora, era como se ele não
conseguisse acompanhar o ritmo da minha respiração, como se
estivesse lidando com muita dor para funcionar corretamente.
Uma lágrima caiu no vestido branco que eu usava. Darius
tinha se encontrado com os advogados Kipling durante toda a
semana e toda vez que ele voltava, ele tinha um novo conselho
para mim. E essa foi uma das dicas deles. Eu deveria parecer
inocente, apaixonada. Aparentemente, chorar era uma coisa
boa. Mas o único conselho verdadeiro que recebi para o
interrogatório foi dizer a verdade. Seja sincera, honesta e
certifique-se de que o mundo saiba que estamos apaixonados.
Que isso não era uma aventura ou um lance de notas, como
muitos dos meus colegas estavam felizes em acreditar.
Limpei a sujeira da saia do meu vestido, esfregando com
raiva quando a marca não desapareceu e Darius colocou a mão
no meu braço.
Olhei-o com um beliscão forte no peito. Eu não tive
permissão para trazer Tory. E parecia uma tarefa impossível
enfrentar este dia sem ela. Tinha que contar com Darius para
estar ao meu lado durante isso. E apesar de tudo o que
aconteceu entre nós e os Herdeiros, fiquei feliz por ele estar
aqui. Estava feliz por Orion ter ele em quem confiar também. E
estava confortada pelo fato de que Darius tinha feito tudo ao
seu alcance para dar a Orion a melhor chance possível em seu
julgamento.
Ele retraiu a mão, passando-a pelo cabelo com um suspiro
pesado. “Está pronta para isso?” Ele perguntou e fiz uma
careta, balançando minha cabeça.
“Acho que jamais estarei pronta para isso,” murmurei. “O
pior é que sempre soube que essa era uma possibilidade, mas
nunca levei a sério o suficiente. Deveria ter ficado longe dele.
Deveria ter...”
Darius se mexeu no assento, me puxando para baixo do
braço. Acalmei por um momento enquanto minha bochecha
pressionava em seu peito e seus braços se cruzaram em volta
de mim. Então passei meus braços em volta dele também e tirei
força de ter alguém com quem passar por isso. Mesmo que não
pudesse ser minha irmã. Darius amava Orion. Ele também
estava de coração partido com isso. Seu desespero pode ter
sido canalizado para trabalhar duro para ajudá-lo a conseguir
os advogados certos, a informação certa para lutar no tribunal,
mas por baixo de tudo, ele estava sofrendo como eu.
“Ele não merece isso,” engasguei. “É tudo culpa minha.”
Ele me segurou com mais força e o cheiro de fumaça
encheu o ar enquanto o Dragão nele subia à superfície. “Isso
não é sua culpa. Lance nunca falou de nenhuma garota do jeito
que fala de você. Era inevitável que vocês acabassem juntos.”
Eu me afastei quando ele me soltou, procurando a verdade
em seus olhos. “Você realmente acredita nisso?”
Ele acenou com a cabeça com firmeza, sua mandíbula
cerrada, sua mente tomada e uma polegada do meu coração foi
dada a ele naquele momento. Eu poderia dizer mil coisas ruins
sobre Darius Acrux, mas as melhores brilharam mais, pesando
mais, então elas eram tudo que poderia ver.
“Você tem sido um bom amigo,” falei. “Ele não poderia
pedir um melhor.”
As sobrancelhas de Darius se uniram. “Espero que seja o
suficiente.”
“Você não poderia ter feito mais.” Apertei seu braço de
forma tranquilizadora e ele pareceu aceitar isso.
O carro parou diante de um prédio enorme construído com
pedra branca fosca, erguendo-se em direção ao céu com a
bandeira de Solaria pendurada orgulhosamente em um mastro
acima da porta. A bandeira era preta com uma montanha
dourada na base, elevando-se até o sol, a lua e as doze
constelações do zodíaco acima. A imprensa estava reunida na
base da escada, além de um cordão de isolamento que os
impedia.
Molhei meus lábios, me perguntando o que o reino
pensaria de Darius e eu chegando juntos. Era uma
demonstração de solidariedade separada de qualquer rivalidade
que tivéssemos além do julgamento de Orion. E uma que eu
nem tinha considerado as implicações políticas antes. Descobri
que não me importava. E Darius claramente também não. O
motorista saiu, abrindo a porta para Darius e deslizei pelo
assento para segui-lo na calçada.
O barulho da imprensa era ensurdecedor, com câmeras
apontadas, e o barulho dos obturadores estalando em meus
ouvidos enquanto as perguntas eram feitas para nós.
Os guardas nos cercaram enquanto subíamos os degraus
lado a lado, meu coração se apertou em um punho quando
alcançamos as portas prateadas em arco e entramos. Um
grande átrio de mármore nos esperava, mas fomos levados por
ele antes que pudesse entender muitos detalhes, guiados
diretamente por outro conjunto de portas e minha respiração
ficou presa em meus pulmões.
A sala do tribunal era o lugar mais intimidante em que eu
já pisei, incluindo a sala do trono no Palácio das Almas. Mas
talvez isso fosse em parte porque todo o meu mundo estava
prestes a desmoronar aqui.
Caminhamos por corredores de bancos de pedra branca
que se estendiam de cada lado de nós, cheios de pessoas aqui
para assistir ao julgamento. À nossa frente havia uma enorme
parede de mármore que subia até a bancada do juiz e, do lado
direito dela, uma escada que se curvava até o banco das
testemunhas, o assento imponente esculpido na própria pedra.
À direita havia uma área elevada onde todos os doze membros
do júri esperavam. Homens e mulheres, velhos e jovens. Havia
mais algumas mulheres do que homens, mas meu olhar não se
demorou nelas enquanto se movia magneticamente para as
duas mesas altas e pretas em frente aos bancos.
Orion estava atrás do da esquerda com seu advogado. Só
conseguia ver a parte de trás de sua cabeça, seu queixo
encostado no peito. Quando me aproximei, ele se virou como se
pudesse me sentir lá e Darius agarrou a curva do meu cotovelo
como se esperasse que eu corresse para ele. E talvez tivesse
sido uma boa jogada porque cada fibra de mim queria.
Os olhos de Orion estavam vazios e sua boca era uma
linha afiada. Suas feições estavam tensas de preocupação e eu
queria desesperadamente abraçá-lo e dizer que tudo ficaria
bem. A vergonha de saber que eu seria a causa de qualquer
sentença que ele recebesse hoje era sufocante.
Minha garganta fechou enquanto Darius me guiava pelo
corredor até o banco da frente à direita e caí na pedra fria, a
posição me dando uma visão clara da cadeira do juiz à frente.
Era uma cadeira intimidante que parecia feita de ferro, o
brasão do Tribunal Solar estampado na parte de trás,
retratando um círculo de astrologia com os símbolos das doze
constelações dentro dele.
A promotora estava atrás da mesa de pedra preta à minha
direita, folheando suas anotações. Ela usava um permanente
ruivo e um terninho justo que abraçava sua figura ossuda, as
maçãs do rosto afiadas.
Havia um frio gelado na sala que se agarrou a cada
centímetro da minha pele. O único calor ao meu redor era o
calor constante e raivoso irradiando de Darius com cada
respiração que ele dava.
“Todos se levantem por sua honra, o juiz Darkice da
Suprema Corte,” um homem em vestes vermelhas reais falou
do canto da sala.
Levantei-me com o resto do tribunal quando o juiz
apareceu de uma porta preta atrás de seu assento, percebendo
que Darius não se mexeu para se levantar. As vestes do homem
também eram vermelhas, mas tinham bordados de ouro e um
brasão que o marcava como juiz. Ele se sentou na cadeira de
espaldar alto e pegou um martelo de prata, batendo-o contra o
bloco que faiscou com um flash de magia roxa. O barulho
tocou de forma limpa ao redor da sala, fazendo meu coração
disparar.
“O tribunal está em sessão agora,” anunciou Darkice. “Por
favor fiquem sentados.”
Todos sentaram, exceto Orion e os dois advogados,
permanecendo de pé.
Minha língua arranhou o céu da boca como uma lixa. Eu
precisava de água, precisava de ar.
“O julgamento de Lance Azriel Orion por infringir a lei
trezentos e três dos setecentos e oitenta e quatro atos da
educação irá começar agora. Réu, como você se defende?”
Uma batida de silêncio tenso passou que fez meu crânio
parecer que estava prestes a desmoronar.
“Inocente,” a voz de Orion encheu a sala e os jurados o
examinaram atentamente, alguns deles parecendo predadores
em busca de fraquezas, outros curiosos e o resto mantendo as
cartas perto do peito.
Fui atingida por uma explosão de alívio ao ouvi-lo dizer
essas palavras. Isso significava que ele iria lutar. E com o
melhor advogado de Darius ao seu lado, talvez... apenas talvez
ele tivesse uma chance.
“Eu agora peço que todas as evidências sejam
apresentadas ao júri,” Darkice instruiu. “Sra. Whitclaw, a
promotoria, por favor, apresente seu caso.”
A mulher com o permanente deu a volta em sua mesa,
caminhando até o júri e se virando para que pudesse ver seu
rosto. Ela parecia profissional, implacável. E eu só esperava
que ela não fosse tão boa em seu trabalho quanto sua
aparência sugeria.
“Posso voltar sua atenção, senhoras e senhores, para a
tela à sua direita,” ela falou com uma voz poderosa. Uma
parede que se projetava para dentro da sala ao lado dos
assentos do júri escondeu a tela da vista do público, e meu
coração se transformou em pó enquanto adivinhava o que eles
estavam prestes a assistir. “O vídeo de seis horas foi cortado
em quatro pontos de evidência admissíveis para este
julgamento,” explicou Whitclaw e tentei lutar contra o
constrangimento de que aqueles doze estranhos iriam assistir
aquela fita minha e de Orion nos arquivos, sem mencionar o
juiz e os dois advogados que já o devem ter visto. “E gostaria de
destacar alguns momentos-chave que considero de notável
importância.”
Ela acenou com a mão na tela e eu estava dolorosamente
grata que o resto da sala não podia ver, mas isso não nos
salvou dos meus gemidos enchendo a sala ou dos ruídos
ofegantes que nós dois estávamos fazendo. O clipe mostrou
cada comando que Orion me deu naquela noite e um rubor
queimou tão profundamente em minhas bochechas que eu não
achei que fosse embora. As pessoas estavam sussurrando em
algum lugar atrás de mim e meu olhar deslizou para Orion,
encontrando seu corpo rígido, suas mãos fechadas em punhos
apertados. O Sr. Kipling estava falando em seu ouvido e não
tinha dúvidas de que ele estava tentando mantê-lo calmo
enquanto Orion balançava a cabeça, seus olhos se fechando.
O clipe finalmente terminou e Whitclaw voltou-se para o
júri. “A partir dessa filmagem, fica bem claro que a relação
entre o Sr. Orion e a Srta. Vega era de dominante e submissa,
encaixando-se nos papéis de professor-aluno e sugerindo que o
relacionamento deles nunca evoluiu além dessa fantasia. Isso é
perfeitamente demonstrado pela frase que o Sr. Orion usa tão
claramente no primeiro segmento da filmagem, afirmando que
ele puniria a Srta. Vega se ela não fizesse o que ele disse.
Portanto, acho que está claro que essa relação não tinha
profundidade, nenhuma atração divina das estrelas e era
facilmente evitável.”
“Objeção,” cortou Kipling. “A Sra. Whitclaw não pode fazer
suposições sobre a atração divina das estrelas sem mais
evidências.”
“Sustentado,” concordou Darkice e soltei um suspiro
trêmulo. “Continue.”
A Sra. Whitclaw lançou um olhar cruel para Kipling antes
de passar para o próximo clipe. Sentei-me em cada um deles
com uma queimadura em meu cérebro, desejando poder
bloquear tudo enquanto minha pele ficava cada vez mais
quente. Ela usou tudo contra nós, fazendo nosso
relacionamento soar como nada mais do que um encontro sujo
que Orion tinha me manipulado, abusando de seu poder na
escola para me fazer submeter a ele.
Finalmente, Kipling tomou seu lugar e tive que ouvir os
quatro clipes inteiros de novo enquanto ele explicava tudo de
maneira totalmente oposta. Dizer ao júri que o fato de Orion ter
me dado cunilíngua (porra, Deus) duas vezes era um sinal de
sua afeição imorredoura e altruísta por mim, que a maneira
como eu o beijei, chorei seu nome e dei-lhe felação em troca
(por favor, me mate agora) mostrava minha devoção a ele, e
como dissemos um ao outro que nós amávamos provou que eu
não era apenas uma garota que tinha tirado proveito de seu
professor.
Quando tudo acabou, eu não sabia quem tinha feito o caso
mais forte. Ambos foram convincentes como o diabo, mas nem
os rostos dos jurados nem os do juiz revelaram nada.
Meus dedos estavam entrelaçados no meu colo, suados e
frios. Darius continuou a expelir calor continuamente
enquanto se sentava em silêncio, absorvendo tudo, sem dizer
nada, nunca desviando o olhar do júri como se estivesse
tentando decifrar seus pensamentos. Ou talvez ele estivesse
planejando caçar cada um deles se votassem contra Orion e
fazer todos eles pagarem por seu erro.
A Sra. Whitclaw moveu-se diante deles novamente e seus
olhos verde-maçã me encontraram no meio da multidão.
“Meritíssimo, chamo Gwendalina Vega, informalmente
conhecida como Darcy Vega, para o estande.”
Se estava ansiosa antes, não era nada em comparação a
isso. O calor se espalhou por toda parte, mas de alguma forma
nada aqueceu minha carne externa. Eu estava congelada e
escaldante e não conseguia encontrar forças para me mover.
Darius se levantou do final do corredor, seu olhar
encontrando o meu e encontrei forças para me levantar. Ele era
tudo que pude ver por um longo segundo e ele me deu um
aceno de cabeça firme de encorajamento, sua fé em mim era
revestida de ferro.
Passei por ele com incontáveis olhos perfurando minhas
costas enquanto caminhava em direção ao banco das
testemunhas. Parecia muito mais alto de perto e diminuí na
base dos degraus que levavam a ele enquanto um homem em
vestes vermelhas se movia na minha frente, segurando sua
palma na minha frente. Sabia o que fazer, Darius tinha me
dito, então coloquei minha palma em cima do meteorito
brilhante e polido em sua palma.
“Você jura por cada estrela no céu que dirá a verdade, toda
a verdade e nada além da verdade para não ser amaldiçoada
pelos próprios céus?”
“Eu juro,” falei, minha voz saindo surpreendentemente
forte. E talvez fosse porque eu queria isso. Precisava ter minha
voz ouvida. Queria convencer cada pessoa neste tribunal de
que o que Orion e eu tínhamos era amor, tão simples quanto
isso. E ele não merecia ser punido por algo que nunca
poderíamos ter previsto e muito menos ignorado.
“E você entende que se sua declaração for questionada
pelos procedimentos aqui hoje, por meio de evidências,
testemunhas ou de outra forma, seu honorável Juiz Darkice da
Suprema Corte tem o direito de submetê-la ao interrogatório de
Ciclope?”
“Entendo,” falei, minha garganta tão seca que doía.
Ele deu um passo para o lado e subi os degraus. Levantei
meu polegar para minha boca, chupando e jogando um pouco
de água na minha garganta para aliviar minha língua
ressecada.
Consegui me sentar, caindo e olhando para toda a quadra.
Meus olhos se voltaram para Orion e uma faca parecia cravar-
se no fundo do meu coração. Ele parecia desesperado e sem
esperança.
Tinha que fazer o que pudesse para consertar isso. Tinha
que consertar isso e fazer o juiz e o júri me ouvirem, realmente
ouvirem e acreditarem no que eu tinha a dizer.
A Sra. Whitclaw parou na minha frente, respirando
lentamente, como se estivesse medindo suas palavras antes de
falar. “Senhorita Vega, você é a Fonte do Sr. Orion, correto?”
“Sim,” concordei.
“Objeção,” gritou Kipling, fazendo meu coração disparar.
“O fato do Sr. Orion ter mordido a Srta. Vega não pode ser
usado como prova contra ele devido à sua Ordem.”
“O local das ditas mordidas, no entanto, representa o peso
neste julgamento,” Whitclaw disparou de volta, erguendo o
queixo.
Meu coração batia mais forte enquanto esperava o juiz
falar.
“Rejeitado, Sr. Kipling. A acusação pode prosseguir.” Ele
acenou com a cabeça para Whitclaw e ela mal escondeu o
sorriso presunçoso enquanto dava um passo em direção à
arquibancada.
Apesar de estar abaixo de mim, parecia terrivelmente como
se ela tivesse três metros de altura com uma faca na minha
garganta. “Qual parte do seu corpo você diria, Srta. Vega, que o
Sr. Orion a morde com mais frequência antes de se tornarem
íntimo um do outro?”
Engoli o enxame de abelhas que parecia estar se
acumulando na minha garganta enquanto respondia. “O
pescoço.”
Whitclaw se voltou para o júri como um gato com um rato
entre as patas. “Interessante, você não diria, que um Vampiro
morderia sua Fonte no pescoço mesmo depois que eles fossem
reivindicados? Um Vampiro geralmente morde o pescoço
durante uma luta ou... quando o desejo sexual está envolvido.”
“Objeção,” disse Kipling com firmeza.
“Sustentada,” disse o juiz Darkice, e arrepios percorreram
minha espinha. “Por favor, reformule sua pergunta, Sra.
Whitclaw.”
“Você concorda, Srta. Vega,” ela se virou para mim
novamente, mudando de tato. “Que existem vários lugares
muito menos sexuais no corpo que o Sr. Orion poderia ter
mordido você? Talvez você possa citar alguns, hein?”
Desprezei a maneira como ela estava falando comigo. A
maneira como ela estava tentando plantar respostas na minha
boca para alimentar seu caso. Mas não iria jogar o jogo dela.
“Acho que o pescoço é um lugar tão conveniente quanto
qualquer outro, Sra. Whitclaw,” falei com firmeza. “Em um
uniforme escolar, realmente sua única escolha seria meu
pescoço ou meus pulsos, a menos que você ache que seria
melhor ele se ajoelhar para morder meus tornozelos?”
“Claro que não,” ela disse, um brilho nos olhos como se ela
tivesse ganhado alguma coisa. “Mas é interessante que você
mencionou os pulsos.” Ela disse a palavra interessante como se
fosse uma ameaça. Esta mulher estava rapidamente se
tornando minha inimiga número um. E isso dizia muito,
considerando quantos eu tinha esses dias.
Ela se virou para o júri novamente, seus saltos altos
batendo no chão de mármore enquanto ela se aproximava
deles. “Pode-se argumentar que um Vampiro que trabalha com
educação estaria bastante acostumado a morder seus alunos.
Como tal, ele poderia facilmente manter uma distância
saudável entre ele e os ditos alunos, alimentando-se com o
pulso em vez da garganta.”
Alguns membros do júri concordaram com a cabeça e a
raiva ferveu quente e ácida em meu peito.
“Ele não me forçou se é isso que você está sugerindo,”
retruquei, me recusando a tirar meus olhos dela enquanto
sentia todos olhando para mim. “Queria Orion desde o
momento em que o vi. E esse desejo cresceu para gostar e esse
gostar cresceu para amar. Tentei lutar contra isso, mas me
senti atraída como ele se sentia por mim. Não podíamos nos
impedir,” falei apaixonadamente. Porque era verdade, e não era
certo que tivesse que defendê-lo, mas eu o faria. Até meu
último suspiro, o faria. “Estamos apaixonados. Este não é um
caso sujo ou uma oferta de boas notas. Eu o amo e ele me ama
também. É simples assim.”
Virei-me para Orion e ele sorriu de uma forma que partiu
meu coração. Uma lágrima escorreu pela minha bochecha e
deixei cair, que viesse, porque era a prova. E embora odiasse
estar tão exposta, sangraria por ele. Eu me abriria para ganhar
este caso por Orion se me pedissem.
“Meritíssimo.” Kipling tirou um pedaço de papel de sua
pasta, jogando-o sobre a mesa. “Como está delineado no Código
do Vampiro, não há regra afirmando que meu cliente não pode
morder sua Fonte onde quiser em seu corpo. Não há nenhuma
lei contra isso e é conjectura sugerir que um lugar do corpo é
mais sexual do que outro. Existem muitas pessoas no mundo
que têm um fetiche por pés, dedos ou até mesmo por nariz.
Portanto, você não pode levar em consideração a linha de
questionamento da Sra. Whitclaw.”
O juiz considerou isso por um longo momento, então
acenou com a cabeça, fazendo uma respiração irregular
escapar de mim. “Essa linha de questionamento foi rejeitada e
não será considerada como prova. Um ciclope removerá as
memórias dos jurados dessa linha de investigação antes que
um veredicto seja decidido. Sra. Whitclaw, por favor, prossiga.”
Ela se aproximou de mim novamente, aquele olhar
caçador em seus olhos enquanto ela procurava por um ângulo
diferente. Ela não terminou comigo, longe disso. “Por favor,
descreva a primeira vez em que você teve intimidade com o Sr.
Orion.”
Respirei, depois outra, tentando acalmar o meu pulso.
“Estávamos na Mansão de Lorde Lionel Acrux em uma festa
privada,” falei. “Fui dar uma caminhada e esbarrei nele, então
saímos juntos para tomar um pouco de ar.”
“E quem instigou esse arranjo?” Whitclaw perguntou, me
fazendo balbuciar.
“Eu... eu não sei, eu não consigo me lembrar. Ambos
queríamos escapar da festa, só isso. Então saímos.”
“E depois?” Whitclaw pressionou.
“Então... Lance me fez uma bebida e...”
“Ele te deu álcool?” Whitclaw interrompeu e meu coração
disparou.
“Só um vinho,” falei como se não importasse. E não
funcionou, ela estava apenas procurando maneiras de usar
essa história contra nós. Eu podia beber, mas ela estava
fazendo soar como se ele tivesse derramado álcool em minha
garganta.
Lembrei-me do guarda-chuva que ele colocou e um
pequeno sorriso apareceu na minha boca. “Ele foi fofo,
estávamos rindo juntos, então ele foi dar um mergulho na
piscina.”
“Então ele te encheu de álcool e depois tirou a roupa na
sua frente?” Whitclaw adivinhou e meu coração tremulou.
“Não foi assim,” soltei.
“Como foi?” Ela levantou uma sobrancelha questionadora
e meu coração trovejou em meus ouvidos.
Procurei as palavras certas, não querendo dar a ela mais
munição. “Foi... destino. Podia sentir isso em todas as partes
do meu corpo. O céu queria isso. Eu queria isso. Queríamos
um ao outro.” Arrisquei um olhar para Orion e desejei não ter
feito isso porque quase desmoronei, seus olhos escuros e
penetrantes me deixando fraca.
“O que aconteceu a seguir, Srta. Vega?” Whitclaw
empurrou, claramente querendo que eu seguisse em frente.
“Ele entrou na água,” murmurei. “Ele ficou lá por tanto
tempo que me mudei para a beira da piscina, me abaixando
para procurá-lo. Quando ele apareceu, ele me puxou para a
água.”
“Ele usou a força para colocá-lo na piscina?” Whitclaw
questionou e balancei minha cabeça bruscamente.
“Não, ele estava brincando.”
“Ele pediu seu consentimento?” Ela empurrou.
“Não, mas...”
“E o que aconteceu depois que ele arrastou você para
baixo da superfície?” Ela perguntou, deixando um pouco de
choque em sua voz para mostrar. Alguns dos jurados estavam
absorvendo isso, olhando para mim com preocupação.
Queria pular da arquibancada e arrancar os olhos dessa
mulher. Ela estava distorcendo tudo o que eu dizia,
transformando aquela noite perfeitamente mágica em algo
desagradável e premeditado. “Ele criou uma cápsula de ar no
fundo da piscina.” Eu me permiti sorrir para que o júri pudesse
ver. Não ia deixar essa vadia manchar essa história. “E nós nos
beijamos.”
“Ele beijou você ou você o...?” Whitclaw perguntou.
“Ele... eu... queria.”
“Mas quem beijou quem, Srta. Vega?” Whitclaw exigiu e
sabia que tinha que lhe contar a verdade.
“Ele me beijou,” murmurei.
“E depois?” Ela empurrou.
“Nada,” falei com firmeza. “Voltamos para a festa.”
“E para quem você contou?” Ela perguntou.
“Ninguém.”
“Ele ameaçou você para ficar quieta?”
“Não,” rosnei.
“O que ele disse exatamente?” Ela perguntou e meu
cérebro balançou enquanto eu tentava pensar.
“Ele disse...” Vasculhei minha memória e ela me veio à
mente. “Ele disse, você sabe como tem que ser. E eu disse que
sabia.”
“E ele explicou o que quis dizer com isso?” Whitclaw
perguntou, parecendo horrorizada agora.
“Eu... não, mas sabia que isso significava que não
poderíamos contar a ninguém. Isso é óbvio.”
“É isso?” Ela questionou, aquela sobrancelha aparecendo
novamente enquanto ela se virava para o júri mais uma vez. “É
interessante que o Sr. Orion usasse tal frase. Você sabe como
tem que ser... uma frase bastante ameaçadora, alguns podem
dizer. As palavras “tem que” implicam que, se a srta. Vega
violasse essa regra, seria punida. E como ele usou exatamente
essa frase na evidência de vídeo fornecida, afirmando que ele
iria puni-la se o desobedecesse, parece bastante claro que é o
que ele quis dizer.”
“Não foi isso que ele quis dizer,” rebati.
“Objeção. É conjectura,” disse Kipling simplesmente. “Sem
ouvir a forma como foi falado, não temos ideia de como poderia
ser interpretado. Ela não pode compará-lo a qualquer instância
nas evidências de vídeo fornecidas e presumir que seja assim.”
“Sustentada,” o juiz concordou e meus ombros relaxaram
enquanto Whitclaw era enfiada de volta em sua caixa. “Você
tem mais perguntas, Sra. Whitclaw?”
Ela me olhou como se estivesse tentando cutucar minha
pele e ver o sangue e os músculos que viviam por baixo.
“Apenas uma, meritíssimo.” Ela se aproximou e meu coração
lutou para bombear sangue por um longo segundo. “Por que,
se ele te ama tanto como você afirma e acredita, o Sr. Orion
não largou o emprego na Zodiac Academy para ficar com você?”
Meus pulmões se comprimiram enquanto eu absorvia a
pergunta. Havia uma centena de respostas para isso. Ele havia
sido indicado para seu cargo lá pelo próprio Lionel Acrux, e não
tinha escolha a não ser ficar lá como Guardião de seu filho. Ele
estava treinando Darius em magia negra, então precisava estar
perto dele, e de mim e de Tory também, já que tínhamos
conseguido as Sombras. E apesar de tudo isso, era seu
trabalho, sua vida, sua casa. Nunca teria deixado ele desistir
de tudo por mim.
“Senhorita Vega?” Whitclaw pressionou enquanto meus
lábios abriam e fechavam.
“Ele tinha responsabilidades,” falei com firmeza.
“Quais responsabilidades?”
“Ele é o Guardião de Darius Acrux, por exemplo,” soltei.
“E o que mais?” Ela arqueou a maldita sobrancelha
novamente.
Lutei por qualquer coisa que pudesse dizer no tribunal.
Não poderia trazer nada à tona sobre as Sombras ou magia
negra ou Lionel Acrux sendo um trapaceiro dominador de um
Lorde Dragão.
“Sem mais perguntas, meritíssimo,” disse a Sra. Whitclaw
e afundei em minha cadeira, meu olhar caindo para minhas
mãos. Tive a sensação horrível e profunda de que acabei de
decepcionar Orion. E era insuportável.
O Sr. Kipling veio me questionar em seguida, cruzando as
mãos atrás das costas. Ele era tão formal e ainda tinha uma
presença calorosa que eu preferia de longe a de Whitclaw. E
pelo menos ele estava do nosso lado.
Ele me fez todas as mesmas perguntas de novo e mais,
deixando-me falar sobre Orion e nosso relacionamento em
detalhes, perguntando sobre a vez que ele me levou para um
piquenique em sua casa, os presentes que ele me deu,
incluindo o quartzo rosa que era um símbolo de que éramos
exclusivos. Em seguida, ele declarou ao júri que nosso amor
era claro para o mundo ver, quando Orion e eu fomos pegos
nos olhos um do outro e esperava que isso fosse verdade com
toda a minha alma.
Finalmente fui liberada do estande e voltei para o lado de
Darius, minhas pernas como gelatina. Soltei um suspiro de
alívio, inclinando-me para sussurrar em seu ouvido enquanto
me sentava. “Eu fui bem?”
“Você foi muito bem, Darcy. Ninguém poderá negar o
quanto vocês se amam,” disse ele, erguendo o queixo como se
estivesse pronto para lutar por nós se alguém ousasse negar.
“Meritíssimo, gostaria de chamar minha próxima
testemunha ao depoimento,” anunciou Whitclaw e Darkice
inclinou a cabeça. “Senhorita Kylie Major.”
Congelei, confusa quando o som de saltos clicando no
corredor atrás de mim me fez torcer no meu assento. Kylie
estava embonecada com um vestido rosa brilhante que não
fazia sentido em um lugar como este. Seus saltos altos tinham
mais de quinze centímetros de altura, sua maquiagem perfeita
e seu cabelo loiro esvoaçante a faziam parecer que estava
prestes a comparecer a uma passarela e não um maldito
julgamento.
Ela jurou dizer a verdade, então se levantou, cruzando as
pernas e exibindo uma ampla pele enquanto sorria
pacientemente para a Sra. Whitclaw. Por dentro, eu estava
gritando. Porque sabia por que ela estava lá. De repente, tudo
se encaixou como um quebra-cabeça na minha cabeça que
apresentava algo escuro e grotesco.
Kipling estava falando no ouvido de Orion novamente
enquanto seus músculos se contraíam e flexionavam. Podia ver
sua mandíbula apertando e sua raiva refletida em meu próprio
coração.
“Senhorita Major, você apresentou este Atlas ao FIB no dia
vinte e três de março, correto?” Whitclaw tirou uma bolsa
transparente de sua pasta, erguendo-a para o júri, mostrando
a eles a caixa rosa do meu Atlas dentro.
Eu não conseguia respirar, minhas unhas cravando na
pele das minhas palmas e abrindo-as. A magia estava lavando
em minhas veias com a força de um tsunami, desesperada para
ser desencadeada sobre aquela vadia sentada na
arquibancada.
“Sim,” Kylie concordou, balançando a cabeça. “Encontrei o
Atlas de Darcy no jantar no Orb. Ela deve ter deixado lá.”
Sem chance. Ela o roubou. E toda essa confusão era culpa
dela. Ela deu a eles as evidências. Não Seth. Essa verdade me
atingiu como um ataque cardíaco e esfreguei minha testa
enquanto tentava processá-la.
“E o que você fez então?” Whitclaw perguntou.
“Bem, tinha minhas suspeitas de que Darcy Vega estava
dormindo com meu ex-namorado. Tenho muitos amigos que a
viram de joelhos nos meninos em todo o campus, e ela dormia
com meu Seth mesmo quando estávamos juntos.”
“Isso é uma mentira!” Rebati, incapaz de me conter, e
Darkice bateu com o martelo.
“Silêncio no tribunal!” Ele rugiu e minhas mãos se
enrolaram ainda mais apertadas até que fiz minhas palmas
sangrarem.
Kylie sacudiu o cabelo, sem me dar atenção enquanto
avançava. “Encontrei uma mensagem dela de um codinome
chamado Starboy com arranjos de encontro nos arquivos da
escola. Ela esteve mentindo para mim por meses sobre dormir
com Seth, então montei uma câmera lá e queria desmascarar a
mentirosa que ela era.”
“Mas ela não era uma mentirosa, era?” Whitclaw falou a
meu favor pela primeira vez, embora soubesse que não era
porque ela iria atestar por mim.
“Bem, eu não diria que ela trepou com meu ex também,
mas não podia acreditar no que eu havia captado na câmera.
No começo, fiquei chocada. Mas então fez muito sentido,” disse
Kylie, pensativa, e desejei poder agarrar um punhado de todo
aquele cabelo loiro e arrancar um pedaço de seu couro
cabeludo.
“E por que isto?” Whitclaw perguntou.
“Porque Orion sempre gostou dela. Ele a chamava de Blue
como se fosse um apelido fofo ou algo assim. Isso a
diferenciava dos outros alunos da classe, fazia com que ela se
sentisse importante, eu acho.” Ela encolheu os ombros. “Ela
não estava indo muito bem quando começou na Zodiac, mas
estranhamente suas notas foram melhorando à medida que ela
avançava. Agora fazia todo o sentido. Ela estava abrindo as
pernas para um professor!” Ela fingiu seu choque absoluto e
minhas entranhas murcharam.
Kylie sempre foi uma vadia, mas ir tão longe para me
machucar era simplesmente cruel. Ela era tão venenosa quanto
sua Ordem.
“Sem mais perguntas, meritíssimo,” Whitclaw a dispensou
e, aparentemente, Kipling não tinha nenhuma intenção de
questioná-la e dar-lhe os holofotes por mais tempo do que o
necessário, enquanto ela se dirigia para um banco no fundo da
sala com um sorriso presunçoso como a merda em seu rosto.
Queria arrancar seus lábios e enfiá-los garganta abaixo pelo
que ela tinha feito para nós.
“Agora é a hora do réu fazer uma declaração à luz das
evidências apresentadas a nós e reafirmar seu apelo ao júri,”
anunciou o juiz Darkice e Orion caminhou em direção à
arquibancada com as mãos fechando e desabando ao lado do
corpo.
Eu não respirei até que ele fizesse o juramento para ser
honesto e se sentasse no banco das testemunhas, meus dentes
cravando na minha língua. Dei uma olhada no júri e encontrei
muitos deles sentados em suas cadeiras. Como se quisessem
ouvir, como se importassem. Tudo o que ele precisava fazer era
dizer a verdade e eles acreditariam nele. Tinha certeza disso.
“Por favor, faça sua declaração, então a acusação irá
prosseguir com o interrogatório,” instruiu o juiz Darkice e
Orion respirou fundo, seus olhos encontrando os meus na
plateia.
O mundo parecia desvanecer-se, então havia apenas nós e
muito espaço separando nossas almas. Precisava de um
momento em seus braços, de sua boca contra a minha e suas
carícias calmantes. Eu não sabia quando receberia aquilo de
novo, ou seria capaz de dar a ele em troca. Mas se pudesse
apenas evitar a prisão, sabia que Darius poderia encontrar
uma maneira de me levar até ele. Tinha que haver uma
maneira. Nós poderíamos fazer funcionar. Tínhamos apenas
que escalar esse obstáculo importante e buscar a luz do outro
lado. Porque ninguém jamais se compararia a ele. Ninguém
jamais possuiria meu coração, exceto aquele homem. Era uma
verdade fundida em ferro, impossível de desfazer. E se tivesse
que esperar meses, anos ou uma eternidade por ele, eu o faria.
Orion visivelmente engoliu em seco, um pedido de
desculpas em seus olhos antes de desviar o olhar de mim para
o júri. Uma horrível sensação de pavor percorreu minha
espinha com sua expressão, o pânico me dominando. O que ele
estava pensando?
“É com pesar que coloquei a mão em uma Princesa de
Solaria,” ele falou calmamente e suas palavras trouxeram uma
carranca acentuada ao meu rosto. “E é com ainda mais pesar
que admito que a usei para meu próprio ganho. Eu a preparei,
manipulei e, finalmente, usei Coerção Negra nela para forçá-la
a ser minha.”
“Não!” Gritei, levantando-me da minha cadeira enquanto o
horror absoluto me envolvia. Darius estava ao meu lado
também, fúria em seus olhos enquanto olhava para seu amigo
e um tumulto de conversa começou ao nosso redor.
“Ordem, ordem!” o juiz ordenou, batendo com o martelo.
“Sentem-se imediatamente!” Uma onda de magia do Ar correu
pela sala e fui forçada a voltar para o meu lugar com todos os
outros.
“O que ele está fazendo?” Implorei a Darius, o medo
cortando meu coração em pedaços. Mas ele não respondeu,
apenas olhou para Orion sem piscar, desespero escrito em suas
feições.
“A promotoria, por favor, aproxime-se do depoimento,”
comandou Darkice, sua voz afiada enquanto olhava para Orion.
Eu estava tremendo, olhando para Orion enquanto
implorava para ele encontrar meu olhar. Darius de repente
agarrou minha mão, apertando com força e me agarrei a ela
com toda a minha força.
“Coerção Negra é uma forma de magia negra,” Whitclaw
ronronou, movendo-se em direção a Orion como se ela
estivesse saboreando a morte.
“Não brinca,” Orion rangeu para fora.
“Então você admite que lançou Coerção Negra em
Gwendalina Vega, Princesa de Solaria? Uma garota protegida
pelas mais altas leis reais?”
“Eu admito,” disse Orion com um aceno de cabeça que
quebrou meu coração em um milhão de pedaços afiados. “Ela
não tem ideia, é claro. É por isso que ela contou mentiras aqui
hoje. Eu a convenci de que ela me amava, fiz com que ela
esquecesse que forcei sua mão, fiz com que ela me quisesse e
me desejasse. Tudo o que ela acredita sobre nosso
relacionamento é uma farsa que inventei.”
Balancei minha cabeça, lágrimas rolando pelo meu rosto
enquanto o aperto de Darius apertava minha mão.
“E por que você faria isso?” Whitclaw perguntou
docemente.
“Porque eu a queria. Me intoxiquei com o poder e sabia
que poderia usá-la para subir na sociedade,” disse Orion com
um encolher de ombros que era insensível e frio.
Ele deixou o júri vê-lo como um monstro, pintando-se
como um. Mas não entendi o porquê. Eu queria gritar, lutar e
exigir que ele retirasse, mas ele garantiu que ninguém
acreditaria em mim. Eles pensaram que tinha sido coagida a
me sentir assim. E a ideia de que ele poderia me trair tão
profundamente me deu vontade de vomitar.
“Então, você muda o seu apelo?” Whitclaw perguntou,
vitória em sua postura.
“Meritíssimo, exijo um momento a sós com meu cliente,”
insistiu Kipling, com os ombros pressionados para trás.
“Mudo meu apelo,” disse Orion antes que Darkice pudesse
responder. “Eu me declaro culpado.”
“Ele está mentindo!” Eu me levantei da cadeira novamente,
me recusando a deixar isso ficar assim.
“Faça-o passar pelo interrogatório do Ciclope,” Darius
exigiu, apontando diretamente para o juiz como se ele pudesse
ameaçá-lo a fazê-lo. “Então você verá a verdade.”
“Ordem no meu tribunal!” Darkice explodiu. “Se vocês não
se sentarem neste instante, farei com que sejam retirados.”
A mão de Darius ainda estava travada na minha e nós dois
caímos de volta em uníssono enquanto as lágrimas começaram
a escorrer pelo meu rosto.
Isso não pode estar acontecendo. Por favor, me diga que
isso não está acontecendo. Ele não faria isso comigo. Com ele
mesmo.
O olhar de Orion estava fixo na parede, sua mandíbula
travada em pedra, seus olhos infinitamente escuros.
Darkice se endireitou na cadeira, tamborilando os dedos
no banco, depois bateu com o martelo no bloco. “O réu é
envergonhado pelo poder e banido da sociedade
indefinidamente. Ele irá cumprir uma pena de dez anos na
Penitenciária de Darkmore por causa de sua manipulação de
uma Princesa Solariana, e mais quinze por usar magia negra
para fazê-lo. Tribunal encerrado.” Ele se levantou de seu
assento, varrendo a porta atrás dele com a finalidade de uma
queda de machado. Não.
Um grupo de agentes do FIB caminhou em direção a Orion
e ele ergueu seus pulsos algemados, deixando-os amarrá-los
sem o menor sinal de luta. Levantei da minha cadeira,
empurrando Darius e correndo em direção a eles com tanta
raiva em mim que certamente me colocaria em chamas.
“Como você pôde fazer isso!?” Gritei com ele, agarrando
um dos braços do agente enquanto tentava lutar para chegar
até ele. Peguei a mão de Orion em algum lugar da multidão e
seus dedos se enroscaram nos meus por meio segundo antes
de ser forçada a recuar.
“Fique quieta,” um agente comandou, marchando para
longe enquanto ajudava a guiar Orion em direção à porta mais
próxima.
“Lance!” Gritei, as lágrimas queimando minha carne
enquanto ele ia com elas. Sem olhar para trás. Nunca me
dando nem um segundo para dizer adeus enquanto ele
arrancava meu coração e o deixava sangrando e massacrado
em seu rastro.
Sua traição cortou mais fundo do que uma faca. Ele não
lutou por nós. Ele mergulhou de cabeça nas profundezas do
inferno sem mim. E para quê?
Senti uma rachadura em minha alma que falava da
promessa que fizemos com as estrelas juntos. Para sempre
lutar para estarmos juntos. Ele a quebrou. E me quebrou no
processo.
Vaguei pelo Território do Fogo enquanto o sol brilhava acima e o
calor dele tentava lutar contra a sensação de frio que afundou em meus
ossos enquanto permitia que as Sombras tivessem rédea solta por um
tempo.
Estava quieto aqui fora, a maioria das pessoas preferindo
a paisagem dos outros Territórios para relaxar em sua tarde de
sábado sobre o terreno rochoso e árido de Fogo. Mas passei
muito tempo aqui nas últimas semanas.
Darcy dormia no meu quarto todas as noites, recusando-
se até a mencionar o nome de Orion durante o dia. Ela
guardava as lágrimas para o meio da noite, quando não havia
ninguém além de mim lá para vê-las. E quando ela finalmente
chorava até dormir e eu não precisava mais ser forte por ela,
saia da cama, deitava no chão e deixava as Sombras me
levarem.
Quando comecei a brincar com a escuridão que Lionel
Acrux havia forçado em meu corpo, só aguentei as Sombras
por alguns minutos de cada vez. Agora, às vezes, eu afundava
nelas por horas.
A convicção de Orion pesava sobre todos nós. Darcy ficou
muda de tristeza e Darius tinha revertido para o monstro cheio
de raiva que conheci. Não que tivesse direcionado nada para
mim. Ele não dirigia mais nada para mim. Ainda corria comigo
todas as manhãs, pegava meu café e segurava a porta para
mim. Mas não havia sorrisos. Nem mesmo quando eu deslizava
meus dedos pelos dele e apertava por um breve momento. Algo
em seus olhos se iluminava sempre que eu fazia, mas no
momento em que me afastava, suas paredes subiam
novamente e ele me deixava.
Sabia que estava sofrendo também e o vínculo do
Guardião entre ele e Orion era uma agonia sem que eles
pudessem se ver. Ele estava sofrendo e eu não poderia nem
tentar confortá-lo porque se fosse até ele, as estrelas me
forçariam a ir embora novamente.
Peguei meu Atlas do bolso e suspirei enquanto empurrava
as Sombras para trás. Elas estavam escapando dos limites da
minha carne, cobrindo meus pulsos e dedos de uma forma que
seria muito óbvia para esconder se alguém me visse.
Um grunhido escapou dos meus lábios quando toda a
minha dor ressurgiu enquanto as bania e tive que lutar contra
a vontade de mergulhar de volta nelas para escapar
novamente.
Franzi meus lábios enquanto digitava uma mensagem e,
em seguida, me forcei a clicar em enviar antes que pudesse me
acovardar.
Tory: Sinto sua falta
Esperei para ver se Darius abriria a mensagem
imediatamente e meu coração acelerou quando os sinais
vermelhos apareceram para mostrar que ele tinha lido.
Três pequenos pontos começaram a piscar em seu lado da
tela e nós guerreavam em minha barriga enquanto esperava
sua resposta.
Um minuto se passou. Então outro. Em seguida, os pontos
desapareceram. Esperei a mensagem chegar. Mas isso não
aconteceu.
Meu coração afundou enquanto olhava para a tela por
mais um minuto, então percebi que ele seria capaz de ver que
eu estava online enquanto estava sentada aqui olhando e
esperando por uma mensagem que obviamente não estava
chegando.
Por que diabos mandei isso?
O constrangimento se apoderou de mim e minhas
bochechas coraram enquanto eu fechava meu Atlas e resistia
ao impulso de jogá-lo longe de mim e enfiá-lo de volta no bolso.
Foda-se. Minha. Vida.
Antes que isso acontecesse, eu tinha coisas em que me
concentrar, a felicidade de Darcy me levantou, baniu um pouco
da minha própria dor. Mas agora…
Bem, agora eu tinha as Sombras para roubá-la.
Elas sussurraram doces promessas de esquecimento em
meus ouvidos e lutei para não ouvir. Elas sempre eram mais
difíceis de resistir quando eu estava sentindo algo
desagradável. Como tentar ser aberta e vulnerável aos meus
sentimentos e tê-los completamente ignorados. Definitivamente
desagradável. E constrangedor. Humilhante. Devastador.
As Sombras afundaram ainda mais em minha pele e
suspirei enquanto as deixava me reivindicar por um momento.
Só um momento. Tempo suficiente para esquecer o Dragão que
tinha muito domínio sobre meu coração e nenhuma chance de
curá-lo de qualquer maneira.
Virei uma esquina e fiquei imóvel quando vi Marguerite
Helebor e Mildred Canopus caminhando em minha direção
vindo da Fire Arena. Seus olhos caíram sobre mim e se
estreitaram instantaneamente enquanto eles avançavam com
intenção em seus olhares.
“Bem, se não é a número um, puta da sarjeta,” Marguerite
disse acidamente, sentindo-se corajosa com sua grande amiga
ao seu lado.
Pisquei para ela através da névoa de Sombras enquanto
tentava invocar uma porra para dar sobre ela. Mas eu estava
ficando em branco e as Sombras estavam famintas por provar o
sangue dela.
“Ouvi dizer que ela é incrível na cama e faz boquetes que
podem explodir a cabeça de um cara e é por isso que todos os
caras vão rastejando até ela,” Mildred zombou enquanto me
olhava de cima a baixo.
“Isso não é um insulto,” falei, minha voz mais áspera do
que o normal enquanto as Sombras a cobriam, faminta por
prová-la também.
“É sim!” Ela gritou, estufando o peito. “Porque isso tudo o
que você é. Uma super gostosa, super fodível, super estúpida,
super prostituta.”
“Eu e Darcy somos as melhores da nossa classe,” falei
impassível. “Então vou aceitar todos os seus nomes além de
estúpida. E a prostituta sugere que eu seja paga, o que é
besteira.”
“Ah, é?” Mildred exigiu, vindo em minha direção. “Porque
eu sei com certeza que esse pingente pendurado em seu
pescoço é um rubi de fogo, forjado pelos Dragões de
antigamente antes da Revolta Hectiana. Existem apenas sete
dessa idade e qualidade em todo o reino. Cada um é possuído e
guardado possessivamente por Dragões devido ao seu imenso
valor. Então, desculpe-me se eu marcar você como uma super
puta por pegar um colar no valor de três milhões de auras do
meu docinho em pagamento pelo uso de sua super boceta
enquanto ele espera pacientemente por uma mulher de
verdade. Mas não fique muito confortável aquecendo sua cama.
Assim que ele der um passeio com sua noiva na noite do nosso
casamento, ele irá esquecê-la de qualquer maneira.”
Ela colocou as mãos nos quadris e curvou o lábio para
trás para que sua mandíbula ficasse ainda mais proeminente e
Marguerite riu como se fosse o melhor insulto que ela já tinha
ouvido.
Abri minha boca para morder de volta, mas eu estava
muito surpresa com o anúncio dela de que este colar que eu
estava usando por semanas poderia valer mais de um milhão
de auras, então apenas fiquei boquiaberta.
As duas se afastaram como se tivessem ganhado um ponto
contra mim e meus dedos se fecharam em torno do rubi em
forma de coração enquanto o calor interno aquecia minha
palma e me ajudava a empurrar as Sombras novamente.
Precisava seriamente questionar Darius sobre o valor dessa
coisa. Se realmente valesse tanto, eu não poderia ficar com ele.
Vaguei para a Fire Arena enquanto pensava nisso, mas
tropecei e parei quando fiquei cara a cara com um Vampiro
furioso.
Caleb se lançou contra mim com os dentes arreganhados e
os olhos selvagens e joguei um escudo de ar entre nós no
último momento para segurá-lo.
“Que diabos, idiota?” Exigi quando ele bateu no meu
escudo e caiu de bunda, rosnando de frustração.
“Desculpe,” ele falou, bufando enquanto passava a mão
pelos cachos loiros e se levantava. “Eu só... recebi algumas más
notícias, só isso. E estou com sede. Não se preocupe com isso,
vou caçar outra pessoa.”
Ele fez um movimento para passar por mim, mas deixei
cair meu escudo e agarrei seu braço para detê-lo. “O que está
errado?”
Ele olhou para mim por um longo momento e então
suspirou ao decidir ceder. “Não é nada realmente. Meu tio
Marlowe voltou a falar com a imprensa sobre as merdas da
família e isso nos fez ficar mal. Ele passou por algumas...
coisas alguns anos atrás e ele está um pouco confuso. Mas
mamãe se recusa a confiná-lo depois do que ele passou e então
ela joga o dever de limpeza para mim quando ele acaba falando
merda em todos os jornais sobre questões políticas e alinhando
suas opiniões às minhas e da mamãe. E desta vez ele está me
deixando mal, o que é realmente irritante.”
“Que pesadelo,” concordei sarcasticamente e ele revirou os
olhos para mim.
“É apenas um pé no saco e a última coisa que eu preciso
no momento. Além disso, tive que vir aqui para completar
algum trabalho avançado de magia de Fogo e acabei esgotado,
o que deveria estar bem porque Seth prometeu me deixar caçá-
lo esta noite. Exceto que agora ele se foi e iniciou alguma
garota em sua matilha hoje, o que significa que ele estará
correndo com eles a noite toda e provavelmente transando com
todos também e estou com sede.”
“Uau. Nunca vi você ter um acesso de raiva antes,”
provoquei enquanto ele enfiava as mãos pelo cabelo e começava
a andar.
“Eu sei. Marte está em meu mapa esta noite também e é o
planeta da guerra, que basicamente equivale à sede de sangue
insaciável por Vampiros e agora eu não consigo nem pegar
minha bebida e estou saindo da minha cabeça e...”
“Então me cace,” sugeri, interrompendo-o.
“Costumávamos fazer isso o tempo todo e você apenas tentou
arrancar minha cabeça de qualquer jeito, então claramente
quer. Além disso, eu não deveria ser sua Fonte ainda? Parece
que só tem gosto pelo Lobo atualmente.”
Ele me lançou um olhar que era todo predador e meu
coração deu um pulo. “Presumi que você não queria fazer de
novo depois que te convidei na comemoração e não deu em
nada,” ele disse lentamente. “Além disso... realmente não posso
jogar esse jogo com você agora. Seth me deixou muito
acostumado a caçá-lo em sua forma de Ordem e então nós
lutamos antes que eu comece a mordê-lo e me acostumei a ser
rude. Então…”
“E daí? Acha que poderia me pegar na minha Ordem?”
Provoquei. “Por favor. Você estará correndo em círculos
tentando me pegar enquanto eu rio pra caramba de você. Além
disso, sou forte o suficiente para lutar com você agora.
Especialmente se não tiver mais magia.”
Os olhos de Caleb brilharam de excitação com a ideia e as
Sombras caíram ainda mais quando a adrenalina deslizou em
minhas veias. Este era exatamente o tipo de distração de que
precisava. Pura, honesta e divertida.
“Eu não sei,” Caleb se esquivou, mas ele lambeu os lábios
enquanto seu olhar caiu para a minha garganta novamente.
“Marte está me deixando meio nervoso...”
“Oh. Então você é um maricas?” Provoquei.
“Não.”
“Merda de galinha?”
“Foda-se. Ok. Você é deliciosa demais para eu recusar de
novo. Mas é melhor você estar pronta para isso, querida.”
“Há um problema, no entanto,” falei, levantando a mão
enquanto ele mostrava suas presas para mim. “O que eu ganho
se eu ganhar? Orgasmos estão fora do menu, então que tal
uma lição em vez disso?”
“Uma lição?”
“Sim. Quero aprender aquele chicote de combinação de
fogo e terra que você usou para derrubar Darius no Combate
Elemental na outra noite.” Eu sorri para ele e ele gemeu.
“Você percebe que isso significaria treinar o inimigo?
Traindo meus amigos Herdeiros e...”
“Você quer me morder ou não, Caleb?” Exigi.
“Foda-se. Tudo bem. Mas não diga que eu não avisei.”
“Pegue-me se puder.” Agitei meus dedos para ele e o joguei
para longe de mim com uma rajada de vento tão poderosa que
o fez voar todo o caminho para o outro lado da Fire Arena
quando minhas asas explodiram nas minhas costas.
Caleb disparou em minha direção novamente quando
saltei no ar, as pontas dos dedos escovando meu tênis
enquanto eu decolava e ele saltou para mim.
A adrenalina explodiu em minhas veias e uma risada
animada caiu dos meus lábios enquanto eu disparava, olhando
para baixo enquanto Caleb mantinha o ritmo abaixo de mim.
Ele era mais rápido do que eu e meu coração trovejou
quando bati minhas asas com mais força, me lançando ao
redor de tantos obstáculos quanto pude para que ele fosse
forçado a evitá-los também.
Saí do Território do Fogo e voei pelo campus em alta
velocidade, a risada saindo dos meus lábios enquanto me
dirigia para Howling Meadow.
Meus pés tocaram o topo da pedra mais alta, onde os
Herdeiros sempre ficavam e um momento depois, Caleb os
escalou e me abordou.
Seus braços se fecharam em volta de mim com força
esmagadora enquanto suas presas avançavam direto para a
minha garganta. Consegui jogar um escudo de ar em volta do
meu pescoço para bloqueá-lo enquanto rolávamos pela grama e
apaguei as chamas em minhas asas para impedir que um
incêndio se iniciasse.
Caleb lutou muito, agarrando meu pulso e puxando-o em
direção aos dentes. O fogo ganhou vida ao longo da minha pele,
queimando-o, então ele foi forçado a me liberar.
Ele rosnou ferozmente enquanto investia contra mim
novamente, seu peso caindo sobre mim com tanta força que
minhas costas bateram no chão dolorosamente.
Balancei o punho em seu rosto, cobrindo-o com gelo e
pegando-o na mandíbula enquanto ele lutava para agarrar
qualquer pedaço de mim que pudesse morder.
Lutei como um cachorro selvagem enquanto ele atacava
como uma besta e o medo real se enroscou em excitação em
mim com o olhar selvagem em seus olhos. Eu não sabia se ele
tinha se acostumado a jogar dessa maneira com Seth ou se
Marte realmente estava enviando sua sede de sangue à
loucura, mas de repente fui atingida pela certeza de que não
queria que ele colocasse seus dentes em mim.
Rolamos pelo chão e consegui terminar por cima enquanto
eu revestia seus braços com videiras e o prendia embaixo de
mim.
“Renda-se,” exigi, mas ele apenas rosnou para mim,
usando sua força de Vampiro para rasgar seu caminho para
fora das videiras, lançando-se para meu pescoço novamente.
Cobri meu punho com gelo novamente e o soquei na
mandíbula, acertando seu objetivo quando sua presa lascou
um pedaço de gelo da minha junta e uma gota do meu sangue
foi derramada.
Caleb rosnou quando o gosto do meu poder tocou sua
língua e ele se lançou contra mim com a força de um touro, me
jogando embaixo dele mais uma vez.
Ele agarrou minha mão e suas presas bateram contra o
gelo enquanto ele tentava quebrá-lo com pura força.
Engasguei enquanto lutava embaixo dele e a dura planície
de seu corpo me prendeu, mas sem sua magia ele estava em
séria desvantagem e não havia nenhuma fodida maneira que
eu quisesse que ele me mordesse enquanto ele estava frenético
assim.
Com um grunhido de esforço, consegui bater minha palma
em seu peito, carregada com a magia do Ar que o jogou para
longe de mim. Endireitei-me quando ele disparou de volta para
mim, abrindo um abismo a seus pés para prendê-lo e mantê-lo
longe.
O olhar selvagem em seus olhos fez meu pulso disparar e
por um momento nem parecia que eu estava olhando para o
Caleb que conhecia.
Ele escalou a borda da cova que conjurei com um
grunhido faminto e pulei no ar decolando o mais rápido que
pude, mirando no céu enquanto olhava para seu rosto
rosnando abaixo de mim.
Voei forte e rápido, rumo a Floresta das Lamentações
quando o som de uma matilha de Lobos uivando nas árvores
alcançou meus ouvidos.
Perdi Caleb de vista abaixo de mim entre os galhos
frondosos e meu coração começou a desacelerar enquanto
varria as árvores.
O telhado de King's Hollow apareceu à minha frente e
pousei nele para me esconder e esperar o fim do jogo enquanto
ele foi deixado para caçar na floresta por mim.
Lembre-me de não insultar um Vampiro quando Marte
estiver em seu mapa novamente.
Meu coração acelerou nervosamente quando eu pousei
suavemente no telhado da enorme casa da árvore e olhei para
baixo sobre a enorme queda abaixo enquanto verificava para
ter certeza de que Caleb não estava à vista antes de afundar
para sentar e esperar pela minha vitória.
O murmúrio suave de vozes me alcançou da casa da
árvore sob meus pés e me acalmei quando percebi que Darius e
Max estavam lá conversando.
Estava tudo bem, porque não conseguia entender o que
eles estavam dizendo, então não era como se estivesse
espionando ou algo assim.
Darius falou novamente e poderia jurar que ouvi o nome
da minha irmã.
Droga.
Rapidamente lancei um feitiço de amplificação na área ao
meu redor e suas vozes de repente tornaram-se altas e claras.
“...Não sei o que ele estava pensando, mas vai ter que me
contar logo. O vínculo parece que vai me rasgar em dois se não
o ver e ele finalmente aceitou meu pedido de visita. Juro, eu
poderia assassiná-lo caralho, só por isso. Não sei como, porra,
vou sobreviver vinte e cinco anos com ele preso tão longe de
mim,” Darius rosnou. Se eu fosse dar um palpite, diria que ele
poderia estar apenas bebendo.
“Se seu pai ainda está sendo um idiota sobre isso, por que
talvez posso ver se o meu pode mexer alguns pauzinhos?” Max
sugeriu, mas antes que Darius pudesse responder, um arrepio
percorreu minha espinha e girei no momento em que Caleb
saltou para o telhado.
“Espere!” Engasguei, cambaleando quando ele disparou
em minha direção e tentei invocar magia para segurá-lo.
Seus olhos estavam maníacos e injetados, faiscando com a
necessidade desesperada de sua fome e nem reconheci a
criatura diante de mim. Eles disseram que os Vampiros não
mudam como as outras Ordens, mas naquele momento tinha
certeza que sim. Caleb tinha dado o fora e não havia nada além
de um demônio sedento de sangue em seu lugar.
Meus dedos mal tinham formigado antes dele bater em
mim e gritei quando suas presas rasgaram meu pescoço, a dor
crescendo através de mim com mais intensidade do que já senti
quando ele me prendeu em seus braços.
Tropecei para trás, meu pé escorregando na borda do
telhado de madeira enquanto meus membros perdiam energia e
de repente estávamos caindo. Meu estômago embrulhou e
joguei minhas mãos em uma tentativa desesperada de nos
salvar com minha magia do Ar, mas foi inútil. Meu poder
estava totalmente imobilizado por seu veneno e gritei enquanto
caíamos pelos galhos do dossel que golpeavam e arranhavam
minha pele.
O aperto de Caleb em mim afrouxou segundos antes de
atingirmos o chão e ele arrancou suas presas do meu pescoço
enquanto jogava suas mãos para nos salvar.
Batemos no chão com força e o estalo mais horrível soou
quando uma explosão de agonia rasgou meu corpo.
Tentei gritar de novo, mas de repente não consegui
respirar e comecei a tossir e cuspir contra algo quente e úmido
que enchia minhas vias respiratórias e ameaçava me afogar.
“Socorro!” Caleb rugiu, seus olhos marinhos encontrando
os meus com uma espécie de pânico aterrorizante enquanto ele
colocava a mão no meu pescoço e pressionava com tanta força
que temia que ele fosse me sufocar.
Tentei me mover embaixo dele, mas nenhum dos meus
membros respondeu, nada faziam o que ordenei e ainda estava
engasgando com o que diabos estava bloqueando minhas vias
respiratórias.
“Sinto muito, Tory,” Caleb engasgou, enquanto olhava nos
meus olhos. “Eu sinto muito, porra. Merda, merda! Sinto
muito, eu não queria...”
Um rugido poderoso cortou o ar em dois uma fração de
segundo antes de Caleb ser arrancado de mim com a força de
um tsunami e jogado fora através da clareira.
O rosto de Darius apareceu acima de mim um momento
depois, sua palma áspera pousando na minha garganta e ele
apertou com força enquanto pressionava a magia de cura sob a
minha carne.
A dor no meu pescoço começou a diminuir e comecei a
tossir, o sangue cobrindo minha língua enquanto conseguia
expelir dos meus pulmões.
“Peguei você, Roxy,” Darius rosnou, suas mãos se
movendo novamente enquanto ele usava sua magia da Água
para puxar o resto do meu sangue para fora dos meus pulmões
para que pudesse respirar novamente e suguei um fôlego
imediatamente como minha visão focada mais uma vez.
Engasguei quando a dor continuou a florescer pelo resto
do meu corpo e o pânico me consumiu quando percebi que
ainda não conseguia me mover.
“Aonde dói?” Darius perguntou com uma voz mortal
quando uma lágrima escorregou dos meus olhos.
“Em todos os lugares,” assobiei, mordendo outro grito
quando Caleb começou a gritar mais desculpas.
“Consegui amolecer o chão um pouco antes de batermos
nele com a magia que tirei dela, mas não foi muito,” ele
chamou. “Eu sinto muito, não queria. Juro que não tive a
intenção.”
Ele foi interrompido pela chegada de um enorme Lobo
branco. Assobiei em desgosto quando Seth se mexeu bem ao
meu lado e me mostrou a parte de baixo de seu pau.
“O que diabos aconteceu?” Seth engasgou, caindo ao meu
lado enquanto Darius deslizava suas mãos sobre meus quadris
e estômago, rosnando sob sua respiração.
“Caleb a derrubou do telhado e a mordeu muito mal,” Max
murmurou enquanto se abaixava também.
“Ele quebrou a porra da coluna dela,” Darius rosnou e o
terror em seus olhos teria me congelado no lugar mesmo se
pudesse me mover. “Nunca consertei algo tão complicado
antes.”
“Você pode fazer isso,” disse Max com confiança,
colocando a mão no ombro de Darius para emprestar-lhe magia
se ele precisasse.
Seth soltou um gemido preocupado e colocou a mão em
seu outro ombro para oferecer o mesmo e a sobrancelha de
Darius franzindo em concentração quando senti sua magia
derramar sob minha pele.
A dor começou a diminuir e respirei fundo enquanto a
sensação lentamente voltava aos meus membros. Primeiro
meus dedos das mãos e dos pés formigaram antes da sensação
deslizar mais e mais até que tudo parecia normal novamente.
Darius olhou para mim com um mar de agonia em seus
olhos e o alcancei, meus dedos roçando sua mandíbula sólida
no toque mais gentil. Apenas o tempo suficiente para ele ter
certeza de que eu estava bem antes que ele se afastasse de
mim com um rugido de fúria absoluta.
Engasguei quando ele saltou em Caleb, jogando-o no chão
antes de bater com o punho direto em seu rosto.
“Você nunca irá caçá-la novamente!” Ele rugiu enquanto
batia com os punhos repetidamente. “Você nunca mais vai
colocar a porra da sua boca nela, nunca mais irá afundar suas
malditas presas!”
Max e Seth pularam sobre ele com maldições em pânico,
de alguma forma conseguindo arrancá-lo de Caleb, que jazia
sangrando na terra embaixo dele.
“Sinto muito, cara, sinto muito, Tory,” ele engasgou
enquanto olhava entre mim e o Dragão que parecia decidido a
matá-lo.
“Dê o fora daqui, Cal,” Max gritou assim que Darius puxou
seu braço e o acotovelou direto no rosto.
Caleb hesitou por meio segundo, mas eu estava disposta a
adivinhar que ele podia ver sua própria morte brilhando nos
olhos de Darius. Ele lançou mais um pedido de desculpas
desesperado em minha direção antes de virar e disparar por
entre as árvores.
Darius desalojou Seth com outro rugido e parecia que
estava prestes a decolar atrás dele assim que Max saltou em
seu caminho.
“Você não está esquecendo de alguém?” Max exigiu,
apontando para mim enquanto eu conseguia ficar de pé.
Eu ainda me sentia trêmula, um pouco de dor irradiando
pelos meus quadris, mas era infinitamente melhor do que
antes.
Darius se virou, seu rosto pintado de emoção enquanto
olhava para mim como se eu fosse a coisa mais preciosa do
mundo para ele.
Ele se moveu em minha direção de repente, me apoiando
contra a enorme árvore que abrigava King's Hollow enquanto
ele estava diante de mim, parecendo como se o mundo inteiro
estivesse desabando sobre ele enquanto se abstinha de me
tocar.
“Irei atrás de Cal,” Seth murmurou, me dando uma última
olhada para verificar se eu estava bem antes de mudar de volta
para sua forma de Lobo e acelerar por entre as árvores.
Darius nem mesmo o olhou, seu olhar fixo em mim
enquanto seus olhos escuros dançavam com emoção e terror.
Ele estendeu a mão timidamente, suas mãos pintadas de
vermelho com o meu sangue enquanto ele roçava as pontas dos
dedos ao longo das linhas do meu rosto com o mais gentil dos
toques, como se temesse que iria me quebrar.
Eu o observei em silêncio e minha pele formigou com a
leve carícia de seus dedos traçando minha mandíbula, minhas
bochechas, nariz, sobrancelhas, pescoço e lábios como se ele
apenas tivesse que ter certeza de que estava tudo lá, seguro e
contabilizado.
Ele se inclinou para frente lentamente até que sua testa
estava pressionada contra a minha e pude sentir um leve
tremor em seu corpo que traiu o quanto ele se importava, o
quão assustado ele estava, o quão preocupado.
“Preferiria a morte à vida sem você,” ele falou sob sua
respiração, sua voz áspera e quebrada pelo medo.
Estendi a mão para colocar minha palma em sua
mandíbula também, minha outra mão pousando em seu braço.
“Darius,” murmurei, sem saber o que iria dizer assim que um
trovão caiu no céu acima.
“Eu também sinto sua falta,” ele interrompeu. “Mais do
que qualquer palavra poderia transmitir.”
O trovão caiu novamente e ele deu um passo para trás tão
repentinamente que quase caí.
Max se moveu para tomar seu lugar, alcançando-me
calmamente enquanto Darius recuava. “Precisamos levá-la à
enfermaria para verificar esses ossos, pequena Vega,” disse ele
suavemente. “Posso carregá-la se você não puder andar.”
“Posso andar,” protestei, olhando para Darius novamente
enquanto ele me observava com nada além de horror em seus
olhos, como se ele fosse de alguma forma responsável pelo que
tinha acontecido.
“Vamos, deixe-me. Ou Darius só vai me dar uma bronca
por isso.”
Suspirei em aceitação quando Max me levantou em seus
braços e nós três nos dirigimos para a enfermaria no centro do
campus.
Darius seguiu em silêncio, sem dizer uma palavra, mesmo
quando o questionei sobre me dar um colar que valia uma
pequena fortuna. Mas quando fiz um movimento para tirá-lo e
devolvê-lo, ele agarrou meus pulsos e balançou a cabeça com
firmeza. “É seu.”
E algo sobre o tom de sua voz e a maneira como ele olhou
para mim me fez ceder, mesmo quando voltou para o silêncio.
Entrei em meu quarto na Casa Earth em um borrão de velocidade e
fechei a porta atrás de mim enquanto meu coração trovejava com um
tipo de pânico triste.
Minhas mãos tremiam e minha respiração vinha muito
rápida enquanto me lembrava uma e outra vez que ela estava
bem, Darius a salvou, ela ficaria bem.
Mas, porra. Eu tinha acabado de jogar uma Princesa
Solariana de um telhado e quase arrancado sua garganta com
meus dentes.
Olhei para as minhas mãos trêmulas, vendo o brilho
úmido do sangue de Tory cobrindo meus dedos. Estava
tentando salvá-la. Queria ajudar. Mas eu estava esgotado, seco
e fraco. Tive que admitir isso para mim mesmo. Estive nervoso
o dia todo, mamãe me mandou mensagens várias vezes para
me lembrar de Marte estar em meu gráfico, mas escolhi ignorá-
la. Escolhi foder tudo e arriscar a vida de alguém.
Minhas presas estalaram enquanto eu olhava para minhas
mãos ensanguentadas e um grunhido saiu da minha garganta
enquanto lutava contra o meu desejo de lambê-las para limpá-
las. Essa fome em mim era um monstro cruel e sem coração.
Ele saboreou a dor e o sofrimento e se banhou em sangue. Não
sentia remorso ou arrependimento, nunca hesitava em pegar o
que queria. Mas eu vivi com ele por anos, dobrando-o à minha
vontade, forçando-o a ser usado como uma arma apenas
quando eu o desejasse. E claramente me enganei ao acreditar
que isso significava que tinha total controle. Que o governava e
não o contrário.
Que bela mentira tinha sido.
Porque mesmo agora, depois do que tinha feito, eu mal
conseguia me impedir de lamber cada gota de sangue de Tory
de meus dedos.
Com um grunhido determinado, empurrei a porta do meu
banheiro, estendendo a mão para deixar a água correr no meu
chuveiro antes de arrancar minha camisa e chutar meus
sapatos para o lado.
Dei um passo em direção ao chuveiro, mas fiquei imóvel
quando aquela dor em minhas presas me fez olhar para as
minhas mãos ensanguentadas novamente.
Fechei meus olhos e inalei profundamente enquanto
tentava forçar o desejo para longe de mim, mas o cheiro de
sangue tingiu o ar, fazendo minha boca encher de água com a
necessidade. Meu próprio sangue revestiu meu rosto do ataque
de Darius contra mim, mas não conseguia curar as feridas. Eu
as merecia. Cada uma e mais.
Apenas lave.
Com um grunhido de determinação, abri meus olhos e
entrei no chuveiro, nem mesmo me importando se ainda estava
de moletom. Tudo que precisava fazer era lavar. Depois que
tudo fosse embora, estaria acabado.
O vapor enrolou-se em torno de mim enquanto a água
continuava a escorrer pelo ralo e com um gemido de fome,
estendi a mão para empurrar minhas mãos sob o fluxo quente.
No segundo que a água tocou minha pele, o sangue
começou a escorrer e os puxei de volta com um rosnado feroz
enquanto tropeçava para fora do chuveiro e minhas costas
batiam na parede de azulejos.
Deslizei para baixo enquanto empurrava meus dedos em
minha boca, gemendo alto quando o gosto do poder de Tory
tocou minha língua.
Cedi à besta em mim enquanto chupava e lambia minhas
mãos e dedos, passando minha língua pelos meus pulsos e
pegando cada gota enquanto um fio de seu poder lavava em
minhas veias.
Meu peito estava pesado, meus músculos tremiam e meus
olhos fecharam enquanto me perdia para o meu demônio e
festejava com o que era necessário.
“Cal?” A voz de Seth me chamou enquanto eu me
entregava à escuridão e abri meus olhos quando ele empurrou
a porta do banheiro. Ele invadiu minhas gavetas no caminho e
roubou um par de minhas calças de moletom para se cobrir.
“Você deve ir,” rosnei, minhas presas cortando minha
língua enquanto me forçava a permanecer onde estava no chão
em vez de me lançar contra ele. “Não é seguro ficar perto de
mim agora.”
“Besteira, você nunca me machucaria.” Seth se aproximou
e a dor em meu peito apertou.
Os poucos restos de magia que tirei do sangue de Tory não
eram nada e essa fome consumidora em mim exigia mais. Meu
olhar percorreu seu peito nu, procurando cada ponto onde seu
pulso batia contra sua pele, antes de se estabelecer em seu
pescoço.
“Falo sério, Seth,” murmurei, empurrando minhas costas
contra os azulejos frios enquanto lutava contra a vontade de
mordê-lo com tudo que tinha. “Não sou eu mesmo esta noite,
estou esgotado, estou agitado, Marte está batendo a porra de
um tambor de guerra na minha cabeça que exige sacrifício e
não posso machucá-lo também. Por favor, vá embora.”
“Eu não vou a lugar nenhum,” ele respondeu
asperamente, dando um passo mais perto de forma que ele se
elevou sobre mim. “Então você cometeu um erro? Ok. Quantos
desses fiz ao longo dos anos? Não consigo nem começar a
contar a quantidade de vezes que estraguei tudo e você esteve
lá para mim.”
“Isso não é o mesmo. Se ficar aqui, vou perder o controle.
Vou te morder, e então...”
“Então irá se sentir muito melhor. Você sabe que não pode
raciocinar quando está com fome.” Ele sorriu para mim e uma
risada vazia saiu dos meus lábios.
“Isso não é como desejar um sanduíche.”
“É melhor que não seja,” disse ele. “Eu não sou um
sanduíche. Sou como um maldito sundae de chocolate triplo
com granulado e xarope e a cereja mais suculenta por cima.
Não me compare a um almoço básico, Cal, vai ferir meus
malditos sentimentos.”
Ele se abaixou e pegou meu braço, me levantando e deixei
porque realmente não sabia o que mais faria, mas a sensação
de pânico e nervosismo em meus ossos não diminuiu. Não
queria machucá-lo. Ainda não tinha certeza se estava no
controle.
Seth estendeu a mão e desligou o chuveiro antes de me
empurrar de volta para o meu quarto.
“Olha como isso é civilizado, porra,” ele brincou, movendo-
se ao meu redor para pular na minha cama. Ele caiu de costas
e saltou entre as almofadas enquanto sorria para mim. “Pode
me ter do jeito que quiser. Normalmente você tem que lutar
com unhas e dentes para sentir o meu gosto e estou me
oferecendo em uma bandeja de prata aqui.”
“Seth...” comecei, mas não tinha certeza do que ia dizer.
Minhas presas doíam e aquele vazio em meu peito onde minha
magia deveria residir não iria se sentir melhor até que o
preenchesse.
“Vamos lá, cara. Pode me prender, dobrar ou o que diabos
você quiser. Serei sua sub esta noite. Pode até me amarrar de
cabeça para baixo e drenar meu sangue em uma taça de vinho,
se quiser?”
Eu me encolhi com essa ideia e ele bufou uma risada.
“Demais?”
“Sim,” concordei.
Ele colocou as mãos atrás da cabeça e me observou
enquanto me esperava, mas eu não me mexi. Não pude. Se eu
machucasse outra pessoa esta noite, tinha certeza que iria
explodir. Mas não podia negar a necessidade desesperada de
sangue em mim também. Se não cedesse, acabaria saindo
desta sala mais cedo ou mais tarde e caçando o Fae mais
próximo e pegando o que precisava à força. Certamente isso era
melhor?
Seth suspirou dramaticamente e se levantou diante de
mim, movendo-se para ficar tão perto que nossos peitos
estavam quase se tocando e o cheiro terreno dele me envolveu.
“Vamos, Cal. Quero que você faça isso,” ele exigiu,
encontrando meus olhos com honestidade brilhando em seu
olhar e outra coisa que não tinha certeza se poderia colocar um
nome.
Minha carne estava queimando com a necessidade de
tomar o que ele estava oferecendo. Seu corpo estava tão perto
do meu que podia sentir o calor dele como se ele estivesse
realmente me tocando.
Estendi a mão lentamente e juntei um punhado de seu
cabelo comprido em meu punho, enrolando-o suavemente em
volta da minha mão até que pudesse usá-lo para puxar sua
cabeça para o lado.
Seth respirou fundo enquanto desnudava sua garganta
para mim e por um momento fiquei impressionado com a
percepção de quanto ele devia confiar em mim para mostrar tal
vulnerabilidade para mim daquele jeito. Especialmente para
um Lobo. Eles apenas mostravam a garganta em sinal de
submissão e, embora soubesse que ele não estava se
submetendo a mim de nenhuma outra forma, o conhecimento
de que tinha um Alfa tão poderoso à minha mercê
voluntariamente fazia meu coração disparar.
Toquei meus lábios em seu pescoço, minhas presas
roçando sua pele e um arrepio dançou por sua carne enquanto
me preparava para tomar o que precisava dele.
Mas quando eu estava prestes a morder, a memória de
Tory deitada embaixo de mim, sua garganta aberta enquanto
ela engasgava com seu próprio sangue me oprimiu.
Recuei com um grunhido de dor, recusando-me a arriscar
machucá-lo assim enquanto eu soltava meu cabelo e a dor em
meu peito aumentando dez vezes.
Caí de joelhos diante dele, lutando com tudo que tinha
para domar a sede de sangue e recusar sua chamada. Minha
respiração veio em ofegos ásperos e balancei minha cabeça,
recusando minha natureza enquanto a besta em mim uivava
por seu sangue.
“Morda-me, Cal,” Seth pediu em uma voz sombria,
agarrando um punhado do meu cabelo e pressionando seu
pulso na minha boca.
Dei um tapa em sua mão com um grunhido enquanto
lutava contra, mas o tremor em meus membros não parava e
nós dois sabíamos que iria quebrar em breve de uma forma ou
de outra.
“Você se sentaria e me observaria se me acorrentasse
dentro de casa todas as noites para me impedir de correr sob a
lua?” Seth exigiu, usando seu aperto no meu cabelo para me
forçar a olhar para ele.
“Correr sob a lua não faz mal a ninguém,” falei
asperamente.
“Talvez não na maioria das vezes. Mas pode. Quando me
entrego ao Lobo, meus instintos assumem, sou um predador de
ponta a ponta, puro e simples. E se eu cruzar o caminho de
alguém fugindo de mim, pode apostar que vou persegui-lo e
matá-lo. Você é o Vampiro mais poderoso de nossa geração,
Cal, e talvez às vezes isso signifique que machucará as
pessoas, mas não significa que é uma pessoa má. Isso só
mostra o quão imparável você é. Quão forte, feroz e poderoso.
Agora me morda antes que eu mesmo corte uma veia e coloque
em um copo para você.”
O resto do meu autocontrole estalou em seu comando e
me lancei contra ele, meus dentes afundando na carne logo
acima de seu quadril enquanto ele grunhia de surpresa.
Seu sangue lavou minha língua e gemi de puro e inegável
prazer quando o gosto dele me varria e me puxou para fora da
minha própria dor.
Minhas mãos agarraram seus quadris enquanto eu o
mantinha no lugar, mas eu não precisava, ele não estava
fazendo nenhum esforço para escapar de mim. O aperto de
Seth no meu cabelo aumentou quando ele me puxou para mais
perto, sua outra mão agarrando minha nuca enquanto seus
dedos deslizavam pela minha pele e causando arrepios por toda
parte.
Rosnei desesperadamente e um gemido de prazer escapou
dele também enquanto eu bebia, inundando meu corpo com
seu poder e finalmente me encontrando na escuridão.
Peguei mais do que deveria e ele não fez nenhum
movimento para me impedir enquanto eu festejava.
Consegui reunir a determinação de que precisava para me
afastar, ofegante enquanto corria meu polegar sobre a ferida
acima de seu quadril para curá-la, minha mão deslizando
sobre a rigidez de seu abdômen por um momento antes de me
afastar.
Com uma explosão da minha velocidade de Vampiro, me
levantei e disparei para longe dele, parando com minhas costas
apoiadas nas portas de ripas do meu armário.
Seth gemeu enquanto olhava para mim do outro lado da
sala, passando a mão pelo rosto antes de se virar e respirar
fundo. Eu o observei enquanto ele andava para frente e para
trás por alguns minutos, me perguntando o que ele estava
pensando enquanto cavava um caminho no meu tapete.
“Você pode ser a melhor pessoa que eu conheço, Cal,” ele
disse, virando seu olhar castanho terroso para mim enquanto
se movia em minha direção.
“Por que atacar garotas e jogá-las de telhados é um feito
tão brilhante?” Falei impassível, meus pensamentos sombrios
me varrendo e me fazendo reviver tudo que fiz para Tory esta
noite com uma clareza assustadora.
“Não. Porque você é tão altruísta. Quantos caras você
conhece que ajudariam seu amigo a ficar com a garota de que
gostam?”
“Darius e Tory foram feitos para ficarem juntos,”
murmurei. “Na verdade, se eu não estivesse atrapalhando todo
esse tempo, talvez nada disso teria...”
A mão de Seth pousou na minha boca para me silenciar
enquanto ele fechava a distância entre nós novamente. “Não
faça isso,” ele rosnou.
Fiz uma careta para ele quando ele tirou a mão da minha
boca e mudou para o hematoma ao longo da minha mandíbula,
onde Darius tinha me dado um soco. Um fio de magia de cura
deslizou sob minha pele e suspirei enquanto ele lentamente se
movia para curar minha bochecha, meu olho roxo, meu lábio
arrebentado, então baixou suas mãos para curar os
hematomas pretos e vermelhos que estavam crescendo em
minhas costelas.
“Sou um idiota,” falei com um suspiro pesado.
“Você não é um idiota,” Seth rosnou. “Você é o filho da
puta mais atencioso, generoso e incrível que conheço.”
Bufei com desdém. “Talvez você olhe para mim através de
óculos rosa.”
“Eu não,” ele retrucou. “Quando olho para você, prometo
que vejo tudo. O bom e o mau, a luz e a escuridão. E você
ainda é a melhor pessoa que conheço.”
Meu coração se torceu com suas palavras e estendi a mão
para puxá-lo para um abraço. “Você é a melhor pessoa que
conheço também,” murmurei.
Seth ficou imóvel, suas mãos ainda no meu peito enquanto
um longo momento se passou entre nós.
Ele virou a cabeça contra meu pescoço. Seus lábios
roçaram minha pele e congelei.
Meu coração batia forte enquanto ele movia sua boca pelo
meu pescoço lentamente, suas mãos gentis contra meu peito
enquanto minha pele formigava onde ele me tocava.
Seus lábios roçaram a pele macia abaixo da minha orelha
e engoli em seco quando ele pressionou o beijo mais leve contra
o canto da minha mandíbula.
Minha mão livre se moveu para agarrar sua cintura
enquanto meus dedos roçavam sua pele e ele gemeu baixinho
enquanto sua boca se movia ao longo da minha mandíbula,
arranhando minha barba de uma forma que fez minha pele
formigar.
Meu coração estava batendo descontroladamente e a
respiração que inalei ficou presa na minha garganta quando
sua boca roçou o canto da minha e um arrepio dançou por
cada centímetro do meu corpo.
Ele se moveu novamente e me vi olhando em seus olhos,
menos do que nada entre nossos lábios enquanto ele hesitava.
“Seth...” murmurei, sem saber realmente como eu
terminaria aquela frase.
Seus olhos se arregalaram, então escureceram e por um
momento tive certeza que encontrei dor neles antes que os
trancasse novamente.
“Desculpe,” murmurou. “Eu não deveria ter... desculpe.”
Ele se afastou um centímetro e meu aperto nele ficou mais
forte por meio segundo antes de deixá-lo ir.
Ele franziu a testa para mim como se não tivesse certeza
do que isso significava e me mexi desconfortavelmente quando
olhei-o.
“Talvez eu devesse ir,” ele disse lentamente, sua voz áspera
enquanto olhava para mim com pesar em seus olhos.
“Talvez,” repeti enquanto ele recuava mais um passo e
mordeu o lábio inferior.
“Você está bem agora?” Ele perguntou hesitante.
“Eu... sim, estou bem,” concordei.
Ele me deu um sorriso tenso e se virou, deixando cair sua
calça de moletom e se mudando no mesmo movimento.
Ele foi até a porta, usando a pata para abri-la e lançando
um último olhar para mim antes de sair correndo do meu
quarto.
Eu o observei ir com meu coração na garganta e me movi
para fechar a porta atrás dele.
Minha pele ainda formigava onde ele me tocou e fiquei
impressionado com o desejo de chamá-lo de volta. Mas eu não
chamei.
Uma carranca puxou minha testa e minha mente girou
continuamente enquanto tentava entender a maneira como
meu coração estava batendo fora do ritmo.
Caí de volta na minha cama com uma respiração instável e
fechei meus olhos. O que diabos aconteceu?
Um Lobo uivou tristemente além da minha janela do lado
de fora e um formigamento percorreu minha espinha que não
tinha nada a ver com o que eu tinha feito hoje e tudo a ver com
a visita do meu melhor amigo.
Seth: Reunião do Time dos Sonhos em King's Hollow.
Agora. Sem desculpas, vadias.

Li a mensagem em nosso bate-papo em grupo enquanto


terminava um trabalho de Artes Arcanas no meu quarto e soltei
um bufo de frustração antes de responder.

Darius: Não posso ser responsabilizado pelo que farei com


Caleb se tiver que passar um tempo em sua companhia no
momento.

Caleb: Sinto muito, cara. Mas entendo, vou ficar longe.

Seth: Não! Tenho um exercício de união de equipe em


mente do qual TODOS nós precisamos fazer parte. Já se
passaram vinte e quatro horas. Caleb pediu desculpas, Tory
está bem agora. Acabei de vê-la espirrando água no lago com
seus amigos Bundas...

Ele adicionou um pequeno vídeo ao grupo que mostrava


Roxy em um minúsculo biquíni preto empoleirado nos ombros
de Milton Hubert enquanto ela lutava com Geraldine Grus que
estava nos ombros de Justin Masters também enquanto eles
lutavam para fazer o outro cair no lago. Elas gritavam e riam
enquanto brigavam, mas meu olhar se fixou em Darcy, que
estava apenas sentada na praia, observando-os com olhos
vidrados. O clipe terminou quando Geraldine avistou Seth e
começou a gritar com ele por ser um lupino lascivo e sua
risada encheu os alto-falantes enquanto fugia.
Ele deve ter filmado isso algumas horas atrás, porque uma
tempestade havia começado desde então e o dia tinha ficado
decididamente cinza e miserável além das minhas janelas.

Max: Por que diabos Grus está sempre andando por aí com
aquele idiota pomposo do Justin?

Seth: Ouvi dizer que seus pais estão conversando sobre


como arranjar seu casamento... presumindo que ele não consiga
uma Vega...

Um grunhido profundo escapou de mim com essa


sugestão e me afastei da minha mesa enquanto Max começou a
enviar todos os tipos de insultos coloridos sobre Justin no
chat.
Seth: Sorte que o meu plano vai deixar Roxy Vega e
Geraldine Grus tão felizes que com certeza vão querer trepar com
vocês.

Caleb: Ninguém diz mais trepar, idiota.

Seth: Estou trazendo de volta. Então vá se foder. Além


disso, basta levar suas bundas para Hollow agora ou vou ter
que vir bater em seus rostos bonitos. Não me faça invocar o
código de poder...

Gemi enquanto ele empunhava aquela merda de código de


poder estúpido. Pensamos nisso quando tínhamos sete anos e
estávamos super empolgados com a ideia de governarmos o
mundo juntos um dia. Basicamente, se um de nós invocasse o
código de poder, todos nós teríamos que aparecer. Sem
desculpas. Tentei fazer com que ele mudasse a porra do nome
pelo menos oitocentas vezes ao longo dos anos, mas ele não
havia mudado. Código de poder fodido.
Puxei minha camisa e tirei minhas calças antes de abrir
minha janela até o chão e dar um pulo correndo para fora dela.
Mudei e voei através do campus para Hollow com a chuva
pingando de minhas escamas. Era um dia miserável que se
adequou perfeitamente ao meu humor.
Cheguei em minutos, minhas garras cavando no telhado
de madeira antes de mudar de volta para minha forma Fae.
Olhei por cima da borda do telhado para a queda no chão da
floresta e meu intestino deu um nó de raiva quando um borrão
de movimento chamou minha atenção.
Abri a escotilha e entrei, pegando um par de jeans e
boxers do baú ao lado da sala e vestindo assim que Caleb
entrou na sala.
Olhamos um para o outro por um longo momento e um
rosnado ecoou no fundo da minha garganta quando Max e Seth
entraram.
“O suficiente!” Max estalou. “Tory queria jogar aquele
maldito jogo de caça e Cal a avisou que era uma péssima ideia.
Eles aprenderam suas lições ontem e agora só precisamos
seguir em frente.”
Rosnei novamente e Caleb olhou para suas botas.
“O que precisamos,” Seth disse com um pequeno sorriso
arrogante. “É irmos juntos em uma aventura.”
“Que aventura?” Eu grunhi.
“Uma no qual tenho trabalhado, oh pra caralho. Isso irá
deixar a Tory muito feliz. E provavelmente Grus também,
porque ela é totalmente a favor da Missão: desafiar as
Estrelas,” ele acrescentou, piscando para Max.
“Mesmo?” Max perguntou, passando a mão sobre seu
moicano enquanto tentava não sorrir.
“Sim. O nome Zane Baxter significa algo para você?” Seth
olhou em minha direção com entusiasmo e fiz uma careta.
“O ex de Roxy. Aquele que a deixou para se afogar naquele
acidente de carro,” murmurei. Se aquele idiota morasse em
Solaria, teria arruinado sua vida há muito tempo.
“Sim... você quer ir visitá-lo?” Seth balançou as
sobrancelhas sedutoramente e minha espinha se endireitou
enquanto o olhava com mais interesse.
“Como diabos você o encontrou?” Perguntei.
“Tenho feito pequenas visitas ao reino mortal no último
mês, coagindo humanos à direita e ao centro para entregar as
informações sobre ele. O filho da puta não tinha nada oficial
ligando-o à sua residência atual porque começou um pequeno
império criminoso agradável, mas o encontrei.”
“Por quê?” Perguntei. Quer dizer, queria mexer com o filho
da puta, mas não entendi.
“Porque você não iria apenas fazer um strip tease ou
cantar uma música para ela como um idiota apaixonado
normal, então tive que pensar fora da caixa. E, no fundo, acho
que uma garota que as estrelas escolheram para ser o seu par
perfeito deve realmente querer um tipo de gesto durão em vez
de corações e flores de chocolate. Então, digo que devemos
chutar a bunda do pequeno gangster pelo que ele fez com ela e
você pode cortar suas bolas e colocá-las em uma caixa para
ela... ou apenas tirar uma foto, o que achar que ela gostaria
mais.”
“Provavelmente as bolas,” falei com uma risada sombria
enquanto sorria para ele.
“Então é um sim?” Seth perguntou com entusiasmo.
“Foda-se, sim.”
Abri o baú e peguei um par de botas, uma camiseta preta
e uma jaqueta de couro e Seth uivou enquanto nós quatro
saíamos. Max pegou um saco de poeira estelar do estoque de
emergência que mantínhamos na mesa enquanto íamos e me
movi para andar com ele enquanto Caleb seguia ao lado de
Seth. Nós superaríamos isso, mas no momento não conseguia
olha-lo sem querer bater em seu rosto, então estava feliz por ter
um idiota diferente para focar em vez disso.
Atravessamos o campus e passamos pela abertura no
escudo que Lance havia deixado, minha pele formigando
quando reconheci sua assinatura mágica e a marca do
Guardião em meu braço queimando com uma espécie de dor
desesperada.
Eu mal dormia, meus estudos estavam sofrendo e, com
toda a franqueza, simplesmente me sentia como se estivesse
existindo nesta bolha de nada desesperador que não conseguia
ver um fim. Se Xavier e minha mãe não precisassem de mim,
não tinha certeza de por que eu sequer sairia da cama pela
manhã. Às vezes ficava com tanta raiva de Lance que me
socava apenas para que ele sentisse onde quer que estivesse.
Por que não pode simplesmente seguir o plano? O que
realmente pensava que estava conseguindo fodendo com sua
vida inteira?
Idiota que se sacrifica.
Seth pegou a bolsa de poeira estelar de Max com o maldito
olhar mais presunçoso em seu rosto que já tinha visto e um
momento depois fomos varridos pelas estrelas.
Meu estômago embrulhou quando as pequenas bastardas
cintilantes nos cercaram e nós caímos através delas por mais
tempo do que o normal enquanto cruzávamos entre os reinos
antes que elas finalmente nos cuspissem em um beco em
algum subúrbio da cidade no reino mortal.
Respirei fundo quando de repente fui libertado das
algemas de meu vínculo com Orion. A conexão ainda estava lá,
mas foi entorpecida pelos reinos nos dividindo a ponto de
quase não poder o sentir mais. E depois de semanas sofrendo
por ele não estar perto de mim e noites sem dormir sonhando
em segurá-lo em meus braços, era mais do que um alívio do
caralho. Ele provavelmente estaria em pânico agora, pensando
que eu estava morto, pois sua conexão comigo foi silenciada e
uma sensação distorcida de satisfação me encheu com essa
ideia. Esperava que ele estivesse sofrendo por me fazer passar
por isso e então me senti um idiota total por pensar isso. Sem
dúvida, o que ele estava passando era cem vezes pior.
“Porra, eu deveria ter pensado nisso antes,” gemi,
esfregando a mão sobre a marca de Libra embaixo da minha
jaqueta de couro.
O único alívio do vínculo que consegui encontrar até agora
foi mergulhar nas profundezas das Sombras e não gostava de
fazer isso com muita frequência. Eles se alimentavam
avidamente da negatividade e eu sabia que eles me
consumiriam se começasse a usá-las como muleta. Deveria ter
percebido antes que o reino mortal era o lugar perfeito para
onde fugir. Embora não teria escolhido este bairro
particularmente horrível. Havia lixo ao nosso redor no beco e o
cheiro de mijo rançoso pairava no ar.
“Esse é o lar adotivo em que as Vega viviam quando Tory o
conheceu,” Seth disse quando saímos do beco e ele apontou
para a casa degradada do outro lado da rua.
Fiz uma careta quando vi uma criança sentada na
varanda, fumando um cigarro sem graça e carrancuda para
nós.
“Você está fumando de novo, Brent?” Uma mulher gritou
de dentro. “Vou gritar se o pegar novamente!”
O garoto rapidamente apagou a fumaça e empurrou a
porta, onde o som de mais gritos nos alcançou quando ela se
deitou sobre ele.
“Novas pessoas se mudaram para lá agora?” Caleb
perguntou desconfortavelmente e Seth encolheu os ombros.
“Err, não. Mesmos proprietários registrados. Eles têm
cinco filhos adotivos de cada vez, acho que eles optam pelo tipo
de disciplina barulhenta,” Seth disse enquanto todos nós
inspecionávamos a casa.
Era... um mergulho de merda. A tinta branca estava
descascando e uma das janelas estava parcialmente fechada.
Havia lixo por toda parte e uma das velhas cadeiras de madeira
da varanda havia desabado. Parecia minha ideia de inferno.
Embora eu achasse que era onde cresci e que poderia ser
chamado de Palácio e não tinha ficado muito feliz com isso,
então talvez não soubesse de merda nenhuma.
“Então, tive a porra do trabalho de encontrar o idiota, mas
basicamente rastreei a escola que as garotas frequentaram,
usei meus encantos para perguntar sobre ele e depois que o
terceiro cara praticamente se irritou com a menção de seu
nome, o coagi a dar a resposta e descobri que Zane Baxter é
um gangster. Parece que ele ganhou uma reputação ainda pior
agora do que quando Tory estava transando com ele...
namorando-o.” Seth pigarreou e cruzei os braços enquanto
esperava que fosse direto ao ponto. “De qualquer forma, ele não
mora mais na casa pela qual ela costumava passar no caminho
para a escola, mas depois de cavar um pouco eu o encontrei.”
“Foi assim que ela o conheceu?” Perguntei em voz baixa.
“Ele a viu passando por sua porta e apenas se lançou sobre
ela?”
“Não sei, cara, perguntei por aí e essa é a história que
consegui de uma garota, mas não há nenhuma maneira no
inferno de Tory confirmar isso mesmo se eu perguntasse. Se
realmente quer saber, pergunte-a sobre isso quando
voltarmos.” Ele encolheu os ombros para mim e revirei os
olhos.
“Como se ela fosse me contar.”
“Talvez ela contasse,” disse Max. “Você poderia apenas
perguntar e ver.”
“Não podemos nem ficarmos sozinhos, então como isso
funcionaria?” Resmunguei.
“Tente enviar mensagens de texto, idiota,” ele atirou de
volta e fiz uma careta para ele enquanto os outros riam como
se fosse óbvio pra caralho. E talvez fosse.
“Ou ligar,” Caleb acrescentou. “Vocês não estão juntos se
apenas conversarem ao telefone.”
“Bate-papo por vídeo,” Seth acrescentou com um sorriso
malicioso. “Vocês poderiam perfeitamente fazer sexo por vídeo.”
“Cale a boca,” rosnei, mas não consegui esconder
totalmente o sorriso no meu rosto também. Talvez eu fosse um
idiota do caralho. Pareceu-me um grande passo começar a
enviar mensagens ou ligar, o que realmente não me ocorreu,
mas talvez eu devesse ter pensado nisso.
“Vamos,” Seth disse, liderando o caminho rua abaixo
quando a mulher dentro do lar adotivo finalmente parou de
gritar. “E não se esqueça de que não podemos usar magia aqui,
pelo menos não de uma forma óbvia.”
“Nós sabemos,” Caleb respondeu, revirando os olhos.
Caminhamos oito quarteirões pela área acidentada,
chamando atenção em nossas roupas caras, embora
devêssemos ser intimidantes o suficiente para impedir que
alguém tentasse nos roubar.
“Essa é a escola que elas frequentaram quando moravam
aqui,” Seth disse, apontando para a vasta coleção de enormes
edifícios cinzentos além da cerca de arame. Parecia deprimente
pra caralho.
“Elas costumavam andar aqui sozinhas?” Max perguntou
em voz baixa. “Sem magia?”
Franzi meus lábios enquanto olhava para as ruas. Este
bairro não era apenas violento, era a porra de terra de gangues.
Era o tipo de lugar onde coisas ruins aconteciam com garotas
legais e ninguém dava a mínima para isso. A cidade de Alestria
era assim em Solaria e o lugar era tão sem lei que papai e os
outros Conselheiros basicamente a deixaram para as gangues
governarem. Embora tenha achado que com seu Dragão de
Tempestade no bolso, ele acreditava que tinha controle sobre a
cidade de qualquer maneira. Como diabos as Princesas
Solarianas acabaram aqui?
“Errr, sim, eu acho. Talvez adicione à sua lista de
perguntas Tory,” Seth disse com um encolher de ombros
enquanto passávamos pela escola e seguíamos em frente.
Quanto mais caminhávamos, mais comecei a notar marcas
pintadas com spray nas paredes e portas das casas. Um círculo
preto com uma caveira vermelha no centro. Agourento.
“Por que simplesmente não nos transportamos mais perto
de nosso destino?” Max murmurou.
“Porque eu não queria vir aqui até agora, então eu não
sabia disso. Esse cara é um filho da puta total. Ele é
insanamente perigoso... para um humano. Não queria que ele
me visse e ficasse sabendo da nossa chegada,” Seth disse
entusiasmado e troquei um sorriso malicioso com Cal antes de
lembrar que ele estava na minha lista de merda.
Com certeza, quanto mais avançávamos, mais olhos
sentíamos em nós, embora até agora ninguém ousasse se
aproximar. Max sutilmente construiu um escudo de ar ao
nosso redor em caso de tiros, mas quando chegasse o
momento, iríamos fazer isso como mortais. Majoritariamente.
Nós finalmente viramos uma esquina e Seth parou ao lado
de uma cerca que cercava uma grande casa com uma carga de
motos de aparência bastante selvagem estacionadas do lado de
fora.
Os membros da gangue se espalharam pelo quintal, seus
olhos caindo sobre nós enquanto olhávamos em sua direção.
Havia tatuagens de gangue em cada um deles, o crânio
colocado no círculo, e mais do que alguns deles tiraram as
armas dos coldres.
“Vocês estão perdidos, meninos?” Um grande filho da puta
gritou enquanto olhava para nós dos degraus que levavam à
ampla varanda.
“Estou procurando o ex de Tory Gomez,” falei em voz
baixa, usando o nome que ela usara no mundo mortal
enquanto o olhava bem nos olhos.
Suas sobrancelhas se ergueram de surpresa com aquele
nome e outro cara se levantou de uma cadeira de jardim
enquanto olhava para mim. Ele era largo, coberto de tatuagens
e tinha um rosto bonito que não combinava com toda a sua
vibração de gangster.
“Qual deles?” Ele perguntou com um sorriso malicioso.
“Eu costumava sair com ela. Aquela garota era uma fodida
selvagem.”
“Não ele,” Seth murmurou e minha espinha arrepiou com
o fato de que havia mais de um de seus ex-namorados aqui.
Quantos ela teve?? E eu seria um hipócrita total porque isso
me irritou?
Provavelmente.
“Estamos procurando Zane Baxter,” Caleb acrescentou.
“Está aqui para coletar a recompensa, então? Porque não a
vejo,” disse o grandalhão, empurrando os degraus e apalpando
uma faca de caça pendurada em seu quadril.
“Recompensa?” Max perguntou.
“Bem... acho que essa não é a palavra certa.”
“E por que seu chefe dá a mínima para onde a ex dele foi?”
Perguntei, aproximando-me dele com os outros Herdeiros nas
minhas costas.
“Porque não a chamaria exatamente de minha ex,” outra
voz falou e olhei para cima quando a porta da casa se abriu e
um cara enorme saiu para a varanda e olhou para nós. “Pedi
aquela garota para ser minha e ela disse que sim. Não me
lembro de tê-la liberado desse compromisso.”
Ele era alto e moreno e tinha os braços inteiramente
tatuados, assim como o símbolo da gangue tatuado sobre sua
bochecha. Seus olhos eram gelados e a maneira como ele olhou
para mim me deixou saber que ele descobriu exatamente por
que eu estava aqui.
Bufei com desdém por suas palavras. Esses tipos de
idiotas gostavam de acreditar que eram donos do mundo só
porque projetavam uma grande sombra em um pequeno canto
dele. Mas era uma porra de um mundo enorme e este era um
pequeno beco.
“Aquela garota não pertence a ninguém,” rosnei. “Muito
menos um gangster meio idiota que pensa que caga ouro
quando tudo o que ele realmente consegue ser, é um
minúsculo girino nadando rio acima em um rio cheio de
crocodilos.”
“Então você acha que é um crocodilo?” Zane zombou,
sorrindo para mim como se ele pensasse que era um predador.
“Algo assim,” respondi sombriamente, meus olhos
mudando para fendas reptilianas por meio segundo antes de
voltarem com a mesma rapidez.
Ele hesitou por um momento, seus olhos se estreitando
enquanto tentava descobrir se tinha imaginado antes de
continuar.
“E aqui estou eu pensando que Tory não tem medo de
nada, mas ela mandou seus meninos bonitos de estimação
atrás de mim sem mostrar o rosto. Quer me dizer para onde
devo enviar suas cabeças para que ela as receba?” Zane
perguntou, descendo um degrau enquanto se aproximava de
nós.
Sua gangue também se levantou, alguns deles puxando as
armas dos cintos enquanto algumas crianças corriam para a
rua para vigiar os policiais.
“Vocês todos têm tanto medo de nós que precisam usar
armas?” Seth zombou, sorrindo para a gangue como um
psicopata. Se eles começassem a atirar, poderíamos proteger
com facilidade, mas seria muito mais difícil evitar que
percebessem que era magia.
“Ok, vou te oferecer um acordo,” Zane disse se movendo
para ficar bem na minha frente enquanto puxava um revólver
da parte de trás de sua calça jeans. Ele ergueu o queixo, mas
eu ainda era mais alto e sorri para ele enquanto ele estreitava
os olhos diante do fato. “Sem armas. Mas o último vivo tem que
nos dizer onde ela está antes de você morrer.”
“Tudo bem,” concordei porque havia menos de zero chance
dele ganhar. “Mas quando batermos em cada um, você tem que
fazer um pequeno vídeo para mim, dizendo a Tory como sente
muito por deixá-la morrer naquele carro como o verme covarde
que é.”
Todos os seus homens começaram a resmungar com esse
comentário, fechando-se sobre nós por todos os lados. Contei
dezoito deles aqui já e havia mais aparecendo da casa agora
que eles perceberam que uma briga estava se formando.
“Combinado,” Zane assobiou e balancei meu punho direto
em seu rosto bajulador com todo o poder da minha Ordem.
Eu o derrubei e mergulhei atrás dele com um rugido
quando a carnificina estourou ao meu redor.
Seth uivou enquanto pulava em um grupo de gângsteres e
Max ria enquanto mergulhava na briga também.
Soquei Zane quatro vezes antes que o grande filho da puta
da varanda colidisse comigo e nós dois caíssemos no chão. Ele
conseguiu ficar em cima de mim, batendo os nós dos dedos na
minha mandíbula e tirando sangue antes que eu empinasse e
lhe desse uma cabeçada forte o suficiente para quebrar seu
nariz. Seu sangue derramou no meu rosto e ri selvagemente
quando ele caiu para trás, me colocando de pé e chutando-o
para ter certeza que ele ficasse caído.
Caleb passou por mim com um grito, dançando entre
vários oponentes rápido o suficiente para eles errarem cada vez
que tentassem atacá-lo, mas não rápido o suficiente para
denunciar sua natureza sobrenatural. Ele desferiu socos que
pareciam suaves, mas embalaram a força de seus dons de
Vampiro e os gângsteres caíram para trás em volta dele com
uivos de dor.
Um peso sólido colidiu comigo enquanto eu procurava por
um novo oponente e quase fui derrubado quando o outro ex de
Roxy agarrou meu pescoço com o braço, tentando me
estrangular.
Virei-me e corri para trás até que o esmaguei entre mim e
a parede da casa com um estalo nauseante que
instantaneamente resultou em seu aperto se soltando. Eu o
deixei cair no chão enquanto corria de volta para a luta.
Metade da gangue estava caída e o resto estava olhando
para nós como se não conseguissem descobrir o que diabos
estava acontecendo.
Enquanto olhava para a multidão, um cara puxou uma
arma do cinto e atirou em mim. Mergulhei para o lado antes
mesmo que ele mirasse corretamente e a bala acertou uma das
motos atrás de mim. Rolei, sacudindo meus dedos para a moto
com um sorriso mortal enquanto a enviava em chamas, usando
a bala como desculpa para o incêndio.
O cara atirou novamente, mas já havia construído uma
parede de puro calor ao meu redor e a bala derreteu em nada
antes de chegar perto.
Max saltou sobre ele antes que pudesse atirar novamente,
arrancando a arma de suas mãos e batendo em sua cabeça
com ela enquanto gritava como uma galinha enquanto o
sangue voava.
Zane estava de pé novamente e se virou para mim com um
olhar de raiva absoluta, agarrando uma cadeira de gramado ao
passar por ela e balançando-a com força total.
Levantei um braço para proteger meu rosto e a estrutura
de metal bateu em mim com força suficiente para me fazer dar
um passo para trás. Mas com a minha força de Dragão, não era
nem perto o suficiente para me derrubar como ele esperava.
Seus lábios se separaram e uma carranca puxou sua
sobrancelha meio segundo antes de eu bater meu punho em
seu rosto novamente. E isso foi tão bom que quase gemi de
satisfação.
O resto da luta estava terminando em torno de mim e caí
na porra de Zane com sua atitude arrogante de merda e suas
tatuagens feias que pareciam que ele mesmo as tinha feito e
aquele olhar presunçoso em seu rosto que dizia que ele ainda
acreditava seriamente que tinha algum controle sobre a minha
garota.
Ele lutou com força, quebrando meu lábio e machucando
minhas costelas, mas não era páreo e logo o tinha
ensanguentado e espancado embaixo de mim.
Olhei para cima e encontrei os outros Herdeiros se
aproximando de mim com sorrisos triunfantes enquanto
terminavam suas partes da luta. Eu me sentia mais perto deles
agora do que desde que virei Star Crossed. E percebi que isso
era minha própria culpa. Estava me afastando deles porque
não sabia como lidar com o que tinha acontecido comigo e com
Roxy, mas eles não tinham simplesmente me deixado recuar.
Mesmo este pequeno passeio fodido foi planejado para
tentar me ajudar e tive que me perguntar quantas pessoas
tinham amigos que iriam até a metade disso por eles.
Caleb puxou seu Atlas do bolso e o coloquei gravando
enquanto agarrei a frente da camisa de Zane e o arrastei de
volta para sua varanda, onde o sentei contra a porta para que
ele pudesse se desculpar.
“Diga a ela que você sente muito,” rosnei.
Zane olhou para mim com olhos que já estavam inchados
e cuspiu nos meus pés.
“Ela alguma vez te contou sobre como nos conhecemos?”
Ele perguntou, rindo sombriamente, como se nem se
importasse se o matássemos. E talvez não mesmo. Pessoas
como ele não esperavam viver uma vida longa. Provavelmente
esperava que o matássemos agora que tínhamos vencido.
“Eu não dou a mínima,” rosnei.
“Ela costumava passar por minha casa todos os dias
usando saias minúsculas e camisas decotadas, tudo o que
podia para chamar minha atenção...”
Eu o soquei com força suficiente para arrancar um dente e
ele riu com o sangue escorrendo de sua boca.
“E você sabe como consegui que ela viesse me ver?” Ele
perguntou, sorrindo para mim.
Rosnei para ele quando a magia caiu na superfície da
minha pele, mas Max colocou a mão no meu braço,
pressionando sua influência calmante sobre mim para me
impedir de matar o bastardo.
“Assobiei. Porra, assobiei e dei um tapinha no meu joelho
e ela veio trotando e sentou-se bem no meu colo. Nem mesmo
dezessete ainda e tinha bolas maiores do que metade dos caras
da minha gangue. Foi quando decidi ficar com ela. E, no que
me diz respeito, ela ainda é minha.”
Nenhuma influência calmante teria me impedido de socá-
lo então. Bati meu punho em seu estômago e ele cambaleou
para frente, ofegando contra a dor enquanto agarrava seu
estômago.
“Se ia ficar com ela, por que a deixou naquele carro para
morrer?” Rosnei e seu olhar cintilou de medo por um momento
como se ele tivesse sentido o que eu realmente era.
“Eu não morreria para salvar alguma vadia, não importa o
quão gostosa ela fosse,” murmurou e Caleb deu um soco nele
antes que eu pudesse.
“Diga a ela que você sente muito,” Caleb exigiu, apontando
o Atlas para ele novamente.
“Foda-se,” Zane cuspiu, levantando o queixo como se ele
preferisse morrer do que falar as palavras que ele prometeu.
Podia ver que ele não faria isso, seu maldito orgulho
significava mais para ele do que sua porra de vida. Mas ele não
valia a pena matar. Castrar? Pode ser. Mas matar? Não valia a
pena a dor de cabeça. Ainda assim, não iria sair daqui sem as
desculpas de Roxy.
“Diga a ela que você sente muito,” ordenei, minha voz
grossa com Coerção.
Os olhos de Zane se arregalaram quando seus lábios se
separaram e sua língua foi forçada a falar as palavras, embora
ele não quisesse.
“Sinto muito,” ele engasgou, seus olhos vidrados como se
ele estivesse sendo transportado de volta para aquele momento.
Suas mãos tremiam ligeiramente enquanto ele continuava.
“Sinto muito, muito mesmo pelo que fiz. Eu era fraco e um
covarde e tenho pesadelos sobre te deixar lá. Estava com tanto
medo...” uma lágrima escorregou por sua bochecha e olhei para
os outros Herdeiros com surpresa antes de liberá-lo do meu
controle. Eu o forcei a se desculpar, mas o resto daquela merda
era ele. Talvez no fundo não fosse um idiota total. Mas de
qualquer maneira, era um covarde de merda e que quase
causou sua morte.
“Ela nunca irá voltar aqui,” falei enquanto Caleb cortava a
gravação. “Então, é melhor você superá-la.”
Zane apenas olhou para mim quando me afastei dele e
com um movimento casual de meus dedos, enviei o fogo da
moto em chamas para pular para a próxima da fila. E a
próxima. Quando voltamos para a rua, todos elas estavam
queimando e os gângsteres feridos estavam lutando para
rastejar para longe do inferno.
Seth ofereceu a eles um pequeno aceno alegre enquanto
nos afastávamos e erguemos a mão por um momento antes de
sorrir quando ele desfez um feitiço de ocultação e seu Atlas
apareceu de repente em suas mãos.
“Usei magia de Ar para suspendê-lo acima da luta,” ele
disse com um sorriso selvagem. “Filmei tudo.”
Todos nós rimos enquanto ele passava o começo de volta
para nós e assisti por um momento enquanto nós quatro
rasgamos os gangsters como um bando de psicopatas. Bati
meu ombro contra o de Cal e ele colocou um braço em volta de
mim enquanto eu sorria para ele. Poderia perdoá-lo por sua
estupidez ontem por socar Zane sozinho. Ele não teve intenção
de fazer aquilo e enquanto ele mantivesse suas presas longe de
Roxy de agora em diante, não iríamos continuar tendo um
problema. Ele me deu um aperto e suspirou de alívio quando a
tensão entre nós derreteu e senti um pouco da dor em meu
coração se dissipar também.
Corri minha mão sobre meu rosto para sutilmente curar
os danos dos meus ferimentos e usei minha magia da Água
para limpar o sangue da minha pele.
Os outros fizeram o mesmo, Max ajudando Seth e Cal com
sua magia da Água antes de Seth nos direcionar para outro
beco.
“Você quer fazer mais uma parada enquanto estamos
aqui?” Ele perguntou sedutoramente.
“Para onde?” Caleb perguntou.
“Achei que poderíamos ir ao antigo apartamento das Vega
e tirar fotos de nós lá para provocá-las.”
“Por quê?” Max perguntou com uma carranca.
“Porque peguei o endereço enquanto procurava por merda
sobre os idiotas que acabamos de espancar e acho que seria
uma pena não ir ver. Elas se mudaram para o outro lado da
cidade, provavelmente para ficar o mais longe possível daquele
perdedor. Qual é, vocês não estão curiosos?” Ele nos deu os
malditos olhos de cachorrinho e todos nós cedemos.
Tive de admitir que estava interessado em ver onde elas
estavam morando antes de entrarem em nossas vidas e
mudarem tudo. Nunca passei muito tempo no reino mortal e
definitivamente não em áreas como esta, então fiquei intrigado
em descobrir mais sobre o lugar que as transformou nas Fae
que eram hoje. Sempre que tentava imaginá-las crescendo,
ficava em branco e já sentia que estava entendendo melhor a
atitude defensiva de Roxy apenas por ter um vislumbre de suas
vidas. Ver mais só poderia me ajudar a entendê-la melhor.
Seth jogou um punhado de poeira estelar sobre nós e
dentro de momentos nós aparecemos em uma escada escura
que deve ter sido parte de um bloco de apartamentos.
“É aqui?” Max perguntou, franzindo o nariz com o cheiro
úmido que pairava ao nosso redor.
“Este é o endereço que tenho. Só cheguei perto o suficiente
para ter certeza de que poderia encontrá-lo novamente da
última vez, então não posso ter certeza até entrarmos.” Seth
encolheu os ombros. “O antigo apartamento delas ficava no
quarto andar. Orion selou tudo quando as trouxe para a
academia, caso precisassem voltar para pegar alguma coisa,
mas, pelo que eu sei, ainda é como elas deixaram na noite em
que chegaram em nossas vidas.”
Meu coração bateu um pouco mais rápido com o
pensamento disso. De ter um vislumbre da garota que Roxy era
antes de me conhecer. Antes de eu empurrar e provocá-la a me
mostrar nada além de suas garras e dentes.
Subimos as escadas e ao som de nossos passos pesados,
os outros residentes se viraram e fugiram, correndo de volta
para seus próprios apartamentos, na esperança de evitar nossa
atenção.
Seth finalmente nos conduziu por um corredor com
carpete pegajoso e uma luz quebrada até a porta na
extremidade oposta com um sete de cabeça para baixo
pendurado nela.
Senti a essência familiar da magia de Lance vibrando
contra minha pele enquanto um feitiço de repulsão me incitava
a me virar e ir urinar. Não era particularmente forte, pois só
precisava funcionar em mortais, então o quebrei facilmente.
Max alcançou a maçaneta da porta e a destrancou com um
pouco de magia de Ar direcionada para dentro do mecanismo
de fechadura.
A porta se abriu e Seth deu uma risadinha como um
menino travesso da escola enquanto entrava primeiro e o resto
de nós o seguia.
O apartamento consistia em um único cômodo que não
poderia ter mais do que dez metros quadrados, com um
minúsculo banheiro adjacente à nossa esquerda.
Havia um sofá surrado de dois lugares encostado na
parede oposta, abaixo de uma janela que estava em ziguezague
com rachaduras e deixava entrar um fio de ar frio constante de
fora.
Caleb lançou uma Faelight e a sala iluminou-se para
revelar pintura verde descascada agarrada a metade das
paredes e alvenaria em ruínas exposta no resto delas.
Engoli um nó na garganta enquanto as tábuas manchadas
do piso rangiam sob minhas botas.
“Este não pode ser o lugar certo,” Max murmurou
enquanto cruzava o espaço para a pequena cozinha.
Observei quando ele abriu alguns armários e não
encontrou nada dentro deles além de uma única lata de feijão.
Seth estava franzindo a testa para o espaço vazio como se
esperasse encontrar algo mais escondido aqui de alguma
forma, mas estava claro que não havia nada.
Uma única cômoda ficava à esquerda da sala com uma
gaveta parcialmente quebrada revelando algumas peças de
roupa aparecendo.
“Acho que devemos simplesmente ir,” Caleb disse em uma
voz baixa, sua testa franzida enquanto ele se mexia
desconfortavelmente.
Concordei com ele. Estávamos nos intrometendo por estar
aqui. Isso não era uma piada, era privado, um olhar sobre suas
vidas antes de virem para Solaria, que elas não se ofereceram
para compartilhar conosco. Lance me disse que elas estavam
morando em um apartamento de merda em um bairro violento
e lutando para sobreviver, mas minha imaginação não tinha
sido capaz de conjurar esse nível de pobreza. Não conseguia
entender, não conseguia descobrir como as filhas do Rei
Selvagem de alguma forma pousaram nesta merda. O que teria
acontecido com elas se Lance nunca tivesse aparecido?
“Elas nem mesmo têm uma cama,” Seth disse com um
gemido no fundo da garganta. “Você acha que alguém pego...”
“Acho que o sofá se desdobra,” Max murmurou. “E há um
cobertor, então...”
Olhei para o cobertor surrado e a memória de queimar as
roupas de Roxy em sua primeira noite na academia me oprimiu
por um momento. Ela ficou furiosa, e no momento atribuí isso
principalmente ao fato de que ela estava nua na frente de todos
nós. Mas me lembrei dela rosnando algo para mim sobre o
dinheiro que ela tinha no bolso. Na verdade, não tinha
significado nada para mim na época, dinheiro não era
problema para mim, tinha mais do que poderia precisar ou
gastar e nunca conheci ninguém que não estivesse na mesma
situação.
Mas enquanto olhava ao redor neste quarto frio e sujo,
sem comida nos armários e uma porra de sofá como cama,
percebi exatamente o que tinha feito com ela naquela noite.
Não sabia onde ela conseguiu aquele dinheiro, mas poderia
imaginar. Ela já havia me mostrado que era uma ladra
competente e não tinha se desculpado pelo fato. E agora eu
sabia por quê. Foi assim que elas sobreviveram. E eu a
desprezei por isso. Quando, na verdade, deveria ter visto o
quão forte isso a tornava. Quando tive que lutar pela minha
sobrevivência assim? Nunca passei fome em toda a minha vida.
A vergonha lambeu minha espinha e minha mandíbula
apertou quando as profundezas do meu próprio
comportamento de idiota sem noção foram reveladas para mim
e eu estava cheio de aversão a mim mesmo o suficiente para
cobrir minha língua com bile.
Meu olhar se fixou em uma pilha de papel que estava
abandonada na mesa de centro e levantei uma página dela,
olhando para a fotografia fixada no topo. As gêmeas deviam ter
cerca de sete anos e, apesar de sua aparência idêntica, ainda
conseguia distingui-la. O braço de Darcy estava engessado, seu
olhar era suave e esperançoso enquanto Roxy segurava sua
outra mão com um olhar desafiador e um beicinho nos lábios
que prometia problemas. Havia um resumo dos cuidados que
elas receberam com uma de suas famílias adotivas anexado à
foto e uma breve recomendação para uma família experiente
ser selecionada para recebê-las devido às suas personalidades
ásperas.
Sabia exatamente por que os mortais as achavam difíceis.
Os Fae foram construídos para ultrapassar limites, lutar pelo
que queriam e se opor a figuras autoritárias em todas as
oportunidades em sua busca pelo poder. As gêmeas foram
passadas de casa em casa por serem Fae. Em nosso mundo,
seu comportamento teria sido elogiado, mas aqui elas foram
sujeitas a punição e perderam suas chances de ter uma família
por causa disso.
Olhei para o resto da papelada e percebi que esta deve ter
sido a informação que Lance reuniu sobre elas antes de ir
buscá-las. Havia relatórios escolares, registros de hospitais,
mais arquivos de serviços sociais detalhando outras casas em
que elas estiveram. Até mesmo alguns relatórios policiais com
fotos de Tory Gomez e uma breve descrição das coisas que ela
tinha feito, embora não tivesse sido presa, parecia que alguma
acusação já havia sido feita contra ela. Imaginei que era apenas
uma questão de tempo. E então o que teria acontecido?
Mordi a língua e juntei os papéis, enfiando-os em um
envelope grosso para que pudesse levá-los comigo e devolvê-los
a Roxy. Não sabia se ela iria querer, mas não parecia certo
deixá-los aqui.
Caleb chamou minha atenção e sem palavras pegou uma
bolsa ao lado da cômoda e a encheu com suas roupas. Ainda
estava lamentavelmente vazio quando ele terminou e não havia
mais nada aqui.
“Vamos para casa,” disse Max em voz baixa e Seth
choramingou enquanto olhava ao redor para o apartamento
estéril uma última vez antes de puxar a poeira estelar de seu
bolso.
“Não vamos contar a ninguém sobre isso,” falei, enquanto
todos nós entreolhamos.
“Não,” eles concordaram e um momento depois fomos
levados pelas estrelas e transportados de volta para a
academia.
Duas semanas. Tinha me escondido como um coelho em um buraco
por duas semanas. E sabia que não poderia continuar mais.
Especialmente quando recebi um e-mail da Diretora Nova na noite
passada afirmando que ela simpatizava com minha situação, mas
precisava voltar às aulas e enfrentar a vida como uma Fae.
Meu Atlas havia sido devolvido no dia seguinte ao
julgamento, não era mais necessário como prova. Evitei o
FaeBook, a internet, ao invés disso, passei horas estudando os
livros da Fênix que Orion tinha me dado enquanto tentava não
danificar as páginas com minhas lágrimas. Não eram só
lágrimas de tristeza também. Muitas delas eram de raiva.
Confusão. Dor. Como ele pode ter feito isso comigo, conosco,
com ele mesmo?
Não ser capaz de fazer essa pergunta estava me levando à
loucura. Precisava saber o que diabos estava acontecendo em
sua cabeça quando ele jogou toda a sua vida fora. Ele tinha
claramente decidido sobre isso durante o período do
julgamento. Mudando seu apelo para me fazer parecer uma
pobre aluna que ele forçou a amá-lo. Foi repugnante.
Enfurecedor. Humilhante.
Mas eu não conseguia continuar me escondendo do
mundo. Tinha que enfrentar isso. Tory tinha sido forte o
suficiente para aparecer no primeiro dia do semestre após virar
Star Crossed, mas quando meu mundo desmoronou,
desmoronei com ele. Então era hora de me levantar do chão e
tirar uma folha do livro da minha irmã.
A pior parte de tudo isso era que a mentira de Orion era
tão revestida de ferro que mesmo se eu gritasse e gritasse a
verdade, todos pensariam que ainda estava sob sua Coerção
Negra, forçada a acreditar que o amava para sempre. Outra
onda de raiva agarrou-se à minha alma enquanto pensava
naquelas palavras deixando sua boca. Mas então o imaginei
sozinho na prisão e minha raiva deu lugar à dor. E não
qualquer prisão, uma prisão de segurança máxima para os
piores Fae que se possa imaginar. Penitenciária de Darkmore.
Fiquei parada na frente do espelho com meu uniforme,
meu cabelo caindo em volta do rosto, que foi pintado com uma
maquiagem sutil para esconder a palidez da minha pele que
falava da minha falta de sono.
Estive extremamente tentada a me entregar às Sombras
mil vezes desde o julgamento. Elas estavam sempre lá,
enrolando sob minha carne como se meu corpo fosse
assombrado por fantasmas sussurrantes. Nunca atendi ao
chamado delas. Eu sabia no momento em que o fizesse, me
afogaria nelas para sempre.
Olhei para o meu cabelo azul com uma torção no meu
intestino, pois me lembrava dele, então eu saí da sala, jogando
minha bolsa no ombro e fechando a porta antes de sair para as
escadas. Grupos de alunos pararam quando me viram,
puxando as mangas uns dos outros e sussurrando baixinho.
“É bom ver você de volta, Darcy,” uma garota com quem
nunca tinha falado na minha vida me chamou.
Cerrei minha mandíbula, sem dizer nada enquanto descia
as escadas e palavras de simpatia ecoaram ao meu redor. Era
pior do que ser chamada de prostituta. Agora eles me
chamavam de vítima. Eles acreditavam que Orion havia me
atacado como uma espécie de monstro.
Meu coração estava disparado quando cheguei ao Orb e
ergui o queixo ao entrar. Geraldine saltou de seu assento, a
boca se abrindo como se estivesse prestes a fazer um grande
discurso e balancei a cabeça para ela com firmeza.
“Por favor, não faça um show,” implorei enquanto me
aproximava e seus lábios se fecharam lentamente enquanto ela
se sentava, com os olhos marejados de lágrimas.
“É tão bom ter você de volta,” ela falou sob sua respiração,
alcançando o outro lado da mesa para pegar minha mão.
Eu não a deixei pegar, minhas sobrancelhas arqueando
enquanto eu pegava um bagel e comecei a passar manteiga
apenas para me ocupar. Eu não conseguia comer. Eu perdi
meu apetite no mesmo dia que Orion se jogou no inferno.
Senti os olhos de Diego e Sofia em mim, sem falar os de
todo o Orb, e fiquei grata quando Tory apareceu de repente
com seu uniforme de corrida, caindo ao meu lado, sua
presença me dando força.
Um momento depois, Darius chegou, colocando seu café
com um dos biscoitos de chocolate que ela amava antes de ir
embora sem dizer uma palavra.
Tory pigarreou, pegando seu café e tomando um gole,
então todos olharam para mim com perguntas em seus olhos.
“Só vou dizer isso uma vez,” falei a meus amigos, olhando
entre eles.
Tyler se inclinou mais perto, mastigando um bagel como
se estivesse ouvindo cada palavra minha.
“Orion não me coagiu, ele mentiu,” falei com firmeza.
“Eu disse a eles a verdade,” Tory disse. “E qualquer um
que disser o contrário pode sentar-se em outra mesa, não é,
Geraldine?”
“Está absolutamente correto,” disse Geraldine, estufando o
peito de orgulho. “Não há grama do meu ser que jamais
questionaria a palavra das verdadeiras rainhas. Se você diz que
é assim, então é assim.”
Sofia assentiu com firmeza e até Diego pareceu concordar,
apesar do fato de que tinha certeza de que teria sido fácil para
ele se voltar contra Orion.
“E para sua paz de espírito, pedirei à minha maravilhosa
tia Brenda que fique de olho nele para você. Ela trabalha como
curandeira em Darkmore e não tenho dúvidas de que ela
aproveitaria a ocasião para garantir que ele seja cuidado se
tiver algum inchaço ou arranhões.”
“Isso é gentil, obrigada,” falei, uma lufada de ar saindo dos
meus pulmões. Não tinha percebido o quão desesperadamente
precisava que meus amigos estivessem ao meu lado nisso. Mas
agora que sabia que sim, me sentia uma idiota por ficar longe
deles por tanto tempo. Eu podia ver em seus olhos o quanto
eles se importavam comigo. “Prefiro não falar sobre mais do
que isso, ok?”
“Vocês ouviram isso?” Geraldine chamou toda a mesa.
“Nem uma palavra deve ser dita sobre os recentes eventos que
nossa Rainha Darcy enfrentou ou pela parte traseira brilhante
da lua, vou te golpear!”
Todos concordaram com a cabeça e eu ofereci a ela um
sorriso de agradecimento. Nas fileiras da A.S.S., consegui
passar pelo café da manhã sem ter que me envolver com
nenhum outro aluno do Orb que estivesse olhando em minha
direção. Mas eu vi pessoas resmungando, sorrindo,
carrancudas, formando suas opiniões, começando seus
rumores. Os eventos no tribunal teriam se espalhado como um
incêndio agora. E eu teria que aceitar que a maioria das
pessoas provavelmente já havia se decidido sobre mim e Orion.
Enquanto caminhava para o Jupiter Hall, com o coração
apertado ao pensar em assistir às aulas de Cardinal Magic sem
Orion para ensinar, decidi que queria saber o que estava sendo
dito. Sabia que ia doer. Mas se eu ignorasse isso, não poderia
enfrentar de frente. Então, peguei meu Atlas e digitei meu
nome, meu estômago deu um nó enquanto batia no primeiro
artigo que apareceu, de Gus Vulpecula, é claro.
“Darcy, não,” Tory avisou, pegando meu Atlas, mas me
afastei dela quando entramos no Jupiter Hall.
“Eu quero ver,” falei com firmeza, sem espaço para
negociação em meu tom.
Ela suspirou, mas não fez outro movimento para me
impedir.
Meu olhar caiu sobre uma foto de Orion no topo do artigo
e meu coração bateu contra minha caixa torácica. Era uma
fotografia, seus olhos pareciam mortos, sua cabeça inclinada
para baixo, a gravata que ele usara no julgamento pendurada
frouxa em sua garganta. Havia sombras projetadas sobre a
imagem em preto e branco que o fazia parecer monstruoso,
mortal. E o título do artigo me fez querer jogar meu Atlas na
parede mais próxima.
Professor da Zodiac Academy condenado a 25 anos na
Penitenciária de Darkmore por predação sórdida de uma
Princesa Vega.

Enquanto o povo de Solaria prendia a respiração para ouvir


o resultado do julgamento mais televisionado em trinta anos, o
Tribunal de Solaria confirma que Lance Orion, ex-professor de
Cardinal Magic na Zodiac Academy e estimado treinador de
Pitball, usou Coerção Negra (uma forma de magia negra
manipuladora) para forçar Gwendalina (Darcy) Vega a um
relacionamento sexual contínuo que começou apenas algumas
semanas depois de sua inscrição na academia.
Com sua mente já confusa, parece que Orion abusou da
Princesa Solariana no que só pode ser descrito como uma trama
doentia e distorcida. Detalhes surgiram de que ele a arrastou
para uma piscina na primeira vez que se forçou a ela, criando
uma cápsula de ar na água onde ele poderia fazer seu primeiro
movimento. Sem dúvida, o histórico de transtornos mentais de
Gwendalina a tornava ainda mais suscetível às sugestões dele e
só podemos ter pena da Princesa pelo que Orion a fez passar, o
tempo todo enfeitiçando seus pensamentos e memórias para
fazê-la acreditar que desejava seus avanços.
Há uma preocupação crescente com essa terrível revelação
de que, com sua mente para sempre corrompida por seu
agressor, só podemos imaginar que tipo de mulher perturbada
ela se tornará após a formatura. Há rumores de que o Instituto
de Saúde Mental para Fae tentou chamá-la para avaliação. Mas
12
a Srta. Vega indicou seu A.P. para comentários que,
infelizmente para seus esforços, acabou por ser um corvo.
Quanto a Lance Orion, seu passado revela a rota destrutiva
que ele trilhou por muitos anos, tornando-se frio com sua mãe
viúva depois que ela perdeu seu marido em um acidente mágico
e quando sua filha desapareceu anos depois (veja a página
quatorze para notícias sobre a milagrosa volta de Clara Orion).
Stella Orion fez este comentário depois que a sentença de prisão
de seu filho foi anunciada. “Estou triste e profundamente
magoada com esta notícia. Meu filho não é ele mesmo há muitos
anos e, infelizmente, eu não sabia como as coisas estavam
ruins. Como uma mãe amorosa, eu o teria ajudado em quaisquer
problemas que ele estivesse tendo. Sempre tive um ouvido aberto
para meu filho, mas talvez sempre houvesse algo faltando nele.”

Eu desliguei meu Atlas, colocando-o de volta na minha


bolsa enquanto minhas mãos se apertavam em punhos.
“É tudo besteira,” Tory murmurou e assenti.
“Eu sei, mas é uma besteira que o mundo inteiro engoliu,”
rosnei. “E ele fez isso a si mesmo.”
“Bom dia, minha querida,” a voz de Washer me fez
estremecer e recuei quando ele estendeu a mão para me tocar.
Tory me disse que ele assumiu temporariamente nossas aulas
de Cardinal Magic e que ele era a última pessoa no mundo que
eu queria ver agora. “É ótimo ver que você está se
aprofundando nos estudos novamente. Mas faria mal em não
lhe oferecer meus serviços.” Seu rosto bronzeado se torceu em
um sorriso simpático enquanto ele olhava para Tory. “Vocês
duas devem se sentir como se tivessem sido arrastadas nuas
por um arbusto espinhoso recentemente. Então, se quiserem
que eu drene essas emoções sombrias se contorcendo dentro
de você, então estou mais do que disposto a ajudá-las.”
“Eu prefiro engolir um palito inteiro, mas obrigada,” Tory
disse friamente e Washer resmungou, virando-se para mim
novamente.
“Mas você, minha querida, deve estar muito perturbada
por não saber o que pensa. Posso separar seus pensamentos,
tentar ajudá-la a perceber o que era real e o que não era.
Teríamos que passar por cada uma das vezes que ele tocou em
você com detalhes bastante vívidos, mas seria mais benéfico
tirar isso de seu peito.”
“Eu conheço minha própria mente,” falei com firmeza.
“Orion mentiu no tribunal.”
Sabia que era inútil dizer isso. Ninguém iria acreditar em
mim. Mas não dizer isso parecia uma traição a mim mesmo. Eu
não poderia deixar o mundo inteiro pensar que eu sofri uma
lavagem cerebral, embora Orion não tivesse me dado nenhuma
escolha no assunto. E eu não desistiria de tentar limpar seu
nome.
Eu já tinha conversado sobre isso com Tory uma centena
de vezes e decidimos que era hora de deixar todos saberem que
Fênix não podiam ser Coagidas pela magia negra. Que nossos
poderes da Ordem podiam bloquear todos os tipos de magia
mental invasiva. Mas não podíamos simplesmente deixar
escapar e deixar que os jornais rejeitassem. Tínhamos que lidar
com isso direito. Darius estava trabalhando em um recurso
com seus advogados que nos permitiria provar isso na frente de
um juiz.
“Minha querida.” Washer se aproximou, sua colônia
almiscarada alcançando-me a partir do pedaço de peito
encerado que podia ver entre os poucos botões abertos em sua
garganta. “O primeiro passo para a cura é aceitar o que
aconteceu. O Professor Orion parecia um bom, bom homem,
mas infelizmente nunca é aquele que você suspeita que tem
uma semente escura crescendo dentro deles.”
“Ele não abusou de mim,” rebati, minha voz subindo o
suficiente para que toda a classe se virasse para me encarar. “E
o único pervertido nesta escola é você.”
Os lábios de Washer se separaram em ofensa. “Me
desculpe? Entendo que esteja lidando com uma onda de
emoções agora, mas não volte sua ira contra mim, Srta. Vega.”
Franzi meus lábios, recusando-me a me desculpar. Por
que deveria? Ele andava por aí entrando no espaço pessoal das
pessoas sem permissão o tempo todo. Ele era nojento, e o fato
de Orion estar sendo chamado de assustador por todo o
mundo, e não esse cara, era uma piada de verdade.
Washer franziu a testa tristemente, aparentemente me
dando um passe livre enquanto dava um tapinha no meu
ombro e se afastava para a frente da classe. “Entre, vou
entregá-la ao seu novo professor hoje. Ela estará aqui a
qualquer minuto.”
A porta se abriu e as pessoas começaram a murmurar
enquanto entravam. Meu olhar se fixou em Kylie rindo com
Jillian e a raiva chamuscou minhas entranhas enquanto
observava seu rosto sorridente e a luz dançando em seus olhos.
Ela estava seriamente satisfeita consigo mesma por se vingar
de mim. Vingança por algo que nem fiz. Cadela.
Tory fez uma careta, se aproximando de mim. “Quer que
eu tire aquele sorriso de seu rosto presunçoso?”
“Não,” falei entre os dentes. “Quero que ela sofra muito
mais do que isso.”
“Ooh, isso é escuro, Darcy,” disse Tyler, jogando o braço
sobre os ombros de Sofia enquanto nos seguiam para dentro.
“Estou tão aqui para isso. Apenas certifique-se de avisar para
que eu possa ter minha câmera pronta quando acontecer.”
“Acho que ela merece uma passagem pelo inferno pelo que
fez,” disse Sofia, puxando o lábio superior para trás.
Eles estavam todos tão decididos a estar do meu lado
sobre isso, que fez meu coração derreter por eles. Não
duvidaram da minha história. Apenas acreditaram cegamente.
E eu não poderia agradecê-los o suficiente por isso.
“As estrelas irão puni-la,” disse Diego em um rosnado.
“Não há justiça no mundo se elas não o fizerem, chica.” Ele
colocou a mão no meu braço e fiz uma careta para ele em
confusão, meu coração apertando.
“Você odiava Orion,” murmurei.
Ele baixou meu olhar. “Acho que estávamos começando a
nos entender. E Tory disse que viu vocês juntos, ela sabe a
verdade. Isso é o suficiente para mim.”
Fiquei extremamente grata a ela por isso e estendi a mão
para apertar a sua, enquanto caminhávamos ao longo da linha.
Fomos para a aula e sentei no meu lugar habitual entre
Diego e minha irmã enquanto Washer pegava uma caixa de
coisas da mesa. A mesa de Orion. Coisas que ele obviamente
enchia em suas gavetas. E fui atingida por um medo cegante,
para onde todas as suas coisas foram levadas?
Sua casa foi esvaziada? Suas coisas jogadas fora ou
guardadas em algum lugar? Meus músculos ficaram tensos
com o pensamento de que sua presença tinha sido tão rápida e
nitidamente removida da academia quando ele deu tanto de
sua vida a este lugar.
Peguei meu Atlas, mandando uma mensagem para Darius
com a ansiedade guerreando em meu peito.

Darcy: Você sabe o que aconteceu com as coisas de Lance?

Darius: Eu as tenho guardadas. Não se preocupe, não


deixaria nenhum filho da puta tocar em suas coisas. Se houver
alguma coisa que você queira manter, me avise.

O alívio me encheu e soltei uma respiração lenta enquanto


enviava outra resposta.

Darcy: Obrigada. Como está indo o apelo?

Darius: Os Kipling estão trabalhando nos documentos.


Avisarei quando eu os receber e o que será necessário.
PS: Bom te ver novamente. Não quebre sozinha. Eu sei que
você tem sua irmã, mas estou sempre aqui se você precisar falar
sobre ele.

O peso do meu coração diminuiu com suas palavras e eu


ofereci a ele a única coisa que poderia em troca.

Darcy: Você também, Darius. Obrigado por tudo que você


fez por ele.

“Ah, aqui está ela,” Washer anunciou e me virei para a


porta onde uma mulher com cabelos negros até a cintura
estava entrando na sala.
Ela era linda, quase nauseante. Como se cada centímetro
de sua pele tivesse sido polida e cuidada, sua maquiagem
impossivelmente perfeita. Era como se ela estivesse usando um
filtro Faechat que a fazia praticamente brilhar com beleza. Seus
olhos amendoados estavam delicadamente pintados com
delineador e seus lábios carnudos eram de um vermelho
escarlate. O vestido preto na altura do joelho que ela usava
abraçava sua figura pequena, mas curvilínea, seus seios
puxados para cima e exibidos sem modéstia e um pingente
pendurado em volta do pescoço com uma pedra água-marinha
que combinava com seus olhos de cor incomum.
“Classe, aqui é a professora Highspell,” anunciou Washer.
“Embora o professor Orion tenha ensinado com mão firme que
todos nós sentiremos falta...” Ele fez uma pausa e suspirou.
“Não tenho dúvidas de que sua nova professora se certificará
de que suas necessidades sejam atendidas, não é, Honey?”
“Honey Highspell? Ela é algum tipo de acompanhante
contratada?” Tyler bufou e Highspell caminhou em direção a
ele, empurrando os dedos em seu cabelo, em seguida,
puxando-o para trás, então ele foi forçado a olhar para ela.
“Cuidado com essa sua língua,” ela ronronou. “Ou pode
acabar em problemas. E sempre encontro uma punição
adequada ao crime.” Ela riu animadamente, em seguida,
caminhou até a mesa como uma pantera, acenando com a mão
para Washer desinteressadamente. “Você pode ir.”
Ele acenou com a cabeça, aparentemente não atraído por
seu fascínio, apesar dele persuadir noventa e nove por cento da
população. Ele manteve os olhos fixos em seu rosto em vez de
seu decote óbvio, sorrindo com força antes de sair pela porta.
Highspell encostou sua bunda na mesa, segurando-a de
cada lado de suas coxas com suas unhas compridas e bem
cuidadas. Seus olhos percorreram a classe, movendo-se de
rosto em rosto como se guardasse cada um deles na memória.
Quando ela me alcançou e Tory, seu lábio superior puxou para
trás quase imperceptivelmente. “Acho que devo mencionar o
elefante na sala,” disse ela com um sorriso gentil. “Lance Orion,
um cidadão íntegro da sociedade Fae com quem tive o prazer
de treinar para o nosso diploma de professor, foi condenado
por um crime terrível. Um crime que ele não cometeu.”
Meus lábios se separaram e troquei um olhar com Tory,
me perguntando se eu estava prestes a encontrar um aliado
nesta mulher.
“Depois de visitá-lo na Penitenciária de Darkmore, passei a
entender a verdadeira história do que aconteceu com ele.” Seus
olhos pousaram em mim e não havia nenhuma simpatia ali.
“Ele foi manipulado por uma garota com sangue real, uma
garota que entrou neste mundo ao lado de sua irmã e mentiu e
trapaceou para ser considerada para o trono.”
“Mentirosa,” retruquei e ela chicoteou seus dedos em
minha direção, uma linha endurecida de gelo selando meus
lábios enquanto ela voltava seu olhar de mim para Tory, que
parecia pronta para arrancar o rosto dessa vadia. E estava
torcendo seriamente por ela.
Levantei meus dedos até minha boca, trazendo calor às
pontas dos meus dedos para queimar o gelo, mas a magia era
incrivelmente poderosa. Estava desesperada para revelá-la
como a mentirosa que era. Esta mulher não visitou Orion e ele
não disse a ela nada do tipo.
Meu coração bateu contra minha caixa torácica enquanto
a fúria borbulhava sob minha carne.
“O pobre Lance pensava que Darcy Vega realmente o
amava, mas ela o manipulou, deu seu corpo a ele e quando ele
se levantou no tribunal, se sacrificou por ela, como ela sempre
planejou.”
“Cale a boca,” Tory latiu e o olhar de Highspell caiu sobre
ela.
“E você não é diferente, é Srta. Vega?” Ela disse
sombriamente. “Manipular um Herdeiro para se apaixonar por
você apenas para jogá-lo de lado quando as estrelas chamaram
vocês dois juntos. Eu não sei como elas fazem isso, mas essas
garotas exercem algum tipo de magia negra sobre homens
poderosos e estarei observando vocês duas muito de perto para
descobrir o que é.”
Consegui queimar o gelo colando meus lábios finalmente
no momento em que a voz de Kylie ecoou pela sala.
“Estou tão feliz que alguém finalmente viu, Professora
Highspell. Tenho tentado expô-las desde que chegaram,” disse
ela alegremente.
“Qual o seu nome?” Highspell perguntou.
“Kylie Major,” ela respondeu alegremente.
“Bem, você teria que ser um Fae talentoso para conseguir
tal coisa, Srta. Major, e de acordo com as notas do professor
Orion, você é inferior.” Highspell encolheu os ombros
inocentemente e praticamente podia sentir o calor queimando
das bochechas avermelhadas de Kylie atrás de mim.
Aparentemente, nossa nova professora não queria fazer
amizade com ninguém. Até mesmo beijadores de bunda.
Ela avançou para se empoleirar na mesa de Tyler,
cruzando as pernas para que sua saia subisse para revelar
suas longas pernas bronzeadas. Ela acenou com a mão para o
quadro e uma pergunta apareceu nele.
Qual é a diferença entre as Ordens Mutatio e as Ordens
Divisus?

“Hoje, vocês serão questionados sobre tudo o que


aprenderam desde o início do semestre e irei classificá-los no
final da aula. Peguem seus blocos de notas e preparem-se para
responder a cada pergunta.” Ela se abaixou para falar com
Tyler, seus seios completamente em seu rosto. “Seja um bom
menino e desenhe um mapa da classe com os nomes de todos
nele. Você pode pular as primeiras perguntas.” Ela piscou
antes de deslizar para fora da mesa dele como um gato e se
esgueirar para a frente da classe novamente. “Comecem,” ela
comandou.
Cerrei meu queixo enquanto trabalhava com as perguntas,
tentando evitar que minhas mãos tremessem de raiva. Esta
mulher era vil. Só a conhecia há cinco segundos e teria
preferido Washer em qualquer dia.
O Atlas de Tory zumbiu e ela sutilmente o deslizou para
fora da mesa, colocando-o em seu colo enquanto verificava a
mensagem que recebera.
“Oh meu Deus,” ela falou sob sua respiração, então
passou seu Atlas para mim.
Assisti ao vídeo que Darius mandou de seu ex-namorado,
Zane, se desculpando com Tory, com o rosto ensanguentado e
machucado. Momentaneamente esqueci a bruxa na sala
enquanto meu coração se elevava ao ver aquele bastardo
claramente tendo recebido exatamente o que ele merecia.
Passei o Atlas de Tory de volta, encontrando seus olhos
brilhando com algo que parecia muito com amor. Confie nela
para ficar toda pegajosa por causa de Darius violentamente
esmagando o rosto de seu ex. Mas isso me fez gostar dele ainda
mais e um sorriso puxou meus lábios que ela reparou antes de
rapidamente guardá-lo.
“Realmente não preciso dele para lutar minhas batalhas,”
ela bufou e rolei meus olhos.
“Vega!” Highspell estalou e ela marchou até nós com os
olhos transformando-se em fendas de cobra. “O que vocês
acham que estão fazendo?” Nenhum de nós respondeu e ela
sibilou entre os dentes, estendendo a mão para Tory. “Dê aqui.
Agora.”
Tory relutantemente entregou seu Atlas com uma carranca
e Highspell olhou para o vídeo na tela por um momento antes
de voltar para sua mesa e colocá-lo lá. Ela tirou seu próprio
Atlas de sua bolsa brilhante com estampa de leopardo e voltou
para ficar diante de nós, segurando-o como se estivesse prestes
a nos gravar.
“Vocês duas subam em suas mesas,” ela ordenou e engoli
a sensação de queimação em minha garganta enquanto
obedecia, subindo e ficando acima dela ao lado de Tory.
“Assista a um vídeo na minha classe e você terá um vídeo
feito de vocês aqui,” Highspell disse com um sorriso malicioso.
“Você parece um homem forte.” Ela apontou para Diego e o
chamou. “Venha aqui e grave isso para mim.” Aparentemente,
Highspell não se importava de fazer amizade com os meninos
desta classe.
Diego franziu a testa ao se levantar, movendo-se para
pegar o Atlas dela e nos lançando um olhar de desculpas ao
apontá-lo para nós.
Highspell olhou entre nós com aquela expressão de cobra
novamente e em meus ossos, poderia dizer que ela era uma
Medusa. Ela tinha a mesma aura de Kylie, o brilho perigoso de
uma cobra faminta nos olhos.
“Como as duas estavam decididas a interromper meu
teste, terão uma rodada extra. Respondam minhas perguntas
incorretamente e serão punidas. Se lutarem contra suas
punições, ficarão detidas comigo pelo resto do semestre. E
acreditem em mim quando digo, será muito mais desagradável
do que enfrentar seus castigos aqui como Fae.” Meu coração
batia descontroladamente fora de sintonia enquanto a magia
cintilava em suas palmas. “Como a extinta Ordem Ophiotaurus
recarregava seu poder mágico?”
Olhei para Tory, não tendo nenhuma maldita pista. Nunca
nos ensinaram isso e por que teríamos que saber?
Encolhemos os ombros em uníssono e ela estalou os dedos
para nós e pequenos fragmentos de gelo voaram para a minha
bochecha direita. Engasguei quando eles cortaram minha pele
e o sangue esquentou meu rosto. Olhei para Tory, encontrando
seu corte na bochecha aberto também e a fúria explodiu em
minhas veias como um inferno. Foi tão difícil não lutar. Queria
destruí-la por isso. Mas um único olhar com minha irmã
confirmou que não valia a pena as horas extras na detenção
com esta vaca.
Virei-me para Highspell com nojo, esperando por sua
próxima pergunta, me recusando a dar a ela a satisfação de
reclamar da punição.
Seus olhos brilharam enquanto ela continuava. “Qual
feitiço você usaria para engarrafar um verme Kithendium
Glow?”
Mordi minha língua, olhando-a com um olhar paciente.
Ela nos queria ensanguentadas diante das câmeras para sua
própria satisfação. Todas as perguntas seriam impossíveis de
responder. Então a encarei uniformemente e esperei que ela
mexesse os dedos.
O segundo golpe cortou a pele nua entre minhas meias até
o joelho e a bainha da minha saia. Estendi a mão e peguei a
mão de minha irmã enquanto olhávamos desafiadoramente
para ela, recusando-me a reconhecer a câmera que tremia nas
mãos de Diego.
O jogo continuou até que nossos uniformes estivessem
rasgados e o sangue escorresse pelas barras. O sangue pingou
entre meus dedos quando ela finalmente nos deixou sentar,
arrebatando o Atlas de Diego e batendo em algo na tela.
“Talvez os comentários de seus amigos do FaeBook em
minha postagem a lembrem de não atrapalhar minha aula.”
Ela soltou uma risada leve, em seguida, vagou de volta para a
frente da sala, colocando seu Atlas de volta em sua bolsa.
Meu pulso batia forte em meus ouvidos, minha mandíbula
estava rangendo e o calor invadiu cada parte de mim. Parecia
que o mundo estava se voltando contra nós, pegando todas as
coisas boas e transformando-as em pó. E decidi que odiava as
estrelas tanto quanto odiava a professora Highspell.
No momento em que a aula terminou e eu e minha irmã
fomos anunciadas como as últimas da classe, apesar de termos
tirado a nota máxima, fiquei lívida. Ela nos acusou de trapaça
e rasgou nossos papéis dizendo que poderíamos trabalhar
nosso caminho para cima na classificação de forma justa ou
não.
Afastei-me de Tory e meus amigos, dando minhas
desculpas antes de sair pelo campus em direção à Aer Tower.
Os cortes na minha pele ainda doíam e o sangue manchava
minha camisa branca com manchas vermelhas. Tinha um
período livre antes do almoço e não queria ficar perto de
ninguém nas próximas duas horas. Tive o suficiente. As
besteiras de Highspell trouxeram minha raiva à tona
novamente e não pude aguentar. A doença rodou em meu
intestino quando comecei a desmoronar.
Aqui não. Não na frente de todos.
Estava correndo para a torre, correndo escada acima
enquanto a emoção me engolia e as Sombras começaram a
sussurrar, prometendo afogar tudo se simplesmente cedesse a
elas.
Tentei forçar tudo para baixo, mas precisava de alguma
saída e me vi correndo pelo corredor que levava ao meu quarto,
em vez disso, continuei subindo e subindo até chegar à escada
que levava ao telhado. Corri até a porta, empurrando-a
amplamente e o vento soprou ao meu redor, o som da enorme
turbina na lateral do prédio gemendo em meus ouvidos.
Chutei a porta e gritei para o céu, levantando meus braços
no mesmo momento e liberando minha magia em uma
inundação. Um furacão de ar saiu do meu corpo em uma
tempestade selvagem e caótica. Eu o agarrei e empunhei o ar
para girar ao redor da torre, formando-o em um enorme pilar
de nuvens de tempestade que ficava cada vez maior à medida
que subia em direção ao céu e envolvia tudo na escuridão.
A turbina girou mais rápido no furioso tornado que girou
em torno das bordas da torre e o vento mandou meu cabelo
voando no redemoinho.
Lágrimas escorreram pelo meu rosto enquanto eu deixava
tudo sair. Toda a dor, a mágoa, a traição.
Como você pôde fazer isso? Como você pôde quebrar todas
as promessas que fizemos um ao outro? Como você pôde jogar
tudo fora e nem mesmo dizer adeus?
Ansiava por respostas, ardia por elas. Precisava ir até ele,
mas como poderia fazer isso?
“Darcy!” Uma voz fez meu coração pular e me virei,
deixando cair os braços enquanto a tempestade continuava a
girar e ficar cada vez mais escura.
Seth ficou parado perto da porta quando esta se fechou
atrás dele, seu rosto contraído de preocupação.
“Não me olhe assim,” rebati. “Você não tem direito.”
“Venha para dentro,” ele encorajou. “Nós podemos
conversar.”
“Não quero falar com você,” rosnei. “Deixe-me em paz.”
Seus braços caíram flácidos ao lado do corpo e ele
balançou a cabeça enquanto seu cabelo ondulava ao seu redor
na tempestade. “Não posso fazer isso.”
“Por quê?” Exigi, meu coração despedaçando-se. A
primeira pessoa que queria me ver assim era ele. “O que você
quer de mim? Minha dor não é suficiente? Ainda quer mais?”
Meu corpo estremeceu quando ele deu um passo mais
perto, seus olhos brilhando de dor.
“Nunca quis isso,” disse ele sinceramente, balançando a
cabeça.
“Dane-se!” Gritei, deixando meus pulmões em carne viva.
“Você torturou a mim e a Lance. Então saia da minha vista ou
vou trazer toda essa tempestade sobre sua cabeça.”
Seth se aproximou e levantei minhas mãos
ameaçadoramente. Ele engoliu em seco, seu olhar se movendo
para o sangue na minha bochecha e os cortes avermelhados
em meu corpo. “Eu sei o que fiz. Não estou negando.”
“Então me deixe em paz, Seth,” rosnei. “Você realmente
tem que se banhar na minha miséria mais do que já fez?”
“Não... eu...” Sua mandíbula pulsou enquanto ele passava
a mão pelo cabelo rebelde. “Também estou sofrendo com isso,
certo?”
“O que isto quer dizer?” Assobiei quando ele deu mais um
passo para mais perto e a magia formigou em minhas palmas,
pronta para rasgá-lo se ele chegasse muito perto.
Ele parecia estar lutando com algo quando abria e fechava
a boca, então seus olhos encontraram os meus novamente e
uma respiração pesada o deixou. “Aqui está a verdade.” Seus
ombros caíram e de repente ele parecia quebrado, sua cabeça
inclinada e a vergonha colorindo suas feições angulares.
“Desde o momento em que você entrou nesta escola, eu estava
preparado para lutar contra você. Você era minha oponente,
mas eu não esperava... não esperava gostar de você também.
Respeitei toda vez que se levantou. Odiava não poder odiar
você. E foi mais do que isso...” Ele desviou o olhar de mim
como se não pudesse suportar falar suas próximas palavras.
“O quê?” Pressionei, repentinamente incapaz de desviar o
olhar, de alguma forma certa de que precisava ouvir o que quer
que ele estivesse escondendo.
“Invejei você, Darcy. Você e sua irmã,” ele forçou. “Vocês
cresceram longe de tudo isso... dessa porra de pressão,” ele
cuspiu a última palavra. “As duas evitaram o peso que
pressionou sobre mim durante toda a minha vida, então
entraram direto em nosso mundo e tiveram tudo pelo que sofri
entregue a vocês. Você não tem ideia de como é ter cada
movimento que faz assistido, gravado, julgado. E não apenas
pela imprensa, pela minha família. Meus irmãos e irmãs podem
me amar, mas eles estão constantemente procurando por
fraquezas, esperando que eu escorregue para que possam
roubar meu lugar como Alfa e tomar a coroa. É nossa natureza.
Mas vocês... você, acima de tudo, era inocente pra caralho. Tão
boa. Tão encantada pelo mundo porque nunca teve que
sangrar pela glória como fiz.”
“Não foi fácil para mim no mundo mortal,” falei, incrédula.
“E nunca pedi por isso.”
“Eu sei disso agora, realmente... eu sei. Mas naquela
época, toda vez que a olhava, queria saber como era crescer
sem ser corrompido e cada vez que te machuquei, queria ver a
escuridão em você para provar a mim mesmo que ninguém era
tão virtuoso. Mas depois de tudo que fiz, não havia coração
negro para encontrar. Você nunca se tornou como eu, mesmo
quando o mundo tentou esmagá-la.” Sua garganta balançou
enquanto ele revelava sua verdade para mim e não sabia o que
dizer antes que ele continuasse. “Nunca descobri o que queria
de você, tudo que eu sei é que você me possuiu, me deixando
louco. Por um tempo pensei que você fosse igual a mim e por
isso fiquei obcecado. Que talvez meus instintos estivessem me
levando a tomá-la como minha companheira. Mas então…”
“Então o quê?” Murmurei, de repente precisando ouvir
tudo. As profundezas de sua honestidade.
“Então descobri sobre você e Orion e simplesmente...
surtei.” Ele me fixou com um olhar sombrio que consumiu
minha alma. “Pensei que ele tinha corrompido você. Ele de
todas as pessoas. O professor idiota que decidiu que me odiava
com paixão desde que você chegou. Foi ele quem te fez má. Eu
não. E desprezei isso. Não conseguia engolir. Então puni você.
Queria me vingar de todo o sofrimento que passei por você.
Todas as noites me perguntei o que era que me deixava
silenciosamente louco por você. Inveja, ódio, amor? Não sabia
qual era ou se todos eles tiveram alguma participação nisso.”
Ele deu um passo à frente novamente, então havia apenas um
metro entre nós. “Mas depois de um tempo, eu vi como Orion
cobiçava você. Como ele não a fez má, você o fez bem. E percebi
que não era apenas um caso. A maneira como os dois se
olharam era como... como se um fio inquebrável os prendesse.
Nada que alguém dissesse ou fizesse mudaria isso. Muito
menos eu. E foi então que percebi o que tinha feito. Como
tentei fazer você em pedaços, tentei entender como se, em
algum lugar lá no fundo, você fosse tão ruim quanto eu,
quando tudo que eu estava realmente fazendo era ignorar o
fato de que me tornei o monstro que tentei duramente
encontrar em você.”
Suas palavras pairaram no ar, beijando minha pele,
implorando para entrar. Mas aceitá-las significava que
entendia porque ele tinha feito o que fez. E eu não queria fazer
isso. Não queria ser a boa garota que ele pintou que eu era.
Queria provar que eu era má. A garota que poderia jogá-lo
desta torre por me machucar. Mas, em vez disso, apenas fiquei
lá, perdida e sacudida até o fundo.
Os olhos de Seth se fixaram em mim. “Não acho que algum
dia serei capaz de me perdoar pelo que fiz a você, e nunca
pediria seu perdão porque não mereço uma gota dele. Mas pelo
que vale a pena, eu sinto muito, Darcy.”
O vento rugiu em meus ouvidos e novas lágrimas
derramaram pelo meu rosto, tornando-se geladas no momento
em que encontraram o ar. Nunca quis um pedido de desculpas
de Seth. Não esperava um, muito menos um que me fizesse
acreditar que ele realmente quis dizer isso. Mas agora que
aquelas palavras saíram de sua língua, percebi o quão
desesperadamente precisava daquele pedido de desculpas.
Quanta raiva e dor eu guardei em meu coração por ele. Sabia
que isso não poderia desfazer as coisas terríveis que ele fez
comigo. Mas finalmente pude ver remorso em seus olhos. Podia
ver um menino ressentido se tornando um homem cheio de
remorso bem na minha frente.
Seth avançou, fechando a distância entre nós e
capturando meu queixo entre seu dedo polegar e indicador
enquanto inclinava minha cabeça para olhá-lo. “Há mais uma
coisa que deveria ter percebido. Você nunca poderia ser minha
companheira, Darcy Vega. Porque não somos iguais. Você é
muito melhor do que eu em todos os sentidos imagináveis.”
Não sabia se caí em seus braços ou se ele me cercou
naquele momento, mas de repente ele estava me segurando
contra seu peito e senti como se ele fosse a única coisa sólida
nesta tempestade que estava mantendo meus pés no chão. Ele
foi uma das poucas pessoas que testemunhou a verdade sobre
mim e Orion. Ele tinha visto em primeira mão, e ouvi-lo admitir
que o que tínhamos era inegável acalmou um pedaço da minha
alma fraturada e sofredora.
“Por que ele fez isso?” Perguntei a ele, roubando o calor de
seu corpo enquanto o vento me congelava em meu núcleo.
“Não é óbvio?” Ele suspirou, apoiando o queixo na minha
cabeça. “Ele estava a protegendo, baby. Ao assumir total
responsabilidade por aquele crime, ele garantiu que seu nome
não fosse manchado na imprensa. Você não perderá o suporte
para a coroa. Se qualquer coisa acontecer, você vai ganhar
mais simpatia por isso.”
Um soluço áspero escapou de mim quando percebi que ele
poderia estar certo e coloquei minhas mãos nas costas de sua
camisa enquanto enterrei meu rosto em seu peito. Ele passou
os dedos no meu pescoço e a magia de cura percorreu minha
pele, encontrando cada um dos cortes doloridos que Highspell
havia marcado em mim e os tricotando.
“Aquela nova professora vai ser uma mulher morta se ela
achar que pode se safar com isso,” Seth rosnou, uma proteção
feroz enchendo sua voz enquanto seus braços se apertavam ao
meu redor.
Deveria ter parecido errado buscar consolo dele, mas
parecia terrivelmente, assustadoramente certo. Como se ele
fosse me apoiar em qualquer coisa agora. Mas isso não podia
ser verdade. Não fazia sentido. Ainda estávamos em lados
opostos de uma guerra. Mas imaginei que a guerra nunca
aconteceria se Lionel assumisse o trono. Ele era inimigo de
todos nós agora. O que atualmente nos tornava aliados.
“Precisamos lidar com Kylie,” disse ele em voz baixa
enquanto a tempestade ao nosso redor começou a diminuir.
“Aquela garota ficou grande demais para a porra de suas
botas.”
Recuei, engolindo a última das minhas lágrimas. “Kylie
Major é minha.”
Ele pressionou a língua em sua bochecha, uma sombra
perigosa entrando em seus olhos. “Você não me negaria o
prazer de fazer parte desse show, não é, baby? Tenho algumas
palavras que estou morrendo de vontade de dizer a ela há
semanas. Mas achei que você gostaria de ser a primeira, então
me segurei.”
Assenti, achando estranho estar no mesmo time que ele
pela primeira vez. Ele ergueu a mão, verificando o relógio
chamativo em seu pulso. “É hora do almoço. Ela estará no
Orb.”
“Então vamos.” Passei por ele e o senti seguindo enquanto
me dirigia para a escada, o resto da tempestade voando atrás
de mim. Meu coração se transformou em pedra enquanto corria
escada abaixo e Seth Capella caminhava ao meu lado como um
animal rondando em busca de um assassino.
Quando entramos no Orb juntos, os olhos se voltaram em
nossa direção e Geraldine se levantou com a boca aberta e um
sanduíche caindo de suas mãos.
Ignorei os olhares, procurando por Kylie e localizando-a
com Jillian, Marguerite, Mildred e um bando de suas
Prostitutas estúpidas. Fiz um caminho mais curto em direção a
ela enquanto a adrenalina rolava suavemente em meus
membros ao lado de uma onda de magia. Tory se moveu para
andar ao meu lado, sem palavras quando percebeu para onde
eu estava indo e de repente Darius, Caleb e Max se
materializaram como se tivessem sido atraídos magneticamente
para o lado de Seth.
Marguerite deu um tapinha no ombro de Kylie para nos
apontar enquanto nos aproximávamos, seu rosto
empalidecendo enquanto ela olhava dos Herdeiros para mim e
minha irmã.
“Levante-se,” exigi de Kylie enquanto nos amontoávamos
em torno de sua mesa e seus olhos se arregalaram quando ela
se levantou na minha frente, olhando para Seth.
“Sethy, o que está acontecendo?” Ela perguntou
inocentemente. “O que você está fazendo com as Vega?”
Passei as últimas duas semanas pensando em todas as
maneiras horríveis que queria destruir Kylie. E agora que ela
estava diante de mim, sabia exatamente o que queria fazer. Não
iria me rebaixar aos padrões dela e humilhá-la, ridicularizá-la,
machucá-la. Não dá maneira que ela esperava, de qualquer
maneira.
Peguei um punhado de sua camisa, arrastando seu nariz
com nariz comigo e ela gritou, seu cabelo explodindo em cobras
venenosas que se lançaram em meu rosto. Mas eu estava
pronta, lançando um escudo de ar perto da minha pele para
que suas presas se chocassem contra ele, incapaz de me
alcançar quando sua pele ficou verde e seus olhos se
estreitaram em fendas.
“Saia de perto de mim!” Ela gritou, empurrando meus
ombros com uma rajada de magia de Ar, mas lancei ar nas
minhas próprias costas para me manter enraizada no lugar.
“Você me custou o amor da minha vida,” falei em uma voz
calma, mas perigosa. “Ele está na prisão porque você mal podia
esperar para me destruir no segundo que teve a chance. E tudo
sobre um Lobo em que nunca coloquei a mão. Entende o que
isso faz de você para mim?”
“Sua inimiga?” Ela perguntou amargamente, olhando para
Seth novamente como se ela esperasse que ele respondesse por
ela.
“Não, isso não te faz nada,” rosnei. “Apenas uma inútil
sugadora de oxigênio que agora não reconheço como existente.”
“Por que você está parado aí ao lado desse lixo de rua em
cima de mim, Sethy, baby?” Kylie perguntou, seu lábio inferior
a traindo com um tremor.
“Não sou seu baby,” Seth disse friamente. “Faz muito
tempo que não. E mesmo quando era, não era só seu. Nunca
fui. Deixei claro que fodo por aí. Eu não acordo com só uma
pessoa até encontrar minha companheira. Mas você continuou
negando a si mesma até que parei de corrigi-la.”
“Sou sua companheira, você só não percebeu ainda,” ela
insistiu, fazendo beicinho em desafio.
Seth se aproximou com um rosnado. “Sou um Herdeiro do
trono Solariano. Você não tem magia suficiente nas veias para
abastecer um ônibus. Como você pode pensar que seríamos
acasalados? Você é apenas uma cobra de origem humilde, mal
educada e de classe baixa.”
Seu queixo caiu e embora tivesse sentido pena dela no
passado por Seth quebrar seu coração, eu estava cansada de
sentir pena dela. Ela tinha arruinado ativamente a vida de
Orion. E eu a queria arruinada em troca.
“Isso não é verdade!” Ela gritou, ainda em negação e neste
ponto era simplesmente constrangedor.
“É verdade,” Seth rosnou perigosamente. “Você foi apenas
útil quando minha matilha não estava por perto. E estou
completamente cansado da sua obsessão por mim.”
Ela finalmente ficou quieta, seus olhos se voltando para
mim cheios de raiva, como se de alguma forma eu tivesse
causado a antipatia de Seth por ela. Mas ela conseguiu isso
sozinha.
Na minha periferia, Tory estava enfrentando Marguerite e
poderia dizer que isso poderia terminar em uma briga, mas não
era o que eu queria. Queria tirar Kylie da única coisa que ela
valorizava acima de tudo. Seu orgulho, o respeito que ela tinha
de seus amiguinhos, o círculo de segurança que ela cercava.
“Kylie Major não está mais visível para ninguém que apoie
a mim e minha irmã!” Falei para a sala e Seth mexeu os dedos
para que minha voz fosse amplificada dez vezes.
Peguei o olhar de Darius e ele acenou com a cabeça com
um brilho escuro em seu olhar antes de continuar.
“Vocês não irão vê-la, ouvi-la ou mesmo sentir o perfume
adocicado doentio que ela usa para esconder o cheiro do mal
habita nela,” falei claramente, minha voz soando em torno do
Orb e Tory soltou uma risadinha de triunfo.
“Isso vale para qualquer um que apoia os Herdeiros
também,” Seth de repente explodiu e olhei-o com um sorriso
torcendo o canto dos meus lábios. Estava escuro e selvagem e
tinha gosto de novo na minha boca. Mas foi bom exercer nosso
poder finalmente sobre alguém que o merecia. Pensei em todas
as vezes que ela me xingou, riu de mim, quando cuspiu em
mim. Ela pensava que eu estava abaixo dela, mas ela teria um
rude despertar quando se encontrasse na parte inferior da
cadeia alimentar nos próximos cinco segundos.
“Se alguém for visto com ela, receberá o mesmo
tratamento. Ela é oficialmente nada,” Darius assumiu, um
brilho faminto de vingança em seus olhos.
A mandíbula de Kylie caiu como se tivesse dado um soco
nela, mas foi realmente muito mais doce do que se tivesse.
Suas amigas começaram a se afastar dela e Mildred caminhou
resolutamente para o outro lado da sala com os ombros
pressionados para trás e a cabeça erguida. Marguerite olhou
furiosamente para Tory e depois para mim por um longo
segundo antes de olhar para os Herdeiros, inclinando a cabeça
e fugindo com o resto de suas amigas.
Kylie foi deixada sozinha, saindo de sua forma de Ordem
quando começou a tremer.
Os Herdeiros deram as costas a ela e nós seguimos o
exemplo.
“Espere!” Ela gritou com desespero em seu tom, mas eu
não pude ouvi-la. Ninguém poderia. Ela iria sofrer sozinha e
pagar pelo que fizera. Invisível, ignorada, nada.
O Palácio das Almas parecia um lar e isso era tão irreal que nem
sabia o que fazer.
As férias de primavera tinham sido como um sonho de
escapar da realidade, onde eu e Darcy tínhamos deixado nossa
bagagem de relacionamentos na porta e feito um esforço
danado de deixá-la lá. Majoritariamente.
Eu podia ou não ter mandado mensagens para Darius
algumas vezes à noite. Ou muito. Depois de ver aquele vídeo do
que ele fez com Zane, fiquei satisfeita e irritada, em seguida,
sem saber como me sentir sobre isso. Não queria que ele
corresse e lutasse minhas batalhas por mim e Zane era alguém
que eu claramente deixei na poeira por um maldito bom
motivo. Mas então, depois de alguns dias pensando em seus
modos de merda machista do Dragão, assisti o vídeo
novamente, vi o remorso real nos olhos de Zane e me senti...
bem. Até mesmo vingada.
Aquele idiota tinha me enviado inúmeras mensagens
depois que saí do hospital. Nem uma vez perguntando se eu
estava bem, mas exigindo que voltasse para ele, perguntando
qual era o meu problema, até mesmo me repreendendo pelo
acidente e tentando me culpar pela discussão que o causou.
Aparentemente, eu deveria ter percebido que ele deixar outra
garota chupar seu pau não era grande coisa porque ele não a
beijou ou transou e estava pensando em mim o tempo todo.
Babaca. Sinceramente, não sabia o que já tinha visto nele.
Ok, isso era uma mentira. Tinha visto liberdade. Ele tinha
21 anos, montou sua própria gangue, impôs respeito nas ruas
e sempre tinha um maço de dinheiro no bolso de trás.
Estupidamente pensei que um cara como ele poderia cuidar de
mim e Darcy, nos oferecer um lugar ao qual pertencer. Isso foi
antes de eu perceber que depender de outra pessoa para cuidar
de mim era um movimento idiota de vadia e jurei nunca mais
fazer isso.
E ele era gostoso. Não tipo Darius Acrux, mas gostoso. E
sempre tive uma queda por perigo e escuridão, envolva essa
combinação em um feixe de músculos e basicamente teria um
pouco de criptonita Tory. Malditos idiotas gostosos, sempre
soube que eles seriam minha ruína.
De qualquer forma, deixei de gostar de Zane filho-da-puta-
que-me-deixou-para-morrer-e-só-tinha-um-pau-de-tamanho-
médio-que-não-sabia-como-usar Baxter há muito tempo.
Mesmo quando tinha pesadelos sobre me afogar naquele carro,
ele realmente não aparecia neles. Era mais sobre estar presa e
sozinha do que ele me abandonando em particular. Então, não
tinha grandes planos de vingança. Ele realmente não estava na
minha agenda de qualquer maneira. Mas vê-lo abatido e
forçado a admitir que realmente se importava com o que tinha
feito comigo era muito gratificante. E a ideia de Darius dando
uma surra nele por mim era meio quente. Não que eu fosse
admitir.
Então, após uma semana dando a Darius um gelo por me
tratar como uma princesa que precisava de sua honra
defendida, olhei ao redor do meu Palácio gigante uma noite,
admiti para mim mesmo que a parte da princesa pelo menos
não era totalmente imprecisa, e decidi responder a uma das
mensagens que ele havia me enviado. Foi uma única palavra.
Obrigada. E meio que abriu as comportas para cerca de mil
mensagens desde então.
Agora sabia muito sobre como era crescer em uma casa
com um tirano, e ele até mesmo falou sobre algumas das
merdas mais sombrias que Lionel o fez passar. Sabia mais
detalhes sobre seu time favorito de Pitball do que jamais
gostaria de saber, inúmeras histórias engraçadas sobre coisas
que ele e os outros Herdeiros haviam aprendido ao longo dos
anos e muito mais. Troquei com ele histórias das famílias
adotivas de merda, roubos de motocicletas, o amor que
compartilhava com minha irmã e uma recusa em dizer a ele
quantos ex-namorados realmente tive. Porque não havia
necessidade dele ir caçá-los. Por exemplo, meu namorado da
quinta série, Johnny Briggs, realmente não poderia ser culpado
por me largar, afinal, eu tinha mostrado minha calcinha para
seu melhor amigo atrás do escorregador. De jeito nenhum ele
merecia que um Dragão o visitasse enquanto ele dormia.
Eu não me permiti pensar sobre a realidade da minha
situação com Darius quando estava mandando mensagens
para ele. Como o fato de que esse novo relacionamento
estranho que estava crescendo entre nós não poderia resultar
em nada mais do que isso. Não queria me concentrar no fato de
que não poderia realmente tê-lo ou mesmo admitir para mim
mesma que o queria. Suas mensagens me fizeram sorrir. E por
agora, pelo menos, isso era o suficiente.
Darcy parecia ter aceitado sua separação de Lance. Pelo
menos em uma pequena parte. Ela ainda estava devastada e
com o coração partido, mas também estava conseguindo
compartimentar, forçar isso para fora de sua mente tanto
quanto possível durante o dia. Ela admitiu para mim que ainda
chorava até dormir à noite. Mas não queria mais que eu
compartilhasse sua cama. Ela queria aprender a conviver com
a dor por conta própria, porque havia uma chance terrível de
que isso realmente durasse anos.
A cada dia, escolhemos uma nova seção do Palácio para
explorar e agora quase não me perdia nos halls arrebatadores e
nos corredores abobadados. Decidimos manter os aposentos da
Rainha como nossa residência principal enquanto estivéssemos
aqui e eu não gostava de admitir isso em voz alta, mas havia
algo reconfortante em estar nos quartos que pertenceram a
nossa mãe.
Estávamos começando a conhecer cada vez mais sobre
nossos pais biológicos e tínhamos até mesmo lido alguns
artigos sobre os motivos pelos quais o Rei Selvagem ganhou
sua reputação. Ele era um monstro, certo. Ele tinha sido um
líder cruel e maléfico, criando leis que eram impossíveis de
seguir e punindo os Fae que as violavam com a morte.
Mas também encontramos uma caixa cheia de cartas de
amor que ele escreveu para nossa mãe escondidas em suas
coisas e a maneira carinhosa com que ele falou dela e até
mesmo de sua alegria por sua gravidez fez meu coração doer.
Era tão difícil casar os dois lados dele juntos e eu ainda
não conseguia descobrir que tipo de pai ele teria sido para nós.
Nossa mãe era mais fácil de entender. Ela dirigia
instituições de caridade e financiava projetos nas partes mais
difíceis do reino. Ela começou programas de bolsa de estudos
para que Fae promissores de famílias mais pobres pudessem
entrar em academias, e havia financiado abrigos para mulheres
para ajudar as pessoas a escapar de relacionamentos abusivos
de poder. Embora ela claramente tivesse uma tendência
implacável também. Ela nos trocou por filhos mortais, sabendo
que eles morreriam por causa disso. Ela também interveio em
alguns dos planos cruéis do rei, mas ficou ao seu lado
enquanto ele executava outros. Eu não entendia. Mas suponho
que o que sabia sobre eles com certeza era que eles se amavam
e a nós. E talvez isso fosse o suficiente para fazer as pazes com
alguns dos meus demônios.
O Palácio era tão grande que comíamos cada refeição em
uma sala diferente, terraço, varanda ou jardim desde o dia em
que chegamos aqui e ainda não tínhamos ficado sem opções
em quase duas semanas.
Estávamos tomando café da manhã no Duke's Terrace
(havia seis malditos terraços neste lugar) na última manhã de
nossa estada quando um mordomo chegou para anunciar um
convidado.
Darcy ergueu os olhos de sua torrada francesa e enfiei o
último pedaço das minhas panquecas na boca assim que
Gabriel apareceu para se juntar a nós. Seu peito estava nu e
suas asas estavam fora e o mordomo parecia que ia engasgar
com a própria língua enquanto olhava para ele. Mas depois de
uma semana tolerando meus shorts, tops curtos e boca de
marinheiro, a equipe estava começando a perceber que nunca
seríamos os tipos tradicionais de princesas, então imaginei que
ele estava tentando se adaptar.
Nós dois pulamos para abraçar Gabriel e ele sorriu para
nós antes de se sentar na pequena mesa de ferro forjado ao sol
enquanto olhávamos para os jardins deslumbrantes além do
Palácio. Havia jardins dedicados a cada Elemento e estação,
um rio sinuoso com barquinhos mágicos que te levavam a um
circuito do terreno se você pulasse em um deles. Havia também
um zoológico de várias criaturas mágicas, cada uma alojada em
seu próprio habitat perfeitamente aclimatado e mais além
daquele que ainda não tínhamos começado a explorar.
“Você já comeu?” Perguntei a Gabriel enquanto ele virava
sua cadeira para trás e montava nela para que suas asas
tivessem espaço.
“Ainda não,” ele admitiu. “Fui acordado por uma visão
malditamente insistente que exigia que fosse ver vocês duas
hoje.”
Olhei para o mordomo persistente e recostei-me na
cadeira. “Seja gentil, Jeeves, e traga algumas panquecas para o
nosso amigo?” Eu disse com um sorriso.
Os servos recusaram nossa insistência em parar de
esperar por nós e realmente ficavam muito chateados se
tentávamos fazer as coisas por nós mesmos, então acabamos
cedendo à pressão dos colegas. Mas me recusei a levar a sério
os mandamentos, então pedi tudo da maneira mais idiota que
pude e coloquei um monte de sarcasmo para fazer efeito. Na
verdade, tinha certeza de que eles adoraram. Mas talvez não.
O mordomo saiu correndo e Darcy revirou os olhos para
mim. “Ignore Tory, ela chama todos os mordomos de Jeeves
porque ela não consegue se lembrar de todos os seus nomes.”
“Nem você,” apontei.
Juro, aquele cara era um dos cerca de quinze mordomos e
não era como se eles se apresentassem, eles apenas apareciam
em intervalos aleatórios com lanches e merdas antes de
desaparecer novamente como fantasmas. Tinha certeza de que
eles usavam passagens ocultas para contornar, mas ainda não
tinha descoberto uma maneira de entrar nelas.
“Não, mas apenas sorrio educadamente e não menciono
isso,” ela disse como se fosse muito melhor.
“Então, o que mais sua visão disse para você fazer?”
Perguntei a Gabriel enquanto olhava para ele com um sorriso.
“Nada,” respondeu ele. “Mas não conseguia evitar a
sensação de que era muito importante vir aqui hoje, por isso
estou aqui.”
Troquei um olhar com Darcy e um arrepio percorreu
minha espinha. Poderia admitir que não era o maior fã da
intervenção divina atualmente, mas as visões de Gabriel
raramente estavam erradas. Elas também raramente tinham
sido capazes de ajudar qualquer um de nós e sabia que Darcy
estava se sentindo um pouco amarga pelo fato de que ele não
previu Kylie-a-vaca plantando câmeras e fodendo com a vida
dela e de Orion. Mas imaginei que fosse difícil para ele se
concentrar em visões sobre tantas coisas e pessoas diferentes o
tempo todo. E sabia o suficiente sobre como a Visão funcionava
agora para entender que, se ele não estava ativamente
tentando se concentrar em ter uma visão sobre algo ou alguém
em particular, então elas não vinham com frequência a ele
espontaneamente.
Darcy abriu a boca para dizer mais alguma coisa, mas, ao
fazê-lo, ficou imóvel, os olhos pousando nos degraus que
desciam do terraço para o gramado imaculado além.
“Algum de vocês viu isso?” Ela perguntou em voz baixa.
Fiz uma careta enquanto olhava com mais cuidado e meu
coração saltou quando vi uma pegada nua no degrau de cima,
brilhando com um brilho prateado fraco à luz do sol.
“Precisamos segui-las,” Gabriel anunciou, pondo-se de pé
tão repentinamente que quase derrubou a cadeira.
“Para onde?” Perguntei enquanto eu e Darcy nos
levantávamos também e o olhar vazio em seus olhos prateados
me prendeu a respiração.
“As respostas,” respondeu ele com uma voz cheia de poder
que ao mesmo tempo soava como ele e não como ele em
absoluto.
Seus ombros relaxaram quando a visão o liberou e eu
estendi a mão para pegar a sua enquanto ele olhava para nós
em confusão.
“Você está bem?” Murmurei enquanto ele balançava a
cabeça como se estivesse tentando clareá-la.
“Aquilo... não era como uma visão normal. Foi como se as
estrelas falassem através de mim.” A carranca em sua testa me
disse o quão enervante isso tinha sido e apertei seus dedos
enquanto Darcy se aproximava dele também.
“Nós não temos que fazer o que elas querem,” falei
desafiadoramente. “Se você não quiser seguir esse caminho,
então fico feliz em dizer a elas para irem se foder de novo.”
“Porque foi tão bom para você da última vez?” Darcy
perguntou, arqueando uma sobrancelha para mim.
“Queime,” Gabriel brincou enquanto olhava entre nós e eu
revirei os olhos. Ok, ela talvez tivesse razão, mas isso não
significava que iria apenas deixar aquelas idiotas cintilantes
ditarem minha vida inteira agora porque eu estava com medo
de sua vingança. “Mas, na verdade, acho que devemos seguir
esse caminho de qualquer maneira,” acrescentou. “Não sei
aonde isso leva, mas tenho a sensação de que será...
esclarecedor.”
Olhei para Darcy e ela encolheu os ombros em aceitação
enquanto eu assentia.
“Ok então, vamos seguir os passos dos fantasmas
assustadores. Não há razão para se preocupar com isso,” falei e
Gabriel bufou uma risada enquanto nós três descíamos para o
gramado.
Mais passos prateados apareceram diante de nós e um
arrepio percorreu minha espinha enquanto cruzávamos o
jardim de inverno cheio de neve e rosas brancas geladas antes
de emergir no jardim aquático cheio de pequenas piscinas e
riachos borbulhantes.
Deixamos o Palácio para trás enquanto continuamos a
seguir a trilha por pequenas pontes em silêncio, uma sensação
quase física de antecipação nos consumindo.
Cruzamos o rio com os barcos flutuando preguiçosamente
ao longo de sua superfície e a água azul cintilante chamou
minha atenção. Passamos por um pomar e viramos uma
esquina no final dele, onde nos encontramos em um enorme
arco feito de glicínias lilases em flor que marcava a entrada do
labirinto real.
“Os servos nos avisaram para não entrar no labirinto,”
Darcy murmurou enquanto hesitávamos diante dele, a trilha de
pegadas levando para dentro. “Eles disseram que os Fae foram
lá e nunca mais saíram.”
“Aparentemente, ninguém atingiu o centro dele em mais
de cem anos,” acrescentei baixinho.
Queria zombar dos boatos idiotas, mas ficar diante da bela
arcada que levava às profundezas do labirinto de seixo com
paredes tão altas que bloqueavam a luz do sol acima de nós,
me fazia sentir incomensuravelmente pequena de alguma
forma. Havia algo no labirinto que me deixou nervosa e fez
minha magia estremecer sob a pele.
Gabriel respirou fundo e encolheu os ombros, suas asas
subindo e descendo com o movimento, de modo que suas
penas pretas roçaram meu braço.
“Se queremos as respostas, temos que entrar,” disse ele
simplesmente.
“As respostas para quê?” Darcy perguntou e ele hesitou
por um longo tempo antes de responder.
“Tudo.”
“Bem, isso parece promissor,” murmurei. Estrelas do
caralho. “Acho que vamos entrar então?”
Os outros assentiram e nós seguimos as pegadas na
escuridão que permanecia dentro do labirinto.
Seguimos as pegadas em várias curvas antes delas
desaparecerem abruptamente e a sebe atrás de nós farfalhar
enquanto crescia no caminho que tínhamos acabado de
percorrer para chegar aqui.
“Não admira que ninguém possa encontrar o centro disso
se ele se mover,” gemi. “Por que não voamos para o meio?”
“Não,” disse Gabriel, balançando a cabeça. “Se queremos
as respostas, temos que encontrar o centro da maneira
adequada. Encare o desafio e esteja à altura dele.”
“Claro que sim,” murmurei. Porque as estrelas nunca
permitem que nada fosse fácil, especialmente para nós.
“Acho que precisamos pegar a próxima à direita,” disse
Darcy lentamente e antes que pudesse questioná-la, percebi
que concordava.
“Eu também,” disse Gabriel e todos nós trocamos um
olhar antes de seguirmos por esse caminho.
Não havia mais pegadas enquanto caminhávamos cada vez
mais para dentro do labirinto, nossos instintos de alguma
forma permaneceram alinhados um com o outro em cada
bifurcação do caminho. Era estranho, mas algo sobre isso
parecia certo. Nós três juntos, indo para o escuro.
Dobramos uma última esquina e um suspiro suave me
escapou quando chegamos ao centro do labirinto, onde um
enorme salgueiro-chorão com folhas de prata pura esperava
por nós.
Caminhamos como um só, sem hesitar por um momento
enquanto empurrávamos as folhas para o lado e passávamos
por baixo delas.
Um arco de pedra ficava à sombra sob a árvore com
entalhes gravados por toda parte. Havia Fênix e Harpias,
Dragões, uma Hydra e um céu cheio de estrelas. Tudo isso
dolorosamente lindo e contando uma história que eu não
conseguia entender.
Além do arco, havia uma escada de pedra com pegadas de
prata que desciam para a escuridão.
Gabriel pegou minha mão de um lado e a de Darcy do
outro enquanto nós três descíamos juntos.
Nossos passos ecoaram no espaço oco sob o solo e cada
respiração que tomamos parecia ampliada.
Saímos em uma câmara vazia iluminada apenas pela luz
de uma piscina de água prateada que ficava no centro, tão
parada que a superfície parecia um espelho.
Como um, nos movemos para nos ajoelhar diante dela,
como se nossos corpos estivessem sendo guiados por qualquer
espírito que nos trouxe até aqui.
Nós nos inclinamos para frente para olhar para a piscina
reflexiva e minha respiração ficou presa em meus pulmões
enquanto olhava para mim mesma. Exceto na água, eu não
estava usando um top curto e shorts curtos e meu cabelo não
estava trançado ao meu lado. Eu estava usando um vestido
dourado que parecia adequado para uma rainha e uma coroa
de prata incrustada com rubis na minha cabeça sobre as
mechas esvoaçantes do meu cabelo preto.
Olhei para a minha esquerda e encontrei Darcy vestida
exatamente como eu no reflexo, enquanto Gabriel estava em
um belo terno preto e camisa, um anel de prata sem adornos
colocado em seu cabelo preto e uma bola de cristal cintilante
presa entre suas mãos.
Enquanto olhava para a imagem dele, fiquei
impressionada com a semelhança de alguns de seus traços
com os nossos. A inclinação reta de seu nariz, o arco de suas
sobrancelhas e o formato de seus olhos.
“Gabriel...” Ofeguei enquanto me virei para olha-lo ao meu
lado, mas seu foco permaneceu na piscina enquanto ele
lentamente estendeu a mão e a tocou.
As ondulações cintilavam e dançavam através da água e
quando olhei de volta para baixo, fui repentinamente sugada
por uma visão como as que tínhamos experimentado da última
vez que viemos ao Palácio.
Desta vez, reconheci minha mãe no momento em que a vi,
embora ela parecesse apenas ter a nossa idade. Ela usava uma
armadura de couro estranha, como o tipo de coisa que os
gladiadores costumavam usar, e segurava uma lança enquanto
deslizava entre os troncos de árvores enormes em uma floresta
verdejante.
“Esse é um Julgamento de Casamento Voldrakian,”
Gabriel murmurou ao meu lado e minha carranca se
aprofundou.
“Um o quê?” Assobiei.
“Em Voldrakia, um reino ao sul de Solaria, os membros da
elite da sociedade passam por testes destinados a testar a
coragem dos Fae que participam. É um jogo sangrento e brutal
onde membros de famílias prestigiosas colocam seus filhos
para frente para sobreviver duas semanas na selva, lutando até
a morte pelos suprimentos necessários para sobreviver.
Acontece antes que a magia deles seja Despertada e há todos
os tipos de perigos, desde os monstros à espreita na floresta
aos outros contendores que lutarão com unhas e dentes para
sobreviver. Quem permanecer vivo no final do julgamento será
prometido a um dos outros sobreviventes. Eles então assumem
sua educação mágica e se casam quatro anos depois, uma vez
que se formarem,” Gabriel explicou em voz baixa enquanto
observávamos minha mãe espreitando por entre as árvores.
“Isso é... intenso,” murmurei, sem mencionar o fato de que
a ideia de parte do casamento arranjado me assustou mais do
que a parte dos jogos da morte.
“Reinos diferentes fazem as coisas de maneira diferente,”
ele encolheu os ombros enquanto voltávamos nossa atenção
para a visão.
A garota que eu estava observando não parecia uma
rainha, ela parecia uma guerreira, preparada para sobreviver a
qualquer coisa e senti uma verdadeira sensação de união com
ela naquele momento. Sabia o que era lutar pela sobrevivência
e o olhar em seus olhos parecia tão familiar que fez meu
coração doer com o desejo de tê-la conhecido.
A visão mudou e modificou, mostrando sua luta no jogo,
lutando contra um monstro revestido de escamas com olhos
negros mortais com sua lança sozinha e vencendo. Ela fez um
acampamento, procurou comida e lutou contra outros
contendores.
E então, uma noite, um menino entrou em seu
acampamento com uma lança e pressionou-a contra sua
garganta enquanto ela dormia.
Eu estava tão apavorada por ela que levei um momento
para olhar para o rosto dele escondido nas sombras. Mas
quando o fiz, quase gritei porque poderia jurar que estava
olhando para Gabriel. Enquanto o menino se mexia diante da
luz do fogo, meu coração acelerado se acalmou um pouco
quando vi diferenças suficientes em seu rosto para saber que
não era ele. Mas isso só abriu meu coração para uma
possibilidade terrivelmente desesperada.
“As estrelas me enviaram para te encontrar,” o menino
murmurou e minha mãe se mexeu ao som de sua voz.
“Eu te reconheço, Marcel,” ela falou sob sua respiração
como se de alguma forma eles tivessem se conhecido antes,
mas fiquei surpresa com o conhecimento mais definitivo de que
eles não tinham. Não na carne. Apenas em seus sonhos.
“Vou morrer amanhã,” respondeu ele e não havia tristeza
em sua voz, apenas uma aceitação calma do fato. “Vou trocar
minha vida pela sua e pela vida de nosso filho.”
Nossa mãe se sentou e empurrou a lança dele para o lado
enquanto o alcançava e ele a jogava no chão enquanto caia de
joelhos ao lado dela.
“Nosso filho mudará o mundo, ele será o maior Vidente de
sua geração,” Marcel sussurrou enquanto se inclinava para
beijar nossa mãe e a convicção de suas palavras me fez saber
que ele não tinha nenhuma dúvida. Ele tinha visto isso.
“A vida dele vai ser difícil,” nossa mãe murmurou contra
seus lábios enquanto o puxava para cima dela e uma lágrima
escorregava por sua bochecha.
“Por um tempo,” ele concordou. “Mas ele conhecerá todos
os melhores tipos de amor no final. Mesmo que ele nunca saiba
o nosso.”
Nossa mãe chorou lágrimas silenciosas enquanto o beijava
novamente, a paixão entre eles crescendo enquanto seus
membros se enredavam na grama que ela havia criado.
A visão ficou turva antes de vermos muito, mas minha
mão deslizou para a de Gabriel enquanto meu coração
trovejava em um ritmo profundo e inebriante enquanto a
próxima visão acontecia.
Na manhã seguinte, ao acordarem nos braços um do
outro, eles foram cercados por gritos de triunfo quando um
grupo de quatro meninos enormes saltou das árvores e os
circundou.
Nossa mãe lutou ao lado do pai de Gabriel sem medo
enquanto eles conseguiam cortar dois de seus agressores e a
adrenalina subia pelo meu corpo enquanto eu ansiava por eles
escaparem.
Um dos outros meninos caiu sob seus esforços
combinados, mas o último investiu contra nossa mãe, jogando
sua lança no momento em que Marcel saltou para interceptá-
la. Mergulhou em seu peito e nossa mãe gritou quando seu
sangue a revestiu.
“Salve nosso filho,” ele exigiu, segurando seu olhar
enquanto lutava para ficar de joelhos e lançou sua própria
lança de volta para o menino que o empalou, forçando-o a
pular para o lado.
“Poderia ter te amado em outra vida,” nossa mãe
murmurou, tocando sua bochecha por um breve segundo antes
de se virar e fugir com a mão tocando sua barriga como se
estivesse embalando a minúscula vida que ela sabia que tinha
começado a crescer dentro dela.
O aperto de Gabriel na minha mão era tão forte que doía e
podia sentir um tremor percorrendo seus membros quando ele
finalmente descobriu quem ele era.
Sua mãe era nossa mãe. Ele era nosso sangue.
Nosso irmão.
A visão ficou turva novamente e vimos nossa mãe e os
outros vencedores dos jogos emergindo no final das provas. O
menino que matou o pai de Gabriel estava entre os
sobreviventes e antes que o dia acabasse, suas famílias os
haviam prometido uns aos outros, marcando as costas uns
com os outros, enquanto nossa mãe fazia uma careta de
desgosto com a escolha que tinha sido feita por ela.
Uma série de visões curtas se seguiram, a barriga de nossa
mãe crescendo enquanto a vida crescia dentro dela. Dando à
luz um menino, ela chamou Gabriel ao dar um beijo amoroso
em sua cabeça. Nós a vimos correndo pelos corredores de sua
casa com ele, adorando-o, brincando com ele, amando-o com
uma intensidade tão clara que fazia meu coração doer ao vê-lo
e as lágrimas derramarem pelo meu rosto.
Sua existência foi escondida para protegê-lo da ira do
homem com quem ela estava destinada a se casar. Ela era uma
Princesa em seu próprio reino, mas não tinha permissão para
fazer sua própria escolha sobre o homem com quem estava
destinada a se casar.
Quando se formou na academia, ela se envolveu em
preparativos para o casamento, que coincidiram com a visita do
Rei de Solaria.
Assisti as visões dela encontrando nosso pai novamente,
ganhando sua confiança mostrando a ele o amor que ela
previra para os dois. Eles se esgueiraram pelo Palácio enquanto
embarcavam em seu caso, para que seu noivo não descobrisse
sobre eles enquanto nosso pai tomava providências para levá-la
para Solaria e se casar com ela.
Vimos quando ela apresentou um Gabriel de quatro anos
ao Rei Selvagem e o homem que fez todo o nosso reino tremer
de medo sorriu com todo o calor do sol. Ele o acolheu sem
questionar, brincou com ele, ensinou-o a montar um cavalo e o
levou voando no céu em suas costas quando ele mudou para
sua forma Hydra.
Meu coração doeu enquanto observava momento após
momento dos três juntos, a mais feliz das famílias a portas
fechadas. Disseram ao mundo que ele era um menino órfão que
eles haviam acolhido em sua casa como pupilo, embora nosso
pai planejasse adotá-lo assim que seus verdadeiros Herdeiros
nascessem.
Foi dolorosamente doce e assustadoramente triste. Este
conto de fadas perfeito de uma vida que foi roubada de todos
nós. Um irmão que nem sabíamos que existia.
Claro que nem tudo eram sonhos e contos de fadas e havia
uma tendência para as visões de coisas que nosso pai estava
fazendo no reino. Dos ataques de Ninfas e tramas, nossa mãe
podia ver chegando até eles, mas não conseguia descobrir, não
importava o quanto tentasse.
Eventualmente, as cenas da família feliz derreteram e as
visões desapareceram quando a sensação familiar da presença
de nossa mãe deslizou para fora da sala e a piscina de prata
parou novamente.
Respirei fundo quando a magia do lugar estalou ao nosso
redor, mas antes que pudesse recuar, um arrepio dançou ao
longo da minha espinha e um som suave chamou minha
atenção. Era como alguém sussurrando em outra sala, o som
estava lá, mas as palavras estavam ausentes. Então uma
segunda voz se juntou, uma terceira, uma quarta, até que o ar
ao nosso redor se encheu com as vozes sussurradas das
estrelas e arrepios cobriram minha pele.
Uma gota de ouro líquido caiu do teto da caverna e
espirrou na piscina de prata, fazendo com que um círculo
perfeito de ondulações se espalhasse por sua superfície antes
que as estrelas nos presenteassem com outra visão.
Não conseguia tirar meus olhos da piscina enquanto
éramos transportados para a noite em que nossos pais
morreram. Mesmo antes de começar, sabia que era para isso
que eu estava olhando, como se os sussurros tivessem me dito,
apesar do fato de que não conseguia entendê-los.
A fumaça se enredou no ar e minha respiração ficou presa
enquanto me obrigava a assistir o inevitável jogo.
Nossa mãe e o Rei Selvagem estavam em seu quarto,
parados perto de uma porta escondida no fundo da sala
enquanto Astrum agarrava os ombros de um Gabriel de sete
anos e ouvia o que eles tinham a dizer.
“Você tem que ter certeza de que ninguém o encontrará,”
nossa mãe insistiu enquanto as lágrimas escorriam por seu
rosto. “Tem que bloquear suas memórias e seus dons também.
Ele não pode entrar na Visão até que o perigo passe ou ele será
encontrado.”
“Mamãe? Não quero te deixar,” Gabriel disse enquanto
puxava sua saia e ela se abaixou ao lado dele enquanto o
arrastava em seus braços.
“Gostaria que não tivesse que ser assim com todo o meu
coração,” ela soluçou. “Mas prometo que um dia você
encontrará suas irmãs. Um dia você terá a chance de consertar
este reino e salvar nosso povo das ameaças que são as
Sombras.”
“Pegue isso,” ordenou o Rei, empurrando algo nos braços
de Astrum que estava escondido dentro de um pano vermelho.
“Mas, senhor, não sou digno disso! Eu não poderia
empunhar...”
“Se você tentar empunhá-la, você morrerá,” o Rei rosnou,
parecendo cada parte tão selvagem quanto sua reputação. “Não
é para você. É para minhas filhas. Esconda. Esconda bem e
limpe de sua memória.”
“Claro, vossa majestade,” Astrum concordou, colocando o
objeto sob sua capa com dedos trêmulos.
“Você nunca pode deixar Gabriel ou as meninas saberem
quem as está mantendo a salvo,” nossa mãe fungou. “Se eles
descobrirem quem você é enquanto ainda está vivo, o destino
vai torcer e eles serão mortos. Eu vi isso. Eles nunca podem
descobrir...”
“Entendo, minha Rainha,” Astrum respondeu, acariciando
o cabelo de minha mãe com ternura. “Vou cuidar de seus filhos
e protegê-los até meu último suspiro e eles nunca saberão
quem eu sou. Juro por todas as estrelas.”
“Você vai jurar por mais do que isso,” o Rei rosnou,
agarrando a mão de Astrum e segurando seu rosto com a
outra. “Você vai fazer um pacto das estrelas comigo.”
“S-sim, senhor,” Astrum concordou, seus olhos selvagens
com medo.
“Você vai proteger nossos filhos de longe com tudo o que
você tem, mas nunca irá deixá-los descobrir sua identidade
enquanto ainda respira. E esconderá o artefato em um lugar
onde meus inimigos nunca o encontrarão e somente meus
filhos poderão descobri-lo. Faça este juramento sob pena de
sua alma. Se falhar em qualquer uma das missões, sua própria
alma será arrancada da guarda das estrelas e queimará de dor
e miséria para sempre. Você jura?” o Rei Selvagem exigiu.
“Eu juro,” respondeu Astrum, erguendo o queixo enquanto
segurava o olho do meu pai e um flash de magia vermelha e
negra passou entre eles, girando em torno de seus corpos antes
de afundar em sua carne.
Nossa mãe soluçou quando o rei puxou Gabriel de seus
braços, colocando um beijo em sua cabeça antes que ele o
empurrasse para os braços de Astrum e os obrigasse a tomar a
passagem secreta.
Gabriel estava gritando e tentando lutar para voltar para
eles, mas Astrum o segurou com firmeza, seu rosto escrito em
angústia.
“Este é o único jeito,” nossa mãe soluçou enquanto
Astrum o puxava de volta e poderia dizer que ela desejou que
não fosse assim.
Ela gritou de tristeza quando o rei fechou a porta entre
eles e meu coração se retorceu de dor por ela quando ela disse
adeus a seu filho pela última vez.
Queria me virar para Gabriel e puxá-lo em meus braços,
mas as visões ainda não tinham acabado conosco e tudo
mudou novamente.
Dois bebês gritavam em seu berço enquanto nossa mãe
ficava sobre eles, usando magia com golpes ferozes enquanto
lutava para protegê-los de mais Ninfas do que poderia contar.
Nosso pai estava do outro lado da sala, lutando ainda mais
contra eles enquanto gritava de raiva e lutava com uma magia
tão poderosa que as paredes do Palácio tremiam.
Fiquei olhando com horror enquanto mais e mais Ninfas
entravam na sala e, com um grito de dor, nosso pai foi
dominado.
Os gritos de nossa mãe eram ensurdecedores enquanto o
terrível som das Ninfas enchia o ar e elas lutavam para
perfurar seu coração com suas sondas e roubar sua magia.
Todos elas correram para longe de nossa mãe em seu
desespero para reivindicá-lo e enquanto fugiam, um homem foi
revelado além delas.
Meu coração congelou em um caroço sólido no meu peito
quando Lionel Acrux entrou na sala e nossa mãe ficou imóvel,
seu rosto escrito em choque.
“Você,” ela engasgou enquanto olhava para ele com horror
absoluto e poderia dizer que suas visões não tinham mostrado
isso a ela. “Achei que você fosse nosso amigo, pensei...”
“Foi aí que você errou, minha Rainha,” Lionel ronronou
enquanto se aproximava dela, seu próprio poder zumbindo pela
sala enquanto ela lutava para manter seu escudo com os
últimos resquícios de sua magia. “Os verdadeiros Fae não têm
amigos. Apenas pessoas que podemos usar ou destruir em
nosso caminho até o topo. E temo que seja hora de você e seu
rei se tornarem o último. Veja, com sua família fora do
caminho, me torno um dos quatro Fae mais poderosos do
reino. E então é apenas uma questão de tempo antes que eu
encontre uma maneira de reivindicar o trono apenas para
mim.”
“Por que você está se incomodando em me dizer isso?” Ela
engasgou, seu rosto manchado de lágrimas quando as Ninfas
terminaram seu marido e começaram a circular perto dela,
sentindo sua próxima refeição.
“Você realmente achou que poderia me enganar com
alguns bebês mortais?” Lionel zombou, lançando um olhar
enojado para o berço que ela ainda estava protegendo. “Não irei
deixar as Princesas vivas para crescer e me desafiar
novamente.”
“Vou morrer antes de desistir delas,” nossa mãe sibilou.
“Você vai morrer de qualquer maneira,” concordou Lionel.
“Mas, felizmente para mim, vai desistir delas, apesar de seus
desejos.”
“Nunca.”
O sorriso de Lionel se aprofundou quando ele deu um
passo para mais perto dela e enquanto falava novamente, suas
palavras eram densas e misturadas com Coerção Negra. “Diga-
me onde você as escondeu.”
Os olhos de nossa mãe se arregalaram de pânico quando
seus lábios foram forçados a se abrir e sua língua falou as
palavras, apesar do quão duro ela as lutou.
Lionel sorriu sombriamente enquanto ela desistia de nossa
localização e com uma explosão selvagem de magia de Fogo, ele
quebrou o escudo que a rodeava e permitiu que as Ninfas
reivindicassem seu prêmio.
Ele se virou e saiu da sala antes mesmo que ela morresse.
Olhei-a com a dor partindo meu coração em dois enquanto
uma ninfa espetava seu coração com sua sonda, mas em vez
da agonia que esperava encontrar lá, um leve sorriso enfeitou
seus lábios como se ela tivesse ganhado algo apesar de sua
morte.
“Ela sabia,” murmurei. “Ela sabia que não morreríamos.”
Quando a visão mudou pela última vez, observamos a
figura sombria do lado de fora da casa onde nossa família
Changeling dormia profundamente no reino mortal. O fogo
iluminou o rosto de Lionel quando ele lançou um orbe em
chamas em sua mão e a jogou na casa, encorajando as chamas
a arderem e arderem até que não houvesse mais nada além de
tijolos carbonizados e cinzas. Ele esperou e observou, em
seguida, saiu em um flash de poeira estelar com um sorriso
satisfeito no rosto apenas alguns momentos antes de sermos
puxadas das cinzas pelos bombeiros. Nem um milagre. Apenas
duas Fênix, renascidas em chamas e seguras como nossa mãe
havia previsto. Mas ele nunca soube. Não até que
aparecêssemos dezoito anos depois.
A visão desapareceu até que ficamos olhando para nossos
reflexos na piscina prateada novamente e lutei para recuperar
o fôlego enquanto meu cérebro inchou com todas as
informações que acabamos de receber.
“Você é nosso irmão,” Darcy ofegou enquanto se virava
para Gabriel.
Virei-me em direção a ele também e ele olhou entre nós,
seu rosto pintado com tanta emoção que era difícil de suportar.
“Fiquei sozinho no mundo por tanto tempo que desisti de
desvendar os mistérios do meu passado,” sussurrou ele.
“Encontrei a felicidade em criar minha própria família..., mas
agora... eu me lembro. As visões quebraram o bloqueio das
minhas memórias e me lembro da minha mãe, do seu pai...
Lembro-me de segurar vocês duas no dia em que vocês
nasceram e de prometer amá-las e protegê-las até o dia em que
morresse.”
Eu me lancei contra ele enquanto Darcy fazia o mesmo e
nós três caímos em um monte de soluços, risos, felicidade,
tristeza, totalmente confuso e ainda, porra, completamente
extasiante.
Eu não sabia como processar metade das coisas que
tínhamos acabado de descobrir, mas sabia disso: Lionel Acrux
já trabalhava com as Ninfas há muito tempo. Ele orquestrou a
morte de nossos pais e nos seguiu até o mundo mortal para
tentar nos matar também. Ele esteve trabalhando em nossas
mortes por um longo tempo e roubou mais do que apenas uma
vida de nós. Ele roubou nossa casa, nossa família e reino. E
não havia nenhuma maneira no inferno que o deixaria ficar
com isso. De uma forma ou de outra, custe o que custar, Lionel
Acrux encontrará seu fim. Ele iria morrer.
Mas apesar de todos os horrores e da dor das coisas que
tínhamos acabado de ver, havia algo tão puro e bom ali
também. Encontramos algo com que nunca sonhamos. Outro
membro de nossa família. E jurei por todas as estrelas no céu
que nunca o deixaria ser tirado de nós novamente.
Voltar ao Zodiac foi como deslizar sob a superfície de um lago
gelado. Eu amava este lugar, mas agora tudo sobre ele gritava Orion. E
quando acordei na manhã de domingo, o nó familiar em meu peito
apertou quando a realidade veio sobre mim no segundo em que
recuperei a consciência. Antes que a dor pudesse me engolir, fui distraída
por um peso pressionando a ponta da minha cama. Sentei-me e um grito
me escapou quando vi um cara enrolado ali. Comecei a chutá-lo e ele
saltou da cama com um rosnado. Encarei Seth em nada além de sua calça
de moletom enquanto ele olhava de volta como se estivesse tão chocado
por me encontrar aqui quanto eu.
“Que diabos?!” Gritei.
Ele olhou ao redor da sala, esfregando a cabeça e um flash
de magia de cura disparou de sua palma. “Que merda... acho
que sei o que aconteceu.”
“Bem, explique nos próximos cinco segundos ou irei...”
“Está tudo bem,” disse ele, levantando as palmas das
mãos em inocência, um gemido escapando de sua garganta.
“Fiquei um pouco bêbado com minha matilha na noite passada.
E então comecei a pensar sobre as coisas...”
“Que coisas?” Exigi. Era muito cedo para essa merda. O
que diabos estava acontecendo?
“Você e Orion... e eu sendo um idiota... e você voltando
para a academia na noite passada e ficando triste aqui por
conta própria e... bem, é minha natureza confortar as pessoas
de quem gosto e acho que só... me deixei entrar.”
“Seth!” Eu adverti. “Você está falando sério? Entrou no
meu quarto e dormiu na minha cama? Percebe como isso é
estranho?”
Ele gemeu novamente, se aproximando. “Na verdade, não.
É minha Ordem... Não posso evitar. Teria dormido com Darius
todas as noites desde que ele é Star Crossed, mas ele me
esfolaria vivo por isso. Em minha névoa de embriaguez, acho
que sabia que poderia entrar aqui e...” Ele deu de ombros e
fiquei boquiaberta com ele. “Vou embora.” Ele baixou a cabeça,
indo em direção à porta com um gemido de cachorro que dizia
que ele esperava que eu lhe dissesse para ficar.
Fiz uma careta, não dando a ele essa opção e ele suspirou
enquanto saía pela porta, parando antes de fechá-la atrás de
si. “Posso te ensinar a lançar fechaduras melhores algum dia,
se quiser?”
“Saia!” Gritei e ele fechou a porta, soltando um uivo triste
no corredor.
Maldito Lobisomem louco.
Escorreguei para fora da cama, girando firmemente a
chave na fechadura e usando o feitiço simples que aprendi em
Cardinal Magic para trancá-la com mais firmeza. Não que isso
fosse muito bom contra Herdeiros invasores, aparentemente.
Entrei no banheiro, encontrando uma toalha molhada no
chão e o cheiro do meu gel de banho no ar. Ele tomou um
maldito banho na noite passada?
Havia um pacote de chips vazio na pia também e o
pesquei, jogando-o no lixo e balançando a cabeça. Esse cara
não tinha limites.
Percebi, porém, pela primeira vez desde que Orion tinha
sido preso, realmente dormi a maior parte da noite. Claro, já
era quase uma da manhã quando consegui adormecer e mal
estava amanhecendo agora, mas eu não estava exausta como
de costume. Meu tempo no Palácio ajudou. E saber que Gabriel
era família foi como encontrar um pedaço da minha alma que
estava faltando em minha vida inteira. Fazia muito sentido.
Claro que ele era sangue. Claro que ele era nosso irmão. Mas
processar as outras revelações naquelas visões eram quase
demais para minha mente girando suportar. Lionel usou as
Ninfas para matar nossos pais e depois tentou nos matar
também. Eu não poderia dizer que estava exatamente surpresa,
mas fiquei horrorizada com o que ele fez para tentar assegurar
o trono para si mesmo. Sabia agora que não havia limite para o
que ele faria pelo trono. E a contagem de corpos poderia
aumentar rapidamente, uma vez que ele fizesse seu movimento
para tomar o poder total. Os pais dos Herdeiros corriam perigo
mortal. E nós também.
Lavei minhas coisas e passei algum tempo limpando meu
quarto apenas para algo ocupar minha mente e manter meus
pensamentos longe de Orion. Não que funcionasse. Era como
se houvesse uma flecha alojada em meu peito, então não havia
chance de cura a menos que a tirasse de mim. Mas não queria
puxar para fora. Queria sofrer com essa dor porque, se eu
sarasse, isso significava que estava tudo acabado. E eu nunca
poderia aceitar esse destino.
Em vez disso, concentrei minha mente em Gabriel tanto
quanto possível e no calor de saber que tínhamos um outro
membro sobrevivente de nossa família ainda existindo. Por
anos, sonhei com meus pais e me perguntei como eles seriam,
nunca pensei em como seria ter um irmão. E agora que
tínhamos um, era a sensação mais reconfortante do mundo.
No momento em que limpei todo o meu quarto e me sentei
na cama, estava ficando ansiosa novamente. Peguei meu Atlas
apenas para ter algo para fazer, lendo meu horóscopo.

Bom dia Gêmeos.


As estrelas falaram do seu dia!
Urano mudou para seu mapa e, como tal, você deve estar
preparada para mudanças imprevisíveis. Isso pode ser bom ou
ruim, mas como Plutão está influenciando seu signo agora,
talvez seja melhor se preparar para o pior. Uma transformação
está chegando em seu caminho. Mas, com a atitude certa, você
deve ser capaz de enfrentar a turbulência que se aproxima de
frente.

Minhas sobrancelhas se juntaram. Não conseguia ver


como as coisas poderiam ficar muito piores do que agora. Mas
acho que seria ingênuo da minha parte acreditar nisso. Lionel
ainda pode assumir o trono. Meu mundo sempre pode cair em
mais turbulência. Crescer no reino mortal provou isso para
mim. Bem quando pensei que nossos pais adotivos não
poderiam piorar, éramos transferidas para uma nova casa e
encontraríamos um tipo de inferno mais profundo.
Cliquei no FaeBook, passando rapidamente pelas
postagens sobre mim e Orion e parando em uma que Tyler
postou.

Tyler Corbin: Alguém viu Kylie Major em algum lugar? Ela


desapareceu após uma altercação com os Herdeiros e Vega outro
dia e eu não tenho ideia de onde ela foi parar... #MajorPerdida
#GarotaFantasma #MedusaPerdedora
Victoria Pauley: Eu não tenho ideia, talvez um Dragão a
tenha comido por ser uma #Chorona
Jasmin Hosseini: Eu ouvi que ela se dissolveu em uma
poça de lágrimas e @Seth Capella se banhou nelas com seu
pacote inteiro #muitaslágrimas
Elke Henderson: Nota lateral: aquela merda foi sangue
frio! As Vega e os Herdeiros estão se unindo agora? Não sei
mais a quem apoio #TodosElesSãoQuentes
#OsHerdeirosPodemDividir? #PorqueEscolher
Amy Milton: Ouvi dizer que ela está escondida no bigode
de Mildred Canopus #BigodeEsconderijo #VirouSuaCasa
Telisha Mortensen: Talvez ela tenha explodido em um
peido de Pegasus e agora ela vive em um arco-íris
#TalvezElaSeCaseComUmDuende #CocôDeGlitter #PeidoBrilhoso
Kylie Major: Estou bem aqui idiotas!!! @Seth Capella não
sofri o suficiente ainda?

Seth Capella: Nossa, alguém deve ter hackeado sua conta


no FaeBook porque ela não OUSARIA responder aos comentários
como se fosse uma pessoa real.

Kylie Major: Por favor baby!!!


Seth Capella: ** Música: Clique para reproduzir - Don't Call
Me Baby da Madison Avenue **

Não pude deixar de rir. Ela estava recebendo exatamente o


que merecia no mínimo.
Uma batida veio na porta e fiz uma careta, me
perguntando se Seth tinha voltado e me levantei, destrancando
a porta e abrindo-a pronta para definir alguns limites firmes,
mas não era ele. Darius estava lá vestido com uma camisa
preta de mangas compridas e jeans, suas sobrancelhas
estavam franzidas e seus olhos cheios de alguma emoção que
eu não pude ler.
“O que é?” Perguntei, meu pulso acelerando. Ele não
poderia ter vindo aqui a menos que alguém o tivesse deixado
entrar na torre, mas eu duvidava que houvesse um único
Elemental do Ar neste edifício que teria recusado o acesso a
ele. “Tory está bem?”
“Até onde eu sei,” ele disse sombriamente. “Isso não é
sobre sua irmã. É sobre Lance.”
Minha garganta se contraiu e meus pulmões pararam de
funcionar. “O que tem ele?”
“Vou visitá-lo. Agora, no caso. E achei que você gostaria de
ir também.”
Senti como se alguém tivesse enfiado a mão no meu peito
e puxado meu coração para fora dele. “Claro que sim,” falei
sem fôlego, cambaleando em direção a ele. “Mas como?
Certamente eles não vão me deixar vê-lo.”
Pânico, esperança e terror me encheram em proporções
iguais. Eu não estava pronta. Mas nunca estaria pronta. E eu
não perderia a chance, por nada.
“Vou lançar um feitiço de ilusão em você para entrar e
paguei um guarda que está de plantão na visitação hoje. Ele vai
ignorar os feitiços de advertência que permitem que ele saiba
que sua identidade está sendo escondida, mas temos que
chegar lá antes que seu turno termine, às nove.”
Eu não sabia o que dizer. Era uma oportunidade que
pensei que nunca viria. Poderia finalmente obter respostas de
Orion, mas mais do que isso, eu descobriria se ele estava bem.
Se ele estava sobrevivendo... sofrendo.
Eu me movi para frente e passei meus braços ao redor de
Darius, apertando-o com força. “Obrigada.”
Seus olhos escureceram quando recuei. “Este é um
negócio único, entendeu? Não vou conseguir fazer você entrar
duas vezes.”
Eu absorvi esse fato, acenando com a cabeça enquanto a
verdade caía sobre mim como uma tonelada de tijolos. Uma
vez. Por quem sabe quantos anos?
Eu precisava encontrar uma maneira de tirá-lo de lá, mas
os Kipling estavam lutando para encontrar uma brecha na lei
que permitisse que a Coerção Negra fosse executada em
alguém para fins de prova. Era totalmente ilegal,
independentemente das circunstâncias. E, aparentemente, o
interrogatório do Ciclope não seria uma opção, já que minhas
memórias agora foram assumidas como tendo sido
adulteradas. Mas eles ainda tinham esperança. E contanto que
Orion concordasse com o apelo, nós pelo menos seríamos
capazes de dizer ao juiz a verdade e provar que as Fênix
poderiam bloquear a invasão mental legal de Ordens como as
Sereias.
O medo mordeu meu interior enquanto colocava meus pés
em meus tênis e seguia Darius para o corredor. Eu estava
vestindo jeans e uma blusa azul marinho amarrotada e minhas
mãos cheiravam a produtos de limpeza, mas dane-se. Eu não
iria perder um segundo indo para Orion.
Os corredores estavam mortalmente silenciosos enquanto
descíamos as escadas e saíamos para o ar frio da manhã. O sol
estava escondido atrás de um mar de nuvens escuras e o
trovão ribombava ameaçadoramente à distância, embora ainda
não chovesse. Deixei meu Fogo da Fênix entrar em minhas
veias para banir o frio e evitar que arrepios subissem em meus
braços.
Decolamos em um ritmo rápido em direção ao norte do
campus e a lacuna secreta na cerca que nos deixaria sair.
“Como você está?” Perguntei a Darius enquanto corríamos
pelo Território Terrestre.
Ele grunhiu, olhando por cima do ombro para mim
enquanto eu meio que corria para acompanhar seu ritmo
furioso. “Não muito bem. Você?”
“Não muito bem,” concordei com um suspiro pesado.
“Estou furioso com ele, verdade seja dita,” murmurou. “E
esse vínculo entre nós está me fazendo ansiar por ele como a
porra de um filhote de Lobo por sua mãe.”
Fiz uma careta, meu coração apertado por ele. “Seu pai
falou mais alguma coisa sobre ele?” Perguntei, a nota de
esperança em meu tom impossível de disfarçar.
“Não,” ele rangeu para fora. “Sinto muito, Darcy... acho
que ele vai deixá-lo apodrecer lá e nos deixar sofrer com esse
vínculo.”
“Mas ele é seu guardião,” engasguei.
“E acho que meu pai não dá a mínima,” ele disse baixinho
e arame farpado pareceu se enroscar em meu peito. “Ele pode
até conseguir um novo para substituí-lo, embora eu ainda
anseie por Lance pelo resto da porra do tempo. E eu prefiro
cortar uma mão do que ser ligado a algum outro idiota.”
Não era justo. Não estava certo. Como Lionel poderia
simplesmente deixá-lo na prisão depois de tudo que Orion
havia se sacrificado por ele? De boa vontade ou não. Aquele
Dragão babaca devia isso a ele.
“O que o seu advogado disse sobre o recurso?”
“Para que possamos ir em frente se conseguirmos que
Lance assine o documento hoje,” Darius disse e meu coração
disparou.
“Nós vamos,” falei decididamente. “Só precisamos colocar
um pouco de bom senso nele.”
Ele acenou com a cabeça rigidamente. “Ou bater nele,”
murmurou.
Nós alcançamos a cerca e passamos para o outro lado,
então Darius se virou para mim, seu olhar passando pelo meu
rosto. “Vou fazer você se parecer com Max, ele deu permissão
para você usar sua identidade hoje e removeu suas proteções
anti-mimetismo,” disse ele e meu coração aqueceu com o
pensamento. Era estranho receber a bondade dos Herdeiros.
Especialmente quando passei tanto tempo pensando que eles
não tinham um osso gentil em seus corpos. “Feche os olhos e
fique quieta.”
“Vai doer?” Eu me perguntei, sabendo que iria passar por
qualquer inferno que fosse de qualquer maneira, desde que me
levasse a Orion.
“Não, mas se você se mexer enquanto estou fazendo isso,
posso cortar seu nariz sem querer. Portanto, fique quieta ou
você não ficará tão bonita quando eu levá-la até Lance.”
Soltei uma nota de riso, embora ele estivesse claramente
falando sério e fechei os olhos, ficando o mais imóvel possível.
Calor lambeu minha pele, percorrendo meu couro
cabeludo, em seguida, o calor continuou a se espalhar, fazendo
minha pele formigar com alfinetes e agulhas enquanto viajava
até os dedos dos pés. Fiquei tonta, mas enraizei meus pés no
chão enquanto a magia continuava a fluir sobre mim.
“Pronto,” ele anunciou e abri meus olhos, olhando para
baixo para me encontrar exatamente como antes.
“Não funcionou?” Fiz uma careta.
“Você não pode ver. É uma ilusão para os outros, caso
contrário, você ficaria três tamanhos maiores do que essas
roupas agora. Mudei sua voz também, então ninguém será
capaz de dizer.”
“Então, eu pareço Max para você agora?” Perguntei.
“Sim.” Ele tirou uma bolsa de poeira estelar e me movi em
direção a ele, os nervos tomando conta de mim enquanto ele
jogava uma pitada no ar.
Fomos puxados por uma galáxia de estrelas e meus pés
logo bateram em terra sólida. Darius me firmou, então se virou
bruscamente e olhei para a enorme cerca de metal que se
erguia acima de nós como uma parede, escondendo o que quer
que estivesse além dela. Ele se estendia em qualquer direção
através de uma extensa planície de terreno plano. À nossa
frente havia um portão guarnecido por dois guardas em torres
de cada lado dele.
“Anunciem-se!” Um deles latiu, erguendo a mão com as
chamas ondulando na palma.
“Darius Acrux e Max Rigel,” Darius chamou, seus ombros
empurrados para trás enquanto eu me movia para o seu lado.
“Estamos aqui para uma visita com Lance Orion.”
As chamas se extinguiram na mão do guarda e ele
sinalizou para alguém do outro lado do portão.
Um momento depois, um zumbido profundo retumbou
através da terra e o portão se abriu no meio, abrindo para
dentro para revelar uma estrada reta com dois caminhões
blindados estacionados de cada lado dela. A estrada cruzava
diretamente o terreno gramado, cortando um caminho para
uma cerca de arame interna que parecia estar a pelo menos
oitocentos metros de distância. Além disso, havia uma enorme
cúpula que parecia brilhar ao sol da manhã. A estrutura era
imensa e um vislumbre de verde podia ser visto dentro dela
mesmo à distância, mas eu não sabia o que era.
Darius liderou o caminho através dos portões e magia
formigou em minha carne enquanto passávamos por alguma
barreira.
“Aqui, vou levá-los até o elevador,” uma jovem loira nos
chamou em um uniforme preto, um distintivo no bolso do peito
a nomeando como Oficial Lucius.
Ela acenou para nós na parte de trás do caminhão
blindado mais próximo e eu subi ao lado de Darius com meu
coração batendo furiosamente contra meu peito. Enquanto ela
disparava pela estrada, tentei ignorar as emoções conflitantes
em guerra dentro de mim, sabendo que elas só iriam me deixar
louco. Eu estava desesperada para ver Orion, mas nervosa
como o inferno e ainda tão zangada com ele por se condenar a
tantos anos neste lugar, eu não sabia o que sentir.
Logo passamos por um segundo portão para o perímetro
interno e outra onda de magia estalou sobre o veículo, fazendo
uma luz azul cintilar em sua superfície. Olhei através do para-
brisa para a cúpula que surgia à frente. Ele se erguia acima de
nós, um padrão cruzado de energia mágica se espalhando pelo
incrível espaço interno. Pelo que pude ver, havia um ambiente
mágico contido nele, uma floresta se erguia em nossa direção
no lado mais próximo, a sugestão de colinas rochosas subindo
à direita dela e até mesmo um vislumbre de neve mais adiante.
Nuvens pesavam em um céu improvisado sob a cúpula,
brilhando com relâmpagos e o rugido de um trovão.
“Puta merda, o que é isso?” Murmurei enquanto o carro
deu a volta pela lateral em direção a um grande edifício de
metal a cerca de trinta metros de distância da borda da cúpula.
“O Pátio da Ordem,” respondeu a oficial Lucius, enquanto
o caminhão diminuía a velocidade ao lado dele, sem dar mais
explicações do que era enquanto nos conduzia para dentro do
prédio.
Eu segui Darius para fora do carro, meu pulso acelerando
um nível enquanto caminhávamos para dentro. Outro policial
estava sentado atrás de uma tela de vidro e uma porta de
segurança bloqueava nosso caminho.
“Ah, Sr. Acrux, Sr. Rigel.” Ele se levantou, inclinando a
cabeça para nós dois, mas me dando um olhar demorado que
sugeria que ele sabia o que eu estava escondendo. “Por favor,
entrem um de cada vez.” Ele conduziu Darius para frente e a
porta de metal se abriu quando ele entrou com confiança antes
de fechar novamente atrás dele.
A porta foi reaberta um momento depois e me movi para o
espaço vazio, outra porta bloqueando meu caminho quando me
virei para olhar para o guarda através do vidro.
“Os dois pés nas caixas no chão, Sr. Rigel,” ele instruiu e
coloquei meus pés, esperando que algo acontecesse, mas nada
aconteceu. “É isso. Ok, tudo feito.”
A porta se abriu à minha esquerda e eu passei por ela,
encontrando Darius esperando por mim ao lado de um grande
conjunto de portas de elevador. Eles se abriram quando me
aproximei e entramos no espaço prateado brilhante, virando-
nos para encarar as portas no momento em que elas se
fechavam. O elevador desceu em um ritmo rápido e meu
coração balançou no meu peito enquanto nos aproximávamos
cada vez mais de Orion.
Notei uma sensação estranha de formigamento no peito e
um gosto de giz encheu minha boca. Eu instintivamente
alcancei minha Fênix, mas ela parecia estar dormindo, incapaz
de ser acordada.
“Minha Ordem,” engasguei e Darius acenou com a cabeça.
“É um gás supressor de Ordem. Eles bombeiam para este
lugar 24 horas por dia, sete dias por semana, então, a menos
que você tome um antídoto diário como os guardas fazem, é
impossível mudar.”
Eu não gostei dessa sensação de jeito nenhum. Era como
se uma parte do meu corpo tivesse sido decepada. “Então,
Lance... ele não pode morder ninguém?” A ideia dele morrendo
de fome neste lugar era insuportável. Não era algo que tivesse
sequer considerado e me fez querer arrancá-lo dessas paredes e
nunca deixá-los tê-lo de volta.
“Não a menos que ele esteja naquela grande cúpula no
topo. É onde eles têm acesso às suas Ordens,” Darius explicou
e um nó no meu peito aliviou um pouco. Pelo menos ele não foi
totalmente isolado, mas ainda deve ter sido difícil ficar sem
acesso a ele entre seu tempo lá fora.
Tentei colocar meus pensamentos em linha para quando o
visse. Tinha tantas versões do que queria dizer a ele na minha
cabeça que não tinha ideia do que sairia da minha boca
quando realmente o visse. Mordi meu lábio inferior, ficando
cada vez mais ansiosa.
As portas se abriram e um pequeno corredor se estendeu à
nossa frente com uma sala de espera no final dele. Fae estavam
reunidos no espaço monocromático, sentados nas cadeiras de
metal fornecidas. As pessoas ficaram boquiabertas quando nos
viram, trocando olhares, alguns deles inclinando a cabeça
enquanto outros olhavam, aparentemente pasmos. Era a
sensação mais estranha do mundo ser vista assim. Tory e eu
não saímos da academia o suficiente para receber esse tipo de
atenção regularmente. E por um momento, eu sabia o que era
ser um Herdeiro.
Um guarda estava ao lado de uma porta, verificando seu
relógio. “Vocês serão chamados em ordem alfabética e seguirão
para o número do quarto que designei para vocês,” ele
anunciou, em seguida, pegou seu Atlas, tocando na tela.
“Acrux, Darius e convidado.” Ele olhou para nós, baixando a
cabeça respeitosamente enquanto nos aproximávamos antes de
pressionar sua mão em um scanner ao lado da porta e ele se
abriu suavemente. “Sala treze.” Ele nos apontou para o
corredor cheio de portas e seguimos naquela direção, meu
coração preso firmemente na minha garganta.
Está acontecendo. Realmente vou vê-lo.
O silêncio no corredor fez minha pele formigar de
inquietação. Este lugar era frio e o ar parecia rarefeito. Estar
tão longe no subsolo era inquietante. Como se esta prisão fosse
um reino próprio, um no qual eu não queria mergulhar muito
profundamente. E se me senti assim depois de alguns minutos
aqui, Orion devia estar enlouquecendo.
Chegamos à porta treze e Darius a abriu, bloqueando
minha visão enquanto eu o seguia para dentro. Uma respiração
pesada caiu de meus pulmões quando encontrei a sala vazia.
“Onde ele está?” Assobiei.
“Apenas espere,” Darius rosnou, parecendo tão ansioso
para ver Orion quanto eu. Seus dedos estavam flexionando e
seus músculos estavam contraídos. Ele lançou uma bolha
silenciadora e eu a senti empurrar ao meu redor. “Não fale com
ele até que eu lhe dê um sinal. Vou ganhar algum tempo
sozinhos pra vocês, tenho que lançar gelo nas câmeras para
garantir que o vídeo e o som sejam bloqueados. Paguei o
guarda que estará assistindo ao monitoramento, mas vai
custar a Lance uma busca completa da gravidade.”
“Oh meu Deus,” engasguei.
Ele encolheu os ombros. “Ele poderia ter evitado o
transtorno não se mandando para a prisão.”
“Puta merda,” murmurei, minha garganta apertada
quando ele deixou cair a bolha silenciadora.
Meu coração era um animal desesperado, arranhando o
limite de minhas costelas enquanto olhava para aquela porta.
Esperando, esperando, esperando.
E se ele estiver com raiva de eu ter vindo aqui? Ou
chateado?
E se ele foi ferido neste lugar? Ele está preso com
assassinos e degenerados, ele poderia ter sido atacado ou
espancado ou...
A porta se abriu e parei de respirar quando Orion entrou
na sala em um macacão laranja com quatro símbolos no peito.
Um par de presas, seus dois Elementos e seu número. Cento e
cinquenta.
Sua barba estava crescida demais e seus cabelos de ébano
caíam sobre os olhos que pareciam encovados pela falta de
sono. Meu coração praticamente saiu pela boca ao vê-lo assim.
Parecendo tão completamente destruído. Como se ele fosse
metade do homem da última vez que o vi.
Darius correu para ele e os dois se abraçaram fortemente.
Eu quase podia ver o vínculo entre eles queimando no ar
enquanto eles se abraçavam com força.
“Porra, senti sua falta,” Darius rosnou.
Orion gemeu enquanto enfiava os dedos nas costas do
amigo, a tensão em seu corpo me fazendo doer.
Darius de repente o empurrou de volta com um grunhido.
“Seu idiota de merda,” ele retrucou. “O que diabos você estava
pensando?”
Os olhos de Orion deslizaram para mim e meu pulso
trovejou em todos os lugares enquanto ele franzia a testa,
claramente surpreso ao ver Max aqui, então olhou de volta
para Darius. “Tive que fazer,” disse ele com um flash de
resiliência em seus olhos, mas ele não expandiu isso.
“Sim, bem, você pode explicar a ele primeiro.” Darius
sacudiu o queixo para mim e a sobrancelha de Orion franziu
em confusão enquanto seu amigo caminhava em direção à
saída. Ele me lançou um aceno de cabeça quando o gelo
congelou sobre as câmeras, então ele saiu da sala e bateu à
porta atrás de si. No segundo em que fechou, senti a ilusão se
dissipar da minha pele, esvoaçando como borboletas.
“Não,” Orion engasgou, dando um passo para trás. “Ele
trouxe você aqui?!” Ele rugiu e um tremor percorreu meu
corpo.
“Sim,” falei, levantando meu queixo, tentando ignorar a
dor em meu peito enquanto me forcei a não correr para seus
braços. Eu estava com tanta raiva dele. E traída e magoada.
Mas então vê-lo assim... como se ele tivesse passado pelo
inferno neste lugar, fez minha raiva diminuir o suficiente para
que pudesse sentir meu coração se despedaçar novamente.
“Você perdeu peso,” ele rosnou enquanto seus olhos
deslizaram para baixo em mim.
Eu não disse nada, minha garganta estava muito
apertada.
“Não se deixe sofrer por minha causa,” disse ele em um
tom áspero.
A represa estourou em meu peito e a raiva venceu todas as
outras emoções. “Isso é um comando ou você está tentando
usar Coerção Negra?” Perguntei friamente.
Sua mandíbula se contraiu e ele caminhou em minha
direção como um caçador faminto por sua próxima refeição.
Seus olhos vasculharam cada centímetro de mim, sua garganta
balançando e uma energia tangível no ar me engoliu.
Ele me pressionou contra a parede, fazendo minha
respiração engatar com o quão pouco espaço nos separava. Ele
não cheirava mais a canela, cheirava a sabonete e miséria. “É
um comando. E um que você vai seguir. Saia daqui e esqueça
este lugar. Me esqueça. Acabou. Feito. Então siga em frente.”
Suas palavras eram mais afiadas do que uma faca, o vazio
em sua voz me fazendo ansiar pelo calor que ele geralmente
dirigia para mim.
“Você não pode decidir isso por mim.” Pisquei para conter
as lágrimas, engasgando com minha língua. “Você não tinha o
direito de fazer isso. Você jogou tudo fora incluindo sua própria
vida. Por quê?” Fiz a pergunta que vinha me assombrando por
semanas a fio. Aquela que me manteve acordada à noite, a
única palavra me fazendo querer mergulhar nas Sombras
apenas para que pudesse esquecê-la. Mas eu não fiz. Eu
permaneci forte. E agora ele me devia esta resposta.
“Você sabe o porquê,” ele rosnou. “Você é uma princesa de
Solaria...”
“Vá se foder.” Empurrei minhas mãos em seu peito com
uma explosão de magia de Ar que o fez tropeçar para trás. O
pior foi como ele não lutou, apenas me encarou com aquele
olhar de aceitação estampado em seu rosto.
Comecei a andar, meu pulso latejando em todos os lugares
e, finalmente, minha raiva voltou com força total. “Você não
tinha o direito de fazer o que fez!” Me virei para ele, apontando
para ele em acusação. “Tínhamos um plano. Você poderia ter
evitado a prisão se tivesse feito o que o advogado de Darius
disse.”
“É minha vida, Darcy, farei o que eu quiser,” disse ele sem
rodeios.
Eu me encolhi com esse nome, balançando a cabeça.
Sempre fui Blue para ele, mas ele tirou isso de mim junto com
todo o resto.
“Então é isso?” Perguntei sem fôlego, o vento esmagou
meus pulmões. “Acabamos? Fim. Por que você disse? E eu
nunca tive a chance de lutar por nós?”
Seus olhos escureceram e ele tinha a aparência de uma
besta ferida enquanto voltava seu olhar de mim para a parede.
“Sim.”
“Isso é tudo que você tem a dizer?” Eu me lancei contra
ele, jogando minhas mãos nele com outra rajada de ar. Ele
cambaleou para longe, suas costas batendo contra a parede
enquanto ele nem se preocupava em levantar a mão para
tentar lutar comigo. As algemas brilhantes em seus pulsos
garantiam que ele não pudesse usar magia, mas isso não
significava que ele não pudesse tentar me impedir fisicamente.
Ele simplesmente não parecia se importar o suficiente.
“Isso é tudo que tenho a dizer,” disse ele em um tom vazio,
sem nenhuma emoção. Nada. Ele não se importava? Ele não ia
mesmo se desculpar por rasgar meu coração em pedaços?
De todas as vezes que imaginei vê-lo novamente, nunca
poderia ter previsto essa frente ártica dele. Essa apatia. Era
pior do que qualquer outra coisa que imaginei.
Minhas lágrimas começaram a fluir e eu queria escondê-
las, mas não havia força no mundo que pudesse detê-las agora.
“Por quê?!” Gritei de novo, minha voz rouca. “Dê-me a
razão honesta. Eu mereço isso.”
Sombras giraram em seus olhos e por um momento temi
que ele tivesse entrado nelas. Ele parecia tão distante, tão
bestial. Como se o homem que me amou nem vivesse mais
nele. Ele parecia sem coração e frio e exatamente como a
criatura cruel que ele deixou o mundo pensar que ele era.
Aproximei-me dele lentamente quando ele permaneceu
quieto, o ar vivo com energia elétrica enquanto fechava o
espaço entre nós. E foi um conforto saber que esse vínculo
convincente entre nós ainda existia, ele apenas se recusava a
reconhecê-lo. Estendi a mão, pressionando minha mão em seu
peito enquanto me aproximava cada vez mais, sentindo a
poderosa batida de seu coração sob a palma da minha mão
enquanto tentava descobrir a verdade através dele.
Sua mandíbula travou e seus olhos focaram em mim tão
intensamente que eu não consegui respirar.
“Responda-me,” sussurrei, um apelo em minha voz. Eu
precisava disso. Era uma tortura viver sem uma explicação
dele. Ainda assim, ele permaneceu quieto e outra lágrima rolou
pela minha bochecha. “Seth disse que você estava tentando me
salvar. Isso é verdade?”
“Seth,” ele sibilou como se seu nome fosse veneno. “Por
que você ouviria Seth Capella?” Havia um tom perigoso em seu
tom e bufei uma respiração.
“Então você quer que eu responda às suas perguntas, mas
não quer responder às minhas?” Eu deslizei minha mão para
segurar sua nuca, me aproximando para que meu peito roçasse
o dele suavemente. Poderia jurar que as luzes da sala piscaram
com a quantidade de energia que nos unia.
Fiquei na ponta dos pés, com vontade de beijá-lo, me
perguntando se ele derreteria se pudesse apenas passar por
suas defesas. Se nos beijássemos, ele se lembraria por que
valia a pena lutar.
Seus olhos permaneceram fixos nos meus, um desespero
em seu olhar que eu não entendia o significado. Então ele saiu
de meu domínio, passando por mim e me dando as costas, o
maior insulto que você poderia oferecer a outro Fae. E meu
queixo caiu.
“Saia,” ele rosnou. “E não volte. Acabou, Darcy. Siga em
frente com sua vida.”
“Não tem que acabar,” engasguei, terror envolvendo seu
caminho em torno de cada órgão do meu corpo. “Eu não me
importo que você esteja aqui. Você poderia estar na lua e eu
ainda encontraria uma maneira de te amar.”
“Não quero que você me ame. Eu quero que você vá
embora e nunca mais volte.”
Essas palavras quase me colocaram de joelhos. O pânico
rasgou minha alma enquanto olhava para o homem que me
possuía, me dizendo para ir embora. Para nunca mais vê-lo.
“Você não quer dizer isso,” exigi, desesperada para impedi-
lo de me afastar.
“Eu quero,” ele rosnou friamente, com desdém. “Eu quero
dizer cada palavra. Saia.”
Recuei, começando a tremer quando alcancei a porta.
Segurei a maçaneta atrás de mim, incapaz de piscar enquanto
olhava para ele em desespero.
“Lance,” tentei uma última vez, cega pela minha dor. “Por
favor, não faça isso.”
“Saia!” Ele girou em minha direção, seu olhar tão escuro
quanto breu enquanto apontava para a porta.
Meu coração parou na minha garganta e eu girei a
maçaneta, abrindo e empurrando Darius enquanto eu fugia
pelo corredor. Precisava escapar desse lugar. Precisava de ar
fresco. Eu ia sufocar se não entendesse.
“Darcy!” Darius chamou, seus passos batendo atrás de
mim.
Meu cabelo azul voou ao meu redor quando o guarda me
admitiu de volta na sala de espera, seus olhos se estreitando
quando ele viu minha aparência. “Espere...” ele começou, mas
corri para o elevador aberto com Darius em meus calcanhares.
“Você não viu nada!” Darius latiu para ele e as bochechas
do homem ficaram vermelhas antes que ele baixasse a cabeça
em submissão.
O elevador começou a subir e pressionei minhas mãos no
meu rosto enquanto Darius lançava o feitiço de ilusão em mim
mais uma vez. No segundo em que as portas se abriram, eu
estava fora delas e quando o guarda finalmente nos deixou
sair, engoli uma golfada de ar, caindo de joelhos no chão
empoeirado ao lado do prédio.
Darius caiu ao meu lado, segurando meu braço. “O que
aconteceu?”
Eu não consegui pronunciar as palavras, segurando a mão
no meu peito enquanto meu coração parecia que ia entrar em
combustão.
“O que ele disse?” Darius exigiu.
“Ele disse que acabou,” forcei, enxugando minhas lágrimas
enquanto eu conseguia recuperar o fôlego finalmente. Mudei-
me para sentar-me contra a parede do edifício, o chão abaixo
de mim parecendo instável. Tudo estava quebrado. Tudo isso
arruinado. O mundo não era o mesmo que estive momentos
atrás.
Darius se ergueu acima de mim, então caí em sua sombra,
suas feições se transformando em determinação. “Espere aqui,”
ele rosnou. “Vou falar com ele. E irei me certificar de que ele
assine o recurso.”
Acenei com a cabeça, colocando minha cabeça em minhas
mãos enquanto tentava desacelerar meu coração acelerado.
Toda a conversa se repetiu em minha mente até que eu estava
quebrando tudo de novo, com lágrimas escorrendo pelo meu
rosto. Ele queria que eu fosse embora. Ele não me queria perto
dele. Ele me culpava por isso? Como ele pode? Ele fez essa
escolha. Mas talvez agora que ele veio aqui percebeu o erro
terrível que cometeu. Talvez ele aprovasse o recurso, mas isso
não resolveria as coisas entre nós.
Darius finalmente voltou e antes que pudesse impedi-lo,
ele jogou o punho na parede ao meu lado.
“Darius,” engasguei, ficando de pé quando ele deixou cair
o braço para o lado e sangue pingou na grama. “O que
aconteceu?”
“Ele está sendo um idiota teimoso,” ele cuspiu. “Ele não
vai assinar o recurso. Ele vai ficar aqui e apodrecer porque é
um idiota.”
“Deve haver algo que possamos fazer.” Eu agarrei seu
braço enquanto ele me olhava com piedade em seus olhos. E eu
odiei isso.
“Sinto muito,” disse ele pesadamente como se quisesse
dizer isso do fundo de seu ser. “Ele fez a cama dele, agora está
determinado a deitar nela.”
“Não,” sufoquei e ele me arrastou em seus braços, de
repente se tornando a única coisa sólida que estava me
segurando de pé. “Darius,” solucei. “Por favor faça alguma
coisa.”
Ele não disse nada, mas seu silêncio disse tudo. Não havia
nada que ele pudesse fazer. Ele iria até o fim do mundo se isso
significasse que ele poderia libertar seu amigo, mas a menos
que Orion fizesse a escolha de se ajudar, tudo seria inútil.
“Ele fez isso por você,” ele disse baixinho quando eu
consegui me recompor. “Este destino significa que você ainda
pode ascender na sociedade sem que seu nome seja
manchado.”
“Eu não me importo com o que as pessoas pensam de
mim,” rosnei. “Ele tirou essa escolha de mim.”
“Eu sei,” ele disse em um tom baixo. “Mas... não podemos
desperdiçar seu sacrifício.”
“O que você está dizendo?” Afastei-me de seus braços com
acusação em minha voz, minhas sobrancelhas se juntando.
“Isso significa que a melhor coisa que você pode fazer por
ele agora é dar a ele o que ele espera. Afaste-se, dê-lhe tempo
para se ajustar aqui até que ele recupere os seus sentidos. Não
mande cartas, não tente ligar.”
“Mas...”
“Não há outra maneira,” Darius disse severamente. “Se ele
achar que você mudou, pode começar a me ouvir. E com o
tempo... talvez eu consiga fazer com que ele concorde com o
recurso.” Ele nem parecia convencido de suas próprias
palavras. Eu não sabia se ele as estava dizendo para aplacar a
mim ou a si mesmo. As chances de Orion mudar de ideia eram
mínimas. Ele escolheu este destino. E eu sabia que ele era
teimoso o suficiente para ver que isso foi o que ele decidiu.
Uma lágrima final caiu silenciosamente pela minha
bochecha enquanto a realidade caía sobre mim como um peso
de dez toneladas. Os pedaços quebrados do meu coração
estavam recortados em meu peito, perfurando meu centro. Não
havia uma única parte de mim que não doesse.
Era isso. Minha única opção. Tinha que me afastar
daquele lugar e não olhar para trás. Eu tinha que segurar uma
esperança que era tão pequena que mal brilhava.
As estrelas se voltaram contra nós tão intensamente que
me perguntei se elas algum dia torceram por nós.
Eu e Lance Orion estávamos oficialmente acabados. O
amor mais lindo e puro que já conheci foi tirado de mim assim.
E não sabia como me recuperaria.
Bom dia Gêmeos.
As estrelas falaram sobre o seu dia!
Na esteira do caos, vem a calma e pode ser tentador
banhar-se nessa felicidade, mas esteja avisada: quando se
sentir mais segura, é mais provável que a escuridão apareça.
Urano está se movendo para dentro do seu mapa, portanto,
esteja ciente de que choques e mudanças repentinas podem
estar vindo em sua direção. Agora não é a hora de começar a se
sentir confortável ao seu redor. Embora às vezes as surpresas
cósmicas trazidas por este planeta possam ser difíceis de se
adaptar, você terá que pensar rápido se quiser evitar tomar
decisões erradas. Agora é a hora de ser impulsiva, mas não se
esqueça, nada é tão simples quanto parece.

Nas palavras de Geraldine: foda-me de lado com um


vibrador Dragão. Não preciso de mais caos em minha vida.
Suspirei ao ler a mensagem das estrelas novamente.
Aquelas idiotas brilhantes definitivamente estavam contra mim.
O que fiz para irritá-las tanto?
Resmunguei para o meu Atlas quando Darius se
aproximou com meu café, mas ao invés de apenas deixá-lo
sobre a mesa, ele se sentou. Ele me mandou uma mensagem
dizendo que perdeu nossa corrida ontem porque tinha que
visitar Orion com Darcy e eu obviamente não tinha
reclamações sobre isso, mas foi meio chato não começar meu
dia com ele. E como as aulas não recomeçavam até hoje,
realmente não o tinha visto até esta manhã, quando ele estava
esperando para correr comigo do lado de fora da Casa Ignis.
Tínhamos feito nossa corrida silenciosa como de costume e me
peguei sorrindo por uma quantidade ridícula dela enquanto me
empurrava o máximo que podia e o obrigava a trabalhar para
acompanhar. Não sabia por que correr com ele significava tanto
para mim, mas tinha que admitir que significava. Havia algo
sobre saber que ele iria aparecer todos os dias que apenas me
fazia sentir... importante. E por mais que não quisesse admitir
que ele tinha esse tipo de controle sobre mim, realmente não
poderia negar mais. Estava começando a me preocupar com as
coisas que Darius fazia e dizia e... gah, como deveria realmente
falar com ele cara a cara?
O sangue correu para minhas bochechas e por algum
motivo, demorei muito para levantar meu olhar do meu Atlas
para olhar para ele.
Isso era estranho. Eu sabia, ele sabia, inferno, o maldito
café sabia disso, e ainda assim aqui estávamos.
O Orb estava meio cheio para a corrida do café da manhã,
então as estrelas estavam bem com esse encontro inesperada
para o café da manhã. Não encontro. Obviamente, não pensei
nisso como um encontro. Era apenas uma Fênix e um Dragão
que escolheram nunca ficar juntos sentados em uma sala cheia
de outras pessoas enquanto comida e bebida eram
consumidas. Merda. Se eu estava tendo diarreia verbal na
minha cabeça, como diabos conseguiria falar uma frase direta
da minha boca sem soar como uma maldita idiota?
“Oi,” disse ele, um sorriso conhecedor brincando em seus
lábios que era uma distração maldita.
Ódio e sexo era tão fácil quanto respirar. Dizer oi para um
cara que aparecia todos os dias para correr comigo e buscar
meu café era impossível. Excelente.
Por que não pensei nisso? Por que não me ocorreu que,
enquanto estava despejando todas as minhas memórias de
infância e segredos via texto, havia um semideus honesto para
as estrelas lendo-as? E por que algumas semanas longe dele e
inúmeras mensagens entre nós me fizeram sentir ainda mais
estranha em sua presença? Certamente, conhecer melhor um
ao outro deveria ter tornado tudo menos estranho? Em vez
disso, o estranho conheceu a Sra. Estranha e teve um monte
de bebês estranhos que estavam atualmente dando uma festa
no meu estômago que tornava a ideia de consumir meu café
totalmente insuportável.
“Estava me perguntando se você já viu a moto que ganhou
de mim?” Ele perguntou com um pequeno olhar arrogante em
seu rosto que dizia que sabia muito bem que eu não tinha. Na
verdade, enfiei aquela chave bem no fundo da gaveta da minha
calcinha e me recusava a pensar sobre isso. Além de sempre
que tinha que tirar a calcinha e a olhava, é claro. E às vezes
quando ficava entediada e fantasiava em dar um passeio...
“Humm, tenho estado um pouco ocupada,” evitei,
estendendo a mão e agarrando meu café da mesa para que
tivesse algo para fazer com minhas mãos. Levantei aos meus
lábios enquanto ele falava novamente.
“E eu pensando que tinha algo a ver com você não querer
nada de um idiota lagarto saltitante que não distingue sua
bunda de seu cotovelo e só é bom para sexo de ódio?”
Meio ofeguei, meio ri e cem por cento comecei a engasgar
com a minha boca cheia de café quente. Tipo, realmente
comecei a estourar meus pulmões e quase derramei a caneca
inteira no meu colo enquanto lutava para colocá-la sobre a
mesa. Inclinei-me para frente com a mão no peito enquanto
lutava para obter o controle sobre minha magia de Água e
tentar colocar as pequenas gotas de café de volta para fora dos
meus pulmões antes de conseguir fazer uma cena completa de
mim mesma. Mas quando me sentei novamente e passei a mão
sobre a boca para garantir, ficou claro que era tarde demais
para isso.
Darius estava sorrindo para mim daquele jeito que
costumava fazer meu sangue ferver de raiva, mas agora, para
minha total devastação, estava fazendo um rubor filho da puta
rastejar sobre minhas bochechas.
“Babaca,” murmurei sem qualquer veneno.
“Pelo menos eu sou consistente,” ele brincou, seus olhos
brilhando quando ele percebeu minha vergonha e aqueles
pequenos esquisitos na minha barriga começaram algum tipo
de rotina de mortal pra trás.
“Bem, eu já sabia que você era um idiota. Estou apenas
tentando entender todas as outras coisas que sei sobre você
agora, também,” admiti.
“Tipo, como sou bom na cama?” Ele perguntou,
inclinando-se para frente e baixando a voz para que ela não
fosse ouvida, mas tudo o que realmente consegui foi deixar o
cascalho em seu tom mais aparente e meus dedos do pé
enrolarem dentro dos meus tênis.
“Poderia ter adivinhado isso na primeira vez que coloquei
os olhos em você,” brinquei antes de perceber que acabara de
admitir que o queria por tanto tempo.
O sorriso arrogante em seu rosto me disse que ele não se
importava nem um pouco e juro que pude realmente sentir
meu rubor crescendo. Tory Vega não corava. Isso não era típico
de mim. E aqueles esquisitos no meu estômago estavam de
volta e, santa mãe da merda, os esquisitos são borboletas.
Borboletas do caralho! O que diabos está acontecendo comigo??
“Vamos lá, Roxy,” ele insistiu. “Diga-me por que você ainda
não deu um passeio?”
Meus lábios se separaram e eu não tinha certeza do que
dizer. Que ainda não tinha descoberto como me sentir em
relação à moto ainda, muito menos se iria realmente aceitá-la
ou não e apenas deixá-la estacionada sem olhar para ela,
poderia simplesmente fingir que ela não existia e saia impune
sem descobrir nenhuma dessas coisas.
“Não sei como lidar com você quando você não está sendo
um idiota,” admiti.
“Não se preocupe com isso, Roxy. Ainda sou um idiota,” ele
me assegurou.
Mordi meu lábio enquanto olhava para ele, casualmente
dominando a cadeira à minha frente, diabolicamente
desgrenhado depois de nossa corrida com seu cabelo preto
uma bagunça e a blusa solta que ele usava revelando tanto de
seu peito suado que eu não conseguia parar de olha-lo. Ele não
se preocupou em se limpar com magia de Água ainda e por
mais que odiasse admitir, Darius Acrux parecia fodidamente
lambível depois de um treino.
“Prove,” ousei antes que pudesse me conter. Porque estava
realmente começando a gostar de conhecer todos os seus
pontos mais delicados, mas não conseguia mentir para mim
mesma sobre o quanto a escuridão nele me iluminava.
O canto de sua boca se contraiu como se ele pudesse olhar
direto em minha mente e ver toda a depravação escondida ali.
Eu o observei quando ele ergueu o olhar e observou ao
redor da sala para as mesas onde alguns dos professores
começaram a se reunir para o café da manhã. A professora
Highspell estava sentada na ponta da mesa onde Gabriel estava
conversando com o professor Rockford. Highspell parecia estar
tentando chamar sua atenção para a saia lápis vermelho
sangue que combinava com uma blusa de babados que tinha
metade dos botões abertos. Gabriel não parecia tê-la notado lá,
mas ela continuou balançando os cabelos e rindo de tudo que
ele dizia enquanto tentava chamar sua atenção.
“Você já começou com feitiços de ilusão, Roxy?” Darius me
perguntou, seus olhos brilhando com malícia.
“Um pouco,” admiti. “Mais ocultação do que ilusões reais.”
“Vou lhe dar uma demonstração, então,” ele disse e eu
observei enquanto ele casualmente torcia os dedos em um
padrão complicado.
No começo eu não achei que nada tivesse acontecido, mas
então algo correu ao redor da minha xícara de café e meus
olhos se arregalaram quando vi a aranha delgada que era
maior do que minha mão.
“A Aranha Baruvian Hellnet geralmente não vive nesta
parte de Solaria,” Darius murmurou enquanto meus olhos
ficaram grudados na coisa assustadora. Eu sabia que não era
real, mas de alguma forma era difícil fazer meu cérebro aceitar
isso. “Ela pode se mover mais rápido do que uma Manticora
com um fogo na bunda e tem uma mordida particularmente
desagradável. Dizem que a dor é tão cegante que muitos Fae
que a sentem gritam alto o suficiente para rasgar suas cordas
vocais. Sem falar em mijar-se.”
“O que você vai fazer com isso?” Murmurei enquanto a
observava cruzar a mesa de centro diante de mim.
Com um movimento casual dos dedos de Darius, a aranha
saltou da mesa e pousou na minha coxa.
Eu vacilei, mal suprimindo um grito quando a sensação
muito real de oito perninhas lutando sobre minha pele fez meu
coração bater em pânico.
“Estou fazendo seu coração disparar, Roxy?” Ele brincou e
eu não podia negar que era verdade.
Darius se levantou e puxou sua cadeira ao redor da mesa
para que ele ficasse sentado ao meu lado com uma visão clara
dos professores enquanto eu olhava para o inseto no meu colo
e tentava convencer meu cérebro ligeiramente apavorado de
que não era real.
A aranha saltou da minha perna e começou a correr para
longe de nós por baixo das mesas. Olhei para Darius enquanto
o sentia me observando ao invés de sua criação.
“Impressionante,” admiti. Por mais que pudesse ter me
deixado louca que os Herdeiros estivessem muito mais
adiantados em sua educação do que nós, poderia apreciar o
fato de que eles trabalharam muito para irem tão longe
também.
“Essa não é a única maneira que as ilusões podem
funcionar,” ele murmurou enquanto olhava para mim e de
repente senti uma mão tocando minha bochecha.
Não apenas qualquer mão. A mão dele. Eu reconheci a
aspereza de suas calosidades e o calor do fogo que queimava
sob sua carne, apesar do fato de que suas mãos reais estavam
claramente longe de mim.
“Isso é incrível,” murmurei. Se eu fechasse meus olhos,
poderia acreditar que ele estava realmente me tocando.
“Você quer incrível?” Ele brincou e a sensação de sua mão
deslizou da minha bochecha pelo meu pescoço, roçando minha
clavícula antes de finalmente acariciar meu seio. Meu mamilo
endureceu e eu praticamente comecei a ofegar com a sensação
de sua mão no meu corpo.
“Darius,” avisei, mas não saiu como um aviso. Minha voz
estava áspera e suplicante e a maneira como seus olhos
escureceram me disse que ele gostava muito disso.
Um grito de medo nos interrompeu e a sensação de sua
mão em mim desapareceu quando ele voltou sua atenção para
a comoção do outro lado da sala.
A Professora Highspell havia se levantado de um salto e eu
avistei a Aranha Baruvian Hellnet subindo em sua saia
enquanto ela se virava e tentava se livrar dela. Ela jogou um
jato de água nela e Darius sorriu, já que não fazia nada com a
aranha e só servia para ensopar metade de sua saia.
Todos na sala estavam olhando-a em estado de choque e
fiquei satisfeita em ver Tyler filmando enquanto a aranha subia
por seu peito e ela gritava novamente. Com um movimento
repentino, mergulhou em direção ao pescoço dela e afundou
suas presas venenosas.
Highspell gritou tão alto que ecoou pelo telhado abobadado
e um sorrisinho fodido puxou meus lábios.
Ela caiu no chão e começou a se debater enquanto os
outros professores tentavam se aproximar o suficiente para
ajudá-la.
Darius dissipou a magia com uma torção de seu pulso e
quando me virei para olhar em seus olhos, o demônio que eu
temia estava olhando para mim. E isso realmente deveria ter
sido assustador, mas havia algo sobre o monstro que eu
conhecia que fazia arrepios subirem por todo o meu corpo.
Os gritos de Highspell silenciaram quando a ilusão
desapareceu e com a água que ela jogou em si mesma, eu não
poderia dizer se ela se mijou, mas eu meio que esperava que
sim.
Darius se endireitou e colocou as mãos nos braços da
minha cadeira enquanto se inclinava para falar comigo,
prendendo-me e fazendo meu coração disparar.
“Ninguém fode com a minha garota e sai impune,” ele
rosnou, seus lábios roçando minha orelha por um momento e
me fazendo estremecer.
Ele se afastou de mim antes que eu pudesse responder e
saiu da sala. Meu olhar deslizou de volta para Highspell
quando ela se levantou, ofegando e rosnando enquanto olhava
ao redor como se estivesse procurando por algo. Seus olhos
caíram sobre mim e a raiva neles foi o suficiente para me fazer
estremecer. Ela claramente pensava que eu era o motivo de sua
humilhação e, de forma indireta, imaginei que sim.
Sem dúvida, ela já estava tramando sua vingança para
minha próxima aula com ela.
Perfeito.
Teria que lembrar de agradecer a Darius por me colocar
ainda mais fundo em sua lista de merda. Embora eu não me
importasse inteiramente em vê-la humilhada na frente de
todos, então imaginei que o deixaria ir.
Eu me empurrei para fora da minha cadeira e decidi pegar
o café da manhã para viagem, pegando alguns doces da mesa
do buffet antes de escapar pela porta e voltar para a Casa
Ignis.
Precisava colocar meu uniforme e ir para a Urano
Infirmary para nossa primeira aula sobre cura e eu estava mais
do que pronta para aprender sobre isso. Supostamente, era um
dos tipos de magia mais difíceis de dominar, e era por isso que
eles o deixaram tão tarde no ano para começarmos, mas eu
estava determinada a aperfeiçoá-la. Conseguimos acabar em
muitas situações perigosas e com Lionel, Clara e as Ninfas
atrás de nosso sangue, precisávamos de todas as vantagens
que pudéssemos obter.
Acabei sendo uma das primeiras a chegar para nossa aula
e sorri para Darcy quando ela se aproximou de mim, onde eu
estava esperando do lado de fora do anfiteatro de ensino.
Ficava no terceiro andar da ala leste de um enorme edifício que
parecia uma velha mansão gótica e um cheiro de menta e
sálvia pairava no ar.
“Ah! As princesas chegaram!”
Tentei não me encolher quando me virei para olhar para a
professora de meia-idade enquanto ela abria a porta da sala de
aula e nos conduzia para dentro. Ela estava vestindo um robe
azul claro com uma faixa branca por cima e tinha um distintivo
A.S.S. preso à lapela. Ela parecia vagamente familiar e levei um
momento para lembrar que ela era a curandeira que nos deixou
visitar Geraldine depois que ela foi atacada por uma ninfa.
“Apenas Tory e Darcy, por favor,” murmurei enquanto ela
sorria calorosamente.
“Claro,” ela concordou com uma piscadela dramática. “Não
há tratamento preferencial aqui! Sou Mãe Dickins e serei sua
guia de cura, venha, venha.”
Ela nos levou para a sala quando o resto da classe
apareceu e nos encontramos no topo de um pequeno anfiteatro
montado com assentos circundando uma cama de hospital e
uma mesa cheia de instrumentos médicos no centro do espaço.
Mãe Dickins nos guiou até um par de assentos na
primeira fila e sorriu para nós com ternura enquanto se movia
para o centro da sala para aguardar a chegada do resto da
classe.
“Às vezes não consigo decidir se prefiro os fãs ou os
odiadores,” murmurei para Darcy e ela soltou uma risada.
“Na primeira impressão, eu a prefiro ao invés Highspell,”
ela atirou de volta e tive que concordar com ela nisso.
Meu Atlas tocou e eu o tirei do bolso enquanto
esperávamos o resto da classe encontrar seus lugares. Minhas
sobrancelhas ergueram-se quando vi quem havia enviado e abri
com um toque de apreensão e uma dose de intriga.

Seth: Darius acabou de me dizer que só enviou a você o


vídeo de desculpas do nosso encontro com seu ex. Eu disse a ele
que você gostaria da filmagem de ação ainda mais, mas ele não
concordou, então estou pagando seu blefe. Diga-me que isso não
te deixa toda quente sob a gola...

Um vídeo veio a seguir e eu toquei nele com interesse


enquanto mordia meu lábio inferior. Era uma vista aérea do
jardim da frente de Zane quando Darius e os outros Herdeiros
entraram em uma fortaleza de gangue e começaram a espancar
todos eles com as próprias mãos.
Prendi a respiração enquanto a filmagem acontecia, meu
olhar grudado em Darius enquanto ele lutava como um homem
possuído, derrubando os gangsters um após o outro antes de
virar sua raiva para o próprio Zane. Quando a fileira de motos
do lado de fora da casa explodiu em uma bola de fogo, eu
vacilei, olhando para cima para descobrir que a aula estava
pronta para começar e todos estavam olhando para mim.
Darcy chamou minha atenção, levantando uma
sobrancelha e eu rapidamente desliguei meu Atlas enquanto
lançava um sorriso de desculpas para Mãe Dickins. Ela não
pareceu se importar e tive que lutar para conter meu sorriso
sobre o que acabara de assistir.
Pode haver algo um pouco errado comigo, mas assistir
Darius virar todo Dragão em alguns idiotas que realmente
mereciam me deu arrepios de merda. Droga.
“Professora!” Kylie chamou do canto de trás da sala, onde
estava sentada sozinha com um anel de cadeiras vazias ao seu
redor. Até Jillian a abandonou desde que ela foi rejeitada e
saber que ela estava completamente isolada assim me deu uma
sensação presunçosa de satisfação que simplesmente não
desistiria. “Você não vai punir Tory por usar seu Atlas nas
aulas?”
“Alguém acabou de peidar?” Tyler perguntou, olhando ao
redor como se estivesse procurando a fonte do barulho
enquanto as risadas se espalhavam pela sala.
“Estão todos prontos para começar?” Mãe Dickins
perguntou suavemente, olhando em volta com um sorriso, seu
olhar passando por Kylie como se ela nem estivesse lá.
Os olhos de Darcy brilharam triunfantes quando Kylie
baixou a cabeça e bufei uma risada.
“Sim, eu definitivamente gosto dela mais do que da
Highspell,” Darcy sussurrou para mim e eu definitivamente
concordei.
“Alguém pode me dizer quantos feitiços diferentes existem
para a cura de uma ferida física, como um arranhão, corte,
queimadura, osso quebrado, sangramento interno, etc.?” Mãe
Dickins chamou e várias mãos se ergueram ao redor da sala
circular.
Ela apontou para Sofia, que sorriu antes de responder.
“Um.”
“Dez pontos para a Ignis,” respondeu Mãe Dickins, dando
a Sofia uma breve salva de palmas. Todos pareciam inseguros
se deviam ou não participar, então algumas pessoas
aplaudiram enquanto outras pareciam estranhas e, antes que
alguém realmente fizesse alguma coisa, Mãe Dickins seguiu em
frente. “É isso. Um feitiço. E, a menos que você escolha fazer
Cura Avançada no primeiro ano, esse único feitiço é o único
que você vai gastar tempo aprendendo nesta aula. Alguém se
importa em me dizer por quê?”
“Porque, uma vez que você sabe como endurecer um osso
flexível novamente, não precisa saber mais nada?” Tyler gritou
e vários alunos riram.
Mãe Dickins acenou com o dedo em sua direção e sua
risada silenciou enquanto ele estava preso dentro de uma
bolha silenciadora antes que ela continuasse como se ele não
tivesse falado.
“Porque a cura é diferente de qualquer outra forma de
magia. E quase todos os Fae concordam que é a magia mais
difícil de todas. Vem de dentro de você, da própria estrutura do
seu poder. A maior parte da magia envolve criar algo do nada.
Seu próprio poder é dado forma por sua intenção e sua
habilidade. Porém, com a magia de cura, você precisa aprender
como entrar na forma mais pura dessa magia onde ela vive e
encorajá-la a florescer em harmonia com o corpo do Fae que
você está tratando. Quem sabe por quê?”
Ninguém parecia ter a resposta para isso e Mãe Dickins
sorriu gentilmente antes de voltar para o centro do quarto,
onde um pequeno carrinho estava ao lado da cama. Continha
várias peças de equipamento médico, como bisturis e pinças, e
ela agarrou um copo de vidro.
“Por que um Vampiro pode tirar magia do sangue que é
engarrafado?” Ela perguntou, levando o pulso aos lábios
enquanto um par de presas estalou para fora.
“Uau,” Darcy murmurou e levantei uma sobrancelha
também. Eu estava ficando muito boa em detectar Ordem e
totalmente a teria imaginado como uma Ordem bonitinha como
um Pegasus ou um Coelho Cantroviano. Não um sugador de
sangue maldito.
Observamos enquanto ela mordeu o próprio pulso e
decantou um copo de sangue antes de curar a ferida
novamente.
“É porque nossa magia vive em nosso sangue?” Diego
ofereceu.
“Sim! Dez pontos para Aer. Nossa magia está imbuída na
própria estrutura do nosso DNA. A razão pela qual sentimos
aquela sensação de vazio em nosso peito quando estamos sem
energia é porque nossa magia vive em nossos corações. E
nossos corações se movem em torno de nossos corpos em
nosso sangue. Portanto, mesmo o sangue decantado contém
magia. É por isso que os Vampiros bebem. E por que as Ninfas
atacam o coração com suas sondas ao roubar nosso poder. A
sonda de uma ninfa é, na verdade, oca. Se você imaginar uma
agulha gigante sendo usada para sugar o poder diretamente do
coração dos Fae que elas atacam, então isso lhe dá uma ideia
de como elas roubam nossa magia.”
“Poderia algum Fae beber sangue para ganhar magia
então?” Perguntou Diego. “Não apenas Vampiros.”
“Por que não tentar?” Mãe Dickins ofereceu, movendo-se
em direção a ele com o copo de seu sangue estendido.
Os lábios de Diego se curvaram de horror e tive que lutar
muito para não rir enquanto ele tentava balbuciar desculpas e
ela empurrou o copo em sua mão.
Mãe Dickins olhou para ele severamente e com um olhar
desesperado em nossa direção, ele o levou aos lábios e tomou
um gole.
Juro que vomitei um pouco na boca. Eu não sabia por que
estava tudo bem quando Vampiros faziam isso. Na verdade, era
assustadoramente quente quando os Vampiros faziam isso na
metade do tempo. Mas algo sobre ele levar aquele copo cheio de
sangue quente aos lábios fez meu café da manhã rodopiar em
minhas entranhas como algo crônico.
Observei sua garganta balançar enquanto ele engolia e
Mãe Dickins estendeu a mão com um único dedo,
pressionando-o contra o fundo do copo para ter certeza de que
ele continuava bebendo. Sua garganta balançava de novo e de
novo enquanto ele me olhava freneticamente como se estivesse
pedindo ajuda, sua pele ficando um pouco verde e eu decidi
que havia zero chance de comer meu almoço hoje.
“Ohmeudeus,” Darcy murmurou baixinho.
“Você se sente poderoso?” Mãe Dickins perguntou com
uma risada enquanto pegava o copo de volta.
Diego balançou a cabeça e tapou a boca com a mão e
estremeci. De jeito nenhum teria bebido isso.
“Vampiros parecem os Fae que mudam menos fisicamente
quando estão em sua forma de Ordem, mas isso é totalmente
falso. Existem muitos argumentos que afirmam que um
Vampiro realmente muda sua fisiologia mais do que todos os
Fae quando em nossas formas alteradas. Do lado de fora, pode
parecer que apenas nossas presas mudam.” Ela estalou o dela
novamente para demonstrar, sorrindo de uma forma que
parecia totalmente ridícula em um Vampiro antes dela se
retrair mais uma vez. “Porém, internamente, todo o sistema
digestivo de um Vampiro muda quando ingerimos sangue Fae.
Nossos estômagos têm uma câmara separada para coletar o
sangue dos alimentos e água normais. Então, há toda uma
rede de órgãos algo semelhante aos intestinos e veias que
filtram o sangue e extraem a magia dele. Temos câmaras em
nossos corações que podem transformar a forma da magia que
consumimos na forma da magia que podemos criar com nosso
Elemento. O que significa que podemos ingerir o sangue de um
Elemental de Fogo, por exemplo, e então nossos corpos podem
transformar isso na magia que usamos para criar água. Outras
Ordens parasitas têm seus próprios métodos de fazer isso...
mas estou divagando.”
A classe inteira estava mortalmente silenciosa enquanto a
ouvíamos fascinados e eu estava rapidamente percebendo que
ainda havia muito sobre Fae que eu não tinha a porra da ideia.
“Então, de volta ao ponto desta lição, e de todas as lições
futuras que vocês terão comigo este ano e no próximo até que a
dominem, cura padrão. Vou precisar de um voluntário.”
Levantei minha mão instantaneamente e mais do que
algumas pessoas olharam para mim com surpresa. Eu e Darcy
podíamos estar no topo de todas as nossas classes (exceto
Cardinal Magic agora por causa da Professora Idiota), mas eu
basicamente nunca ofereci respostas ou me voluntariei para
merda nenhuma. Mas isso era diferente. Precisava aprender a
curar. Era vital. E não havia nenhuma maneira no inferno que
iria perder tempo nesta aula me segurando.
Mãe Dickins sorriu abertamente enquanto me chamava
para a frente e pulava na cama no centro do quarto enquanto
esperava por mim.
Caminhei em direção a ela, trabalhando para ignorar todos
os olhos que podia sentir em mim quando me aproximei dela
na cama.
“Ok, Tory, vou cortar minha mão e gostaria que você me
curasse. Coloque a palma da mão sobre a ferida, feche os olhos
e traga sua magia para a superfície da pele em um fluxo de
poder totalmente sem forma e pura.”
Assenti quando ela pegou o bisturi na bandeja de
instrumentos cirúrgicos e gentilmente cortou as costas de sua
mão de forma que uma gota de sangue correu para a superfície
de sua pele.
Soltei uma respiração lenta e coloquei minha mão sobre a
pequena ferida com meus olhos fechados enquanto tentava
invocar minha magia da maneira que ela havia instruído.
Demorou alguns minutos, mas, eventualmente, senti meu
poder cutucando contra o dela. Não era como compartilhar
poder, era mais como mergulhar meus pés no topo de uma
onda enquanto ela rolava para longe de mim e me perguntando
se deveria ou não segui-la enquanto ela recuava.
“Bom. Agora, você precisa encontrar o fluxo do meu poder
perfeitamente. Meu sangue está aqui para curar esta ferida por
conta própria. Tudo que eu preciso que você faça é adicionar
seu poder ao local da ferida e lentamente adicionar mais e mais
até que você dê o suficiente para permitir que a ferida cicatrize.
A razão de ser tão difícil é porque sua própria magia deve
permanecer sem forma para que possa seguir o meu caminho.
Meu corpo quer se curar, é natural e tudo o que você está
fazendo é ajudá-lo a fazer isso mais rápido. Alguns Fae
descobrem que podem administrar essa magia neles mesmos
porque não precisam encontrar equilíbrio com outro para
alcançá-la, mas nunca aprendem a curar outra pessoa.”
Acenei com a cabeça, tentando assimilar tudo o que ela
disse enquanto lutava contra o desejo de dizer à minha magia o
que fazer.
Fiquei lá por um longo tempo, tentando empurrar minha
magia na dela e batendo contra uma parede sólida uma e outra
vez. Mãe Dickins e toda a classe permaneceram em silêncio
enquanto observavam e tentei não deixar a pressão da situação
me afetar.
Eu tirei minha atenção da tarefa, exalando enquanto
deixava minha mente vagar sobre a letra de uma canção de
ninar em vez de tentar forçá-la e, de repente, meu poder se
conectou com o dela e deslizou para dentro.
Minha palma esquentou e abri meus olhos para ver um
brilho de luz verde emanando abaixo dela enquanto a excitação
gotejava por mim.
A magia veio com uma pressa que me deixou inebriante,
eufórica, mesmo quando meu poder persuadiu seu corpo a
entrar em ação cada vez mais rápido antes da magia de repente
terminar seu trabalho e se extinguir.
Puxei minha mão para trás e engasguei quando avistei o
pedaço de pele perfeito onde o corte tinha sido.
“Bravo, Srta. Vega!” Mãe Dickins aplaudiu e desta vez a
classe se juntou a ela quando ela bateu palmas. “Agora vamos
começar a construir seu controle até que possamos ter certeza
de que você pode curar uma perna decepada!”

##

A magia de cura se tornou nosso último vício e Darcy e eu


passamos todas as noites daquela semana nos cortando e
deixando a outra curá-la. Mãe Dickins não mentiu quando
disse que era difícil. Mesmo um corte de papel se mostrou
realmente difícil de consertar na maioria das vezes. A magia era
tão diferente de qualquer outra coisa que tínhamos aprendido
que parecia que tínhamos que desaprender tudo de novo antes
mesmo de começar. Era como tentar escrever em cursivo
perfeito com a mão esquerda quando normalmente escrevia
com a direita. Mas íamos dominar isso. Determinadas a ser
capaz de curar a nós mesmas ou a qualquer pessoa de quem
gostamos, sempre que necessário.
Então, depois de passar a maior parte da noite de sábado
estudando antes de dormir no quarto de Darcy por volta das
quatro da manhã, meu despertador me acordou e olhei para a
hora com um suspiro de choque.
Peguei meu Atlas da mesa de cabeceira enquanto Darcy
puxava um travesseiro sobre a cabeça e olhava para ele com
horror quando percebi que não era o alarme. Era a porra da
função soneca. E eu já estava dez minutos atrasada para
minha corrida com Darius.
“Porra,” amaldiçoei, meio caindo da cama e abrindo o
armário de Darcy enquanto tirava minhas roupas.
Peguei um par de calças vermelhas de ioga e um sutiã
esportivo rosa, puxando-os e xingando quando percebi que eles
colidiam horrivelmente. Mas não tive tempo de mudá-los.
Precisava dar o fora da Aer Tower e voltar para a Casa Ignis
antes que ele partisse sem mim ou desistisse.
Levei exatamente trinta segundos para fazer xixi e escovar
os dentes na suíte de Darcy e foi isso. Não tinha tempo para
perder com mais nada, então calcei um par de tênis dela, abri a
janela e mergulhei na brisa fria da manhã.
“Tory!” Darcy gritou irritada quando minhas asas se
abriram e o ar frio invadiu o quarto onde ela ainda estava
tentando dormir.
“Desculpa!” Eu liguei de volta. “Não há tempo para fechar,
estou atrasada!”
Eu cruzei o campus o mais rápido que minhas asas me
levaram, passei pela Floresta das Lamentações, atravessei o
Território do Fogo e suspirei de alívio quando o vi encostado na
parede de vidro da Casa Ignis.
Caí um pouco rápido demais e tropecei em meus tênis
desamarrados antes de bater com o rosto no peito de Darius
enquanto ele cambaleava para frente para me pegar.
“Desculpe,” eu ri quando olhei-o com um sorriso e ele ficou
imóvel enquanto me ajudava a me firmar. “O quê?” Perguntei,
tentando tirar o sono dos meus olhos.
“Você nunca sorriu para mim assim antes,” disse ele em
uma voz áspera, estendendo a mão para tirar alguns fios
emaranhados de cabelo preto do meu rosto.
“Cale a boca, eu sorrio para você o tempo todo,” respondi
enquanto o calor tocava minhas bochechas e eu tentava correr
meus dedos pelo meu cabelo bagunçado.
Realmente deveria ter levado um minuto para escová-lo,
idiota. Vamos torcer para que ele presuma que é por voar.
“Não é assim que você faz,” Darius rebateu, um sorriso
puxando o canto de sua boca também enquanto seu olhar
corria sobre mim. “Você está... fofa.”
“Eu não sei o que você quer dizer. E eu não sou fofa.”
Darius bufou para mim. “Parece que você se vestiu no
escuro...”
“Puxa, obrigada, mais alguma observação, Sherlock?”
Perguntei, revirando meus olhos para ele, mas eu ainda estava
sorrindo, então não houve muita mordida no meu sarcasmo.
“Bem... Você não está usando maquiagem.”
“Eu... acordei tarde, então...”
“Eu gosto,” disse ele, seu sorriso crescendo enquanto ele
me olhava. “Você parece sonolenta e inocente. Quase posso
imaginar que você acabou de acordar na minha cama.”
Eu estava definitivamente corando agora e graças à minha
falta de base, ele estava claramente ciente disso. O céu já
estava escurecendo acima enquanto demorávamos, mas lutei
contra as estrelas por apenas mais um momento.
“Se tivesse passado a noite em sua cama, não teria havido
nada de inocente sobre isso,” provoquei para colocá-lo de volta
em tópicos de conversa mais seguros e menos mortificantes.
Como sexo.
“Por mais que eu sofra pela sensação do seu corpo contra
o meu, e realmente sinto, porra, acho que se tivesse permissão
para uma única trapaça contra essa maldição que nos separa,
eu só gostaria de poder segurar você nos meus braços,”
respondeu ele. “Só para acordar com você lá, sabendo que você
estava segura.”
Meu coração bateu forte com suas palavras, mas um
estrondo de trovão vindo do céu me impediu de responder.
Ofereci a ele um sorriso frustrado e me afastei dele quando
comecei minha corrida.
Darius seguiu atrás de mim, longe o suficiente para
permitir que as nuvens se dispersassem novamente e tentei
não pensar na decepção que permaneceu em mim enquanto eu
aumentava meu ritmo.
Acabei de correr até aqui na velocidade da luz sem escovar
meu cabelo ou colocar qualquer maquiagem em vez de correr o
risco de perder nossa corrida?
Balancei minha cabeça enquanto tentava descobrir o que
estava acontecendo aqui. Eu estava ignorando essa pergunta
de propósito até agora, mas precisava seriamente considerar o
que estava fazendo. Correndo com ele todas as manhãs,
mandando mensagens para ele todas as noites. Trocando
pequenos olhares sempre que acabamos no mesmo lugar e
pensando nele com muita frequência.
Parecia muito com o começo de algo em vez do fim, mas
não era possível.
Mesmo se ele quisesse. Mesmo se eu quisesse. Nós não
poderíamos ter isso. As malditas estrelas não permitiriam.
Minha mente girava continuamente enquanto corríamos e
eu amaldiçoava as estrelas com tudo que tinha.
Mas por que eu estava fazendo isso? Não tinha decidido
sobre? Eu já não tinha tomado a única decisão que poderia?
Darius podia ter me mostrado mais de si mesmo agora, ele
podia ter parado de me machucar e estar tentando mudar, mas
ele fez o suficiente para compensar toda a dor que ele me
causou? Quando realmente pensei sobre isso, ainda não tinha
certeza. Mas tinha certeza de que ele me fazia sorrir quando me
mandava uma mensagem, que eu o procurava sempre que
entrava em uma sala, que ele parecia estar tentando fazer tudo
o que podia para consertar as coisas. E que fantasiei com ele
mais do que com qualquer homem em toda a minha vida. Até
mesmo Tom Hardy. Até. Tom. Hardy.
Foda-se.
Corremos ao redor do Lago Aqua, circulando a costa e
entrando na Floresta das Lamentações. Darius manteve o
passo atrás de mim em silêncio como sempre, mas decidi
recuar.
Ele olhou para mim quando comecei a correr ao seu lado e
lancei olhares furtivos para ele sob meus cílios de vez em
quando enquanto continuava ao longo do nosso caminho.
Os alunos percorreram os caminhos, garantindo que
nunca estivéssemos realmente sozinhos por mais de um ou
dois momentos, mas também não estávamos realmente com
mais ninguém. Até agora, as estrelas não pareciam se
importar.
Continuamos correndo por toda a floresta até a Aer Tower
e além, até chegarmos ao cruzamento onde o caminho que
normalmente tomávamos voltava para o Orb e uma trilha
estreita conduzia aos campos que corriam ao longo dos
penhascos acima da Aer Cove.
Hesitei na encruzilhada, olhando para Darius por um
momento enquanto as malditas borboletas voltavam ao meu
estômago antes de tomar o caminho estreito até o topo do
penhasco. O caminho estava vazio, sem ninguém no penhasco,
tanto quanto podia ver. Se corrêssemos para lá, realmente
estaríamos sozinhos.
Olhei para trás por cima do ombro enquanto Darius fazia
uma pausa, me perguntando se ele se atreveria a me seguir.
Até que ponto ele estava disposto a empurrar as estrelas nisso?
Ele apenas hesitou um momento antes de correr atrás de
mim enquanto eu corria para o topo do penhasco e um sorriso
apareceu em meus lábios enquanto eu acelerava. Se ele queria
correr comigo, então teria que acompanhar.
Meus pés batiam forte na pista e eu ofegava enquanto
meus músculos queimavam em protesto pela inclinação.
O céu escureceu enquanto corríamos e olhei para cima
para ver grossas nuvens de tempestade varrendo acima, apesar
do fato de que não havia nada além de um azul claro para ver
apenas alguns minutos atrás.
Vão se foder, estrelas.
Cerrei meus dentes e continuei, ignorando uma trilha
estreita que levava de volta ao centro do campus e continuei
seguindo em frente.
O trovão ribombou acima, mas fingi que não conseguia
ouvir e continuei correndo.
O topo do penhasco surgiu à minha frente e eu fixei meu
olhar nele enquanto o som dos pés de Darius batendo na trilha
me perseguia.
A chuva derramou das nuvens, salpicando minhas
bochechas e eu nem me preocupei em me proteger dela.
Continuei correndo até chegar ao topo do penhasco, então
parei.
Virei-me para encarar Darius quando ele parou também.
“Você acha que isso é uma boa ideia?” Ele perguntou
lentamente, olhando para o céu enquanto a chuva ficava mais
forte e caía sobre nós. Ele não estava se protegendo também e
sua blusa grudou em sua pele enquanto a chuva caía.
“Por que deveríamos ouvir as estrelas?” Perguntei,
levantando minha voz para ser ouvida acima da chuva.
“Porque elas governam tudo,” Darius disse tristemente
como se não houvesse nada a ser feito por isso.
“Elas não me governam,” rosnei.
Darius franziu a testa ligeiramente quando dei um passo
mais perto e o trovão caiu tão violentamente que o chão
tremeu.
Esperei para ver o que ele faria e sua mandíbula se
contraiu enquanto ele se movia em minha direção também. A
chuva batia sobre nós com tanta força que eu mal conseguia
ver através dela. Meu cabelo estava grudado nas minhas costas
e um arrepio percorreu meu corpo, mas eu o bani com uma
labareda de magia de Fogo sob minha pele.
Darius parou a centímetros de mim e olhei-o enquanto a
água se juntou em meus cílios e deslizou sobre minhas
bochechas. Ele estendeu a mão para segurar meu queixo com
sua mão grande e o trovão caiu novamente, o relâmpago
bifurcando-se nas nuvens acima de nós enquanto as estrelas
lutavam para nos separar.
“Você tem certeza disso?” Ele perguntou-me.
“Foda-se o destino,” rosnei porque era hora de assumir o
que estava acontecendo entre nós. “Ninguém pode escolher
meu futuro para mim. Eu escolho o que quero e eu quero você.”
O sorriso que ele me deu foi brilhante e feroz e cheio de
uma emoção que eu estava com medo de nomear, mas o jeito
que ele estava olhando para mim me iluminou de dentro para
fora.
“Foda-se o destino,” Darius concordou sombriamente.
Seu aperto aumentou e ele fechou a distância entre nós,
sua boca pegando a minha em um beijo que fez meu coração
dolorido palpitar com o tipo mais doloroso de esperança. Eu
agarrei sua camisa em meus punhos e o puxei para mais perto
enquanto o beijava como se o céu pudesse desmoronar se eu
não o largasse, embora fosse mais provável que acontecesse se
eu continuasse.
O trovão caiu como uma explosão no alto, a chuva fria e
congelante caiu sobre nós e um relâmpago atingiu o solo atrás
de nós. Mas não me importei. Eu ficaria feliz em receber a fúria
dos céus em pagamento por este momento em seus braços.
Darius me puxou para mais perto, rosnando avidamente
enquanto sua língua empurrava em minha boca e ele me
beijava selvagem, sujo, desesperadamente.
Fiquei na ponta dos pés, meu corpo pressionando contra o
dele enquanto envolvia meus braços em volta do seu pescoço e
meu coração batia forte como se quisesse forçar seu caminho
para fora do meu peito e encontrar o dele.
Um relâmpago atingiu o solo tão perto que um estalo de
eletricidade subiu pela minha espinha. Eu vacilei, mas meu
aperto em Darius apenas aumentou.
Eu derrubei as barreiras da minha magia e o poder de
Darius fluiu através de mim em uma maré de êxtase enquanto
fundíamos nossas essências. Nós fomos feitos um para o outro
assim, estava pintado sob minha pele e em minhas veias, até
minha magia doía por ele e ansiava pela carícia de seu poder.
O trovão explodiu e rosnei em desafio, levantando minha
mão para lançar um escudo de magia do Ar sólido ao nosso
redor, cortando a tempestade completamente. A magia de
Darius fluiu ao lado da minha para o escudo, a força de nossa
vontade bloqueando a vontade das estrelas.
A terra balançou violentamente sob nossos pés e nós
caímos. Darius me segurou enquanto ele batia no chão de
costas e caí para o lado por um momento, mas eu não iria
deixar elas nos separarem. Eu me coloquei de joelhos,
rastejando sobre suas pernas enquanto ele se apoiava nos
cotovelos e me beijava novamente.
Seus dedos deslizaram pelo meu cabelo molhado e sua
barba por fazer roçou minha pele enquanto ele me beijava com
tanta força que machucava, punia, marcava e ainda não era o
suficiente.
Meu coração estava doendo, lágrimas picando no fundo
dos meus olhos enquanto eu lutava para mantê-lo enquanto a
tempestade martelava contra nossa magia, determinada a nos
separar novamente.
Eu derramei magia do meu corpo para segurar o escudo
enquanto a chuva batia contra ele com tanta força que o ar
sacudia ao nosso redor.
Darius me arrastou contra ele e podia sentir o quanto ele
me queria em cada linha dura e cume de seu corpo.
Nós dois estávamos encharcados, cobertos de lama e
totalmente incapazes de dar a mínima para isso.
O relâmpago atingiu o escudo e engasguei quando ele
quase rachou, quebrando nosso beijo quando olhei para o céu
negro acima de nós. Mais relâmpagos dividiram as nuvens,
atingindo o solo ao nosso redor repetidas vezes, fazendo a terra
balançar ainda mais violentamente. Quando um segundo raio
atingiu nosso escudo, quase perdi o controle dele e pude sentir
meu poder diminuindo enquanto jogava tudo que tinha para
mantê-lo.
Nós tínhamos apenas alguns segundos antes que ele
desabasse e eu estendi a mão para pegar a mandíbula de
Darius em minhas mãos, olhando em seus olhos escuros com
uma pontada de desejo.
“Desculpe-me por ter feito isso conosco,” murmurei.
Poderia não ter certeza de que tudo entre nós estava resolvido
ainda, mas eu estava começando a acreditar que poderia ser e
estava começando a pensar que tinha feito a escolha errada
quando me foi oferecida.
“Não foi você,” respondeu ele, a dor cintilando em seu
olhar.
“Fomos nós dois,” discordei, as lágrimas se misturando à
chuva em minhas bochechas.
Antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa, outro
raio atingiu nosso escudo e o estilhaçou. A força de seu poder
nos mandou voando e caí de costas na lama a cinco metros de
Darius enquanto ele se ajoelhava.
Eu me endireitei e olhamos para a distância que nos
separava quando a chuva nos atingiu novamente e um enorme
estrondo de trovão soou em advertência.
Se não parássemos com isso, seríamos mortos. E por mais
que eu quisesse desafiar os céus e me recusar a me curvar aos
seus comandos, eu não poderia simplesmente abandonar
Darcy assim.
Agonia de uma natureza muito familiar estilhaçou meu
coração enquanto eu invocava minha forma de Ordem e asas
flamejantes explodiam de minha pele.
Darius me observou enquanto a chuva caía sobre ele, toda
a sua postura escrita com derrota enquanto esperava que eu o
deixasse para trás novamente.
“Sinto muito,” murmurei e ele acenou com a cabeça um
pouco para me deixar saber que ele entendeu.
Virei-me e corri dele antes que ele pudesse me ver
quebrando, mergulhando na borda do penhasco enquanto
minhas asas estalavam e eu as batia forte enquanto voava em
direção às nuvens de tempestade que vieram para nos
amaldiçoar.
Continuei voando forte e rápido, mergulhando nas nuvens
e saboreando o silvo satisfatório que soou quando minhas asas
transformaram a chuva em vapor ao meu redor.
Deixei o Fogo da Fênix me levar, revestindo minha pele
com ele e saboreando todo o poder da minha Ordem enquanto
voava para a escuridão dentro das nuvens, queimando um
caminho bem no centro delas.
Eu finalmente me libertei, emergindo acima da tempestade
e olhando para o céu enquanto as últimas estrelas
permaneciam em um mar azul marinho no horizonte.
Levantei minhas mãos e mostrei meus dentes para elas
enquanto liberava o poder de minha Ordem nos próprios céus,
esperando poder amaldiçoá-las assim como elas me
amaldiçoaram.
Chamas vermelhas e azuis derramaram de mim em uma
torrente tão quente que o ar tremeluziu ao meu redor.
“Vocês não podem escolher por mim!” Gritei.
O trovão retumbou enquanto a tempestade se dissipava e
por um momento poderia jurar que o céu estava zombando de
mim.
Lágrimas brotaram dos meus olhos e me afastei do céu e
das estrelas e de todos os segredos que elas guardavam
enquanto corria de volta para o chão. Elas podem ter nos
separado, mas meus lábios ainda formigavam com a memória
da boca de Darius na minha. E se tivéssemos conseguido
roubar tanto, então eu descobriria como reivindicar muito
mais. Eu fui uma ladra por muito tempo e se tivesse que tirar
meu destino das garras das estrelas enquanto elas dormiam,
então eu encontraria uma maneira de fazer isso. Nunca tinha
pensado em algo e falhado antes. E esta não seria a primeira
vez.
Eu estava oficialmente na prisão há três meses. Três malditos
meses. E não se passou um único dia em que eu não pensasse nela.
Embora eu tenha tentado. Eu lutei como a lua lutando contra a atração da
Terra para que ela pudesse permanecer no nada pesado do céu. Mas era
sempre mais difícil nos primeiros momentos da manhã, ficar deitado na
minha cama com o mundo pressionando o meu peito com tanta força que
parecia impossível respirar.
Repeti tudo em minha mente até que se repetisse uma
canção interminável de desespero. O dia do acerto de contas
tinha chegado para nós e eu percebi o quão terrivelmente
despreparado eu estava para perdê-la. Mesmo que eu devesse
saber o tempo todo que perderia. Ela tinha sido a fantasia mais
linda que eu já conheci. Mas uma fantasia era tudo o que
poderia ter sido. E isso era cegamente óbvio agora, como se as
estrelas tivessem fechado as cortinas de nossa ilusão e rido de
nós por sequer pensar que era possível permanecer nela. Mas
eu não as deixei derrubar nós dois. Mesmo que tenha me
custado vinte e cinco anos na prisão mais implacável de
Solaria. Era um preço que eu estava disposto a pagar.
No momento em que cheguei aqui, fui colocado no Bloco
de Celas A e forçado a lutar por uma cela ou então acabaria
dormindo no cercado comunitário no fundo do bloco de três
camadas. A única coisa boa que veio do julgamento foi que tive
energia suficiente em minhas veias para destruir o mundo,
então eu bati o inferno fora dos ocupantes da cela quarenta e
oito no segundo andar, sem me preocupar para tentar ganhar
uma cela do último andar onde residiam os líderes claros deste
bloco. Eu não estava aqui para tentar substituir algum
condenado de longa data que tentaria me matar durante o sono
como vingança. Iria viver minha fase sozinho, não misturando-
a com os monstros que espreitavam entre essas paredes. Mas
essa vida solitária não era tão fácil de garantir como eu
esperava. Ser um solitário que poderia se defender contra
qualquer filho da puta que tentasse me atingir significava que
eu inadvertidamente me tornei valioso. Tinha chamado a
atenção de alguns dos líderes de gangue que queriam me
recrutar para seus pequenos grupos violentos. E eu não estava
aceitando nada disso.
Suspirei pesadamente, desejando algo para me distrair de
meus pensamentos. Rolei para o lado e peguei o diário do meu
pai da prateleira ao lado do meu beliche, tendo-o escondido
entre as páginas de um livro que peguei emprestado da
biblioteca. Darius pagou a um guarda para colocá-lo na prisão
para mim, mas eu ainda não tive sorte com a senha que
revelaria a escrita. Todos os dias, eu sussurrava palavras para
ele, passando por cada membro da minha família, para coisas
simples como comida e bebida que ele amava, o nome do corvo
que ele curou de uma asa quebrada quando eu era criança, os
nomes de qualquer amigo ou colega dele de que me lembre.
Mesmo assim, as palavras não se revelaram para mim. E eu
estava ficando sem ideias.
Um sino tocou para anunciar o início da contagem matinal
e eu deslizei para fora do beliche em minhas boxers, guardando
o diário antes de me mover para a porta da cela e tirar o lençol
que pendurei lá. As celas eram pequenas, com nada além de
um banheiro e uma pia em um canto. Um respiradouro na
parte de trás do espaço permitia que o gás supressor da Ordem
fluísse livremente pelas celas e garantisse que nenhum dos
presos recuperasse o acesso às suas Ordens enquanto
dormiam. Nossa magia era cortada o tempo todo pelas algemas
em nossos pulsos, exceto durante nossa viagem diária ao
Complexo Mágico, que era apenas um enorme pátio de concreto
com uma cerca de absorção de energia ao redor.
Meu lugar favorito aqui rapidamente se tornou o Pátio de
Ordem no topo. A paisagem falsa que foi criada para alimentar
as necessidades de diferentes Ordens era uma espécie de
paraíso para mim. Era um lugar onde eu podia caçar
livremente por sangue e então sentar em uma parte tranquila
da floresta, encontrando uma verdadeira solidão longe do resto
dos prisioneiros. Minha vida agora era definida por esses
momentos. Ir para lá parecia como acordar de um sonho
sombrio em que estava constantemente me afogando. Por um
curto período de tempo, caí nas necessidades de minha Ordem,
caçando o sangue mais poderoso deste lugar, exceto os cinco
líderes que queria evitar por razões óbvias.
Primeiro, havia Roary Night, um Shifter Leão de Alestria
que tinha um exército invisível em Darkmore chamado de
Shadow. Você nunca sabia quem trabalhava para ele e quem
não trabalhava, então evitá-lo era difícil porque ele
provavelmente tinha pessoas me observando o tempo todo. Não
tinha certeza se ele me queria como recruta, mas ele
certamente estava observando para ver com quem eu me
alinharia. Conhecia seu irmão fora deste lugar, mas isso
aparentemente não nos tornava amigos por nenhum esforço da
imaginação. Não que estivesse procurando fazer amigos de
qualquer maneira.
Em seguida, tinha Ethan Shadowbrook, um Lobisomem e
líder da gangue cruel da Irmandade Lunar aqui. Ele também
rodou meu bloco de celas, o que significava que eu estava em
seu radar fodido constantemente. Sua inimiga, Amira Kumari,
era a Alfa da matilha rival do Clã Oscura. Ela propôs que eu
trocasse os blocos de celas pelos dela e, quando recusei, ela
presumiu que eu estava me alinhando com Shadowbrook. O
que significava que ela me evitava como uma praga
ultimamente, apesar do fato de eu não ter feito tal coisa.
Poderia ter usado minha conexão com Dante Oscura para
entrar com eles, mas não via o porquê. Além disso, se me
alinhasse com os Oscura, incorreria na ira da Irmandade
Lunar. Então foda-se essa dor de cabeça.
Em seguida, havia Gustard La Ghast, um psicopata que
comandava um grupo de filhos da puta não Fae que
reivindicavam seu poder de forma repugnante, desprezando o
Caminho dos Fae e lutando contra oponentes dez contra um.
Até agora, tive poucas altercações com ele, mas seu olhar tinha
se voltado para mim algumas vezes quando comecei a brigar
com as pessoas no Composto Mágico. O fato de eu ser um
Elemental duplo denunciava meu nível de poder; estava
impresso no peito do meu macacão para que todos pudessem
ver. E meu nome era conhecido bem o suficiente de qualquer
maneira. Os Orion estiveram ligados aos Acrux por séculos. E
quando Fae provava o poder sobre você, eles quiseram tomá-lo
para si. Daí a minha situação atual de merda.
Por último, havia Sin Wilder. Ele não era um líder deste
lugar da mesma forma que os outros. Ele não governava
intencionalmente, ele governava porque ele era um filho da
puta forte que era tão louco quanto podia. Ele não tinha uma
gangue, era um solitário como eu, embora muitas pessoas o
servissem para mantê-lo doce. Não tive muito contato com ele,
mas senti que havíamos formado um entendimento mútuo.
Incubus eram semelhantes aos Vampiros em alguns aspectos.
Como uma Ordem parasita, eles se alimentavam de energia
sexual, mas sua natureza era viver na solidão. Ele uma vez
quebrou a mão inteira de um Fae por se sentar diante de mim
na minha mesa de café da manhã vazia. Pelo menos, é por isso
que eu assumi que ele tinha feito isso, considerando a
piscadela que ele apontou para mim depois. Isso foi o mais
longe que nossas interações foram.
“Cento e cinquenta!” O oficial Cain latiu ao se aproximar.
Ele era um estagiário, encarregado de me avaliar neste lugar.
Ele era um Vampiro com cabelo cortado curto e músculos
tensos contra seu uniforme. Ele tinha uma sequência
desagradável que já tinha me servido com vários golpes de seu
bastão de choque. Não nos gostávamos desde o momento em
que nos conhecemos. Os Vampiros eram instintivamente
levados a se desafiar quando forçados a ficarem próximos um
do outro, então sua tática de me manter no chão antes que
pudesse me levantar foi uma da qual eu rapidamente me
cansei.
Sem acesso à minha magia ou Ordem, não tinha chance
contra ele. Mas minha natureza me deixava com fome de luta.
Eu não pude deixar de empurrá-lo. E eu ansiava por mostrar a
ele o quão poderoso eu realmente era. Que no mundo real, ele
não teria nenhuma chance contra mim. Mas aqui, ele era o
mestre de cerimônias do Circo Darkmore e eu era apenas uma
besta em uma gaiola. Minhas garras apareceram, meus dentes
se estreitaram.
Ele se moveu na frente da minha cela, seus olhos cinzas
de tempestade encontrando os meus enquanto ele erguia o
scanner e o segurava no meu rosto. A luz piscou sobre mim e o
scanner bipou para dizer que fui contado, mas Cain não foi
embora.
“Dormiu bem na noite passada, fodedor de princesa?” Ele
perguntou em um tom zombeteiro que fez minha irritação
crescer. Seu pequeno apelido para mim me fez querer arrancar
sua garganta, presas ou não.
“Melhor do que o normal. Sonhei com o Belorian comendo
aquele sorriso afetado do seu rosto,” rosnei. O Belorian era
uma bio-arma criada para vagar pelos corredores à noite e
garantir que, se algum prisioneiro conseguisse escapar de suas
celas, faria um banquete para a criatura monstruosa que
espreitava lá fora. Nunca tinha visto, mas tinha ouvido seus
gritos horríveis na calada da noite. Não precisei dar uma
olhada para saber que era matéria de pesadelos.
“Cuidado, prisioneiro,” Cain rosnou, mostrando suas
presas. “Ou você mesmo pode acordar nos corredores esta
noite. Você acha que seria difícil para mim organizar isso?”
Olhei-o e ele sorriu sombriamente para si mesmo
enquanto passava para a próxima cela.
Quando a contagem foi feita, fomos liberados de nossas
celas para ir para os chuveiros e conduzidos pela ponte retrátil
que levava à única saída no andar inferior. Um vazio se
estendia ameaçadoramente sob ele, o poço cheio de vapor
espesso e negro de uma sempre-névoa, de modo que qualquer
um que caísse nele estaria sujeito a uma dor terrível no
segundo em que perdesse o equilíbrio e respirasse. E as
pessoas caíam ou eram empurradas. E mesmo depois que um
guarda os puxasse para fora, eles ficariam inconscientes por
seis horas, durante as quais sofreriam a queimação agonizante
do veneno em seu sangue até acordarem.
Uma mão pousou no meu ombro e um grunhido de
advertência retumbou através de mim quando Ethan
Shadowbrook deu um passo para o meu lado em sua boxer,
revelando a arte das tatuagens que cobriam sua pele. Seu
cabelo loiro escuro estava raspado nas laterais e solto sobre o
topo de sua cabeça, ainda para ser penteado para o dia como
normalmente era. Seu rosto de menino bonito não combinava
com a besta implacável que vivia nele. Eu o vi arrancar a
cabeça de um homem no Pátio da Ordem em sua forma de
Lobisomem. Literalmente. Era o lugar mais perigoso de
Darkmore. Não tripulado, desprotegido, não vigiado. Ser um
Vampiro significava que eu poderia ultrapassar noventa e nove
por cento dos outros prisioneiros, então eu não estava muito
preocupado comigo mesmo lá em cima. Eu não podia ignorar o
número de mortes semanais, no entanto.
“Bom dia, Lance.”
“Ethan,” falei secamente, tirando sua mão do meu ombro e
ele a deixou deslizar pelas minhas costas em vez disso.
A natureza tátil dos Lobos sempre me deixou
desconfortável. Mas seguir meus instintos e empurrá-lo era um
movimento perigoso que não valia a pena. A maior parte do
meu bloqueio foi assumido por sua matilha e de todos os
líderes aqui, precisava mantê-lo fora do meu caso ao máximo.
“Tenho uma nova oferta para você,” disse ele com um
sorriso.
“Já disse, não estou interessado,” disse eu com firmeza.
“E como eu disse a você, amigo, você não terá escolha
eventualmente. Vinte e cinco anos?” Ele assobiou uma nota
longa. “Você vai ficar aqui por mais tempo do que eu, melhor
começar a subir na hierarquia agora.”
“Eu não estou inter...” Eu comecei, mas ele me
interrompeu.
“Sim, sim, você não pode ser comprado e blá, blá, blá. Mas
ouça…” Ele deslizou o braço para cima e por cima dos meus
ombros. Tínhamos quase a mesma altura, mas o gesto dizia
que ele estava tentando fazer com que me sentisse o homem
menor. Uma tática que era totalmente inútil. “Posso pegar algo
que você não pode recusar.”
Fiquei quieto enquanto ele me olhava esperançoso,
esperando que eu ficasse curioso e implorasse para saber o que
era. Mas ele poderia estar me oferecendo uma chave para
minhas malditas algemas de bloqueio mágico e eu ainda não
estaria interessado.
“Tenho um cara que pode ajudar com isso.” Sua mão
pousou na curva do meu cotovelo e ele torceu meu braço para
olhar para a marca de Leão que me ligava a Darius.
Rosnei, puxando meu braço para longe e olhando-o para
recuar.
“Eu ouvi que esses laços podem ser uma merda,” ele disse
levemente. “Deve estar te deixando louco não ser capaz de ir e
proteger seu pequeno pupilo Dragão.”
Insano nem mesmo contava. Tinha sonhos com Darius
quase tão frequentemente quanto tinha com Blue. E não eram
todos legais, porra. Não ajudou que Darius me dava um soco
no rosto cada vez que ele se lembrava de estar chateado
comigo. Parecia que seu punho estava batendo na minha
bochecha. Eu estava no meio do meu café da manhã da última
vez e tinha caído da porra da minha cadeira. Sin Wilder tinha
pensado que era hilário enquanto todos os outros por perto se
espalhavam como se não quisessem pegar meu tipo de loucura.
Ethan continuou enquanto íamos para o chuveiro e eu
pendurei minha toalha ao lado da dele enquanto nos
despíamos. “Tenho um cara que pode tomar essas pílulas,
entorpece todos os tipos de emoções. Pode ser bom para toda a
raiva que você carrega também.”
Virei-me para ele com um brilho escuro. “Não quero seus
comprimidos. Não quero sua amizade. Não quero fazer parte da
sua gangue. Se ainda não deixei isso claro, devo estar falando
em línguas. Porque é muito óbvio para mim.” Passei por ele e
entrei no chuveiro, indo para o outro lado, onde nenhum dos
outros presos havia se reunido ainda. Ethan se juntou a sua
matilha e eles começaram a se lavar, ensaboando-se como se
fosse perfeitamente aceitável começar uma orgia quando outras
pessoas estavam presentes.
Eu não perdi tempo, lavando e saindo para colocar meu
macacão para o dia antes de fazer meu caminho para o café da
manhã no andar de cima. O refeitório era um mar de macacões
laranja e feras famintas se alimentando. A única razão pela
qual eu tinha apetite todos esses dias era para me manter
forte. Passei todas as horas que pude no ginásio lá embaixo
para garantir que fosse forte o suficiente para lutar contra os
outros condenados corpo a corpo. Levei quatro espancamentos,
doze ossos quebrados e um pulmão perfurado para me lembrar
que não queria morrer aqui.
As primeiras semanas foram um tipo especial de inferno,
onde tinha pouca vontade de fazer qualquer coisa. Meus
instintos foram beber a dor até o esquecimento. Mas colocar as
mãos em álcool aqui era difícil e estúpido. Se eu encontrasse
uma maneira de beber, logo me sentiria enfraquecido e forçado
a cair no fundo da hierarquia. E não importava o quão ruim a
vida fosse, quão sombria e sem valor ela tinha se tornado, eu
ainda tinha meus instintos. E lutar por uma posição sempre
estaria arraigado em mim.
Não queria me preocupar com o fato de que, quando
deixasse este lugar na idade avançada de cinquenta e um anos,
ainda seria um envergonhado pelo poder na sociedade pelo
resto da minha vida. Eu não teria permissão para lutar por
posição. Eu seria despojado de tudo, forçado a viver na
periferia da sociedade. E de alguma forma, pensei que seria
ainda pior do que a Penitenciária de Darkmore. Pelo menos
aqui, eu poderia ser Fae. Além dessas paredes, a pouca vida
que me aguardava ia tirar uma parte fundamental da minha
existência. Achei que ainda tinha vinte e quatro anos e nove
meses para me acostumar com a ideia...
Enquanto eu fazia fila para o meu café da manhã, o buffet
dos internos convenientemente ficou sem comida fresca, então
fiquei com a única opção de mingau. Novamente. Acontecia
todos os dias. Não importava a que horas eu vinha aqui. E
tinha que agradecer às estrelas por isso. Era o que estava me
causando o maior problema aqui, eu estava enfrentando a ira
das estrelas por quebrar a promessa que eu e Blue tínhamos
feito de fazer o que fosse necessário para ficarmos juntos.
Então o azar me atormentou em cada esquina. Cada
movimento que fiz para me manter fora do radar foi rebatido
por líderes de gangue que apareciam nos piores momentos,
como quando eu estava conversando com seus rivais ou
lançando magia no Complexo que eles poderiam tomar como
uma ameaça. Foi por isso que estive em tantas lutas desde que
cheguei aqui. Foi por isso que meu pulmão foi perfurado
quando um soco de um idiota Dragão chamado Christopher no
Complexo me fez pousar em um tridente que algum idiota tinha
lançado da madeira atrás de mim. Foi por isso que Cain foi
designado para mim, o guarda contra o qual fui forçado a lutar
por causa de minha natureza. E, em troca, fui punido
repetidamente por isso.
As estrelas tinham isso em mim, mas não conseguia nem
achar que me importava. Porque eu merecia esse azar pela dor
que estava fazendo Blue passar. Poderia resistir por causa dela.
Com o tempo, ela se afastaria de mim. Talvez ela já tivesse. E
todo esse inferno valeria a pena. Estaria fora de sua vida em
breve. Em seguida, lentamente esquecido.
Um coração partido era a coisa mais dolorosa que já
suportei. Mas nunca mereci possuir o coração de Darcy Vega.
E tive que devolvê-lo da maneira mais brutal possível. Foi a
única maneira que eu pude ver para salvá-la. E valeria a pena
quando ela subisse ao poder e levasse a vida que deveria levar.
Se minha própria vida tivesse que ser uma baixa para que isso
acontecesse, eu estava mais do que disposto a sacrificá-la.
Mesmo se fosse ansiar por ela pelo resto dos meus dias. Sentia
saudades dela com a própria essência da minha alma e sofri
por ela até que o mundo parasse de girar. Eu ficaria aqui e
sofreria de boa vontade para fazer o que fosse melhor para ela.
E um dia ela entenderia o porquê.
Sentei-me em uma mesa vazia com meu mingau,
ignorando os olhares lançados em minha direção. Eu ainda era
assunto de discussão por aqui. Meu julgamento foi bem
televisionado e os detalhes se espalharam rapidamente depois
que cheguei. Embora a maioria dos rumores tivesse saído do
controle. Para alguns, eu era um estuprador absoluto,
enquanto para outros, era um herói.
Ethan Shadowbrook tinha decidido como se sentia por
mim uma semana depois de eu entrar em Darkmore, depois
que eu bati na vida de qualquer um que tivesse feito um
comentário passageiro sobre Darcy. Ele anunciou que eu era
bonito demais para ser um pervertido e era óbvio que eu estava
apaixonado por ela. Eu não me preocupei em tentar convencê-
lo do contrário. Realmente não importava se as pessoas
descobrissem a verdade aqui, era o resto do mundo que
importava. E, aparentemente, sua declaração foi o suficiente
para mais prisioneiros começarem a acreditar também. Roary
Night se aproximou de mim e chamou Darcy de vadia só para
ver minha reação por si mesmo e quase o estripei por isso. O
que me custou muito voar sob o radar. Na verdade, essa tática
tinha sido foda pra caralho de qualquer maneira quando pensei
sobre isso. Ganhei a atenção dos Fae mais poderosos deste
lugar, incluindo o guarda idiota que me monitorava. Poderia
muito bem ter um alvo pintado na minha cabeça.
Talvez Ethan esteja certo. Talvez eu tenha que escolher em
breve.
Cain disparou para o meu lado em uma explosão de
velocidade de Vampiro e olhei-o com uma carranca enquanto
ele interrompia minha linha de pensamentos sombrios.
“Adivinha, Cento e Cinquenta?” Ele disse com um sorriso
malicioso. “Sua mamãe está aqui para ver você. Levou apenas
três meses para ela se incomodar.”
Levantei-me abruptamente, empurrando-o para trás um
passo com meu ombro e ele agarrou seu bastão de seu quadril
com um grunhido.
“Cuidado, Cento e Cinquenta,” ele avisou. “Se você quer
ver sua mãe, é melhor se comportar até a visita.”
Soltei um suspiro seco de diversão. “Prefiro cortar minha
língua e engoli-la inteira do que ver minha mãe, então sinta-se
à vontade para dizer isso a ela quando pedir para ela se foder.”
Cain segurou meu braço com seus olhos brilhando
sombriamente. “Ainda melhor,” ele rosnou. “Irei pessoalmente
me certificar de que você a veja então.”
Minha mandíbula apertou quando ele me puxou pela sala
para a saída e logo estávamos descendo os corredores para
visitação onde minha carne e sangue estava aparentemente
esperando por mim. Meu intestino se enroscou com arame
farpado enquanto Cain me conduzia até as portas de
segurança, esperando lá para ter certeza de que eu não poderia
voltar. No segundo em que eu estava do outro lado delas,
parado no corredor cheio de portas que levavam às salas de
visitação, tudo em que eu conseguia pensar era em Blue.
Pensei que o momento mais doloroso da minha vida era
ser arrastado da sala do tribunal, mas estava errado. Era ela
vindo aqui, vendo o vazio de suas bochechas, o olhar quebrado
em seus olhos, a magreza de seu corpo. Sabia que isso a
machucaria, mas nunca esperei que ela desmoronasse tão
severamente.
A parte mais agonizante era que não tinha sido capaz de
arrastá-la em meus braços e ceder à dor desesperada e
dilacerante dentro de mim ao vê-la. Queria cair de joelhos e
implorar por seu perdão e prometer que baniria a dor em seus
olhos se levasse o resto da minha vida para curá-la. Em vez
disso, fiz a única coisa que podia fazer e a forcei a ir embora,
quebrando-a com mais força. Nunca poderia mostrar a ela um
grama de calor novamente. Nunca daria esperança a ela por
nós. Porque ela precisava se afastar de mim e viver a vida que
deveria antes que eu aparecesse para foder com tudo.
Três meses depois, eu ainda não suportava perguntar a
Darius sempre que ele vinha aqui se ela seguiu em frente.
Tínhamos um acordo de que ele não a mencionaria, a menos
que eu pedisse. Mas perguntar poderia me abrir para um
mundo de destruição para o qual eu não estava pronto. Porque
se Blue tivesse seguido em frente, eu teria que aceitar isso. E
apesar do fato de que era o que sabia que precisava acontecer,
ainda estava com medo do dia em que fosse confirmado.
Porque sabia que isso me destruiria.
Ele me disse que Honey Highspell tinha assumido minha
classe e como ela não gostava das gêmeas e isso me fez querer
decapitá-la com minhas próprias mãos. A mulher tinha sido
pegajosa pra caralho durante nosso treinamento de professores
e, aparentemente, ela agora estava espalhando mentiras de que
éramos amigos e ela tinha vindo aqui para obter a história 'real'
de mim. De todos os professores do mundo que assumiram
minha posição, Elaine não poderia ter escolhido pior do que
ela.
Fui direcionado para a sala nove e me preparei enquanto
entrava, me perguntando por que Stella se incomodaria em vir
aqui. Talvez para se gabar, rir ou inventar alguma história que
ela quisesse espalhar na imprensa pela fama. Eu não sabia e
francamente não me importava.
Ela estava do outro lado da sala em um vestido azul
marinho elegante e salto alto, seu cabelo escuro penteado em
pontas afiadas logo abaixo do queixo.
“Lance!” Ela engasgou, correndo para frente e dando um
show para as câmeras enquanto colocava seus braços em volta
de mim e soltava um soluço dramático contra meu peito.
Eu não a abracei de volta, na verdade, não me mexi.
“Stella,” falei friamente. “O que você quer?”
Ela deu um passo para trás, em seguida, me deu um tapa
no rosto com a força de sua magia do Ar, forte o suficiente para
marcar a porra de sua mão ali. Excelente.
“Como você pôde fazer uma coisa dessas com aquela pobre
garota?”
“Tenha cuidado com o que você diz,” rosnei em um tom
mortal.
Ela olhou para as câmeras como se fosse isso que eu
quisesse dizer, sacudindo os dedos e lançando algum feitiço
sobre elas antes de se recompor e afundar dramaticamente em
uma cadeira à mesa.
Eu lentamente me abaixei na oposta, imaginando que não
tinha nada a perder ouvindo as divagações de minha mãe
mentirosa compulsiva. Exceto alguns minutos saudáveis da
minha vida. Mas acho que tinha muitos desses de sobra hoje
em dia.
“Como você pode ser tão estúpido?” Ela sibilou, a
acusação preenchendo seu tom e saindo de seus olhos. “Uma
Vega?” Ela cuspiu. “Você perdeu a cabeça?”
Claro, Stella se importava mais com o fato de que eu
queria uma Vega do que com o mundo acreditando que tinha
usado Coerção Negra para ter um aluno em minha cama. E
pior do que isso, ela nem mesmo questionou a mentira. Ela
acreditava de todo o coração que eu seria capaz de tal coisa.
Imaginei que ela pensou que a maçã não caiu tão longe da
árvore. Mas ela mal sabia que eu estava em um pomar do outro
lado da porra do planeta.
Fiquei quieto, pesando minhas opções aqui. Eu não iria
perder meu fôlego dizendo a ela a verdade. Se ela e Lionel
acreditavam que realmente tinha Coagido Darcy, isso
significava que ainda pensavam que eu não estava ativamente
indo contra eles. Não que pudesse fazer muito aqui agora, mas
ajudaria Darius com qualquer coisa que pudesse para vencer
seu pai.
Stella suspirou, enxugando sob os olhos as lágrimas
invisíveis. “É tão difícil ver você aqui assim, envergonhando o
nome da família.”
“Ah, vamos mãe, eu trouxe muita vergonha para o nome
da família antes que eles me prendessem com as algemas,”
provoquei e seus olhos se aguçaram, seu ato lacrimoso
esquecido em um instante.
“Vejo que nem mesmo a prisão mudou sua atitude, Lance.
Me machuca que você tenha colocado sua mãe em tanto
estresse. A imprensa tem me perseguido por entrevistas, você
tem ideia da pressão que estou sofrendo?”
“Não, acho que você absorve toda a atenção, na verdade,”
falei, sabendo exatamente o quanto ela gostaria de bancar a
vítima neste show de merda. A pobre mãe que nunca viu o
quão problemático seu filho realmente era, que lhe ofereceu o
mundo apenas para vê-lo jogado de volta em seu rosto. Stella
clássica.
“De jeito nenhum! Tenho que tentar explicar por que meu
filho ficaria perturbado o suficiente para ter como alvo uma
princesa Vega,” lamentou ela. “Você tem ideia de como isso é
humilhante? Que você, um guardião do filho de Lionel Acrux,
andou brincando com uma garota que dizem ter uma mente já
confusa...”
“Isso é uma mentira,” eu retruquei, minha voz soando
áspera pela sala. Ela poderia dizer o que diabos ela quisesse
sobre mim, mas eu não iria deixá-la lançar mentiras sobre
Blue. “Os jornais estão cheios de besteiras e você sabe disso.”
Stella revirou os olhos. “O que quer que faça você se sentir
melhor, menino.”
Cerrei meus dentes até que eles se transformaram em
serragem na minha boca. “Por que você está aqui?”
“Eu... estou tentando convencer Lionel a tirar você daqui.”
“Não,” falei com desdém. Não queria ser transferido para
uma casa fechada onde Lionel pudesse ficar de olho em mim
24 horas por dia, sete dias por semana. Isso era pior do que
estar neste inferno.
“Não seja ridículo!” Stella chorou. “Você precisa estar em
algum lugar mais acessível para Darius. É o seu dever.”
Eu fiz tsc, sentando no meu assento. “E para que serviria
como Guardião trancado em alguma casa em algum lugar?” A
ideia de ver Darius com mais regularidade era extremamente
tentadora, mas eu morreria antes de dar minha alma ao bom e
velho tio Lionel em uma bandeja de prata. Ele me possuiria por
vinte e cinco anos. Não, porra, obrigado.
Stella não tinha resposta para isso, em vez disso voltou
seu olhar para a pulseira incrustada de diamantes em torno de
seu pulso. “O retorno de Clara foi difícil,” ela mudou de
assunto tão rápido que quase levei uma chicotada.
“Como ela está?” Minha voz caiu uma oitava quando
pensei em minha irmã, esperando que talvez as Sombras
tivessem afrouxado seu controle sobre ela.
“Ela praticamente me substituiu como a mão direita de
Lionel e mulher,” Stella gaguejou, com lágrimas reais brilhando
em seus olhos. Era isso que mais importava para minha mãe.
Poder. E ela sempre esteve disposta a fazer o que fosse preciso
para consegui-lo. Mesmo se ela tivesse que se degradar no
processo.
Eu me encolhi, desviando o olhar dela. Já tinha sido ruim
o suficiente quando ela caía na cama de Lionel regularmente,
quanto mais Clara. Eu mal conseguia engolir isso.
“Você é apenas um peão, Stella,” rosnei. “Você é tão
dispensável quanto a porra de um lenço cheio de ranho. Está
claro como o dia para mim há anos, então me desculpe se eu
não choro um rio para você.”
“Seu pai ficaria furioso se ouvisse você falando assim
comigo,” ela exclamou.
“Meu pai teria vergonha da mulher sentada diante de mim
se ele estivesse aqui hoje,” eu retruquei.
Era discutível que minha mãe tinha enlouquecido no dia
em que meu pai morreu. Eu sabia que ela o amava, mas
sempre que ela falava dele nos dias de hoje, era com falsa
adoração e lembranças excessivamente doces que não soavam
como o homem que me criou quando criança. Ela inventou
uma imagem dele em sua mente e decidiu que era verdade.
Mas não era a minha verdade.
“Não se atreva a tentar usá-lo contra mim,” ela exigiu. “Se
ele ainda estivesse vivo, estaria bem ao meu lado hoje, tão
ferozmente decepcionado com você quanto eu.”
Tentei ignorar a escavação, mas ela cortou o osso e o
tendão do meu peito, deixando uma ferida aberta para trás. O
amor de meu pai era algo que eu cobiçava silenciosamente,
guardava em uma caixa lacrada em minha mente. Estava
intocado por tudo o que aconteceu desde sua morte. Mas a
possibilidade de que meu amor por ele tivesse sido uma farsa,
de que ele tinha sido um Fae tão cruel quanto minha mãe, fora
das memórias de infância imaculadas que tinha dele, era
insuportável de considerar. E se eu tivesse amado uma
mentira?
“Ele era um bom homem,” rosnei, determinado a acreditar.
“Ele teria entendido por que eu estou aqui.”
“Oh, o que você sabe? Ele morreu quando você era
criança,” ela disse com desdém. “Seu sangue correu mais
escuro que o meu.”
“Eu ficaria feliz em abrir você para provar que o seu é
preto como alcatrão,” falei severamente e seus olhos se
estreitaram, a raiva torcendo em seu olhar.
“Bem, isso pode ser impossível em breve,” disse ela com
uma presunção sobre ela que me fez franzir a testa.
“O que isso deveria significar?”
Ela se levantou e eu me levantei com ela, contornando a
mesa enquanto esperava que ela tentasse fugir sem terminar
aquela frase. Esse era o tipo de merda que ela gostava de fazer
para parecer importante. Deixar-me aqui com perguntas sem
respostas era um de seus tipos favoritos de merda mental.
Peguei seu braço e senti as Sombras se mexendo sob
minha pele, estendendo a mão para tentar acariciar aquelas
que viviam sob a dela. Eu as mantive trancadas desde que
cheguei aqui, sabendo que se os guardas descobrissem sobre
elas, eu seria arrastado até outro juiz, forçado a contar a
verdade para o mundo através do interrogatório do Ciclope e,
sem dúvida, executado no mesmo dia de merda.
“Bem, suponho que não importa se você sabe,” ela
meditou, batendo seus cílios para mim inocentemente. “Não é
como se isso fizesse alguma diferença para você aqui de
qualquer maneira.”
“O que não funciona?” Empurrei.
“Lionel está se aproximando de encontrar um artefato
muito especial,” disse ela, seus olhos escuros brilhando com
uma fome que não tinha nada a ver com sua Ordem.
Meu pulso começou a acelerar enquanto esperava ela
terminar a pausa dramática e me dar a resposta. Devia ser isso
que vimos as Ninfas caçando, por que Lionel os incumbiu de
vasculhar todo o reino.
“A Estrela Imperial,” ela falou sob sua respiração e meu
coração deu um pulo nauseante.
“É um mito,” respondi imediatamente, mas o fervor em seu
olhar me fez duvidar. Como se eles tivessem alguma prova que
eu não conhecia.
“Não é. É real. E estamos nos aproximando disso dia a dia.
Uma vez que Lionel o tenha, ele pode usá-lo para garantir que
ele e seus súditos leais sejam invulneráveis ao poder de outros
Fae. Ninguém em Solaria poderá destituí-lo do trono. Todos
cairão sob seu poder invencível.” Ela se livrou do meu aperto,
indo em direção à porta e deslizando por ela sem dizer uma
palavra, deixando-me com aquela bomba explodindo na minha
cara.
A Estrela Imperial supostamente havia caído do céu há
milhares de anos, encontrada pela primeira rainha a se sentar
no trono de Solaria depois de ver o arco em chamas que havia
feito no céu enquanto caía. Assim que conseguiu, ela começou
a receber visões durante a noite, sussurros como se fossem da
própria estrela que lhe contava os caminhos da magia negra.
Ela foi a primeira Fae a aprender, usando os poderes para sua
vantagem.
Então, de geração em geração, ela passou a estrela para
seus herdeiros com o conhecimento da magia que aprendera. E
quando chegou às mãos de seu bisneto, ele descobriu outro
poder que a estrela tinha. Ele poderia conter magia em suas
profundezas. Portanto, antes de morrer, ele o imbuiu com um
presente para seus sucessores.
Diz a lenda que o primeiro presente foi o de necromancia,
dando ao possuidor o poder de falar com os mortos. A cada
geração que passava, mais presentes eram adicionados, o mito
se tornando embaçado até que as histórias contadas sobre os
presentes se tornassem selvagens e exageradas.
Foi dito que ninguém poderia empunhar a estrela sem
sangue real, mas como os rumores se espalharam por toda
parte, muitos tentaram roubá-la. Então uma sociedade foi
criada chamada Guilda Zodiac, composta de poderosos Fae que
foram treinados nos caminhos da magia negra para proteger a
Estrela Imperial e garantir que ela nunca deixasse as mãos da
realeza. Havia mil versões de como a estrela era mantida,
alguns dizendo que ela estava embutida no punho de uma
espada ou lâmina, outros uma coroa, um anel, um cálice. E as
lendas em torno de seu poder eram ainda mais selvagens e
variadas.
Havia uma coisa em que a maioria das versões da história
geralmente concordava, e era que a estrela tinha um dom que
tornava seu possuidor invulnerável a ataques mágicos.
Portanto, se ela realmente existisse e Lionel a pegasse, não
seria apenas uma ameaça ao nosso mundo, seria o fim da vida
como a conhecíamos.
Enquanto o ano letivo chegava ao fim, a temporada de exames veio
dura. Havia grupos de apoio da Esfinge para qualquer um que sofresse de
vício em estudo, constantes lutas Fae contra Fae estourando enquanto as
pessoas estalavam sob a pressão e toda uma série de supostos amuletos
para melhorar o estudo, poções e feitiços estavam sendo vendidos pelo
campus para qualquer idiota crédulo o suficiente para comprá-los.
Tinha recuado para King's Hollow com os outros Herdeiros
sempre que possível para estudar longe das distrações. A
Diretora Nova havia até nos concedido permissão para pegar
textos raros da Venus Library para que pudéssemos evitar os
fã-clubes espreitando nas estantes e eu estava feliz em poder
evitar Mildred de forma eficaz em tantas situações quanto
possível.
A única desvantagem de nossa segregação era que eu
estava vendo muito menos Roxy do que queria. Eu ainda corria
com ela todas as manhãs e embora eu não a tivesse tocado
novamente desde que corremos para o penhasco e tentamos
negar as estrelas, parecia que muita coisa havia mudado entre
nós desde aquele dia. Foi ela quem iniciou isso. E embora
tivesse plena consciência de que ela achava muito mais fácil se
expressar fisicamente do que se abrir emocionalmente, agora
tinha todos os motivos para acreditar que ela queria as duas
coisas comigo. Era uma bênção e uma maldição.
Com a saída de Lance, não havia ninguém disponível para
dedicar muito tempo pesquisando uma maneira de sair do
nosso status Star Crossed. Especialmente porque ele estava
procurando respostas nos arquivos e metade dos escritos lá
estavam em línguas antigas que nenhum de nós poderia ler,
mesmo se tivéssemos tempo livre para olhar. Então isso
significava que, efetivamente, qualquer progresso que pudesse
ter sido feito para desfazer a maldição sobre mim e Roxy tinha
sido paralisado. Não que estivesse convencido de que havia
uma maneira de sair disso, mas embarquei em um sentimento
que poderia voltar para me morder na bunda, arrancar meu
coração e me deixar sufocando com meu próprio coração
partido no final, esperança.
Quanto mais eu considerava a ideia de que poderíamos
encontrar uma maneira de sair disso, ficar juntos de alguma
forma, mais minha alma doía para que fosse verdade. E não
importava o quanto a parte racional do meu cérebro não
quisesse se entregar ao sentimento, eu não pude evitar. Cada
vez que aprendia algo novo sobre ela, surgia com mais
perguntas a fazer. Cada vez que eu a via, apenas doía por ela
ainda mais ferozmente do que da última vez. Estava perdido
com essa ideia. Perdido por ela. E realmente não havia como
voltar disso, mesmo que fosse realmente impossível.
Perguntei a ela sobre o lugar que ela morava antes de vir
pra academia e ela me deu uma meia resposta, chamando de
lixo e seguindo em frente sem entrar em detalhes. Estava me
consumindo por não ter contado a ela que eu e os outros
Herdeiros estivemos lá. A sacola com os pertences dela e de
Darcy estava na base do meu armário, queimando minha
consciência toda vez que mexia ou tirava roupas. O problema
era que eu queria conversar a sós com ela sobre esse assunto,
e isso era impossível. E também não queria sabotar seus
exames possivelmente irritando-a durante eles. Então, por
enquanto, tinha que viver com o fato de que eu era um idiota
mentiroso. Então, imploraria perdão quando pudesse admitir
que estivemos lá e oferecer a ela a chance de ter uma conversa
completa comigo sobre isso.
Estive voltando para casa com mais regularidade
recentemente, querendo checar mamãe e Xavier tanto quanto
podia. Felizmente, papai ficava cada vez mais longe de casa
com Clara. Ele estava procurando pela Estrela Imperial, mas
até agora não parecia ter tido sorte em encontrá-la. Estávamos
fazendo nossa própria pesquisa sobre sua localização,
desesperados para colocar nossas mãos sobre ela antes dele,
mas do jeito que estava, não tinha encontrado uma única pista
sólida para seguir em nossa busca. Eu estava ficando com
medo do dia em que ele a encontrasse, porque ele estava
procurando com tanto fervor que eu só podia imaginar que
colocar as mãos nela seria desastroso. Mas, a menos que
descobríssemos como encontrá-la primeiro, eu não sabia o que
poderíamos fazer a respeito.
Sabia que teria que desafiá-lo em breve. Mas agora que
não tinha Lance para me ajudar a praticar magia negra, não
podia arriscar tentar progredir naquele treinamento sozinho.
Ainda me encontrava com Roxy e Darcy para praticar com as
Sombras, mas não era a mesma coisa. A magia negra estava
ligada às Sombras, mas o poder dos ossos e outros feitiços
dessa natureza tinham pouco a ver com elas. E eu não podia
arriscar que as garotas chegassem muito perto do poder
destrutivo desse tipo de magia. Era proibido por um bom
motivo. Eu só queria ter outra maneira de ganhar uma
vantagem sobre meu pai. Mas se eu o desafiasse antes de estar
pronto, as punições que ele faria cair sobre mim seriam
incomensuráveis. E sua raiva circularia para envolver qualquer
pessoa que eu gostasse também. Eu não podia arriscar que sua
ira caísse sobre aqueles que eu amava. Quando eu o golpeasse,
ele tinha que perder. Mais do que isso, ele tinha que morrer. E
por mais que me doesse admitir, eu ainda não era forte o
suficiente para vencer essa batalha.
Estávamos terminando nosso exame final, Astrologia
escrita, e assim que estivesse feito, estava tudo acabado. Então
eu estava esperando por um longo e solitário verão na Mansão
Acrux bem nos olhos.
Para piorar as coisas, sabia que seria o último lugar entre
os outros Herdeiros em muitos das minhas matérias.
Principalmente nos exames escritos. Nós quatro ultrapassamos
facilmente todos os outros alunos em todas as matérias de
nossa classe, mas sempre foi uma batalha entre nós para saber
qual deles roubaria o primeiro lugar. Mas com Lance tão longe
de mim, o vínculo do Guardião coçava e queimava com uma
necessidade desesperada que eu não conseguia satisfazer. Era
como um gremlin respirando em meu ouvido o tempo todo, seu
hálito rançoso dançando sob meu nariz e se recusando a me
deixar ignorá-lo. O que era uma distração, para dizer o mínimo.
Isso tinha tornado o estudo muito difícil e até mesmo a
concentração nos meus exames estava se provando quase
impossível.
Eu o visitava semanalmente, mas não era o suficiente para
saciar as necessidades do vínculo e minhas notas iriam cair. O
que, por sua vez, significava que meu pai ficaria furioso. Se os
outros Herdeiros me superassem em muitas matérias, rumores
surgiriam sobre eu ser o mais fraco dos quatro. E embora
soubesse que isso era besteira e que os outros Herdeiros jamais
tentariam tirar minha posição de mim, papai odiava qualquer
tipo de escândalo relacionado com fraqueza.
Suspirei baixinho enquanto olhava para o meu trabalho
concluído e pressionei meu polegar na parte inferior da página
para lacrá-la com minha assinatura mágica. Chamei a atenção
da Professora Prestos para que ela soubesse que tinha acabado
antes de me levantar e sair da sala de exames que ficava no
andar térreo do Júpiter Hall.
Os outros Herdeiros estavam demorando ao sol lá fora
enquanto esperavam por mim e até o fato de que todos eles
terminaram antes de mim era um indicador de quanto eu
estava atrasado.
“Estamos livres!” Seth uivou quando me viu e Max gritou
de excitação quando ele se atirou no ar com uma explosão de
magia de Ar em celebração ao final dos exames.
Eu ri junto com eles, dando um suspiro de alívio enquanto
deixava a pressão dos exames deslizar de meus ombros. Eles
acabaram. E mesmo que eu acabasse ficando abaixo dos
outros Herdeiros, ainda estaria longe do resto da nossa classe
por uma milha. Eu era capaz de fazer magia que mesmo os
mais velhos não podiam tentar, e tinha provado isso
repetidamente ao longo dos exames práticos, bem como
demonstrando nos testes escritos. Portanto, não havia por que
me preocupar além disso.
“Mal posso esperar pela festa de hoje à noite,” Caleb disse
com um largo sorriso enquanto inclinava o rosto para trás para
deixar o sol beijar sua pele.
Eu tirei meu blazer e afrouxei minha gravata para uma
boa medida, enquanto todos eles começaram a discutir a festa
que estava sendo dada em Shimmering Springs. Ela estava
sendo sediada por Max, já que Casa Aqua ganhou a maioria
dos pontos este ano e ele estava insuportavelmente presunçoso
com a coisa toda.
“Vou levar Grus como meu par,” Max anunciou e todos
nós olhamos para ele surpresos.
“Ela disse sim?” Seth perguntou, inclinando a cabeça
como um cachorrinho excitável.
“Não. Ela realmente me recusou cerca de cinquenta vezes
diferentes,” Max admitiu. “Mas vou apenas aparecer na porta
dela e exigir que ela venha comigo. Eu até recebi luz verde de
papai para namorá-la publicamente... presumindo que eu
possa conquistá-la.”
“Como diabos você conseguiu isso?” Perguntei. Geraldine
Grus e sua família eram tão pro-realeza que eu não ficaria
surpreso em descobrir que ela tinha os rostos de Roxy e Darcy
tatuados em suas nádegas.
“Acabei de dizer a ele como seria bom se um dos maiores
defensores das Vega de repente pulasse do barco e começasse a
viajar no expresso Herdeiro,” Max respondeu inocentemente.
“Não é isso que você quer que ela cavalgue,” brincou Cal.
“E não tem como ela mudar de lealdade,” bufei com
desdém.
“Eu sei disso..., mas meu pai não.” Max sorriu tão
abertamente que eu não tive coragem de dizer a ele que esse
plano parecia uma ideia terrível que só explodiria na cara dele
quando seu pai percebesse que Geraldine era firmemente Time
Vega. Eu não iria estourar sua bolha.
Fomos em direção ao Orb e eu fui atrás do grupo enquanto
puxava meu Atlas do bolso e considerava mandar uma
mensagem para Roxy. Em geral, não trocávamos mensagens
até as noites, quando estávamos sozinhos em nossas camas e
podíamos nos concentrar em nossas conversas, mas os
calouros tiveram sua avaliação prática final esta manhã e
queria saber como foram seus exames.
Foda-se.

Darius: O que você está vestindo?

Não tinha certeza de em que ponto isso havia se tornado


nosso abridor de conversa padrão, mas não tínhamos
realmente começado a fazer sexo um com o outro. Uma parte
de mim realmente queria, mas toda vez que começamos a
conversar, eu ficava tão envolvido em todas as coisas que ela
dizia que nunca fui lá. E temia que as estrelas notassem se
cruzássemos essa linha e nos impedissem de trocar mensagens
também. Não poderia arriscar. Elas definitivamente não
gostaram quando usamos Caleb para contornar suas regras e
eu não suportaria perder esse ponto de contato com ela.
Em resposta à minha mensagem, ela enviou de volta uma
foto com a legenda “isto é hilário ou mortificante, mas tomei
algumas tequilas, então vou deixa-lo decidir.” Na fotografia, ela
estava no vestiário do estádio de Pitball, fazendo beicinho para
a câmera de uma forma excessivamente sugestiva enquanto
usava minha camisa de Pitball como um vestido.
Meu olhar vagou sobre ela nela, observando suas meias
até os joelhos por baixo, bem como o uniforme amassado
jogado no banco ao fundo. Engoli um nó na garganta. Juro que
aquela garota nunca foi mais gostosa do que quando ela não
estava tentando ser.

Darius: Você deve ficar com ele, fica melhor em você.

Roxy: Estou escolhendo levar isso a sério. Preciso de uma


camisa nova para dormir de qualquer maneira, a outra está
ficando gravemente danificada.

Fiz uma careta enquanto tentava descobrir o que ela quis


dizer com isso. Ela estava dizendo que tinha dormido em uma
das minhas camisas? Porque realmente parecia que estava. E a
ideia disso me fez sorrir como uma idiota.

Darius: Considere isso um presente. Falando nisso, quando


você irá ver sua moto?

Sabia que estava perguntando a ela sobre a moto com


frequência, mas era irritante para mim que ela ainda não
tivesse ido olhá-la. Não conseguia entender por que não. Se ela
não quisesse, poderia apenas ter me dito para pega-la, mas se
ela queria, então por que não tinha ido olhar para a maldita
coisa?

Roxy: Eu também tenho um presente para você, então acho


que podemos trocar...

Fiquei imóvel ao ler sua mensagem. Por que ela tem algo
para mim? Não era meu aniversário. Não fiz nada para ganhar
um presente. Precisava enviar uma resposta e não sabia o que
dizer.
“Por que você está sorrindo como se alguém tivesse
acabado de se oferecer para chupar seu pau?” Seth me
perguntou e minha cabeça levantou enquanto eu tentava
controlar minhas feições.
“Eu não sorrio assim,” respondi, revirando os olhos para
ele. “Só ocasionalmente sorrio. É sobre isso.”
“Bem, do que você está ocasionalmente sorrindo?” Cal
perguntou, atirando para frente e arrebatando meu Atlas da
minha mão.
Eu o amaldiçoei, mas ele apenas riu enquanto disparava
para ler.
“Por que parece que você vai corar?” Max perguntou,
estendendo a mão para pegar meu braço enquanto tentava ler
minhas emoções.
“Foda-se. Eu definitivamente não coro.”
“Tory comprou um presente para ele,” Cal murmurou e eu
gemi quando ele começou a digitar uma resposta para ela.
“Devolva isso,” resmunguei sem me preocupar em tentar
agarrá-lo. Ele era muito rápido para eu pegá-lo se ele não
quisesse.
“Ela vai nos encontrar no estacionamento em meia hora,”
Cal disse, jogando meu Atlas de volta para mim com um
sorriso.
“Nós?” Perguntei com um suspiro enquanto olhava para as
mensagens que ele enviou. Ele a chamou de baby três vezes e
terminou cada mensagem com uma série de emojis ridículos e
incontáveis beijos. Considerei mandar uma mensagem para ela
novamente para explicar que não era eu, mas os emojis
risonhos em suas respostas me fizeram pensar que ela
adivinhou.
“Sim. Você precisa de acompanhante, lembre-se,” Cal
disse, apontando para o céu como se as estrelas estivessem
ouvindo. E provavelmente estavam. Idiotas brilhantes.
“Por que isso tem que significar vocês, idiotas?” Perguntei
quando começamos a nos dirigir para o estacionamento.
“Porque ela está trazendo seu pequeno Esquadrão Bunda
também,” ele respondeu como se fosse óbvio que gostaríamos
de fazer deste uma grande coisa de grupo. Embora eu achasse
que não tínhamos muita escolha sobre isso, já que não
poderíamos estar sozinhos.
“Grus vem então?” Max perguntou instantaneamente e
Seth gemeu dramaticamente.
“Você realmente precisa começar a jogar com calma com
aquela garota,” disse ele. “Você perdeu totalmente o jogo
quando se trata dela.”
“As Bettys dela o cegaram,” brinquei, feliz por mover a
zombaria de mim e para Max.
“Não posso evitar,” Max gemeu. “Ela é como minha própria
marca pessoal de Killblaze insana, curvilínea e totalmente
viciante.”
“Você a está comparando a um vício em drogas?” Seth
zombou. “O mundo inteiro vai uma merda. Vocês percebem
isso, certo? Dissemos a toda a escola, não, todo o reino para
escolher entre nós e as Vega e agora vamos sair com eles e
trocar pequenos presentes e Max vai cair na sua principal
apoiadora e isso vai acabar vazar para a imprensa e então,
porra sabe lá o que vai acontecer.”
“Para alguém que está reclamando, você parece muito feliz
com tudo isso,” comentei.
“Estou em êxtase,” Seth concordou com um sorriso de
Lobo. “As Vega podem ser um pé no saco, mas a vida tem sido
muito mais interessante desde que elas apareceram.”
Todos nós rimos disso e aumentamos nosso ritmo
enquanto nos dirigíamos para o estacionamento.
Ninguém mencionou o fato de que, se de alguma forma
conseguíssemos ter sucesso neste pequeno plano de forçar as
estrelas a reconsiderar a mim e a Roxy, teríamos um problema
totalmente novo. Mas imaginei que nenhum de nós queria
considerar as implicações de eu acabar com uma Vega. Não
havia razão para pensar que isso ainda funcionaria, de
qualquer maneira. E se isso acontecesse... bem, nós apenas
teríamos que descobrir como diabos iríamos cruzar aquela
ponte quando se tratasse disso.
Chegamos antes de Roxy e seus amigos, então nos
posicionamos encostados no capô de nossos carros caros
enquanto Seth ligava a ignição de seu Faezerati branco e ligava
um pouco de música.
Cal disparou para longe de nós e voltou em dois minutos
com uma caixa de cerveja e eu aceitei uma enquanto ele a
jogava para mim, tentando entrar na conversa enquanto
esperávamos a chegada de Roxy.
Um formigamento de magia percorreu minha pele quando
a presença dela desencadeou o feitiço de detecção que eu
instalei em torno da moto um momento antes do portão se
abrir.
Roxy ainda estava usando minha camisa de Pitball quando
saiu com Darcy e Geraldine, que estavam cambaleando um
pouco com os efeitos de suas bebidas comemorativas.
“Aí está você, sua lagosta lambível,” Geraldine soluçou ao
avistar Max, levantando a garrafa de tequila em sua mão para
apontar para ele.
Max sorriu como se todos os seus sonhos tivessem
acabado de se tornar realidade quando ela caminhou em sua
direção, dançando ao som da música tocando no carro de Seth
como se ela estivesse em uma boate em vez de um
estacionamento.
Roxy riu dela e Darcy me ofereceu um meio sorriso
enquanto me contornava para pegar uma cerveja da caixa
antes de pular para se sentar entre Cal e Seth no capô de seu
carro.
“Eu finalmente trouxe você aqui, então,” falei, me
aproximando de Roxy enquanto ela me observava com
interesse.
“Eu sou fraca,” ela admitiu. “Soube no momento em que
olhasse para a moto que ficaria babando em cima dela e
rodando dia e noite. Então, se eu quisesse ter alguma
esperança de resistir, tinha que evitá-la.”
“É assim que você se sente sobre Darius também?” Seth
chamou e rosnei para ele sem entusiasmo. Essa situação de
encontro com todo o grupo já era seriamente irritante. Eu só a
queria para mim e a maneira como ela estava me olhando, fez
eu pensar se estaria desejando a mesma coisa.
“Existe uma razão para você estar usando minha camisa
de Pitball?” Perguntei enquanto meu olhar passeava por ela.
“Decidimos fazer uma celebração privada no estádio de
Pitball para o final dos exames,” respondeu ela, encolhendo os
ombros. “Estávamos jogando um jogo de desafios e Geraldine
achou isso hilário.”
Meus lábios se contraíram de diversão quando olhei para
Grus, que parecia muito satisfeita consigo mesmo. Na verdade,
todos eles estavam olhando para nós e eu limpei minha
garganta enquanto desviava o olhar novamente, querendo ter
um pouco de privacidade.
Apontei a moto do outro lado do estacionamento com um
movimento do queixo e Roxy lutou contra um sorriso enquanto
caminhava ao meu lado.
Eu a observei com o canto dos olhos enquanto ela se
aproximava da moto. Coloquei uma capa sobre ela, mas estava
me perguntando se deveria ter colocado um laço embrulhando
ou algo assim. Mas ela realmente não parecia o tipo de garota
de laços e eu também não era o tipo de cara de laços.
Ela mordeu o lábio inferior carnudo enquanto parava
antes da moto e eu estendi a mão para agarrar a cobertura
enquanto todos os outros pararam para assistir também.
Tentei ignorar a sensação de seus olhos em nós enquanto
me concentrava nela e puxava a capa enquanto meu olhar
permanecia treinado em seu rosto.
Seus olhos se arregalaram e seus lábios se separaram
enquanto ela observava tudo sobre ela, desde a carroceria até o
motor, a pintura personalizada em azul marinho e os
diamantes incrustados na forma de sua constelação sobre a
tampa do motor.
“Puta merda, Darius,” ela falou sob sua respiração
enquanto se aproximava e corria a ponta do dedo sobre os
diamantes. “Quanto isso custou para você?”
“Eu compraria cinquenta delas se soubesse que todas
fariam você sorrir assim,” respondi com desdém enquanto me
aproximava dela.
“Esta é uma edição limitada, eles não fizeram cinquenta
delas,” ela zombou, batendo no meu braço levemente enquanto
seu olhar ficava grudado na moto.
“Você quer levá-la para um passeio?”
“Eu bebi tequila um pouco demais,” ela fez beicinho.
“Você ainda pode ligá-la.”
Seu olhar se ergueu para encontrar o meu e o sorriso que
ela me deu foi todo perigoso enquanto ela se movia para
montar a moto, colocando a chave na ignição.
Ela ligou e o rugido profundo do motor encheu o espaço
enquanto ela fechava os olhos e gemia em apreciação. Ela
parecia tão loucamente quente escarranchada naquela coisa
em minha camisa de Pitball que eu estava duro para ela
instantaneamente e quase gemi com o fato de que não podia
tocá-la.
Ela ligou o motor algumas vezes com um enorme sorriso
no rosto antes de finalmente desligá-lo e permitir que nossas
orelhas se recuperassem.
“Eu sei que ganhei totalmente isso e não tenho que te
agradecer por isso nem nada,” ela disse enquanto olhava para
mim.
“Mas?” Perguntei.
“Obrigada,” ela respondeu, sua voz áspera de uma forma
que fez meu pau estremecer.
A maneira como o olhar dela deslizava para a minha boca
me fez pensar se ela estava morrendo de vontade de fechar essa
distância entre nós tão desesperadamente quanto eu. Estendi a
mão lentamente e arranquei a ponta da minha camisa para que
ela se movesse contra sua pele.
“Eu gosto de você vestindo isso,” falei enquanto meu olhar
vagou sobre o meu nome onde estava espalhado em suas
costas.
“É mesmo?” Ela perguntou, seus olhos brilhando com
diversão.
“Sim. Um pouco demais,” admiti e seu olhar caiu para
minha virilha enquanto ela mordia o maldito lábio novamente.
Eu gemi quando tive que me forçar a liberar meu aperto
na camisa antes que as estrelas incendiassem sua nova moto
ou algo assim.
“O que você comprou para ele?” Seth chamou e rosnei
para ele irritado.
“Vocês não podem ser apenas o tipo de acompanhantes
que simplesmente calam a boca e olham para a parede ou algo
assim?” Eu agarrei.
“Sem chance,” Max gritou de volta.
“Não seja uma barracuda incômoda,” censurou Geraldine,
e aquilo poderia ser ainda pior.
Roxy soltou uma risada e desceu da moto. Embora ela
alegasse ter consumido muita tequila para dirigir, ela não
parecia bêbada para mim, então eu estava supondo que ela só
tinha tomado três ou quatro doses.
“É... um presente meio estranho,” ela admitiu
hesitantemente. “E você não precisa aceitar se não quiser.”
“Por que eu não aceitaria?” Perguntei.
“Porque é meio permanente,” ela respondeu.
“Você me deixou confuso,” admiti.
“Certo. Bem, antes de Orion ser...” ela deu uma olhada em
sua irmã se desculpando antes de continuar. “Antes de partir,
ele nos deu alguns livros sobre Fênix e nossos dons e coisas
que poderíamos fazer com eles. E muito disso parece
especulação ou mitos ou talvez nós apenas não tenhamos
descoberto tudo, mas também havia coisas neste antigo escrito
e bem, encurtando a história, Darcy descobriu que podemos
imbuir as coisas com o Fogo da Fênix. E então fiz um monte de
pesquisas e consegui encontrar este livro velho empoeirado que
detalha como as Fênix podem bloquear a interferência de
outras Ordens e da Coação Negra. Então, basicamente, fiz
isso.” Ela puxou uma grande pulseira de ouro de seu pulso,
que parecia um par de asas de Fênix douradas em chamas e
abertas para criar um semicírculo.
O Dragão em mim subiu à superfície da minha pele
quando eu imediatamente reconheci o valor dela e tive que
trabalhar muito para não agarrá-la e rosnar meu para todo o
quarto.
Os olhos verdes de Roxy dançaram com diversão como se
ela tivesse lido aquele desejo no meu olhar e um sorriso puxou
o canto da minha boca enquanto esperava que ela continuasse.
“Err, sim, é bonito e tudo, mas se você quiser que a magia
funcione, então você não pode mantê-lo. Pelo menos não
assim,” disse ela.
“Como então?” Perguntei enquanto ela pressionava na
minha mão e o calor do metal fez minha pele formigar.
“É chamado de Beijo da Fênix. E é basicamente um canal,”
explicou ela. “Acho que posso usá-lo para colocar uma grama
do meu Fogo da Fênix sob sua pele. Mas quando fizer isso, a
pulseira vai se fundir com a sua carne e marcar você, meio
como a sua marca do Guardião...”
“Isso me ligaria a você?” Perguntei.
“Não. Isso vai prendê-lo a um pouco do meu Fogo. Eu o
presentearia com você e a marca o manteria seguro sob sua
pele. Não há nenhum vínculo comigo envolvido, estaria
desistindo da chama que ofereço a você para sempre. Mas sem
a magia da marca, o fogo queimaria muito quente e, err,
queimaria seu caminho de volta para fora de você de novo...
dolorosamente.” Ela sorriu timidamente e soltei uma risada.
“Por que ele iria querer arriscar seu fogo queimando um
buraco nele só para fazer uma nova tatuagem?” Seth
perguntou atrás de mim e bufei com a interrupção. Por que
eles não podiam simplesmente fingir que não estavam aqui?
“Porque uma vez que está vivendo em você, vai funcionar
como funciona para mim. Ninguém será capaz de influenciar
sua mente. Nem mesmo...”
“Isso pode impedir meu pai de usar Coerção Negra em
mim?” Murmurei enquanto meu coração tropeçava em si
mesmo.
“Sim. Pelo menos, deveria servir, se fiz certo...” Roxy me
deu um tipo de sorriso tímido que não tinha um pingo de
besteira e não acho que já tinha ficado mais furioso com a
porra das estrelas por me impedir de beijá-la do que naquele
momento.
“Ela fez,” interrompeu Darcy. “Ela deve ter repassado essa
magia mil vezes antes de estar disposta a entregá-lo a você.”
“Eu só não queria fazer isso errado e acidentalmente
queimar um buraco em você,” explicou Roxy, revirando os
olhos.
“Eu beijaria você agora mesmo se as estrelas não nos
ferissem por isso,” eu gemi enquanto a excitação crescia por
mim e tive que me conter fisicamente.
“Não perto da moto bonita,” ela concordou, embora seu
olhar caísse para minha boca novamente como se ela estivesse
terrivelmente tentada. “Então, você quer que eu faça isso?”
“Foda-se, sim.” Fiz um trabalho rápido de tirar minha
camisa antes de oferecer a ela meu braço direito para fazer o
que ela precisasse.
Todos os outros se aproximaram, formando um círculo ao
nosso redor enquanto observavam, mas eu os ignorei, meu
olhar fixo em Roxy enquanto ela deslizava a pulseira sobre
minha mão direita e meu antebraço até que foi pressionado
contra o pedaço de pele nua sob a curva do meu cotovelo.
“Preparado?” Ela perguntou, olhando para mim por baixo
de seus cílios como se ela estivesse nervosa.
“Eu confio em você.”
Ela se inclinou para frente e pressionou os lábios na
pulseira, seu cabelo preto caindo ao redor dela e escondendo
meu braço enquanto uma queimadura profunda pulsava na
carne onde o metal estava tocando.
Eu grunhi quando a intensidade das chamas aumentou e
a queimadura deslizou sob minha pele e em minhas veias antes
de correr pelo meu corpo como uma tempestade até que
pudesse senti-la em todos os lugares.
Eu estava acostumado a todos os tipos de fogo, mas nunca
havia sentido nada parecido antes. Era selvagem e
tempestuoso, animalesco e livre. Eu podia sentir o gosto na
minha língua e ouvi-lo estalar nos meus ouvidos. Tudo
consumia e nunca terminava, mas de alguma forma era
totalmente eufórico também.
Roxy se afastou, olhando para mim com esperança
enquanto suas chamas finalmente se assentavam sob minha
carne até que não fossem mais opressoras, apenas presentes.
Eles dançaram com o meu próprio Fogo do Dragão e a
sensação quase fez cócegas quando eles saltaram ao redor do
meu corpo.
“Bem, devore meu ganso e me chame de Gertrude,”
Geraldine murmurou enquanto olhava para o meu braço.
Onde a pulseira estava, em vez disso, encontrei uma nova
tatuagem na minha pele. Um par de asas deslumbrantes que
quase pareciam ondular com vida quando se curvaram em
volta do meu braço.
“Funcionou?” Roxy perguntou, seu olhar cortando para
Max enquanto ela recuava novamente para colocar distância
entre nós antes que as estrelas interviessem.
Max chamou minha atenção antes de colocar a mão no
meu ombro e empurrar a felicidade sob minha pele. Ele me
alimentou o suficiente para me fazer sorrir, então comecei a rir
mais e mais até que parecia que nunca iria parar. Mas isso não
estava certo, não queria rir e, no momento em que decidi que
não, parei. Não era como colocar escudos mentais. O Fogo da
Fênix não funcionava assim. Ele simplesmente ouviu meu
comando, varreu meu corpo e destruiu a magia de Max como
se fosse nada além de papel de seda tentando ficar firme diante
de um lança-chamas.
Parei de rir instantaneamente e Max grunhiu enquanto
colocava mais de sua magia em mim. Os outros começaram a
rir ao meu redor, todos exceto Roxy e Darcy cujo próprio fogo
queimava através de seu comando para protegê-las disso.
Quando ele finalmente desistiu, eu estava sorrindo por um
motivo totalmente diferente do seu poder.
“Você me libertou,” murmurei, olhando para Roxy como se
ela fosse algum tipo de criatura mítica em carne e osso
enquanto eu tentava descobrir o que diabos poderia fazer para
retribuir isso. Ela tinha acabado de responder a todos os
desejos que eu já implorei às estrelas com um sorriso puxando
seus lábios e estava me oferecendo um encolher de ombros em
retorno como se não fosse nada.
“Eu não ia deixa-lo voltar para aquela casa com aquele
monstro de merda no verão e ficar à mercê dele,” ela rosnou
ferozmente. Protetivamente. Como se eu fosse algo que ela
estimasse e quisesse proteger da mesma forma que eu ansiava
por cuidar dela.
Olhei para os outros, mas realmente não me importei que
eles estivessem aqui para ouvir isso. Eles já sabiam o que
sentia por ela, então por que não deveria simplesmente dizer
isso na frente de todos eles?
“Eu já disse que te amo, Roxy,” rosnei e seus olhos se
arregalaram quando ela olhou para mim com surpresa. “Mas
agora estou dizendo que também quero você. Só você. Não
importa o que seja necessário para que isso aconteça.”
“Darius,” ela falou sob sua respiração, seu olhar cintilando
para os outros enquanto eles se afastavam um pouco para nos
dar um pouco de privacidade. Poderia ter lançado uma bolha
silenciadora sobre nós, mas qual era o sentido? Eu não me
importava se eles sabiam o que sentia por ela. Eles eram nossa
família e, apesar de todas as razões pelas quais eles deveriam
ter nos encorajado a ficarmos separados, eles estavam
tentando nos ajudar a ficar juntos novamente. Porque, no final
das contas, eles se importavam mais com a nossa felicidade do
que com a porra de um trono e deveria ter percebido muito
antes que isso era mais importante também.
“Eu entendo,” falei enquanto me aproximava dela. Tão
perto que quase nos tocávamos. “Entendo por que você fez a
escolha que fez. Para sempre é muito tempo para dar a alguém
em quem você não confia. Mas e se para sempre fosse apenas
um dia? E se tudo o que tivéssemos fosse hoje e o relógio
marcasse até meia-noite? E se entregar-se a mim significasse
exatamente isso? Sendo minha até a batida da meia-noite.
Você seria minha para sempre, então?”
Os olhos de Roxy se arregalaram quando ela olhou para
mim, arrastando o lábio inferior entre os dentes enquanto meu
coração batia contra minhas costelas e eu só conseguia pensar
em todas as razões que ela ainda tinha para dizer não.
“Por que você iria querer ficar para sempre comigo depois
do que fiz para você?” Ela perguntou, e fiz uma careta para ela
enquanto tentava entender como ela podia duvidar disso. “As
estrelas ofereceram a você o amor verdadeiro e você abriu seu
coração para ele de boa vontade, apenas para que eu o
esmagasse em meu punho. Então, por que você iria querer
uma segunda chance nisso tudo?”
“Porque, no meu coração, sei que mereci a resposta que
você me deu,” respondi honestamente. “Eu não era digno do
seu amor naquela época e ainda não sou digno dele agora. Mas
se você me desse espaço para sempre, eu gastaria cada
segundo tentando ser.”
Ela estava olhando para mim como se nunca tivesse
olhado antes e tive que lutar com tudo que tinha para segurar
seu olho e esperar sua resposta. Porque tinha que ter.
Precisava saber se ela estava disposta a tentar lutar contra isso
também ou se realmente tinha arruinado tudo além de toda
esperança.
Seus olhos estavam arregalados e com medo quando ela
olhou para mim, mas havia algo mais neles também. Algo forte,
destemido e ininterrupto, apesar de tudo que ela havia passado
em sua vida nas minhas mãos e nas mãos de outras pessoas.
“Sim,” Roxy murmurou, sua voz trêmula como se ela
tivesse medo de dizer isso em voz alta. “Não posso continuar
negando isso. Estou farta de negar o que meu coração quer.”
“Para sempre?” Eu confirmei, movendo-me tão perto dela
que o doce perfume de sua pele me envolveu e nunca quis
exalar novamente.
“Para sempre,” ela concordou, com uma finalidade que
pesou tanto sobre nós que por um momento eu não conseguia
respirar.
“Então precisamos descobrir uma maneira de forçar as
estrelas a reconsiderar,” rosnei ferozmente. Eu lutei toda a
minha vida por uma coisa ou outra, mas não havia nada que
eu quisesse para sempre como a garota diante de mim. E eu
estava disposto a lutar por ela até meu último suspiro.
Os outros começaram a aplaudir e Roxy riu enquanto
revirei os olhos para eles. O dia em que pudesse ficar sozinho
com ela novamente seria um sonho absoluto em comparação
com este maldito inferno.
“Gabriel,” Roxy disse, seus olhos brilhando de esperança
quando ela olhou para mim. “Ele pode nos dar uma leitura.”
Meu coração bateu forte quando ela agarrou seu Atlas e
lhe enviou uma mensagem. Saber que ela estava tão certa
disso quanto eu estava me fazendo sentir todos os tipos de
emoções avassaladoras. E mais do que nunca, eu só queria
envolvê-la em meus braços e nunca mais deixá-la ir.
“Ele vai nos encontrar na câmara de amplificação,” ela
anunciou e olhei para Caleb, mas ele estava muito interessado
em algo que Seth estava dizendo para ouvi-la.
Roxy empurrou nossos amigos e se dirigiu para a abertura
do outro lado do estacionamento enquanto arrancava minha
camisa Pitball e subia na saliência de sutiã e calcinha. Ela
lançou um sorriso por cima do ombro para mim antes de pular
no ar e suas asas flamejantes florescerem de suas costas
enquanto ela decolava.
Amaldiçoei enquanto ela fugia sem mim, tirando meus
sapatos e deixando cair minhas calças antes de dobrá-las e
prendê-las entre os dentes enquanto eu saltava atrás dela.
Mudei ao cair e bati minhas asas com força enquanto
voava atrás dela enquanto os outros gritavam e gritavam atrás
de nós.
“Vá além em uma busca pelo amor verdadeiro e brilhante!”
Geraldine chorou e olhei para trás por cima do ombro quando
ela caiu soluçando nos braços de Max. Ele não pareceu se
importar com isso e balancei minha cabeça escamosa de
Dragão enquanto corria atrás de Roxy.
Essa garota era totalmente louca. Mas tinha que admitir
que ela estava crescendo um pouco em mim.
No momento em que pousei ao lado do lago e mudei de
posição, Roxy já estava vestindo minha camisa de Pitball
novamente e ela desceu para a câmara de amplificação sem
esperar que eu puxasse minhas calças de volta.
Gabriel estava esperando por nós na cúpula equilibrada
Elementalmente abaixo do lago. Olhei-o nervosamente
enquanto ele acenava com a mão para que eu me sentasse à
sua frente ao lado de Roxy, sem levantar os olhos do baralho de
cartas de Tarot que ele estava embaralhando.
“Não posso prometer que serei capaz de ver alguma coisa,”
Gabriel murmurou enquanto cortava o baralho e o estendia
para nós. “Sempre que tentei ver algo sobre Companheiros
Elysian antes, as estrelas não ajudaram muito.”
“Nós só queremos saber se há alguma chance,” disse Roxy
enquanto estendia a mão e pegava uma carta dele sem hesitar.
“Apenas a mais leve indicação de que poderíamos mudar
isso...”
Gabriel ofereceu a ela um sorriso triste, em seguida, olhou
para mim. Seu olhar se estreitou instantaneamente e tive a
nítida sensação de que ele estava chateado comigo.
“O quê?” Perguntei.
“É melhor você estar falando sério, Darius,” ele rosnou. “Se
você não vai oferecer a ela o mundo, então eu não vou te
ajudar. E se você machucá-la novamente, vou te caçar, cortar
suas bolas e usá-las como um colar.”
“Jesus, Gabriel,” Roxy murmurou e olhei entre eles
enquanto eles pareciam estar tentando se comunicar apenas
através de movimentos de sobrancelha. Foi estranho.
“Estou perdendo alguma coisa aqui?” Perguntei.
“Ele vai descobrir antes do final do verão de qualquer
maneira,” disse Gabriel com um encolher de ombros, os olhos
em Roxy. “E ele vai manter isso em segredo até que estejamos
prontos para o mundo saber.”
“Saber o quê?” Exigi.
Roxy suspirou e me lançou um olhar. “Durante as férias
de primavera, meio que descobrimos que Gabriel é nosso meio-
irmão.”
“O quê?!” Gritei, minha voz ecoando no teto de vidro acima
de nossas cabeças enquanto Roxy arqueou uma sobrancelha
para mim. “Você é um Vega?” Exigi, olhando para trás para
Gabriel como se nunca o tivesse visto antes.
“Não. Ele é filho da nossa mãe,” Roxy disse, revirando os
olhos para mim como se eu estivesse sendo dramático. “Ele
também é o maior vidente do nosso tempo e não estamos
prontos para Lionel descobrir e pintar um grande alvo nas
costas. Então…”
“Merda.” Eu os encarei por um longo momento, então
apenas passei minha mão sobre o meu rosto. “Mais alguma
coisa que você está escondendo de mim?”
Eles trocaram outro olhar e rosnei para eles.
“Nada que você precise saber agora,” disse Gabriel,
encerrando a conversa enquanto me oferecia o baralho.
“Apenas se concentre na pergunta que você veio fazer aqui.”
Soltei um suspiro e me forcei a me acalmar, focando em
Roxy ao meu lado. Sobre o quanto queria que ela fosse minha e
o que estaria disposto a sacrificar para isso.
Enquanto pegava as cartas, uma delas cantou para mim e
eu a tirei do baralho instantaneamente.
Roxy colocou sua carta e nenhum de nós ficou surpreso ao
ver Os Amantes olhando para nós. Coloquei O Diabo ao lado
dele e mordi o interior da minha bochecha. Aquilo não era o fim
do mundo, O Diabo pode representar restrição, mas também
pode significar vício e eu certamente me senti como se estivesse
viciado em Roxy Vega.
Gabriel ofereceu-lhe o baralho novamente e ela colocou a
Torre no chão. Caos, turbulência, transformações pessoais... os
vários significados por trás da carta eram o tipo de coisas que
poderíamos esperar ao tentar mudar nosso destino assim.
Minha próxima carta foi A Estrela, que teria sido boa se
não tivesse sido revertida. Desespero, desconexão... fracasso,
se eu estivesse lendo direito, no qual não queria acreditar por
um momento que estava.
A mandíbula de Gabriel se contraiu e ele ofereceu o
baralho novamente a Roxy. A Roda da Fortuna. Ao contrário.
Porra.
Roxy mordeu o lábio inferior e Gabriel pegou o baralho
sem fazer comentários, embaralhando-os novamente.
“Eu te avisei,” Gabriel murmurou, parecendo irritado com
a queda das cartas.
“Você leu uma resposta aí?” Perguntei.
“Não realmente,” ele bufou. “Dor no coração, caos,
carnificina esse é basicamente o livro de receitas para o seu
relacionamento. Certamente não é um sim ou não.”
Roxy soltou uma gargalhada ao tirar outra carta. Os
Amantes.
Desta vez, Gabriel fez com que ela puxasse todas as cartas
e depois as abriu lentamente, murmurando baixinho enquanto
as interpretava.
“Não está parecendo bem,” ele admitiu enquanto juntava o
baralho novamente.
“Então quão ruim é isso?” Exigi, mas ele apenas estendeu
o baralho para mim sem responder.
Fiz outra leitura com ele em silêncio e, eventualmente, ele
apenas bufou e recolheu as cartas.
“Nada,” ele respondeu com um suspiro. “Nada de concreto
de qualquer maneira. É como se o destino de vocês estivesse se
equilibrando em uma ponta de faca e até que vocês o
desequilibrem de um jeito ou de outro, não consigo ver como
isso vai funcionar. Não serei capaz de obter uma leitura melhor
do que isso, a menos que algo mude. E mesmo assim...”
“O quê?” Roxy exigiu.
“Ainda não sei o quanto as estrelas vão revelar. Acho que
isso é apenas algo que vocês terão que tentar e descobrir
juntos.”
Os ombros de Gabriel caíram e bufei quando me virei para
olhar para Roxy. Sua mandíbula estava tensa daquele jeito
teimoso que eu vim a conhecer como o olhar não foda comigo.
Na verdade, era muito quente quando ela não apontava para
mim.
“Posso tentar adivinhar,” Gabriel ofereceu. “E folhas de
chá. Vou pegar uma bola de cristal também e...”
Fiz uma careta para ele quando ele parou e caiu
anormalmente quieto, seus olhos vidrados enquanto ele se
perdia em uma visão.
“Fogo,” Gabriel rosnou em uma voz que ecoou pelas
paredes ao nosso redor e enviou um arrepio de pavor pela
minha espinha. “Tudo que você conhece e ama queimará. Caos
e carnificina. O fim de tudo que você busca. A ascensão do
Diabo.”
“O quê?” Roxy engasgou, estendendo a mão para ele, mas
agarrei a mão dela e a puxei de volta. Sabia que não devia tocar
em um vidente quando eles estavam perdidos em uma visão.
Havia um cheiro estranho no ar, como enxofre e o cheiro
forte de ferro do sangue.
Gabriel engasgou e inclinou a cabeça para trás, olhando
para a cúpula de vidro acima de nossas cabeças.
Nós olhamos para cima também e meu coração saltou
enquanto eu observava a água se contorcendo contra o vidro
até que uma visão apareceu dentro dela.
Os dedos de Roxy se enredaram nos meus e eu a agarrei
com força enquanto uma onda de energia negra revestia a sala.
Eu assisti enquanto a visão mostrava meu pai, levantando
algo embrulhado em um pano vermelho e segurando perto de
seu peito enquanto o triunfo resplandecia em seus olhos. As
estrelas gritaram e praguejaram quando ele começou a
desvendá-la e balancei minha cabeça em uma negação feroz
enquanto o objeto que ele segurava as curvava à sua vontade.
Os céus se voltaram contra todos com quem nos
importamos. Eu só pude ficar olhando enquanto eles nos
mostravam Lance na prisão, ameaças silenciosas espreitando
ao seu redor e se tornando mais perigosas quanto mais ele
permanecia atrás das grades. Darcy caiu em um poço de
tristeza e raiva, atacando o mundo sem se importar com seu
próprio destino. Os outros Herdeiros e Xavier foram arrastados
pela carnificina enquanto a má sorte os perseguia, impedindo-
os de serem felizes e os colocando em perigo repetidas vezes.
Enquanto isso, a sorte favoreceu meu pai. Ele empunhou
a Estrela Imperial e a usou para realizar seus planos ao deixar
minha mãe de lado e subir ao trono com Clara ao seu lado.
Uma sombra caiu sobre toda a Solaria enquanto seu poder
crescia cada vez mais e embora soubesse que as visões não
podiam prever o movimento das Ninfas, senti em meu coração
que era sua influência que eu estava observando.
“Caos, carnificina, desespero, morte,” a voz de Gabriel
ecoou nas paredes e uma frieza insuportável deslizou em
minhas veias. “A menos que vocês encontrem a Estrela
Imperial primeiro.”
A visão se desvaneceu e meu olhar deslizou para o de Roxy
enquanto ela olhava para mim com um olhar de medo.
“Ele vai ganhar?” Ela falou sob sua respiração, puxando
sua mão da minha como se ela fosse fugir, mas eu me movi
para bloquear sua fuga.
“Espere,” implorei, minha voz falhando enquanto eu
tentava entender o que tínhamos acabado de ver. “Tem que
haver algo que possamos fazer. Talvez se...”
“E se já for tarde demais, Darius?” Ela exigiu. “Se o poder
dele crescer assim, ele vai me matar. Ele vai matar Darcy. Não
posso deixar isso acontecer.”
Gabriel ofegou enquanto sacudia os efeitos da visão. “Ele
não encontrou ainda,” ele rosnou. “Ainda há tempo. Ainda há
coisas que podem mudar este destino.”
“O que podemos fazer?” Roxy perguntou, movendo-se para
frente como se quisesse confortá-lo do horror da visão que ele
tinha acabado de ser submetido.
“Eu...” Gabriel se concentrou por um momento, seus olhos
vidrados antes de bufar de frustração. “A resposta exata está
escondida de mim. Mas eu sei que ele está no caminho certo e
se não encontrarmos uma maneira de desviar sua atenção de
sua busca, não teremos tempo para encontrá-la antes dele.”
“Quanto tempo até que ele encontre?” Exigi e o olhar de
Gabriel desfocou enquanto ele mergulhava de volta na corrente
turbulenta de suas visões para tentar encontrar nossa
resposta.
“Três semanas. A menos que você consiga impedi-lo,” ele
respondeu finalmente. “Isso pode acontecer de seis maneiras, e
apenas duas delas o impedirão de encontrá-la nesse período de
tempo. Mas o preço de atrasá-lo será alto.”
“O quê?” Roxy exigiu. “Qual é o preço?”
Gabriel franziu a testa enquanto procurava a resposta e
quando ele finalmente deu, meu sangue gelou.
“Um sacrifício real,” ele anunciou. “Do tipo mais elevado.”
“Não vai chegar a esse ponto,” rosnei, recusando-me a
sequer considerar isso. Ninguém pagaria com sangue e morte
para impedir meu pai. Ele já havia causado muita dor.
“Isso é tudo que eu sei,” disse Gabriel, baixando a cabeça
enquanto lutava contra a fraqueza causada pela intensidade da
visão.
“Então vamos encontrar a estrela antes dele,” anunciei.
“Três semanas é bastante tempo para ferrar com seu destino.”
Roxy me observou com os olhos arregalados enquanto me
levantava e saía da sala, deixando-a cuidando de seu irmão.
Foi difícil abandoná-la depois de ter jurado lutar por ela,
mas tinha que descobrir como encontrar a porra da Estrela
Imperial antes do meu pai. Porque por mais que eu tenha sido
criado para odiar e temer o sangue da realeza, Sabia agora que
o verdadeiro monstro neste reino sempre esteve muito perto de
casa.
E me recusei a deixá-lo machucar Roxy ou sua irmã
enquanto ainda respirava.
Marchei de volta para a Aer Tower com meu uniforme imundo de
Pitball, meu humor em algum lugar entre a miséria e o desespero. Era o
último dia do semestre e tínhamos perdido o último jogo de Pitball da
temporada, o que significa que a Neversky Academy havia vencido o
torneio.
Os últimos três meses de treinamento foram terríveis. A
professora Prestos assumiu o treinamento, mas entre sua vida
social agitada e as aulas de combate Elemental que ela
assumiu de Orion também, ela estava achando difícil lidar com
isso. Isso me fez perceber quanto de seu tempo ele dedicou a
esta escola, como ele realmente era mais dedicado do que
metade da equipe aqui. Nosso treinamento desmoronou sem
ele, e comigo e Darius constantemente distraídos, não ajudou
em nossa partida final. Tínhamos ficado apenas dois pontos
abaixo, mas ainda assim foi uma perda dolorosa para a escola.
Especialmente quando eles não perdiam a copa do torneio há
anos.
Nem mesmo permaneci no estádio para me trocar, estava
voltando para meu quarto para o banho mais longo da história
Fae, então faria as malas para amanhã. Tory e eu iríamos para
o Palácio das Almas no verão. Tínhamos passado em nossos
exames com louvor, mas mesmo isso não foi o suficiente para
acalmar a dor eterna e esmagadora em meu coração por causa
de Orion.
Meus amigos disseram que ia ficar mais fácil, mas estava
piorando. Uma realidade amarga estava se estabelecendo agora
e parte de mim só queria se enrolar em uma bola e se esconder
durante o verão. Mas eu não poderia fazer isso. Tínhamos que
tentar encontrar a Estrela Imperial antes de Lionel. E sem nada
para continuar, exceto algumas lendas antigas que havíamos
desenterrado nos arquivos, não tinha certeza de como iríamos
fazer isso.
Darius tinha Xavier espionando sua família tanto quanto
possível e Gabriel passava horas todos os dias prevendo para
tentar obter um vislumbre de onde a estrela estava escondida.
Até agora, eles tiveram pouca sorte. Mas não desistiríamos.
Amanhã, Tory e eu íamos caçar na biblioteca do Palácio.
Geraldine disse que havia tomos inteiros sobre a estrela ali,
então quanto mais rápido começássemos a procurar por mais
pistas, melhor.
Tirei os sapatos quando cheguei ao meu quarto, fechando
a porta e me despindo enquanto me dirigia para o chuveiro.
Depois de algumas horas, minha bolsa estava pronta e eu
sentei na minha cama em um short preto e um sutiã esportivo
cinza enquanto folheava um livro sobre a antiga realeza, o calor
no ar cada vez mais sufocante. Lancei gelo sobre o teto e
resfriei o ar para sacudir o calor do verão, ouvindo as risadas
dos alunos nos corredores enquanto se preparavam para as
celebrações desta noite.
Meu Atlas tocou e eu verifiquei minhas mensagens,
encontrando algumas de Tory depois que perdi o jantar. Ela me
perseguia em todas as refeições para ter certeza de que eu
estava comendo e eu adorava que ela se importasse em ter
certeza de que eu não desmaiasse. Fazia um tempo que eu não
fazia uma refeição, mas esta noite tinha um peso que eu não
podia escapar. Era o último dia do nosso primeiro ano no
Zodiac e eu deveria estar comemorando com Orion. Deveria ter
agradecido por tudo que ele fez para me ajudar a chegar aqui.
Em vez disso, estávamos a milhares de quilômetros de
distância e ele estava preso em algum buraco do inferno
miserável. Eu mantive minha palavra e não escrevi para ele,
mas mesmo assim, Darius não fez nenhum progresso em
encorajá-lo a concordar com o apelo. O que me fez realmente
temer que ele nunca concordasse.
Passei o resto da noite lendo tudo que pude sobre a
realeza, mas não encontrei nenhuma pista do paradeiro da
estrela. Quando finalmente terminei o livro, já era meia-noite e
minha mente estava acelerada de preocupação. Realmente
temos que encontrar algo tangível para prosseguir logo ou
estamos ferrados.
Mudei-me para a janela, abrindo-a para deixar entrar um
pouco de ar e meu olhar se fixou em uma luz na Floresta das
Lamentações. Estava na direção de King's Hollow, mas estava
escuro demais para dizer exatamente de onde vinha. Imaginei
que os Herdeiros ainda estavam festejando.
Minha mente pregou peças em mim enquanto as sombras
dançavam na grama abaixo e estremeci quando me afastei do
vidro e me joguei na cama.
Peguei meu Atlas, percorrendo as postagens do FaeBook
enquanto tentava impedir que o silêncio me arrastasse de volta
para os pensamentos sombrios que sempre pairavam nas
bordas da minha mente. Uma postagem sobre Orion fez meu
estômago dar um nó e eu não pude deixar de fazer uma pausa.

Marguerite Helebor: Três razões pelas quais acredito que


o Professor Orion nunca faria Coerção Negra em uma Vega para
transar com ele...
1. Err, por que ele se incomodaria? A garota tem cabelo azul
e fala com corvos. A menos que ele tenha uma queda por
aberrações, não há como ele a escolher entre todos os alunos
para arriscar sua reputação. #EleTinhaMelhoresOpções 2. Ele
não precisaria forçá-la a fazer merda nenhuma. Ela estava
sempre babando por ele na aula (de acordo com uma fonte
confiável). Aposto que ela implorou para chupar seu pau
diariamente #CadelinhaDoProfessor
#ApostoQueElaAjoelhouPorIsso 3. Veja a número 1
Conclusão: Darcy Vega pode realizar Coerção Negra! Não é
óbvio? Ela forçou o professor Orion a transar com ela, então o fez
levar a culpa no tribunal. Precisamos cuidar de nossas costas!
Até a professora Highspell concorda. #DarkVega #TalPaiTalFilha
#AlgoNãoEstáCertoSobreElas
Joguei meu Atlas ao meu lado com um grunhido. Agora,
por que me torturei lendo isso?
Marguerite tinha apenas algumas células cerebrais, mas
ela trabalhou muito para junta-las e chegar a esse pequeno
post maldoso. Já tinha cinquenta curtidas e eu não conseguia
acreditar que as pessoas estavam realmente engolindo suas
besteiras. Já era ruim o suficiente engolirem a história de
Orion, agora eles também estavam inventando a sua.
Eu rolei para o meu lado com uma bufada, me
confortando no fato de que eu pelo menos não teria que vê-la
ou mais ninguém do pelotão de cadelas durante todo o verão.
Meu Atlas tocou e eu o peguei novamente, meu coração
batendo fora de sintonia com a visão de uma mensagem em
grupo de Gabriel para mim e Tory.

Gabriel: O amor da minha vida acabou de entrar em


trabalho de parto! Estou indo para casa. Me desejem sorte!
PS: Irei ao Palácio em breve e ajudarei vocês a encontrarem
a Estrela Imperial. Se eu vir alguma coisa nesse meio tempo,
avisarei vocês.

O maior e mais genuíno sorriso que eu tinha usado em


anos se espalhou pelo meu rosto e me sentei na cama
enquanto digitava uma resposta, enviando a ele uma série de
emojis felizes no final. Eu mal podia esperar para conhecer
minha sobrinha ou sobrinho. Era uma loucura pensar que
tínhamos uma família que também estava crescendo
ativamente. Depois de conhecer a família de Gabriel alguns
meses atrás, eu mal podia esperar para recebê-los no Palácio
no verão. Especialmente agora haveria uma vidinha totalmente
nova para conhecer. Oooh e abraçar. Mandei uma mensagem
rápida para Tory, embora ela não tivesse respondido a de
Gabriel ainda, então imaginei que ela estava dormindo.

Darcy: Dibs no primeiro abraço!

Meu sorriso não ia embora e era tão bom realmente me


sentir feliz uma vez. Desisti de tentar me acalmar e deslizei
para fora da cama, calçando meus tênis e saindo pela porta,
sem me preocupar em trazer meu Atlas porque não tinha
bolsos. Eu daria uma caminhada para gastar essa energia
selvagem e tentar acalmar minha mente o suficiente para
dormir um pouco. Embora eu não pudesse ver isso
acontecendo tão cedo. Além dessas notícias empolgantes, eu
também tinha uma pilha de livros para trabalhar na minha
mesa que poderiam nos trazer algumas informações sobre a
Estrela Imperial. Se eu não conseguisse dormir, poderia ver
uma longa noite à minha frente procurando por eles. Mas
agora, eu só precisava de um pouco de ar.
Eu logo pisei na planície de grama além da Aer Tower e me
dirigi para a Floresta das Lamentações. Me movi para a luz
laranja brilhante de um poste para o próximo, me perguntando
se deveria passar pelo Orb para ver se alguém da A.S.S. estava
passeando por aí. Muitas pessoas já haviam passado a noite ou
voltado para casa. Era estranho pensar neste lugar vazio
durante todo o verão e tinha certeza que iria sentir falta.
O ar estava quente contra minha pele enquanto me
embrenhei mais na floresta, pegando o longo caminho que
circulava de volta em direção ao Orb.
Passos soaram em algum lugar ao longo do caminho atrás
de mim e me virei para olhar para trás, não encontrando
ninguém lá. Tentei não deixar isso me perturbar, mas me
descobri acelerando o passo quando os passos soaram
novamente e as folhas farfalharam em algum lugar acima de
mim.
São apenas Fae em suas Ordens.
Mas por alguma razão, não parecia isso. Parecia que eu
estava sendo vigiada... caçada.
Aumentei meu ritmo e preparei magia em minhas palmas
para o caso e os passos soaram atrás de mim mais uma vez.
Olhei por cima do ombro, lançando fogo em minhas
palmas e caçando o caminho escuro com meu coração batendo
mais forte contra meu peito. Tinha viajado uma boa distância
desde o último poste de luz e este canto da pista estava
densamente envolto em sombras.
Talvez eu devesse voar para fora daqui.
Um chocalho de gelar os ossos começou bem atrás de mim
e o medo cortou meu coração quando me virei. Mãos me
agarraram e um grito saiu de meus pulmões, ecoando na noite
antes que a magia pressionasse meus pulmões e parasse o
som, prendendo-o em meu peito e cortando qualquer chance de
alguém saber que eu estava em apuros.
Rosnei para o mundo quando meu Atlas tocou, tirando-me do sono
e tentei me esconder embaixo do travesseiro na tentativa de ignorá-lo.
Quem diabos estava me ligando agora?
No momento em que a ligação terminou, outra começou e
um formigamento de inquietação passou por mim enquanto me
perguntava quem diabos iria me ligar com tanta insistência no
meio da noite.
Empurrei o travesseiro e peguei meu Atlas, olhando para a
tela e franzindo a testa em confusão quando vi o nome de Diego
no identificador de chamadas.
“Se você realmente acha que eu estaria afim de uma
conversa à meia-noite com você, cara, você está absolutamente
enganado,” rosnei enquanto respondia.
“Tory! Graças a Deus, estou tentando falar com você.
Minha mãe acabou de adicionar outra memória à teia da alma.
E é ruim. Muito ruim,” seu tom de pânico fez meu coração
pular e o pavor percorreu meu corpo enquanto me perguntava
se Lionel havia encontrado a estrela. Já estávamos fodidos?
Gabriel tinha dito que tínhamos três semanas para estragar
seus planos e queria acreditar que tínhamos todo esse tempo
para vencê-lo na Estrela Imperial, mas talvez estivesse
fodidamente iludido em confiar nisso.
“Apenas cuspa fora,” retruquei enquanto empurrava para
fora da minha cama e olhava para fora da minha janela para o
céu escuro como breu coberto por um cobertor de estrelas.
“Lionel pegou a Darcy.”
Caí imóvel, cada centímetro de sangue em minha pele
congelando com uma onda de frio tão intenso que me cegou
enquanto corria pelo meu corpo. Meus ouvidos estavam
zumbindo, meu coração batendo forte e meu aperto no meu
Atlas aumentando como se fosse uma tábua de salvação, a
única coisa que impedia meus ossos de virar geleia e eu
desabar em um monte de nada no chão.
“Onde eles estão?” Exigi.
“Eu não estou totalmente certo. Mas acho que eles estão
na casa dos Orion. Eu só estive lá uma vez, mas acho que
reconheci a sala em que eles estavam,” sua resposta trêmula
veio e o medo em sua voz foi o suficiente para banir o meu.
Os verdadeiros Fae não permitiam que o medo os
detivesse. Minha irmã precisava de mim e isso era tudo que
importava. O terror me consumiria se eu deixasse. Mas eu não
deixaria. Endureci as paredes em torno das minhas emoções,
bloqueei o medo paralisante no fundo do meu coração, onde
Lionel Acrux não poderia tocá-lo e saltou em movimento.
“Conte-me tudo,” exigi enquanto corria para o meu
armário e abria, arrastando um par de calças de ioga pretas
por baixo da camisa de Pitball de Darius antes mesmo que ele
tivesse dito uma palavra.
“Eles a têm em um enorme salão de jantar com uma
lareira acesa. Lionel e Clara estão lá. Darcy está amarrada a
uma cadeira e eles a estão torturando para obter informações
sobre o item que procuram. Eles sabem que vocês também
estão procurando por ele...”
“Onde você está?” Eu estalei enquanto chutei meus tênis e
empurrei minha porta aberta.
“Acabei de sair da Aer Tower, ia entrar e arrombar sua
porta se você não atendesse e...”
“Volte e vá para o quarto dela,” eu ordenei. “Veja se há algo
lá para confirmar para onde a levaram.”
“O que você está fazendo?” Ele demandou.
“Conseguir reforços. Irei até você quando eu terminar.”
Cortei a ligação e subi as escadas para o quarto de Darius no
último andar.
Bati meu punho contra sua porta e quando ele não
respondeu de imediato, tentei a maçaneta. A porta estava
trancada, mas fechaduras mágicas estiveram em nosso exame
de Cardinal Magic e fomos muito além em nossos estudos para
dominá-las.
Tive que me esforçar para me concentrar enquanto meu
medo por Darcy me distraía, mas na terceira tentativa,
consegui encontrar o ponto fraco na fechadura que ele lançou e
forcei meu poder nela, quebrando o feitiço e empurrando a
porta abra na mesma respiração.
O cheiro de fumaça e cedro tomou conta de mim quando
entrei no espaço escuro, mas um olhar para a cama recém-feita
me deixou saber que ele não estava aqui.
Porra!
Eu disquei seu número enquanto fechava sua porta atrás
de mim, mas ele não respondeu, sua vadia do correio de voz
eletrônico me dando por favor, deixe uma mensagem de merda.
Fiz isso porque precisava da ajuda dele e não tive tempo de
ligar de novo.
“Darius, eu... preciso de você.” Que bom que não parece
totalmente patético. Se não fosse por Darcy, engoliria meu
orgulho de bom grado. “Lionel levou Darcy. Ele está com ela na
casa dos Orion e eles estão a torturando para obter
informações sobre a nossa busca pela Estrela Imperial. Se você
receber isso...” Bufei e forcei minhas próprias inseguranças e
orgulho profundamente em um poço de gelo do nada. “Por
favor, venha. Não posso perdê-la. Simplesmente não posso.”
Cortei a ligação, corri para o banheiro e destruí o painel
sob a banheira de hidromassagem com uma rajada de magia
de Fogo antes de pegar uma bolsa de poeira estelar de seu
esconderijo.
Eu arranquei sua camisa de Pitball e a deixei cair no chão
para que estivesse vestindo a blusa que eu estava usando por
baixo e pudesse tirar minhas asas da minha pele em chamas.
Empurrei a janela de Darius e espalhei minhas asas enquanto
mergulhava na noite, correndo pelo céu em direção à Aer
Tower.
Voei mais rápido do que antes, uma dor aguda torcendo
meu coração com a certeza de que minha outra metade estava
em apuros. Porra, sabe lá quanto tempo eles já a tinham. O
que eles fizeram com ela. Ou o que eles estavam fazendo agora.
O pânico que eu estava lutando para conter estava se
libertando da represa.
Poderia lidar com qualquer coisa neste mundo, menos
isso. Ela não. Se alguma coisa acontecesse com Darcy, toda a
luz do mundo seria roubada de mim.
Ela era a luz da minha escuridão, a alegria da minha dor.
Eu a amava mais do que a própria vida e não haveria vida se
eu não a tivesse ao meu lado.
Cheguei em sua janela e a abri, fazendo Diego gritar de
medo quando pulei para dentro. O quarto dela estava uma
bagunça, mas frequentemente estava ultimamente. Ela
alternava entre limpá-lo como uma mulher possuída e viver
como uma espécie de urso selvagem com um tesouro. Imaginei
que às vezes ela não se importava com isso o suficiente para
arrumar agora que Orion tinha ido embora e outras ela limpava
freneticamente apenas para ter algo para fazer que não o
envolvesse. Meu coração torceu ao pensar na dor que ela
sentiu desde sua prisão. E agora aquele Dragão filho da puta
bastardo tinha suas garras nela também.
Mas eu morreria antes de deixá-lo tirá-la de mim.
“Há alguma coisa aqui?” Perguntei enquanto Diego se
recuperava do choque.
“O Atlas dela,” ele apontou. “E a porta dela estava
destrancada.”
“Mostre-me a memória,” exigi, estendendo minha mão
para ele e ele a pegou instantaneamente.
Engasguei quando ele me arrastou para as Sombras ao
seu lado e uma nuvem branca apareceu na escuridão, suas
memórias compartilhadas aparecendo diante de mim da névoa.
Eu estava olhando através dos olhos de uma mulher
enquanto ela caminhava por um longo corredor em uma casa
de aparência gótica, seus saltos altos cortando as tábuas do
piso de madeira.
Ela se aproximou de uma porta, mas antes que pudesse
abrir, um grito agudo cortou o ar e a dor rasgou meu peito
quando reconheci a voz de Darcy.
A mulher abriu a porta enquanto o grito diminuía e o
medo em mim se transformou em agonia, o que me partiu em
dois quando avistei Darcy amarrada a uma cadeira no centro
da sala.
Lionel estava diante dela, os braços cruzados enquanto
fazia uma pergunta e sua voz cheia de um tipo vívido de
excitação.
“Diga-me onde está escondido,” ele rosnou.
“Vá se foder,” Darcy sibilou, cuspindo sangue de seus
lábios enquanto Clara gargalhava de alegria.
“De novo, papai?” Ela perguntou ansiosamente.
Lionel acenou com a cabeça com firmeza e ela estendeu a
mão para colocar as mãos em cada lado das têmporas de Darcy
enquanto Sombras espessas derramavam de suas palmas.
Darcy gritou tão alto que me cortou, rasgando minha alma
em pedaços e fazendo minha visão embaçar enquanto eu
estava cheia de raiva e a necessidade desesperada de ajudá-la.
Eu mal percebi enquanto Diego nos arrastava de volta à
realidade e o mundo das Sombras desaparecia.
“Você tem certeza de que é a casa dos Orion?” Exigi
enquanto piscava para conter as lágrimas e prendia Diego no
meu olhar.
“Sim,” ele falou sob sua respiração.
“Nunca estive lá antes. Então você vai ter que me levar.”
“Como?” Ele engasgou, seus olhos se arregalando de
medo.
“Tenho poeira estelar e posso nos tirar do campus para
usá-la.”
Eu não esperei por sua resposta antes de lançar uma rede
de magia de Ar ao redor dele e pular para fora da janela
enquanto o puxava atrás de mim. Voei para a lacuna na
fronteira mágica ao redor do campus o mais rápido que pude,
arrastando Diego comigo enquanto ele gritava de dentro da
bolha de magia de Ar que eu estava usando para transportá-lo.
Mas eu não tive tempo para perder esperando ele andar até lá,
então não pude me importar.
Caí do céu ao lado da barreira, colocando Diego de pé ao
meu lado enquanto ele ofegava de medo.
“Vamos,” ordenei enquanto conduzia o caminho através da
lacuna nas defesas para o mundo exterior.
Liguei para Darius novamente uma última vez, mas meu
Atlas morreu antes que o segundo toque soasse. Amaldiçoei e,
em vez disso, tirei a poeira estelar do bolso, entregando-a a
Diego.
“Nunca usei poeira estelar antes,” ele falou sob sua
respiração e o terror em seus olhos parecia quase consumi-lo.
“É fácil. Basta jogá-la sobre nós e se concentrar no lugar
que precisamos ir,” respondi.
“Tudo bem...” Diego tirou uma pitada de poeira estelar da
bolsa, soltou um suspiro trêmulo e depois jogou sobre nossas
cabeças.
As estrelas giraram e giraram ao nosso redor enquanto
éramos puxados para seus braços e eu só podia esperar que
chegássemos lá antes que fosse tarde demais.
Eu estava presa em uma rede, me contorcendo contra minhas
amarras enquanto meu captor lançava uma magia poderosa para me
manter no lugar. O medo cortou minhas veias enquanto eu lançava fogo
em minhas palmas, tentando queimar meu caminho livre.
“Deixe-me ir!” Gritei assim que fui jogada em um chão
duro e minhas costas impactaram com isso.
As videiras se desenrolaram de repente e olhei para os
Herdeiros no centro do salão em King's Hollow. Seth, Caleb e
Max acenaram seus dedos para mim, que tinham sido lançados
na ilusão de se parecerem com sondas Ninfa, rindo muito.
O alívio me inundou, mas a raiva rapidamente cresceu em
seu lugar.
“Isso não é engraçado,” rosnei, ficando de pé e apagando o
fogo em minhas palmas, embora tivesse uma boa mente para
queimar suas bundas em vingança.
Darius estava no canto da sala, balançando a cabeça para
eles enquanto bebia uma cerveja.
“Eu disse a eles que era estúpido,” disse ele.
“Foi muito hilário.” Seth caiu no sofá, dando uma
gargalhada.
“Você gritou como se um Pegasus tivesse enfiado o chifre
em sua bunda.” Caleb caiu ao lado dele, sorrindo de orelha a
orelha.
“Bem, você saberia.” Eu plantei minhas mãos em meus
quadris, levantando minhas sobrancelhas para ele e o Vampiro
franziu a testa por um segundo antes de desmoronar
novamente. Seth se aninhou contra ele enquanto eles perdiam
a cabeça de tanto rir e Max se aproximou de mim, me
oferecendo uma garrafa de algo chamado Suco Arco-íris.
“Tome uma bebida conosco, pequena Vega,” disse ele,
conjurando um copo de gelo e despejando o líquido nele. De
alguma forma, ficou multicolorido, brilhando sedutoramente.
“O que é isso?” Peguei o copo, cheirando-a e uma doçura
celestial encheu meu nariz.
“Isso te deixa boba,” disse Max, seus olhos brilhando. “E
você definitivamente parece que precisa de uma risada.”
“Onde está Roxy?” Darius perguntou enquanto se jogava
em uma poltrona e tirava seu Atlas de um deck de
carregamento, ligando-o.
“Ela não está presa ao meu quadril o tempo todo,”
provoquei. “Ela foi para a cama.” Tomei um gole do suco e
percebi que, na verdade, apenas bebi de bom grado algo que
um Herdeiro havia me dado. Puta merda, quando comecei a
confiar em Max Rigel?
A risada de Seth e Caleb parecia estar passando assim que
uma onda de energia derramou em meus membros e uma
risada explodiu de meus lábios. Max imediatamente passou a
mão no meu braço, tentando absorver o sentimento e eu não
me preocupei em colocar minhas barreiras enquanto ele se
alimentava da minha felicidade.
“Bem, isso faz uma mudança,” disse Max, uma ruga em
sua sobrancelha. “Sempre que tenho lido sobre você nos
últimos meses, tudo o que sinto é tristeza.”
“Tão triste,” concordei com uma risada selvagem,
colocando o Suco Arco-íris na mesa de café enquanto mais
risadas passavam por mim.
“Ei, vamos brincar com outra pessoa, e aquele menino do
gorro?” Caleb sugeriu animadamente, saltando em sua cadeira
e Seth começou a latir como um cachorrinho ao lado dele. Os
dois eram estranhamente fofos às vezes.
“O nome dele é Diego,” falei, ainda rindo. “Oh pelas
estrelas, o gorro dele é tão estranho.” Eu agarrei minha barriga
quando outra onda de alegria tomou conta de mim e Max me
ofereceu a garrafa novamente. Eu acenei minha mão para
recusar enquanto as lágrimas rolavam pelo meu rosto. “Seu –
gorro - foi - tricotado - por - sua - abuela,” engasguei e Seth
uivou de tanto rir, pulando e pegando o Suco Arco-íris de Max
antes que ele pudesse beber.
Caleb disparou para frente, arrebatando-o dele e engolindo
um gole enquanto Seth o empurrava no peito enquanto ele
tentava pegá-lo de volta.
“Foda-se,” Darius engasgou e todos nós nos viramos para
ele, minha alegria finalmente diminuindo quando a expressão
sombria em seu rosto enfiou uma adaga em meu coração. Ele
segurou seu Atlas no ouvido, claramente ouvindo algo e Caleb
de repente plantou a garrafa no chão, atirando para frente
quando ele ouviu também.
“O que está acontecendo?” Perguntei, preocupação
queimando um buraco através de mim.
“Ela está com problemas,” Caleb começou a rir, em
seguida, bateu a mão na boca enquanto tentava engolir os
efeitos do suco.
“O que você quer dizer com ela está com problemas? Quem
é?”
Darius se levantou de repente, o calor emanando de sua
pele. “Roxy acha que meu pai sequestrou você.”
“O quê?” Ofeguei. “Por quê? Como?”
“Eu não sei. Mas ela foi para a casa dos Orion para
encontrar você. Tentei ligar de volta, mas a linha está muda.”
O pânico percorreu meus membros e me congelou por um
segundo inteiro.
“Porra, não, temos que ajudá-la.” Caleb agarrou seu
estômago enquanto ria, acenando com a mão em um pedido de
desculpas. “Não é engraçado, não consigo parar.”
Darius bateu com a mão em suas costas e a magia
explodiu em uma onda verde. Caleb engasgou por um
momento, em seguida, respirou fundo enquanto era curado dos
efeitos do Suco Arco-íris.
“Obrigado,” murmurou, sua expressão ficando
mortalmente séria em um instante.
Virei-me para a janela e soltei minhas asas de minhas
costas enquanto o medo me cegava.
“Darius, eu preciso de poeira estelar,” implorei, o terror
fazendo o Fogo da Fênix inundar minhas veias. Precisava
chegar até ela. Agora mesmo. “Temos que ir atrás dela!” Gritei,
mas percebi que não precisava quando Caleb correu para o
meu lado como um borrão e os outros Herdeiros entraram em
ação.
“Encontro no perímetro,” gritou Darius, marchando para
um baú ao lado da sala e pegando uma mochila volumosa dela
antes de jogá-la para Max enquanto ele e Seth corriam para a
porta. Caleb empurrou a janela aberta e mergulhou para fora
sem dizer uma palavra, sua testa tensa de preocupação.
“Todo mundo está vindo?” Murmurei surpresa enquanto
subia no parapeito da janela.
“Claro que sim,” Darius rosnou com firmeza e meu coração
apertou com isso.
Eu pulei da janela, liberando minhas asas e voando sobre
a Floresta das Lamentações com meu pulso batendo contra
minhas têmporas.
Estou indo, Tor. Aguente.
O uivo de Seth veio de baixo e eu o avistei em sua enorme
forma de lobo branco carregando Max nas costas enquanto eles
corriam sob as árvores. Eu bati minhas asas e um rugido no
alto me fez estremecer quando a forma dourada do Dragão de
Darius passou por cima. O vento soprou sobre mim, me
arrastando e eu o ultrapassei mais uma vez, navegando sobre o
Território Terrestre e pousando perto da lacuna que Orion
havia deixado na cerca.
O pânico me mastigava por dentro, mas precisava manter
a cabeça fria.
O que Lionel quer com ela? Por que ela pensaria que estou
lá?
Caleb estava esperando por nós, penteando os dedos
ansiosamente pelo cabelo e Darius pousou com um baque
pesado ao lado dele.
Quando coloquei minhas asas de lado, o estrondo de patas
pesadas rasgou o chão atrás de nós e me virei quando Seth e
Max chegaram. Seth mudou no mesmo momento que Darius e
Max jogou as roupas da mochila que carregava como se eles
tivessem feito essa rotina milhares de vezes antes. No momento
em que eles se vestiram, Max tirou uma bolsa de poeira estelar
da sacola e passamos pela abertura na cerca sem que uma
palavra precisasse passar entre nós.
As mãos de Seth roçaram meus braços enquanto ele me
seguia, um gemido deixando sua garganta. “Ela vai ficar bem.
Nós a traremos de volta.”
Acenei com a cabeça, me preparando enquanto Max se
movia através da cerca e Darius agarrou a bolsa dele.
“Fiquem juntos,” Darius ordenou enquanto pegava uma
pitada de poeira em sua mão e todos nós nos aproximamos.
“Meu pai não deve ser subestimado.”
“E se isso for uma armadilha?” Murmurei, meu peito
comprimindo, o terror por minha irmã tornando difícil respirar.
“Então estaremos tão prontos quanto podemos,” Caleb
disse severamente. “Juntos, somos uma força a ser
reconhecida.”
Assenti, me consolando com o fato de que todos eles
estavam cegamente entrando na batalha comigo. Pelo menos,
era assim que parecia. Como se uma guerra inteira estivesse
esperando além da poeira estelar que Darius estava prestes a
lançar.
Ele jogou no ar e eu preparei a magia em minhas mãos,
sem saber o que esperar, mas eu enfrentaria qualquer coisa
para ter minha irmã de volta.
Nos arrastamos pelo terreno da Mansão Orion, envoltos em um
feitiço de ocultação que eu consegui construir para ajudar a nos esconder
nas sombras. Não era bom o suficiente para resistir a um escrutínio
direto, mas na amena noite de verão, era mais do que suficiente para nos
esconder no jardim escuro.
Diego estava tão perto de mim que ficava batendo nas
minhas costas e eu estava meio tentada a dizer a ele para
esperar do lado de fora. Ele estava indo muito melhor nas
aulas, mas ele estava longe de ser o grupo mais forte em
nossas aulas de Combate Elemental e qualquer um que
encontrássemos aqui iria facilmente derrotá-lo.
Eles me superariam tecnicamente se estivéssemos falando
de habilidade, mas se fosse necessário, eu não iria ser sutil.
Uma das primeiras lições que aprendi em nossa aula de
combate era que poder pode sobrepujar habilidade na maioria
das vezes. Lionel e Clara eram obviamente poderosos o
suficiente para não me ajudar muito, mas se a família de Diego
ou qualquer outro Fae estivesse aqui, eu estava disposta a
apostar que poderia acertar um soco forte o suficiente para
vencê-los.
O prédio estava quase todo às escuras, mas a leste da casa
a luz brilhava através das cortinas que cobriam algumas das
janelas inferiores.
Meus instintos me disseram que era onde eles deveriam
estar, mas eu não iria direto para isso.
“Preciso que você cause uma distração,” eu sibilei para
Diego. Tinha uma bolha silenciadora nos cobrindo, mas não
parecia certo falar em um nível normal.
“Como o quê?” Ele perguntou, seus olhos se arregalando
de medo.
“Vou acender um fogo e assim que estiver do outro lado da
casa, você usa sua magia do Ar para fazer as chamas entrarem
em ação até que sejam grandes o suficiente para chamar a
atenção, então apenas corra. Papai Acrux e sua vadia das
Sombras virão correndo, eu agarro Darcy e então vamos voar
para fora daqui. Devemos dividir a poeira estelar para que você
possa usar sua parte para escapar de volta para a academia
assim que o fogo criar raízes.”
“E se der errado e você for pega?” Ele sibilou
ansiosamente.
“Então você ainda precisa voltar para a academia,
encontrar Darius e fazer com que ele venha salvar minha
bunda.” Meu intestino torceu com a ideia de arrastar Darius
para isso. Se ele aparecesse e mostrasse sua mão ao tentar nos
ajudar contra seu pai, não tinha certeza do que Lionel poderia
fazer com ele em retaliação. Eu também estava muito surpresa
por saber com certeza que ele viria de qualquer maneira. Muita
coisa aconteceu este ano entre nós, mas tinha que admitir que
agora, quando se tratasse da merda no ventilador, sabia que
ele estaria ao meu lado se pudesse. O que significava que eu
confiava nele. E não havia muitas coisas mais surpreendentes
do que isso.
“Tem certeza?” Diego perguntou, pegando minha mão para
me impedir de sair.
“Minha irmã está aí, Diego,” rosnei. “Mesmo a própria
morte não poderia me impedir de ir ajudá-la.”
“Tudo bem,” ele concordou e antes que soubesse o que
estava acontecendo, ele jogou os braços em volta de mim. “Boa
sorte,” ele falou sob sua respiração.
“Você também.” Aceitei o saco de poeira estelar dele assim
que ele pegou sua porção e voltei minha atenção para criar
uma pequena chama no canto mais distante da casa.
Diego assumiu o controle de atiçar as chamas com sua
magia do Ar e me afastei dele enquanto contornava o enorme
edifício.
No meio do caminho ao longo da parede, encontrei uma
janela aberta e entrei sorrateiramente, caindo em uma
banheira vazia enquanto fazia uma pausa para ouvir os sons
dentro do edifício.
Tudo estava quieto e minha pulsação estável enquanto eu
rastejava em direção à porta no escuro. Tinha feito mais do que
o meu quinhão de roubo para ter certeza de como me mover
por uma casa sem ser detectada. Roubos de casa não eram
realmente minha praia, mas muitas vezes as pessoas se
esqueciam que a maneira mais simples de roubar uma moto
era roubando as chaves. E se as pessoas eram burras o
suficiente para deixar suas chaves penduradas em um gancho
ao lado da porta enquanto deixavam as janelas abertas, então
elas realmente estavam pedindo para eu entrar e pegá-las.
Eu abri a porta lentamente e saí para o corredor no
momento em que Darcy gritou de algum lugar dentro da casa.
Eu ouvi aquele som como um soco no coração e comecei a
correr em direção a ele sem hesitar.
Minha bolha silenciadora escondeu meus passos enquanto
eu acelerava ao longo do corredor vazio, mas quando me
aproximei da fonte dos gritos, me forcei a desacelerar.
Queria pular naquela sala e matar todo filho da puta lá
que ousou colocar a mão na minha irmã, mas tinha que me
forçar a ser inteligente. Tinha que esperar a distração de Diego
para atraí-los.
A luz se espalhou por baixo de uma porta no final do
corredor e meu coração deu um pulo ao som da voz de Lionel
vindo de dentro dela.
“Diga-nos agora, ou você só vai sofrer mais,” ele rosnou e
meu sangue gelou com seu tom gelado.
Houve o som de algo quebrando e, em seguida, uma
maldição. O cheiro de fumaça encheu o corredor e um gosto de
giz revestiu minha língua enquanto me abaixava para passar
por baixo de uma escada curva e permitia que meu feitiço de
ocultação me escondesse.
Estremeci quando o medo em mim aproveitou a
oportunidade para erguer a cabeça e tentei invocar o conforto
do meu Fogo da Fênix para bani-lo. Mas, em vez da calmaria
das chamas, tudo o que senti da besta sob minha carne foi
uma sensação de sonolência enquanto tentava invocar minha
Ordem.
A porta se abriu diante de mim e me encolhi nas sombras
quando um borrão de movimento disparou para longe de mim
em direção à fonte do fogo na outra extremidade da casa. Um
momento depois, Lionel saiu da sala também, a porta
balançando atrás dele enquanto suas botas batiam contra o
assoalho e ele seguiu o Vampiro, que esperava que fosse Clara,
em direção à fonte da fumaça.
Obriguei-me a permanecer imóvel enquanto esperava que
ele saísse de vista no final do corredor, em seguida, cambaleei
para frente.
Eu larguei os feitiços de ocultação e silenciamento ao meu
redor e lancei um escudo sólido de ar antes de conjurar uma
lâmina de gelo em minha mão e correr direto para a sala onde
eles estavam segurando minha irmã.
Eu só tinha que entrar lá, agarrá-la e sair dessa casa.
Assim que estivéssemos do lado de fora, poderíamos soltar
nossas asas e voar. Mesmo Clara não conseguia nos pegar nas
nuvens. E embora Lionel pudesse nos perseguir em sua forma
de Dragão, eu já havia voado como um Dragão antes e no
momento em que estivéssemos além do perímetro desta casa
usaríamos a poeira estelar em meu bolso para retornar à
academia. Fácil.
Empurrei a porta e corri vários passos antes de cair imóvel
enquanto olhava para a sala de jantar vazia em confusão.
Havia uma enorme mesa de mogno à direita da sala e uma
lareira na outra extremidade. Uma longa janela dava para o
terreno da propriedade e as cortinas eram largas. O fogo
queimava em arandelas ao redor da sala, lançando o espaço em
luz quente, mas não havia absolutamente nenhum sinal de
Darcy, ou de qualquer outra pessoa.
“Eu deveria ter contado com a sua estupidez mais cedo,” a
voz de Lionel veio atrás de mim e me virei enquanto apertava o
escudo que me cercava.
“Onde está minha irmã?” Rosnei quando seus lábios
formaram um sorriso mortal e ele se afastou de onde estava
parado atrás da porta. Meu cérebro tentou compreender como
isso era possível. Apenas o observei caminhar pelo corredor do
lado de fora.
“Oh, isso mesmo, eles não te ensinam como detectar uma
ilusão no seu primeiro ano, ensinam? Pena que você não tem
pais para garantir que esteja tão à frente da classe quanto meu
Herdeiro,” Lionel zombou, sacudindo os dedos para que o som
dos gritos de Darcy enchesse o ar e um calafrio percorresse
minha espinha.
“Ela não está aqui?” Murmurei, alívio derramando por
mim quando percebi que era uma armadilha. Eu fui uma vadia
estúpida e idiota por entrar nisso, mas nem me importei
naquele momento. Porque isso significava que Darcy ainda
estava segura.
“Suponho que você também acreditou que eu saí pelo
corredor atrás de Clara?” Ele zombou enquanto dava um passo
para mais perto de mim e meu aperto aumentou na lâmina de
gelo em minha mão.
Havia uma fome em seus olhos enquanto seu olhar
passeava por mim, o que fez minha pele arrepiar.
Ele estava vestindo uma camisa branca com os botões
desabotoados para revelar seu peito musculoso, onde fiquei
surpresa ao ver quase tanta tinta quanto Darius. Mas suas
tatuagens não eram cheias de beleza e poder como as de seu
filho. Elas eram todas feitas de runas que pareciam se
contorcer contra sua carne como se tivessem sido construídas
a partir das próprias Sombras e quanto mais meu olhar se
demorava nelas, mais tinha certeza de que era verdade.
Recuei lentamente enquanto ele se aproximava de mim,
feliz por fazer o papel de presa para este caçador se isso me
colocasse mais perto de uma saída.
“Diego está trabalhando para você?” Rosnei, a raiva
queimando por mim com o pensamento dele nos traindo. O
agente duplo perfeito, ganhando nossa confiança ao admitir
que foi enviado para nos espionar e depois nos fazer de idiotas
quando decidimos acreditar que ele mudou de idéia.
“Oh, era melhor do que isso. O garoto Polaris é um
espécime patético que realmente se apaixonou por seus
encantos. Mas ele não deu conta da minha querida Clara. Seu
controle sobre as Sombras permite que ela olhe através dos
olhos de qualquer pessoa conectada à teia de alma da família
Polaris. Sabíamos que ele havia mudado de lado, mas o
deixamos no lugar, usando-o para monitorar você, quisesse ou
não.”
“Então, por que desistir dele agora?” Perguntei, recuando
novamente e esperando que ele não entendesse minha
manobra de me aproximar da janela.
“Porque eu preciso de uma Vega. E minha vidente previu
sua irmã deixando seu quarto para que você não pudesse
localizá-la. E como você acreditaria no pior com tanta
facilidade. Bastou alguns minutos de Drusilla assistindo a uma
ilusão de sua querida irmã sendo torturada para criar a
memória para a teia. Ela a entregou para seu filho covarde e
você veio atacando como uma guerreira para resgatar
Gwendalina quando você era na verdade apenas um cordeiro
do sacrifício correndo para o bloco de corte do açougueiro.”
Engoli em seco enquanto entendia as profundezas desse
plano. A maneira como as estrelas deixaram as coisas se
alinharem para ele permitir que tudo isso acontecesse. Por que
elas o favoreceram e nos amaldiçoaram? Elas estavam
realmente ansiosas para que todo o reino caísse nas mãos
daquele louco?
“Para que você me quer?” Perguntei, levantando meu
queixo enquanto olhava em seus olhos frios.
Seu cabelo loiro estava penteado para longe de seu rosto
insensível e eu estava feliz que houvesse tão pouco de sua
aparência em Darius.
“Estou procurando por algo,” disse ele lentamente,
umedecendo os lábios enquanto dava mais um passo em
minha direção. “Algo que está vinculado ao sangue real.”
Eu mantive meu rosto em branco, não querendo que ele
interpretasse qualquer coisa de nossas próprias tentativas de
encontrar a Estrela Imperial pelo olhar em meu rosto. Não que
tivéssemos tido muita sorte ainda, mas com as visões de
Gabriel para ajudar a nos guiar, estávamos fazendo alguns
progressos para descobrir onde estava.
“Mas descobri algo preocupante sobre isso,” ele continuou,
como se estivéssemos tendo uma conversa agradável tomando
chá com creme ou algo assim. “Acontece que eu preciso de
sangue real para manejá-la. E então eu percebi, você tem
sangue mais do que suficiente para gastar.”
“Você não está tomando uma gota do meu sangue,” rosnei.
Tentei levar minha Fênix para a minha carne para ajudar
a me dar força, mas ainda parecia que estava dormindo e meu
coração palpitava inutilmente enquanto eu tentava descobrir o
que isso significava.
Lionel me observou ansiosamente como se estivesse
esperando que fizesse a minha jogada e eu percebi que
realmente precisava fazer isso.
“Venha agora, Princesa, não vamos perder tempo.”
Eu sacudi meus dedos para ele e uma bola de fogo
explodiu no espaço entre nós, cegando-o por um momento
enquanto me virava e corria para a janela.
Uma segunda bola de fogo quebrou o vidro à minha frente
e eu pulei na borda, mas bati em uma parede sólida de magia
de Ar antes que pudesse sair.
Amaldiçoei enquanto caia de bunda, apertando o escudo
que construí em torno de mim enquanto jogava a lâmina de
gelo em minha mão para ele.
O olhar de Lionel iluminou-se de alegria quando ele a
derreteu facilmente e lançou uma explosão de magia de Fogo
atingindo meu escudo com força suficiente para fazer minha
respiração parar.
“Por que você não me acerta com um pouco de Fogo da
Fênix?” Ele zombou enquanto eu conjurava videiras para
irromper das tábuas do assoalho a seus pés e se enredar em
seu corpo.
Tentei alcançar minha Fênix novamente enquanto Lionel
era forçado a dar sua atenção para lutar contra as videiras e
meu coração palpitava em pânico quando eu não consegui
retirá-la da minha pele.
“O que você fez comigo?” Rosnei, jogando mais magia nas
videiras e perseguindo-as com gelo para prendê-las no lugar
em torno de suas pernas.
“Não queria que você usasse seus presentes de Ordem
para fugir antes de oferecer seus serviços, então enchemos a
casa com Supressor de Ordem. Você não será capaz de visitar
sua amada Fênix por horas, pelo menos não a menos que você
tome uma injeção do antídoto como Clara e eu fizemos.” Lionel
sorriu para mim enquanto revelava toda a extensão dessa
armadilha e me amaldiçoei por ser uma idiota teimosa e entrar
direto nela.
Fiquei boquiaberta com ele em horror e Lionel aproveitou a
oportunidade para destruir minhas vinhas e gelo com uma
poderosa inundação de magia de Fogo antes de enviá-la voando
em minha direção.
Eu me preparei para isso, construindo meu próprio fogo ao
meu redor enquanto o calor das chamas apenas alimentava
meu poder e eu puxava todo o seu fogo sob meu controle
também, absorvendo a explosão antes de jogá-la de volta nele
dez vezes.
Rosnei para ele enquanto ele lutava para se proteger e
segui meu ataque com uma torrente de água que congelei em
toda a superfície de seu escudo, tornando-o cada vez mais
grosso para contê-lo enquanto corria para a janela quebrada
novamente.
Eu praguejei de frustração quando encontrei meu caminho
ainda bloqueado por seu escudo de ar e voltei minha atenção
para a parede, enquanto o som de gelo quebrando encheu a
sala.
Juntei o poder em minhas mãos e lancei fogo e ar na
parede com tudo o que tinha. Tijolos e argamassa explodiram
da lateral da casa e apertei meu escudo enquanto mais uma
chuva caía sobre mim.
Corri para o buraco cavernoso que abri na parede da casa,
mas Lionel jogou chicotes de fogo ardente atrás de mim.
Eles se enrolaram em torno do meu escudo de ar,
envolvendo-o com força e me puxando para parar enquanto
lutava para manter o escudo intacto.
Engasguei quando meus pés começaram a deslizar para
trás no piso de madeira enquanto Lionel usava os chicotes para
me arrastar de volta para ele.
Cerrei meus dentes e empurrei mais poder em meu
escudo, focando nas laterais dele onde os chicotes estavam
apertando.
A magia do Ar bateu no topo do meu escudo com tanta
força que roubou meu fôlego e com meu foco em segurar os
lados, sua magia perfurou a minha.
Gritei quando fui presa em uma gaiola de ar e fui puxada
do chão.
Minhas costas colidiram com a mesa de jantar de mogno e
a dor estilhaçou minha espinha enquanto cordas de magia do
Ar se torciam ao meu redor para me segurar.
Eu lutei contra elas com tudo que tinha, mas como meus
braços estavam presos no lugar, ficou cada vez mais difícil
dobrar meu poder à minha vontade.
Lionel se moveu para ficar aos meus pés e eu o xinguei
enquanto me debatia contra as amarras, conseguindo arrancar
uma perna e chutá-lo bem no nariz.
Um rosnado tremendo saiu de seus lábios enquanto o
sangue derramava sobre seu rosto e um flash de triunfo me
encheu enquanto lutava como um gato para me libertar do
resto de sua magia.
Lionel agarrou minha perna, seus dedos cravando na
panturrilha com força suficiente para me fazer gritar quando
ele a prendeu na mesa novamente.
Mas eu não desistiria. Me recusei a me curvar aos
caprichos desse psicopata e estava mais do que disposta a
sangrar pela minha liberdade se isso fosse o necessário para
reivindicá-la.
As Sombras lamberam intensamente sob minha pele e eu
deslizei em seu domínio tão facilmente quanto respirar,
cobrindo minha carne em escuridão que ansiava por sangue.
Sombras enrolaram do meu corpo, alcançando-o
ansiosamente e envolvendo em torno de seus pulsos enquanto
ele lutava para me conter.
Eu as incitei enquanto pressionavam sob sua pele, indo
para seu coração, sua alma, seu poder.
Lionel grunhiu quando minhas Sombras o invadiram e um
sorriso torto capturou meus lábios enquanto sentia sua fome
me infectando. Quanto mais eu perseguia o que elas queriam,
mais forte seu controle sobre mim crescia e mais doce sua
chamada soava.
Para minha surpresa, Lionel não estava tentando lutar
comigo, em vez disso, seus olhos brilharam de alegria enquanto
eu mergulhava mais e mais na escuridão.
“É isso,” ele falou sob sua respiração, seu aperto na minha
perna afrouxando até que ele estava me acariciando em vez de
me conter. “Abrace isso.”
Suas palavras soaram como um sino tocando em meus
ouvidos enquanto meu corpo inteiro formigava com o prazer
que as Sombras estavam entregando a mim. Elas doíam para
que eu as empurrasse ainda mais, chamando meu nome como
a canção mais doce. Mas à medida que me aproximava do
esquecimento que eles ofereciam, a memória da voz da minha
irmã me chamou de volta.
Com um grunhido de desafio, me afastei da escuridão,
minhas costas arqueando contra a mesa enquanto eu puxava
as cordas de magia que prendiam meus pulsos e forçava as
Sombras de volta sob minha carne.
Os lábios de Lionel se curvaram para trás em um sorriso
de escárnio e sua magia rapidamente girou em torno da minha
perna livre quando ele a amarrou também.
A magia do Ar apertou minhas mãos enquanto elas eram
pressionadas contra a mesa, e ele lançou um escudo apertado
ao redor delas, travando-as para que eu não pudesse lançar
nenhuma magia.
“Que porra você quer?” Gritei com ele quando ele estendeu
a mão para curar o dano que fiz em seu rosto.
“Preciso de uma Vega que esteja disposta a se curvar a
mim,” ele ronronou enquanto se movia ao redor da mesa, seus
olhos brilhando quando ele olhou para mim, presa embaixo
dele como uma borboleta em uma prancha esperando o fim.
“Eu prefiro morrer,” rosnei.
Lionel resmungou como se eu não fosse nada mais do que
um inconveniente para ele. “Sempre me surpreende quantos
Fae falam essas palavras como se não fossem nada. Sim, a
morte pode ser uma simples liberação, mas e se não for um
assunto fácil? E se eu ficar aqui e te cortar pedaço por pedaço
até que você concorde com meus termos? Sempre que você
chegar perto da morte, posso simplesmente curá-la e começar
de novo. Por quanto tempo você acha que vai resistir a mim
então?”
Ele se moveu para olhar nos meus olhos e cuspi bem em
seu rosto.
O psicopata nem mesmo se encolheu, mas seu olhar
escureceu avidamente quando ele estendeu a mão para tirar o
cabelo do meu rosto.
“Tudo o que você tem que fazer para me fazer parar é se
entregar às Sombras,” ele murmurou enquanto se movia ao
redor da mesa, seus dedos percorrendo meu corpo do pescoço
até o tornozelo e puxando um estremecimento de repulsa em
minha pele antes que ele parasse aos meus pés. “Assim que
você se render ao poder das trevas, você irá de bom grado
seguir a Princesa das Sombras e cumprir minhas ordens
quando necessário.”
“Nunca,” rosnei e o canto de seus lábios se contraiu em
diversão.
Lutei para conter meu medo quando ele tirou meu tênis e
arrastou o polegar pela sola do meu pé.
“O que você está fazendo?” Perguntei, meus músculos
tensos quando ele deslizou uma faca de seu cinto.
“Você precisa saber exatamente a quem você pertence,”
Lionel murmurou, sua expressão iluminando-se faminta. “E
tenho uma pequena teoria de que com sua forma de Ordem
bloqueada, você não será mais imune ao fogo do Dragão.
Quantas vezes você acha que terei que queimar meu nome em
sua carne antes que a mensagem apareça?”
Seu aperto no meu pé aumentou de repente e empurrei
contra a mesa em pânico quando ele colocou a faca na mesa e
levantou um dedo, segurando-o perto da sola do meu pé para
que eu pudesse sentir o calor derretido de sua magia.
“Espere,” engasguei, mas ele não perdeu o ritmo enquanto
pressionava o dedo na minha carne e começava a marcar a
letra A no meu pé.
A dor era cegante, cada nervo do meu corpo se iluminando
como se estivesse pegando fogo enquanto eu resistia contra
minhas restrições e sua magia me segurava. Nunca senti a dor
do fogo antes e era diferente de tudo que eu já tinha conhecido.
A queimadura que rasgou em mim cavou através da minha
carne e me acendeu em agonia enquanto ele traçava o dedo
sobre a minha pele.
Mordi minha língua contra o grito que queria liberar,
sentindo o gosto de sangue enquanto lutava contra isso com
tudo que tinha e meu coração batia tão forte que temia que
fosse explodir.
Lionel finalmente terminou de marcar o X no meu pé, o
que completava seu sobrenome, e eu ainda caí contra a mesa,
ofegando quando uma lágrima escorregou do canto do meu
olho. Mas ele não terminou ali.
“O único problema que tenho com queimaduras,” disse ele
lentamente enquanto levantava a faca da mesa e pressionava-a
contra minha pele. “É que eu não consigo ver você sangrar.”
Um grito se alojou na minha garganta quando a faca
cortou minha carne e ele desenhou uma linha de agonia sob
seu nome, derramando o sangue que ele estava tão ansioso
para ver.
Eu quase desmaiei e quando ele puxou a faca
ensanguentada, caí de costas contra a mesa mais uma vez com
meu peito arfando enquanto lutava para recuperar o controle
de meus pensamentos.
O sorriso que ele me deu foi de pura alegria quando ele se
moveu para o meu lado e deslizou seus dedos pela minha
barriga em uma carícia suave que de alguma forma era ainda
pior do que o beijo da lâmina.
“Você vai gritar por mim, Roxanya,” ele prometeu
enquanto erguia a faca e a roçava em minhas costelas,
pintando minha carne com meu próprio sangue. “É só uma
questão de tempo.”
Meus músculos se contraíram quando ele ergueu a lâmina
mais uma vez e meus olhos reviraram na minha cabeça quando
a dor de sua tortura começou tudo de novo.
Fechei os olhos com força e pensei em minha irmã,
focando no fato de que ela não estava aqui e estava a salvo
longe deste monstro. Esse conhecimento me deu força
enquanto a dor me rasgava e as Sombras imploravam para que
eu escorregasse nelas para escapar disso.
Mas eu não faria. Eu me recusava. Não importava o que
ele fizesse comigo, eu não me tornaria sua marionete.
Então cerrei meus dentes contra a agonia dele esculpindo
meu corpo e me marcando com seu fogo novamente e lutei com
todas as minhas forças para não gritar.
Nós corremos pela floresta densa na borda da propriedade,
correndo em direção à casa em algum lugar à frente. Nenhum de nós
ousou lançar um Faelight no caso de chamarmos a atenção para nós
mesmos.
No meu coração, tinha certeza de que Tory estava perto.
Eu praticamente podia sentir sua presença me chamando
enquanto corria pelo chão irregular e empoeirado, o cheiro de
pinheiro enchendo meu nariz. Raiva se emaranhava com ódio
dentro de mim por saber que Lionel a tinha. E as imagens do
que ele poderia estar fazendo com ela me fizeram quase me
afogar em um mar de fúria dentro de mim. Se ele tivesse
machucado minha irmã, eu iria matá-lo. Eu traria cada grama
do meu Fogo da Fênix em sua cabeça e o queimaria deste
mundo para sempre.
O pio de uma coruja enviou um raio de adrenalina através
de mim enquanto nós serpenteamos entre as árvores, correndo
ao longo de uma bolha silenciadora na madeira escura,
crescendo cada vez mais perto de Tory.
“Espere,” Caleb sibilou lá de cima, pressionando suas
costas contra uma árvore e nós diminuímos a velocidade diante
dele enquanto ele virava seu ouvido em direção à casa. Todos
nós decidimos ficar juntos, imaginando que éramos mais fortes
como um time. E se havia perigo pela frente, melhor enfrentá-lo
em grupo do que sozinho.
“O que é?” Darius rosnou impacientemente, flexionando os
dedos como se sua magia doesse para ser liberada.
“Posso ouvir estalos.”
“Fogo,” Seth rosnou, farejando o ar e o cheiro de fumaça
me alcançou também.
“Sim e... há movimento aqui, voltando por onde viemos.
Além do perímetro,” Caleb disse, fechando os olhos enquanto
se concentrava. “Está muito longe, mas está vindo para cá.”
“O que é?” Perguntei, olhando para a casa ansiosamente.
Não queria ficar aqui mais um momento, mas se Caleb estava
preocupado, tinha que esperar.
“Passos,” ele falou sob sua respiração. “Muitos deles. Eles
são pesados também...”
“Ninfas,” Max rosnou e meu coração disparou.
“Precisamos nos mover antes que estejamos cercados
então,” Darius rosnou e Caleb acenou com a cabeça, mas
segurou seu braço antes que ele pudesse correr à frente.
“Pense com a cabeça, não com o coração,” ele avisou,
depois olhou para mim. “Vocês dois. Não podemos invadir lá
despreparados.”
Darius se desvencilhou de seu aperto. “Eu sei o que estou
fazendo. Estamos perdendo tempo aqui.”
Ele correu e a ansiedade dançou através de mim enquanto
eu corria atrás dele, meu pulso batendo fortemente contra a
base da minha garganta. Com os quatro Herdeiros aqui,
éramos fortes o suficiente para salvar Tory, eu simplesmente
sabia.
Avistei a casa por entre as árvores, brasas brilhando em
uma extremidade enquanto a fumaça subia em espiral em
direção ao céu estrelado como se o fogo tivesse acabado de ser
apagado. Era uma noite clara, embora não houvesse lua para
nos oferecer muita luz. Mas isso significava apenas que
permaneceríamos bem escondidos de nossos inimigos. E Lionel
podia ter atraído Tory aqui, mas ele não esperava que
aparecêssemos e destruíssemos seus planos. Tínhamos a
vantagem, só tínhamos que segurá-la.
Darius alcançou a borda das árvores e corri para o seu
lado enquanto ele parava ao lado de um grande pinheiro,
parecendo empunhar a escuridão ao nosso redor com a ilusão
de nos manter escondidos. Senti os Herdeiros se reunindo bem
atrás de nós e a tensão arrepiou minha espinha.
“Devíamos nos separar agora,” Seth sugeriu. “Assim que
localizarmos Tory, podemos entrar sem que Lionel saiba que
estamos todos aqui.”
“Nós podemos continuar indo até ele em uma onda,” Max
concordou.
“Não é mais seguro ficarmos juntos?” Caleb rosnou.
O grito de Tory perfurou o ar, fazendo meu coração
explodir de medo e eu saí correndo em direção a casa sem
pensar duas vezes. Darius correu ao meu lado, me
ultrapassando enquanto corria em direção à porta dos fundos,
seus braços se movendo para frente e para trás ao lado dele.
As Sombras de repente se ergueram dentro de mim, a
atração delas esmagadoramente forte enquanto batiam contra
meus pensamentos e fizeram minha visão embaçar.
O que está acontecendo?!
Minhas pernas travaram com força e eu bati no chão,
minha voz presa bem no fundo do meu peito, incapaz de se
libertar para gritar para Darius.
Caleb estava ao meu lado em um borrão, puxando-me em
seus braços e correndo de volta para as árvores enquanto eu
convulsionava, agonia cortando profundamente minha alma.
Ele me deitou entre os três, amaldiçoando enquanto
pressionava a luz curadora em minha carne, seus olhos
selvagens com pânico.
“O que há de errado com ela?” Seth perguntou em alarme.
“Porra, eu não sei,” Max assobiou.
“Darius correu,” Caleb sibilou. “Ele está quase em casa.”
Eles continuaram a tentar me curar, mas eu não poderia
ser curada disso e meus lábios estavam trancados com força,
me impedindo de dizer a eles. As Sombras estavam rasgando
meu peito, cavando em cada centímetro do meu corpo e se
enraizando. A dor me cegou quando elas arranharam minha
cabeça e fizeram meu interior se revirar e doer.
“Aguente firme, Darcy,” Seth choramingou, segurando
minha mão enquanto oferecia mais luz curativa.
Max pressionou a palma da mão na minha testa e eu o
senti tentar puxar minhas emoções e sentir o que estava
acontecendo. Mas ele não conseguiu entrar na fortaleza do meu
corpo enquanto as Sombras me prendiam no lugar no chão.
Teria gritado se meu corpo tivesse permitido, mas não parecia
mais pertencer a mim. Como se estivesse preso em uma cela,
torturada dentro da minha própria carne.
“Posso ajudá-la,” a voz de Clara chegou aos meus ouvidos,
enchendo-me de um pavor tão forte que ateou fogo em meu
sangue. Mas tudo que eu podia fazer era ficar lá, caçando a
escuridão entre as árvores enquanto eu procurava por ela. Os
Herdeiros se levantaram, formando uma parede protetora na
minha frente enquanto a risada de Clara ecoava na floresta.
“Vocês vieram até aqui para me ver, garotos?”
“Mostre-se!” Max latiu, o gelo envolvendo suas palmas
enquanto ele se preparava para lutar.
Caleb estava preparado para se mover, seus olhos voando
para frente e para trás enquanto ele caçava na escuridão por
ela, um predador pronto para atacar.
O gelo gotejou em minhas veias enquanto as Sombras me
puxavam como cordões de fantoches, puxando-me para os
meus pés, minha visão envolta em uma névoa negra que
lentamente se dissipou até que meu olhar se fixou nas costas
das cabeças dos Herdeiros.
Minhas mãos levantaram por conta própria e tentei gritar
em advertência, sendo forçada a me curvar à vontade de Clara,
seu controle sobre as Sombras que me atormentavam em
absoluto.
A fumaça rodou em minhas palmas e lutei com todas as
minhas forças enquanto tentava fazer um único som para
alertá-los, mas não adiantou.
“Vamos jogar um jogo,” Clara cantou. “O primeiro a morrer
vence!”
Corri em direção à casa da infância de Lance como se os demônios
do inferno estivessem me perseguindo. Havia uma fissura rasgando meu
peito, rasgando-me e arrancando todas as camadas da minha carne até
que não houvesse mais nada em mim, exceto o monstro que meu pai
trabalhou tão incansavelmente para que eu me tornasse.
Mas ele não contava com a besta que ele treinou virando-
se contra ele. Não tinha contado com a ira que choveria sobre
ele por tocar uma das únicas coisas boas da minha vida.
Estive treinando para derrubá-lo por anos e tudo o que ele
fez foi forçar minha mão. Isso acabava hoje à noite.
Os gritos de Roxy ecoaram pelo terreno e senti a agonia
deles como uma adaga em meu coração.
Iria matá-lo, porra. Já era o bastante.
Os outros ficaram para trás, mas não consegui desacelerar
para descobrir o porquê. Roxy precisava de mim. O que quer
que diabos estivesse acontecendo naquela casa, era ruim. E a
corrente que ligava meu coração ao dela não poderia deixá-la
sofrer nem mais um minuto.
Eu meio que arranquei a porta dos fundos das dobradiças
quando entrei na casa e abri, onde o cheiro de fumaça de um
fogo recentemente apagado pegou minha garganta.
Mas enquanto corria, percebi que não era a única coisa
que eu estava inalando. Meu Dragão escorregou das minhas
mãos enquanto estava preso em correntes de aço sob minha
carne e rosnei alto o suficiente para fazer meu peito roncar
quando percebi que o lugar estava cheio de Supressor de
Ordem para impedir Roxy de usar sua Fênix contra o louco que
me gerou.
Não importava. Não precisava rasgá-lo com dentes e
garras, eu ficaria feliz em rasgá-lo membro por membro com
minhas próprias mãos.
Roxy gritou novamente assim que eu entrei no corredor e a
luz da sala de jantar atraiu meu olhar quando o som de sua
agonia quebrou algo em mim.
Eu abri a porta e joguei água ao mesmo tempo,
direcionando-a para meu pai enquanto o encontrava de pé
sobre Roxy, onde ela estava presa à mesa de jantar por cordas
de magia de Ar torcido.
Um rugido explodiu de meus lábios enquanto ele lutava
para se proteger e eu vi o sangue cobrindo sua pele, as
palavras queimadas em sua carne inúmeras vezes. Acrux. O
nome dele. O meu nome. Decorando sua pele perfeita em
vermelho.
Meu pai estava gritando algo para mim, mas não
conseguia ouvir. Não conseguia entender nada além da garota
que eu amava presa naquela mesa como um pedaço de carne
para ele brincar.
Ele tinha feito inúmeras coisas assim comigo ao longo dos
anos. Ele bateu em meu irmão até a submissão também. Mas
não ela. Eu não o deixaria tocá-la nunca mais.
Eu avancei pela sala com meus punhos cobertos de gelo,
batendo em seu escudo com a força de um Minotauro
atacando.
Os lábios do meu pai se curvaram em um rosnado
selvagem enquanto ele lutava para manter sua magia, mas
nada poderia se comparar à minha raiva quando joguei meus
punhos contra ele novamente e novamente.
Seu escudo rachou e ele roubou o ar dos meus pulmões
enquanto tentava me impedir. Eu nem sequer vacilei quando
joguei cada gota de minha magia no meu próximo soco.
O escudo de meu pai se quebrou e meu punho colidiu com
seu rosto, quebrando sua concentração de forma que o ar
retornou aos meus pulmões mais uma vez.
Eu o derrubei no chão embaixo de mim e ele rosnou com
toda a ferocidade de seu Dragão enquanto lutava com os
punhos revestidos de fogo, batendo-os em meus lados e
queimando a carne de meus ossos.
Roxy estava chamando meu nome e o tom áspero que sua
voz ganhou ao gritar foi o suficiente para quebrar o pouco
controle que me restava.
Meu pai conseguiu me jogar de cima dele, mas eu
retruquei instantaneamente, uma onda de puro fogo colidindo
com ele antes que ele pudesse colocar um novo escudo no
lugar, quente o suficiente para fervê-lo vivo.
Eu ignorei a dor de minhas próprias feridas enquanto
cerrei meu punho e punhais de gelo dispararam em sua
direção, cortando sua carne enquanto ele gritava de fúria.
Ele se levantou e correu para mim, mas lancei gelo no
chão diante dele, jogando meu punho em seu estômago
enquanto ele escorregava e sorrindo selvagemente quando senti
suas costelas quebrarem.
Ele passou os braços em volta de mim e me derrubou com
um grito de raiva. “Fique aí!” Ele gritou na minha cara, sua voz
misturada com Coerção Negra quando ele bateu com o punho
em minha mandíbula. “E me veja quebrar a garota que quebrou
seu coração.”
Fiquei imóvel enquanto ele se endireitava, afastando-se de
mim enquanto a nova marca em meu braço queimava com o
calor e a chama da Fênix que Roxy tinha me dado varreu meus
membros e perseguiu esses comandos. Seu poder queimou sua
magia negra como se fosse nada e quando ele ergueu a faca
acima dela novamente, meu olhar travou com o dela.
Ela estava olhando para mim como se minha dor a
machucasse mais do que a dela e a raiva em mim cresceu a
novas alturas com o pensamento do que ele fez com ela.
Meu pai ficou de costas para mim enquanto se
concentrava em seu trabalho, levantando a lâmina para cortar
sua carne mais uma vez.
Eu estava de pé em um piscar de olhos, meus músculos
enrijecendo com poder enquanto a magia enrolava em meus
membros com intenção mortal.
“Você realmente deveria parar de me subestimar, pai,”
rosnei e ele se virou em minha direção, os olhos selvagens em
confusão quando sua magia negra falhou em me segurar.
“Como?” Ele engasgou, mas não me incomodei em lhe dar
uma resposta.
Eu o acertei com tanto poder que ele foi lançado através da
sala antes de bater na parede no meio de um inferno.
Eu espreitei atrás dele enquanto desejava que as chamas o
devorassem e ele lutou com tudo que tinha para tentar apagá-
las.
Quando ele se lançou do fogo e colidiu comigo novamente,
eu estava pronto para isso. Nós caímos no chão em um
emaranhado de punhos e fúria, cada um de nós determinado a
vencer o outro até a submissão e pintar as paredes de vermelho
com nossa vitória. Mas, pela primeira vez, podia sentir as
rachaduras em suas defesas, estava ganhando vantagem. Esta
besta em mim tinha o cheiro de seu sangue agora e não iria
ceder até que sua sede fosse saciada.
Hoje era o último dia em que Lionel Acrux machucaria
alguém que eu amava.
Eu nasci para governar.
E iria reivindicar meu lugar em sangue.
Sombras explodiram de minhas palmas, colidindo com o escudo
que Seth estava lançando em torno dos três Herdeiros, mas a força do
golpe os fez cair no chão. Clara devolveu minha voz bem a tempo de me
deixar gritar.
Os três estavam de pé novamente em segundos, virando-se
para mim e recuando quando viram minhas mãos levantadas e
as Sombras que giravam ameaçadoramente entre meus dedos.
“Não posso parar,” engasguei, meu coração batendo forte.
“Saiam de perto de mim.”
“Foda-se,” Seth cuspiu, prendendo seu escudo ao redor
deles.
“Venha e nos enfrente você mesmo, sua covarde!” Caleb
rugiu nas árvores assim que outra onda de poder explodiu de
mim.
Os três foram separados, colidindo com a vegetação
rasteira e meu corpo se virou bruscamente na direção de Max,
avançando com as palmas das mãos levantadas. Sombras
explodiram de minhas mãos e o terror me prendeu enquanto
eu implorava a ele para se mover. Seu corpo se dissolveu em
nada e eu percebi que era uma ilusão que ele havia deixado lá,
fazendo meu coração apertar de alívio quando o vi disparando
entre as árvores à minha frente.
Clara pressionou sua vontade em mim mais uma vez e de
repente eu estava correndo em direção a Seth, explodindo as
Sombras nele, então ele foi forçado a permanecer firme e se
proteger com todas as suas forças. Gavinhas de escuridão
envolveram sua bolha de segurança, apertando e apertando
como uma píton em torno de um frasco. Ele rugiu enquanto
colocava todo o seu esforço em mantê-lo e eu temia o que
aconteceria se eu ultrapassasse suas defesas.
“Pare com isso!” Gritei com Clara enquanto sua risada
ecoava de algum lugar no dossel acima de nós.
Caleb se moveu como um borrão, escalando a árvore em
velocidade enquanto a caçava e desaparecia entre os galhos.
“Não pode me pegar!” Clara cantou, sua voz se afastando
de nós, mas seu domínio sobre mim nunca vacilou.
As Sombras envolveram cada vez mais o escudo de Seth e
eu o senti começando a se dobrar, a magia mal se segurando
sob a intensidade do Quinto Elemento.
Um peso colidiu comigo e eu bati no chão sob o peso total
de Max quando ele agarrou meus pulsos e prendeu minhas
mãos no gelo, travando-as acima da minha cabeça.
“Está tudo bem, eu não vou deixá-la ter você,” ele rosnou,
seus olhos brilhando com aquela promessa e me dando uma
polegada de esperança para segurar.
“Amarre-a,” Seth exigiu enquanto corria para o meu lado.
“Depressa,” implorei enquanto Sombras cresciam em
minhas palmas, borbulhando contra o gelo enquanto lutavam
para romper.
“Merda.” Max se ajoelhou, estendendo as mãos e
lançando-as em mais e mais gelo.
Um borrão atrás dele fez meu coração pular de terror.
“Atenção!”
Clara cortou uma faca nas costas de Max e ele rugiu ao
cair de cima de mim, sangue escorrendo por sua camisa
branca. Seth lançou uma rede de vinhas para tentar pegá-la,
mas ela se foi em um flash com Caleb correndo atrás dela. Ela
estava jogando tudo que podia em seu caminho, explodindo a
floresta e fazendo as árvores ao nosso redor gemerem quando
seus troncos quase quebraram com a força de seu poder.
Seth mergulhou para frente para curar Max e o gelo
começou a estilhaçar e rachar em torno dos meus dedos.
“Seth,” implorei, meu coração martelando. “Saia daqui.”
O gelo explodiu de minhas palmas e fui forçada a me
lançar sobre eles, prendendo duas cordas de Sombras em volta
de suas gargantas e os fazendo sufocar.
Seth jogou a palma da mão e o vento soprou em mim, me
fazendo voar para longe antes que ele me pegasse em uma
almofada de ar, salvando-me do impacto da terra dura. O ar
continuou a me pressionar para baixo, mas ele estava meio
focado em curar Max e quando outra onda de Sombras enrolou
do meu corpo, sua magia cedeu.
Fui forçada a ficar de pé, correndo em direção a eles e
Clara acelerou novamente, colocando uma adaga de gelo em
minha mão. O horror me consumiu quando sua voz me
chamou de volta. “Vamos dividir alguns Herdeiros, Darcy!” Ela
riu de novo como se estivéssemos nos divertindo em algum
jogo.
Cerrei meus dentes quando ela fez meu aperto ficar mais
forte em torno da lâmina e caminhei em direção a Max e Seth
enquanto eles se levantavam apressadamente, levantando suas
mãos para lutar contra mim.
“Não se segurem,” implorei, meu coração batendo em uma
batida assustadora enquanto a tensão marcava suas feições.
“Vocês têm que me impedir.”
Disparei para longe de Darcy quando ela jogou Sombras em Seth e
Max e eles gritaram para ela parar. Eu mantive meu foco no meu alvo,
abrindo uma trilha por entre as árvores e circulando de volta para a
vadia responsável por isso.
Eu descobri minhas presas enquanto disparava em
direção a Clara Orion, seus olhos sombrios disparando em
minha direção enquanto eu vinha para ela, e um sorriso
torcendo seus lábios como se minha chegada tivesse feito seu
dia maldito.
“Venha me pegar, pequeno Vampiro,” ela chamou,
atirando para longe de mim enquanto ela circulava os outros,
tentando colocá-los entre nós.
Rosnei para ela quando Darcy lançou um chicote de
Sombras e Seth foi forçado a se proteger no último momento,
grunhido de esforço revelando o quão forte o ataque tinha sido.
Max usou seu poder para bloquear Darcy também e ela
implorou que eles corressem enquanto mais Sombras se
enrolavam em seus braços.
Clara continuou a circundá-los, rindo como uma menina,
tentando mantê-los entre nós para que eu não pudesse colocar
minhas mãos nela. Rosnei de frustração, jogando minha
influência no chão a seus pés para retardá-la enquanto ela
tentava atirar para longe de mim novamente.
Ela tropeçou no buraco, as trepadeiras a prendendo
apenas o tempo suficiente para fazer minha velocidade contar.
No momento em que ela estava rasgando seu caminho
livre delas, eu estava sobre ela.
Joguei meu peso nela enquanto batíamos no buraco que
eu criei e minhas mãos travaram em torno de sua garganta
enquanto a sujeira subia ao nosso redor, enterrando-a embaixo
de mim.
Clara riu loucamente enquanto eu apertava mais forte,
minhas palmas queimando com calor enquanto eu empunhava
minha magia de Fogo contra ela também.
Sombras lamberam ao longo de seus braços quando ela
estendeu a mão e colocou os dedos em volta dos meus pulsos e
engasguei quando o poder gelado delas enviou uma dor
percorrendo meu corpo.
Eu a soltei em um instante, atirando de volta para a
margem do buraco enquanto pedia à minha magia da Terra
para enterrá-la sob o solo, acumulando mais e mais poder no
ataque enquanto ela lutava para se libertar.
Rosnei enquanto apertava meu poder, sufocando-a com
terra e fazendo o chão apertar e apertar, até que Clara explodiu
da terra, cacarejando descontroladamente enquanto cavalgava
em uma onda de Sombras e saltava direto para mim com suas
presas à mostra.
Virei-me de lado, jogando fogo em seu rosto, mas as
chamas foram engolidas pelas Sombras enquanto ela as
direcionava para protegê-la.
“Você se tornou um menino tão crescido, Caleb,” ela riu
enquanto esperava pelo meu próximo movimento e eu a ignorei
completamente. Essa coisa não era a garota com quem eu
costumava brincar quando vinha para a casa de Darius
quando criança. Foda-se o que diabos ela era, não era mais
Fae.
Eu atirei ao redor do buraco, mas uma mecha de sua
magia negra pegou meu tornozelo e me tirou do chão antes que
pudesse escapar.
Meu queixo bateu no chão e senti o gosto de sangue
quando minhas presas cortaram minha língua.
Clara estava em cima de mim antes que eu pudesse fazer
mais do que rolar.
Uma capa de Sombras negras se contorceu em torno de
sua carne quando ela montou em meus quadris, as Sombras
surgindo ao redor enquanto ela as direcionava para mim. Suas
mãos geladas pressionaram meu peito e engasguei quando a
escuridão que ela possuía sangrou em mim, caçando meu
coração com uma precisão mortal.
Todos os lugares que as Sombras tocaram ganharam vida
com agonia e fizeram meu crânio ecoar com as memórias de
todas as piores coisas que eu já fiz.
“Você parece gostoso, Caleb,” Clara gemeu, lambendo suas
presas enquanto seu olhar vagava pela minha garganta.
Esperei que ela avançasse e peguei seu queixo em minha
mão com um movimento rápido. Minha pele queimou com
magia de Fogo e ela uivou de dor enquanto eu torcia sua
mandíbula com minha força aumentada até ouvi-la estalar.
Meu outro punho bateu em seu lado com o mesmo
movimento e engasguei de alívio quando ela foi jogada para fora
de mim, levando suas Sombras sujas com ela.
Eu pulei de pé com outro grunhido enquanto revestia
meus braços com fogo e fazia o chão tremer sob ela enquanto
ela se endireitava novamente.
As Sombras se ergueram ao seu redor até que ela parecia
nada mais do que um borrão de escuridão sob as árvores. Eu
aprendi minha lição. Aquelas Sombras não estavam se
aproximando de mim novamente e enquanto ela corria para
mim, me lancei para o lado, jogando uma torrente de chamas
nela e queimando sua magia negra de volta.
Ela uivou de frustração quando o chão resistiu e desabou
sob ela e eu arrisquei um olhar para Seth e Max para descobrir
que a distração de Clara estava dando a eles uma vantagem.
Darcy estava gritando para que corressem enquanto era
forçada a persegui-los com as Sombras, mas sem a atenção
total de Clara guiando-a, seus ataques eram desleixados.
Esse foi todo o incentivo de que precisava. Eu descobri
minhas presas para Clara enquanto jogava lanças de madeira
em minhas mãos e as lançava nela uma após a outra.
Ela teve que pular uma e uma próxima foi consumida
pelas Sombras, mas eu não diminuí a velocidade enquanto
apenas lançava mais e mais delas à existência.
Se eu quisesse salvar os outros, precisava libertar Darcy
do controle de Clara sobre ela. E havia uma maneira segura de
fazer o trabalho.
Clara Orion precisava morrer. E desta vez, ela não voltaria.
Seth lançou Max sobre minha cabeça com uma rajada de ar. Ele
pousou atrás de mim, travando seu braço musculoso em volta dos meus
ombros enquanto tentava me conter.
Meu braço se esticou para trás sobre minha cabeça e
lancei Sombras em torno de seu rosto, sufocando-o enquanto
ele tentava segurar a faca na minha outra mão. Ele lançou
uma lâmina de gelo em sua palma e cortou minha mão para
tentar me fazer largar a lâmina. Engasguei quando o sangue
fluiu, mas meus dedos não se soltaram dela, embora eu
desejasse que isso acontecesse com todas as minhas forças.
“Pare, não a machuque!” Seth exigiu enquanto corria para
frente.
Minha mão livre girou em direção a Seth e a fumaça foi
lançada para ele como um demônio. Ele se protegeu contra isso
e Max começou a sufocar enquanto as Sombras o envolveram e
o arrancaram de mim.
Ele congelou minhas pernas quando eu estava prestes a
dar um passo à frente, deixando o gelo viajar mais e mais pelo
meu corpo para me manter no lugar.
“Corram!” Insisti, mas eles compartilharam um olhar que
dizia que não iriam me abandonar aqui enquanto Clara corria
de novo com Caleb em seus calcanhares. As Sombras
explodiram atrás dela quando ele jogou lanças de madeira em
suas costas com uma força assustadora, mas ela as dissolveu
novamente e novamente.
O gelo prendeu meus braços ao lado do corpo e a faca
escorregou da minha mão, a lâmina cravando-se no solo macio
aos meus pés.
O alívio tornou minha respiração mais uniforme, mas
durou apenas um único momento quando um som de chocalho
e sucção me alcançou das árvores.
Cada parte de mim ondulou de terror quando passos
pesados soaram neste caminho e uma forma bestial saiu da
escuridão, a Ninfa elevando-se acima de nós com seus dedos
sondados estendidos e o som de seu chocalho entalhando
profundamente em minha alma. Seu corpo retorcido em forma
de árvore pairava sobre mim, seus olhos vermelhos fixos em
mim enquanto se aproximava.
Seth e Max correram para frente, ombro a ombro na
minha frente e eu desprezei por não poder ajudar, que estava
presa pela vontade de Clara, pelas Sombras. Eles comeram
minha essência, tentando me fazer cair em seu chamado
faminto.
Ceda, Darcy, a voz de Clara sussurrou em minha cabeça.
Venha para o escuro. Você pode ser livre aqui.
Seth mergulhou para frente, estourando em sua forma de
Lobisomem branco e saltando para a garganta da Ninfa com
um rosnado selvagem. Algas marinhas rastejaram pelos braços
nus de Max e subiram por sua nuca enquanto sua forma de
Sereia assumia o controle e o barulho no ar tentava apagar sua
magia.
O gelo ao meu redor começou a ceder e meus pulmões
trabalharam enquanto eu tentava me conter contra a força que
me segurava. Mas não adiantou e o gelo se quebrou ao meu
redor enquanto as Sombras encontravam seu caminho livre
mais uma vez.
Elas derramaram de mim, girando em torno de Max assim
que a ninfa jogou Seth em uma árvore com um som de estalo
desagradável e meu coração apertou de terror.
A Ninfa se aproximou de Max enquanto eu era forçada a
segurá-lo imóvel para o monstro, odiando que eu não fosse
capaz de me libertar do comando de Clara, que eu não pudesse
parar está criatura das trevas. Chamei minha Fênix e ela
ergueu a cabeça, mas as Sombras continuaram empurrando-a
para baixo, cada vez mais fundo.
“Pare!” Gritei quando a Ninfa alcançou o coração de Max
com as pontas afiadas de sua mão, o Herdeiro lutando
inutilmente contra as Sombras.
Ele rugiu de raiva e dor quando as sondas da besta
cortaram seu peito e gritei e implorei por ajuda, voltando meu
olhar para as estrelas enquanto elas brilhavam
implacavelmente para nós.
Outra Ninfa saiu do meio das árvores, colidindo com a que
estava prestes a matar Max e jogando-a no chão. As duas
começaram a lutar, arrancando a terra e derrubando uma
árvore no processo, fazendo a terra estremecer embaixo de
mim.
Seth se lançou sobre mim do nada e as Sombras que
prendiam Max o soltaram enquanto suas patas pesadas me
esmagavam no chão. Ele saltou um segundo depois,
mergulhando nas Ninfas e rasgando seus membros enquanto
lutavam. Nunca tinha visto Ninfas agirem assim, mas imaginei
que o prêmio da magia de um Herdeiro valia mais do que a
média dos Fae.
Max se levantou apressadamente, afastando-se delas
enquanto recuperava o controle de sua magia. Fui forçada a
ficar de pé também, minhas mãos levantadas mais uma vez,
mas desta vez, Max não tentou me conter, ele correu.
Eu me debati contra a mesa enquanto o filete de sangue quente e
doentio escorregava sobre minha pele devido a incontáveis feridas e
amaldiçoei Lionel da maneira mais colorida que pude, enquanto meu
corpo tremia de dor.
Darius estava lutando com uma selvageria brutal que fez
meu coração bater forte e doer em medidas iguais. Ele era
totalmente destemido, totalmente focado em acabar com o
homem diante dele enquanto seu pai lutava para mantê-lo de
volta. Ele jogou tudo que tinha no ataque, mal dando tempo
para se defender além de bloquear o pior dos ataques de seu
pai.
Lionel estava furioso, o Dragão nele era fácil de ver e a
cada golpe que ele dava contra seu filho, eu ficava cada vez
mais com medo de que ele o matasse.
Darius rugiu com todo o poder de seu Dragão enquanto
lançava uma torrente de chamas em arco pela sala em Lionel,
que se protegeu com ar antes que pudessem eviscerá-lo.
Darius correu para ele novamente, mas quando a fumaça
se dissipou, Lionel deu um passo à frente para encontrá-lo com
Sombras envolvendo seu corpo e um brilho maníaco em seus
olhos.
Seu olhar deslizou para mim, onde permaneci presa à
mesa por suas correntes mágicas e gritei quando ele lançou
uma rajada de magia negra direto para mim.
Darius saltou em seu caminho, levando o golpe no peito
sem chance de se proteger contra ele, de modo que foi jogado
para trás contra a mesa.
“Darius!” Engasguei, puxando minhas amarras enquanto
doía para ajudá-lo e ele grunhiu enquanto lutava para se curar
dos danos que as Sombras haviam causado.
Ele se afastou de seu pai, jogando cacos de gelo em seu
caminho para ocupá-lo enquanto olhava para mim com dor em
seus olhos.
Ele alcançou a corrente mágica que prendia meu tornozelo
no lugar, mas balancei minha cabeça ferozmente.
“Acabe com ele primeiro,” eu rebati, não querendo que ele
perdesse um minuto tentando me libertar caso isso lhe
custasse essa luta.
Lionel lançou mais Sombras em nossa direção e Darius
rosnou enquanto elas se enterravam nele, suas mãos se
contorcendo com a escuridão por um momento antes de banir
as Sombras em favor das chamas novamente.
Cerrei meus dentes contra a agonia de minhas feridas
enquanto lutava para quebrar a magia do Ar que imobilizava
minhas mãos. Quanto mais Lionel lutava com seu filho, mais
podia sentir seu domínio sobre a magia que me continha
escorregando e, no momento em que rompesse, eu estaria
pronta.
Lionel lançou Sombras de seu corpo e engasguei quando
toda a luz do quarto foi subitamente apagada. Um ritmo
profundo e forte começou no meu peito enquanto as Sombras
dentro de mim subiam para a superfície da minha pele sem
serem convidadas, doendo para se juntar às dele e causar
estragos no mundo.
Eu gemia, à beira do êxtase enquanto elas me chamavam,
prometendo-me a liberdade da dor da minha carne e me
oferecendo todo o poder que poderia desejar e muito mais.
Mas eu não queria poder. Nunca quis. Não assim. O que
eu desejava era amor. Família. O tipo de coisa que você não
podia simplesmente pegar, tinha que ganhar.
Com um grito de esforço, usei toda a minha força para
forçar as Sombras a recuarem. A energia negra em mim tinha
se agarrado às Sombras que Lionel estava comandando e
enquanto eu bania a minha, roubei a dele também,
bloqueando-as novamente e revelando o quarto mais uma vez.
Darius não perdeu o ritmo, avançando com um berro de
raiva e seus punhos cobertos por luvas de gelo enquanto ele
derrubava Lionel no chão e começava a bater nele com uma
ferocidade terrível enquanto rugia em seu rosto.
Meu coração batia freneticamente enquanto eu observava
está criatura selvagem que me ofereceu seu amor depois de
toda a merda que colocamos um ao outro derrubando o homem
que o arruinou.
Darius o espancou com uma brutalidade que não seria
saciada por nada menos que a morte. O sangue cobriu suas
mãos, seus braços e até mesmo salpicou seu rosto, mas ele não
cedeu enquanto Lionel lutava embaixo dele. Suas feições
estavam definidas em uma máscara determinada de raiva e
tudo sobre ele falava de violência e perigo que enviou um
arrepio através de mim.
Não havia dúvidas em minha mente de que a raiva que o
levou a isso foi alimentada por seus sentimentos por mim. E
saber que ele arriscaria tudo por mim fez a dor em meu corpo
desaparecer enquanto eu o observava.
Darius era selvagem, brutal, cruel, quebrado e meu. E
naquele momento, eu não desejava que a escuridão nele
diminuísse. Eu o queria. Cada pedaço danificado, depravado e
sujo de sua alma foi feito para se encaixar com todas as partes
retorcidas e arruinadas da minha própria. E se as estrelas não
gostassem, eu ficaria feliz em subir no céu e derrubá-las todas
por ele.
Logo depois de vê-lo matar seu pai.
Corri ao redor das Ninfas, uivando quando mais duas se juntaram à
luta. Elas não podiam tocar minha magia em minha forma de Lobo, mas
isso significava que eu tinha que contar apenas com dentes e garras.
Max recuou enquanto atirava lâminas de gelo em cada
uma das feras, mas Darcy estava se aproximando dele por trás
enquanto Clara a empunhava como uma arma.
Afastei-me da Ninfa que estava atacando, correndo em
direção a Max enquanto ele era forçado a se proteger de Darcy
mais uma vez.
Eu lati para que ele soubesse que estava chegando e
enquanto Sombras derramavam dela em ondas, eu pulei para
frente e ele agarrou meu pelo em um movimento que tínhamos
praticado mil vezes, sua perna balançando nas minhas costas
enquanto eu arrancava pelas árvores.
“Puta que pariu,” Max rosnou, uma mão agarrando meu
pelo, sua respiração vindo pesadamente enquanto me curvava
para a luta, minha mente se voltando para Caleb enquanto eu
caçava por ele e Clara.
Eles teriam que se cansar logo, estavam lutando com toda
a força de suas Ordens por muito tempo. Certamente não
poderia continuar. Um deles tinha que ceder, eu só rezei para
que fosse Clara.
Eu confiava que Caleb poderia trazer aquela cadela de
joelhos, mas eu não podia ignorar a pitada de medo que tive
sobre ele enfrentá-la sozinho. Mas com sua velocidade, não
poderíamos ajudar facilmente. Portanto, tivemos que nos
concentrar nas Ninfas.
Max sentou-se ereto enquanto corria para uma ninfa que
estava nos caçando entre as árvores. Ele explodiu gelo na besta
e congelou cada centímetro dela, fazendo-a tropeçar cegamente
em nossa direção.
Eu pulei do chão, minhas mandíbulas esticadas, um
rosnado na minha garganta enquanto meus dentes apertavam
sua cabeça. Mordi com todas as minhas forças, esmagando
gelo e osso até que morreu em minhas mandíbulas, caindo no
chão embaixo de mim.
Eu uivei quando ela explodiu em cinzas e seu sangue
correu quente e espesso pela minha mandíbula, um cheiro de
amargura vil na minha boca.
“Seth, mova-se!” Darcy gritou e me virei a tempo de evitar
um filete de Sombras disparando em nossa direção de suas
palmas.
Max lançou um escudo de gelo e o prendeu ao braço,
usando-o para desviar as Sombras que ela enviou atrás de nós.
Gritei quando um pegou minha perna de trás e cai em
direção ao chão, fazendo-o voar das minhas costas com o medo
subindo pela minha espinha.
Max bateu em uma árvore e eu rolei em direção a ele,
incapaz de parar com a velocidade que eu estava correndo,
meu enorme peso o esmagando embaixo de mim. Ele grunhiu
de dor e eu saltei sobre minhas patas com um gemido de
preocupação, lambendo seu rosto para verificar se ele estava
bem.
“Saia daqui idiota,” ele rosnou, mas eu não iria a lugar
nenhum.
Ele ofegou enquanto curava costelas quebradas e eu virei
minha cabeça para encarar Darcy enquanto ela corria em
nossa direção, uma Ninfa em suas costas com seus olhos
vermelho-sangue fixados em mim e Max.
“Vocês dois têm que correr!” Darcy implorou, a dor em
seus olhos clara quando ela foi forçada a lutar contra nós mais
uma vez. Mas eu não iria ceder um centímetro até que Max
estivesse curado.
Seus dedos se enredaram na minha pele assim que uma
nuvem de Sombras correu em nossa direção de suas mãos
estendidas e corri para longe enquanto Max se colocava nas
minhas costas.
Uma Sombra colidiu com uma árvore à nossa frente e
gritei quando ela começou a cair, abaixando minha cabeça
enquanto aumentava a velocidade para tentar passar antes que
caísse.
Olhei por cima do ombro enquanto uma Ninfa nos
perseguia e escorreguei sob a árvore pouco antes dela cair no
chão, o enorme tronco levando a criatura monstruosa ao chão
com um estalo nauseante.
Virei-me para encarar a Ninfa caída, levantando poeira no
chão e Max acertou uma lança de gelo em seu crânio com um
golpe violento. A ninfa se espatifou em pó com um grito ecoante
e me afastei na floresta, virando minhas orelhas para a
esquerda e para a direita enquanto procurava Caleb.
Onde você está Cal? Mostre-me que você está bem.
Uma lufada de ar soou antes de um Vampiro colidir
comigo a toda velocidade, derrubando Max das minhas costas e
tomando seu lugar. Continuei correndo por vários segundos
enquanto as unhas de Clara cravavam em minha carne,
incapaz de desacelerar rápido o suficiente.
“Sim!” Ela gritou animadamente, seus joelhos cravados em
minhas omoplatas para que ela pudesse segurar.
Eu me joguei no chão, rolando com força e batendo com o
peso da minha cabeça em seu rosto, fazendo-a gritar de dor.
Eu pulei para trás em um flash e ela disparou em minha
direção, seu punho batendo em minha mandíbula. Eu atirei
nela em retaliação, investindo e mordendo, mas ela se moveu
na velocidade da luz, evitando-me enquanto dava socos que
eram quase fortes o suficiente para quebrar ossos.
“Filhote bobo,” ela provocou, parando apenas o tempo
suficiente para eu avançar e afundar meus dentes em seu
braço.
Eu não a soltei, cravando minhas patas na terra e
puxando-a como um cachorro lutando por um osso. E este era
um osso que iria arrancar direto da porra de seu braço.
Ela gritou de dor, lançando uma enorme explosão de
Sombras em mim que me jogou para longe dela enquanto eu
era forçado a deixar ir.
Caí pesadamente no chão com a dor estilhaçando através
de mim, minha pata roçando em algo macio enquanto me
empurrava para ficar de pé. Eu localizei a bolsa de Max lá e
mudei rápido, puxando algumas calças de moletom e puxando-
as antes de ir para as árvores. Precisava ganhar alguns
momentos para me curar, caminhando silenciosamente como
um filhote de lobo na escuridão enquanto eu consertava as
feridas doloridas em meu corpo.
“Saia, saia lobinho,” Clara cantou então ela gritou, o som
de alguém batendo nela me alcançando. “Ah, Caleb Altair, seja
bonzinho!”
“Foda-se, prostituta das Sombras,” ele cuspiu e eu circulei
de volta para ajudá-lo, a adrenalina subindo em meu sangue
enquanto eu rastejei para trás de uma árvore fora de vista e
lentamente deixei uma trepadeira serpentear pelo chão em
direção a Clara. Eles estavam lutando em um borrão que eu
mal pude registrar, mas eles não estavam correndo pela
primeira vez. E quando os Vampiros não estavam correndo,
eles podiam ser pegos por Lobos sorrateiros.
Com um movimento rápido do meu pulso, a trepadeira
disparou no momento perfeito, agarrando-se ao tornozelo de
Clara e desenraizando-a de modo que ela plantou o solo de
cara. Caleb não perdeu um segundo de vantagem, uma lança
de madeira se expandindo em seu aperto, levantando-a ainda
mais para criar impulso para o golpe.
Uma mão enorme e áspera de repente me envolveu por
trás e gritei de raiva enquanto era jogada em direção a Caleb e
a Ninfa balançou para pressionar suas sondas diretamente
contra meu coração, seu chocalho trabalhando para capturar
minha magia em meu peito. Oh, caralho!
“Pare,” Clara rosnou para Caleb. “Ou o Lobo estará morto.”
O terror tomou conta de mim e vi minha morte brilhando
muito claramente na frente dos meus olhos. Cal rosnou,
olhando para mim com suas presas à mostra e medo em seu
olhar.
“Esfaqueie-a, Cal!” Exigi, mas ele jogou a lança de lado,
recuando com o olhar fixo em mim.
Clara se levantou de um salto, fazendo uma reverência.
“Acabe com eles!” Ela gritou, em seguida, disparou para as
árvores.
As sondas cortaram meu peito e levantei minhas mãos
com um grito de raiva e dor, convocando a pequena magia que
poderia alcançar para lutar. Antes que meu poder pudesse
escapar do meu corpo, Caleb saltou nas costas da ninfa,
mordendo diretamente sua garganta em forma de casca de
árvore e rasgando-a com uma barbárie que fez meu coração
disparar.
A ninfa tropeçou para longe de mim com um grito
selvagem enquanto Caleb rasgava sua garganta como um
animal. Eu me levantei e corri para ajudar, invocando uma
lança na minha mão e cravando-a no peito da Ninfa com um
grunhido de esforço. Ela caiu em cinzas e Caleb atingiu o chão
na minha frente, pálido e trêmulo, sua boca suja de sangue.
Estendi a mão para limpar a vil substância negra de seus
lábios e seus olhos perfuraram os meus por duas batidas de
coração intermináveis.
“Socorro!” Max chamou e nós dois nós viramos e corremos.
Eu tinha Max encurralado contra uma árvore, envolto em Sombras
enquanto Clara me forçava a amarrá-lo ali. Cerrei meus dentes, cavando
dentro de mim em busca da minha Fênix enquanto tentava arrastá-la
para a superfície da minha pele.
Por favor, venha até mim.
O fogo pareceu queimar na minha periferia por um
momento, as Sombras diminuindo seu controle antes de
incharem ainda mais ferozmente, enviando uma mordida de
dor profundamente sob minha carne.
“O suficiente!” Gritei e Clara me afastou de Max, deixando-
o amarrado ali e minha respiração equilibrada.
Venha para a escuridão, o que será necessário, menina
bonita? Perder meu irmão não te machucou o suficiente? Eu sei
que você o ama. Todo seu coração partido vai desaparecer se
você apenas ceder às Sombras, a voz de Clara encheu minha
cabeça e tentei bloqueá-la enquanto as Sombras serpenteavam
pelo meu peito, alimentando-se das emoções sombrias que se
contorciam dentro de mim. Eu também o amo.
“Você não o ama, você o machuca, você não é irmã dele,
você é um monstro! Prefiro sofrer para sempre por ele do que
me entregar a você!” Gritei, tentando encontrá-la entre as
árvores, mas sua risada parecia vir de todos os lugares ao meu
redor.
Fui forçada a parar de andar e minha cabeça inclinada
para baixo, mostrando-me a lâmina que estava meio enterrada
no chão.
“Não,” rosnei, o fogo floresceu em minhas veias enquanto
ela tentava me fazer abaixar para pegá-lo. Eu consegui lutar,
minha respiração vindo irregularmente quando uma dor
cegante começou em meu crânio. Mas evitei pegá-la.
Só mais um pouco.
Tenho que parar isso.
As Sombras rasparam ao longo do interior do meu corpo,
não mais acalmando e relaxando como normalmente eram.
Eles eram uma arma afiada que Clara estava usando contra
mim. Mas eu preferia enfrentar sua ira do que deixá-la me usar
contra os Herdeiros. Eu não poderia machucá-los.
Sua voz encheu minha cabeça mais uma vez e queria
arrancá-la e bani-la para sempre. Apenas vá para as Sombras,
deixe que elas a levem embora. Vou cuidar de você, Darcy.
“Vá para o inferno!” Gritei, mas a escuridão se torceu
dentro de mim, afogando minha resistência mais uma vez e me
fazendo agachar para pegar a lâmina. O punho estava gelado
contra a minha palma e lutei mais forte, o medo rasgando
minha alma quando ela me virou para encarar Max, me
conduzindo em direção a ele com uma intenção feroz.
“Pare com isso!” Gritei. “Não o machuque.”
Caleb disparou em minha direção em um borrão e meu
coração disparou enquanto esperava que ele me derrubasse,
mas Clara o interceptou em uma colisão tremenda, fazendo-os
rolar para longe de mim e rosnar enquanto lutavam entre si na
terra.
Sombras rastejaram sob minha pele e me fizeram dar um
passo em direção a Max novamente, cada vez mais perto
enquanto ele lutava contra suas amarras.
“Você tem que se libertar,” implorei a Max, levantando
minha mão, pronta para atacar quando cheguei a um pé dele, a
lâmina colocada em sua garganta.
“Não posso,” Max rosnou, se esforçando mais enquanto
tentava tirar as mãos das Sombras que o prendiam. O medo
verdadeiro cintilou em seus olhos e pisquei para conter as
lágrimas, minha mão começando a tremer.
“Max,” eu gemi.
Desejei que minha Fênix viesse em meu auxílio,
recorrendo a seu poder enquanto tentava tirá-la da escuridão.
E lentamente, começou a subir, minhas veias zumbindo com
energia enquanto a menor faísca acendia sob minha pele. Mas
era tarde demais, meu braço cortando para frente prestes a
atacar quando mãos me viraram para encarar o outro lado.
A faca cortou a garganta do meu atacante e cada pedaço
de mim gritou quando me vi olhando nos olhos de Seth, seu
aperto em mim afrouxando enquanto o sangue escorria da
ferida aberta.
“Não!” Gritei, minha voz rouca enquanto ele cambaleava
para trás, ainda segurando meu braço e me arrastando com ele
para o chão.
Max estava gritando, mas não conseguia ouvir nada
claramente além de um violento zumbido em meus ouvidos.
Um terror cortante se apoderou de mim e as Sombras se
ergueram para me reivindicar por inteiro.
Seth se agarrou a mim, lutando para puxar o ar contra o
sangue. Minha mão ainda estava travada em torno da faca e as
lágrimas começaram a derramar dos meus olhos com o que
tinha feito.
“Não, não, não,” implorei, caindo cada vez mais fundo na
escuridão.
Ela me envolveu como uma corrente de água fria, tentando
aliviar meu coração acelerado e o medo que estava invadindo
meu núcleo. Mas então meus olhos encontraram os de Seth e
me afastei delas, um calor feroz crescendo em mim pelo que
Clara me fez fazer.
“Apenas espere,” sufoquei, meus braços travados ao meu
lado, me impedindo de ajudá-lo. Vê-lo assim, sangrando e
morrendo embaixo de mim, quebrou algo dentro de mim.
O fogo pegou nas regiões mais profundas da minha
barriga, em seguida, explodiu através de mim em uma chuva
de faíscas furiosas, rasgando meu ser enquanto a agonia pura
me abastecia, me dando a força para lutar.
Minha Fênix ergueu a cabeça e o fogo queimou mais
brilhante, mais quente, minha cabeça caindo para trás, então
fui forçada a olhar para as estrelas, o céu inteiro parecendo se
acender acima de mim.
Engasguei com uma golfada de ar enquanto o fogo
perseguia a escuridão enjoativa em meu corpo, caçando cada
parte enegrecida e corrompida dele e queimando-a até o nada.
Minhas asas explodiram de minhas costas em uma tempestade
de luz ígnea e as últimas Sombras foram banidas. Perdidas.
Eu estava livre e não sabia como isso era possível, mas
era. E Clara não tinha mais controle sobre mim.
Eu freneticamente pressionei minhas mãos na garganta de
Seth, desesperada para conter o fluxo de sangue e tentar curar
o que sabia que não era capaz de curar. Minha magia tentou
enganchar na dele, falhando de novo e de novo até que eu
finalmente consegui me agarrar a ela como fomos ensinadas na
aula. Mas eu pude sentir instantaneamente a extensão dessa
ferida e não importava quanta energia eu despejei nela, eu não
poderia consertar. Não fui treinada para isso. Eu não sabia
como curar isso. O que me causou o tipo de dor mais
desesperador.
“Ajudem-me!” Gritei, minha voz rouca e cheia de
desesperança.
Um gemido horrível separou os lábios de Seth enquanto
ele estendia a mão para escovar seus dedos ensanguentados na
minha bochecha. “Juntos,” murmurou, mas eu não sabia o que
ele quis dizer com isso, enquanto as lágrimas corriam pelo meu
rosto, sua mão caindo de volta ao chão com uma finalidade que
me machucou.
Max estava de repente ao meu lado, caindo de joelhos e
envolvendo as mãos na garganta de Seth.
“Cure-o,” implorei, sabendo que não era talentosa o
suficiente para fazer isso. Mas poderia emprestar potência
máxima.
“Clara,” Max assobiou em advertência e minha cabeça
levantou quando ela agarrou Caleb pela garganta, batendo-o
contra uma árvore.
Eu me levantei, minhas pernas tremendo enquanto
levantei minhas mãos manchadas de sangue e liberei meu Fogo
da Fênix, enviando-o ondulando em direção a ela com a força
de um furacão, meus dentes cerrados enquanto tentava
destruir esta cadela que trouxe nada além do inferno para
dentro nossas vidas desde seu retorno.
A fúria borbulhou sob minha carne e eu a deixei alimentar
o perigoso fogo que jorrava de minhas veias, sem mostrar
misericórdia a ela.
Clara gritou de dor quando meu fogo penetrou nas
Sombras que ela estava usando para se proteger, fugindo para
a escuridão e Caleb caiu de joelhos. Seus olhos se fixaram em
Seth no chão e seu rosto ficou tomado de terror quando ele
disparou para se juntar a nós.
Levantei minhas mãos e lancei um círculo de fogo furioso
em torno de nós para manter Clara longe antes de cair de
joelhos e oferecer meu pulso a Caleb.
“Me morda, pegue o que você precisar. Tudo,” exigi.
Ele não hesitou, suas presas cortaram meu pulso e suas
mãos se juntaram às de Max sobre a garganta de Seth.
Max pousou a mão livre no meu braço, olhando para mim
com uma intensidade grave. “Deixe eu me alimentar de suas
emoções.”
Assenti, forçando minhas barreiras para baixo para que
ele tivesse acesso à dor frenética dentro de mim e ele
estremeceu enquanto drenava de mim, abastecendo suas
reservas mágicas.
A luz verde de cura brilhou mais forte entre eles e meu
coração bateu descontroladamente quando a ferida denteada
começou a se curar. Mas se ele já tivesse partido, se fosse tarde
demais...
Uma Sombra caiu das árvores acima de nós e Clara
pousou no círculo de chamas, seu corpo iluminado pelo fogo
vermelho e azul da minha Ordem. Caleb puxou suas presas
para fora de mim e me levantei para me colocar entre ela e os
Herdeiros, levantando minhas mãos e rosnando para ela
enquanto eu ansiava por sua morte.
Eu explodi o imenso poder do meu corpo, mas ela atirou
para o lado, rindo enquanto evitava.
“Acho que Seth ganhou o jogo,” ela zombou enquanto eu
rugia meu ódio para ela, lançando um chicote de Fogo da Fênix
na minha palma e cortando-o no ar.
Desta vez, ela não foi rápida o suficiente e queimou em
suas costas, fazendo-a gritar de dor. “Sua vadia!”
Ela correu para mim e lancei um escudo de fogo na minha
frente enquanto ela tentava se aproximar, fazendo-a gritar ao
colidir com ele. Em vez disso, ela disparou em direção aos
Herdeiros, estendendo a mão na direção deles e eu
rapidamente lancei outro anel de fogo ao redor deles,
extinguindo o anel externo para tentar guiá-la para longe. Ela
sibilou quando foi forçada a recuar pelas chamas, mas acenou
algo para mim com um olhar de triunfo e percebi que ela havia
agarrado a lâmina.
“Você é um monstro,” amaldiçoei. “E vou te matar pelo que
fez.”
“O que fiz?” Ela perguntou inocentemente, batendo os
cílios enquanto dava um passo para o lado e eu a imitava,
movendo-me na direção oposta para mantê-la sob minha vista.
“Você machuca as pessoas. Eu não sei quem você é, mas
você não é Clara Orion. Você é apenas uma casca vazia cheia
de Sombras e morte,” cuspi.
“Então o que você prefere que eu dê a você, Darcy Vega?
Sombras ou morte?” Ela flexionou os dedos e me preparei para
me proteger.
Uma ninfa saiu furiosa das árvores atrás dela, cortando
suas sondas na nuca e levantando o braço de forma que ela
ficasse suspensa do chão, suas pernas chutando e girando
enquanto ela gritava.
Meu coração batia descontroladamente em estado de
choque enquanto eu corria para frente, apontando minhas
mãos para ela, sem saber o que diabos aquela criatura estava
fazendo, mas tinha certeza que iria tirar vantagem disso. O fogo
atingiu minhas palmas, mas Clara torceu a mão no ar e a ninfa
a largou em um instante enquanto ela assumia o controle, a
bola de fogo disparou em direção ao céu em vez disso.
Ela caiu de joelhos no chão, segurando a nuca com um
grunhido. Juntei toda a minha energia mais uma vez e a lancei
com um grito de esforço, mas ela saiu do caminho com sua
velocidade de Vampiro, me fazendo amaldiçoar de fúria.
Tentei seguir o borrão acelerado dela por entre as árvores,
mas não consegui localizá-la e meu olhar se voltou para a Ninfa
diante de mim enquanto segurava minhas palmas mais para
cima. Algo segurou minha mão antes de atacá-la. Ela me
ajudou. Ou era assim que parecia. Mas por quê?
A ninfa deu um passo para longe de mim, inclinando a
cabeça submissamente e meu coração estremeceu no meu
peito enquanto olhava para ela, o fogo fervilhando em torno de
minhas mãos enquanto eu tentava descobrir o que estava
fazendo.
Clara de repente saltou sobre seus ombros por trás,
estendendo a mão e batendo a faca em seu peito
repetidamente, fazendo-a soltar um som horrível de lamento. A
ninfa caiu no chão embaixo dela enquanto ela golpeava como
uma psicopata, esfaqueando e fazendo meu coração estremecer
de alarme.
“Você ousa atacar sua Princesa?” Ela rosnou, enquanto a
criatura estremecia embaixo dela.
Lancei um túnel de Fogo da Fênix com um grito de desafio
e ela saltou da Ninfa, disparando para o lado com uma risada.
“Garota má,” ela repreendeu, levantando as mãos para
lutar comigo e eu plantei meus pés, pronta para acabar com
ela.
Sua cabeça se ergueu e de repente ela apertou a garganta
como se estivesse em agonia. “Papai, não! Estou chegando!”
Eu liberei meu fogo o mais rápido que pude, minhas asas
batendo o suficiente para me levantar do chão enquanto eu
derramava um inferno de meu corpo, determinada a acabar
com ela. Ela correu para longe e o fogo queimou um caminho
atrás dela, deixando o chão preto. Mas ela foi muito rápida
quando desapareceu na direção da casa e meus ombros
cederam quando falhei mais uma vez.
Virei-me para os Herdeiros, apagando as chamas ao redor
deles e encontrando Max e Caleb ainda trabalhando para
reviver Seth. O terror tomou conta do meu coração de novo.
Ele não pode morrer. Eu não suportaria se ele morresse.
Eu estava prestes a ir até eles quando uma tosse gutural
atingiu meu ouvido e me virei para onde a ninfa havia caído.
Meu coração parou de bater quando vi um menino ali,
coberto de lama e sangue. Um menino de cabelos negros e pele
clara. Um menino que não poderia estar deitado no lugar
daquela Ninfa.
“Diego?” Engasguei, correndo para frente, confusão e medo
me estrangulando quando caí ao lado dele e observei as feridas
abertas que cobriam seu peito.
Eu descansei minhas mãos sobre sua pele enquanto ele
piscava para mim, suas bochechas manchadas de vermelho e
seus olhos cheios de desculpas.
“Eu s-sinto muito, Darcy,” murmurou.
“Eu não entendo,” solucei, tentando curar as feridas, mas
elas eram tão profundas e eu não conseguia encontrar sua
magia para me conectar. “Max!” Gritei, mas Diego agarrou meu
braço, balançando a cabeça enquanto o pânico tomava conta
de mim.
Ele não poderia estar aqui. Por que ele está aqui??
“A magia Fae não pode me curar,” ele sussurrou e a
realidade do que ele era enrolando em minha garganta como
um vício.
“Como você pode... como você está aqui?” Lágrimas
correram pelo meu rosto enquanto eu desesperadamente
continuei a tentar curá-lo, mas podia ver que era inútil. Minha
magia não podia se fixar na dele, não era como com outros Fae,
mas como poderia aceitar está verdade embora a tivesse visto
com meus próprios olhos? O que isso significava?
Por favor, não morra.
“Eu não sou seu inimigo,” ele jurou e eu pude ver a
necessidade em seus olhos para que eu acreditasse nisso.
Assenti, minhas lágrimas respingando contra seu rosto quando
encontrei sua mão e agarrei-a com força, sem saber o que mais
fazer. “Fiz coisas ruins,” ele sussurrou, sua respiração ficando
mais rasa. “Você verá... você precisa... pegue meu chapéu.” Ele
tossiu e sangue salpicou seus lábios, que eu rapidamente
limpei, odiando que eu não pudesse fazer mais por ele.
“Apenas aguente,” implorei a ele, as lágrimas turvando
minha visão e a dor envolvendo meu coração. “Deve haver algo
que eu possa fazer.”
Ele balançou a cabeça ligeiramente, a aceitação pairando
sobre sua expressão. “Eu só queria ser útil. Eu me saí bem? Eu
fui um bom amigo?” Ele perguntou, uma lágrima rolando de
seus olhos.
“Você foi o melhor amigo, Diego,” eu prometi e um sorriso
apareceu no canto de sua boca levemente.
“Você sempre se sentiu como... em casa,” disse ele em
uma respiração gutural, então ele caiu terrivelmente imóvel,
seus olhos fixos nas estrelas enquanto elas refletiam em sua
superfície vítrea.
“Não,” eu gemi, caindo para frente quando a dor tomou
conta de mim e eu o envolvi em meus braços, desejando poder
ter feito mais. Desejando poder consertar isso.
Não morra. Você não pode morrer.
Seu corpo de repente se transformou em cinzas e um ruído
sufocado de dor escapou de mim enquanto seus restos
dançavam na brisa, perdidos, perdidos para sempre. Meu
amigo. Um menino que eu nunca mais veria.
Uma mão caiu no meu ombro e me virei para encontrar
Seth lá, seus lábios entreabertos em choque, sua garganta
manchada de sangue, mas de alguma forma finalmente curado.
Eu me joguei em seus braços enquanto o alívio me percorria ao
encontrá-lo vivo, sem saber exatamente quando eu não apenas
o perdoei, mas realmente me importei com ele tão
profundamente. Meu corpo estremeceu com o peso de saber
que ele estava bem emaranhado com a dor sufocante de perder
Diego.
“Sinto muito,” solucei enquanto ele me segurava.
“Não é sua culpa,” ele jurou, me segurando com mais
força.
“Estou tão feliz que você está bem,” falei sem fôlego e ele se
aninhou em minha cabeça.
“Você também,” ele sussurrou contra minha bochecha
enquanto mais lágrimas escapavam de mim.
Sabia que não poderia mais ficar ali na segurança de seus
braços.
Tinha que ir até a Tory. Tinha que lutar. Tinha que
destruir a vadia que fez isso.
“Vamos acabar com isso, querida,” Seth rosnou em meu
ouvido e assenti contra seu peito.
Eu me levantei, forçando minhas lágrimas para longe e
enterrando minha dor enquanto olhava para os outros
Herdeiros, um laço poderoso que parecia nos unir agora. Havia
apenas um inimigo que importava e era hora de derrotá-lo.
Juntos.
Meu aperto aumentou em torno da garganta do meu pai e rosnei
para ele quando a força em seus músculos começou a afrouxar sob mim.
Seus olhos estavam arregalados de horror quando ele olhou nos olhos do
monstro que ele havia criado e percebeu que ele me construiu à sua
imagem completamente.
Ele passou sua vida perseguindo o poder com uma sede
insaciável e me treinou na arte de fazer o mesmo. Mas em sua
arrogância, ele se esqueceu de uma coisa vital. O Fae que
estava entre mim e meu poder era ele.
Suas botas embaralharam contra o piso e até mesmo o
calor sob suas palmas começou a diminuir conforme a morte
se fechava sobre ele e eu estava cheio de leveza com o
pensamento. A vida sem suas Sombras lançando escuridão
sobre tudo de bom que eu já tive. Xavier poderia estar livre.
Minha mãe também. Roxy e sua irmã estariam seguras. Eu
teria o poder de tirar Lance da prisão. Teria o poder de fazer
qualquer merda que quisesse.
E eu estava mais do que disposto a comprar esse poder
com seu sangue.
Rosnei enquanto espremia a vida dele. Por Xavier. Lance.
Mãe. Roxy. E eu.
“Papai!” O grito de horror de Clara veio um momento antes
dela colidir comigo, usando toda a força de sua Ordem para me
afastar de meu pai antes que pudesse terminar o trabalho.
“Não!” Eu rugi enquanto Roxy gritava para eu tomar
cuidado.
Eu pulei de pé, lançando uma lâmina de gelo na palma da
minha mão enquanto corria em direção a ele para terminar o
que tinha começado. Antes que pudesse dar mais de um passo,
Clara acelerou em meu caminho, levantando a mão enquanto
sorria para mim e parei quando as Sombras dentro de mim se
espalharam sob minha carne e assumiram o controle de meus
membros.
“Uh, uh, uh, menino travesso,” Clara disse, balançando
um dedo para mim como se fosse uma criança enquanto lutava
contra seu domínio nas Sombras dentro de mim com tudo que
eu possuía. A lâmina de gelo caiu da minha mão onde começou
a derreter em uma poça de nada junto com todas as minhas
esperanças e sonhos.
Meu pai rolou com um grunhido de raiva, colocando-se de
joelhos enquanto levava a mão à garganta para curar o dano
que eu tinha feito a ele.
“O que aconteceu com lutar como Fae, seu covarde de
merda!” Gritei enquanto lutava contra a magia de Clara.
Estive tão perto, tão perto de acabar com ele, destruir seu
legado de terror e reivindicar minha vida de volta dele.
“Você já deveria saber, Darius,” meu pai sibilou enquanto
continuava a se curar. “Essa vitória é sobre usar todas as
vantagens que você tem. E minha Guardiã é uma vantagem
que você simplesmente não pode igualar.”
“Pobre papai,” Clara murmurou enquanto se abaixava
diante dele onde ele se ajoelhava, com lágrimas escorrendo de
seus olhos enquanto ela segurava seu rosto com as mãos. “Eu
não estava aqui quando você precisava de mim. Eu sou má,
menina má...”
Meu pai a ignorou quando ela se aproximou dele e
começou a lamber o sangue de sua bochecha.
“Eu te ofereci o mundo, garoto,” ele rosnou para mim. “E o
que você escolheu? Uma garota que ameaça tudo que você já
conheceu. Cujo pai foi um selvagem que quase destruiu nosso
reino. Que partiu seu coração tão facilmente quanto respirar.”
“O mundo não significa nada para mim sem ela,” cuspi
para ele, meu olhar deslizando para Roxy, onde ela me
observava da mesa, seus olhos arregalados brilhando de medo
por mim.
“É assim mesmo?” Meu pai se levantou tão de repente que
derrubou Clara de bunda e ela bufou enquanto subia atrás
dele.
“O que vamos fazer, meu rei?” Ela sussurrou
animadamente enquanto eles cruzavam a sala em direção a
Roxy e meu coração trovejou em pânico.
“Não,” murmurei, incapaz de esconder o terror em minha
voz quando meu pai estendeu a mão para tocar sua bochecha
onde ele queimou um X em sua pele.
Eu mal podia suportar olhar o que ele tinha feito com ela.
A culpa que sentia por um membro da minha família ser
responsável por tanto de sua dor e sofrimento me comia vivo de
dentro para fora.
Roxy apenas cerrou a mandíbula e esperou, recusando-se
a deixar que uma única palavra passasse por seus lábios em
protesto pelo que ele estava planejando.
“O que seria necessário para você matar essa garota,
Darius?” Meu pai me perguntou com uma voz perigosa.
“Nada,” respondi instantaneamente. “Eu morreria
primeiro.”
O triunfo brilhou nos olhos do meu pai com as minhas
palavras e meu pulso trovejou em pânico enquanto eu tentava
descobrir o porquê. Que possível razão ele poderia ter para
estar satisfeito com meus sentimentos por uma garota que
poderia arruinar tudo para ele?
Ele passou a mão pela bochecha de Roxy e ela lutou
contra um estremecimento enquanto ele traçava os cortes
sangrentos em seu rosto com o dedo indicador. Meus olhos se
arregalaram em confusão quando uma luz verde acendeu sob
sua palma e, lentamente, cada corte e queimadura em seu
corpo sarou até que ela foi deixada inteira novamente, ofegando
na mesa enquanto puxava as cordas em chamas que a
prendiam.
“Eu espero que você não esteja esperando que eu lhe
agradeça,” ela sussurrou, puxando seu rosto para longe dele
enquanto ele olhava para ela como se ela fosse algo que ele
quisesse devorar.
“Apenas a deixe ir,” implorei. Nunca implorei àquele
homem por nada em minha vida, mas por ela eu o faria. Eu
não me importava. Nenhum preço era muito alto, nenhum
sacrifício muito grande. “Eu farei o que você quiser, serei quem
você quiser. Vou me casar com Mildred, seguir seus comandos,
trabalhar todos os dias para ser o Herdeiro que você queria.
Apenas a deixe em paz.”
“Isso você vai,” meu pai rosnou.
Ele contornou a mesa, estendendo a mão para agarrar a
mão de Roxy na sua, sorrindo de uma forma que fez o pânico
tomar conta de mim.
O olhar de Roxy encontrou o meu e ela mordeu o lábio
inferior enquanto o medo cintilava em seu olhar.
“Roxanya Vega,” meu pai rosnou, olhando-a enquanto um
sorriso sombrio apareceu em seus lábios. “Você protegerá
minha vida em detrimento da sua própria vida. Nada será mais
importante para você do que isso...”
“Não,” engasguei quando as palavras do meu passado
ecoaram em mim. As palavras que ele disse quando forçou
Lance a abandonar a vida pela qual trabalhou tanto e roubou
tudo dele. “Por favor. Não faça isso com ela!” Lutei contra o
domínio de Clara sobre mim com tudo o que tinha, o pânico me
cegando enquanto Roxy olhava entre mim e meu pai com
medo.
“Adiuro te usque in sempiternum,” ele continuou, seus
olhos brilhando com poder enquanto ele lançava a magia
antiga e Clara aplaudia animadamente enquanto uma corrente
de poder prendia a mão de Roxy à sua. “Adiuro custodiet te
milhi in filium.”
Roxy ofegou quando o poder de sua magia penetrou em
seu corpo, invadindo-a, mudando-a, ligando-a ao homem que a
impelia.
Um rugido explodiu de meus lábios enquanto lutava
contra as Sombras com tudo que tinha, mas seu domínio sobre
mim era completo e o sorriso selvagem de Clara só cresceu
enquanto eu tentava quebrar seu controle.
“Adiuro te usque ad mortem!” Meu pai clamou e a força de
sua magia fez as paredes tremerem enquanto ecoava pela sala.
Roxy gritou quando a magia queimou nela e meu pai caiu
para frente, apoiando-se sobre ela enquanto lutava contra a
queimadura do vínculo, uma vez que foi instalado também.
Meu coração se partiu por ela enquanto eu observava o
feitiço seguir seu curso, meus membros tremendo enquanto eu
era forçado a testemunhar essa farsa.
O aperto de Roxy na mão de meu pai aumentou quando
ela arqueou as costas contra a mesa. E juro que pude sentir
minha alma se partindo e murchando dentro de mim enquanto
eu o via roubar sua vida dela.
A onda de magia desapareceu entre eles e meu pai soltou
sua mão, sorrindo sombriamente enquanto olhava para a nova
marca Gêmeos na dobra de seu braço ao lado do símbolo de
Câncer que ele já segurava para Clara.
Eu mal podia suportar olhar para a marca de Áries na pele
de Roxy, mas ela estava olhando-a com uma expressão de nojo
horrorizado em seu rosto que estava claro que ela já percebeu o
que ele tinha feito.
Meu pai se afastou dela, seus olhos brilhando de triunfo
enquanto ele olhava diretamente para mim.
“Você nunca vai me vencer, Darius,” ele disse em voz
baixa. “Mas toda vez que você tentar, farei com que ela pague o
preço.”
Clara de repente me libertou das Sombras e eu rugi
enquanto me lançava sobre meu pai, uma tempestade de fogo
crescendo entre minhas mãos antes de disparar contra ele com
cada gota de magia que tinha deixado para mim.
Minha magia se chocou contra um escudo de ar como uma
onda quebrando contra um penhasco.
Mergulhei na fumaça, mas antes que pudesse colocar
minhas mãos nele, um corpo macio bateu em mim em vez
disso.
Engasguei quando Roxy usou sua magia do Ar para tirar
minhas pernas debaixo de mim, pegando sua cintura e
puxando-a para baixo comigo enquanto caía para trás.
Seus olhos se encheram de lágrimas quando ela montou
em mim, pressionando uma adaga feita de gelo na minha
garganta, a lâmina pressionando com firmeza o suficiente para
tirar uma gota de sangue da minha pele.
“Não posso deixar você machucá-lo, Darius,” ela falou sob
sua respiração e o horror que sentiu com a ideia disso ficou
claro quando seu olhar chamejou de raiva e desespero, e todos
os planos que eu já tive para a morte de meu pai desabaram
para baixo ao nosso redor. “Eu sou sua Guardiã agora. Você
teria que me matar primeiro.”
Darius estava olhando para mim como se o mundo inteiro tivesse
acabado de implodir e eu estivesse prestes a ser arrancada de seus
braços.
Ele se levantou de repente, me levantando de seu colo e
me plantando no chão enquanto me empurrava para trás e
mostrava os dentes para seu pai e Clara.
“Diga seu preço. Qualquer coisa que você quiser para
desfazer isso,” ele rosnou, uma mão agarrada ao meu pulso
como se ele pensasse que se pudesse apenas me segurar, então
nada disso estava realmente acontecendo.
Clara caiu na gargalhada, batendo palmas como se tudo
isso fosse algum jogo.
“Você não vê, Darius?” Ela perguntou. “Isto é perfeito.
Agora somos todos uma grande família feliz. Podemos voltar a
amar um ao outro e ter certeza de manter o papai feliz. Talvez
ele até deixe você compartilhá-la às vezes?”
O aperto de Darius em mim aumentou e ele rosnou,
virando os ombros para trás como se estivesse ansioso para
terminar esta luta, embora não soubesse como fazer agora.
Não havia como ele fazer isso sem ter que passar por mim.
Quando ele atacou Lionel, eu nem tinha percebido que estava
me movendo antes de pular na frente dele e até mesmo o
pensamento de Darius atacando-o agora estava enchendo
minha cabeça com pensamentos de como eu o imobilizaria.
Mas isso era tão fodido porque a coisa que eu mais queria
neste mundo era Lionel morto... não era?
“Diga-me seu preço,” Darius exigiu furiosamente e os
lábios de Lionel se ergueram em um sorriso que fez um arrepio
de medo correr pela minha espinha.
“Isso não é uma negociação, garoto,” disse ele. “Ela
pertence a mim agora.”
“Você vai manter a porra das mãos longe dela,” Darius
rosnou e eu estendi a mão para envolver meus dedos em torno
de seu braço, tocando a marca do Beijo de Fênix que dei a ele
enquanto ele continuava segurando meu outro pulso.
“Eu não acredito em destino,” eu sibilei. “Ou sorte, ou
deuses, divindades, demônios ou mesmo idiotas lagarto de
merda escolhendo minha vida por mim. Então você pode me
ligar a você ou me amaldiçoar ou me capturar, mas nunca serei
sua ou de qualquer outra pessoa, a menos que eu escolha.”
“Oh, acho que você vai escolher,” Lionel ronronou e o
estrondo profundo de sua voz era meio... reconfortante. Que
porra é essa? “O vínculo do Guardião faz mais do que fazer
você me proteger. Isso fará com que você me deseje também.”
“Isso vai fazer você amá-lo como deveria,” Clara colocou,
quicando na ponta dos pés.
“Nunca,” jurei.
“Qual é o seu preço?!” Darius gritou e eu pude senti-lo
tremer onde nos abraçamos, os tremores em sua pele me
fazendo estremecer também. Era raiva e medo e algo muito pior
porque o olhar aterrorizado em seus olhos dizia que ele
realmente não acreditava que isso pudesse ser desfeito. Ele
vivia isso. Ele sabia.
“Venha comigo, Roxanya,” ordenou Lionel, sacudindo o
queixo como o burro pomposo que era.
Meu pé fodido mudou quando alguma parte irreconhecível
de mim doeu para fazer exatamente isso. Para ir até ele,
certificar-se de que ele estava bem, estender a mão e tocar nele
e...
O que diabos ele fez comigo??
A porta se abriu e nós giramos enquanto Darcy, Caleb,
Seth e Max praticamente caíram dentro.
Meu coração saltou ao vê-los todos aqui, suas expressões
ferozes e posturas determinadas me dizendo em termos
inequívocos que eles vieram para mim.
Em toda a minha vida, eu só tive uma pessoa em quem
pudesse confiar com esse tipo de lealdade. E vê-la cercada de
garotos que eu pensava como meus inimigos até recentemente
deixou algo ardente em minha alma que eu nem sabia que
estava ansioso.
“Você está em menor número,” rosnou Darcy, os olhos
fixos em Lionel enquanto as chamas cobriam seus punhos.
“Então, deixe minha irmã ir embora.”
“Acho que você está se esquecendo de como os Fae lutam,
Gwendalina,” Lionel riu. “Mas se você acha que pode me
enfrentar sozinha, sinta-se à vontade para tentar. Caso
contrário, vou levar vocês duas comigo.”
Darcy ergueu as mãos e jogou as chamas que segurava
nele com um grito de raiva.
O medo passou por mim e eu pulei para frente com um
grito de pânico, jogando meus braços para cima enquanto me
soltava das garras de Darius e jogava um escudo para proteger
Lionel. A bola de fogo me atingiu no peito quando eu falhei em
me proteger e Darcy gritou quando fui jogada no chão pela
explosão.
Lionel nem mesmo recuou, seus lábios se contraindo com
diversão como se ele estivesse se divertindo muito. Clara havia
lançado um rio de Sombras entre nós e os outros para protegê-
lo também e fomos efetivamente isolados deles enquanto ele
continuava a se contorcer no centro da sala.
“Você não deveria ter feito isso,” Clara sibilou atrás de
mim enquanto Darcy olhava boquiaberta para mim em
confusão.
“O que está acontecendo, Tor?” Ela perguntou, seu olhar
passando rapidamente entre todos nós enquanto a dor apertou
meu peito como se estivesse sendo espremida em um torno.
Antes que pudesse responder, as Sombras em mim
ganharam vida e meus membros foram inundados com energia
negra quando me pus de pé e me movi para ficar diante de
Lionel e Clara. A adrenalina inundou minhas veias enquanto
eu tentava descobrir o que diabos estava acontecendo comigo e
Darius mudou-se para o meu lado, controlado pelas Sombras
também.
“Vamos matá-los?” Clara perguntou com uma voz
açucarada.
“Preciso das gêmeas,” disse Lionel com firmeza.
“Essa não,” disse Clara com um suspiro de
desapontamento, apontando para Darcy. “As Sombras a
deixaram.”
Meus lábios se separaram enquanto eu tentava descobrir
se isso poderia ser verdade e o olhar que Darcy estava me
dando dizia que era.
“Então suponho que não precisamos de nenhum deles,”
Lionel concordou lentamente. “E eliminar os Herdeiros dos
outros assentos do Conselho só tornará minha ascensão mais
suave...”
Clara deu uma risadinha animada e eu podia sentir as
Sombras crescendo dentro de mim enquanto se moviam para
revestir meu corpo e ganhar vida em minhas palmas.
Levantei minhas mãos sem querer e Darius fez o mesmo
ao meu lado. Sombras explodiram de nós tão de repente que
roubaram minha respiração, o poder bruto delas me rasgando
como um furacão e batendo em toda a sala com mais energia
do que eu já senti.
Darcy, Seth, Caleb e Max ergueram seus escudos de ar
mais poderosos para se protegerem e quando as Sombras
colidiram com eles, houve um estrondo retumbante que
derrubou os quatro do chão.
Um grito chamou minha atenção para o buraco na parede
e engasguei quando vi um movimento do lado de fora, quase
pensando que as próprias árvores estavam se movendo antes
que eu percebesse o que era. Do outro lado do terreno,
destacada pela luz das estrelas, uma horda inteira de Ninfas
estava vindo para cá.
“Puta merda,” Caleb murmurou enquanto olhava para fora
também e todos os outros olhavam com terror.
Nem Lionel nem Clara pareciam nem um pouco
preocupados, e essa podia ser a parte mais assustadora de
tudo.
Minhas mãos se levantaram novamente enquanto Clara ria
de alegria e o medo me consumia enquanto olhava para Darcy,
levantando-se enquanto ela tentava se preparar para o próximo
ataque.
“Você pode lutar contra isso, Tory, você também pode se
libertar!” Ela gritou e lutei com tudo que tinha que fazer
exatamente isso, mas com minha Fênix ainda dormindo
profundamente dentro de mim graças ao gás Supressor de
Ordem, eu nem sabia por onde começar.
O poder estava crescendo em minhas mãos novamente,
ainda mais potente do que da última vez e Darius estava
xingando ao meu lado enquanto tentava lutar contra as
Sombras também. Mas não adiantou, elas estavam apenas se
intensificando e a qualquer momento eu seria forcada a soltá-
los sobre Darcy e meus amigos...
“Espere,” engasguei desesperadamente, me perguntando
se havia mesmo a menor chance de que pudesse barganhar
com um homem louco. “Você me quer, não é? Você quer que eu
ceda às Sombras e lhe dê meu sangue? Vou fazer isso. Tudo. O
que você quiser. Apenas deixe minha irmã ir. Deixe todos
irem.”
“Tory não!” Darcy gritou e Seth a agarrou enquanto ela
tentava se lançar em minha direção, apesar do rio de Sombras
nos separando.
“Por cima do meu cadáver,” Darius rosnou furiosamente
ao meu lado, mas ele não podia se mover mais do que eu.
Minhas mãos tremiam enquanto as Sombras se enrolavam
ao redor delas, mas eu estava muito mais apavorada com o que
eles estavam prestes a fazer a Darcy e os Herdeiros do que
qualquer coisa que pudesse acontecer comigo.
Passos soaram atrás de mim e estremeci quando a mão de
Lionel deslizou por cima do meu ombro, embora eu não
pudesse dizer se era de repulsa ou prazer e isso era quase a
coisa mais assustadora sobre esse vínculo que eu agora tinha
com ele.
“Diga adeus à sua irmã,” ele falou sob sua respiração,
seus lábios roçando minha orelha e me fazendo tremer
novamente.
“E Darius,” sufoquei. “Todos eles. Deixe todos eles aqui.
Então farei o que você quiser.”
“Se você for com ele, irei também,” Darius rosnou.
“Ele vai voltar correndo para a Mansão para encontrar
você de qualquer maneira,” Lionel zombou, mas eu o ignorei.
“Nós temos um acordo?” Exigi.
Houve uma pausa onde apenas o som das Ninfas se
aproximando cada vez mais da casa nos alcançou e o medo de
sua chegada fez todo o meu corpo ficar entorpecido.
“No momento em que você se entregar às Sombras, nós
três iremos embora,” Lionel concordou, me olhando com avidez.
“Tique-taque.”
Clara soltou minhas Sombras e cambaleei para frente
enquanto Darius ainda estava congelado em suas mãos.
Darcy começou a gritar comigo, me implorando para
reconsiderar, jurando lutar e vencer, mas com as Ninfas
chegando, sabia que não havia escolha a ser feita. Lionel e
Clara não iam me deixar sair e não havia mais tempo para
brigar. Ela tinha que sair daqui antes que o exército chegasse
ou eu iria perdê-la e até mesmo pensar nisso me desmoronou.
Apenas a parede de Sombras que Clara havia construído
entre nós a estava mantendo longe de mim e sabia que faria o
mesmo em sua posição. Mas era a única maneira.
Virei-me para Darius com meu peito arfando e lágrimas
nadando em meus olhos enquanto ele olhava para mim como
se estivesse rasgando seu coração ao fazer isso. Mas eu não
tive escolha. Faria qualquer coisa pelo amor da minha irmã. E
faria qualquer coisa para protegê-lo também.
“Preciso que você tire Darcy daqui,” exigi. “Se você quis
dizer todas as coisas que me disse, se sentir alguma coisa
disso, você se certificará de que ela esteja segura.”
“Não faça isso,” ele implorou e meu coração se torceu em
agonia enquanto sentia a dor que estava causando a ele ao
ceder a seu pai.
Inclinei-me para frente, fechando a distância entre nós e o
roçar de seus lábios contra os meus foi uma agonia diferente de
tudo que eu já conheci, porque sabia o que era. O que tinha
que ser. Era um adeus.
“Por favor,” murmurei, recusando-me a abrir meus olhos
enquanto me afastava e o calor dele foi perdido para mim.
“Roxy,” ele rosnou, e a agonia crua daquela palavra foi o
suficiente para me afogar.
“Agora,” Lionel retrucou e me forcei a me afastar de Darius
enquanto meu coração se partia por ele novamente.
Meu olhar travou em Darcy enquanto deixava as Sombras
entrarem porque eu era fraca. Eu não poderia enfrentar essa
escuridão sozinha. Não tinha certeza do que teria se não a
tivesse.
Lágrimas correram pelo seu rosto enquanto Seth a
segurava e ela observava enquanto eu afundava na escuridão.
Não conseguia contar quantas vezes eu fui tentada pela
promessa de esquecimento que as Sombras me ofereceram nos
últimos meses, mas ela sempre foi a razão pela qual tinha
lutado contra elas. Era uma reviravolta cruel do destino que ela
agora fosse a razão de eu estar cedendo a elas também.
Mas quando a agonia dessa verdade tomou conta de mim,
as Sombras se levantaram para reivindicá-la. Para reivindicar
toda a dor, sofrimento e tristeza em mim e levá-los embora
como se nada disso tivesse importado.
As Sombras me varreram como uma maré que correu em
minhas veias da maneira mais exultante. Elas correram por
baixo da minha carne, iluminando-me com um prazer tão
intenso que esqueci de tudo em favor de servi-las. Elas eram
êxtase, felicidade e euforia e elas me libertaram de todos os
meus demônios. Não havia mais dor ou sofrimento, tristeza ou
desespero. Apenas as partes mais sombrias de mim que
ansiavam por corrupção e prosperavam no pecado. Eu as
deixei me possuírem com um sorriso no rosto e um gemido
escapando dos meus lábios quando finalmente convidei a
escuridão a entrar.
Foi um alívio ceder finalmente. Sem mais dor, remorso ou
angústia.
Apenas poder.
E eu estava mais do que pronta para reclamar minha
parte nisso.
Antes que pudesse fazer qualquer coisa para salvar minha irmã,
Lionel se transformou em sua enorme forma de Dragão verde,
derrubando o teto e agarrando Tory e Clara em suas garras.
Gritei enquanto o mundo literalmente desabava ao nosso
redor e eu não tinha forças para me proteger, meu coração
batia desesperado e quebrado enquanto tentava correr atrás de
minha irmã.
Darius correu para mim entre o telhado caindo e levei um
momento para perceber que Max e Seth estavam nos
protegendo enquanto a casa inteira desabava.
As paredes desmoronaram ao nosso redor e meu coração
desmoronou junto com elas enquanto Lionel roubava minha
irmã e parecia roubar toda esperança junto com ela. Fomos
enterrados sob uma tonelada de escombros e a escuridão
desceu enquanto estávamos presos em uma bolha de
segurança.
Virei minhas mãos para o telhado, olhando para os
Herdeiros. “Abra o topo do escudo, vou explodir os escombros,”
exigi e eles fizeram o que eu disse, confiando em mim enquanto
abriam o escudo o suficiente para deixar minha magia de Ar
abrir um buraco nos escombros. Eu não perdi um segundo,
lançando ar debaixo de mim para me impulsionar para o
telhado quebrado e Darius foi jogado atrás de mim por um dos
outros.
“Darcy,” ele rosnou, mas eu o ignorei, ficando de pé e
correndo pelos pedaços quebrados do telhado enquanto eu
procurava no céu, a agonia se espalhando por mim com a
perda de Tory para as Sombras e as garras de Lionel.
Por favor volte. Eu não suporto ficar sem você.
Darius ficou ao meu lado enquanto eu subia nos tijolos e
argamassa e os Herdeiros corriam atrás de nós enquanto
chegávamos ao topo dos escombros. As Ninfas estavam
subindo pelos escombros em nossa direção, mas eu não me
importei. Eu mantive meu olhar no céu quando finalmente
avistei Lionel à distância, sua forma verde escura quase
camuflada contra o céu noturno.
Cerrei meus dentes enquanto tentava forçar minhas asas
do meu corpo, lutando contra o Supressor da Ordem, embora
fosse inútil. Mas eu precisava trazer Tory de volta. Eu não
poderia simplesmente abandoná-la a este destino.
Darius pegou meu braço com um rosnado. “Temos que
voltar para a academia, prometi protegê-la.”
“Dane-se, me deixe ir,” rosnei enquanto Max, Seth e Caleb
formavam um triângulo em torno de nós, lançando magia nas
Ninfas para mantê-las longe.
“Eu quebrei as proteções ao redor da casa para que
possamos dar o fora daqui,” Max chamou.
Darius tirou uma bolsa de poeira estelar de seu bolso e
tentei arrancá-la de suas mãos, desesperado para ir atrás dela,
mas ele a segurou fora de alcance.
“Leve-nos para a Mansão Acrux,” exigi, agarrando seu
braço e quase tirando sangue. Meu coração foi destruído,
metade dele arrancado e levado quando ela se sacrificou por
nós, não me dando escolha. Mas me recusei a aceitar.
“Não podemos lutar contra ele assim. Temos que nos
reagrupar. E eu prometi mantê-la segura, então vou levá-la de
volta a Zodiac,” Darius rosnou, me arrastando contra ele
enquanto as lágrimas queimavam em minhas bochechas.
“Não é sua escolha!” Gritei, empurrando-o no peito
enquanto ele lutava para se segurar em mim e tentar abrir a
bolsa de poeira estelar ao mesmo tempo.
“Nós temos que ir, porra,” Caleb latiu, girando e
arrebatando a poeira estelar dele.
“Não!” Gritei, tentando me libertar quando ele jogou um
punhado no ar e fomos puxados para uma galáxia de estrelas,
meu coração se despedaçando, sentindo-me tão fragmentada
quanto o universo se espalhando ao meu redor em estilhaços
de luz. Mas os pedaços do meu coração não brilharam, eles
estavam escuros e irregulares e cheios de dor.
Meus pés atingiram o chão e Darius me puxou em seu
peito, seus braços me esmagando em um abraço feroz
enquanto pousávamos além da cerca que circundava o
campus. E eu finalmente cedi, desmoronando em seus braços.
“Podemos ir para Hollow, vamos fazer um plano,” Seth
choramingou, passando a mão nas minhas costas enquanto
minhas lágrimas corriam livres. Pela minha irmã, por Diego.
Por tudo que perdi.
Eu ansiava por Orion com todas as partes do meu ser,
precisando rastejar em seus braços e buscar o conforto de suas
palavras. Ele saberia o que fazer. Ele teria encontrado uma
maneira de consertar isso. Mas ele se foi. Ele me cortou de sua
vida e agora Tory se foi também e não acho que poderia lidar
com a perda de ambos. Era demais para suportar.
“Não posso simplesmente deixá-la com ele,” eu sibilei,
tentando me recompor quando uma energia frenética atingiu
meus membros. Saí dos braços de Darius, enxugando minhas
lágrimas enquanto desejava que meu coração se transformasse
em ferro, precisando me concentrar. Lutar.
“Nós não vamos,” Darius concordou ferozmente. “Vou
destruir o mundo por ela, mas não podemos vencer esta noite.”
Odiava aceitar essas palavras, mas sabia que ele não as
diria a menos que fosse absolutamente verdade. Estávamos
todos cansados, enfraquecidos e não tínhamos ideia de qual
seria o próximo movimento de Lionel.
Mas eu tinha que resgatá-la. Iria resgatá-la. Nem que isso
me custasse cada pedaço quebrado de minha alma.
“Isso não acabou,” rosnei enquanto os Herdeiros se
reuniam ao meu redor em um círculo. Olhei entre eles,
encontrando resiliência em seus olhos, seus acenos me
prometendo que eles lutariam por ela também. Eu encontrei o
olhar com anéis escuros de Darius por último e sua cabeça
baixou.
Eu peguei seu queixo, puxando-o para cima para que ele
me olhasse nos olhos. “Você não vai desistir dela.”
“Nunca,” ele prometeu com um grunhido sombrio que
prometia derramamento de sangue. “Mas temo que meu pai vá
assumir o trono, Darcy. E não há nada que possamos fazer
para impedi-lo agora que ele a tem.”
Engoli o caroço afiado cortando minha garganta enquanto
cerrei minha mandíbula. “Então faremos um juramento. Bem
aqui. Encontraremos a Estrela Imperial antes dele. É a única
chance que temos contra ele.”
Eu estendi minha mão, me perguntando se eles realmente
fariam isso, mas todos eles avançaram sem hesitar, colocando
suas mãos sobre as minhas.
“Juro pelas estrelas que encontraremos a Estrela Imperial
antes que Lionel o faça,” murmurei fundo. “Custe o que
custar.”
Todos eles falaram em uníssono, um estrondo de magia
ligando todos nós cinco juntos em uma promessa das estrelas
que ecoou por todo o universo. “Custe o que custar.”
Mãos fortes agarraram meus braços e me sacudiram até que
pisquei para tirar as Sombras dos meus olhos.
Eu estava de pé no telhado de uma torre alta no topo da
Mansão Acrux com o vento quente puxando meu cabelo e as
estrelas brilhando intensamente acima de mim.
“Você está pronta para trabalhar, Roxanya?” Lionel
ronronou enquanto olhava nos meus olhos e suspirei enquanto
olhava para ele. Algo sobre ele me fez sentir como se eu
pertencesse.
“Que trabalho?” Perguntei, uma carranca puxando minha
testa enquanto as Sombras deslizavam ao meu redor, beijando
minha pele e sussurrando palavras doces em meus ouvidos.
Elas estavam com fome... com muita fome.
“Você quer me agradar?” Lionel perguntou, sua mão se
movendo para agarrar meu queixo enquanto me forçava a
manter seu olhar.
Seus olhos eram verdes escuros como seu Dragão e
capturaram toda a minha atenção enquanto eu olhava em suas
profundezas e caçava dentro deles por suas Sombras, me
perguntando se elas subiriam por mim também. Ele vestiu
uma calça cinza, uma camisa branca de botão e mocassins
marrons que imaginei que ele tivesse guardado aqui para o seu
retorno.
“Sim,” murmurei enquanto meu coração batia mais forte.
Queria agradá-lo. Queria isso mais do quê... qualquer coisa.
“Boa menina.” Ele empurrou meu rosto para fora de seu
aperto, me jogando para trás um passo enquanto se virava e se
dirigia para dentro com Clara saltando para frente para pegar
sua mão na dela.
Meus lábios se curvaram para trás enquanto eu os
observava descendo uma escada curva e fui deixada para
seguir atrás.
Nós descemos. Para baixo e para baixo e para baixo. Até
que todo o calor do verão foi roubado e entramos em um
corredor bem abaixo da Mansão, onde era tão frio quanto o
espaço vazio dentro do meu coração.
Lionel abriu o caminho por um longo corredor de pedra,
iluminando arandelas enquanto íamos com sua magia de Fogo.
Clara continuou segurando sua mão, balançando para
frente e para trás e meu olhar se estreitou no ponto de contato
entre eles enquanto as Sombras giravam dentro de mim.
“Por quê?” Eu rebati, quando não aguentei mais.
“Porque eu sou a favorita,” Clara sibilou, lançando um
olhar por cima do ombro que me fez rosnar.
Lionel estalou a boca enquanto se movia para abrir uma
pesada porta de madeira e eu os segui para dentro. Ele puxou
Clara de lado para que pudesse olhar para a enorme câmara de
pedra. Havia uma cadeira no centro com grossas tiras de couro
nos braços e nas pernas. Uma fileira de ganchos, facas e outros
dispositivos de tortura pendurados ao longo da parede à
esquerda e um tanque de água fria à direita.
“Você quer ser a favorita, Roxanya?” Lionel ronronou
quando soltou a mão de Clara e deu um passo em minha
direção.
As Sombras mudaram dentro de mim, doendo para sentir
isso com uma urgência que não conseguia compreender. “Sim,”
murmurei, sentando na cadeira e esperando enquanto ele me
prendia.
“Então me diga quem você ama.” Ele se afastou de mim
enquanto eu franzia a testa com a pergunta, as Sombras
selvagens e fervendo sob a minha pele.
Fechei meus olhos enquanto tentava responder,
procurando o abismo profundo de nada dentro de mim até que
peguei um vislumbre de algo que havia perdido.
“Uma garota com cabelo azul,” murmurei enquanto os
ecos das memórias agitavam meu coração. “E um homem com
uma alma negra.”
Algo bateu em minhas entranhas e a fatia elétrica de dor
que atravessou meu corpo me quebrou em um milhão de
pedaços enquanto a agonia dominava minha carne e as
Sombras se erguiam avidamente para se banquetearem.
Eu gemia de prazer enquanto a tortura permanecia em
meu corpo e minha visão escureceu enquanto as Sombras
velaram meus olhos por um momento.
Caí para frente na cadeira, ofegante enquanto meu
coração disparava e a felicidade em meus membros ameaçava
me arruinar enquanto me banhava no puro poder das
Sombras. Era muita dor e muito prazer. Eu não sabia se estava
gritando de agonia ou êxtase.
“Resposta errada, Roxanya,” Lionel rosnou enquanto se
movia para ficar diante de mim, meu olhar pousando em seus
mocassins caros enquanto tentava recuperar o fôlego. “Quem
você ama?”
Inclinei minha cabeça para trás lentamente, meu olhar se
movendo sobre cada centímetro dele até que eu finalmente
encontrei seus olhos e as profundezas sem fundo que estavam
esperando por mim dentro deles.
A marca de Áries em meu braço queimou com a
necessidade de estar mais perto dele e eu choraminguei
quando as Sombras me deixaram sentir aquela dor por um
momento antes de enterrá-la novamente. Mas foi o suficiente
para me dar minha resposta.
“Você,” murmurei enquanto olhava para ele e a escuridão
em seus olhos floresceu como as Sombras em minha alma. “Só
você.”
Notas
[←1]
O doutor e o monstro, pode significar uma pessoa com duas personalidades distintas,
uma boa, outra má.
[←2]
Ceifador.
[←3]
Expressão usada para mostrar falsa simpatia.
[←4]
Jogo de vídeo game.
[←5]
Referência a Best Friends – melhores amigos
[←6]
Em inglês, peachy, que pode significar bem, satisfeita ou também algo parecido com
um pêssego (peach).
[←7]
Sistema hidráulico, referência a canos de água. Não chorar.
[←8]
Em inglês Hores, o acrônimo de Sociedade dos Herdeiros
Oficialmente Governando Tudo, significa prostitutas.
[←9]
Cantores que ficam sempre atrás do cantor principal nas apresentações, fazendo a
segunda voz.
[←10]
All-in = apostando tudo
[←11]
Sexo por mensagem.
[←12]
Assistente Pessoal

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